| 41 | ZERO HORA > SEXTA | 18 | MAIO | 2007 Geral > [email protected] Padrão para tomadas muda em agosto Por que os funcionários do Ibama estão em greve Página 45 Página 47 Editor executivo: Diego Araujo > 3218-4727 Editor: Alexandre Elmi > 3218-4732 Coordenadora de Produção: Deca Soares > 3218-4728 MARCOS NAGELSTEIN Terrorismo poético no Centro GABRIEL BRUST A mensagem circulou ontem pela Internet: “hoje as 17h, vamos fazer um terrorismo poético no centro, uma intervenção ... vai parar um carro de som, na esq democrática, e vai começar uma música, todas as pessoas ... vão começar a dançar freneticamente, vertiginosamente”. A coordenadora de Artes Plásticas da secretaria, Ana Pettini, explica que qualquer tipo de manifestação cultural que interfevir no dia-a-dia da cidade precisa de autorização. Inicialmente, é feita uma avaliação pelo órgão e, depois, o pedido é encaminhado para a secretaria que cuida do local onde será exposto. Ontem à tarde, às 17h, cerca de 30 pessoas que só tinham em comum o fato de terem recebido este mesmo aviso andavam pela Esquina Democrática, no Centro. O objetivo: participar de um flashmob, um tipo de intervenção que consiste em um encontro de pessoas em algum lugar, para executar algum movimento aparentemente sem sentido e logo depois se dispersar. Às 17h20min, um carro de telemensagem encostou no local, abriu o porta-malas e começou a tocar a canção Put Your Records On, da cantora britânica Corinne Bailey Rae. Daí em diante o que se viu foi uma situação surreal. As cerca de 30 pessoas começaram a dançar e a pular. A Esquina Democrática virou uma rave. – Pode me explicar o que está acontecendo? – perguntou, atordoado, o comerciante Felipe Luzardo. Policiais chegaram ao local, mas simplesmente observaram. Após os cerca de quatro minutos da canção, o carro de som arrancou e os dançarinos desapareceram. Um dos que ficaram para contar a história, o estudante de Artes Dramáticas Eduardo Oliveira, 24 anos, teve de dar explicações para um grupo de pessoas que não tinha entendido nada:. – A idéia era contagiar todas as pessoas que estavam por aqui. ➧ [email protected] ➧ [email protected] Funcionários da EPTC usaram tinta preta ontem à noite para cobrir o código de barras que havia sido pintado sobre faixa de segurança na Rua dos Andradas GENARO JONER, BD – 15/5/2007 Capital Intervenção de autor desconhecido foi suprimida por colocar em risco a travessia de pedestres e atrapalhar o trânsito Apagaram o código GUSTAVO SOUZA A esquina da Rua dos Andradas com a Senhor dos Passos voltou a ser como as outras na Capital. O sultou três grupos que costumam fazer manifestações artísticas pela cidade, mas nenhum deles assumiu a autoria. Também foram entrevistados seis professores do Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, mas eles também desconheciam o responsável. Apesar de ser considerada uma forma de expressão com o objetivo de estimular a curiosidade da população, a intervenção artística urbana não pode ser realizada sem observar alguns critérios técnicos. Em Porto Alegre, esse tipo de manifestação deve passar pela avaliação da Secretaria Municipal de Cultura. ZH registrou a pintura na quarta-feira GENARO JONER REPRODUÇÃO símbolo que a diferenciou nas últimas duas semanas das demais esquinas do centro de Porto Alegre, um código de barras pintado sobre uma faixa de segurança, foi apagado ontem à noite pela Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC). Com a justificativa de que o desenho é ato de vandalismo, por in- fluenciar uma sinalização de trânsito, o diretor de Trânsito e Circulação da EPTC, José Wilmar Govinatzki, afirmou que foi registrado boletim de ocorrência na Polícia Civil para apurar o responsável. – Já temos problemas com a falta de respeito às faixas de segurança, tanto por motoristas quanto por pedestres. É uma irresponsabilidade o que fizeram – disse o diretor. Como o caso está sendo tratado como pichação, o temor de uma punição pode estar contribuindo para a manutenção do mistério: quem é o autor da intervenção? A reportagem de Zero Hora con- Pinturas viraram patrimônio no Rio Dotado de quase nenhum conhecimento artístico, um personagem que marcou época no Rio de Janeiro acabou se tornando exemplo de como uma intervenção urbana pode se incorporar à cidade. O paulista José Datrino (1917 – 1996), mais conhecido como Profeta Gentileza, foi um peregrino que crivou a paisagem carioca de arte. A sua marca mais famosa foi realizada na década de 1980. Ele pin- JÚLIO CORDEIRO tou 56 pilastras do Viaduto do Caju, no Rio de Janeiro, com as mensagens que costumava pregar nas ruas. O profeta morreu em 1996, aos 79 anos. Os murais foram danificados por pichadores e, mais tarde, cobertos com tinta cinza. A cobertura despertou reações, entre elas a canção Gentileza, composta por Marisa Monte. Surgiu então o projeto Rio Com Gentileza, para restaurá-las. Em 2003, em Porto Alegre, inspirada no profeta, a artista plástica Adriana Daccache criou desivos com a mensagem de Datrino: “Gentileza gera gentileza”. Jovens combinaram pela Internet rave improvisada na Esquina Democrática