UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE O RETRATO DO MARKETING ESPORTIVO NO BRASIL Por: Alexey Martins Rodrigues de Carvalho Orientadora: Profa. Edla Lucia Xavier da Silva Rio de Janeiro (RJ) 2010 2 UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE O RETRATO DO MARKETING ESPORTIVO NO BRASIL Por : Alexey Martins Rodrigues de Carvalho Apresentação de Monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Cândido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Marketing 3 AGRADECIMENTOS Agradeço aos meus pais, minha avó, meu irmão, minha esposa e meus filhos. 4 DEDICATÓRIA Dedico esta vitória a minha esposa Luisa, que foi a minha fonte de inspiração e motivação para que se tornasse uma realidade à rota que tracei para enriquecer as minhas qualidades relativas a essa matéria, porém, fora das quatro linhas. Aos meus filhos Manuela e José Afonso que são a minha vida e os meus maiores presentes de DEUS 5 RESUMO Nossa meta no presente estudo é analisar a origem do marketing esportivo do Brasil., abordando os principais cases de sucesso que foram construídos, visto que o consumo esportivo seja participando no esporte ou assistindo a ele é uma das funções de lazer mais difundidas da sociedade moderna. Ele invade todos os aspectos da vida humana e possui apelo mundial. De fato, o esporte atinge pessoas de todas as idades, atravessando as fronteiras culturais e nacionais. As tendências globais de maior riqueza pessoal, estilos de vida mais sedentários e mecanização resultaram em uma maior dependência e relevância das atividades de lazer no diaa-dia. 6 METODOLOGIA Para a composição deste trabalho, utilizamos a metodologia da pesquisa bibliográfica em livros, artigos, revistas e publicações on-line, optando-se pelo método dissertativo para sua elaboração. 7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 08 CAPÍTULO I - O marketing esportivo 11 CAPÍTULO II - O patrocínio esportivo 20 CAPÍTULO III - O esporte como mídia alternativa 26 A Exploração de Estádios de Futebol CONCLUSÃO 34 REFERENCIAS 35 ÍNDICE 8 INTRODUÇÃO Se existe um setor que está crescendo vertiginosamente no Brasil é o do marketing esportivo. Enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) da economia brasileira não cresceu mais do que 2,5% nos últimos anos o marketing voltado para o esporte registrou um crescimento de 12,34%. O assunto foi tema da palestra do bacharel em Esporte pela USP com especialização em Marketing pela Universidade de Nova Iorque, Cesar Augusto Sbrighi, que foi um dos convidados do Simpósio Nacional Marketing Brasil. Segundo ele, uma pesquisa realizada entre 1996 e 2002 mostrou que a indústria do esporte gera uma receita anual de R$ 21 bilhões, ou seja, 2% do produto interno bruto. A cada ano cresce o interesse das empresas pelo marketing esportivo e as verbas destinadas a esse segmento se acentuam no Brasil e no mundo de forma acelerada. Somente nos Estados Unidos, a atividade movimenta 150 bilhões de dólares a cada ano. Variados são os atrativos que o marketing esportivo proporciona às empresas: patrocínio a eventos e atletas, fidelização do cliente, relacionamento, exposição da marca, entre muitos outros. As empresas buscam com a atividade associar sua marca a ações diferenciadas, proporcionando algo especial a seus clientes, com retorno imediato. O marketing esportivo é apontado assim como uma das principais ferramentas de relacionamento, algo imprescindível no mundo atual, dada a grande competitividade e concorrência entre as empresas. O principal atrativo é que o sucesso obtido pelo evento ou pelo atleta é transferido para o patrocinador e isso proporciona retorno institucional e em vendas. O marketing esportivo traz benefícios como exposição da marca na imprensa e demais mídias, aumento do reconhecimento, simpatia junto ao público e a mídia, além de rejuvenescer a imagem da empresa, entre outros. O marketing esportivo é a utilização do esporte como ferramenta para atingir o público alvo. É a aplicação dos princípios do marketing a qualquer produto, 9 abrangendo serviços, pessoas, lugares e idéias, toda a indústria do esporte, explica Cesar Sbrighi. O bacharel, que também é diretor geral da MKTesportivo.com.br e responsável pela unidade de marketing esportivo da Resolve Global Marketing, dentro desta vertente, ainda é possível distinguir duas linhas de atuação dos profissionais na área. Uma delas é o marketing esportivo definido acima, e a segunda seria o marketing através do esporte, no qual as empresas e indústrias se utilizam de todo tipo de atividade esportiva para promoção de suas marcas., seja com clubes, atletas, em estádios, propagandas em mídia, etc. Atualmente esta indústria do marketing esportivo emprega cerca de 300 mil pessoas no país. De acordo com César Sbrighi, a história desta modalidade do marketing começou no país no final da década de 70 e início dos anos 80. O vôlei segundo ele teria sido o esporte que precursor desta tendência tão forte neste início do século XXI. No final dos anos 70, a Pirelli teve a idéia de patrocinar um time de vôlei paulista e estava inaugurando uma nova fase no esporte brasileiro. Outro exemplo mencionado na palestra é o caso do estádio do Palmeiras, que leva o nome de Parque Antártica. Atualmente a empresa já se transformou em Ambev, mas o estádio do time paulista continua associado à marca. Isso dá uma idéia da força desta associação entre marketing e o esporte. Mas a história do marketing esportivo, segundo Cesar Sbrighi, remota o tempo da antiguidade clássica romana, quando os césares, ou imperadores, promoviam suas administrações através de grandes eventos em estádios, como o Coliseu de Roma, onde aconteciam os combates entre gladiadores e corridas de bigas. Não é por menos que o campeonato italiano de futebol é considerado um dos maiores exemplos de marketing esportivo no ramo. No ano de 1952, uma empresa de conhaque pagou aos clubes para ter seu nome nos estádios italianos durante as competições. Em 1982, o marketing esportivo já movimentava uma receita em torno de US$ 4 milhões e em 1996 a cifra já chegava à casa dos US$ 400 milhões. Sem dúvida um negócio multimilionário, tendo em vista os altíssimos salários pagos aos jogadores atualmente na Europa e 10 aos valores astronômicos que giram em torno de contratos de patrocínio, venda de produtos, eventos, mídia e outros. Enquanto o pib da economia brasileira não cresce mais do que 3% nos últimos anos, o marketing voltado para o esporte registra crescimento acima dos 12%. A problematização do trabalho em abordagem está assim definida: Será que os nossos dirigentes são torcedores apaixonados, ou estão mais para gestores? No primeiro capitulo abordaremos o marketing esportivo, no segundo a abordagem será dedicada ao patrocínio esportivo, no terceiro capitulo falaremos sobre o esporte como mídia alternativa, finalizado o desenvolvimento do presente trabalho com as conclusões inerentes ao tema: O retrato do Marketing esportivo no Brasil. 11 CAPITULO I O MARKETING ESPORTIVO O Marketing esportivo significa a reunião do marketing com o esporte, onde a mensagem positiva e saudável do esporte é utilizada como um meio de conquista de consumidores. Conforme Mullin et al., (2004), cada vez mais as empresas estão utilizando o esporte como uma ferramenta de estratégia de marketing, visando o fortalecimento da marca e da imagem da empresa. Dentre as ferramentas de marketing existentes o marketing esportivo, na figura do endosso e do patrocínio, é uma opção que oferece a possibilidade de emprestar as características positivas, inerentes ás práticas, à marca da empresa, uma vez que esporte traz em si conceito de bem estar, saúde, inserção social e educação. Ao se realizar ações de marketing esportivo percebem-se vários fatores positivos, como: a simpatia junto ao público e à mídia, o rejuvenescimento da imagem da empresa, a venda do produto ou serviço com valor agregado, a exposição constante da marca nos meios de comunicação, o envolvimento da empresa com a comunidade. Todos estes fatores são usados como vantagem competitiva de mercado, mas o maior proveito que esta estratégia pode trazer é a capacidade de atrair clientes nos momentos em que o público está cativo e, portanto, mais receptivo. Assim, os valores do esporte se refletem na percepção sobre a empresa, fortalecendo a marca e garantindo um retorno efetivo sobre as vendas do produto. Isto decorre do fato de que o esporte geralmente lembra conceitos positivos, como: saúde, vitória, competição, cooperação, união, respeito, etc. O diferencial do marketing esportivo é que ele cria um diálogo entre a empresa e seus clientes sem interferência da concorrência. Além de oferecer um estilo de vida saudável, de aventura e diversão, sem invadir ou agredir o 12 consumidor. Apresenta ainda uma linguagem universal, passível de atingir o público em escala mundial, sendo que para ter sucesso na área basta que haja uma ligação verossímil entre o produto ou serviço e o esporte ou o atleta em questão. De acordo com Teitelbaum & Luce (1995), quando uma empresa decide investir em esporte como meio promocional ocorre um impacto social. A partir desse marco várias relações passam a existir: uma série de trocas onde cada parte oferece algo e, em contrapartida, recebe um retorno promocional como esboça a figura 1 Figura 1 - Relação dual entre os agentes do marketing esportivo PATROCINADOR / INVESTIDOR O ESPORTE E SEUS ATORES CONSUMIDOR DO ESPORTE Fonte: Teitelbaum & Luce (1995, p.47) apud Teitelbaum et al. (1997, p.1). Diante da importância destas relações no contexto social torna-se pertinente a discussão e o entendimento das estratégias utilizadas para a construção de marcas fortes a partir de associações de cooperação mútua e de incentivo ao crescimento do esporte. Anualmente as empresas precisam tomar decisões de como irão investir em Marketing. E, no momento em que decidem como orientá-las a alocar recursos em Marketing esportivo para obter os melhores resultados positivos para a empresa e o esporte? Segundo Kotler (2005, p. 48), 13 “... as estratégias de marketing ficam obsoletas muito mais rapidamente hoje porque os mercados e a tecnologia mudam constantemente.” Diante disso percebe-se que as empresas precisam constantemente inovar em suas ações. Como existem poucos estudos sobre marketing esportivo, torna-se necessário a realização de trabalhos sobre como sua utilização enquanto estratégia de marketing pode contribuir para o resultado das empresas. 1.1 O MARKETING Conforme Murphy (2000), antigamente o marketing era visto apenas como uma forma de ajudar a vender um produto. Os profissionais de marketing tinham a tarefa de criar uma demanda para o objeto. Porém com o passar do tempo esse conceito foi deixado de lado, pois com as constantes mudanças no mercado, percebeu-se a importância que uma estratégia de marketing traria para a melhoria de resultados da empresa. Por volta de 1948, a American Marketing Association (Associação Norte americana de Marketing) apresentou uma definição de marketing a qual provocou uma mudança de foco da orientação às vendas para a orientação ao cliente e ao mercado segundo (MURPHY (2000). Essa definição em questão diz: “O desempenho de atividades de negócios direcionadas e incidentes ao fluxo de mercadorias e serviços para o cliente ou usuário.” A adaptação a esta mudança da concepção de marketing foi lenta e dolorosa para algumas empresas. Segundo assevera Kotler (2000, p. 30), o Marketing é: “Um processo social por meio do qual pessoas e grupos de pessoas obtêm aquilo de que necessitam e o que desejam com a criação, oferta e livre negociação de produtos e serviços de valor com outros.” 14 A Associação Norte-Americana de Marketing,1 apresenta a seguinte definição: Marketing (administração de) é o processo de planejar e executar a concepção, a determinação do preço (pricing), a promoção e a distribuição de idéias, bens e serviços para criar trocas que satisfaçam metas individuais e organizacionais. Ao analisarmos esses conceitos percebemos que o propósito de marketing é gerar valor para o cliente. O que acontece é que o mercado demorou a se adaptar a essa mudança. Como o mercado está em constantes mudanças, as quais ocorrem rapidamente, têm algumas empresas que ainda estão se adequando a esse processo nos dias de hoje. Hoje em dia marketing é um processo complexo estudado por várias áreas como Administração, Economia, Publicidade, Psicologia, Sociologia, entre outras. De acordo com Kotler (2000) os profissionais de marketing necessitam entender as necessidades, desejos e demandas de seu público-alvo. Os quais os conceitos, também segundo ele mostramos a seguir: • Necessidades descrevem exigências humanas básicas. • Desejos são moldados pela sociedade em que se vive. • Demandas são desejos por produtos específicos apoiados por uma possibilidade de pagar. É importante entendermos que os profissionais de marketing não criam necessidades nas pessoas eles apenas estimulam os desejos de acordo com suas demandas. 1 Definição de Marketing segundo a American Marketing Association, citada em KOTLER, Philip. Administração de Marketing: a edição do novo milênio. São Paulo: Prentice Hall, 2000, p. 30. 15 Figura 2 - Principais conceitos de marketing Mercados Troca, transações e relacionamentos Necessidades desejos e demandas Principais Conceitos de Marketing Produtos Serviços Valor Satisfação Qualidade Fonte: Kotler (2003, p. 4). Diferentemente do que acontecia no passado, onde o marketing era visto apenas como uma forma de ajudar a vender um produto, nos dias atuais seu conceito central é a Troca, que nos ensinamentos de Kotler (2000, p. 34), envolve a obtenção de um produto desejado de alguém se oferecendo algo em troca. Segundo Murphy (2000 p. 83). “... os profissionais de marketing utilizam diversas ferramentas para obter as respostas desejadas de seus mercados-alvo. Essas ferramentas constituem o mix de marketing.” 1.2 A MARCA O mercado está cada vez mais competitivo influenciado pelas transformações das novas tecnologias e pela globalização. Com o ritmo das mudanças e da competitividade aumentando as empresas precisam evoluir nas suas práticas de negócios se quiserem manter-se no mercado. Como o marketing vem sendo focado na geração de valor para o cliente a criação de uma diferenciação para a empresa torna-se essencial. As marcas possuem a principal função de 16 diferenciar e identificar seu fabricante, ajudando no processo de decisão de compra do consumidor. Para Martins (2000), não paira qualquer duvida que a marca é o maior patrimônio de uma empresa, porque lhe confere singularidade no mercado e contribui para diferenciá-la, competitivamente, de outras empresas. De acordo com Kapferer (2004), atualmente o termo é assiduamente usado como referência a uma determinada empresa: um nome marca verbal, imagens ou conceitos que distinguem o produto, serviço ou a própria empresa Para Kotler (2000), uma marca é um nome, termo, símbolo, desenho – ou uma combinação desses elementos – que deve identificar os bens ou serviços de uma empresa ou grupo de empresas e diferenciá-los dos da concorrência. Os consumidores vêem nas marcas uma forma de identificação com o produto ou serviço. As melhores marcas trazem uma garantia de qualidade, ou seja, quando o consumidor se deparar com a marca ele tem que associar à qualidade percebida daquele produto ou serviço. Segundo Martins (1999, p. 28), ... a motivação de compra de um consumidor tem origem nas necessidades objetivas e psicológicas. Enquanto, a preferência de compra está ligada à imagem da marca. No entanto, é muito importante observar esses fatores na construção de uma marca, pois ela deve transcender sua forma física e estar ligada ao imaginário do consumidor, agregando valor ao produto. A conceituação de brand equity, é apresentado por Aaker (2004), como o ativo (ou passivo) de marca ligado ao nome e ao símbolo de uma marca que soma a (ou subtrai de) um produto ou serviço. Segundo ele esse conceito está ligado a quatro dimensões, conforme demonstrado na figura abaixo: 17 Figura 3 - Dimensões do desenvolvimento, gestão e mediação da marca. Brand Equity Conscientização de marca Qualidade percebida Associações de marca Fidelidade á marca Fonte: Aaker (2002) Analisando esses conceitos percebemos que o valor da marca é o quanto ela agrega de valor aos produtos ou serviços. Quanto maior for o valor da marca maior serão os negócios da empresa. Se a marca apresentar um valor positivo na mente do público, ela trará resultados positivos para a empresa. Então verificamos que os profissionais de marketing necessitam de habilidade para poder criar, manter, proteger e melhorar uma marca. A imagem da empresa está diretamente ligada ao valor da marca. O posicionamento de uma marca e/ou produto está relacionado com a percepção do consumidor em relação àquele produto e/ou serviço. O posicionamento de um produto visa a estabelecer um ponto de referência em relação à concorrência. Posicionamento e imagem estão diretamente ligados. (MURPHY, 2000, p. 261). Uma diferenciação entre os conceitos de identidade e imagem da marca é realizada por Kappeferer (2003). A imagem é um conceito de recepção. Os estudos de imagem tratam da maneira pela quais estes públicos concebem um produto, uma marca, um político, uma empresa, um país. A identidade é um conceito de emissão. Trata-se de especificar o sentido, o projeto, a concepção que a marca tem de si mesma. 1.2.1 O marketing esportivo Conforme Mullin et al (2004), o marketing esportivo existe há séculos com os empreendedores vendendo o esporte, porém os sistemas racionais para 18 comercializar o esporte são relativamente novos. Ao longo dos anos o marketing esportivo vem se desenvolvendo influenciado por mudanças globais nos mercados. O desenvolvimento do marketing esportivo de acordo com Pitts (2002), foi influenciado por mudanças no tamanho do mercado, na taxa de crescimento do mercado, na rentabilidade industrial, na política governamental, na disponibilidade de recursos, na mudança tecnológica, nas economias de escopo e de escala, nas preferências do consumidor e na economia nacional. Em meio a todas essas mudanças as empresas foram desenvolvendo novas respostas às forças externas, fazendo com isso que o marketing esportivo se desenvolvesse, ganhando assim mais profissionalismo. Pozzi (1998) assevera que Cada vez mais o marketing esportivo está presente em nossas vidas, através de entidades esportivas mais profissionalizantes, eventos mais organizados, vendas de produtos ligados ao esporte, etc. Essa profissionalização do marketing esportivo beneficia as empresas e dá o devido suporte técnico e financeiro aos atletas, que fazem isso possível. O marketing esportivo conforme afirma Melo Neto (2007), surgiu com a veiculação de propagandas de cigarros e bebidas alcoólicas nos Estados Unidos, na época em que era proibida sua divulgação em determinados horários. Tentando reverter essa situação as empresas começaram a veicular seus produtos junto à imagem dos atletas, jogos, campeonatos e demais eventos esportivos. Melo Neto (2007), entende que o esporte brasileiro sofreu uma grande transformação no final dos anos 70 e início dos anos 80. Foi nessa época que surgiram empresas que começaram a investir nos esporte para obter retorno publicitário e de vendas. A partir daí, então, as empresas começaram a utilizar o esporte como uma forma de marketing institucional e promocional, definindo as melhores alternativas de promoção e patrocínio esportivo. Na opinião de Pitts (2002) os acadêmicos ainda não chegaram a um acordo quanto ao conceito do marketing esportivo. Alguns autores acreditam que o marketing esportivo envolve apenas a venda de eventos esportivos, enquanto outros apresentam uma abordagem mais ampla. Ou seja, alguns autores acreditam que o 19 marketing esportivo é a aplicação dos princípios de marketing aos produtos da indústria do esporte (bens, serviços, pessoas, lugares e idéias). Para Mullin (2004), o marketing esportivo consiste em todas as atividades designadas a satisfazer as necessidades e desejos dos consumidores esportivos através de processos de troca. Ele desenvolveu dois eixos principais: o marketing de produtos e serviços esportivos diretamente para os consumidores esportivos e o marketing de outros produtos e serviços através da utilização das promoções esportivas. Ao analisar este conceito, verificamos que o marketing esportivo é mais amplo do que se imagina. As empresas estão se utilizando dessa estratégia para fortalecer sua imagem e marca. Figura 4: A natureza do Marketing Esportivo Imagem A Natureza do Marketing Esporte como mídia esportivo Comunicação alternativa Fonte: Melo Neto (2007) Cardia (2004) entende que o marketing esportivo se fundamenta sobre os mesmos quatro Ps do marketing em sentido amplo. Entretanto, no caso específico do esporte deve-se acrescentar outro P, este sim próprio desta disciplina: a Paixão. Ao vincular a marca da empresa ao esporte, ela obtém alto poder de penetração na mente do consumidor, pois o mesmo encontra-se disponível para aquela situação. Ou seja, a empresa atinge seu mercado no momento em que ele está mais vulnerável, no momento em que ele está apaixonado. Segundo Melo Neto (2007, p. 27) “... uma das vantagens do marketing esportivo é sua capacidade de fixação da marca ou do produto da empresa investidora na mente consumidor.” 20 Conforme ainda Melo Neto (2007), o marketing esportivo também é uma mídia alternativa, visto que, o esporte, por si só, possui espaço publicitário reservado na mídia. 21 CAPITULO II O PATROCÍNIO ESPORTIVO Para Cárdia (2004), o patrocínio esportivo pode ser usado como uma forma de propaganda, na promoção de vendas e como elemento de relações públicas. Em sua obra marketing e patrocínio esportivo, Cardia, cita a definição de Marc Carrogio (1996) no concernente ao patrocínio (2004, p. 23): É uma relação jurídica entre patrocinador e patrocinado, em virtude da qual o primeiro colabora de forma tangível na organização ou celebração de um evento e, em contrapartida, obtém do segundo facilidades para difundir mensagens favoráveis a um público mais ou menos determinado. Pozzi (1998) entende que o patrocinador usa este tipo de relacionamento para atingir seus objetivos promocionais ou facilitar e dar suporte a seus objetivos globais de marketing. O patrocínio deve possuir objetivos claros e definidos previamente por ambas as partes, patrocinador e patrocinado. Segundo Cardia (2004, p. 25): O patrocínio esportivo é o investimento que uma entidade pública ou privada faz em um evento, atleta ou grupo de atletas com finalidade precípua de atingir recebendo, públicos em e mercados contrapartida, uma específicos, séria de vantagens encabeçadas por incremento de vendas, promoção, melhor imagem e simpatia do público. 22 É de fundamental importância para o patrocinador estabelecer critérios quando for selecionar o patrocinado (atleta, grupo de atletas, ou evento). Esses critérios precisam estar de acordo com os valores e com a imagem da empresa. A emoção do espetáculo é transferida, inconscientemente, para a mente do espectador e do torcedor. Ou seja, o que fica para o consumidor é a associação entra a marca e o produto com os ingredientes emocionais do esporte. O esporte possibilita um retorno de imagem, agregando valor da imagem à marca e ao produto do patrocinador. O perfil pessoal e profissional do atleta deve ser condizente com o perfil dos clientes da empresa patrocinadora, assim também ocorre com os eventos e com os grupos de atletas. (MELO NETO, 2007). 2.1 ADMINISTRAÇÃO ESPORTIVA O setor de esportes e atividade física conforme afirma Pozzi (1998), movimenta hoje cifras altíssimas, que muitas vezes superam às de alguns segmentos da economia brasileira. As atividades ligadas ao esporte movimentam no mundo cerca de US$ 250 bilhões por ano. Nos Estados Unidos, o setor supera em termos de PIB os setores de automóveis e de corretagem de títulos. No tocante aos profissionais técnicos desse setor, apesar da regulamentação da profissão (BRASIL, 1998), em muitos casos ainda são mal remunerados e se sujeitam a condições de trabalho cada vez piores. A falta de capacitação administrativa dos dirigentes também pode ser apontada como um dos maiores problemas do segmento esportivo, que muitas vezes interfere diretamente no desempenho de técnicos e esportistas. De acordo com Souci (2002), é lamentável que a Administração Esportiva ainda não aconteça de forma profissional no Brasil. Os administradores geralmente são ex-professores ou técnicos que não têm obrigatoriamente a qualificação necessária para sua função ou administradores sem um conhecimento mais aprofundado sobre a área de Educação Física. Para Bastos (2003), a carência de material humano para atender a demanda que o mercado impõe (em quantidade, e principalmente qualidade) deve- 23 se principalmente ao surgimento recente de cursos de graduação de curta duração em Administração Esportiva Em diversos países europeus e nos Estados Unidos, há uma crescente tendência para o oferecimento cada vez maior de cursos de formação profissional específica, já em nível de graduação, normalmente voltados às ciências do esporte, na área de Gestão Esportiva. Conseqüentemente, no Brasil, varias organizações esportivas ainda estão alheias às novas tendências da Administração e da Administração Esportiva. No entanto, existem segmentos nos quais a profissionalização parece estar crescendo. Estudo recente de Bastos et al. (2004), aponta a existência de administradores esportivos profissionais, com especialização na área, atuando na gerência esportiva de grandes clubes da cidade de São Paulo. Para Chiavenato (1996), a teoria de que o capital financeiro é o principal recurso das empresas, que ainda é a mais difundida nas organizações esportivas, já não pode ser mais aceita, pois inúmeras empresas com elevado nível de capital financeiro desapareceram. A nova realidade é que as empresas são constituídas por pessoas, que infelizmente nunca foram adequadamente utilizadas e motivadas. Atualmente, assim como em qualquer outra organização, o fator humano tornou-se a célula vital das organizações esportivas. Os administradores devem passar a enxergar então que por trás dos produtos e serviços oferecidos por elas está o ativo mais importante, sem o qual nada se concretizaria: as pessoas. No caso das organizações esportivas, podemos considerar que o ativo mais importante é aquele composto pelos professores e técnicos. O mundo corporativo vem passando por grandes transformações no tocante à gestão de pessoas nas organizações. Tais transformações podem ser caracterizadas como uma evolução natural que os sistemas e processos administrativos sofreram ao longo dos anos, devido ao grande avanço tecnológico ocorrido nas últimas décadas. (PAULA, 1999) De acordo com Sancho & Sanchez (1997), como as inovações tecnológicas podem ser facilmente copiadas, tornando as empresas e seus produtos muito similares entre si perante o consumidor, quem faz a diferença nos resultados dos negócios na atualidade são as pessoas. Por isso, em nenhum outro momento da história foi dada tamanha ênfase à importância da gestão de pessoas nas 24 corporações, e essa ênfase tende a aumentar ainda mais com o decorrer do tempo. Em especial no setor de serviços, a influência do trabalho das pessoas no resultado do negócio e na captação de clientes é ainda mais perceptível. Na área de atividade física, em particular, atrair e reter talentos torna-se primordial em virtude da acirrada disputa por mercado na atualidade, além do fato do bom atendimento aos clientes ser o grande diferencial competitivo das organizações. Sob este prisma se torna primordial uma discussão mais aprofundada sobre a gestão dos Recursos Humanos na Administração Esportiva, bem como de seus principais processos. Esta área dentro da Administração Esportiva é indicada como um dos sete papéis profissionais desempenhados pelo administrador em sua atuação nos segmentos da indústria do esporte. (STOLDT & COMFORT 2002). Os autores definem que o profissional de gestão atua no campo dos Recursos Humanos principalmente em contratação e treinamento, e na promoção das relações de trabalho. 2.2 DA GESTÃO DE PESSOAS No entender de Chiavenato (1999ª), atualmente, separar a existência do ser humano do seu ambiente de trabalho é uma missão impossível. De um lado, o trabalho toma a maior parte do tempo da vida das pessoas, que dependem dele para sua subsistência e sucesso pessoal. Já as organizações dependem diretamente dessas mesmas pessoas para operarem, produzirem, atenderem seus clientes, prestarem serviços; enfim, depende essencialmente das pessoas para funcionarem e assim obterem seu estimado lucro. Para Milkovich (2000), mesmo que as instalações físicas, os equipamentos de última geração e os recursos financeiros sejam necessários para as organizações, as pessoas - os recursos humanos - se tornaram a essência da empresa. Existe uma relação de mútua dependência, na qual os benefícios devem ser recíprocos. Conforme Gil (2001), desta forma é possível verificar nas organizações a tendência para reconhecer o empregado como parceiro, pois o funcionário é na verdade o parceiro mais íntimo da organização. Os autores apresentam algumas 25 divisões em relação às atividades de gestão de pessoas, apresentado no Quadro 1 abaixo. Quadro 1 - Processos da Gestão de pessoas segundo diferentes autores. AQUINO 1979 MIKOVICH E E BOUDREAU 2000 GOMEZ-MEJIA et al 1998 CHIAVENATO 1999a GIL 2001 procura recrutamento suprimento agregação suprimt /agreg desenvolvimento desenvolvimento desenvolvimento aplicação aplicação manutenção remuneração compensação recompensa compensação ou manutenção pesquisa relação com controle desenvolvimento monitoração desenvolvimento ou capacitação controle ou monitoração Fonte: Gil (2001) Segundo Dessler (1998 apud CHIAVENATTO, 1999ª) “... a Administração de Recursos Humanos é a função administrativa treinamento, devotada avaliação e à aquisição, remuneração de empregados. Todos os gerentes são, em certo sentido, gerentes de pessoas, porque todos estão envolvidos em atividades como recrutamento, entrevistas, seleção e treinamento.” (DESSLER 1998 p. 282) Em sua obra sobre gerenciamento e administração de academias, Paula (1999), considera importante o desenvolvimento de um programa centrado nas pessoas, para se atingir a qualidade total, com foco no aprimoramento do recrutamento e seleção de pessoal, no treinamento e no desenvolvimento dos funcionários. Embora nosso principal foco neste trabalho seja o Marketing Esportivo, acreditamos que por ser a gestão de pessoas um tema que envolve variados 26 processos, estabelecemos uma abordagem sobre a análise da capacitação e agregação no intuito de melhor entender a administração atual no esporte. Essa opção deve-se ao fato de que ambos os processos são executados com muita freqüência na área, e principalmente por serem realizados de forma ainda amadora em termos da Administração Esportiva em muitas organizações do mercado esportivo. • Processo de capacitação Assevera Gil (2001), que a preocupação com o desenvolvimento de programas voltados à capacitação de pessoal vem desde o início do século XX, graças à influência da Escola Clássica de Administração. O processo de capacitação profissional une as necessidades das empresas com a necessidade e busca individual dos profissionais, e deve-se ter em mente dois fatores: 1) o cenário econômico mundial é extremamente dinâmico e as informações se atualizam com uma enorme velocidade, requerendo assim das empresas o desenvolvimento constante de seus funcionários; 2) as pessoas, por outro lado, devido a essa dinamicidade do mercado estão sempre em busca de oportunidades para melhorar suas capacidades e habilidades, aplicando os conhecimentos adquiridos de maneira mais precisa e eficaz. O processo de capacitação visa treinar e desenvolver constantemente os funcionários. Pode-se determinar apenas uma diferença entre esses dois processos, que é a questão do tempo. O treinamento visa resultados rápidos, é orientado para o presente, para a função atual do funcionário. Já o desenvolvimento focaliza ações no longo prazo, auxiliando o funcionário a desenvolver habilidades e capacidades para ocupar novos cargos e desempenhar novas funções. • O processo de agregação As organizações estão sempre agregando novas pessoas para integrarem seus quadros, seja para substituírem funcionários que se desligaram, 27 seja para ampliação da empresa em épocas de crescimento. Quando ocorre uma das situações acima são necessárias algumas ações, que podemos chamar de Processo de Agregar Pessoas. Nesse processo conforme Chiavenato (1999b) estão inseridas as ações de recrutamento e seleção. Enquanto o recrutamento é uma atividade de atração, divulgação e comunicação - portanto, uma atividade tipicamente positiva e convidativa - a seleção é, ao contrário, uma atividade de escolha, de classificação e decisão e, portanto restritiva. 28 CAPITULO III O ESPORTE COMO MIDIA ALTERNATIVA O esporte é uma das grandes paixões mundiais, estando em constante ascensão e despertando um enorme interesse em todos os segmentos da nossa sociedade. Este fato ocorreu em função da maciça exposição na mídia impressa (jornais e revistas) e eletrônica (televisão, rádio e Internet). Além desta exposição atende alguns requisitos básicos do seu público consumidor como entretenimento, lazer, emoção, além de promover atitudes saudáveis a um custo bem reduzido. Com isso desperta o interesse das empresas em utilizá-lo como um veículo, já que a visibilidade proporcionada pelo mesmo atinge a milhares de espectadores, telespectadores, leitores e praticantes em todo mundo. As empresas há alguns anos vêm utilizando o esporte como mídia alternativa, ou seja, como veículo de comunicação com o seu público consumidor. A indústria do esporte vem crescendo positivamente com relação as demais indústrias nacionais. Sua participação no PIB (Produto Interno Bruto) apresenta uma evolução gradual e constante, fato este que tende a aumentar com o passar dos anos. Esta participação na economia nacional contribui e muito para o desenvolvimento do esporte no país, atraindo um número maior de empresas interessadas em investir e aumentando a representatividade esportiva do Brasil no cenário internacional. Apesar deste perfil promissor, muitas empresas ainda não vêem o esporte como um bom investimento, mesmo gerando um enorme retorno financeiro, social e institucional. (KASNAR e GRAÇA FILHO, 2002) O marketing esportivo é um derivado do marketing devidamente aplicado ao segmento de esportes, e como tal o marketing esportivo envolve uma série de atividades que compõe o tradicional mix de marketing, ou seja: produto, preço, promoção e ponto de venda, os maiores responsáveis pela popularização do 29 marketing esportivo em todo o mundo foram às indústrias de cigarros e bebidas alcoólicas, como alternativa à proibição pelo Congresso Americano da veiculação de propagandas em determinados horários, empresas como Marlboro, Camel, Campari, Foster, entre outras apresentam um longo e bem-sucedido histórico de associação com o esporte, especialmente o automobilismo. Os profissionais deste setor devem estar sempre ligados a quase tudo que acontece e dentro suas tarefas diárias destacamos: avaliação constante do mercado e suas variáveis políticas, econômicas, ambientais, etc. Seleção de eventos, atletas, equipes, calendários esportivos, contratos de endorsement, compra de espaços de mídia em eventos esportivos, etc. O marketing esportivo é um novo segmento no mercado onde se destaca o marketing promocional que atua na dimensão institucional de uma marca ou empresa, o mesmo pode ser caracterizado também como merchandising. Isto porque cada modalidade esportiva permite a utilização de diferentes estratégias e táticas, considerando o local da competição, os uniformes dos atletas, o posicionamento do equipamento, o local destinado ao público e os demais personagens coadjuvantes que participam do evento esportivo. Esta característica de merchandising, ou seja, de publicidade não tão explícita, é um dos grandes pontos positivos do marketing esportivo já que o produto não aparece para o consumidor sob forma explicita de venda. O produto, neste caso, faz parte do ambiente e não rouba a cena do foco principal que é o evento esportivo em si. O marketing esportivo é um tipo de mídia alternativa utilizada para a maximização da exposição de uma marca e/ou produto, sendo que a empresa que investe no marketing esportivo deverá, também ter uma ação de propaganda para explicar quais são os produtos que a marca vende, a mesma deve levar em consideração que o marketing esportivo, é um tipo de promoção institucional. As primeiras práticas do marketing esportivo no mundo datam do início do século XIX, mas tornou-se mais conhecido quando em 1921 a Hillerich & Bradsby (H&B), fabricante do taco de beisebol Louisville Slugger implementou um plano de marketing e se tornou líder na produção de tacos de beisebol. No Brasil não há com precisão uma data, mas nas regatas do início do Século XX e no futebol deste mesmo período já saiam anúncios nos jornais e revistas de empresas que vinculavam suas imagens aos esportes em ascensão 30 daquela época. Na década de 70 e início dos anos 80 a transformação do esporte brasileiro incentivou que as empresas investissem nos esportes em busca de retorno publicitário e vendas. Atualmente existe disponível uma grande quantidade de ferramentas aos profissionais do marketing esportivo, tais como: periódicos especializados, só no Brasil existem mais de 50 revistas de esportes, jornais, rádio, televisão, sites e a tecnologia moderna, tais como: computadores, software, aplicativos, banco de dados, etc. A utilização do mix de marketing tradicional, como produto, preço, ponto de venda e promoção, assim como dos fatores internos e externos são atividades que os profissionais de marketing da indústria esportiva se deparam no dia-a-dia para enfrentar o crescimento e os desafios do marketing esportivo. O marketing esportivo tem muitos objetivos, já que o esporte se tornou em fenômeno cultural internacional, os grandes eventos esportivos são vistos através da televisão por bilhões de pessoas em mais de 200 países e muito do interesse pelo esporte como negócio advém da imagem e do prestígio que o mesmo proporciona tanto ao atleta como a indústria. A indústria esportiva mundial movimenta bilhões de dólares anualmente, e o segmento esportivo é amplo e complexo, tendo em vista que existem mais de 140 modalidades esportivas sendo praticada em todo o mundo. Dentro deste contexto o marketing esportivo vem crescendo a cada dia em todo o mundo, e isto está relacionado com alguns dos seus principais objetivos, que dentre outros são: " Avaliar o mercado, os concorrentes e consumidores; " Desenvolver estratégias e táticas promocionais; " Fortalecer a marca e a imagem da empresa e/ou produtos; " Planejar o uso da mídia para obter retorno espontâneo; " Abrir e conquistar novos mercados; " Usar a comunicação como ferramenta estratégica. A popularidade, o perfil e a mídia gerada são os pilares em que as empresas se apóiam na hora da investir em uma modalidade esportiva. A mídia eletrônica é a responsável pela visibilidade das suas marcas e produtos; a organização, o planejamento e o profissionalismo das entidades esportivas, dos atletas e dos dirigentes são qualidades fundamentais para um investimento seguro por parte das empresas; o perfil da modalidade e a capacidade de interação da mesma com o público solidificam a escolha da modalidade esportiva como sendo 31 rentável, segura e inegavelmente um bom negócio, trazendo um retorno institucional e de vendas para as empresas. O Brasil é o quinto maior mercado esportivo do mundo representando apenas 1% dos investimentos na área esportiva mundial, fato este que cria uma expectativa muito grande pelo enorme potencial que o país ainda pode atingir (POZZI e RIBEIRO, 2005). Para que possamos ter uma idéia do quanto podemos melhorar, os Estados Unidos representam 31% dos investimentos na área esportiva mundial, seguido de países da Europa com 36% e Ásia com 20%. Os autores ainda relatam que dos 226 milhões de dólares investidos em patrocínios esportivos no Brasil, o futebol apresenta 60%, o voleibol 12% e o automobilismo 11% dos investimentos. Estes dados confrontados com os resultados desta pesquisa ratificam as opções das empresas em eleger o futebol, o voleibol e o automobilismo como principais modalidades esportivas a serem investidas. 3.1 PORQUE AS EMPRESAS INVESTEM NO ESPORTE O maior benefício que o patrocínio esportivo oferece é transferir a emoção e a competitividade do evento para a marca do patrocinador. São objetivos do marketing esportivo: aumentar o reconhecimento público, reforçar a imagem corporativa, estabelecer identificação com segmentos específicos do mercado, combater ou antecipar-se às ações da concorrência, envolver a empresa com a comunidade, conferir credibilidade ao produto com a associação à qualidade e a emoção do evento, virar notícia graças a exposição espontânea de outras mídias, atingir a audiência em momento altamente receptivo às mensagens, atingir alto recall e garantir exposição do produto durante o ano inteiro. Estes são apenas alguns dos benefícios. 3.1.1 Retorno em imagem Uma das características mais interessantes do marketing esportivo é a grande probabilidade do patrocinador, sua marca ou seu produto tornarem-se parte integrante na identificação e nas emoções vividas pelo telespectador durante, por exemplo, a transmissão de um jogo. Ao associar a imagem do atleta, do clube e do 32 esporte, à sua marca, forma-se um elemento decisivo na estratégia de valorização e divulgação. A emoção do espetáculo esportivo é transferida, inconscientemente estabelecendo a associação da marca com os ingredientes emocionais do esporte. As mensagens passadas por patrocínios de eventos esportivos chegam sutilmente aos consumidores, através de associações, garantindo prestígio e credibilidade. 3.1.2 As vantagens do esporte como mídia alternativa O esporte é, portanto, uma boa forma de investimento, tanto para as empresas como para os veículos, o que lhe imprime uma forte característica de onipresença. O patrocínio de uma empresa em um atleta ou evento esportivo atinge, tanto o público que está assistindo o evento no local, quanto o público que está acompanhando a cobertura do evento pelos meios de comunicação. Essa potencialidade do esporte chega a gerar verdadeiras disputas por espaço dentro dos eventos. O esporte é uma das grandes paixões mundiais, estando em constante ascensão e despertando um enorme interesse em todos os segmentos da nossa sociedade. O futebol, além de ser a modalidade esportiva com maior popularidade e número de praticantes, é considerado um produto com um enorme potencial de vendas, principalmente no Brasil, contribuindo com 32 bilhões de dólares do volume gerado pelo mercado do futebol no mundo, cerca de 250 bilhões de dólares. O número de praticantes está estimado em 30 milhões. Mesmo apresentando problemas de gestão e organização, a modalidade consegue ser unanimidade nas rodas de amigos, na televisão, nos jornais, nas rádios e na Internet. Por ser notícia e gerar mídia, seu retorno de investimento de imagem e institucional é o que as empresas tanto almejam para seus produtos, e a qualificam como 1ª opção de investimento. Pesquisas realizadas com 150 empresas de diversos segmentos revelam que o futebol é, sem sombra de dúvida, o esporte de maior aceitação: futebol (47%), voleibol (20%), o automobilismo (13%) e outros (20%). 33 A popularidade, o perfil e a mídia gerada são os pilares em que as empresas se apóiam na hora da investir em uma modalidade esportiva. A mídia eletrônica é a responsável pela visibilidade das suas marcas e produtos; a organização, o planejamento e o profissionalismo das entidades esportivas, dos atletas e dos dirigentes são qualidades fundamentais para um investimento seguro por parte das empresas; o perfil da modalidade e a capacidade de interação da mesma com o público solidificam a escolha da modalidade esportiva como sendo rentável, segura e inegavelmente um bom negócio, trazendo um retorno institucional e de vendas para as empresas. As empresas que investem nestas modalidades conseguem o retorno mais que desejável, visto que todas geram notícia, tendo grande cobertura na mídia e uma legião de fãs, admiradores e consumidores dos seus produtos. Esta constatação deve-se ao fato do marketing esportivo atingir o seu público consumidor em seu momento de lazer, momento esse em que o consumidor está mais aberto, receptivo à mensagem dos patrocinadores ou dos seus produtos. É neste momento que o esporte deve aparecer como um meio e não como fim, onde as empresas investem e consomem o produto chamado esporte. Não podemos esquecer que na busca pela qualidade, o esporte contribui para o desenvolvimento social; para formação de jovens; e para o rejuvenescimento da marca. O caso do Banco do Brasil serve de exemplo já que ao investir no voleibol, a imagem antiga que possuía foi substituída por uma imagem moderna, jovem e dinâmica, atraindo novos clientes, alavancando novos negócios e contribuindo para o desenvolvimento do esporte nacional. A marca das empresas ganha força com esta associação, pois valoriza, divulga e é exposta com mais facilidade por ser utilizada como mídia alternativa. O Futebol é um investimento de alto risco, mas também oferece um retorno sem igual para quem conhece a forma correta de investir”. (Revista Exame/Mar08) A mídia tem papel fundamental na popularização do esporte. Sem a mídia as modalidades não ganham exposição, não se desenvolvem, não atraem 34 investidores e não atingem o público; e sem o esporte os veículos de comunicação perdem notícia, já que o esporte gera notícia. A visão das empresas sobre o produto esporte ainda é vista com desconfiança, pelo confronto, em alguns casos, do seu perfil com o perfil da modalidade em questão. Algumas modalidades precisam mudar sua imagem para fazer uma comunicação melhor com seu público consumidor. O caso das lutas é um exemplo. A associação com a violência é o grande problema das lutas, mesmo algumas modalidades obtendo bons resultados internacionalmente e tendo papel reconhecido na formação (educação e disciplina). Não podemos esquecer que este mercado, também apresenta um público e empresas que as apóiam, como é o caso dos eventos de vale-tudo, lutas, capoeira, boxe, dentre outros, apresentando uma grande soma de investimentos e com um bom retorno para seus investidores. A Mídia conforme conceito de Cárdia (2003),2 é caracterizada como um meio pelo qual se transmite uma mensagem. É, portanto, entendido como mídia, o canal que a propaganda utiliza para encaminhar a mensagem publicitária ao mercado-alvo. Entre outras coisas, mídia conforme assevera Nicoloni (2005),3 é a análise e a interpretação dos veículos de comunicação e um instrumento de expressão publicitária. Alguns autores apontam o marketing esportivo como uma forma de mídia alternativa uma vez que ele é capaz de promover uma marca junto ao seu público-alvo e assim sendo recebe em troca de publicidade, imagem e venda. Conforme afiança Contursi (2000),4 essa captação de mensagem, normalmente é feita em momentos de descontração e relaxamento, como numa transmissão de um evento esportivo, quando a maior parte das mensagens, chega ao telespectador mais receptivo, ao mesmo tempo em que evita os intervalos comerciais e a provável troca de canal. Para eles é mais fácil o telespectador aceitar a propaganda fora dos intervalos comerciais. 2 CARDIA, Wesley Marketing Esportivo. Rio de Janeiro, Bookman, 2003. NICOLONI, Henrique Evento Esportivo como Objeto de Marketing. São Paulo, Phorte Editora, 2005. 4 CONTURSI, Ernani Benvilaqua. Marketing Esportivo. São Paulo, Sprint, 2000. 3 35 De acordo ainda com Contursi (2003),5 esse fato é bastante relevante se levarmos em conta, por exemplo, a exposição de uma marca que patrocina um time de futebol durante os 90 minutos em que dura essa transmissão. No concernente as cifras investidas no esporte, por tudo o que temos pesquisado, as estratégias utilizadas pelas agências de propagandas/empresas, segundo dados apresentados na 1ª Conferência Internacional de Marketing Esportivo realizada em São Paulo, chegam a US$10 bilhões em todo o mundo (Caderno de esportes. Folha de São Paulo, 1999 4b). Nesta conferência foi apresentado também o número investido no Brasil durante grandes eventos como a Copa do Mundo ou jogos Olímpicos que chegaram a US$250 milhões. O esporte, de acordo com Vargas (2006),6 como tem sido bastante divulgado, é uma boa forma de investimento, tanto para as empresas como para os veículos publicitários. O patrocínio de uma empresa num evento esportivo atinge, tanto o público que está assistindo o evento no local, quanto o público que está acompanhando a cobertura do evento pelos meios de comunicação, gerando uma verdadeira disputa por espaço dentro dos eventos. No entendimento de Cárdia (2003), é correto destacar que a diversidade de esportes contribui muito para que o patrocinador possa optar para aquele que mais se afine com o seu negócio e público-alvo. Conforme relato de Vargas (2006), o Banco Nacional para explorar a imagem de Ayrton Senna em peças de merchandising e comerciais investiria US$ 1,2 milhões no ano da morte do piloto, o que significaria o dobro desembolsado quando de seu início de carreira. Conforme destaca Neto (2006),7 a peça promocional mais popularizada e disputada, era o boné (distribuídos 1,5 milhões de unidades) com a sua assinatura e que numa pesquisa realizada em 1991, o banco teve computado os minutos de TV e as fotos de mídia impressa em que Senna aparecia com a logomarca ficou 5 CONTURSI, Ernani Benvilaqua. Patrocínio. São Paulo, Sprint, 2003 VARGAS, Ângelo. Esporte e realidade. Conflitos Contemporâneos. Rio de Janeiro, Shape, 2006. 7 NETO, Francisco Melo, Carvalho, Sergio Francisco Paulo de. Gestão de Marcas nos Esportes – Teoria e Pratica. Rio de Janeiro, Record, 2006. 6 36 demonstrado que o banco teria que investir 10 vezes mais o valor contratado para obter o mesmo retorno em espaço publicitário. 37 CONCLUSÃO Na constante e evolutiva concorrência entre as empresa, uma vantagem competitiva é sempre bem vinda, e isto tem obrigado as empresas de variados segmentos a estabelecerem novas ferramentas para atrair e chamar a atenção de seus consumidores. O Marketing Esportivo vem destacando-se como uma oportunidade de conquistas e manutenção de clientes, objetivando o incremento das vendas. Além de investir em mídia de massa, as empresas estão observando que o esporte proporciona grandes alegrias para o povo despertando grandes emoções e por isto elas apostam no esporte como um caminho para consolidar suas marcas. O setor esportivo no país vem sofrendo uma crescente participação na mídia, nos negócios, na economia e principalmente, no lazer das pessoas, transformando o Brasil no quinto maior mercado esportivo do mundo. O esporte ao redor do mundo e em diferentes épocas já provou ser muito diferente de qualquer outra atividade de entretenimento. Atualmente já é visto e principalmente utilizado como alternativa por diferentes empresas que desejam alcançar seu consumidor nos momentos que estes estão praticando, vendo ou se informando sobre seu esporte favorito. O surgimento de clubes, atletas e o crescimento de programas esportivos bem como as coberturas de eventos relacionadas ao esporte estão cada vez mais presentes na mídia. Tornou-se uma realidade para empresas, perceberam que seus clientes estão mais dispostos a consumir seus produtos ou simplesmente criar uma simpatia pela marca, quando estão vendo ou praticando o esporte. Para a construção de estratégias na área esportiva, as organizações precisam compreender o seu público-alvo. Ao escolher um esporte as empresas precisam averiguar se as características do mesmo são compatíveis com os objetivos, os quais a organização pretende atingir. 38 BIBLIOGRAFIA AAKER, David A.; Joachimsthaler, Erich. Como Construir Marcas Líderes. São Paulo: Editora Atlas, 2004 BASTOS, F. C. Administração Esportiva: área de estudo, pesquisa e perspectivas no Brasil. Motrivivência, ano XV, n. 20-21, março-dezembro, 2003. BASTOS, F. 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