ISSN 2236-3335 A IN(EX)CLUSÃO DOS SURDOS NA EDUCAÇÃO DO CAMPO: SENSIBILIZANDO P R O F E S S O R E S E C O M PA R T I L H A N D O S A B E R E S G rac iely Cândido Macêdo Licenc iatura e m Le tras Ve rnáculas [email protected] Profa. Dra. C arla Luzia Carne iro Borge s (Orientadora/UEFS ) D ep arta ment o de Le tras e A rtes (D LA ) [email protected] om.br Res umo : At ua lment e, a t emá t i ca da i ncl usã o s oci a l de a l unos s urdos em es col a s regul a res é ba st a nt e discut i da . Mas , em s e t ra t a ndo de es col as do campo regul a res , i sso pouco a cont ece. Cl a ss es mul t i ss eri a da s sã o rea l i da des ness as es col as , que com ca pa ci ta çã o ou nã o t êm de a col her a l unos surdos . No enta nt o, a col her es tas cri a nça s não s i gni fi ca di zer que es t a rã o i nt egrada s propria ment e, j á que os profes sores não pos s uem ca pa ci t a çã o em L í ngua B ra s i l ei ra de Si na is (L IB RAS) , as s im como a pres ença do i nt érpret e nã o é uma rea l i da de. N es t e a rt i go, pret ende- s e a pres ent a r res ul ta dos fi na i s do proj et o “L í ngua portugues a : prá t i ca s ocia l na comuni ca çã o ent re surdos e ouv i nt es ”. Pa l a v ras - chav e: Educa çã o do Ca mpo. Surdo. In cl us ã o/ excl us ã o. Abs t ra ct : N owa da ys t he i ss ue of s oci a l i nclus i on of dea f s t udent s i n regula r s chool s i s wi del y deba t ed. B ut when i t comes t o regul a r count rys i de s chool s , l i t t l e i s di scus s ed. Mul t i gra de cl a s s es i n t hos e s chool s a re rea l i t i es t ha t , wi t h t ra i ni ng or do not hav e t o a ccommoda t e dea f s t udent s . Howev er, wel come t hes e chi l dren does not mean t ha t wi l l be i nt egra t ed properl y, s i nce t ea chers hav e no t ra i ni ng i n B razi l i a n Si gn L a nguage ( LB S) , a s wel l a s t he pres ence of t he i nt erpret er i s not a rea - J Graduando, Feira de Santana, v. 2, n. 3, p. 11-25, jul./dez. 2011 12 l i t y. Thi s a rt i cl e a ims t o pres ent t he fi na l resul t s of the proj ect "Port ugues e L a nguage: s ocia l pra ct i ce i n communi ca t i on between dea f a nd l i s t eners ". K eywords: Rura l Educa t i on. D ea f. Incl us i on/excl us i on. INTRO DUÇÃO [ … ] a i n c lu s ã o é c o mp r e en d id a , s i mp l e s m en t e , c o mo u m p r o c e s so q u e s i r v a à s o c i a l i z a ç ã o d a a l t e r i d a d e d e f i c i e n t e ― q u e é su p o s t a co mo e x c l u íd a , s e p a r ad a , g u e t i z ad a , e t c . ― n a e s c o l a r e g u l a r . É n e s s e s e n t i d o q u e f r e q ü en t e men t e a c o n t e ce a q u i l o q u e p o d e s e r ch am a d o d e i n c lu s ã o e x c l u d en t e o u d e i n t eg r a ç ão s o c i a l p e r v e r s a , i s t o é , a i l u s ã o d e s e r co mo o s d em a i s , o p a r e ce r c o mo o s d em a i s , o q u e r e s u l t a n u m a p r e ss ã o e t n o c ên t r i c a d e t e r q u e s e r f o r ç o s am en t e , c o m o o s d em a i s . ( S K L I A R , 2 0 0 1 , p . 1 9 ) . A Pol í t i ca de Incl usã o, na v i sã o ouv i nt i s ta [ 1 ] , é a mel hor a l t erna t iv a pa ra a educa çã o dos s urdos . N o ent a nto, pa ra os s urdos , ess a nã o é uma v erdade, j á que nã o ba s ta a penas t ent a r i nt egra r surdos e ouv i nt es no a mbi ente es col a r. É preci s o, porém, a ument a r o número de recurs os v i sua is a fim de fa ci l i t a r a a ces s ibi l i da de dess es s uj ei t os à vi da s oci a l , nã o s ó na s es cola s, mas t ambém em res ta urant es , igrej a s , órgã os públ i cos , ent re out ros a mbi ent es de i nt era çã o humana . Incl ui r os surdos em cl a ss es regul a res impl i ca uma educa çã o bi l í ngue. Mas, em s e t ratando das classes mult isseriadas [ 2 ] da s es col as do campo de Ria chã o do J a cuí pe, Ba hi a , es ta real i da de nã o a cont ece, v is t o que es sa s es col as s impl esment e a col hem os a l unos surdos, porém os profes s ores a i nda não pos suem nenhuma ca pa ci ta çã o em L í ngua B ras i l ei ra de Si na i s ( L IB RAS) , e ta mpouco há pres ença de i nt érpret es nas sa l as de a ul a . E mesmo s e t iv ess e a pa rt i ci pa çã o de a mbos , a i ncl us ão/ i nt egra çã o nã o s eria ga ra nt i da de fa t o, v is t o que nã o há a a l - J Graduando, Feira de Santana, v. 2, n. 3, p. 11-25, jul./dez. 2011 13 fa bet i za ção des s es a l unos em sua l í ngua mat erna no cont exto de ens i no das es cola s do ca mpo de Ria chão do Ja cuí pe, o que di fi cul t a , port ant o, a comuni ca çã o/i nt era çã o e a aprendi za gem da L í ngua Port uguesa , na moda l i da de es cri ta . Com o des env ol v iment o do proj et o de pesqui s a “L í ngua Port uguesa : prá t i ca s oci a l na comuni ca çã o ent re s urdos e ouv i nt es ”, foi pos s ív el perceber que mui to a i nda preci s a s er fei t o na s es cola s do campo de Ri a chã o do J a cuí pe. Se os s urdos j á s ã o excl uí dos da s oci eda de por a pres enta rem a pena s uma di fer ença l i nguís t i ca em rela çã o a os ouv i nt es , ima gi nem como dev e s e s ent i r um s urdo que res i de na zona rura l , nã o é “compreendi do” por fami l i a res, col egas e profes s or, já que não conhecem a L IB RAS. N ão obs ta nt e, não ba st a a penas conhecer a l í ngua de s i na i s , pois os surdos, fi l hos de pa i s ouv i nt es que nã o conhecem a L IB RAS, comuni ca m - s e por “s i na is cas ei ros ” [ 3 ] . Independent e do gra u l i nguí s t i co, ess es s urdos compa rt i l ham das mes mas pecul i a ri da des e a pres ent am em s eu i nt eri or fa t ores i dent i t á ri os e cul t ura i s própri os . F oi emba sa ndo - se por es s es pres s upos t os que s e procurou s ens i bi l i za r e compa rt i l ha r s a beres com os profes sores da s es col as pesqui sa da s , mos t ra ndo os s urdos do pont o de v i s ta cul t ura l . Ass i m, a s urdez nã o fi cou res t ri t a a o di s curs o da defi c i ênci a , ma s s im a o da di ferença . N ess a pers pect iv a , Ra ngel e St umpf ( 20 04 ) a fi rmam: O s u r d o v i s t o c o mo u m a d i f e r en ç a p r o p õ e o r e sg a t e d o s u j e i t o s u r d o c o m o p e s so a c o m p l e t a . T a l c o n ce p ç ã o é c o n t r á r i a à p e r c ep ç ão co n se n su a l e eq u i v o ca d a d e q u e a s u r d e z tr a n s f o r m a o su j e i t o s u r d o em u m d e s a j u s t a d o . E s s e e s t e r e ó t i p o é u m a f a l s a r e p r e s en t a ç ã o d e u m a d a d a r e a l i d a d e , s e g u n d o a p ed a g o g i a d a d i f e r e n ç a . ( R AN G EL ; S T UM P F , 2 0 0 4 , p . 8 6 ) . Se a i nt enção das es cola s de Ria chã o do Ja cuí pe era a de i ncl ui r os a l unos s urdos a fi m de nã o dei xá - l os excl uí dos , a pós a s ens i bi l i za çã o da t emá t i ca da s urdez por i nt ermédi o do J Graduando, Feira de Santana, v. 2, n. 3, p. 11-25, jul./dez. 2011 14 proj et o de pes qui sa a pres enta do, es pera - se que es col as e profes s ores procurem mei os de mel hor as s is t i r es s es s urdos . Ca so cont rá ri o, mesmo s em sa ber, es ta rão excl ui ndo - os do â mbi to es col a r, por não cons egui rem l ev a r em cons i dera çã o as pecul i a ri da des l i nguí s t i ca s des s es a l unos . O BJETIVO S DA PESQ UISA O proj et o de pes quis a “L í ngua Port uguesa : prá t i ca s oci a l na comuni ca çã o ent re s urdos e ouv i nt es ” cons t i t ui u- s e de est udos a cerca da a prendi za gem da l í ngua portuguesa es cri t a , no que concerne à comuni ca çã o ent re s urdos e ouv i nt es . Comuni ca çã o, ness e cont ext o, ent endi da como medi a dora pa ra uma i ns erçã o s oci ocul t ura l . O es tudo bas eou- s e na concepção do ens ino de l í ngua port uguesa pa ra s urdos ( Sa l l es , 2004 ) , reconhecendo a import â nci a da l ei t ura /es cri t a como mei o de comuni ca çã o ent re s urdos e ouv i nt es ; bas eou -s e também nos Es t udos Surdos em Educa çã o ( Skl i a r, 20 0 5) , foca l i za ndo, a pa rt ir da di fe rença , as i dent i da des, as l í nguas , os proj et os educa ciona i s , a hi st óri a , a a rt e, a s comuni da des e as cul t ura s surdas . N o que t a nge ao obj et i v o pri nci pa l , des ta cou -s e a importâ ncia de s e di s cut i r a l ei t ura /es cri t a como mei o de comuni ca ção ent re s urdos e ouv i nt es, em duas es col as do ca mpo do muni cípi o de Ri a chã o do J a cuí pe, v is t o que es sa s prát i ca s pos s i bi l i ta m que o a l uno s urdo v iv enci e out ra experi ênci a de comuni ca ção huma na , no que s e refere à s nova s ma nei ras de s e expres sa r e de v er o mundo. Se o ens i no do port uguês es cri t o pa ra cri ança s s urda s , a t é hoj e, é bas ea do no ens i no do port uguês pa ra cri a nças ouv i nt es, de que ma nei ra a es col a ha bi l i t a seus a l unos s urdos como l ei t ores , propi ci a ndo que a l í ngua port ugues a es cri t a , enqua nt o prát i ca s oci a l , cons t i tua - s e com o mesmo va l or pa ra s urdos e ouv i nt es ? Qua i s a s prá t i cas pedagógi ca s que es tã o J Graduando, Feira de Santana, v. 2, n. 3, p. 11-25, jul./dez. 2011 15 s endo ut i l i za das pa ra que o a l uno s urdo t enha um mel hor des empenho em s eu a prendi za do? N a t enta t iv a de responder a ess es ques t ionament os , o proj et o propos t o a tuava em pa rceri a com o Proj et o Conhecer, Ana l i sa r e Tra ns forma r ( Proj et o CAT) , l ocado na Univ ers i da de Es ta dua l de F ei ra de Sa nt ana ( UEFS) , que int egra o Programa de Educa çã o do Ca mpo do Mov iment o de Orga ni za çã o Comuni t á ri a ( MOC) , com o i ntui t o de des crev er o funci onament o das prá t i cas com l ei t ura e es cri t a num cont ext o de conheci ment o da rea l i da de do ca mpo, a fim de i nt erv i r pa ra a t rans forma çã o. O es t udo propos to, cont udo, procurou compreender o s uj e i t o s urdo e s ua s es t ra t égi as de a prendi za gem no us o do port uguês es cri t o como forma de a l a rga mento da comuni ca çã o ent re s urdos e ouv i nt es . Es t es , a pes a r de fal a rem o port uguês como pri mei ra l í ngua , ou s ej a , como l í ngua ma t erna , t ambém fi cam à ma rgem do proces s o educa ci ona l , uma v ez que a pres ent am di fi cul da des no port uguês es cri t o. Por cont a di ss o, es pera -s e que os modos de l er/es crev er de ca da grupo t ra gam s emel ha nças qua nt o à funçã o s oci a l da l ei t ura e da es cri t a , em s eu poder de t ra ns forma çã o s oci ocul t ura l . REFERENCIAL TEÓRICO Os s urdos s ã o int erpret a dos a pa rt i r de t emá t i ca s como: l i ngua gem, i dent i da de e cul t ura , rev el ando -se pont os de v is t a di fer ent es s obre a surdez, porém a l guns col oca m o s uj ei t o s urdo como defi ci ent e. É preci s o ress a l ta r que a s urdez nã o é nenhum obs tá cul o pa ra a prendi za gem de uma l i nguagem es cri t a . A l í ngua , ness e cont ext o, é um i ns t rument o de comuni ca çã o e t ra ns forma çã o, e com um bom des envol v iment o do a prendi za do da l í ngua port ugues a , a comuni ca çã o ent re s urdos e ouv i nt es s erá fa ci l i t a da . Concordo com Skl i a r ( 200 5) qua ndo el e enfoca a s urdez como di ferença , porém como s i gni fi ca çã o [ 4 ] pol í t i ca e nã o s e ref ere, port a nt o, a os di s curs os s obre a defi ci ênc i a . Pa ra fras e- J Graduando, Feira de Santana, v. 2, n. 3, p. 11-25, jul./dez. 2011 16 a ndo Skl i a r, Sá ( 200 2, p. 1 1 ) enfa t i za que o reconheci ment o pol í t i co da s urdez, enqua nt o di ferença , pode se “t ra duzi r em ações que cons i derem os di rei t os dos s urdos enqua nt o ci da dã os e o reconheci ment o dos múl t i pl os recort es de s uas i dent i da des , l í ngua , cogni çã o, gênero, i da de, comuni da de, cul t ura et c. ” N o que s e refere à l í ngua, é vá l i do ress a l ta r que, hi s t orica ment e, a l í ngua de s i na i s é cons i derada apena s uma mí mi ca ges t ua l . Os s urdos foram es t i gma t i za dos pel o fa t o de a pres ent a rem ca na l l i nguís t i co v i s ua l e comuni ca çã o a t rav és de ges t os ou s i na i s , di ferent e dos ouv i nt es que di spõem da l i ngua gem ora l . As di s cus sões s obre a l i ngua gem de um modo gera l , quas e s empre, sã o emba sa da s no ca rá t er v erba l , uma v ez que é es sa ca ra ct erí s t i ca que di st i ngue a l i nguagem humana dos s i st emas de comuni ca ção a ni ma l . Ent ret ant o, é i mporta nt e des ta ca r que a l i nguagem ges tua l é tã o compl exa qua nt o a v erba l , t endo em v i s ta que a l í ngua de s i na i s, s egundo a F EN EIS ― F edera ção Na ci ona l de Educa çã o e Int egra ção dos Surdos [ 5 ] ) , é compos t a de t odos os component es pert i nent es às l í ngua s ora i s . Al ém di ss o, as l í ngua s de s i na is , as s im como as ora is , apres ent am v a ria ções , v i s t o que na pri mei ra há muda nça s nos s i na is a depender das comuni da des onde sã o us ados . Pa ra Gol dfel d ( 20 02) , o t ermo l i ngua gem t em um s ent i do mui t o a mpl o. Segundo a a ut ora , l i ngua gem “é t udo que env olv e s i gni fi ca çã o, que t em um v a l or s emi ót i co e nã o s e rest ri nge a penas a uma forma de comuni ca çã o. É pela l i ngua gem que s e cons t i t ui o pensa mento do i ndiv í duo. ” ( GOLD FELD , 200 2, p. 1 8) . Ges uel i ( 1 99 8) , por s ua v ez, ress a l ta que, a tra v és da l i ngua gem, é: [ p o s s í v e l ] f a z e r a l e i t u r a d o mu n d o e co n se q u e n te me n t e a l e i t u r a d a p a l a v r a , m e smo p o r q u e u m a n ã o a c o n t ec e s e m a o u t r a . E s s a s f o r m a s d e l e i t u r a c o n s t i t u em - s e mu t u am en t e e t êm co - J Graduando, Feira de Santana, v. 2, n. 3, p. 11-25, jul./dez. 2011 17 mo b a s e a l i n g u a g em q u e s e d á p e l a i n t e r a ç ão social . (GESUELI, 1998, p. 117). N o ca so da cri a nça s urda , a aut ora a fi rma que a s i gni fi ca çã o s e dá pel a l í ngua de s i na is e, porta nt o, t orna - s e de funda ment a l i mport ânci a pa ra o proces so de cons t rução da es cri ta. Conforme a s duas concepções de l i ngua gem a borda das , bem como o s eu pa pel , ent endo que a l í ngua de s i na is poss i bi l i t a rá a i nt era çã o do i ndiv í duo com o mei o e s erá medi a dora da s i gni fi ca çã o do mundo. N es sa propos i ção, s e o i ndi v í duo é um s er s oci a l que fa z us o da l i nguagem pa ra i ntera gi r com o mei o que o cerca , entã o, a cons equênci a dis s o, cons i s t i rá na const ruçã o de s ua i dent i da de. E, em s e t ra t ando dos i ndiv í duos s urdos , a l í ngua de s i na i s ass ume gra nde rel ev â nci a no proces s o de cons t ruçã o da i dent i da de s urda . Perl i n ( 1 9 9 8) , com ba s e em Ha l l ( 1 9 97 ) , ut i l i za a concepçã o de i dent i da de pós - moderna pa ra s i t ua r o s uj ei t o s urdo, a qua l , no pont o de v i s t a des t a a ut ora , s eri a i dent i da des pl ura i s , múl t i pl a s . Ta l expl i ca çã o dev e- s e a o fa t o de exi s t i rem, s egundo Perl i n, ci nco ca t egori a s de i dent i da des s urda s que i dent i fi ca m os s uj ei t os s urdos : 1 ) i dent i da de s urda : a quela que cri a um es pa ço cul t ura l v i s ua l dent ro de um es pa ço cul t ura l di v ers o, ou s ej a , recri a a cul t ura v i sua l , de ma nei ra a rei v i ndi ca r à hi s t óri a a a l t eri da de s urda ; 2) i dent i da des s urdas hí bri da s : a quel a que os s urdos que na s cera m ouv i nt es , com o t empo, t orna ram - s e s urdos ; 3 ) i dent i da des s urda s de t ra ns i çã o: a quel a formada por s urdos que v i v era m s ob o domí ni o da cul t ura ouv i nt e e, pos t eri orment e, pa s sa ram pa ra a comuni da de s urda ; 4 ) i dent i da de s urda i ncompl eta : a quel a que os s urdos nega m a i dent i da de s urda pel o fa t o de v i v er s ob o domí ni o da cul t ura ouv i nt e; 5) i dent i da des s urdas fl ut uant es [ 6 ] : forma da s por s urdos que reconhecem ou nã o a s ua s ubj et i v i dade, porém d es prezam a cul t ura s urda e nã o t êm o compromis so com a comuni dade. Com a ca ra ct eri za çã o des t as i dent i da des , perc ebe - s e a pres ença J Graduando, Feira de Santana, v. 2, n. 3, p. 11-25, jul./dez. 2011 18 nã o homogênea e mul t i fa cet a da das i dent i dades des ta na t ureza . É a t rav és do us o da l í ngua de s i na i s e com a i nt era çã o ent re s urdo - surdo que há o fort a l eci ment o da i dent i da de s urda e, cons equent ement e, o s urgi ment o de uma comuni da de s urda que, na v i sã o de Tes ke ( 20 0 5) , é: [ . . . ] u m co mp l e x o d e r e l a ç õ e s e i n te r l i g a ç õ e s so c i a i s , q u e d i f e r e m d e o u t r a s c o mu n id a d e s o n d e e x i s t e a p o s s i b i l i d a d e d a co m u n i c a ç ão o r a l , p o i s a s p e s s o a s s u r d a s n e ce s s i t a m d a l í n g u a d e s i n a i s e d a s e xp e r i ê n c i a s v i s u a i s p a r a r e a l i z a r em u m a c o mu n i c a ç ã o s a t i s f a tória com outras pessoas. (TESKE, 2005, p. 148). O referi do a utor menci ona a i nda que o s i s tema de rel a ções fa mi l ia res s urdas di fere de uma s oci eda de ouv i nt e. Segundo el e, “é o pa rent es co cul t ura l , e nã o o fa mi l i a r cons anguí neo, que forma uma rel a çã o s oci a l surda a ut ênt i ca , a nã o s er que t oda fa mí l i a s ej a s urda . ” ( TESKE, 200 5, 148) . Cons i dero importa nt e que os pa is ouv i nt es que nã o conhecem a L IB RAS, a o des cobri rem que a cria nça é s urda , t enham oportuni dades de a prendê - l a , as s im, a primei ra l í ngua des sa cri a nça s eri a as s egura da . Ca s o cont rá ri o, es sa s cri ança s t erã o poucas pos s i bi l i dades de conta t o com a comuni da de s urda, v is t o que é por mei o do conta t o com out ros surdos, nes sa s comuni da des , que s urgem, por exempl o, as a ss oci ações de s urdos , poss i bi l i t a ndo uma ma i or int era t i v ida de ent re el es , a ss i m como, di s cus sões a res pei t o do bem es t a r de t odos , t a is como: cul t ura , educa çã o e t ra ba l ho e i ni ci a t i vas que os a j uda rã o na bus ca de s eus di rei t os pera nt e a s oci eda de. A i dent i dade s urda , por s ua v ez, cont ri bui pa ra cons t ruçã o de uma cul t ura s urda . Pa ra Skl i a r ( 2005) , o concei t o de cul t ura t em de est a r l i ga do a t rav és de uma l ei t ura mul t i cul t ura l . D ess e modo, fi ca cl a ro que a concepçã o de cul t ura nã o pode es t a r res t ri ta s oment e à ques tã o da l í ngua , t a mpouco defi ni da como um conj unt o de crença s e t ra di ções de um grupo det er- J Graduando, Feira de Santana, v. 2, n. 3, p. 11-25, jul./dez. 2011 19 mi na do, mas que dev e s er percebi da como uma noção ba st a nt e compl exa. Cons i dero que i dent i fi ca r a exis t ênci a de uma cul t ura surda nã o é uma ma nei ra de s egrega r os s urdos e os ouv i nt es . É not óri o que os s urdos pa rt i ci pam da cul t ura ouv i nt e, mas é preci s o a cei t á- l os com s ua s pecul i a ri da des que nã o s e resumem apenas a s ua l í ngua , embora es ta s ej a um t ra ço ma rca nt e, pri nci pa l , pa ra que s e i dent i fi que uma cul t ura . Porém, pa ra a l guns a utores , “ass umi r a exi s t ência de uma ‘ cul tura s urda’ , t a nt o no i nt eri or da comuni dade s urda quant o no i nt eri or do ca mpo de pes quis as uni v ers i t á ri o, i mpl i ca t ambém as sumi r uma s epa ra çã o ent re s urdos e ouv i nt es . ” ( SAN TANA; BERGAMO, 200 5, p. 574 ) . O fa t o de os s urdos fa zerem pa rt e de um grupo mi nori tá ri o, não s i gni fi ca dizer que a cul t ura ouv i nt e t em de domina r a cul t ura s urda . Ent endo es ta cul t ura como s endo di ferent es formas de s ent i r, ent ender e repres enta r a rea l ida de. E no âmbi t o es col a r, é i mport a nt e dest a ca r, ta mbém, a neces s i dade do respei t o à cul t ura surda , a fi m de a cei t a r os va lores mora is e ét i cos que guia m os comport ament os dos a l unos s urdos . N o que t a nge a o ens i no de uma s egunda l í ngua , nes s e ca s o o port uguês , de a cordo com a cons t ruçã o met odol ógi ca a pres enta da por Sa l l es ( 200 2) , é preci s o dot a r os fa la nt es do port uguês do conheciment o de L IB RAS “pa ra s ens i bi l i za r os que v enham a ens i na r port uguês como s egunda l í ngua a fa l a nt es da L IB RAS de que a a quis i çã o de uma l í ngua nat ura l s e proces sa de a cordo com mét odos própri os . ” ( SAL ES, 200 2, p. 33) . N í di a de Sá es cla rece que “a ma i or pa rt e da s pol êmi cas s obre a educa çã o dos s urdos s empre s e des envol v eu no âmbi t o dos ouv i nt es , ou, mel hor di zendo: qua ndo es t as s e des env olv em ent re os s urdos , el a s nã o s ão di fundida s ou cons i dera da s ” (SÁ, 2002, p. 1 2) . E cont i nua : “Soment e uma profunda dis cus sã o nas es col as , na s univ ers i da des, nas comuni da des , et c. , poderá permi t i r, num fut uro próxi mo, uma educa çã o s i gni fi ca t i - J Graduando, Feira de Santana, v. 2, n. 3, p. 11-25, jul./dez. 2011 20 v a pa ra a s di ferenças . ” ( SÁ, 200 2, p. 1 2) . Percebe - s e ent ã o, em rel a çã o ao hi s t óri co da educa çã o dos s urdos , que há um fra ca ss o que não é do s urdo, e s i m da comuni da de ouv i nt e que, em s ua s uprema ci a , s empre defi ni u os rumos da educa çã o de s urdos a t rav és de prát i ca s el a bora das dis t ant es da comuni da de s urda . RESULTADOS A i ns erçã o de um profes sor surdo de L IB RAS da i ns t i tui çã o e de um i nt érpret e, no grupo de pes qui sa L IN SP ( L i ngua gem, Soci edade e Produçã o do Conheci ment o) , cont ri bui u pa ra efet i va çã o do meu conheci ment o a cerca da s urdez e da L IB RAS, a l ém da soci a l i za çã o do mes mo pa ra os dema i s i nt egra nt es da equi pe [ 7 ] , como ta mbém pa ra profes s ores, a l unos ( e a l guns fami l i a res ) da s duas es col as do ca mpo em que a pes qui sa foi des envol v i da . Inv es t i ga r o us o da l í ngua port ugues a , na moda l i dade escri t a , como forma de a la rgament o da comuni ca çã o ent re s urdos e ouv i nt es em Ria chão do Ja cuí pe cont ri bui u pa ra a v eri fi ca çã o da necess i dade de prá t i ca s que deem conta de uma aprendi za gem com i gua l da de, pa ra a ca pa ci t a çã o de profess ores em L IB RAS e a cont ra ta çã o de i nt érpret es , poi s é di fí ci l o profes s or fazer o us o de out ras v ia s de ens i no s e nã o pos s ui o dev i do conheci ment o da s pecul i a ri da des l i nguí s t i cas dos s urdos , s em perder de v is t a o fa t o de a t ua r em s a la mul t is s eria da , que é out ro probl ema. N ess as es cola s, o aprendi zado da l í ngua port uguesa escri t a nã o s e cons t i t ui com o mesmo v a l or pa ra a l unos s urdos e ouv i nt es , uma v ez que o at o de l er e es crev er va i mui t o a l ém de uma mera decodi fi ca çã o: é uma prá t i ca s oci a l . Por fa l t a de ca pa ci ta çã o, as prát i ca s pedagógi cas ut i l i zada s pel os profes s ores não cont empl am um mel hor des empenho no a prendi za do dos a l unos s urdos , a t é porque ess es i ndiv í duos nã o foram a l fa bet i za dos em s ua l í ngua ma t erna ― a L í ngua Port uguesa . J Graduando, Feira de Santana, v. 2, n. 3, p. 11-25, jul./dez. 2011 21 Cons i dera r a l í ngua numa pers pect iv a de prá t i ca s oci a l e o s urdo do pont o de v i s ta cul t ura l é reconhecer o fa t o de a s urdez nã o s er nenhum obs tá cul o pa ra aprendi za gem de uma l i ngua gem es cri ta , ness e ca s o, a l í ngua portuguesa . Va l e l embra r que os s urdos a pres ent am a pena s uma di fer ença l i nguí s t i ca ― comuni cam- s e por s i na i s ― em rel açã o a os ouv i nt es . L ogo, é i mpres ci ndív el que, em Ri a chã o do J a cuí pe ( as s im como em qua l quer l oca l i da de) , o a l uno surdo adqui ra i ni ci a lment e a l í ngua de s i na is e s ó depois de a l fabet i zado pos sa a prender uma l í ngua es cri ta como s egunda l í ngua, a fi m de fa ci l i t a r a comuni ca çã o com ouv i nt es que nã o conheçam a l í ngua de s i na i s , como ta mbém pa rt i ci pa r como membro a t i vo da soci eda de. É pert i nent e ress a l ta r que o a mbi ent e pes qui s a do é um a mbi ent e i nt ercul t ura l , uma v ez que os s urdos es t ão imers os na cul t ura ouv i nt e. N o enta nt o, a rea l i za ção de uma ofi ci na sobre o conheci mento da surdez e da L IBRAS, rea l i za da em a çã o i nt erv ent iv a , pôde s ens i bi l i za r os pa rt i ci pant es ( profess ores, a l unos e fa mi l i a res ) de que os surdos, pa rti ndo do pont o de v i s ta cul t ura l , pos s uem s oment e uma di ferença l i nguí s t i ca em rel a çã o a os ouv i nt es . D ess a forma , houv e o reconheci ment o dos s urdos como pes s oas di ferent es e nã o defi ci ent es , como a credi t a o s enso comum. N o que di z res pei t o à ques tã o i dent i t á ria e cul t ura l , v eri fi cou- s e a pres ença de i dent i da des s urda s e da cul t ura s urda . A pa rt i r dos rel a t os de profess ores , a l unos e fa mi l i a res , percebeu- s e que os a l unos s urdos es t ão i ns eri dos na s “i dent i da des s urdas fl ut ua nt es e emba ça da s ” ( PERL IN , 19 98) , ou s ej a , ess es i ndi v í duos nã o ( re) conhecem de fa to a s ubj eti v i da de que l hes é i nerent e, poi s nã o pos suem cont a t o com out ro s urdo pa ra descobri rem j untos o “mundo dos s urdos ”. Qua nt o ao a s pect o cul t ura l , v eri fi cou - s e o s i na l pess oa l ( nome de uma pess oa por mei o de um s i na l ) que é da do por um s urdo. Com i ss o, percebeu- s e que os s urdos em ques tã o est ã o imers os na cul t ura ouv i nt e, mas poss uem em s eu i nt eri or, mesmo que i ncons ci en- J Graduando, Feira de Santana, v. 2, n. 3, p. 11-25, jul./dez. 2011 22 t ement e, a l í ngua de s i na i s ( nes t e ca s o, a L IB RAS, por mei o de s i na is cas ei ros ) , ou s ej a , a i dent i da de surda e a cul t ura s urda . Em uma da s es col as , s oment e a mã e de um dos a l unos s urdos pôde est a r pres ent e, dev i do a o fa t o de a cri a nça es ta r em repous o por conta de uma ci rurgi a ca rdí a ca que era de i mportâ nci a v i t a l . Ma s o conta t o des sa mã e com os conheci ment os apres enta dos , como também com um s urdo ( o profess or- pes quis a dor) fez com el a ent endess e que o s eu fi l ho nã o es t ava s ozi nho no mundo e que out ra s pess oas como el e exi s t i am e poderi am as cender - s e s oci a lment e. N a out ra es cola , ent ret a nt o, a a l una s urda pôde chega r a ess a concl us ão pess oa lment e, de modo a i nt era gi r com a equi pe e t roca r conheci ment os . Com i ss o, cons t a tou -s e a pres ença da L IB RAS nã o pa drão, ou s ej a , s i na is cas ei ros e/ou emergent es . F oi a t rav és do cont at o com ess a a l una que pudemos cons t at a r que o a prendi za do da l í ngua port uguesa s e dá de ma nei ra merament e repres enta t i va , uma v ez que ela memori za a l gumas s ent enças ou pa la v ras , cons egui ndo r es ponder a s a t iv i dades com o a uxí l i o de s ua profes s ora . Apes a r de es sa a l una t er s i do a l fa bet i zada , s egundo a sua profes s ora , com prá t i ca s que cont empl as s em o v i s ua l , o fa t o de nã o t er s i do a l fabet i za da em s ua l í ngua ma t erna fez com que el a s e t ornas s e l et ra da na l í ngua port ugues a , e nã o a l fa bet i za da . Ess a s i t ua çã o s ó fa z comprov a r que o a prendi za do da l í ngua de s i na i s primei rament e t orna - s e i ndi spensáv el , poi s , por i nt ermédi o da mesma , é poss ív el fa zer uma l ei t ura do mundo a nt es mesmo de s e pas sa r à l ei t ura da pa l av ra em l í ngua port uguesa . As es cola s do campo de Ria chã o do Ja cuí pe es t ã o com i nt eres s e no a prendi za do da L IB RAS, a fim de poder mel hora r a comuni ca çã o com os a l unos s urdos e a primora r nov as prá t i ca s peda gógi cas pa ra o a uxí l i o no ens i no do port uguês. N o ent a nt o, s oment e com ess as v is i t as e obs ervações , nã o foi poss í v el fa zer propri ament e a col et a de produções es cri t as dos a l unos surdos , j á que um dess es a l unos , por probl ema de sa úde/ci rúrgi co, nã o es tav a frequenta ndo a s aul a s , e a out ra por J Graduando, Feira de Santana, v. 2, n. 3, p. 11-25, jul./dez. 2011 23 t er s i do a prova da pa ra a qui nt a s éri e ( s exto a no) nã o es t ava ma is no âmbi t o do Proj et o CAT, t endo pa rt i ci pa do de nossa s i nt erv enções a pedi do de s ua profes s ora anteri or. Cont udo, no que concerne à di fusã o da s ens i bi l i za çã o da s urdez e da L IB RAS, pude conta r com o Proj et o CAT, que deu a oport uni da de da rea l i za çã o da ofi ci na “L etra mento, es col a e t ra ns forma çã o soci ocul t ura l ” durant e o II Semi ná ri o Int ermuni ci pa l dos Coordena dores do CAT; com a pres ença de ma i s de ci nquent a coordena dores nã o s ó do muni cípi o de Ri a chã o do J a cuí pe, ma s também de Va l ent e, N ordest i na , Ichú, ent re out ros ; com a B i bl i ot eca Cent ra l J ul i et a Ca rt ea do da UEF S, por t er a t endi do a l gumas de mi nhas s ol i ci t a ções de li v ros por i nt ermédi o de mi nha ori ent a dora , a profes s ora Carl a L uzi a Ca rnei ro B orges , e com o N úcl eo de L ei t ura Mul t imei os da UEF S, por est a r dis post o a dis cut i r e a aprender s obre o “mundo” dos s urdos . REFERÊNCIAS AND RÉ, Ma rl i El i za D a lma zo Afonso de. Et nogra fi a da prá t i ca es col a r . Sã o Pa ul o: Pa pi rus , 19 9 5. GESUEL I, Ma ri a Zi l da. A cri a nça s urda e o conheci ment o const ruí do na i nt erl ocuçã o em l í ngua de s i na is . Ca mpi nas , 19 9 8. Tes e ( D out orament o em Ps i col ogi a da Educa ção) ― Uni v ers i da de Es ta dua l de Campi na s. GOL DF ELD , Má rci a . A cri a nça s urda: l i ngua gem e cogni çã o numa pers pect iv a s oci oi nt era ci onis ta . Sã o Pa ul o: Pl exus , 200 2. PERL IN , Gla di s Teres i nha Ta s chet to. Ident i dades s urda s. In: SKL IAR, Ca rl os ( org. ) . A s urdez : um ol ha r s obre a s di ferença s . 3. ed. Port o Al egre, Media çã o, 200 5. J Graduando, Feira de Santana, v. 2, n. 3, p. 11-25, jul./dez. 2011 24 RANGEL , Gis el e; STUMPF, Ma ri a nne Ros s i . A peda gogia da di ferença pa ra o surdo. In: L OD I, Ana Cl a udi a B el i ei ro; HARRISON , K a thryn Ma ri e Pa checo; CAMPOS, Sa ndra Regi na L ei t e de ( orgs ) . L ei t ura e es cri t a no cont ext o da di v ers i da de . 2. ed. Port o Al egre: Media çã o, 200 4. p. 86 -97 . SÁ, N í di a Regi na L imei ra de. Cul t ura , poder e educa çã o de s urdos . Mana us : EDUA, Comped, INEP, 200 2. SALL ES, Hel ois a Ma ri a Morei ra L i ma . Ens i no de l í ngua port ugues a pa ra s urdos : cami nhos pa ra a prá t i ca peda gógi ca. B ra s í l i a: MEC/SEESP, 20 04. 2 v . SAN TAN A, Ana Pa ula ; BERGAMO, Al exandre. Cul t ura e i dent i dade s urdas : encruzi l ha da de l ut as s oci a is e t eóri ca s . Rev i s ta Educa çã o & Soci eda de , Ca mpi nas , 26 ( 9 1 ) : 56 5- 582, 20 0 5. D i sponí v el em < ht t p: //www. cedes. uni camp. br> . Aces s o em: 31 ma r. 20 1 2. SKL IAR, Ca rl os . Sei s pergunta s s obre a quest ã o da i ncl usã o ou de como a ca ba r de uma v ez por t oda s com a s v el has ― e nova s ― front ei ra s em educa çã o. Pró-pos i ções . Campi na s : Fa cul da de de Educa çã o ― UN ICAMP, v . 12, n. 2-3 ( 35- 36 ) , j ul . /nov . 200 1 . SKL IAR, Ca rl os ( org. ) . A surdez: um ol ha r s obre a s di ferença s . 3. ed. Port o Al egre, Media çã o, 200 5. STROB EL , Ka ri n. As ima gens do out ro s obre a cul t ura surda . F l ori a nópol i s . Edi t ora UFSC. 20 08. TESK E, Ot tma r. A rel a çã o di a l ógi ca como pres s upos to na a cei t a çã o das di ferença s : o proces so de forma çã o das comuni da des s urda s . In: SKL IAR, Ca rl os ( org. ) A s urdez : um ol ha r s obre a s di ferenças . 3. ed. Port o Al egre, Media çã o, 200 5. J Graduando, Feira de Santana, v. 2, n. 3, p. 11-25, jul./dez. 2011 25 NOTAS [1] T e r m o u t i l i z a d o p o r S k l i a r ( 2 0 0 5 ) . P a r a o a u t o r , o o u v i n t i s mo “ t r a t a - s e d e u m c o n j u n t o d e r ep r e s en t a çõ e s d o s o u v in t e s , a p a r t i r d o q u a l o s u r d o e s t á o b r i g a d o a o l h a r - se e n a r r a r - s e c o mo s e f o s s e o u v i n t e ” ( S K L I AR , 2 0 0 5 , p . 1 5 ) . [2] C l a s s e s e m q u e h á v á r i a s s é r i e s j u n t a s , n e s s e c a s o , d a a l f a b e t i z a ç ão a 4 ª s é r i e , e m u m ú n i co e s p a ço . [3] De acordo com Strobel (2008) , “s inais caseiros correspondem aos g e s t o s o u c o n s t r u ç ã o s i m b ó l i c a i n v en t a d a s n o â m b i t o f a m i l i a r , é c o m u m a c o n s t i t u i ç ã o d e u m s i s t e m a c o n v e n c i o n a l d e c o mu n i c a ç ão e n t r e m ã e o u v i n t e e c r i a n ç a - s u r d a ” ( S T R O B EL , 2 0 0 8 , p . 4 4 ) . [4] S k l i a r s i g n i f i c a a s u r d ez c o m b a s e e m q u a t r o n í v e i s d i f e r e n c i a d o s , p o r ém p o l i t i c a m en t e i n d ep en d en t e s : c o m o d i f e r en ç a p o l í t i c a , c o m o e x p er i ê n c i a v i s u a l , c a r a c t e r i z ad a p o r mú l t i p l a s i d en t i d a d es e , f i n a l me n t e , l o c a l i z a d a d e n t r o d o d i s cu r so d a d e f i c i ê n c i a ( S k l i a r , 2 0 0 5 ) . [5] A F E N E I S ( F e d er a ç ã o N a c i o n a l d e E d u c a ç ão e I n t e g r a ç ão d o s S u r d o s ) é u m a e n t i d ad e n ã o g o v e r n am en t a l , f i l i a d a à W o rl d F e d e r a t i o n o f t h e D e a f . E l a p o s su i s u a m a t r i z n o R i o d e J a n e i r o e f i l i a i s e s p a l h a d a s p o r d i v e r so s e s t a d o s b r a s i l e i r o s , a s a b e r , M i n a s G e r a i s , P e r n am b u co , R i o Grande do Sul, S ão Paulo, Teófilo Otoni e Di strito Federal. Acesso a ela p e l o s i t e : h t t p : / / www . f e n e i s . c o m . b r . [6] P e r l i n ( 2 0 0 5 , p . 6 5 ) e x p l i c a q u e “ f l u t u an t e ” é “ o t e r mo p r o p o s to p o r M cL a r en ( 1 9 9 7 , p . 1 3 7 ) ” . [7] A professora Carla Luzia Carneiro Borges, o professor Marcíl io de C a r v a l h o V a s co n c e l o s , o i n t ér p r e t e Gu s t a v o L e ão d e M e l l o C a r n e i r o , a m e s t r an d a P a t r í c i a M ed e i r o s d e O l i v e i r a e a g r a d u a n d a L u z i a n e A m a r a l de Jesus. J Graduando, Feira de Santana, v. 2, n. 3, p. 11-25, jul./dez. 2011