Sera que as pesquisas de residuos da EU contribuem para a segurança alimentar?? Trabalho realizado por: Bruno David João Pedro Santos Rita Esgalhado Toxicologia 2003/2004 Pontos principais Análise dos planos de pesquisa de resíduos: Pesquisa de resíduos de substâncias autorizadas (LMR) e da presença de substâncias proibidas ou resultantes de contaminação ambiental - Directiva Comunitária 96/23/CE do Conselho, de 29 de Abril - Decreto-Lei n.º 148/99 de 4 de Maio, 150/99 de 7 de Maio e 51/2004 de 10 de Março. Livro Branco para a Segurança Alimentar: • princípios fundamentais Livro Branco - Responsabilidade dos produtores pela segurança dos alimentos que produzem; - Estender à produção primária princípios de AUTOCONTROLO. Livro Branco Os princípios defendidos no Livro Branco só funcionam caso haja uma sensibilização dos produtores e de todas as pessoas envolvidas na produção de alimentos. “desde o prado ao prato” Livro Branco Estes princípios não estão adaptados à realidade de muitos países europeus: -Níveis culturais médios muito baixos e falta de formação específica na área; -Produtor quer atingir grandes lucros, o mais rápidamente e com menor custo possível. Falta de controlo na venda dos M.U.V. - -Mercado Negro: fácil acesso a produtos ilegais Amostragem – falhas principais Dimensão e representatividade: • São colhidas poucas amostras em relação à produção total; • Não há capacidade de abranger a totalidade das explorações e matadouros – as amostras não são representativas. Amostras - Portugal • Só existem 4 brigadas a nível nacional, que não têm capacidade de abranger todos os matadouros no mínimo 3 vezes por ano. • Só há um laboratório creditado – LNIV – que realiza todas as análises e por vezes não tem capacidade de resposta. Amostras - Portugal • O sistema de fileira – “do prado ao prato” – não funciona: • As análises estão distribuídas por diversos organismos: - peixe: IPIMAR, DGV, DGP, DGFCQA - organismo responsável pelo alimentos “crus” não é responsável pelos mesmos alimentos embalados. Amostras - Portugal • Isto leva à criação de zonas cinzentas em que não há fiscalização e torna a atribuição de responsabilidades impossível. Contaminação Ambiental • Distribuição mundial • Produtos persistentes, contaminam solos e água • Fenómenos de bioacumulação e biomagnificação • A % da amostra analisada para a presença destes compostos é muito pequena. Dioxinas e PCBs • O.M.S. estabelece como meta a redução da exposição para < 1 ug/kg/dia (T.D.I.) • Efeitos tóxicos começam entre 2 a 6 ug/kg/dia • Exposição diária dos Europeus: 1,2 a 3 ug/kg (90 % da exposição é alimentar) Dioxinas e PCBs • Os 10 países que aderiram a 1 de Maio à U.E. têm níveis elevados de contaminação por estes poluentes (industrialização) • Após a adesão, os alimentos provenientes destes países já podem circular livremente no mercado europeu. • Não há nenhum plano específico para a análise destes compostos nos novos países da comunidade (as regras são iguais para os 25). A amostragem para estes produtos é muito pequena. Pescado • Análises regulares apenas no peixe de aquicultura (DGV) • Pescado fresco: Análises realizadas apenas quando há suspeitas de contaminação (IPIMAR e Ministério do Ambiente) • Falta de comunicação entre as entidades responsáveis. Métodos de Pesquisa • Não são totalmente fiáveis: - Substâncias químicas têm perfis semelhantes e podem mascarar a presença de outras. (HPLC) No caso do leite, as pesquisas são feitas apenas a nível da cisterna da exploração, havendo por isso o efeito de diluição. Métodos de Pesquisa • Só quando há “sinais” de contaminação, se realizam análises mais extensas (fora do plano de pesquisa normal) • Muitas vezes as substâncias encontram-se em níveis não detectáveis produzindo efeitos sub-clínicos. • Na maioria dos casos não é possível detectar a contaminação sem a realizaçao de análises. Situação Nacional • Numa situação de crise (ex: nitrofuranos) não há capacidade para manter o plano de pesquisa de resíduos funcional • Todos os meios humanos e financeiros são direccionados para a resolução da crise. • As pesquisas nos outros sectores alimentares páram ou são muito reduzidas. Toxicidade? • Ausência de estudos de relação dose - efeito. L.M.R. e toxicidade não comprovados em muitas substâncias. - Extrapolações são imprecisas e podem subestimar os efeitos dos contaminantes. Substâncias não regulamentadas ACRILAMIDA Efeitos: • Neurotoxicidade (alterações SNC, neuropatia periférica) • Potencial Carcinogénico A UE reconhece a importância e gravidade do problema, mas a legislação actual ainda não regula a utilização do composto. Acrilamida • Estudos norteamericanos detectaram a presença de acrilamida numa grande quantidade de alimentos que se encontram à venda na Europa Infracções • A EU deixa em aberto o valor de coimas e as punições atribuídas aos infractores • Portugal: - Coimas irrisórias (muitas vezes aplicado o valor mínimo) - Difícil atribuir responsabilidades ao produtor ou veterinário Infracções - Processos-crime muito morosos, resultam na maioria das vezes em absolvição. - Enquanto decorrem, os sequestros são levantados e os produtores podem continuar a exercer práticas ilícitas. • É compensador para o produtor continuar a cometer ilegalidades. Conclusão • Os Planos apresentam falhas importantes. • Revisões necessárias implicam alterações de fundo a nível logístico e económico. • Não há segurança alimentar plena, sustentada por um plano deste tipo. • É criada uma falsa ideia de segurança alimentar. • O plano ideal seria provavelmente impossível de pôr em prática. Propostas (a nível dos planos europeus) - Aplicação efectiva do conceito “do prado ao prato” – existência de uma única entidade responsável por todas as análises (sistema de fileira). - Revisão dos planos de emergência para aumentar a capacidade de resposta a crises Propostas (a nível dos planos europeus) - Realização de acções de sensibilização e formação dos produtores; - Imposição de um valor de coimas e sanções mínimo (adequado à realidade de cada país) Propostas (a nível dos planos europeus) • Aumentar a amostragem: abranger os vários estádios da produção e o maior leque de explorações possível. • Rever as % de amostragem dos contaminantes ambientais Propostas (a nível dos planos europeus) • O plano deve impôr uma maior regionalização da produção de carne – os animais devem ser criados, engordados e abatidos na mesma região. • O prazo imposto para a transposição das directivas pelos países deve ser mais reduzido. • Maior intercâmbio de informação entre os diferentes Estados Membros e a Comissão. Propostas (a nível do plano nacional) • Aumentar o numero de brigadas e a frequência de recolha de material para análise nas explorações e matadouros • Utilização de mais laboratórios para impedir a saturação do LNIV. Propostas (a nível do plano nacional) • Aumentar as coimas e sanções aos produtores (ex: sequestro retirado apenas após o fim do processo-crime) • Promover acções de fiscalização da venda e revenda de MUV. • Promover a formação dos produtores e também a sensibilização dos médicos veterinários.