INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE FUNORTE/SOEBRÁS TRATAMENTO ORTODÔNTICO EM PACIENTES PERIODONTALMENTE COMPROMETIDOS JANAÍNA COSTA JORGE DA ROCHA CANUTO Monografia apresentada ao Programa de Especialização em Ortodontia do ICSFUNORTE-SOEBRÁS NÚCLEO DE BRASÍLIA, como parte dos requisitos para obtenção do Título de Especialista. Brasília, 2009. INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE FUNORTE/SOEBRÁS TRATAMENTO ORTODONTICO EM PACIENTES PERIODONTALMENTE COMPROMETIDOS JANAÍNA COSTA JORGE DA ROCHA CANUTO Monografia apresentada ao Programa de Especialização em Ortodontia do ICSFUNORTE-SOEBRÁS NÚCLEO DE BRASÍLIA, como parte dos requisitos para obtenção do Título de Especialista. Orientador: prof. Ms. Amilton Vasconcelos Freitas Brasília, 2009. AGRADECIMENTOS A DEUS, que ilumina a todos nós, que nos dá a luz da vida e da sapiência. Ao MEU PAI e a MINHA MÃE (In Memoriam), que desejaram minha presença no mundo e guiaram-me pelos desígnios da lida da vida. Ao professor, MARDEM BASTOS, ponto decisivo em minha profissão ,os meus sinceros agradecimentos. Aos MEUS AMIGOS, verdadeiros irmãos, DIANE, DAYANA, FABIO, MARCELA E IGOR, por me incentivarem nas horas de desânimo, e pelos momentos de descontração durantes esses 3 anos de caminhada. A MINHA SÓCIA e AMIGA Dra. Daniele Lacerda que sempre se manteve presente quando tive que me ausentar do consultório, assumindo, de forma competente, todos os problemas que surgiram na minha ausência. Ao professor AMILTON VASCONCELOS,pela confiança,carinho e ajuda durante a elaboração deste trabalho. A TODOS OS PROFESSORES DO CURSO que de alguma forma contribuíram para o meu aprendizado. A todos aqueles que me apoiaram e me incentivaram, especialmente ao meu ESPOSO, HUGO LEONARDO pelo seu amor incondicional,que por muitas vezes abdicou do nosso convívio para que pudesse realizar esse sonho. Resumo As doenças periodontais são caracterizadas por serem patologias infecto-inflamatórias causadas por bactérias presentes nos biofilmes dentais e podem afetar indivíduos de todas as idades. Elas são divididas em dois grandes grupos de doenças: gengivites e periodontites. As gengivites são doenças que afetam o periodonto marginal e são causadas pelo biofilme supragengival. As periodontites são doenças destrutivas que acometem indivíduos suscetíveis, de tal forma a gerar perda de suporte periodontal (ligamento periodontal e osso alveolar) decorrente do acúmulo de biofilme subgengival. O tratamento ortodôntico inadequado feito em pacientes periodontais pode contribuir para futuro colapso dos tecidos de suporte periodontal. Desta maneira, seria necessário que o ortodontista tivesse um conhecimento global das diversas áreas da odontologia, principalmente da periodontia. O profissional deveria ter ciência que o tratamento ortodôntico desses pacientes possui características peculiares e que a cooperação do paciente é de suma importância para o sucesso do tratamento. Somente com uma visão interdisciplinar, o ortodontista pode transformar pacientes que apresentam problemas periodontais insatisfeitos com sua aparência facial em pessoas mais felizes e aceitas pela sociedade. Palavras-chaves: ortodontia, periodontia, gengivite e periodontite. ABSTRACT The periodontal diseases are characterized by being infectum-inflammatory patology caused by bacteria gifts (existent) in plaque biofilmes and can affect individuals of all the ages. They are divided in two great groups of diseases: gingivitis and periodontitis. The gingivitis are diseases that affect periodontal ligament and are caused by plaque supragengival. The periodontites are destructive disease that cause susceptible individuals, in such a way to generate loss of periodontal support (periodontal ligament and alveolar bone) decurrent of the plaque subgengival accumulation. The made(realized) inadequate orthodontic treatment in periodontal patients can contribute for future collapse of periodontal support. In this way, it would be necessary that the orthodontist had a global knowledge of the diverse areas of the odontology, mainly of the periodontics. The professional must have science that the orthodontic treatment of these patients have peculiar characteristics and that the cooperation of the patient is of utmost importance for the success treatment. With a interdisciplinary vision, the orthodontist can transform patients with periodontal problems who present (suffer) unsatisfied with its face appearance in happyer and accepted people for the society. keys-Word: orthodontics, periodontics, gingivitis and periodontitis. SUMÁRIO 1 PROPOSIÇÃO..................................................................................................7 2 PROPOSIÇÃO..................................................................................................8 3 REVISÃO DE LITERATURA...........................................................................10 3.1 Periodontite: a busca de um norte histórico.....................................10 3.1.1 A Classificação por idades e polêmica..................................................12 3.2 Fatores primários e comuns às periodontite...................................14 3.2.1 Os objetivos do tratamento ortodôntico..................................................23 3.2.2 Os tipos de tratamentos ortodônticos.....................................................23 3.3 Limitações do tratamento Orto-Perio...............................................24 4 DISCUSSÃO...................................................................................................30 5 CONCLUSÃO...............................................................................................32 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................34 1. PROPOSIÇÃO O presente trabalho objetiva avaliar, através de uma revisão de literatura pertinente, aspectos relacionados ao tratamento ortodôntico em pacientes periodontalmente comprometidos. 2. INTRODUÇÃO De acordo com a Associação Paulistana de Cirurgiões Dentistas (APCD 2005), “nos últimos vinte anos, o numero de pacientes adultos em tratamento ortodôntico cresceu de forma exponencial. Hoje, de cada cinco pacientes em tratamento ortodôntico, um é adulto” (p. 16). Entretanto, muitos pacientes adultos apresentam comprometimento periodontal,o que exige do ortodontista uma visão multidisciplinar para solucionar o problema ortodôntico. Segundo Kessler (1976), o tratamento ortodôntico inadequado feito em pacientes periodontais pode contribuir para o futuro colapso dos tecidos periodontais,uma vez que as forças ortodônticas, trauma oclusal e tecido periodontal infamado podem destruir o periodonto de uma forma acelerada (p. 26). O sucesso do tratamento de pacientes adultos com doença periodontal está diretamente relacionado a um bom diagnostico e a capacidade que o ortodontista tem em identificar “problemas preexistentes e encaminhar o paciente para realizar outros tratamentos principalmente o periodontal” (KESSLER, 1976, p. 28). Para Lisgarten e Levin (1981) antes de qualquer tratamento ortodôntico deve ser descartado qualquer foco de doença ativa,os tecidos periodontais devem ser estabilizados ,objetivando o desaparecimento de bolsas periodontais bem como do acumulo de placa bacteriana. Sendo assim, esta revisão de literatura tem como objetivo, analisar a inter-relação existente entre a ortodontia e a periodontia e as peculiaridades do tratamento ortodôntico em paciente periodontalmente comprometidos. 3. REVISÃO DE LITERATURA 3.1 Periodontite: a busca de um norte histórico Pode-se comprovar que, historicamente, os termos que são utilizados para descrever as periodontites em pacientes evoluíram de acordo com o conhecimento da etiologia das doenças periodontais. No começo do século XX, as periodontites era conhecida como “atrofia difusa do osso alveolar”. Com a evolução das técnicas e dos estudos, o que se acreditava ser um processo degenerativo, foi denominado “periodontosis”, e seria causada por fatores não-locais (JANSON, 2008). O termo “periodontosis” foi fundamentado por Baer em 1971 (Menezes, 2003) em seus estudos. Nos estudos a doença foi dividida em duas categorias: a forma localizada que afetaria os primeiros molares e incisivos, e a forma generalizada que afetaria a maior parte da dentição (MENEZES, 2003). Butler (apud Menezes, 2003), descreve a doença como um processo inflamatório resultante da infecção do periodonto por bactérias da cavidade bucal. Waerhaug, em 1977, segundo o mesmo autor, veio a embasar o conceito da placa bacteriana como fator causal das doenças periodontais, descrevendo a placa como etiologia primária da doença. Nesse bojo, diversos critérios foram sugeridos para guiar a classificação das doenças periodontais comprometedores da saúde bucal. O Consensus Report do Workshop Mundial de Periodontia Clínica de 1989 usou os seguintes critérios para distinguir as várias formas de periodontite: (1) idade de início; (2) taxa de progressão da doença; (3) distribuição dos sítios afetados; (4) presença ou ausência de condições médicas sistêmicas; (5) presença ou ausência de microrganismos específicos ou fatores do hospedeiro; (6) resposta à terapia (p. 210). É bom salientar que, esses critérios continuam sendo discutidos e têm gerado controvérsia quanto a sua real validade. Lascala apud Costa (2008), com base nestes critérios de classificação, as doenças periodontais recebem um aumento patológico desde a primeira infância, ou seja as periodontites se estabelecem ainda precocemente. Nesse mesmo sentido, as periodontites que poderiam ser subdivididas em: periodontite pré-puberal, periodontite juvenil e periodontite de progressão rápida. A Periodontite Pré-Puberal foi definida como a doença periodontal que ocorre durante ou logo após o irrompimento dos dentes decíduos. Foi descrita como uma condição rara e, por este motivo, não existem definições de nível de perda de inserção e de números de dentes envolvidos. Segundo Paiva et al. (1983), a forma localizada atinge alguns dentes da dentição decídua, mais comumente os molares. A quantidade de placa associada é moderada e há pouca inflamação gengival, mas existindo sangramento à sondagem em sítios afetados. Não existem condições sistêmicas associadas, e a progressão é moderada. A forma generalizada afeta todos os dentes decíduos, podendo causar sua exfoliação precoce. A Periodontite Juvenil seria aquela doença que ocorre em crianças e adolescentes sistemicamente saudáveis, sendo caracterizada por rápida destruição do osso alveolar. A forma localizada, segundo Baer (apud Menezes, 2003), é caracterizada por perda de inserção de 3 mm ou mais em pelo menos dois primeiros molares e incisivos (pelo menos um primeiro molar deve estar afetado), e perda de inserção maior que 3 mm em não mais que dois dentes além dos primeiros molares e incisivos. Apresenta uma tendência à agregação familiar, e a idade de início seria entre 25 a 30 anos. Pacientes apresentando perda de inserção em mais de dois dentes além dos primeiros molares e incisivos, são classificados no grupo de Periodontite Juvenil Generalizada, que apresentaria uma idade de início da doença um pouco mais elevada, porém antes dos 35 anos. O grupo de Periodontite Juvenil Generalizada (PJG) é um grupo mais heterogêneo, que inclui formas mais graves de periodontite e Periodontite de Progressão Rápida, esta última não apresentando características suficientemente diferentes das atribuídas à PJG para se constituir um outro grupo (MOMBELLI, TONETTI apud LINDHE, 1999). 3.1.1 A Classificação por idades e polêmica Em toda análise de efeito comparativo há pontos que se deve observar cuidadosamente. No caso esta classificação apresenta alguns pontos questionáveis. Uma questão relevante é o uso da idade como um descritor primário para a doença. Este fato leva à idéia de que pacientes diagnosticados com base na idade teriam seu diagnóstico modificado quando ficassem mais velhos, mesmo apresentando a mesma doença, do ponto de vista etiológico e de suscetibilidade. Além disso, usar a idade como critério de classificação é limitado pelo fato de a idade, no momento do diagnóstico, não ser necessariamente a mesma do aparecimento da doença e, assim, tornando-se impossível precisar o exato momento do início do processo de destruição (MARTINS, 2008; PROFFIT, 2000). Outro ponto questionável é a utilização de critérios como a distribuição das lesões, caracterizando a doença como localizada ou generalizada, já que estudos têm demonstrado que a doença localizada pode converter-se em generalizada, se tratamento apropriado não é realizado. Outro aspecto é a taxa de progressão, visto que não é possível determinála, a não ser em observações longitudinais do caso (ZACHRISSON, 1999, p. 549-552). Baseados no conhecimento destas falhas do sistema de classificação de 1989, uma nova classificação foi proposta, em 1999, pela Academia Americana de Periodontia (AAP). O termo Periodontite Pré-Puberal foi colocado em desuso, visto que a maior parte dos casos generalizados desta condição estava relacionada a doenças sistêmicas. Já os casos não relacionados às desordens sistêmicas foram re-alocados nos grupos de periodontite crônica ou agressiva, dependendo das características de cada caso, visto que a idade deixou de ser fator primário para a classificação (ARMITAGE apud JANSON, 2008p. p. 311). No modelo proposto, a Periodontite de Estabelecimento Precoce é agora denominada Periodontite Agressiva, que pode ser localizada ou generalizada ((JASON, 2008; LINDHE, 1999). 3.2 Fatores primários e comuns às periodontite Os fatores primários e comuns às formas localizada e generalizada de periodontite agressiva são, de acordo como BIJELLA (1993): - pacientes sistemicamente saudáveis; - rápida perda de inserção e destruição de osso alveolar; - agregação familiar (p. 89). E os fatores secundários que estão geralmente presentes (mas não necessariamente em todos os casos) são: - quantidades de depósitos microbianos inconsistentes com a severidade de destruição periodontal; - elevadas proporções de Actinobacillus actinomycetemcomitans e, em algumas populações, Porphyromonas gingivalis podem estar presentes; - anormalidades fagocitárias; - macrófagos hiper responsivos; incluindo níveis elevados de citocinas; - progressão da perda de inserção e perda óssea podem ser auto-limitantes (BIJELLA, 1993, p. 90-94). Nem todas estas características necessitam estar presentes para diagnosticar ou classificar a doença. O diagnóstico deve ser baseado principalmente nos dados clínicos e história do paciente. Dados radiográficos são secundários ao diagnóstico e à classificação. Alguns destes fatores que caracterizariam a periodontite agressiva têm sido questionados. Classicamente, e ainda na nova classificação da AAP, considera-se que pacientes com periodontite agressiva apresentariam pequena quantidade de placa bacteriana e cálculo (LINDHE, 1999, p. 83). Nesse sentido, estudos mais recentes demonstraram níveis de placa e cálculo em pacientes com periodontite agressiva semelhantes àqueles relatados para as formas crônicas de periodontite, ou inclusive maiores (KATS, 1982, p. 67). Ainda, nas considerações desses autores crianças e adolescentes podem apresentar qualquer uma das formas de periodontite. A periodontite crônica é mais prevalente em adultos, mas pode ocorrer em crianças e adolescentes. Existem evidências de que, em algumas populações, a destruição periodontal tem início precoce na vida dos indivíduos. Pode ser localizada (afetando menos que 30% da dentição) ou generalizada (afetando mais que 30% da dentição) e é caracterizada por uma taxa de progressão lenta ou moderada, que pode incluir períodos de rápida destruição. Além disso, a severidade da doença pode ser leve (1a 2 mm de perda de inserção), moderada (3 a 4 mm de perda de inserção) ou severa (5 mm de perda de inserção). Crianças e adultos jovens com essa forma de doença eram anteriormente estudados juntamente com pacientes que apresentavam periodontite agressiva localizada ou generalizada. Entretanto, faltam estudos publicados sobre este grupo ( MARTINS, 2008, p. 23). Perda de inserção incidental é um termo utilizado como um descritor epidemiológico usado para situações onde a perda de inserção clínica não pode ser atribuída a doenças periodontais como a periodontite crônica ou agressiva. Em virtude da baixa idade dos indivíduos da amostra, perda de inserção 3 mm foi utilizada como critério para diagnóstico de periodontite ou perda de inserção incidental. Foi encontrado que 71% dos indivíduos do grupo de perda de inserção incidental apresentavam um sítio afetado e 97% dos indivíduos possuíam 3 ou menos sítios afetados (Cotran, 2000, 45). Esta definição é uma maneira de classificar aqueles indivíduos que possuem poucos sítios afetados por perda de inserção anormal, ou seja, não associada com causas locais como cáries proximais ou restaurações mal adaptadas (JANSON, 2008, p. 147). Depreende-se que esta perda de inserção incidental em alguns indivíduos pode progredir para uma forma avançada de periodontite. Nestes casos, esta perda de inserção poderia ser considerada periodontite incipiente ou inicial (Janson, 2008, p. 56). Os pacientes com este diagnóstico clínico devem ser considerados como um grupo de risco para o desenvolvimento de doença periodontal, visto que, no estudo longitudinal de Albandar, um quarto dos pacientes que apresentavam perda de inserção incidental apresentou posteriormente progressão moderada ou rápida da doença (LINDHE, 1999, p. 99). De acordo com Janson (2008, 401) o paciente orto-perio é aquele que apresenta algum problema de posicionamento dentário e o periodonto comprometido. A doença periodontal é responsável pela perda de do suporte periodontal dos dentes,ou seja,ligamento periodontal e osso alveolar.Muitas vezes,é uma doença silenciosa,causada pela inflamação dos tecidos moles e,em uma fase mais avançada,há o deslocamento dos dentes e a abertura de espaços levando a perda de elementos dentários o que consequentemente prejudica a estética facial. A ortodontia, pela sua capacidade de modelar e remodelar o osso alveolar e reposicionar os dentes nos arcos dentários tem um papel fundamental na resolução desses problemas. No entanto, os ortodontistas, muitas vezes apresentam-se receosos em trabalhar com esses pacientes devido a conceitos arcaicos infundados de que a movimentação nesses casos pode piorar o quadro periodontal.Realmente,esse assertiva pode até ser verdadeira se não forem levadas em consideração as particularidades dos casos e se não houver um planejamento interdisciplinar voltado para a melhoria das condições periodontais previamente, durante e após o tratamento ortodôntico. O tratamento ortodôntico em adultos periodontalmente comprometidos exige do profissional um conhecimento diferenciado em relação aos objetivos, possibilidades, limitações e inter-relaçao entre as especialidades. Dentes fraturados, perda ósseas e dentárias, restaurações irregulares para funções e ausência de crescimento impõe a necessidade de trabalho interdisciplinar e este, por sua vez,modifica a rotina dos procedimentos clínicos ortodônticos, pois há outros parâmetros para serem avaliados no planejamento e na condução dos casos. Geiger (apud Lindhe, 1999) assevera que as maloclusoes e o apinhemento dentário são considerados fatores potencializadores da doença periodontal, prejudicando o desenvolvimento e manutenção de uma dentição saudável. Ratificando o pensamento de Melsen (2000, 44) a correção ortodôntica promove uma melhora na higiene bucal, um melhor contorno gengival e uma distribuição mais adequada das forças oclusais. Goldman e Cohen (apud Menezes, 2003, p. 61) estabeleceram que o momento mais indicado para se iniciar a movimentação ortodôntica seria após a redução da inflamação. Especificamente, esta deveria iniciar-se após o controle de cáries, terapia endodôntica, extrações, curetagem de tecidos moles e raspagem radicular, instruções de higiene bucal e geralmente antes da contenção, estabilização, ajuste oclusal e eliminação de bolsas, pois a movimentação dentária implica em modificações na anatomia óssea, sendo, portanto, mais indicado que os procedimentos cirúrgicos de eliminação de bolsas sejam realizados na nova anatomia óssea, pois dessa forma não sofrerão modificações futuras. Lascala e Moussalli (1983, p. 77) determinaram que a periodontite apresenta um aumento patológico do fundo do sulco gengival decorrente da perda inserção de fibras periodontais e da migração do epitélio juncional longo em direção apical. Conseqüentemente, esta perda de inserção leva a destruição do tecido de suporte ósseo, proporcionando a migração e mobilidade dos dentes. O tratamento ortodôntico realizado nesta situação provoca uma aceleração neste processo destrutivo dos tecidos de suporte, portanto, antes da terapia interceptiva, deve-se realizar tratamento periodontal com a finalidade de remover ou eliminar todo qualquer tecido inflamatório. Além de terapia curativa, deveremos fazer um tratamento preventivo, para que durante o tratamento ortodôntico, o paciente tenha orientação de higiene oral e acompanhamento profissional de um periodontista. Barack (apud Yamada,1988, p. 59) assevera que, as complicações periodontais durante o tratamento ortodôntico em adultos, porém em alguns casos de tratamento em pacientes adolescentes pode ocorrer alteração patológica do periodonto. Alexander (apud Yamada,1988, 62) em pesquisa clínica observou um aumento do número de pacientes adultos que procuraram tratamento ortodôntico, e também que o tratamento periodontal em pacientes adultos é um fator limitante para o sucesso ortodôntico.Antes de se iniciar um tratamento ortodôntico, paciente com problemas periodontais, devem se submeter à avaliação de um periodontista, em presença de processo inflamatório, o tratamento deve ser realizado. Se o tratamento ortodôntico for realizado em presença de placa bacteriana, caracterizando processo inflamatório,o risco de lesões periodontais surgirem é grande e com comprometimento de inserção periodontal. A perda óssea pode ser acelerada. Lindhe (1999, p. 287) em estudo experimental usou cinco cães da raça beagle com 12 meses de idade para determinar as reações dos tecidos periodontais durante extrusão dentária. Os dentes usados neste experimento foram os segundos, terceiros e quartos pré-molares que tiveram tratamento endodôntico e as raízes mesias foram seccionadas quatro semanas antes da instalação dos aparelhos ortodônticos. Também neste período, foi realizado um controle de placa, período de preparação do periodonto. Forças ortodônticas de extrusão foram aplicadas conjuntamente com fibrotomia durante oito semanas e a cada duas semanas reativação das forças, período de ativação do periodonto. Num último período foi realizada a retenção do periodonto, isto é, as forças ortodônticas cessadas e as raízes mantidas na posição. Após este período os animais foram examinados clinicamente e os resultados obtidos através de biópsia. Tanto os resultados clínicos quanto o histológico demonstraram que houve durante a extrusão das raízes mesiais associada a fibrotomia um acompanhamento dos tecidos periodontais de 4mm verticais, isto é, um remodelamento ósseo. De acordo com Thilander (apud Proffit, 2000, 78) a placa bacteriana deve ser controlada durante tratamento ortodôntico com acompanhamento profissional, uso de substâncias químicas para redução de processo inflamatório gengival. Durante o tratamento ortodôntico ocorre movimentação dentária, seja ela de extrusão, intrusão, movimento de corpo, inclinação lingual e vestibular, podendo haver alterações dos tecidos periapicais e conseqüentemente dano pulpar e reabsorção externa radicular. As avaliações para índice de placa bacteriana em locais específicos e análises estatísticas mostraram não haver diferença significativa entre as escovas elétricas e o procedimento manual. Para o índice de sangramento gengival o resultado foi estatisticamente igual ao índice de placa, não houve diferença significativa. Antes de iniciar o tratamento ortodôntico de um paciente, deve-se analisar a inter-relação ortodontia e periodontia e assim traçar objetivos em comum. Existem fatores que indicam a terapia ortodôntica como auxiliar: topografia gengival adversa, proximidade radicular, contatos abertos, dentes apinhados, disfunção labial, mordida cruzada anterior e posterior, curva de Spee acentuada e trauma oclusal. (GONÇALVES, 1988, p. 250) Outros fatores são contra-indicados, como: falta de manutenção de saúde periodontal, traumatismo oclusal em pacientes com predisposição à periodontite, raízes com reabsorções radiculares. Estes fatores mostram que o tratamento de um paciente é complexo e na maioria das situações clínicas deve ocorrer uma inter-relação orto-perio. De acordo com Janson (2008, 342), pacientes que apresentam lesões periodontais generalizadas ou localizadas são ainda hoje motivo de preocupação por parte dos ortodontistas, que muitas vezes deixam de tratá-los devido às incertezas de como esse organismo responderá às forças ortodônticas, imaginando sempre que haverá uma acentuação dos problemas, agravando ainda mais o quadro clínico. No entanto, quando esse tipo de tratamento é abordado de uma maneira multidisciplinar, com uma interrelação do periodontista com o ortodontista, o que se tem são resultados altamente satisfatórios tanto do ponto de vista periodontal quanto ortodôntico e principalmente satisfazendo os requisitos estéticos do paciente, melhorando sua auto estima. Segundo Carranza e Murphy (1998, p. 49) o movimento ortodôntico pode ser considerado como parte da terapia periodontal: diminuir o apinhamento dentário que dificultam a higienização e o controle de placa bacteriana; melhorar em casos específicos a condição periodontal e a estética em casos de migração patológica de dentes. Ainda em Carranza e Murphy (1998, p. 56), para o sucesso do tratamento ortodôntico em pacientes periodontalmente comprometidos, se faz necessário um acompanhamento periodontal de três em três meses para que ocorra a redução dos tecidos inflamados e reforçar a orientação de técnica de higiene oral. Nestas consultas deverá ser feito um tratamento profissional em relação à orientação de higiene oral. Os reexames devem conter exames e sondagem clínica de profundidade de bolsa, mobilidade e sangramento durante a sondagem. Em casos mais críticos o profissional deve fazer tratamento de raspagem radicular, principalmente em casos de intrusão ortodôntica, aonde pode ocorrer deslocamento de placa supragengival para sub-gengival. Paciente que não cooperam devem ser alertados e o tratamento ortodôntico interrompido imediatamente. Segundo Capelloza Filho et al. (2001, p. 132) os pacientes adultos, mostram características diversas dos adolescentes, pois não apresentam crescimento ativo, suas aspirações mediante o tratamento são definidas, isto é, desejam um tratamento rápido e que elimine suas queixas, e são acometidos, freqüentemente, de doenças periodontais. Pithon e Bernardes (apud Martins, 2008), afirmam que o uso de aparelhos ortodônticos fixos em adultos é viável e apresenta resultados satisfatórios. Com o maior acesso da população aos serviços de saúde bucal houve um declínio na doença cárie dental e conseqüentemente diminuição da perda prematura dos dentes. Com isso mais pacientes chegam a idade adulta com seus dentes na boca e, conseqüentemente, tem aumentado dia a dia a quantidade de pacientes adultos que procuram tratamento ortodôntico buscando uma melhor estética dentária e facial, obtendo resultados satisfatórios. Para Harfin (2004, p. 65), os últimos avanços no campo da biologia celular e sua inter-relação com a biologia periodontal abriram um novo caminho no tratamento de pacientes adultos que procuram os serviços ortodônticos para solucionar problemas estéticos e/ou funcionais e que por sua vez apresentam uma moderada ou severa perda de inserção (perda óssea). Vários casos clínicos confirmam que é possível realizar movimentos ortodônticos nesses pacientes, sempre que se realiza um contínuo monitoramento periodontal antes, durante e depois do tratamento ortodôntico. 3.2.1 Os objetivos do tratamento ortodôntico Segundo Janson (2008), os objetivos do tratamento ortodôntico em pacientes periodontalmente comprometidos: 1- Corrigir ou diminuir os defeitos ósseos; 2- Preparo para regeneração tecidual guiada; 3- Melhorar o aspecto estético com efeito na auto-estima do paciente; 4- Melhorar o posicionamento dentário com objetivo de facilitar a higienização e o controle por parte do paciente e periodontista; 5- Estabelecer uma oclusão equilibrada, com os contatos cúspide-fossa adequados e eliminar interferências oclusais (eliminação do trauma oclusal primário); 6- Possibilitar a estabilização dos dentes com suporte reduzido por meio de uma contenção definitiva (eliminação do trauma oclusal secundário); 7- Estabelecer as 6 chaves de oclusão quando possível (p. 322). 3.2.2 Os tipos de tratamentos ortodônticos Ainda para Janson (2008), existem três tipos de tratamentos ortodônticos para pacientes com problema periodontal. Tipo 1 – Tratamento ortodôntico parcial Envolve somente um arco ou segmento do arco. Visa corrigir principalmente um problema localizado, sem necessidade de grandes modificações oclusais. Tipo 2 – Tratamento orto-perio corretivo. Embora focado na correção dos problemas periodontais, a oclusão apresenta-se insatisfatória e há necessidade de modificações significantes nos arcos para atingir o equilíbrio oclusal. Tipo 3 – Tratamento ortodôntico + reabilitação bucal.(p.233-235) Nesse sentido, quando o paciente apresenta deficiência oclusal, perda óssea e ausência de vários dentes, um planejamento integral em conjunto com periodontista, protesista e implantodontista se faz necessário para avaliar o que pode ser realizado por cada especialidade, para viabilizar o “tratamento do ponto de vista funcional, estético e financeiro” (KANE e KUMAR, 2000, p. 102). 3.3 Limitações do tratamento Orto-Perio Do exposto, assevera-se que para o sucesso da movimentação ortodôntica faz-se necessário um exame clínico e radiográfico e uma anamnese bem realizados que trarão informações importantes, colaborando na delimitação da atuação profissional. De acordo com Melsen e Geromy apud Janson (2008, p. 287), a maior limitação no tratamento dos pacientes com envolvimento periodontal é o periodonto reduzido e a conseqüência que isso produz nas raízes. Devido à perda óssea, a relação coroa-raíz é alterada e, quanto menor é o nível ósseo, mais para apical se desloca o fulcro do movimento. Quanto menor o nível ósseo, maior a sobrecarga de força na região apical e consequentemente maior as chances de reabsorção apical. Essa informação deve ser levada em consideração junto com a anatomia das raízes e o histórico de trauma para o planejamento de movimentos mais extensos, nos quais o risco de reabsorções radiculares é maior. Em Cotran (2000, 49), no tratamento ortodôntico convencional objetivasse estabelecer uma oclusão de acordo com os preceitos das seis chaves de oclusão, porém no tratamento ortodontico em pacientes periodontalmente comprometidos nem sempre este objetivo é alcançado, o que suscita questionamentos entre os ortodontitas, quanto a mecânica ortodôntica. Autores como Melsen (2000, p. 20) afirmam que a técnica / filosofia ortodôntica é indiferente e o diferencial é o planejamento adequado, os cuidados quanto ao tratamento periodontal antes e durante a movimentação ortodôntica, os intervalos para as ativações que devem ocorrer uma vez ao mês, e a utilização de forças leves que, clinicamente, podem ser traduzidas da seguinte forma: Utilizar fios de grande flexibilidade nas fases iniciais de tratamento e procurar não evoluir abruptamente nos calibres dos fios de aço inoxidável. Quanto o comprometimento periodontal for muito grande, alterar as ativações mensais nos arcos superior e inferior. Fechar espaçoes com fio de amarilho 0.12’’ ou quando forem utilizados elásticos de corrente, aplicar força interproximada de 100g (p. 18-21). Interlandi apud Martins (2008, p. 17), assevera que as forças devem ser mantidas dentro dos limites biológicos, tendo em conta que não é a mesma força que se pode aplicar em um dente com 100% do periodonto de inserção, com a que se aplica sobre um dente com apenas , 20% ou 30%. O desempenho da aparelhagem a se utilizar se relaciona diretamente à quantidade de força a ser empregada. O tipo de fio a se utilizar se relaciona à quantidade de força a ser empregada. Para Harfin apud Martins (2008, p. 22), os aparelhos devem apresentar a menor quantidade possível de elementos retentores de placa bacteriana. As ativações devem ser realizadas me períodos mais prolongados e com bom controle da quantidade de força em relação à quantidade de periodonto de inserção de cada caso especial, melhores serão os resultados obtidos neste tipo de paciente. Foi afirmado por Proffit (2000, p. 14) que não há contra-indicação para tratar pacientes adultos com doença periodontal, desde que esta esteja sob controle. Portanto, a regressão de uma doença periodontal avançada que não foi tratada deverá ser avaliada com maior atenção durante o planejamento e execução do tratamento ortodôntico para todos os adultos. Carranza e Murphy (1998, p. 05), a única contra-indicação para o tratamento ortodôntico em paciente comprometidos periodontalmente é a persistência da doença ativa. Janson (2008, p. 315) afirma que, ao se comprometer com o tratamento orto-perio, o ortodontista, deve adotar medidas preventivas, como pedir radiografias periapicais no decorrer do tratamento para diagnosticar possíveis reabsorções, além de encaminhar o paciente ao periodontista de 3 em 3 meses ou quando achar necessário, tomar cuidado ao escolher a aparelhagem adequada e ter consciência que os tratamentos ortodônticos em pacientes periodontais, são tratamentos individualizados e que não existe protocolos determinados, cada caso é um caso o profissional deve ser capaz de diagnosticar e traçar metas terapêuticas individuais para alcançar o objetivo do tratamento. Segundo Lindhe (1999, p. 243-248), a contenção representa um dos pontos críticos do sucesso do tratamento no paciente periodontalmente comprometidos. Nestes pacientes o processo osteoclástico ocorre de forma semelhante aos jovens, no entanto após a movimentação, quando o osso não está submetido a um estímulo as respostas celulares são características do problema periodontal, quando a neoformação óssea fica diminuída. Isto indica que a estabilidade da movimentação estará comprometida, pois o osso não tem a mesma capacidade estabilidade após o movimento, por isso, a contenção deve ser mantida por um longo período de tempo. Segundo Zachrisson (1999, p. 145), afirma que na finalização dos casos é importante realizou a análise minuciosa da oclusão, verificando possíveis interferências e prematuridades. Se o paciente apresentar habito de apertamento ou bruxismo, recomenda-se a confecção de placa mio-relaxante, que tem por finalidade o relaxamento da musculatura e a proteção dos dentes e periodonto de sustentação, as forças oclusais excessivais As contenções definitivas, nestes casos, também correm maiores riscos das fraturas. Segundo essa mesma linha de pensamento, o período de contenção deve ser maior devido a uma menor taxa de aposição óssea, as dentições com suporte periodontal comprometido mostram uma grande tendência à recidiva após o tratamento ortodôntico ativo, necessitando de um período de contenção maior (WILLIANS apud MARTINS, 2008 , p. 17). Para Melsen (1991, p. 579), os adultos geralmente necessitarão passar por um tratamento ortodôntico mais extenso, pelo menos por uma fase maior de contenção que aquela determinada para pacientes adolescentes. Para Menezes et al. (2003, p. 66), esta contenção é preferencialmente confeccionada com fio de aço trançado flexível, o qual é colado lingualmente em cada dente do segmento a ser estabilizado, agindo também com uma ferulização periodontal. As conteções ortodônticas no ortopério ocupam um lugar em destaque no tratamento, pois um dos objetivos é eliminar o trauma oclusal secundário. Mesmo com a saúde periodontal sob controle, os dentes com perdas ósseas, quando submetidos às forças de oclusão, fonação e deglutição, podem apresentar mobilidade gerando movimentos de vai-e-vem que não permitam a mineralização da cortical óssea e são deletérios ao periodonto. Esta contenção deve ser definitiva. Após finalizado o tratamento ortodôntico, o paciente deve estar ciente das suas condições periodontais e da necessidade de dar continuidade às visitas regulares ao periodontista. Segundo Martins (2008, p. 19), será necessário, a esses pacientes uma manutenção periodontal periódica após o tratamento para controlar a inflamação e para manter o nível ósseo, essa terapia visa propiciar um equilíbrio da oclusão e melhorar o que for possível do ponto de vista estético e das condições de higiene por parte do paciente. Isto inclui o alinhamento e nivelamento dos dentes, diminuição dos trespasses horizontal e vertical, e contenções permanentes nas áreas de maior perda óssea para evitar trauma oclusal. Assim, ser vigilante com a própria saúde implica a capacidade de auto-observação e interiorização de interdições sociais. Podemos observara que a saúde está condicionada à Higiene e à consulta ondotológica. 4. DISCUSSÃO A revisão bibliográfica nos revela várias peculiaridades sobre o tratamento ortodôntico em pacientes periodontalmente comprometidos. Existem variáveis nesse tipo de tratamento que devem ser avaliadas e entendidas para o sucesso do mesmo. Foi observado o consenso dos autores Janson (2008), Hafin (2001), Capelloza Filho (2001) que existe um aumento de pacientes adultos a procura do tratamento ortodôntico.Esse fato exige dos profissionais uma visão multidisciplinar,uma vez que, geralmente apresentam distúrbios no periodonto, sendo necessária a intervenção de um periodontista durante todo o tratamento ortodôntico. Janson (2008), Zachrisson (1999), concordam que as ativações ortodônticas devem ser acompanhadas de uma revisão periodontal com intervalos de 3 meses para pacientes mais críticos e intervalos maiores para pacientes com boa higiene oral. A interação dos problemas periodontais e ortodonticos exige um diagnóstico, planejamento e tratamento minucioso, pois o que a primeira vista parece ser um caso simples pode, se mal planejado, tornar-se uma questão de extrema dificuldade de resolução. Sendo assim, os profissionais da ortodontia devem ter conhecimento especifico de periodontia, para oferecer a seus pacientes um tratamento de qualidade capaz de solucionar os problemas e as queixas principais dos mesmos. Reitan (1967) e Hafin (2004), afirmam que a recidiva pós-tratamento ortodôntico é causada não somente pela função muscular, também por uma tendência natural de reposição dos feixes de fibras periodontais, por isso a contenção ortodôntica é essencial. Esses autores, afirmam ainda que o sucesso e a estabilidade de qualquer tratamento cujo objetivo é corrigir másoclusões estão, pelo menos em parte, diretamente relacionados à obtenção do equilíbrio entre as forças produzidas pela língua e as produzidas pelas bochechas e lábios. Ao se planejar o caso, é importante definir os objetivos do tratamento ortodôntico. Nesse sentido, o exame clínico com ênfase na observação das características da sintomatologia do comprometimento, associada aos outros recursos complementares já mencionados, nos oferecerá subsídios necessários para definir a verdadeira condição desse comprometimento ortodôntico. De acordo com Carranza (1998) e Janson (2008), o sucesso do tratamento ortodôntico em pacientes periodontalmente comprometidos, está diretamente relacionado ao acompanhamento periodontal realizado durante a mecânica ortodôntica, esse acompanhamento deverá ser realizado de três em três meses para que ocorra a redução dos tecidos inflamados e reforçar a orientação de técnica de higiene oral. Autores como Proffit (2000), Carranza e Murphy (1999), Janson (2008) são unânimes em afirmar que não há contra-indicação para tratar pacientes adultos com doença periodontal, desde que esta esteja sob controle. Portanto, a regressão de uma doença periodontal avançada que não foi tratada deverá ser avaliada com maior atenção durante o planejamento e execução do tratamento ortodôntico para todos os adultos. 5. CONCLUSÃO De acordo com a literatura revisada e discutida, parece licito concluir que: 1. É cada dia mais freqüente a busca de tratamento ortodôntico por parte de indivíduos periodontalmente comprometidos. 2. O que leva um individuo a buscar o tratamento ortodôntico muitas vezes é a estética facial. Entretanto,ao corrigir um problema estético o paciente também previne problemas futuros,como perdas dentárias,por exemplo. 3. A movimentação ortodôntica em pacientes periodontais, não é contra-indicada, desde que a infecção periodontal seja diagnosticada e controlada pelo paciente e pelo profissional. 4. O tratamento ortodôntico de pacientes orto-perio deve, portanto, utilizar uma abordagem direcionada para eliminar a queixa do paciente e estabelecer uma oclusão fisiológica, limitando-se aos locais da arcada com algum comprometimento estético ou funcional. 5. A contenção pós-tratamento ortodôntico deve ser mantida por um logo período, pois a recidiva nesses casos é mais freqüente. 6. É necessário que o ortodontista tenha um conhecimento global das diversas áreas da odontologia, principalmente da periodontia para atender a esta demanda. 7. O profissional deve ter ciência que o tratamento ortodôntico desses indivíduos possui características peculiares e que a cooperação dos mesmos é de suma importância para o sucesso do tratamento. 8. Somente com uma visão interdisciplinar, o ortodontista pode transformar indivíduos que apresentam problemas periodontais insatisfeitos com sua aparência facial em pessoas mais felizes e aceitas pela sociedade. 6. REFERÊNCIAS BIJELLA, M. F. T. B. 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