Interfaces Pode-se dizer que Betty Leirner é uma artista que opera no território das interfaces. Não se pode nem dizer que seja uma artista multimídia, tal a extensão de facetas em que atua. Qualquer nomeclatura seria excessiva, e por que não dizer, a própria artista não gostaria de ser enquadrada em categorias. O que se pode alinhavar, aqui, é que a base de sua formação é o cinema e que desde o princípio de sua atuação artística, em meados dos anos 70, ela já se `desalinhava` rejeitando rótulos ou supostas linhagens. Isso deve ser lido como um princípio de elasticidade por parte de Betty Leirner, que vem revelar um desejo de conhecimento e de experimentação raramente encontrado entre a maior parte dos artistas. Nesse sentido, sua obra integra de maneira radical uma espécie de máxima na contemporaneidade. Fotografando, filmando, pesquisando questões referentes à forma-ausência, os limites entre visível e invisível, criando poemas e textos plurilingües, participando de peças sonoras para rádio, a artista trabalha na dimensão da desmaterialização. Seus trabalhos cinematográficos em vídeo sao `composições imagéticos-verbais para musica`, como ela mesma observa. Sempre operou nas bordas, diluindo fronteiras, sempre previlegiando o pensamento e a reflexão sobre a arte. Quem não se lembra da primorosa exposição por ela organizada no MAC-USP, a `Palavra Imágica`, onde reuniu um grande grupo de artistas, qundo tematizava intersecções entre a palavra e a imagem? Mas não e só isso. Betty Leirner constituiu uma vasta obra em filmes e hoje empenha-se em digitalizar esse acervo filmico. Aqui no Paço das Artes, a artista apresenta uma série de vinte pecas e uma instalação em áudio que constituem a obra Placenta Writing, e o dvd d`artiste Lovers. O Paço das Artes orgulha-se - dada a importância de sua obra, ainda desconhecido entre nos brasileiros - em proporcionar ao seu público a oportunidade de contato com a produção dessa artista que, sem dúvida, surpreende mais e mais pela sua inserção no que há de mais contemporâneo na cena internacional das artes. (c.) 2001 Vitoria Daniela Bousso