O AMBIENTE DE INFORMAÇÃO BIBLIOTECA ESCOLAR PÚBLICA DA ESCOLA MUNICIPAL EM PERÍODO INTEGRAL PROFESSORA IRACEMA MARIA VICENTE: A QUESTÃO DO DESENVOLVIMENTO DE SEUS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO. Roger Pereira1 [email protected] RESUMO As unidades informacionais escolares ainda estão sujeitas as limitações quanto ao uso de recursos digitais. Apesar dos crescentes avanços tecnológicos, o que seria o seu maior legado, a real democratização da informação, se restringe ao uso de recursos precários e de baixa usabilidade. O trabalho desenvolvido na Escola Municipal Professora Iracema Maria Vicente é uma proposta inovadora voltada à nova realidade exigida para as bibliotecas escolares. Buscou-se, desta forma, alguns apontamentos com relação às orientações úteis aos responsáveis pela tomada de decisão para o desenvolvimento da unidade e sistemas de informação dentro do ambiente informacional da biblioteca escolar, como coleta de dados sobre a instituição e usuários. Por intermédio da avaliação destas informações pode-se assinalar as deficiências daquela unidade de informação, ação que possibilitou a criação de medidas de mudança organizacional para a aplicação naquele ambiente escolar. Palavras-chave: Biblioteca escolar. Avaliação. Desenvolvimento organizacional de biblioteca escolar. 1 Graduando do 5° semestre do curso de Biblioteconomia do Instituto de Ensino Superior da Funlec – IESF/CG Campo Grande/MS. 1 1 INTRODUÇÃO A informação é a chave para qualquer sujeito interagir com inúmeros campos da sociedade; social, político e econômico. A capacidade de aprender, reter e compreender uma informação é um determinante fundamental para que qualquer pessoa se desenvolva dentro de seu convívio social. Analisando o termo informação, se destaca a questão: Quais são os primeiros locais que poderíamos ilustrar como meio de iniciação ao contexto informacional? É nas escolas, sejam elas públicas ou particulares, que são dadas as primeiras orientações sistêmicas aos pequenos cidadãos em formação. O ambiente escolar é responsável por instigar a pesquisa, para que haja melhor assimilação e entendimento da realidade pelos alunos: Existe uma concordância generalizada entre os educadores de que a pesquisa escolar é uma excelente estratégia de aprendizagem, pois permite maior participação do aluno nesse processo, o que o leva a construir o seu próprio conhecimento. Aproxima o estudante da realidade e lhe permite trabalhar em grupo, ao mesmo tempo individualiza o ensino. Mas, na realidade, a situação é bem diferente: ninguém está satisfeito com a pesquisa escolar. [...] É preciso reconhecer que a pesquisa escolar é um processo complexo, que exige do aluno habilidades que precisam estar previamente desenvolvidas, para que ocorra em toda a sua riqueza. O estudante deve ter familiaridade com a biblioteca, com a localização dos materiais ali reunidos. [...] precisa saber escolher e consultar diferentes fontes de informação e, mais do que isso, precisa ser capaz de localizar e interpretar essa informação (ABREU, 2002, p. 25-27). ´ É por intermédio das pesquisas que se desenvolvem os avanços oriundos das mais variadas áreas do conhecimento. A iniciação correta dos alunos nesta arte é fundamental para o seu autodesenvolvimento. Os fatores que desenvolvem as habilidades de pesquisa não ocorrem isolados uns dos outros, devem ser trabalhados exaustivamente desde a educação fundamental. Desta forma, a escola carrega uma grande carga de compromissos com relação aos objetivos aos quais se propõe. Destaca-se que dentro do universo do ensino escolar há – ou ao menos deveria haver – uma ferramenta fundamental na busca pela melhor formação dos alunos: 2 A biblioteca escolar é, sem dúvida, o espaço por excelência para promover experiências criativas do uso de informação [...] A escola não pode mais contentar-se em ser apenas transmissora de conhecimentos [...] tem que promover oportunidades de aprendizagem que deem ao estudante condições a aprender a aprender, permitindo-lhe educar-se a vida inteira. (CAMPELLO, 2002, p. 11). É importante ressaltar que, por fazer parte de uma instituição pautada na aprendizagem de variadas habilidades, a biblioteca escolar é a porta de entrada da descoberta, deve trabalhar em função de uma educação que possibilite ao aluno o acesso a informações e ao seu desenvolvimento nos campos sociais, psicológicos e cognitivos. Como ficou evidente, em uma pesquisa aplicada em instituições de ensino dos Estados Unidos da América, os programas desenvolvidos em bibliotecas escolares são fundamentais ao desenvolvimento de competências informacionais: [...] um bom programa de biblioteca, contando com profissional especializado, equipe de apoio treinada, acervo atualizado e constituído por diversos tipos de materiais informacionais, computadores em rede e interligando os recursos da biblioteca às salas de aula resultou no melhor aproveitamento escolar dos estudantes, independente das características sociais e econômicas da onde a escola estivesse localizada. As conclusões do estudo feito nos estados do Alaska, Pennsylvania e do Colorado demonstraram que os alunos que obtiveram melhores resultados eram oriundos de escolas cujas bibliotecas contavam com bibliotecário em horário integral. (ANDRADE, 2002, p. 15). Percebe-se que as instituições de ensino daquelas regiões agregaram qualidade ao ensino disponibilizado aos alunos, utilizando-se da biblioteca escolar como uma ferramenta pedagógica. Em nosso país, com a criação de programas voltados ao uso das bibliotecas escolares, e de legislações como a Lei Nº 12.244 de 24 de maio 2010, que institui a universalização de bibliotecas escolares no país, surgiu à oportunidade de que o bibliotecário escolar realmente possa assumir o seu papel no ambiente informacional escolar: o papel de atender as reais necessidades de seus usuários. 2 A REALIDADE DA BIBLIOTECA ESCOLAR DA ESCOLA MUNICIPAL PROFESSORA IRACEMA MARIA VICENTE. A Escola Municipal Professora Iracema Maria Vicente, é uma instituição de ensino em tempo integral da cidade de Campo Grande, Mato Grosso do Sul. Sua criação se deu por intermédio do decreto municipal n. 10.489 de 21/05/2008 e teve 3 suas atividades iniciadas no dia 01/02/2009. Com composição funcional de 84 funcionários, a instituição atende a quantidade de 585 alunos no ano letivo de 2012. A escola é um novo projeto do município que está em processo de experimentação e futuramente servirá de parâmetro para outras escolas do município. Segundo o Projeto Político Pedagógico (PPP) a instituição tem como o seu objetivo “assegurar ao aluno atividades curriculares estimuladoras, acesso as tecnologias, oferecendo condições adequadas para promover o seu bem-estar e desenvolvimento” e, ainda, “buscar ampliar suas experiências por meio da pesquisa, estimulando assim, o interesse pelo seu conhecimento como ser humano, complementando a ação da família e da sociedade”. Devido à necessidade de ser uma instituição modelo a outras de uma mesma rede, houve uma enorme ansiedade da direção com relação a todos os espaços componentes da escola, principalmente com a biblioteca. A realidade observada naquela unidade informacional não correspondia essa nova proposta, pois havia ausência de profissionais bibliotecários no ambiente biblioteca, geralmente a mesma ficava aos cuidados de alguns professores que passam por readaptações e, sem contar com a ajuda dos conhecimentos biblioteconômicos, organizavam os livros nas estantes e/ou promoviam pequenos projetos na tentativa de chamar a atenção de sua clientela. O próprio Projeto Político Pedagógico (PPP) relata esta insatisfação: “A biblioteca é ampla e bem iluminada, com um pequeno acervo, faltando ainda muito investimento neste local”. Todos estes fatores levaram a direção da escola a buscar profissionais que estivessem interessados em intervir efetivamente em todos os aspectos daquela unidade informacional. O projeto deu-se pela necessidade percebida pela direção da escola. A entidade estava em busca de profissionais bibliotecários que pudessem trazer uma nova perspectiva àquela unidade de informação, dada extrema urgência em corrigir a lacuna formada pela falta de uma biblioteca bem estruturada em todos os seus aspectos. 4 Nesta busca a diretoria da instituição entrou em contato com a Bibliotecária Marluce Bruno da Silva Bueno, de CRB 1ª Região n. 0505. Ciente do compromisso de se transformar a realidade biblioteconômica da região, a Bibliotecária propôs aos alunos de graduação em Biblioteconomia a participação para compor a equipe do projeto. A equipe final do trabalho foi composta pela Bibliotecária e um estagiário de projeto extensão que até então cursava o quarto período do curso de Biblioteconomia do Instituto de Ensino Superior da Funlec (IESF/CG). 3 CONHECER PARA REESTRUTURAR: UMA QUESTÃO DA AVALIAÇÃO DA UNIDADE DE INFORMAÇÃO Para início dos trabalhos foi marcada uma reunião com a diretoria da instituição, para a tomada do conhecimento sobre quais eram as expectativas da organização com relação ao desenvolvimento de sua unidade de informação. A proposta desenvolvida para aquela unidade de informação foi divida em três níveis fundamentais de atuação. O trabalho visou contemplar os aspectos biblioteconômicos, pedagógicos e administrativos, para a obtenção de ensino de qualidade. Este relato discute mais os fatores relacionados à organicidade e, consequentemente, a sua administração. O principal objetivo deste trabalho foi transformar o espaço anteriormente creditado como biblioteca em um real ambiente de informação. Idealizou-se um projeto de reestruturação da biblioteca da instituição, utilizando-se de ferramentas tecnológicas disponíveis. Na busca por metodologias, que subsidiassem o desenvolvimento dos sistemas de informação, encontrou-se uma extensa lista de literaturas que abordam tal assunto, mas, especificamente sob o contexto de grandes organizações, o que exigiu que as mesmas fossem adequadas ao universo escolar. Cita-se dentro dessas metodologias o modelo SIEA (Sistema de Informação Estratégico/Administrativo) que é definido como: “[...] um conjunto estruturado e interativo de dados e informações sobre a organização, que proporcionam a otimização do processo decisório” (TARAPANOFF, 2002, p. 16). Esta abordagem é muito pertinente quanto ao fato de que o bibliotecário possa trabalhar com esta metodologia a fim de levantar dados qualitativos e quantitativos, que o ajudem na 5 tomada de decisão para o desenvolvimento das unidades sob sua responsabilidade. Os dados levantados, em concomitância com outros questionamentos, podem buscar por sinais eficiência, mas de pouca eficácia: Sabemos quais são as necessidades de informação das diferentes equipes da organização? Estamos oferecendo serviços e atividades que deveriam ser atendidas? [...] Asseguramos serviços de qualidade? Estamos satisfazendo as necessidades de nossos usuários? (ALMEIDA, 2005, p. 14). Estas questões sugeridas foram úteis ao levantamento de dados sobre quais são as necessidades da instituição, dos clientes internos como professores, diretores etc. Elas nortearam os profissionais ao planejamento de medidas que viabilizassem maior apoio aos trabalhos exercidos pelos docentes. Tais questionamentos foram postos em prática com o intuito de fazer uma avaliação qualitativa junto à instituição de ensino. Estas são somente algumas propostas de perguntas para o levantamento de dados importantes à análise dos sistemas informacionais. A avaliação deve ser uma atividade constante em ambientes escolares, a elaboração de novos questionários trará novas concepções que podem não ter sido percebidas em um primeiro momento de levantamento de dados institucionais. Estas atitudes podem manter projetos em curso, ou mesmo alterá-los, de acordo com as necessidades da instituição. A atitude avaliativa tomada para uma análise geral daquele ambiente, buscou conhecer de forma mais profunda a instituição, levantar informações como, por exemplo, a quantidade de profissionais envolvidos nos trabalhos desenvolvidos na escola, alunos atendidos, horários de funcionamento e uma avaliação física da biblioteca. Avaliou-se para: [...] conhecer, construindo momentos reflexivos que permitam a análise da realidade dos fatos para direcionar ações. A avaliação é, assim, uma forma de aprendizagem. Avalia-se, também, [...] para poder escolher prioridades, tomar decisões, definir o que mudar e como mudar acompanhar ações e realimentar decisões e opções políticas e programáticas, contribuindo para a sua melhoria. (ALMEIDA, 2005, p. 16) Constatou-se que a mesma era uma biblioteca-embrião, organizada e 6 utilizada de forma isolada, e até mesmo sem comunicação entre outros campos da organização, o que acarretou na "quebra" dos processos que deveriam ser realizados em conjunto entre biblioteca e professores. Os espaços daquele ambiente eram razoavelmente propícios à alocação do acervo e ao atendimento dos usuários. A biblioteca não dispunha de qualquer sistema automatizado para organização das obras presentes naquele espaço físico. Foi constatado, também, que a biblioteca estava relegada a ser o espaço de guarda de livros didáticos. Sua principal função, que seria a disseminação interativa e plural de informações, não estava sendo posta em prática eficientemente. Durante a analise primária ficou explicita a lacuna que se formou naquele ambiente educacional, assinalou-se que a demanda de serviços solicitados pelos usuários não estavam sendo atendidas satisfatoriamente, ou mesmo, foram relegadas para outras instituições, como as bibliotecas públicas. Esta situação estava se perpetuando em decorrência da prática do “encaixe funcional”, ou seja, a alocação de profissionais não bibliotecários na regência da biblioteca, um fator presente em bibliotecas escolares, conhecido como extrabibliotecário, como se percebe por intermédio das concepções de Silva (1999, p. 59) “muitos dos fatores que atrapalham o uso da biblioteca escolar são provocados pela própria estrutura da biblioteca, pela maneira como funciona ou pela ação do profissional que nela atua”. Atualmente, os modernos profissionais bibliotecários vêm trabalhando na tentativa mudar essa condição dentro das unidades de informação em colégios públicos, seja realizando projetos inovadores ou trazendo novos aspectos para melhor atender às reais funções de uma biblioteca escolar, consequentemente, afastando-as do paradigma de meros depósitos de livros velhos. Na época da realização da reunião de inicio dos trabalhos, aquela instituição tinha como responsável pela biblioteca uma professora de História, esta assumiu o cargo de auxiliar de biblioteca sem possuir o curso técnico de biblioteconomia. Com uma noção básica de biblioteconomia, disponibilizada pelo núcleo de bibliotecários da prefeitura, esta profissional exercia as práticas de tombamento de livros 7 manualmente, auxiliava as professoras em programas como a hora conto, estava sendo constantemente cobrada para a criação de projetos que elevassem a biblioteca a sua real função pedagógica, mesmo sem dispor de qualquer documento ou manual de bibliotecas que pudessem orientar suas funções. As avaliações feitas durante a primeira reunião foram grande valor aos profissionais envolvidos no projeto, não somente para o próximo passo da gestão da unidade informacional. Serviu, também, para assinalar à direção da escola o sucesso, ou insucesso, que a instituição/ambiente de informação vinha obtendo por intermédio da atual gestão empregada, expor a necessidade da intervenção de um profissional habilitado e, sua permanência nesta função, divulgando-se desta forma as atividades biblioteconômicas. Foi em decorrência desta avaliação que houve a criação de uma estratégia preliminar que pudesse suprir às necessidades informacionais da instituição e de seus usuários. Em consenso foi delimitado que o primeiro passo a ser tomado naquela unidade de informação seria o reconhecimento das obras ali armazenadas, sua seleção, catalogação e, posteriormente, a implementação de um sistema de automação de bibliotecas, para que se procedesse à organização sistêmica do acervo, disponibilizando uma recuperação ótima das obras disponíveis na biblioteca. 4 O INÍCIO DAS ATIVIDADES PRÁTICAS: A ANÁLISE DO CONTEÚDO DAS OBRAS E A BUSCA POR UM SISTEMA DE AUTOMAÇÃO No paradigma contemporâneo da Biblioteconomia percebe-se uma singela união de fatores que devem ser aplicados em união, uma junção de atividades interdisciplinares, que propiciam sucesso aos trabalhos desenvolvidos em bibliotecas escolares. Podem-se considerar as funções biblioteconômicas, funções pedagógicas e funções administrativas como agentes fundamentais na viabilização de uma biblioteca escolar de qualidade. Naquela unidade informacional essas égides da biblioteca escolar puderam ser consideradas como falhas, devido à falta de profissionais bibliotecários no ambiente biblioteca e do desconhecimento de sua própria potencialidade por uma parte da instituição. Esta se encontrava limitada a 8 ferramentas analógicas de baixa eficiência. Inicialmente foi feita uma varredura nas obras depositadas no espaço anteriormente chamado de biblioteca, a separação de livros didáticos de outros conteúdos. Esta primeira triagem serviu para o conhecimento e o ordenamento das obras ali dispostas. Iniciou-se posteriormente o que poderia ser chamado, a grosso modo, de “rotulagem” dos livros, ou seja, uma análise de seus conteúdos, sendo aplicada para cada obra uma indexação de assuntos abordados, e sua devida classificação, organizando-se os materiais bibliográficos nos parâmetros da CDD. Tais processos são amplamente difundidos em unidades de informação: Os sistemas de classificação, os códigos de catalogação e, mais recentemente, os formatos de intercâmbio bibliográfico (padrões que possibilitam o intercâmbio de dados catalográficos por computador) constituem instrumentos básicos que bibliotecários do mundo inteiro costumam utilizar para organizar os acervos das bibliotecas. (VIANA, 2002, p. 45). Ainda no que tange o processo biblioteconômico, para a automação da biblioteca, foi solicitada a aquisição de dois microcomputadores, sendo que a direção da escola remanejou aparelhos em boas condições de outros setores da instituição. Dada à necessidade de um programa de automação de bibliotecas cogitou-se a implementação do sistema Personal Home Library – PHL, mas verificou-se que o mesmo inviabilizava o uso eficaz da biblioteca, dado que o programa funcionaria em uma versão local, não possibilitando desta maneira sua distribuição por toda a rede de computadores da escola, ou o intercâmbio de dados com outras instituições. Na busca por uma solução viável foi encaminhada uma proposta à empresa WJ Informática desenvolvedora do programa Sistema de automação de bibliotecas, arquivos, museus e memoriais – Siabi, para que a mesma, em caráter de divulgação de sua empresa para toda a rede municipal de ensino de Campo Grande, disponibilizasse para escola o seu programa num período experimental de um ano de utilização gratuita, dando-se a possibilidade de renovação desta licença por um preço aquisitivo menor do que seria cobrado ao consumidor comum do programa. 9 A empresa se mostrou muito interessada na proposta, aprovando a licença de uma estação conforme a solicitação feita. O sistema Siabi é compatível com padrões nacionais e internacionais utilizados pela Biblioteconomia: MARC-21, ISO-2709, AACR2, NBR-6023 e Z39.50. Possui a capacidade de catalogar materiais especiais, artigos, capítulos etc., sendo este um dos sistemas mais fáceis de serem utilizados disponíveis no mercado. Por intermédio desta atitude pôde-se oferecer uma ferramenta simples e de fácil uso em unidades de informação, o que desencadeou o início do planejamento estratégico da usabilidade da unidade de informação. Como afirma Santos (2002) fica claro que há a necessidade do planejamento e uso estratégico das tecnologias, para que este instrumento seja utilizado de maneira proveitosa à aprendizagem. Cabe-se ressaltar que mesmo sendo uteis às unidades de informação, atualmente o uso das tecnologias vem sendo argumentadas, dado que um acervo meramente organizado não justifica a razão de ser de uma biblioteca escolar: A organização técnica é apenas uma das partes que compõem a biblioteca, juntamente com a de referência/atendimento e com a pedagógica, a mais importante. As outras partes, operacionais e técnica, trabalham em prol da parte didática, ou seja, da aprendizagem na biblioteca escolar (PENNA & RODRIGUES, 2009, p. 24). De fato, uma biblioteca escolar somente comprova seu valor quando o seu uso se dá na construção do saber diferenciado e sob os aspectos pedagógicos. Mas, em nosso atual contexto, um sistema de informação deve ser concebido também em seus aspectos tecnológicos – sistemas de informação automatizados pelas Tecnologias de Informação (TIC´s). É importante considerar tais fatores, dada a realidade na qual as bibliotecas públicas escolares se encontram, as quais muitas vezes carecem não somente de profissionais qualificados, mas, também, de recursos financeiros para a aquisição de tais tecnologias, sendo que, cabe aos profissionais bibliotecários à responsabilidade pela busca de programas de automação de bibliotecas gratuitos, ou, ainda, o fechamento de parcerias que tragam essas ferramentas para dentro das instituições de ensino das quais fazem parte, concebendo a melhor utilização das unidades de informação. 10 CONSIDERAÇÕES FINAIS O projeto de desenvolvimento da biblioteca escolar da instituição municipal de ensino Professora Iracema Maria Vicente ainda está sendo realizado, em decorrência de seu recente inicio e de fatores como, por exemplo, o retorno das aulas para o período letivo de 2012. A implantação do sistema de automação de bibliotecas pode ser considerada somente como um dos passos para o desenvolvimento estratégico da unidade informação, mas, é claro, que isto não significa que o seu objetivo final seja proceder à mera organização de uma biblioteca escolar. Este foi somente o inicio de um processo mais amplo e complexo de sua reestruturação, na realidade, foi a primeira etapa de um ciclo contínuo, de uma nova proposta de biblioteca escolar. A iniciativa de automação serviu como alavanca para outros processos, garante a possibilidade de direcionar-se a biblioteca para uma prática pedagógica rica e diversificada, trabalhando o ensino em conjunto com as tecnologias de informação. A partir desta atitude Os profissionais que ali estão presentes não desperdiçarão mais tempo com elucubrações desnecessárias em decorrência da falta de organicidade da biblioteca. Por intermédio da aplicação das práticas biblioteconômicas, pode-se afirmar que o processo de obtenção dos frutos almejados pela instituição, que neste caso é a qualidade do ensino, foram enriquecidos. Na verdade todas estas medidas deverão passar, sempre que possível, novamente por avaliações futuras, que aferirão o nível de sucesso alcançado. A investigação dos programas aplicados, e seu aferimento, são fundamentais à melhoria contínua da unidade informacional da instituição. Este projeto pode contemplar vários outros aspectos a serem aplicados futuramente à instituição, como a criação de grupos voltados à interação continua com a biblioteca, que contará com a participação de professores, administração e outras áreas do ambiente escolar. Todos os componentes da escola poderão demonstrar suas ansiedades e necessidades perante a mesma, desta forma, os 11 profissionais envolvidos farão parte de uma rede interconectada e objetivada sob os mesmos aspectos, a qualidade da educação transmitida. É dever do profissional bibliotecário o fornecimento de subsídios para a criação de projetos em conjunto aos docentes e a elaboração de novas metodologias que usem materiais mais interativos. Estas ações são empregadas para que haja o desenvolvimento de medidas aplicáveis ao próprio ambiente de informação e, consequentemente, aos seus sistemas de informação. A qualidade do planejamento e gerenciamento de tais recursos dependerá dos profissionais envolvidos, da permanência de bibliotecários naquele ambiente informacional e da continuidade dos trabalhos desenvolvidos neste projeto. As bibliotecas escolares de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, ainda carecem de profissionais habilitados para a gerência estratégica da informação nestes ambientes. A realidade mostra que este é um campo que ainda pode ser melhor trabalhado em artigos futuros que contemplem o desenvolvimento das habilidades e competências informacionais relacionadas ao planejamento de ambientes informacionais escolares em concomitância ao uso racional das TIC´s. Para concluir, pode-se dizer que o projeto apresentado neste trabalho visou não somente a organização de uma biblioteca, mas, contemplou a criação de subsídios organizacionais, viabiliza a aquisição de novas obras ou novas tecnologias junto ao governo, servirá como modelo programas a serem implantados a curto, médio e longo prazo, desenvolverá roteiros que deverão ser seguidos futuramente como modelos em outros ambientes informacionais escolares. Visou-se também a realização do marketing de profissionais bibliotecários e de suas práticas em escolas públicas da Cidade de Campo Grande, demonstrando para as instituições de ensino de todo estado a necessidade de que toda a biblioteca escolar conte com esses profissionais para a gestão e uso informacional efetivo. 12 REFERÊNCIAS ABREU, Vera Lúcia Furst Gonçalves. Pesquisa escolar. In: CAMPELLO, Bernadete Santos et al. A biblioteca escolar: temas para uma prática pedagógica. Belo Horizonte: Autêntica, 2002. p. 25-28. ALMEIDA JÚNIOR, Oswaldo Francisco de. Sociedade e biblioteconomia. São Paulo: Polis: APB, 1997. Coleção palavra chave, 7. ALMEIDA, Maria Christina Barbosa de. Avaliação de serviços de informação, programas e projetos. In:____. Planejamento de bibliotecas e serviços de informação. 2. ed. rev. e ampl. Brasília, DF: Briquet de Lemos livros, 2005. p. 11-36. ANDRADE, Maria Eugênia Albino. A biblioteca escolar faz a diferença. In: CAMPELLO, Bernadete Santos et al. 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