Na verdade.... Um projeto. Mais um projeto: "Amigos dos doentes"! Concretização? Visitar crianças hospitalizadas, partilhar afetos, "soltarmos" a criança que há em nós.... Cantarolar o cavalinho, a galinha, o João..., bater palminhas, inventar mímicas e...sorrir, sorrir até mais não poder, eram as estratégias que me propunham que fizesse com a naturalidade e espontaneidade da criança que eu já fui.... e não sou mais (ou pensava que não era!) Aceitei o convite. Disse que sim porque sim. Não por que tivesse achado o projeto assim tão interessante como me apregoavam...Não por isso, não mesmo! Disse que sim, um sim sorridente (não custa nada sorrir !) mas também reticente cá dentro de mim. Deixei-me ir naquela onda de regresso à minha infância que "eles" os profs achavam que eram muito importante para mim, para nós alunos.... mas, como já me fiz entender, sem motivação. Para mim, este tipo de coisas valem o que valem e nem por isso, assim o entendia, acrescentariam assim tanta felicidade àquelas crianças doentes como me era dito... Enganei-me. Como eu estava enganado acerca do poder, da força e da eficácia do meu sorriso, das minhas mímicas improvisadas, dos meus gestos e carantonhas quando partilhados com crianças debilitadas pela doença.... Contra todas as minhas expetativas posso dizer-vos que, deste projeto, recebi muito, muito mais do que dei àquelas crianças.... Na verdade, experimentei à flor da minha pele e bem lá no centro do meu coração, sentimentos de ternura, carinho, afabilidade, compaixão, amor por aquelas crianças das quais dificilmente me esquecerei... Na verdade, fui criança outra vez, cerca de uma hora por semana ao longo de um ciclo de três, sem que ninguém mo proibisse ou achasse mal que o fosse, bem pelo contrário. Na verdade, deram-me a vez de usar a minha voz e cantar, bracejar....imitar galinhas e cavalinhos e atirar o pau ao gato, como no tempo em que era realmente criança... Que bom foi matar saudades daquele ciclo da minha vida. Que bom foi ter tido esta oportunidade de fazer amigos crianças... Agradeço a todos aqueles que vieram comigo ao Hospital de S. Sebastião partilhar INFÃNCIAS e confirmar comigo que elas são o que há de mais belo no mundo. Um anónimo que eu conheço José Américo, prof.