BULLYING: CARACTERIZANDO UM PROBLEMA
Isabela Zaine
Maria de Jesus Dutra dos Reis
Resumo
Bullying, ou intimidação por pares, define-se como uma forma de agressão em
que um ou mais indivíduos ameaçam outros física, psicológica e/ou sexualmente de
maneira repetida por um período determinado de tempo. Tem sido observado que
bullies (intimidadores) têm maior probabilidade de apresentar comportamentos
delinqüência e envolvimento com gangues, depressão, ideação suicida, violência
doméstica e envolvimento em crimes graves e reincidentes. Considerando-se a
importância social do estudo sobre bullying, bem como sua associação com
comportamentos passíveis de punição legal, o presente trabalho foi composto por dois
estudos. o Estudo 1 teve o objetivo de investigar a ocorrência de bullying e sua a
correlação com violência doméstica em 12 crianças, com idades variando entre 8 e 10
anos (7 meninos e 5 meninas). A coleta de dados foi individual e realizada por meio de:
(1) Questionário de Conflitos na Escola, e (2) Entrevista semi-estruturada sobre
violência intrafamiliar. O Estudo 2 investigou a topografia e freqüência do fenômeno
em 16 jovens do sexo masculino, cumprindo medidas de semi-liberdade (SL) e
liberdade assistida (LA), com idades variando entre 13 e 19 anos. O instrumento
utilizado foi um Questionário de Conflitos com Pares, apresentado individualmente.
Resultados do Estudo 1 apontam que 91,7% dos participantes haviam sido vítimas de
bullying e 50% já o haviam praticado. Constataram-se, também, diferenças de genêro:
meninos intimidaram mais através de Bullying Físico Direto (30%), enquanto meninas,
por meio de Bullying Verbal Direto (20%). Quanto à violência doméstica, 66,7% dos
participantes relataram agressão física por parte dos pais e 50% presenciaram práticas
de violência entre os últimos. Participantes que não sofriam violência domiciliar, não
apresentaram comportamentos de intimidação, enquanto 66% dos que relataram
violência intrafamiliar, apresentaram graus variados de intimidação. No Estudo 2, o
cálculo da média demonstrou que os participantes eram mais intimidadores (8,4) do que
vítimas (5,6). Comparando-se SL e LA, participantes da SL apresentaram maiores
índices de vitimização e de intimidação quando comparados com os da LA: 62,5% dos
participantes da LA obtiveram pontuação baixa para vitimização e não houve pontuação
alta, enquanto 12,5% dos participantes da SL obtiveram alta pontuação e 50%, baixa.
Com relação à intimidação, as respostas dos participantes da SL concentraram-se nos
índices “moderado” (50%) e “alto” (37,5%), enquanto as respostas dos da LA
concentraram-se nos índices “baixo” (62,5%) e moderado (25%). Estes resultados
parecem indicar que o bullying faz parte da realidade da vida do jovem brasileiro.
Escola e família devem se reunir para discutir este problema e tentar estudar medidas
que minimizem os impactos deste fenômeno em nosso dia a dia.
PALAVRAS-CHAVE: Bullying, violência doméstica, adolescente em conflito com a
lei.
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