Quinta Real de Caxias
Cerimónia de Inauguração dos jardins e reposição das Réplicas
das Esculturas de Machado de Castro
Senhor Director da Universidade Autónoma de Lisboa
Senhor Director do Instituto de Artes e Ofícios
Senhores Vereadores
Minhas Senhoras e meus Senhores
Não é a primeira vez que nos reunimos nestes Jardins para
festejar uma inauguração.
Para ser mais preciso, esta é a 4ª vez que fazemos deste cenário a
razão dos nossos encontros.
Significa isso que, desde 1986, e ao longo dos 23 anos de
vigência do protocolo que a Câmara Municipal de Oeiras
estabeleceu com o Ministério da Defesa, muitos têm sido os
motivos de celebração.
À data de assinatura deste protocolo, os jardins encontravam-se em
avançadíssimo estado de degradação, quer quanto aos elementos
arquitectónicos, quer quanto aos elementos paisagísticos.
Em 1987, com o final do 1 ano dos trabalhos de desmatação e
limpeza, fez-se logo a 1ª celebração.
Celebrámos a abertura dos jardins ao público, para dar a conhecer o
riquíssimo património da 2ª metade do séc. XVIII, inspirado nos Jardins
franceses de Luis XIV, e que os Oeirenses desconheciam devido à
pertença da propriedade pelo Ministério da Defesa desde 1908.
A candidatura em 1993 da Quinta Real de Caxias ao Programa
Europeu de “Conservação de Jardins de Valor Histórico”
promovido pela Comissão das Comunidades Europeias, e a
atribuição do respectivo prémio, deu novo impulso à
recuperação dos Jardins.
Foi o reconhecimento pela obra que tinha sido realizada até então, e a
oportunidade para implementar o Projecto de Arquitectura Paisagista,
cujo concurso a Câmara Municipal tinha lançado meses antes.
A divulgação deste prémio europeu gerou um enorme interesse
nos meios académicos, nos especialistas na matéria e no público
em geral, passando a Quinta Real de Caxias a ser uma referência
de excelência do património paisagístico do concelho.
A implementação do projecto de recuperação proporcionou o
desenvolvimento de variadíssimos trabalhos, que se prolongaram por 10
anos:
-a reposição dos desenhos de buxo dos canteiros
-a regularização dos caminhos de saibro
-a colocação de sinalética
-a adaptação do Pavilhão octogonal norte para sala de leitura
-a recuperação de uma dependência exterior para Recepção/Posto de
Turismo
-a reconstituição de uma ruína por detrás da cascata para oficina de
restauro das esculturas
-a colocação de silhuetas das esculturas nos locais das peças originais,
entretanto retiradas para restauro
-a contratação de vigilância durante 24h por dia
-o início da recuperação das esculturas de Machado de Castro e pinturas
do Pavilhão e Cascata
-a assinatura de um protocolo com o Ministério da Justiça para cedência
do Pavilhão norte
A divulgação pública destas intervenções deu origem à 2ª
celebração, que se realizou em Junho de 1997, onde se tornava
já evidente o empenho e a perspectiva de futuro que a Câmara
Municipal pretendia introduzir na valorização da Quinta Real.
Essa perspectiva de futuro foi manifestada em 1998 ao Ministério da
Defesa, quando se pretendeu adquirir não só a área correspondente ao
protocolo vigente, como também a de toda a zona edificada, incluindo o
próprio Palácio.
E nesse ano de 1998 encontrámo-nos aqui novamente.
Desta vez para admirar uma escultura lúdica, executada por um
artista plástico num tronco de araucária, que entretanto tinha
secado.
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E como foi desenvolvida uma espiral de degraus paralelos à volta
do tronco cónico, demos-lhe o nome de “Subida para o céu”.
Essa escultura, que se encontrava ao fundo do jardim, já não existe.
Teve que ser desmontada devido ao apodrecimento do tronco.
Mas, segundo dizem os especialistas, a riqueza patrimonial
destes jardins, reside na beleza exuberante das estátuas de
Machado de Castro, e da representação mitológica do “Banho de
Diana”.
Não ouso sequer pronunciar-me sobre esse assunto, uma vez que o Sr.
Prof. Dr. Miguel Faria que está entre nós, é um reputado especialista na
obra de Machado de Castro, e tem sobre ela editado um livro.
Mas não posso no entanto deixar de referir, que para podermos
estar hoje a celebrar a colocação destas réplicas, percorremos
um longo caminho, na procura dos especialistas, dos materiais,
dos documentos e da adequada investigação.
Sei que estão presentes muitas das pessoas que fizeram parte das
primeiras equipas de recuperação das estátuas, pinturas e cascata,
enquanto colaboradores do Instituto Rainha D. Leonor, a quem
adjudicámos os primeiros trabalhos.
Sei também que algumas dessas pessoas fazem agora parte da
Universidade Autónoma de Lisboa, a quem recorremos para nos
ajudar a prosseguir nesta tarefa.
Sem elas não teríamos seguramente ido tão longe, porque perderíamos
a experiência adquirida, a investigação feita e o seu gosto por Caxias.
As esculturas originais de Machado de Castro que recuperámos e
que estarão em exposição no Pavilhão norte, e as réplicas das 7
esculturas que hoje inauguramos, bem como algumas obras de
consolidação da Cascata, constituem o início de uma longa tarefa
que ainda temos pela frente, mas que teimosamente fazemos
questão de chegar ao fim.
A estas, seguir-se-ão mais 18 esculturas, até que esteja completo o
ambiente cenográfico que o grande mestre Machado de Castro (17311822) concebeu para estes jardins.
E porque queremos e temos condições para redefinir os antigos
limites da Quinta Real, transformando-a num grande parque
urbano para fruição pública, assinámos em Março último um
protocolo com o Ministério da Justiça, de cedência de uma
significativa área junto à ribeira, que acabámos de percorrer.
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Aos trabalhos de limpeza e desmatação que foram executados em
tempo record, mas que possibilitam já o percurso pedonal, seguir-se-ão
as plantações e a progressiva transformação dessa área.
Retomaremos a antiga produção agrícola existente na Quinta,
que será completada com um jardim de cheiros e um novo
viveiro municipal.
Mas essa será a razão para a 5ª celebração, no próximo ano.
Resta-me agradecer a todos quantos estiveram envolvidos e
empenhados nesta grande tarefa de recuperação da Quinta Real
de Caxias.
Aos funcionários da Câmara Municipal, aos respectivos Dirigentes e aos
Vereadores que com eles se empenharam em fazer desta Quinta Real
uma marca de referência no património de Oeiras, o meus maiores
agradecimentos.
Não posso no entanto deixar de evidenciar algumas das pessoas
que tiveram um papel mais activo e participativo ao longo destes
23 anos:
•
O arquitecto Rodrigo Dias que descobriu a Quinta Real em 1983, e
percebendo a sua importância, mobilizou esforços e vontades para
que se realizasse o protocolo com o Ministério da Defesa.
Foi o grande impulsionador do Projecto de Arquitectura paisagística
de Recuperação dos Jardins, e acompanhou toda a sua
implementação.
•
A arquitecta Isabel Soromenho que com a sua obstinação pela
valorização da Quinta, tudo tem feito para que ela adquira o
esplendor da sua época.
Foi a impulsionadora da Candidatura ao Projecto Europeu da
Comissão Europeia e tem dirigido todo processo de recuperação dos
elementos arquitectónicos e escultóricos.
•
Ao arquitecto João Pancada Correia que integrou a 1ª equipa de
restauro, e que procedeu aos primeiros estudos de interpretação da
história dos jardins, sem os quais não seria possível prosseguir os
trabalhos com tanta celeridade.
•
Ao Prof. Beloto que desconhecia a Quinta Real até há 2 anos, mas
que se encantou de tal maneira que tem feito um trabalho meritório
de investigação, de recuperação das antigas esculturas e na
execução das respectivas réplicas.
O seu entusiasmo e persistência tem influenciado todos quantos com
ele lidam, e só espero que não desista de colaborar com a Câmara
Municipal até à conclusão desta grande obra de recuperação.
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discurso do Presidente da Câmara Municipal de Oeiras, proferido