SEMINÁRIO BÍBLICO = Anjos ANJOS Por volta da metade da década de 90 irrompeu uma onda doutrinária a respeito dos anjos. Desde então têm sido produzidas várias obras sobre o assunto nos meios religiosos não-cristãos. Muitas nestas obras se ocupam em mostrar que a doutrina dos anjos é uma herança das religiões orientais, e são carregadas de misticismo. A mídia, especialmente a televisão, encarregou-se de espalhar os conceitos errôneos sobre os anjos, explorando a credulidade nas pessoas espiritualmente fracas e supersticiosas. Em conseqüência, os cristãos correm o risco de serem influenciados por esses “ventos de doutrina" que, não raro, sopram sobre os arraiais evangélicos. Pensando em nos livrarmos destas influências, vamos estudar sobre os anjos. Nos ocuparemos em considerar as razões por que a doutrina da angelologia não tem sido bem estudada pelos cristãos e as objeções que. durante os tempos. têm sido feitas à existência dos anjos. Angelologia é o estudo referente aos anjos. É uma palavra vinda do encontro de outras duas palavras: ângelos e logia, palavras gregas que significam anjo e estudo, respectivamente. E um assunto de pouco interesse entre os evangélicos no modo geral. O Dr. Ebenézer Soares Ferreira “AngeIoIogia sugere algumas razões por que os estudiosos da Bíblia e da Teologia têm dado pouca atenção a este assunto: O Escolasticismo foi uma forma de pensar dos filósofos e teólogos, que vieram a ser chamados de escolásticas, no período da idade Média (período histórico entre o começo do século V e meados do século XV). Muitos assuntos eram tratados com profundidade, mas ás vezes eles desciam a considerações banais. Foi assim que trataram a doutrina dos anjos, levantando questões sem nenhuma relevância para a sua compreensão. Como. Por exemplo: (1) Quantos anjos poderiam permanecer na ponta de uma agulha? (2) Um anjo poderia estar em dois lugares ao mesmo tempo? (3) Os anjos da guarda vigiam as crianças desde o nascimento? Depois de batizadas? Ou já desde o embrião? Estas sutilezas dos escolásticos terminaram por desinteressar os teólogos evangélicos a ref!Estirem sobre angelologia. Ou provocaram neles o receio de serem considerados escolásticos se viessem a abordar o assunto. 2. O Cristocentrismo Embora ser Cristocêntrico seja uma exigência para o cristão e para o Cristianismo, porque devemos dar preeminência a Cristo e anunciar uma mensagem eminentemente Cristocêntrica (1 Co 1:23), corremos o risco de, procedendo assim, por de lado outras doutrinas. A doutrina dos anjos é uma questão de revelação de Deus, desde o Gênesis ao Apocalipse cf. Gn 3:24, onde o Senhor põe querubins a guardar o jardim do Éden e Ap 22:8),e não podemos ser ignorantes sobre qualquer aspecto da Revelação. Se a angelologia é uma doutrina bíblica, é importante que a estudemos. 3. As mistificações Hoje se apregoa. por toda à parte, a aparição que fazem milagres, que movem pessoas de um lugar para outro. Anjos são vistos nos cantos superiores das naves dos templos, pousados nos lustres. Estas mistificações causam repulsa e levam a considerar o assunto dos anjos uma questão de crendice popular ou de superstição, que não merece uma reflexão séria. Esta é, provavelmente, mais uma razão por que a doutrina dos anjos é esquecida. Entretanto, ao invés de esquecê-la, apenas deveríamos nos livrar do misticismo em torno dos anjos. Foi isto que Paulo condenou quando escreveu aos crentes de Colossos, que, influenciados por práticas pagãs corriam também o risco de prestarem adoração a anjos e não a Deus (Cl 2:18). Em qualquer tempo da história a doutrina dos anjos tem encontrado oponentes e contestadores. 1. A doutrina dos saduceus Os saduceus compunham uma seita judaica, que floresceu na Palestina desde os fins do século II a.C. até aos fins do século l d.C. Duas doutrinas em que os saduceus diferençavam dos estudiosos de sua época eram: a. a negação da ressurreição dos mortos (Mt 22:23). b. a inexistência dos anjos (At 23:8). Estes dois erros doutrinários dos saduceus foram condenados pelos ensinos de Jesus, que reafirma a doutrina da ressurreição e a existência dos anjos com um mesmo argumento: "Porque na ressurreição nem casam nem se dão em casamento; são, porém, como os anjos no céu" (Mt 22:30). 1 SEMINÁRIO BÍBLICO = Anjos 2. O racionalismo Do ponto de vista dos racionalistas, a existência dos anjos é uma aberração, pois foge nos princípios da razão e da ciência. Conseqüentemente eles vêem a crença na existência dos anjos como uma forma de politeísmo primitivo, que teve sua evolução no judaísmo. Este pensamento racionalista não é coerente pois a doutrina judaica é essencialmente monoteísta. Os anjos não são deuses: são seres espirituais que Deus usa (cf. Hb 1:7). Os anjos bons nunca se manifestam como um deus, mas como mensageiros de Deus, incumbidos de uma tarefa específica: e os anjos mas são seres espirituais rebelados contra Deis. ainda a Ele sujeitos Jó 1:8-12; 2:1-6). Releita-se também essa opinião racionalista, porque ela exclui a interferência divina na história e na vida dos homens que, diversas vezes , foi feita através da ação dos anjos. 3. O materialismo Os materialistas negam a existência de um mundo espiritual, por isso também negam a existência dos anjos. Só aceitam a realidade do mundo material rejeitando tudo o que vá alem na matéria. Contrariam a vontade de Deus., porque "só se preocupam com as coisas terrenas e estão condenados à perdição (Fp 3.17.4:1). 4. O espiritismo A doutrina espírita sobre os anjos se encaixa devidamente no conjunto da sua estrutura doutrinária cuja linha mostra é a reencarnação. O espiritismo ensina que os anjos são almas dos mortos que depois de várias etapas de reencarnação, alcançaram um grau máximo de perfeição. Assim negam a existência distinta dos seres angelicais. Para eles, tanto os anjos bons como os maus ou demônios inexistem. Estes últimos, dizem, são almas desencarnadas. Rejeitamos a doutrina da reencarnação, refutando-a com textos bíblicos, como o de Hb 9:27: "Aos homens está ordenado morrerem uma só vez e, depois disto, o juízo". Ninguém há que tendo passado desta vida para a outra, volta, mesmo que seja para um bom propósito. e muito menos para habitar em outro corpo (Lc 16:27-31). Hoje diante do interesse cada vez maior no ocultismo, nos objetos voadores não identificados (ÓVNIS), na existência de vida em outros planetas e nas revelações místicas torna-se relevante um estudo sobre anjos com base nas Escrituras. Precisamos estudar seriamente o assunto para termos segurança. diante de tanta ignorância a respeito ou de tanta deturpação da verdadeira doutrina. ANGELOLOGIA - UMA DOUTRINA BÍBLICA Tem crescido muito o mercado de livros evangélicos no Brasil. Há algum tempo atrás era pequeno o número de editoras. Hoje na perto de uma centena. espalhando literatura em todos os cantos. Não é, entretanto, pelo simples fato de levarem o rótulo de evangélicos que editoras e escritores produzem livros baseados nas Escrituras, razão pela qual devemos ser criteriosos na escolha e compra de livros. Há livros sobre anjos e demônios que não têm como fonte somente as Escrituras. Baseiam-se também em experiências ou alinham às informações bíblicas os ensinamentos do misticismo religioso do nosso tempo. Serve-nos, portanto, a advertência Paulina: "Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vás sutilezas conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo..." (CL 2:8). Devemos estudar angelologia unicamente por uma perspectiva bíblica. Os anjos são mencionados em toda a Bíblia: 108 vezes no Antigo Testamento e 175 vezes no Novo Testamento. 72 das quais no Apocalipse (Gama Leite, p.11,12). Em todas as partes do Antigo Testamento os anjos são mencionados: 1. Nos livros da lei Nesta parte da Bíblia os anjos aparecem em muitas ocasiões: a. Gênesis: logo em Gn 3:24 são mencionados. Os querubins. anjos que guardavam o jardim do Éden. Mais adiante encontramos um anjo falando a Agar (Gn 16:7); outros dialogando com Abraão (Gn 18:2; 22:11); outros livraram Ló de serem destruídos junto com Sodoma e Gomorra (Gn 19:1); outros apareceram numa visão a Jacó e um deles lutou com o patriarca (Gn 28:12 e 32:24). b. Êxodo: este livro faz menção do anjo de Deus que ia adiante ao povo de Israel cf. Ex 23:20; 32:34). c. Números: Moisés faz referência à proteção dispensada pelo anjo de Deus a Israel, quando envia uma mensagem ao rei de Edom, solicitando passagem pelas terras do seu domínio (Nm 20:16). Um anjo também aparece a Balaão repreendendo-o por ter espancado a jumenta (Nm 22:31-35). 2 SEMINÁRIO BÍBLICO = Anjos 2. Nos livros históricos Nesses há algumas referências a anjos. a. Juizes: um anjo aparece repreendendo os israelitas (Jz 2:1); o anjo do Senhor é mencionado no cântico de Débora (Jz 5:23); um anjo foi instrumento de Deus para a vocação de Gideão (Jz 6:11) e outro anunciou o nascimento de Sansão (Jz 13:3). b. Livros dos Reis: os anjos também estiveram em ação: um confortou a Elas (1 Rs 19:7; 2 Rs 1:3); outro feriu os assírios (2 Rs 19:35). 3. Nos livros poéticos Os anjos aparecem em Jó e em Salmos. a. Jó: foi provavelmente o primeiro livro da Bíblia a ser escrito e já temos a evidência da crença na existência dos anjos. São mencionados por Elifaz (Jó 4:18) e por Elíú (Jó 33:23,24). e em Jó 1:6; 2:1 e 38:7, onde aparece a expressão filhos de Deus . Pode-se afirmar que eram anjos, pois dizem respeito a seres criados imediatamente por Deus, sem intermediários. b. Salmos: anjos são mencionados algumas vezes, entre as quais em SI 29:1; 91:11.12; 103:20. 4. Nos profetas Há nos livros proféticos registro de várias visões em que aparecem anjos: a. Isaías viu serafins por cima do templo (Is 6:2); b. Em Daniel 3:25. um ser “semelhante a um filho dos deuses" com o qual os amigos de Daniel foram vistos pelo rei Nabucodonosor, passeando na fornalha, pode ter sido um anjo; o profeta também testifica que foi um anjo que fechou a boca dos leões (Dn 6:22). Portanto, basta folhear o Antigo Testamento para notar que os anjos não são símbolos, alegorias ou criações míticas. Ao contrário, são seres reais, objeto de fé do povo de Israel, o qual admitia que Deus se servia dos anjos para governar o mundo e dirigir os rumos da história. O Novo Testamento reafirma a doutrina dos anjos exposta no Antigo. 1. Nos Evangelhos Podemos constatar. primeiro, que os anjos aparecem nesta parte a algumas pessoas, às quais comunicam alguma revelação: a José (Mt 1:20,24; 2:13,19), a Maria (Lc 1:26) e a Zacarias (Lc 1:11,13). Aparecem também servindo ao Filho de Deus no deserto (Mc 1:13) e anunciando Sua ressurreição (Mt 28:2). Jesus mesmo ensinou sobre a atuação deles, conforme o registro dos evangelistas (Mt 13:39,49; 18:10; 22:30; Mc 12:25; Lc 15:10; 16:22). 2. Em Atos dos Apóstolos Logo no início deste livro os anjos aparecem na ascensão de Jesus Cristo (At 1:10.11). Depois surgem falando a Filipe (At 8:26), a Cornélio At 10:3:11:13) e a Paulo (At 27:23). 3. Nas cartas paulinas Nesta secção do Novo Testamento desenvolve-se a doutrina. Por 14 vezes a palavra "anjo” é mencionada. a. Paulo não só acreditava na existência deles como também em seus serviços ( Rm 8:38; Gl 3:19). b. Paulo afirma que os anjos são criaturas de Deus e como tais estão sujeitas a Cristo (Cl 1:16: Fp2:10). c. Paulo ensina que, quando na terra, Jesus Cristo foi assistido pelos anjos (1 Tm 3:16); que quando Cristo voltar, se ouvirá a voz do arcanjo (1 Ts 4:16) e que a lei foi transmitida pelo ministério dos anjos (GI 3:19). d. Paulo por outro lado adverte quanto ao perigo de se dar crédito a um evangelho pregado por algum anjo (GI 1:8) e mostra aos crentes ce Colossos o erro de comparar Cristo aos anjos (Cl 2:18). 4. Na carta aos Hebreus Nesta carta os anjos aparecem mencionados 13 vezes. O propósito do autor é demonstrar a superioridade de Jesus Cristo sobre eles (cf. Hb 1:4,5,13.14; 2:2.5,7.9; 12:22). 5. Nas cartas de Pedro O apóstolo Pedro ensina sobre a justiça divina aplicada aos anjos decaídos (2 Pe 2:4,10) e sobre a sujeição dos anjos a Jesus Cristo (1 Pe 3:22). 3 SEMINÁRIO BÍBLICO = Anjos 6. No Apocalipse Neste livro a palavra anjo aparece 72 vezes, nas quais os seres angelicais desempenham vários papéis. a. Os anjos compõem um coro ao redor do trono de Deus (Ap 5:11). b. Os anjos estão diante dEle prontos a executar suas ordens (Ap 8:2). c. Os anjos são os instrumentos de aplicação do juízo de Deus sobre a terra (cf. Ap 14:15; 15:1). A Bíblia nos ensina sobre os anjos, e este ensino é suficiente para o nosso entendimento a respeito destes seres angelicais. Recorrer a outras fontes oferece o risco de se desviar da reta doutrina que as Escrituras contém. ENREDAR - prender em uma rede; embaraçar. MíTICAS - relativas a mitos, que são histórias contadas sem comprovação histórica; mitológicas. ANJOS - QUEM SÃO ESSES SÉRES? Quem são os anjos? Respostas erradas têm sido dadas a esta pergunta como já vimos. Embora não se possa encontrar na Bíblia tudo o que desejamos para satisfazer nossa curiosidade sobre os seres angelicais cremos que Deus nos revela o necessário para a nossa compreensão a seu respeito. A palavra “anjo" deriva da língua latina ângelus - que é correspondente a palavra grega ângelos. No hebraico a palavra para anjo é malako. O significado comum é mensageiro, enviado. Anjos, com o sentido de mensageiros, não diz respeito à natureza espiritual desses seres, mas determina a sua missão. Com esse mesmo sentido de mensageiro ou enviado. Pessoas humanas são chamadas 'anjos": o sacerdote (MI 2:71: o rei (2 Sm 14:17,20) ;os pastores/líderes das sete igrejas do Apocalipse (Ap 2:1, 8,12.18; 3:1, 7, 141. Contudo não é difícil perceber quando o termo se refere as seres celestiais, porque vem associado à pessoa de Deus como, por exemplo, em Gn 16:7; 28:12 e SI 34:7. Deus criou tudo o que existe, as coisas visíveis e as invisíveis. Entre elas criou os anjos (Cl 1:16). Examinando a Bíblia concluímos que foram criados todos de uma só vez - Deus criou uma companhia de anjos e não uma raça. 1. Quando foram criados? Provavelmente foram criados antes da criação ao mundo físico. É o que podemos entender a luz em Jó 38:4-7.”.0s filhos de Deus", que foram testemunhas da criação de todas as coisas certamente eram os anjos. Se puderam contemplar toda a criação divina, é porque já haviam sido criados antes dela. 2. Quantos foram criados? Não há como contá-los. As Escrituras falam de milhares de milhares (Dn 7:10; Ap 5:11), de miríades (Hb 12:22). de legiões (Mt 26:53). Tentar descobrir quantos são e nomeá-los é pura tolice, porque a Bíblia dá números indefinidos. Há um número definido deles. que apenas o Senhor conhece, pois foram criados ao mesmo tempo, de uma só vez. 3. Em qual estado foram criados? Originalmente as criaturas angelicais eram santas. Todas as outras coisas criadas por Deus eram boas (Gn 1:31) e os anjos foram criados neste estado de justiça, bondade e santidade. Havia uma condição original de igualdade em todos os anjos (2 Pé 2:4). Os anjos que assim perseveraram, continuaram a serviço do Senhor e foram chamados eleitos (1 Tm 5:21) Os anjos maus são os que não perseveraram no estado original. Rebelaram-se e tornaram-se inimigos de Deus dos outros anjos e dos homens, e estão condenados a tormentos e castigo eterno ( Jd 8:29; Mt 8:29; 25:41) 4. Onde habitam? Habitam nas regiões celestiais, onde se manifestam. Várias referências nos dão conta de que os anjos têm sua habitação numa dimensão celestial. Jacó, sonhando, viu anjos que subiam e desciam uma escada cujo topo tocava os céus (Gn 28:12). No Apocalipse anjos são vistos nos céus (cf. Ap 8:5). Quando descem a terra; o fazem para cumprir uma missão (cf. At 12:7). Há informações bíblicas preciosas sobre a personalidade e natureza dos anjos. Vejamos: 4 SEMINÁRIO BÍBLICO = Anjos 1. Os anjos são seres pessoais Deus atribuiu a esses seres que criou características pessoais. A crendice popular tem os anjos como espíritos impessoais ou influências sobre os homens. Diferentemente do que popularmente se pensa, a Bíblia os apresenta como pessoas. São seres inteligentes, têm vontade própria e prerrogativas específicas. Um exame do texto de Gn 19:1-13 demonstra isso. Dois anjos estão dialogando inteligentemente com Lo, determinando providências e agindo coerentemente. 2. Os anjos são seres imortais Não são eternos, nem possuem a imortalidade essencial, que só Deus possui (cf. 1 Tm 6:16), mas são imortais (Lc 20:36), do mesmo modo que o são as almas dos homens. A eternidade para os anjos é a mesma concedida aos seres humanos, na qualidade de criaturas de Deus (cf. Lc 20:35,36). 3. Os anjos são seres espirituais e incorpóreos Os seres celestiais estão destituídos de qualquer forma corpóreos - têm uma natureza espiritual (Mt 8:16: Ef 6:12;Hb 1:14). Por isso não possuem carne nem osso (Lc 24:39) e não podem exercer atividades que são próprias dos seres humanos (Mt 22:30). Anjos apareceram na forma de homem (Gn 18:2; 19:1); agiram como homens, ingerindo alimentos (Gn 18:8; 19:3), apenas para convencer de sua Presença real as pessoas a quem apareciam. Os anjos de Deus não tomam outros corpos para se manifestarem. mas tomam formas de pessoas humanas visíveis para se fazerem manifestos” (Cabral. p.9). Sendo espirituais, são também invisíveis (Cl 1:16)”. 4. Os anjos são seres morais Se forem seres pessoais, possuem também uma natureza moral e, portanto se encontram debaixo de obrigação moral. São recompensados por sua obediência e foram castigados por sua desobediência. Há anjos que permaneceram fiéis a Deus (At 10:4:22; Ap 14:10) e anjos desobedientes, infiéis que caíram (Is 14:12: Ez 28:15; Jo 8:44; 2 Pé 2:4). 5. Os anjos são seres gloriosos Foram criadas com. glória e dignidade sobre-humana (Lo 9:26). No Apocalipse alguns anjos são descritos com majestade (Ap 10:1-3), contudo, não possuem a mesma glória do Pai nem a mesma glória do Filho (Hb 1:5-13). Anjos são seres celestiais; não são seres divinos. 6. Os anjos são seres poderosos Aos anjos é conferido maior poder que aos homens (2 Pé 2:11). O salmista reconhece o poder desses seres celestiais (SI 103:20). Eles conhecem as leis da natureza e dominam o fogo e a água (Ap 14:18; 16:5). Há muitos fatos bíblicos que evidenciam o poder dos anjos. Vejamos alguns: a. Um só destruiu todos os primogênitos do Egito, numa noite (Hb 11:28, cf. Ex 12:29); b. Um deles feriu setenta mil pessoas do reino de Davi (2 Sm 24:15,16); c. Um só matou cento e oitenta e cinco mil soldados assírios (Is 37:36); d. Apenas um conseguiu removera pedra que fechava o túmulo de Jesus (Mt 28:2) Entretanto, o poder dos anjos não é ilimitado. Não são onipotentes, são mais poderosos que os homens, mas não têm o mesmo poder que Deus. Não são capazes de criar nada, nem esquadrinhar o coração humano. Os anjos podem influenciar a mente humana do mesmo modo como outro ser humano influência. A influencia dos anjos maus, porém. pode ser impedida pelo poder de Deus (Ef 6:10-12; 1 Jo 4:4,18). 7. Os anjos São seres inteligentes, não são oniscientes. Não têm inteligência num grau perfeitamente elevado como Deus, mas a possuem em grau mais elevado que os homens (cf. 2 Sm 14:17,20; Mt 24:36 1 Pe 1:12). 8. Os anjos são seres assexuados Os anjos, tanto os bons como os maus, são seres que não apresentam uma característica de macho e fêmeo. Jesus respondeu aos saduceus. que não criam nas existências de anjos, que estes não casam, o que indica que não têm sexo e, conseqüentemente, não se propagam (Ló 20:35-36). Na Bíblia não se encontra a expressão "filhos de anjos", pois os anjos são filhos diretos de Deus por ato de criação e por obediência (Jó 1:6; 2:1). 5 SEMINÁRIO BÍBLICO = Anjos Em Gn 6:2 os "filhos de Deus" não são anjos como alguns entendem, são os descendentes de Sete. que eram tidos como os verdadeiros adoradores de Deus, e são assim chamados para diferençar dos descendentes de Caim. Em resumo, embora haja semelhanças entre anjos e Deus e entre anjos e homens, anjos são uma classe distinta de seres. Como Deus, mas diferente dos homens, eles não podem morrer. Como Deus eles são superiores em poder em relação ao homem, contudo não são onipotentes. Do mesmo modo que Deus e o homem eles têm personalidade. Como Deus eles são seres espirituais, mas não são onipresentes. Reverentemente, reconheça a soberania e o poder de Deus ao criar todas as coisas e que Ele, unicamente Ele, é digno de todo o louvor e adoração de Suas criaturas, incluindo nós, os seres humanos. ASSEXUADOS - que não têm sexo; que não podem ser identificados como macho nem fêmea. COERENTEMENTE - com coerência; de modo consistente e bem ajustado. CORPÓREA - que tem corpo; encorpada; material. ESQUADRINHAR - procurar diligentemente; investigar; examinar com atenção. PRERROGATIVAS - privilégios; direitos concedidos com regalias; vantagens. SOBRE-HUMANA - que está acima do nível dos homens; superior ao homem. A ORGANIZAÇÃO ANGELICAL Depois de refletimos sobre a personalidade e a natureza dos anjos, podemos pensar um pouco no modo como estão organizações. Temos algumas informações bíblicas sobre a organização dos anjos e sobre uma hierarquia angelical. Deus constituiu diversas ordens de anjos para O servirem e O glorificarem. Em cada uma das ordens os anjos são diferentes em poder e autoridade. A Bíblia fala de assembléia” de anjos (Note: Em SI 89:5-8 consta a palavra santos, mas o contexto dá a entender que são anjos), de sua organização para a batalha (Ap 12:7) e de um anjo que é rei sobre os terríveis seres apocalípticos que haverão de assolar a terra (Ap 9:11)”. Os anjos também possuem uma classificação governamental que indica organização e hierarquia, informe Ef 3:10 dos anjos bons e Ef 6:12 dos anjos maus. Sem dúvida, Deus determinou a organização dos anjos bons e Satanás a dos anjos maus. Do mesmo modo que nos governos terrenos há graduações e posições, também as há nas regiões celestiais. Um importante aspecto prático decorre deste fato. Anjos bons são organizados; demônios também são organizados; enquanto os cristãos freqüentemente acham desnecessário serem organizados. Muitos acham que podem lutar sozinhos, vencer a luta sozinha, sem se submeterem a uma autoridade eclesiástica. sem organização e sem disciplina. E quando precisam promover boas obras ou praticar a ação social, poderiam fazer muito mais do que fazem, se submetessem à organização e à disciplina. Lamentavelmente não o fazem Os anjos estão hierarquicamente ordenados. Aparecem numa escala de graduação ou de autoridade. Esta graduação está de acordo com a atividade que exercem. 1. Arcanjo 'Arcanjo' é uma palavra grega - archangelos. Na Bíblia aparece a menção de apenas um arcanjo - Miguel (só pode haver mesmo um arcanjo. pois a palavra significa ‘. o principal entre os anjos'). Seu nome significa "quem é como Deus" ou "semelhante a Deus". O prefixo arco.,de arcanjo, leva a supor ser este anjo é um chefe principal e poderoso. E o significado do seu nome "Miguel" pode representar uma resposta a Lúcifer, cujo coração se elevou, dizendo 'Serei semelhante ao Altíssimo'(Is 14:14). Em Dn 12:1 Miguel aparece como um dos primeiros príncipes - o "grande príncipe" - que se levantará 6 SEMINÁRIO BÍBLICO = Anjos como defensor dos filhos de Israel. Em Jd 9, apesar de investido de grande autoridade, o arcanjo Miguel deixa a repreensão final a Satanás para o Senhor, reconhecendo com isto, o senhorio dEle. Em Ap 12:712 o arcanjo Miguel aparece comandando um exército de anjos que batalham e derrotam o diabo e seu exército de anjos maus. Outra referência a arcanjo encontra em 1 Ts 4:6 numa alusão à segunda vinda de Jesus Cristo. Quando Ele voltar, os remidos serão convocados pela 'voz do arcanjo” e ressuscitarão dos mortos para irem ao encontro do Senhor nos ares”. 2. Anjos governadores Nos escritos paulinos aparecem várias expressões que indicam ordens de anjos que exercem governo ou domínio sobre outros. a. Principados - esta palavra é usada por Paulo sete vezes. indicando uma ornem de anjos bons ou maus, envolvidos no governo do universo (Rm 8:38; Ef 1:21; 3:10; 6:12; Cl 1:16; 2:10.151. Podem ser considerados como generais de exércitos angelicais. São anjos que têm poderes de príncipes). b. Potestades - devem ser anjos que exercem uma supremacia; possuem autoridade para governar. Sua principal atividade deve ser remover os obstáculos que podem impedir o cumprimento da vontade de Deus, e para isso são investidos de especial autoridade (Rm 8:38; Ef 1:21; 3:10; 6:12; Cl 1:16; 2:10). Ef 3:10 pode dar a entender que potestades são anjos que aprendem algo da vontade de Deus ao contemplarem o que Ele está realizando no seio da igreja. c. Poderes-esta palavra ressalta o fato de que anjos e demônios têm maior poder que os homens. Pode referir-se, de modo especial, aos anjos que exercem poder sobre os fenômenos da natureza (2 Pé 2:11; Ef 1:21; 1 Pé 3:22). d. Domínio - deve ser uma classe de anjos que executam as ordens de Deus com relação às coisas criadas (Cl 1:16; Ef 1:21). e. Tronos - esta designação enfatiza a dignidade e autoridade com a qual Deus investiu os anjos que Ele usa para governar (Ef 1:21; Cl 1:16; 2 Pé 2:10,11). Observe-se que em Cl 1:16 principados e potestades e tronos parecem referir-se a anjos bons. Ef 1:21, entretanto, parece ser uma referência a anjos bons e maus. Já em Rm 8:38. Ef 6:12 e Cl 2:15, parecem que a referência é apenas a anjos maus. "Embora haja uma aparente semelhança entre estas denominações. temos de presumir que estes títulos representam uma dignidade incompreensível e os diversos graus de categoria. As esferas celestiais de governo excedem os impérios humanos como o universo excede a terra" (Chafer. p.345). 3. Querubins "Querubins "deriva de querub (hebraico) cujo significado é "guardar" e 'cobrir". Com esta função os querubins aparecem mencionados em vários textos. Eles agiram como guardiões da santidade de Deus, tendo guardado o caminho para a árvore da vida no jardim do Éden (Gn 3:24). O uso dos querubins na decoração do tabernáculo também indica sua função de guardião (Éx 26:1; 36:8:1 Rs 6:23-29). A figura de dois querubins cobrindo o propiciatório igualmente pode representar uma "cobertura” da santidade do Senhor (Ex 25:10-22). Em Ez 10 os querubins aparecem relacionados à glória de Deus. Os anjos descritos em Ez 1 e Ap 4 podem também ser identificados como querubins. Eles possuem extraordinário poder e majestade. Querubins são, portanto, anjos que defendem o caráter santo de Deus. Assim os encontramos em ação”. 4. Serafins O nome "Serafim "tem origem na raiz hebraica saraph que significa "ardente". Estes seres angelicais são mencionados apenas em Is 6:1-3. Eles aparecem ao redor do trono de Deus a postos para cumprirem Suas ordens. Os serafins são considerados os mais nobres entre os anjos Enquanto os querubins se ocupam em demonstrar a santidade de Deus, os serafins trabalham para promover a reconciliação preparando os homens para uma adequada aproximação dEle. Os anjos são descritos por Isaias, em sua visão, como tendo asas: "cada um tinha seis asas: com duas cobria o rosto, com duas cobria os pés e com duas voava" (Is 6:2). Estas asas têm um sentido simbólico: a. As que cobriam o rosto mostram a necessidade de uma atitude de reverência diante do Senhor; b. As que cobriam os pés falam da santidade do andar diante de Deus; c. As que serviam para voar indicam a grande capacidade de movimento e locomoção dos anjos. "Com que reverência deveríamos nos comportar quando nos dirigimos á Majestade Divina, diante do qual os próprios serafins escondem seus rostos! E se eles cobrem os seus pés. estão conscientes de sua imperfeição natural comparada com a glória infinita de Deus; nós que não passamos de torrões de terra, 7 SEMINÁRIO BÍBLICO = Anjos vis pecadores, deveríamos corar de vergonha na Sua presença..." (Chafer, p.347). 5. Outros anjos Um deles, mencionado pelo nome, é Gabriel (Dn 8:15-27; 9:20-27; Lo 1:19,26). Foi incumbido de missões extraordinárias, para revelar mistérios que se encontravam acima da compreensão humana. Gabriel significa "Deus é forte". Aparece como mensageiro da misericórdia e promessas divinas. Além do anjo Gabriel, aparecem outros anjos nas Escrituras, designados por Deus para tarefas específicas: a. b. c. d. e. mensageiros do juízo (Gn 19:13; 2 Rs 19:35); com poder sobre o fogo (Ap 14:18); com poder sobre as águas (Ap 16:5); os sete anjos anunciadores de juízos (Ap 8:2) anunciadores de nascimento de crianças (Gn 18:1,10; Jz 13:3). 1. É um fato a organização dos anjos? Por quê? Como vimos. do mesmo modo que todo o restante da criação de Deus segue uma ordem ou organização, também os anjos possuem a sua hierarquia e cada um a sua missão. É bom estarmos alertas para a prática atual de dar nomes a anjos, com base em escritos religiosos orientais e espirituais e nos livros apócrifos. Neles aparecem nomes como Rafael , Saracael, Raquel e Remiel. Não nos é dada por Deus à tarefa de ficar inquirindo sobre nomes de anjos. Os que são identificados na Bíblia o são, especialmente, para através de sua nomeação ressaltar a tarefa que cumprem. Seus nomes não têm nenhuma importância além desta. Sendo ministros de Deus, certamente Ele os conhece pelos seus nomes. E se o Senhor não no-los revelou, é porque não é necessário possuir este conhecimento para viver e crescer na fé. Há uma grande lição prática neste fato da organização e hierarquia dos anjos bons. Eles estão acostumados à disciplina e à obediência, e nisso nos servem de modelo. É bom também advertir que a classificação dos anjos não pode ser definitiva. Há uma grande variação nas ordens apresentadas pelos teólogos. HIERARQUICAMENTE - de modo organizado em níveis; com graduação de autoridades. PROPICIATÓRIA - cobertura do tabernáculo: local de sacrifícios para tornar propícia a divindade. O MINISTÉRIO DOS ANJOS NA BÍBLIA Passo a passo estamos ampliando nosso conhecimento sobre os anjos. Depois de descobrirmos que estão devidamente organizados e que são hierarquicamente ordenados, teremos respeito do serviço que desempenham os anjos bons mediante as ordens do Senhor. Os anjos atuam como agentes especiais de Deus. Geralmente se deslocam de um lugar para outro para dar cumprimenta as ordens do Senhor. Às vezes se tornam visíveis, mas não são reconhecidos imediatamente como anjos. Seja coma for, estão sempre atendendo a uma missão cada pelo Criador e servindo-O voluntariamente. "As 273 referências da Bíblia feitas a anjos são principalmente narrativas de suas atividades e nelas descobrimos um vasto campo de realizações" (Chafer, p.345). No Antigo Testamento encontramos os anjos exercendo varias atividades, dentre as quais destacamos: 1. 8 A promulgação da lei Embora no momento em que Moisés recebeu a lei (cf. tx 19e 20) não se mencione a participação dos anjos, no Novo Testamento se afirma que "foi promulgada por meio de anjos" (Gn 3:19) ou foi recebida por "ministério de anjos" (At 7:53). SEMINÁRIO BÍBLICO = Anjos 2. O socorro a pessoas Alguns personagens bíblicos tiveram a atuação direta dos anjos vindo em seu socorro. Agar e Ló (Gn 6:712; 19:1-22 ) e em especial Abraão, quando estava preste a oferecer Isaque em sacrifício (Gn 22:11. 12). 3. A proteção de pessoas Jacó teve a experiência de ser protegido por anjos (Gn 32:1). e quando abençoava os filhos de José reconheceu isso, dizendo: o anjo o que me tem irado de todo mal...' (Gn 48:16). 4. A direção do povo de Israel no deserto Israel tinha um anjo de Deus diante dele em sua peregrinação pelo deserto. rumo á terra prometida (Êx 14:19; 23:20). 5. A anunciação de nascimento Abraão e Sara receberam de um anjo a promessa de um herdeiro (Gn 18:1-33). Também Sansão teve seu nascimento anunciado por um anjo (Jz 13:1-24). Em toda a extensão do Novo Testamento os anjos são vistos em ação: 1. Em relação a Jesus Cristo a. Anunciam o Seu nascimento (Lc 1:26-37:2:8-15) e indicam o Seu nome (Lc 1.31). Antes já havia anunciação a Zacarias o nascimento de João Batista e mostrado o nome dele (Lc1: 11-14).. b. Após ter sido tentado no deserto, os anjos O assistiam (Mt 4:11). c. Um anjo O contentava no momento de Sua agonia na Getsémani (Lc 22:43). d. Certamente eram anjos os dois varões que anunciaram a Sua ressurreição (Lc 24:4-6). e. Também dois "varões" estavam presentes em sua ascensão e confortavam os discípulos com a promessa da Sua volta (At 1:10.11). Anjos estiveram acompanhando Jesus em toca a Sua vida terrena, razão pela qual o apóstolo Paulo declara que Ele foi 'contemplado por anjos" (1 Tm 3:16). 2. Nos Evangelhos Os evangelistas registram varias referências ao ministério dos anjos feitos por Jesus: a. Anjos subiam e desciam sobre Ele "(Jo 1:51) b. Tinha-os para Sua defesa e poda dispor deles, se quisesse (Mt 26:53): c. Declarou que estarão com Ele no julgamento das nações (Mt 25:31) d. Disse que anjos conduziram Lázaro para o seio de Abraão (Lc 16:22); e. Afirmou que os anjos contemplam a face de Deus no céu (Mt 18:10). 3. No ministério dos apóstolos e na igreja Primitiva Mesmo depois da descida do Espírito Santo. os anjos continuaram a ministrar, agora em favor da Igreja. a. Um anjo abriu a porta da prisão para que os apóstolos saíssem (At 5:19); b. Um anjo trasladou Filipe por uma distância de cerca de cem quilômetros, levando-o de onde encontrou o oficial etíope para Azoto (At 8:26-40); c. Cornélio necessitou na orientação de um anjo para mandar mensageiro a chamar Pedro (Aí 10:3-8); d.Pedro teve a participação espetacular de um anjo para livrá-lo do cárcere onde estava acorrentado e guardado por dois soldados (At12.3-11) e.Paulo teve o conforto de um anjo quando enfrentava a tumultuada viagem para Roma (At 27:23.24) O MINISTÉRIO ESPECIAL DOS ANJOS Além do ministério desenvolvido pelos anjos há algumas funções exercidas por eles. Embora estejam sempre à disposição do Senhor, para cumprir aquilo que lhes é determinado, há tarefas que desempenham rotineiramente. No lugar de sua habitação os anjos não estão inativos. Uma das suas principais atividades é a adoração ao Senhor. Ele é digno do louvor e da adoração de todas as suas criaturas, por isso o salmista os conclama a fazê-lo.' "Louvai-o todos os seus anjos; louvai-o todas as suas legiões celestes" (SI 148:21). Não só o Pai. mas também o Filho recebe a adoração angelical (cf. Hb 1:6). 9 SEMINÁRIO BÍBLICO = Anjos No Apocalipse João tem a visão de uma "grande multidão que ninguém podia enumerar... diante do trono e diante do Cordeiro" (Ap 7:9). A essa multidão se juntam os anjos, e tacos adoram a Deus (Ap 7:11). Nem todos os anjos estão ao mesmo tempo adorando e louvando a Deus. Quanto a isso, Billy Graham comenta o seguinte: "Mas os anjos não passam todo o seu tempo no céu. Não são onipresentes (presentes em toda parte ao mesmo tempo), portanto só podem estar num lugar em determinado tempo. Entretanto, como mensageiros de Deus acham-se ocupados pelo mundo, cumprindo as ordens de Deus... Mas quando os anjos se encontram diante do trono de Deus, de fato cultuam e adoram o seu Criador" (Bílly Graham, p.42.43). 1. Por que os anjos adoram a Deus? Eles O adoram voluntariamente. Há os que seguiram a Satanás, que por sua livre escolha o fizeram e, por isso, não adoram nem servem ao Senhor. Mas os que O adoram o fazem porque, como criaturas de Deus, reconhecem Sua formosura e majestade. Estando diante de Deus (Mt 18:10) eles O conhecem. E quem conhece a Deus, O adora. 2. Por que adoramos a Deus? Temos um motivo a mais que os anjos para adorá-lo. Os anjos adoram-no como Criador e Senhor. Nós O adoramos como Criador, Senhor e Salvador. Se os anjos devem adoração a Deus, nós a devemos muito mais, porque fomos libertados da escravidão do pecado. Um anjo também revelou a Paulo que Deus lhe havia destinado, quando estava em um navio prestes a naufragar, garantindo lhe o livramento dele e de todos os do navio naquela tempestade. O anjo disse: ”Paulo, não temas; é preciso que compareças perante César: e eis que Deus, por sua graça te deu a todos quantos navegam contigo" (AI 27:23, 24). Os anjos aparecem em atividade no surgimento de novas épocas no desenvolvimento da história: 1. Eles se juntaram em louvor, quando a terra foi criada (Jó 38:6, 7) 2. Eles estiveram envolvidos na promulgação da lei mosaica (GI 3:19; Hb 2:2) 3. Eles estiveram ativos no primeiro advento de Cristo (Ml :20; 4:11) 4. Eles estiveram ativos durante os primeiros anos da Igreja (At 8:26; 10:3, 7; 12:11) 5. Eles estarão envolvidos nos eventos relacionados à segunda vinda de Cristo (Mt 25:31; 1 Ts 4:16). Os anjos são agentes da justiça de Deus; executam o juízo sobre indivíduos e nações. 1. Na destruição de Sodoma Quando da destruição de Sodoma. os anjos disseram a Ló que Deus os havia enviado com a ordem para destruí-la: "...pois vamos destruir este lugar: porque o seu clamor se tem aumentado chegando até a presença do Senhor; e o Senhor nos enviou para destruí-lo" (Gn 19:13). 2. No livramento de Jerusalém Quando Deus livrou Jerusalém das mãos dos assírios, o fez por meio de um só anjo, que venceu a cento e oitenta e cinco mil se dados do exército de Senaqueribe, executando o juízo de Deus contra o presunçoso rei assírio ( 2 Rs 19:35). 3. No julgamento de Herodes Um anjo foi também agente do juízo de Deus contra Herodes, que queria ser reconhecido como um deus. No momento em que o povo o aclamava "um anjo do Senhor o feriu, por não haver dado glória a Deus, e, comido de vermes. expirou" (At 12:23). 4. No julgamento das nações No Apocalipse encontramos os anjos esvaziando taças da cólera de Deus (Ap 16 1) e controlando os trovões de Jeová sobre as nações culpadas (Ap 16:17). Temos falsas idéias sobre anjos, e uma delas é achar que só realizam coisas boas. "É verdade que são espíritos auxiliadores enviados para ajudar os herdeiros da salvação Mas, da mesma forma que cumprem a vontade de Deus na salvação dos crentes em Jesus Cristo, são também vingadores que empregam o seu grande poder para cumprir a vontade de Deus no julgamento divino" Billy Graham. 10 SEMINÁRIO BÍBLICO = Anjos p.81 .82. Que privilégio inaudito tem os anjos. Eles contemplem o Senhor da glória. Não podemos nem imaginar o que será contemplar direta e constantemente a face do Senhor. Não nos deixemos enganar pelas falsas idéias sobre os anjos. Eles são instrumentos da graça de Deus para com os homens, mas são também agentes da aplicação da Sua justiça. Os anjos continuam em ação. HIERARQUICAMENTE -de forma organizada em níveis de autoridade; escaladamente. PRESUNÇOSO pretensioso; vaidoso; que considera a si mesmo importante. ROTINEIRAMENTE - habitualmente; repetidamente; de maneira usual. comum. rotineira. TRASLADOU - transportou; carregou: levou. OS ANJOS A SERVIÇO DA IGREJA E DOS CRENTES Vimos que no Antigo Testamento eles aparecem atuando em varias ocasiões e no Novo Testamento encontramos registros da atuação deles em relação a Jesus e a Igreja Primitiva. Alam disso, também estudamos sobre três aspectos do ministério especial dos anjos: adoram e louvam a Deus; comunicam aos homens os propósitos de Deus; executam os juízos de Deus. Muito ensino errado tem sido ministrado e é necessário que nos dediquemos ao estudo desta questão, para nos firmamos na verdade. Que a Bíblia afirma que Os anjos estão a serviço dos cristãos, a verdade. Mas como agem? Cada cristão tem o seu próprio anjo? Antigamente os anjos agiram em favor da Igreja. Mas isso foi no passado. E no presente, como agem? Terão alguma atuação em favor da Igreja no futuro? 1. Os anjos observam os cristãos Paulo afirma que nós “nos tornamos espetáculo ao mundo,”. Isto significa que os anjos são espectadores dos eventos da vida dos cristãos. Esta observação angelical, entretanto, não é passiva. Certamente que os anjos de Deus vigiam para que o cristão não sofra, tanto física como emocionalmente, além da conta, Os ataques de Satanás. Todos os crentes estão em constante perigo, e os anjos os protegem. O apóstolo também menciona, em 1 Corintios 1:10. que as mulheres corintios deviam trazer véu sobre a cabeça por causa dos anjos. "Mui provavelmente essas palavras significam para agradá-los, para não ofendê-los com uma conduta indecorosa" (Champlin. vol. IV, p.173), pois esperam da Igreja a mesma atitude de reverência que tem diante de Deus (cf. Is 6:2). Este texto (1 Co 11:10) também revela o interesse dos anjos na vida cotidiana da Igreja. Por outro lado, a Igreja é que torna conhecida "a multiforme sabedoria de Deus dos principados e potestades nos lugares celestiais" (Ef 3:10). lustrando esta verdade, John Stott diz o seguinte: "É como urna encenação de um grande drama. A história e' o teatro, o mundo e' o palco, e os membros da igreja em todos os países são os atores. O próprio Deus escreveu a peca e a dirige e a produz. Ato apos ato, cena apos cena, a história continua a desdobrar-se. Mas quem esta no auditório? São as inteligências cósmicas.. Os principados e potestades nos lugares celestiais. Devemos pensar neles corno sendo os espectadores do drama da salvação” (Stott. p.86.87). Mesmo sendo superiores aos homens em sabedoria e poder, Os anjos não são oniscientes. Por isso, nenhum conhecimento poderia adquirir do plano de salvação do homem, a não ser observando o desenrolar dos acontecimentos da história. 2. Os anjos não pregam O Evangelho A tarefa de pregar o Evangelho é dos homens. Jesus deu a entender assim quando contou a parábola do rico e de Lázaro. Ao negar o pedido do rico, de mandar alguém a sua casa paterna para dar respondeu: “Se não ouvem a Moises e aos profetas (Lc 16:31). Anunciar a mensagem de salvação é privilégio dos homens, que, se o fazem, são bemaventurados (Rm 10:15). É tão significativa esta tarefa e tão dignos são Os que realizam, que os anjos desejam envolver-se nela (cf. 1 Pe 1:12). Mas a eles não é dado este privilégio, que é exclusivo da Igreja”. 3. Os anjos estarão presentes nos acontecimentos da Segunda Vinda de Cristo Mesmo antes de Cristo voltar a terra, Os anjos terão participação neste grande evento. Um arcanjo anunciara o tempo da volta de Cristo e ouvindo a sua voz os crentes em Cristo ressuscitarão (1 Ts 4:16). Quando o Senhor voltar, os anjos o acompanharão (cf. At 1:9-11 e ler Mt 25:31; Mc 8:38,2 Ts 1:7). Na 11 SEMINÁRIO BÍBLICO = Anjos sua volta pessoal o anjo descerá junto, formando “exércitos” celestiais (Ap 19:14) A presença dos seres angelicais com o Senhor indica a glória com que se revestirá o acontecimento. Mas não é só esta a tarefa a ser cumprida pelos anjos na segunda vinda de Cristo. Eles também atuarão na execução do julgamento dos homens ímpios: 'Mandara o Filho do homem os seus anjos que ajuntarão do seu reino todos os escândalos e os que praticam a iniqüidade e os lançarão na fornalha acesa...(Mt 13:41,42). Os anjos ainda estarão presentes na prisão de Satanás por mil anos. Um anjo detentor da 'chave do abismo” prenderá Satanás por mil anos e o lançará no abismo (Ap 20:1-3)”. Os crentes em Cristo tem Os anjos a seu serviço. Nós não podermos vê -los, como já dissemos, porque são seres espirituais e, por isso invisíveis. Eles, sim, nos podem observar. E do mesmo modo que atuaram em benefício de crentes em particular, nos tempos neotestamentários, ainda hoje atuam. 1. Os anjos se alegram com a salvação dos homens "Eu vos afirmo que, de igual modo, há júbilo diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende" (Lc 15:10). A alegria do Pai celestial é tão grande ao receber um filho perdido, que Ele compartilha dela com as criaturas celestiais. 2. Os anjos cuidam dos eleitos quando estes morrem Jesus declarou, quando contou a parábola do rico e de Lazaro, que o mendigo, ao morrer,”foi levado pelos anjos para o seio de Abrão" (Lc 16:22). Podemos deduzir de que quando um cristão passa desta para a outra vida é conduzido pelos anjos à presença do Pai. Quanto ao texto de Judas 9, que menciona a disputa do corpo de Moisés pelo diabo e o arcanjo Miguel, a lição que tiramos é que, até na situação de monte, o inimigo tem interesse nos fiéis, as acusa e os requer para Si. Um comentarista bíblico, tentando esclarecer este versículo, escreveu o seguinte: "Quando Moisés morreu o arcanjo Miguel foi enviado por Deus para enterrá-lo. Mas o diabo disputou seu direito de assim fazer, pois Moises tinha sido um assassino (Ex 2:12). E, portanto seu corpo pertencia, por assim dizer, ao diabo. Além disso o diabo alegou ter autoridade sobre a matéria, e o corpo de Moisés, naturalmente, encaixava-se nesta categoria. Mas mesmo sob tal provocação, como diz a história, Miguel não tratou o diabo com desrespeito. Simplesmente deixou o caso com Deus" (Green, p.162). Não somos autorizados a dizer, mesmo diante deste texto, que os anjos são enviados para cuidar dos corpos dos eleitos. No caso de Moisés, podemos crer, o objetivo do Senhor ao enviar o anjo era evitar a idolatria em relação ao corpo de Moisés e, ao mesmo tempo, demonstrar o trato especial que Ele dispensou a este Seu servo. Por outro lado, considerando o contexto de Judas 9, aprendemos que se os anjos são cuidadosos naquilo que afirmam, quanto mais o devermos ser. 3. Os anjos protegem os eleitos No SI 34:7 temos que "O anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que o temem e os livra". já podermos notar, em textos tanto do Antigo corno do Novo Testamento, que servos do Senhor foram protegidos por anjos. Jesus declarou que, se quisesse, pediria ao Pai e Ele mandaria "mais de doze legiões de anjos" para protegê-lo e livrá-lo de ser preso (Mt 26:53). Podemos crer que os anjos estão a serviço de Deus, ministrando proteção aos santos. Existem anjos que guardam; o que não existe é "anjo da guarda". Esta e uma idéia com base em fábulas rabínicas e na filosofia oriental. Não há fundamento bíblico para esta noção popular de “anjo da guarda. Os textos geralmente citados como base são Mateus 18:10 e Atos 12:15. Este ultima texto registra a suposição dos crentes primitivos, ainda influenciados pelas crenças judaicas, de que o anjo de Pedro aparecera. A suposição deles era falsa, pois era mesmo Pedro, em carne e osso que aparecera, solto que foi da prisão”. No primeiro texto, a intenção de Jesus não é afirmar a existência de anjos pessoais, mas sim mostrar o quanto são importantes "Os pequeninos" diante de Deus, razão por que também os devemos considerar importantes. 4. Os anjos não devem ser adorados Os anjos não aceitam adoração. No Ap 22:8,9 João conta que, estarrecido diante da visão do novo céu e nova terra e das palavras proferidas por um anjo, prostrou-se a seus pés para adorá-lo. Mas o anjo lhe disse: "Vê, não facas isso, eu sou conservo teu, dos teus irmãos, Os profetas, e dos que guardam as palavras deste Livro. Adora a Deus". Somente Deus deve ser adorado. Qualquer adoração a criatura, em vez de o Criador, é idolatria. Esta e a razão por que Paulo condena o "culto dos anjos" (CI 2:18). Talvez 12 SEMINÁRIO BÍBLICO = Anjos os colossenses achassem que Deus esta longe demais e, por isso, precisavam da intermediação de anjos para se chegar a Ele. Deus não esta distante e nem é necessário que anjos sejam mediadores entre Ele e os homens, porque o Filho, superior aos anjos, já se tornou, urna vez por todas, o Mediador (1 Tm 2:5). É bom sabermos que Os anjos são "espíritos ministradores enviados para serviço, a favor dos que hão de herdar a salivação"(Hb 1:14). Esta palavra traz consolo os anjos nos servem. Servem a igreja e a cada cristão em particular! Contudo, devermos ter o cuidado para não aceitar nada além daquilo que a Palavra de Deus ensina a respeito dos anjos. INDECOROSA - indecente; sem decoro; vergonhosa. CONHECENDO O INIMIGO Satanás como os outros anjos, é um ser misterioso. Não podermos conhecê-lo tão profundamente como, talvez, nosso espírito de curiosidade gostaria. Entretanto podermos conhecê-lo naquilo que a Bíblia nos revela dele, e isto é suficiente para nos armarmos para a luta que, incessantemente ele trava contra nós. Há dois textos bíblicos que nos servem de base para este estudo: Is 14:12-17 e Ez 28:13-19. O texto de Ezequiel a que nos das informações de algumas características originais de Lúcifer, antes da queda. Esta passagem bíblica tem dupla referência: a. Ao príncipe de Tiro:, uma cidade-reino. Historicamente é identificado com Thobal, que reinou em 586 a.c. b. Comparativamente a outro rei, chamado Lúcifer, influenciador espiritual do príncipe Thobal. Este príncipe se torna à figura de Lúcifer devido ao seu orgulho e presunção. Era arrogante e blasfemo. Considerava-se um deus e conhecedor de todos os segredos da vida (cf. Ez 28:1-10). No texto seguinte o profeta fala do mesmo personagem, mas agora com um sentido espiritual. Não é ao 'príncipe de Tiro" que o profeta se refere, mas ao "rei do Tiro”, do qual o primeiro era uma figura”. 1. Foi criado perfeito em sabedoria Era o "sinete da perfeição, cheio de sabedoria e formosura" (Ez 28:12). A expressão "sinete da perfeição" traduz a idéia de que era a imagem perfeita da criação divina. Lúcifer foi criado a mais bela e mais inteligente criatura de Deus. Em Isaias Lúcifer aparece como "a estrela da manha, filho da alva" (Is 14:12). O nome e os dois títulos que Isaías emprega, que significam a mesma coisa: luminoso ou brilhante, ressaltaram a perfeição do estado original de Satanás. Os babilônios criam que os astros celestes ou estrelas fossem seres angelicais. Isaias aproveita-se da figura "filho da alva "para mostrar como era Satanás antes da queda. 2. Foi colocado num ambiente de glória "Estavas no jardim do Éden.... de todas as pedras preciosas te cobrias" (Ez 28:13). Os ornamentos de jóias sugerem sua grande importância e o resplendor de sua inconfundível aparência. Assim, com resplendor, ele vivia no jardim de Deus. 3. Era ungido e ocupava alta posição "...eras querubim da guarda, ungido..." (Ez 28:14). Lúcifer pertencia a mais alta classe de seres angélicos - a ordem dos querubins, anjos relacionados com o trono de Deus na qualidade de protetores e defensores de Sua santidade. Para isso Deus o escolhera -"ungido” 4. Tinha uma conduta perfeita "Perfeito eras nos teus carinhos..." (Ez 28:15). Até o momento em que nele se "achou iniqüidade", nada havia que desabonasse, nem diante dos outros anjos, nem diante de Deus, sua conduta. Este era o estado original de Satanás. Deus o criou assim. 1. Ele é uma criatura Em Ez 28:15 encontrarmos esta declaração: "desde o dia em que foste criado". Isto significa dizer que ele não possui atributos que pertencem sorneante ao Deus Criador, tais como onipresença, onipotência e onisciência. Embora seja um ser poderoso, é uma criatura, sujeita as limitações impostas pelo Criador. 2. Ele é um ser espiritual Satanás pertencia à ordem dos anjos designados querubins (Ez 28:14). A natureza de todos Os anjos é 13 SEMINÁRIO BÍBLICO = Anjos espiritual. Por isso é que ele é chamado de "o deus deste século" e de”o príncipe da potestade do ar (2 Co 4:4; Ef 2:2)”. 3. Ele é uma pessoa Do mesmo modo que os outros anjos, Satanás possui traços da personalidade. Ele se mostra inteligente (2 Co 11:3); ele exibe suas emoções (Ap 12:17; Lc 22:31); ele demonstra que possui vontade própria (Is 14:12-13; 2 Tm 2:26). Em dois episódios bíblicos, um no Antigo e outro no Novo Testamento, a personalidade de satanás é claramente evidenciado'. No livro de Jó ele aparece como uma pessoa dialogando e mostrando o intento do seu coração (Jd 1). Em Mt 4:1-11 ele aparece em cena dialogando com o Mestre, agindo caracteristicamente como pessoa. Não podemos negar a personalidade de satanás exceto adotando argumentos que nos compeliriam a negar também a existência dos anjos, a personalidade do Espírito e a do Pai'. 4. Ele é um ser moral e responsável Se Satanás fosse meramente uma personificação do mal, não seria moralmente responsável por seus atos, urna vez que não existiria nenhum ser para se responsabilizar. Mas Satanás é responsabilizado pelo Senhor Jesus, do mesmo modo que os homens são responsabilizados por seus atos (Mt 25:41). Esta passagem também nos lembra que negar a realidade de Satanás representa negar a veracidade das palavras de Cristo. 'Ate' que se achou iniqüidade em ti”(Ez 28:15). É com esta simplicidade que o profeta relata a origem do pecado e da queda de Lúcifer. Ele, que havia sido criado perfeito, abrigava em seu coração a iniqüidade. Isaías dá mais detalhes sobre a queda deste anjo (Is 14:12-17). Embora seja tipológica, pois fala do rei Nabucodonosor como figura de Lúcifer, esta escritura descreve os passos da queda de Lúcifer”. 1. "Eu subirei ao céu"(Is 14:13) Corno guardião da santidade de Deus ele tinha acesso ao céu. Mas esta declaração expressa o seu desejo de estar acima de toda a criação e acima do Criador. 2. "Acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono" (Is 14:13) O sentido desta expressão depende do entendimento do que sejam as "estrelas". Neste texto parece se referir a anjos (cf. Jz 38:7; Jd 13; Ap 12:4). Sendo assim, o desejo de Satanás aqui manifesto era se colocar acima de todos os anjos. 3. "No monte da congregação me assentarei, nas extremidades do Norte" (Is 14:12) O "monte” é urna referência ao lugar do trono de Deus. Esta declaração representa a ambição de Satanás de se colocar como governante de todos os povos, no lugar de Deus. 4. "Subirei acima das mais altas nuvens" (Is 14:13) Ele ambicionava a glória que pertence a Deus. "Nuvens" são geralmente associadas à presença gloriosa de Deus (Ex 16:10; Ap 1:7). 5. "Serei semelhante ao Altíssimo" (Is 12:14) Lúcifer, "O sinete da perfeição", agora queria ser igual a Deus. Desejava ser tão poderoso quanto Deus. Ele queria assumir a autoridade e ao controle do mundo, o que é prerrogativa exclusiva de Deus. O pecado de Satanás é mais horrendo, ao se considerar o grande privilégio, inteligência e posição que tinha. Seu pecado é também mais terrível por causa dos seus efeitos sobre outros. Ele afetou outros anjos, que levou atrás de Si (Ap 12:4); afetou todos os homens (Ef 2:2); afetou as nações (Ap 20:3). A queda de satanás Lhe trouxe conseqüências irreversíveis: a. Ele tornou-se o primeiro pecador e pai do pecado (1 Jo 3:8). Aquele que peca está ligado ao diabo. O pecado é atividade característica do diabo; aquele que o comete se identifica com ele nesta atividade. b. É também o pai da mentira (Jo 8:44). A primeira frase dele registrada na Bíblia não só põe em dúvida, mas contradiz acerca o que Deus dissera. (Deus tinha dito: ‘eternamente morrerás” (Gn 2:17); a serpente disse.’”É certo que não morrerás” Gn 3:4); C. Está sob condenação eterna (Ap 20:2,10). 14 SEMINÁRIO BÍBLICO = Anjos Seu estado não será nunca alterado. Ele é eternamente condenado ao inferno, lugar que lhe foi destinado por Deus. Hoje em dia se tem cometido dois graves erros quanto à existência de satanás: 1. Negava sua existência real, considerando o como uma criação do homem, urna espécie de 'força negativa da mente”. Certamente que uma da táticas de Satanás é fazer as pessoas não acreditarem que ele existe. Se ele não levado a sério, em conseqüência o pecado também não é”. 2. Mistificar a crença nele. À luz da Bíblia descobrimos que Satanás é urna pessoa, uma criatura, que deliberadamente optou rebelar-se contra Deus, rejeitando Sua soberania e autoridade. Ele existe e esta vivo, operando para influenciar o mundo a se voltar contra Deus. O que aconteceu a Lúcifer deve servir de advertência aos homens. Seu pecado foi o orgulho, consumado na rebelião contra Deus. As conseqüências que sofreu são semelhantes as que o homem soberbo também sofre, se não se arrepende e confessa a Deus o seu pecado, reconhecendo a soberania de Jesus Cristo. DESABONASSE - tirasse o valor, o crédito ou o merecimento. INCESSANTEMENTE - de modo permanente; sem cessar; sem parar. MISTIFICAR - enganar; iludir; dar impressão falsa. SINETE - carimbo; instrumento para fazer marca com relevo; chancelado. TIPOLÓGICA - representativa de um modelo; simbólica; analógica. NOMES E ATIVIDADES DO INIMIGO Já conhecemos um pouco deste arquiinimigo do cristão no estudo anterior. Neste, tentaremos conhecê-lo ainda mais. Deve-se sempre ter em conta de que conhecer o inimigo tem o objetivo prático de estar preparado para atacá-lo ou dele se defender. É bom também estarmos sempre lembrados que não o vencemos só porque o conhecemos, mas sim porque conhecemos Aquele que o derrotou, Jesus Cristo, que está em nós, é a força que necessitamos para vencer. Os nomes e títulos de uma pessoa revelam seu caráter. Mas a variedade de nomes de Satanás alerta-nos também para o fato de que ele pode atacar seus oponentes de vários modos. Consideremos alguns nomes: 1. Diabo Esta palavra é a transliteração do vocábulo grego diábolos, cujo significado é 'caluniador; acusador” (Ap 2:10; 12:10). É o nome mais popular, porque também o identifica com sua tarefa mais comum. A Bíblia relata a história de um servo de Deus sendo acusado pelo diabo (Jó 1:9-11). Outros servos de Deus são constantemente acusados por ele. Sendo pai da mentira, ele forja acusações contra os eleitos”. 2. Satanás Este nome passou a ser aplicado a ele depois da queda. Significa 'adversário" (cf. Zc 3:1; 1 Pe 5:8). Desde o momento em que Lúcifer caiu no céu e foi lançado por terra - foi afastado da presença de Deus (Is 14:12) - tornou-se adversário e opositor constante de Deus, da Sua criação e da Sua obra. Um exemplo da oposição de Satanás à obra de Deus temos em Lc 10:18. Enquanto os discípulos proclamavam o Reino de Deus, Jesus "via a Satanás caindo do céu como um relâmpago". 3. Dragão e serpente Estes são títulos aplicados figuradamente a Satanás e indicam seu caráter de monstruoso, é traidor e de astucioso (Ap 12:9). "Senoente" foi o nome que recebeu por causa da associação com este animal - o "mais sagaz entre todos os animais selváticos" - quando tentou a Eva (Gn 3:1 2 Co 11:3). "Dragão"é 15 SEMINÁRIO BÍBLICO = Anjos título apocalíptico, as vezes colocado junto ao de serpente (Ap 20:2). 4. Belzebu É um nome decorrente de "Baal Zebube", título de um deus de Ecrom, ao qual Acazías desejou consultar, mas foi impedido por Elias (cf. 2 Rs 1:1-6,16). Significa "senhor das moscas". No Novo Testamento encontramos Jesus sendo acusado, pelos fariseus. de expulsar demônios pelo poder de Belzebu. '.0 maioral dos demônios" (Mt 12:24-29). A resposta de Jesus identifica Belzebu com o próprio Satanás. 5. Maligno Este título descreve bem seu caráter e sua obra. Ele é malvado, cruel e tirânico para com todos os que consegue tornar seus súditos. Seus atos são sempre motivados pela maldade, mesmo quando pareçam bons (cf. Mt 13:19, 38; Ef 6:16; 1 Jo 2:13,14; 5:19). 6. Abadom e Apoliom Como o próprio texto bíblico esclarece (Ap 9:11). são os mesmo nomes, em duas línguas: hebraico e grego. O significado é "destruído". O contexto de Ap 9 assim o apresenta. Ele é o chefe dos terríveis gafanhotos que causarão dano aos homens. 7. Deus deste século (2 Co 4:4) "Ele patrocina a religião do homem sem Deus e é, sem dúvida alguma, responsável por todos os falsos cultos e sistemas que assolam a cristandade hoje em dia (H.C. Thiessen). Nesta condição ele tem os seus "ministros" (2Co l:15),suas"doutrinas"(1 Tm 4:1), seus "sacrifícios" (1 Co 10:20) e suas "sinagogas" (lugares de reunião - Ap 2:9). 8. Príncipe deste mundo (Jo 12:31; Ap16:13,14) “Isto parece se referir a sua influência sobre os governos deste mundo. Jesus não disputou a reivindicação de algum tipo de direito aqui neste planeta feita por Satanás em Mt 4:8,9 (H.C. Thíessen). Deus lhe impõe limites, é claro. Mas ele assim atua até que, no fim, seja subjugado pelo governo dAquele que tem o direito de governar, Jesus Cristo (Ap 12:9)”. 9. Príncipe da potestade do ar (Ef 2:2; 6:12) Este título também indica uma organização dos anjos maus. Satanás é o líder deles (Mt 25:41; Ap 12:7). Ele comanda uma grande companhia de servos, que executam, debaixo do seu poder despótico, as suas ordens, onde quer que sejam enviados. 10. Lúcifer Este nome não aparece escrito na Bíblia. É de corrente da linguagem figurada de saias, que se refere à "estrela da manhã"e 'filho da alva (Is 14:12). Em seu primeiro estado ele possuía esta característica. Era um ser reluzente. Mas depois da queda, ele apenas se mostra como tal; aparenta ser um 'anjo de luz". com a finalidade de enganar os homens (2 Co 11:14). Muitas são as atividades de Satanás, desenvolvidas contra o Pai, contra Cristo, contra a humanidade e contra a Igreja. Vejamos algumas: 1. Contra Deus A principal tática de Satanás é atacar Deus e se opor á implantação de Seu Reino. Isto já se havia tornado evidente quando caiu, pecando por querer ser igual a Deus. Demonstrou, pela primeira vez, que fazia oposição a Deus quando ofereceu a Eva chance de ser como Deus, conhecendo o bem e o mal (Gn 3:5). A tentação de Cristo foi também uma demonstração de que ele se opõe ao Reino de Deus. Satanás ofereceu a Jesus a glória deste mundo, tentando demovê-lo da idéia de conquistar o domínio pelo sacrifício na cruz (Mt 4:8,9). Hoje ele continua agindo com a mesma intenção de desfazer a obra de Deus. Por isso, como ensina o apóstolo Paulo, para que 'Satanás não alcance vantagem sobre nós” não podemos ignorar os seus desígnios (2 Co 2:11). Para atingir aos seus propósitos ele pode transformar os seus ministros em "ministros de justiça (2 Co 11:15). Ele promove um sistema religioso no qual os demônios levam as pessoas a praticarem um falso ascetismo e uma desenfreada licenciosidade (1 Tm 4:1-3; Ap 2:24). A última tentativa de Satanás contra o Reino de Deus será quando da vinda do anticristo, que agirá 'segundo a eficácia de Satanás, com todo poder; sinais e prodígios da mentira..." (2 Ts 2:9). 2. Contra Cristo A animosidade entre Satanás e Cristo foi pela primeira vez predita depois do pecado de Adão e Eva (Gn 16 SEMINÁRIO BÍBLICO = Anjos 3:15). Cristo, descendente de mulher, desferiria um golpe fatal sobre a cabeça de Satanás. Este, por sua vez, causaria grande sofrimento ao descendente da mulher. Quando o Senhor veio á terra, Satanás empreendeu vários ataques contra Ele, tentando impedir que realizasse a obra para a qual havia sido destinado. Sem dúvida a morte das criancinhas, determinada por Herodes, era de inspiração satânica (Mt 2:16). Mais tarde Pedro mesmo alinha-se a Satanás, quando reprova a Jesus, depois de ouvir o Seu plano: "era necessário seguir para Jerusalém e sofrer muitas coisas..., ser morto, e ressuscitado no terceiro dia" (cf. Mt 16:21-23). Mas o principal e mais direto ataque de Satanás a Cristo foi pela tentação no deserto (Mt 4:1-11). O principal alvo de Satanás na tentação era eliminar o sofrimento de Cristo na cruz. Ele sugeria que Sua morte substitutiva era desnecessária. “Especificamente Satanás tentou Cristo a ser independente de Deus (Mt 4:3,4), a ser indulgente (vs. 5-7) e ser idólatra (vs. 8-10) (C.C. Ryrie)”. Uma vez que Satanás não logrou sucesso em sua tentativa de impedir que Cristo fosse à cruz, ele ataca o Evangelho, os seguidores de Cristo, e tudo aquilo que representa o cumprimento do plano de Deus para o mundo. 3. Contra a humanidade Em relação aos homens incrédulos, Satanás cegou seus olhos para que não percebam as verdades espirituais divinas contidas no Evangelho e o abracem (2 Co 4:4). Ele geralmente faz a humanidade pensar que não existe um único caminho para o céu, como o Evangelho propaga. Além disso, há outras obras que realiza contra os incrédulos: a. Arrebata a semente da Palavra de Deus dos ouvintes, para impedir que venha a germinar (Mt 13:19); b. Provoca a destruição do homem. (Embora ele mesmo não tenha poder final sobre a vida, ele age com o fim de levar o homem á destruições morais, espirituais e física Mt 27:3-5; Mc 5:1-5; Jo 10:10); c. Põe no coração o desejo da traição (João13:27); d. Age impulsionando o homem para o suicídio (Mt 27:3-5). Para atingir seu intento, tudo o que puder fazer. o inimigo faz. Ele perverte o coração, levando o homem a usar indevidamente tudo o que Deus criou (1 Jo 2:15-17). APOCALÍPTICO - referente à revelação do fim dos tempos. ARQUIINIMIGO - o inimigo-chefe; o principal dos inimigos. ESPÚRIAS - adulteradas; falsas; anormais. RELUZENTE - brilhante; que tem lustro; resplandecente. SATANÂS -O AGENTE DA TENTAÇÃO Tentação é o ato de testar alguém “com propósito benevolente de provar ou melhorar a sua qualidade ou então com o propósito malicioso de mostrar sua fraqueza ou levá-lo a cair na armadilha de fazer uma má ação” Novo Dicionário da Bíblia, p. (1580). É com este segundo propósito que Satanás tenta. O escritor aos Hebreus declara que "foi ele tentado em todas as cousas, à nossa semelhança, mas sem pecado" Certamente essa declaração precisa ser entendida à luz da humanidade de Cristo. Ele foi tentado como homem. Tendo assumido na encarnação humanidade na sua plenitude, Jesus submeteu-se a toda a experiência humana. A tentação foi uma das humilhações a que o Senhor se sujeitou. E Ele a venceu 17 SEMINÁRIO BÍBLICO = Anjos também na condição de homem, para nos servir de modelo. Como Jesus enfrentou a tentação? Vamos examinar João 4:1-13 para obter a resposta. 1. Jesus foi tentado com relação a uma necessidade física (vs. 3,4) Ao final de quarenta dias e quarenta noites passados no deserto, Jesus estava fisicamente debilitado. Necessitava de alimento. Como consegui-lo? Satanás surge com a sugestão para E usar do Seu poder de 'Filho de Deus", como acabara de ser chamado por ocasião do batismo (Jo 3:22). transformando pedra em pão. Seria a usurpação do poder divino para suprimento de uma necessidade física Jesus não o fez. Rejeitou a opinião satânica, e a rebateu com as Escrituras: "Não só de pão viverá o homem”. Jesus ensinou, com isso. que a vida do homem não tem apenas uma dimensão material. Ele deve interessar-se por outras coisas, além do pão (cf. Jo 6:27)”. 2. Jesus foi tentado com relação á posse de poder (vs. 5-8) O Diabo fez aparecer diante de Jesus toda à pompa deste mundo. (Alegou que era dele como “o príncipe deste mundo”, cf. Jo 12:31; 14:30; 16:11) e o ofereceu a Jesus. Bastava que Este o adorasse. Era a possibilidade de Jesus Cristo assumir um reino que seria muito mais poderoso do que o império romano. Certamente Ele governaria visando o bem estar genuíno do povo e abriria o caminho para excelentes realizações. Mas o diabo exigia que Ele transgredisse um mandamento. Isto significava virar as costas à Sua vocação. Seu reino não era aquele. Era bem diferente (cf. Jo 18:36,37). Ele não procurava uma coroa terrestre nem a soberania mundana. Mais uma vez Ele citou as Escrituras, demonstrando que a adoração a Deus é exclusiva. Venceu a segunda tentação, ensinando-nos que o poder e glória não valem a desobediência a Deus e à Sua Palavra. 3. Jesus foi tentado com relação á segurança (vs. 9-12) Conduzindo Jesus ao pináculo do templo, em Jerusalém, Satanás sugeriu-Lhe que se atirasse, porque receberia a proteção divina por meio dos anjos. A tentação pode ter sido "a de ser presunçoso com Deus, ao invés de confiar nEle humildemente" (Morris, p.99). Para assegurar a Jesus que Ele estaria bem seguro, o Maligno citou as Escrituras (SI 91:11,12), empregando de forma errônea a Palavra de Deus, torcendo um texto para servir ao seu propósito. Jesus vence também esta terceira tentação, citando a Bíblia e aplicando a corretamente. Ninguém pode submeter Deus a teste (v.12). 4. Por que Jesus foi tentado? O comentarista John Broadus apresenta cinco razões: a. Ele daria, pela tentação, prova de sua verdadeira humanidade, de que possuía uma alma humana (além de corpo humano); b. Seria parte de Seu exemplo para nós; c. Faria parte de sua preparação para ser um intercessor compassivo (Hb 2:18; 4:15); d. Era parte da grande batalha na qual a semente da mulher pisaria a cabeça da serpente' (Gn 3:15) (Broadus, p.123). 5. Algumas lições práticas devemos extrair deste episódio da vida de Jesus a. Jesus enfrentou todas as tentações fazendo uso das Escrituras; b. Ele foi tentado em relação a problemas que são vivenciados por todos os homens: alimentação. poder e segurança; c. Nenhum poder extraordinário lhe foi concedido para vencer as tentações. "No decurso de todas estas tentações, nenhum recurso especial estava aberto a Jesus. Enfrentou a tentação da mesma maneira que nós devemos enfrentá-la..." (Broadus, p.99). Do mesmo modo com Satanás tentou a Jesus, Ele também tenta os crentes. Seu principal alvo nisso é levar-nos a praticar o mal. Há, especialmente, duas áreas em que os crentes são tentados. 1. Os crentes são tentados a encobrir seu egoísmo Ser altruísta não é natural. O que já faz parte da natureza humana é o egoísmo, pecado que pode ser confessado e perdoado, defeito do caráter que pode ser corrigido. Entretanto, a tendência do homem é encobri-lo e Satanás se empenha para que o faça. A história de Ananias e Safira é um exemplo clássico. O casal queria reter consigo parte do dinheiro conseguido com a venda de sua propriedade e ao mesmo tempo receber louvor por sua contribuição. Satanás induziu-os a mentir, para parecerem altruístas e alimentarem seu egoísmo (At 5:1-11). Eles tinham direitos a possuir e a vender a propriedade. Eles não 18 SEMINÁRIO BÍBLICO = Anjos tinham a obrigação de dar todo o resultado da venda á igreja. Mas eles também não foram obrigados a fingir generosidade e ao mesmo tempo suprir o seu orgulho, guardando parte do dinheiro recebido. Caíram em tentação. 2. Os crentes são tentados a praticar imoralidade A área do sexo é visada por Satanás. Ele tenta os crentes a praticarem relações sexuais ilícitas, além de os levar a cometerem outros pecados da sensualidade. Deus proveu o casamento para proporcionar ao homem e à mulher a satisfação sexual mútua. Quando isto não acontece, Satanás tem a oportunidade de tentar os cristãos a praticarem o sexo ilícito (cf. 1 Co 7:5). A "natureza carnal" é o campo de ação de Satanás. Essa nossa inclinação à pratica das coisas más é uma atração ao diabo, que disso se aproveita para levar-nos ao pecado. Quando somos seduzidos a satisfazer de forma ilícita nossas necessidades físicas e psicológicas, estamos cedendo à tentação. Paulo compreendia que era também dotado desta fraqueza humana. Por isso disse: "Então, ao querer fazer o bem, encontro à lei de que o mal reside em mim. Porque no tocante ao homem interior tenho prazer na lei de Deus; mas vejo nos meus membros outra lei que, guerreando contra a lei da minha mente, me faz prisioneiro do pecado que está nos meus membros" (Rm 7:21-23). Certamente que a fonte mais poderosa da tentação é a nossa própria carne. Tiago diz que "cada um é tentado pela sua própria concupiscência, quando esta o atrai e seduz" (Tg 1:14). 3. Os crentes são exortados a resistir à tentação Jesus disse a seus discípulos que deviam "vigiar e orar" para não caírem em tentação (Mt 26:41). Quando lhes ensinou a orar incluiu na oração um pedido ao Pai: 'Não nos deixes cair em tentação, mas livrá-nos do mal”(Mt 6:13)”. Mas a mais contundente exortação está nas palavras de Pedro (um Pe 5:9) e de Tiago (Tg 4:7). "Resistir ao diabo é, sobretudo resistir ao mal que ele injetou na sociedade, em todas as formas, visto que este é o meio mais concreto pelo qual ele se apresenta aos cristãos" (Muelier, p.263). Basta que o cristão esteja "firme na fé" e dependente da "graça de Deus", que é capaz de resistir. Mesmo sendo Satanás mais forte e mais sábio do que o homem é possível resistir às tentações? Sim. O texto de 1 Corintios 10:13 nos ensina duas verdades a esse respeito: a. A tentação não é sobre-humana. Deus não permite que Satanás invista sobre o crente além da resistência que este possa oferecer-lhe; b. Deus mesmo provê o livramento. Além de não permitir que Satanás se exceda, o Senhor enseja ao crente a oportunidade de livrar-se das tentações. Ele pode socorrer o cristão na sua debilidade para resistir a Satanás (Hb 2:18). Assim, se Jesus foi tentado em todas as coisas, temos de admitir que nos, enquanto neste mundo, também estamos sujeitos a toda sorte de tentação. Ser tentado não é pecado, pois Cristo também. foi tentado. A tentação só se torna pecado quando a sugestão satânica é aceita e se consente nela. Exatamente por que se dedica á tarefa de tentar os cristãos é que Satanás é denominado na Bíblia de “o tentador" (Mt 4:3; 1 Ts 3:5). Não devemos nos esquecer disso e estar certo de que nosso inimigo não descansa neste serviço. Estejamos preparados para resistir às tentações USURPAÇÃO - aquisição feita por meio de fraude ou violência; tomada de posse fora do direito. DEMÓNIOS -AJUDANTES DE SATANÁS Satanás não age sozinho. Ele tem a companhia dos demônios, os anjos caídos que lhe são subordinados, aos quais dá ordens para agirem contra os homens. Há muitas teorias erradas sobre os demônios, muita ignorância a respeito de sua atuação e muitas fantasias criadas a respeito. Com um exame cuidadoso das 19 SEMINÁRIO BÍBLICO = Anjos Escrituras é possível descobrir quem realmente são e como agem. Algum erro foi desenvolvido sobre a origem e existência dos demônios. Precisamos conhecê-las para, contrastarmos com o ensino bíblico nos firmarmos na verdade. 1. Os demônios seriam espíritos despidos dos corpos daqueles que na vida presente foram homens depravados perversos e corrompidos. Isto contraria abertamente a Bíblia. Segundo o seu ensino as almas ou espíritos dos homens ímpios estão no inferno . Lucas 16:22.23) não podem de forma alguma, estar vagando por aí. 2. Os demônios seriam espíritos de uma raça pré-adâmica. Os defensores desta opinião advogam uma diferença entre anjos caídos e demônios. Anjos caídos, dizem, são aqueles que sofrem junto com Lúcifer a conseqüência de sua rebeldia. Os demônios defendem deles, são as almas das criaturas que, por causa da queda de Lúcifer, perderam os seus corpos e se transformaram em espíritos sem corpos. Esta teoria também não encontra apoio bíblico, pois na Palavra nenhuma referência existe a uma raça préadâmica. Há uma só raça humana criada em Adão e Eva (Gn 1:26,27). 3. Os demônios seriam seres gerados da relação de "filhos de Deus " com as "filhas dos homens" Esta teoria decorre da interpretação equivocada e da consideração isolada do texto de Gn 6:1-4. Os adeptos desta opinião entendem que os filhos de Deus" mencionados neste texto são anjos e que as "filhas dos homens” eram mulheres antediluvianas. Defendem, então, uma miscigenação, isto é, a mistura de raças. Tentam, deste modo, justificar a existência de ‘gigantes’ mencionados no v.4”. Esta falsa teoria pode ser refutada com dois argumentos bíblicos: a. Os anjos são seres assexuados (cf. Lc 20:34-36) Não foram criadas umas raças e, sim. uma companhia; não possuem ascendência, ascendência ou família e, portanto. não se multiplicam. b. "Filhos de Deus" não significa "anjos" Mesmo que encontremos em algumas escrituras anjos sendo chamados "filhos de Deus". isso não é genérico. Em outros textos filhos de Deus” é uma referência clara a homens. O sentido exato pode ser descoberto luz do contexto, sem necessidade de forçara interpretação (cf. Jó 1:6 - anjos; Os 1:10 -filhos de lsrael)”. Quem são, então, os demônios? 1. Demônios são os anjos caídos A Bíblia ensina que, quando Lúcifer se rebelou contra Deus, arrastaram atrás de si uma multidão de seres angelicais, os anjos caídos (Ml 25:41; Ap 12:4). Os anjos que seguiram a Satanás foram banidos da presença do Senhor (2 Pe 2:4) e se juntaram a ele formando um exercito de demônios, ás suas ordens. Satanás é designado 'o maioral dos demônios” (Mt 12:24). Satanás é um anjo caído, tanto quanto o são aqueles que o seguiram”. Embora em nenhum lugar das Escrituras se diga literalmente que os demônios são anjos caídos, as evidências são mais a favor desta idéia do que das teorias acima mencionadas. 2. 0 termo "demônio" na Bíblia Em Lv 17:17, o povo de Israel é exortado a nunca oferecer sacrifícios aos demônios e, em Dt 32:17, Moisés acusa o povo de Israel de ter oferecido sacrifícios aos demônios. O significado original da palavra (no hebraico) é 'peludo" ou 'bode peludo". No Novo Testamento, a palavra é daimon ou daimonion (grega), e sempre se refere a seres espirituais hostis a Deus e aos homens. 3. A personalidade e a natureza dos demônios Os demônios não são forças, fluidos ou criação da mente humana. São seres reais e pessoais. a. Pode-se provar isto porque revelam inteligência. Sabiam quem o Senhor era e por que estava na terra (Mc 1:24) e sabiam que havia um fim determinado para eles (Mt 8:29). Eles também sabem da existência do plano de salvação e que não são beneficiados por ele (Tg 2:19). 20 SEMINÁRIO BÍBLICO = Anjos b Eles também possuem emoção. Demonstram-na especialmente quando confrontados pelo julgamento (Lc 8:28; Tg 2:19). c. São também dotados de vontade própria. Eles a expressaram na ocasião em que Jesus expulsou alguns do geraseno (Lc 8:29). d. Os demônios, tanto quanto os anjos bons, pois pertencem à mesma categoria de seres, são espirituais. Não possuem carne nem sangue (Ef 1:12). e. Eles possuem uma natureza imoral. São designados de 'espíritos imundos" (Ml 10:1) ou de "espíritos malignos" (Lo 7:21). São também classificados como "forças espirituais do mal' (Ef 6:12). f. São. ainda, seres poderosos. Uma ilustração disto se encontra na atitude do endemoninhado geraseno, que, sendo possesso de espírito imundo, possuía uma força descomunal: "nem mesmo com cadeias alguém podia prendê-lo; porque, tendo sido preso com grilhões e cadeias, as cadeias foram quebradas por ele e os grilhões despedaçados. E ninguém podia subjugá-lo" (Mc 5:3,4). Três tipos principais de demonologia mencionaremos aqui. 1. Adivinhação Este é o nome dado a todos os processos empregados para ler o futuro, por meio de sinais misteriosos e inspirações demoníacas. At 16:16 menciona uma jovem 'possessa dê espírito de adivinhação”. A Bíblia proíbe terminantemente esta prática (Dt 18:9-14). A adivinhação pode ser praticada de várias maneiras”: a. pelos augúrios, que predizem o futuro observando movimentos naturais, como o vôo dos pássaros; b. pela hidromancia, que é a predição baseada na aparência da água despejada em um vaso ou de objetos colocados na água, provavelmente praticada no Egito (cf. Gn 44:5); c. pela astrologia, o que é a determinação da suposta influência dos astros no destino de uma pessoa (cf. Is 47:13); d. pela necromancia, que é a descoberta de acontecimentos futuros pela invocação dos mortos, praticada por Saul (1 Sm 28:8), que, por isso, recebeu a condenação do Senhor. (1 Cr 10:13,14>. e. pela feitiçaria, que é a tentativa de influenciar indivíduos e acontecimentos por meios sobrenaturais ou ocultos. Esta devia ser a prática dos mágicos ou encantadores do Egito, que procuraram copiar Moisés (Ex 7:11,22; 8:18,19). 2. A adoração direta a demônios É outra forma de demonologia. Os filhos de Israel foram repreendidos porque provocaram ao Senhor oferecendo sacrifícios à 'demônios, não a Deus "(Dt 32:17). Era também praticada nos tempos do Novo Testamento (1 Co 10:20). Esta devoção a Satanás vem tendo espantoso crescimento em nossos dias. Em todo o mundo surgem as "igrejas de Satanás, onde são reverenciados os demônios e desenvolvidas todas as formas de satanismo. 3. Espiritismo É a crença de que os vivos podem se comunicar com os monos e que os espíritos aos monos podem manifestar sua presença aos homens. Isto se dá supostamente mediante a ação de um ser humano. conhecido como médium. As ciências mediúnicas se espalham prodigiosamente. O espiritismo tem várias expressões. encontrando-se entre as mais comuns o baixo espiritismo'. que inclui o candomblé, a umbanda. a quimbanda e a macumba; o espiritismo científico. que se manifesta especialmente no esoterismo e no teosofismo incluindo a Nova Era e o espiritismo karaecista. cuja principal doutrina é a da reencarnação. A Bíblia condena tocas as formas de demonologia. O Senhor manifestou sua severidade para com os que a praticam (Lv 19:3t: 206.27) O profeta Isaías interpretou a indignação ao Senhor contra os homens do seu tempo que praticam demônio orgia. a zero: Quando vos disserem: Consultai os necromantes e os adivinhos, que chilreiam e murmuram. acaso não consultará o povo ao seu Deus? A favor dos vivos se 21 SEMINÁRIO BÍBLICO = Anjos consultarão as mortas? À lei e ao testemunho! Se eles não falarem desta maneira. jamais verão a alva (Is 8: 19-20). Com estas palavras a Bíblia também testifica da inutilidade das práticas demonológicas. Nenhum beneficio têm os que as desenvolvem. Não precisamos ser enganados a respeito aos demônios. adotando crenças supersticiosas. Se buscarmos a Bíblia, seremos esclarecidos quanto à realidade identidade e atuação deles. Podemos estar certos de que não são criações da mente humana, como propagam os céticos. São os anjos caídos que seguindo a Satanás se rebelaram contra Deus e se tornaram praticantes das obras malignas. sob o comando do seu chefe. Os demônios são ajudantes do diabo no cumprimento de seus propósitos: a. atrapalhar o desenvolvimento do plano de Deus a favor de toda a humanidade; b. estender a autoridade e o domínio de Satanás. AUGÚRIOS - adivinhações; práticas pagãs de previsão ominosa do futuro. CÉTICOS - aqueles que duvidam ou questionam antes de acreditar (como Tomé). ESOTERISMO - prático de crenças misteriosas, cuja revelação é restrita a poucos. KARDECISTA - referente a Alan Kardec, pioneiro ao espiritismo. TEOSOFISMO - especulação religiosa sobre uma natureza divina da alma, desenvolvida nos EUA em 1875 sob influência do bramanismo e budismo. OS DEMÔNIOS EM AÇÃO O crente em Cristo está em constante confronto com os demônios. Enquanto ele serve a Deus para dar cumprimento ao Seu plano na terra, implantando o Seu Reino, os demônios, de algum modo, agem para dificultar ou interromper o trabalho. As formas da atuação demoníacas são várias. A questão, então, é como enfrentar este confronto vitoriosamente. Vamos relacionar algumas atividades dos demônios e procurar compreender a extensão dos prejuízos de sua ação para a Igreja e para o crente, em particular. 1. Os demônios infligem doenças físicas Eles são capazes para isso e realmente o fazem. Podem causar a mudez (Ml 9:32,33), a cegueira e a mudez juntas (Mt 12:22), a epilepsia (Mt 17:15-18). Entretanto, nem toda enfermidade física é resultado de uma atividade demoníaca. Precisamos aprender a distinguir enfermidades físicas naturais daquelas que são provocadas por demônios. (Os textos acima mencionados indicam que aquelas enfermidades não eram naturais )conseqüências naturais da debilidade física do homem, (herdada do pecado). Mas em Mt 8:16 se diz que Jesus "expeliu os espíritos"e "curou todos os que estavam enfermos". Duas ações distintas foram praticadas pelo Mestre, porque havia dois males distintos (cf. Mt 4:23.24). Quando Jesus curou um leproso, a Bíblia não menciona que a lepra estava associada à ação de demônios (cf. Mt 8:1-4); quando debelou a febre alta da qual estava acometida a sogra de Pedro, nenhuma relação se faz entre a doença e a atividade dos demônios (Mt 8:14,15); nem quando curou os dois cegos se menciona que a cegueira deles era provocada pelos espíritos malignos (Mt 9:27-31). Poderíamos multiplicar os exemplos. Mas bastam estes para estarmos convencidos de que não devemos atribuir toda doença á influência dos demônios. 2. Os demônios causam distúrbios mentais Parece que o homem geraseno estava acometido de distúrbios mentais causados por demônios. Suas atitudes demonstravam ser ele mentalmente desequilibrado (cf. Mc 5:4,5; 9:22). Outra vez é necessário que sejamos prudentes, não fazendo generalizações. Há distúrbios mentais que são naturais, que não são 22 SEMINÁRIO BÍBLICO = Anjos infligidos pelos demônios nem estão associados à possessão demoníaca. Esquizofrenia, por exemplo, pode não ter relação nenhuma com um mal espiritual. Há casos em que o doente precisa de tratamento psiquiátrico e não de expulsão de demônios, porque não está possuído por eles. 3. As doenças não são "demônios" Os adeptos da doutrina da Confissão Positiva e da Teologia da Prosperidade crêem que as doenças, de modo geral, são demônios" ou espíritos maus" alojados nas pessoas. Dois graves erros são por eles cometidos: a. acreditam que todas as doenças são causadas por demônios. Ora, já vimos acima que isto é falso. Há doenças de causas naturais, que sofremos devido à nossa debilidade física em conseqüência da natureza pecaminosa que herdamos, e há doenças infligidas por demônios. Não podemos tratar todas as doenças como se fossem demônios, porque assim toda pessoa estaria endemoninhada ao ficar enfermo, inclusive o cristão! E teríamos de admitir que alguns personagens bíblicos como Timóteo (1 Tm 5:23) e Trófimo (2 Tm 4:20) tinham demônios alojados em seu corpo, pois a Bíblia menciona que eram enfermos. Absurdo! b. enganam-se quanto à natureza dos demônios. Tratam-nos como se fossem coisas, doenças. Os demônios têm existência real, são seres pessoais e espirituais, como já vimos, que causam grandes males aos homens. Um espírito maligno pode provocar uma enfermidade, mas não se pode confundi-lo com ela (cf. Lc 13:11). Os demônios incentivam a impureza moral. O fato de serem chamados de espíritos imundos (Mt 10:1; Mc 5:13) já indica que eles agem para perverter tudo aquilo que é puro, nobre e justo. A imoralidade dos canaanitas parecia ser determinada pela atividade dos demônios (cf. Dt 18:9-14). Esta ação dos demônios é tão sutil e velada que nós, os cristãos, não nos apercebemos dela. Depois de ensinar os crentes de Éfeso a praticarem a vida cristã, a andarem "em Cristo" e na 'plenitude do Espírito”, evidenciando-a nos diversos relacionamentos pessoais. o apóstolo Paulo os adverte”: "Quanto ao mais... revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo, porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e, sim, contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso. contra as forças espirituais do mal..." (Ef 6:10-12). Os demônios são os dominadores deste mundo tenebroso. Eles “odeiam a luz, e se retraem diante dela. As trevas são sua habitação natural; as trevas da falsidade e do pecado. Também são descritos como sendo as forças espirituais do mal, que operam nas regiões celestes, ou seja, na esfera da realidade invisível. São ‘os agentes secretos do mal’. Assim, portanto, trevas e mal caracterizam suas ações... Esperam-se vencê-los, temos de ter em mente que não possuem nenhum princípio moral, nem código de honra, nem sentimentos mais nobres... São totalmente inescrupulosos, e implacáveis na procura de seus desígnios maldosos. (Stort. p.201/2). Os demônios estão sempre agindo no campo das idéias, dos pensamentos e dos sentimentos, pervertendo-os”. Muito nos enganamos quando achamos que a atuação do diabo e dos demônios se prende à possessão demoníaca, ao infligir doenças ou a dominar certos grupos. Há muitos sinais da presença do Maligno e dos demônios mesmo dentro das igrejas. Num artigo "Sinais do Maligno na comunidade da fé" do Jornal Batista (11417/96) por Josué M. Salgado está escrito o seguinte: “As manifestações do Maligno dentro da comunidade cristão se dão, sobretudo”: a quando se coloca interesse humano contra a vontade de Deus (Mc 8:33); b. quando se é empecilho á continuidade ou progresso da obra (Lo 22:2); c. quando se é dominado pela mentira, pelo egoísmo ou pelo interesse de autopromoção (At 5:1-11) d. quando não se perdoa o outro (2 Co 2:10); e. quando há ociosidade, falação e intriga (2 Tm 2:14-16>; f. quando não há solidariedade concreta para com o necessitado e oprimido (Mt 25:31-46); g. quando não há prática de amor e de justiça (1 Jo 3:6-10); h. quando não há bom testemunho externo (1 Tm 3:7); 23 SEMINÁRIO BÍBLICO = Anjos i. quando há resistência e contendas (2 Tm 2:23-26). Os demônios operam contra Deus, promovendo as falsas religiões. 1. Promovem a idolatria No curso de sua oposição a Deus, os demônios tentam tornar os homens adoradores de ídolos. Isto ocorria na antiguidade (Lv 17:7; Dt 32:17; SI 106:36-38), e ainda ocorre (1 Co 10:20). No fim dos tempos, esta operação maligna será mais intensa (Ap 9:20). 2. Promovem as falsas doutrinas Há muitos artifícios usados por eles para promover a criação e a difusão de falsas doutrinas. a. Ensinam erros sobre a Pessoa do Salvador. João exortou os seus leitores a provar os espíritos, porque os demônios influenciam os falsos profetas (1 Jo 4:1-4). A razão porque João manda provar os espíritos é que "por trás de cada profeta está um espírito e por trás de cada espírito está Deus ou o diabo. Antes de podermos confiar em quaisquer espíritos, precisamos prová-los, se procedem de Deus. O que importa é a sua origem" (Stoff no seu comentário sobre 1,2 e 3 João). O teste específico que João ensina a aplicar é o da encarnação de Jesus. Os verdadeiros profetas proclamam a vinda "em carne" do Salvador; os falsos, inspirados pelo "espírito do erro" (1 Jo 4:6) ou pelo "espírito do anticristo" (1 Jo 4:3) negam a vinda do Senhor "em carne". Se Cristo não encarnou então não poderia morrer para tornar-se o Salvador. Paulo também desfere seu ataque aos "ensinos de demônios" (1 Tm 4:1-5). Estabelecendo uma ligação entre este texto e o anterior. onde o apóstolo apresenta um sumário da verdade sobre Cristo e Sua obra (1 Tm 3:16), deduzimos que os falsos mestres não só negavam a encarnação, como também a ressurreição histórica e a ascensão de Jesus Cristo. b. Ensinam erros sobre a obra de Jesus Cristo. Todo ensino que diminuí o valor e eficácia da obra de Jesus Cristo não vem de Deus. Isto também é mostrado em 1 Tm 4, onde os falsos mestres acusados por Paulo ensinavam a necessidade de práticas ascéticas e das boas obras para alcançar a graça de Deus (cf. vs. 2 e 3). Quando escreve aos crentes de Colossos, além de asseverar a absoluta suficiência que encontramos em nosso Senhor, lembra-lhes para não aceitarem nenhum aditivo espiritual. como a filosofia (CI 2:8-10), o legalismo (Cl 2:16,17), o misticismo (Cl 2:18,19) e o ascetismo (Cl 2:20-23), que os falsos mestres sugeriam. Constatamos, portanto, que os demônios estão em ação. Afligem os homens impingindo-lhes enfermidades, pervertendo a moral e arrebatando sua alma com as falsas doutrinas. Se não estivermos apercebidos disso, se ignorarmos estas estratégias de ação do inimigo, teremos maior dificuldade em combater sua obra. E podemos estar certos que temos autoridade outorgada por Crísto para atacar os demônios e suas obras (cf. Mc 16:15-18). Os demônios "se nos submetem" pelo nome de Jesus, isto é, pela autoridade que aos verdadeiros cristãos foi outorgada (Lc 10:17-20). ASCETICISMO - práticas de exercícios de aperfeiçoamento moral pelo sacrifício, contemplação e privação do conforto físico. FALAÇÃO - Murmuração; conversa fiada. A POSSESSÃO DEMONÍACA Consideramos a ação dos demônios em três campos: o das doenças físicas, o das doenças mentais e o doutrinário. Consideraremos mais duas atividades específicas deles: a opressão e a possessão. Satanás e os demônios não agem de uma única forma contra os homens, nem mesmo contra os crentes. Paulo ensina que ele arma ciladas, mais que uma (Ef 6:12). Comentando sobre isto, John Stofl diz: Quando o diabo se transforma em anjo de luz, geralmente somos apanhados sem nada suspeitar. Isto porque raramente ele ataca desta forma, preferindo sempre as trevas à luz. Por vezes ruge como leão, mas muito frequentemente é sutil como a serpente” (Stott, p.202). Opressão e possessão são dois estratagemas de ação do demônio”. Opressão demoníaca é a atuação de Satanás ou dos demônios sobre uma pessoa. Quando ocorre no ímpio, é para afligi-lo e desesperá-lo. Quando ocorre no fiel, tem o objetivo de levá-lo a desobedecer ao Senhor. Jó era um “homem integro e reto, temente a Deus, e que se desviava do mal” (Jó 1:1), mas esteve 24 SEMINÁRIO BÍBLICO = Anjos sujeito à ação maligna. Deus permitiu que Satanás o oprimisse (JÓ 1:12). 1. Os cristãos podem ser oprimidos Os crentes em Cristo podem ser igualmente oprimidos. Provavelmente. Paulo sofresse uma opressão diabólica (que poderia ser uma enfermidade física ou uma pessoa hostil a ele e ao seu ministério (2 Co 12:7,8). As suas “lutas por fora” e seus ‘temores por dentro” certamente também representavam uma opressão demoníaca, com o objetivo de desanimá-lo em sua viagem missionária (cf. At 20:1-3))”. 2. A influência demoníaca Os pais apostólicos faziam distinção entre influência e possessão. Entendiam que 'a influência demoníaca incluía a colocação de maus pensamentos nas mentes dos homens”. Indo á Bíblia, verificamos que alguns homens viveram ou estiveram debaixo da influência maligna. É assim que podemos deduzir da atitude de Ananías e Safira. Foram influenciados por Satanás a mentir (At 5:3, 4). Mesmo Pedro. que andava com Jesus, deixou-se influenciar pelo desejo de Satanás, quando reprovou Jesus por Ele ter dito que era necessário sofrer e morrer cf. Mt 16:22, 23)”. A repreensão de Jesus ao apóstolo indica que ele permitira que sua mente sofresse a influência do inimigo: "Arreda! Satanás... porque não cogitas das cousas de Deus e sim das dos homens". O verbo cogitar diz respeito a uma atividade mental. O fato de Jesus declarar "Arreda! Satanás"implicava dizer que Pedro, naquele instante, estava manifestando a vontade de Satanás. Convenhamos: se Pedro estivesse possesso, em vez de aplicar-lhe uma repreensão, Jesus não teria expulsado o demônio? Diante do que está exposto acima, podemos concluir que a influência demoníaca ou satânica é um nível de opressão. É uma ação maligna na mente da pessoa, que muitas vezes passa despercebida. Mas a opressão em nível mais intenso inclui a aflição e o sofrimento físico. Este é um assunto polêmico, que divide os evangélicos. Deixaremos a polêmica para a próxima lição e nos deteremos agora a procurar entender o que é e quais são os sintomas da possessão demoníaca. 1. O que é a possessão demoníaca? A possessão é a invasão, por um ou mais demônios, de uma pessoa, dominando suas características pessoais básicas - razão, emoção e vontade - e provocando um estado anormal. Uma das principais anormalidades a adição de uma nova personalidade. Quando ocorre a possessão, o corpo humano é habitado por um ou mais demônios, que passam a controlar até seus movimentos. Outro termo usado para definir a possessão demoníaca é controle, isto é, demônio ou demônios assume o controle das faculdades pessoais humanas. 2. Quais os sintomas da possessão demoníaca? Não se pode generalizar a respeito dos sintomas que aparecem na possessão demoníaca, mas. a Bíblia faz referência a alguns: a. Anormalidades físicas, tais como surdez, cegueira e convulsão (Mt 9:32; 12:22; Lo 9:39); b. Tendência de autodestruição (Mc 5:5; Lo 9:42); c. Força descomunal (Mc 5:3, 4); d. Poder oculta (At 16:16-18). É bom ressaltar, de novo, que nem toda a enfermidade é causada por demônios ou é uma evidência de possessão demoníaca. Há doenças que têm causas naturais. O Dr. Lucas claramente distingue as duas coisas )cf. At 5:15,16). 3. Portas abertas à possessão Qualquer pessoa incrédula pode ficar possessa? Em tese pode-se afirmar que qualquer pessoa incrédula é vulnerável á possessão demoníaca. Há pessoas que ficam possessas porque desejam ficar. Estão interessadas no mundo do ocultismo. Desejam possuir poderes sobrenaturais e Satanás lhes concede. Entretanto ficam escravizadas a ele e se tornam disponíveis às sua ação a todo o tempo. Muitas pessoas ficam possessas contra a sua vontade. Marcos 9:14-29 registra a história de um jovem possesso desde a infância (cf. v. 21). Provavelmente ele nunca tenha desejado ficar possesso, e também a Bíblia não nos informa as razões por que tenha ficado. Contudo pode-se admitir que o ambiente em que 25 SEMINÁRIO BÍBLICO = Anjos vivia era propicio a isso. A experiência de vida tem mostrado que as pessoas ficam possessas porque cedem voluntariamente o terreno a Satanás. Quando se deliciam nas várias práticas pecaminosas, tais como o uso de drogas, o alcoolismo, a licenciosidade sexual e outros pecados da depravação humana, mesmo sem ativamente desejarem, as pessoas estão abrindo as portas de sua vida para a posse demoníaca. Outras se abrem á possessão demoníaca quando se envolvem em práticas do ocultismo. O envolvimento em quaisquer coisas relacionadas ao ocultismo é uma abertura da vida para a invasão dos demônios, porque tais coisas pertencem ao reino de Satanás. O apóstolo Paulo tinha receio que os crentes de Corinto fossem 'corrompidos em suas mentes e se apartassem da simplicidade e pureza devidas a Cristo" (2 Co 11:3). Precisamos exercer vigilância sobre nossos pensamentos, para não permitir que o inimigo os invada. O desejo de Paulo, manifestado aos Filipenses, era que o pensamento deles fosse ocupado por "tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama..." (Fp 4:8). Além disso podemos também ser oprimido até na forma de aflições e sofrimento físico. A melhor maneira de encarar esta desagradável experiência é não desanimar diante dela, e considerá-la como uma "leve e momentânea tribulação”, que não nos consome e é passageira (2 Co 4:16-18)”. PODE UM CRISTÃO SER POSSESSO? Este é um assunto que suscita polêmica. Há um conflito de opiniões entre os evangélicos, porque alguns asseguram que somente os incrédulos podem ser possuídos pelos demônios. enquanto outros admitem que também os cristãos (evangélicos) podem ser alvos desta ação demoníaca. A proposta do presente estudo é demonstrar, à luz da Bíblia, quem realmente está sujeito a esta possessão maligna. Antes de qualquer coisa, porém, se tentará definir o que é um cristão. Não podemos confundir membro de igreja com cristão autêntico. (Há muitos que circulam entre nós, mas não são dos nossos 2 Jo 2:19). O verdadeiro cristão é aquele que: 1. Já foi alcançado pela graça salvadora em Cristo Jesus e por isso pertence a Deus e tem em si mesmo a presença do Pai, do Filho e do Espírito Santo (Jo 14:16,17,23) 2. É um filho de Deus (Jo 1:12) 3. E uma nova criatura (2 Co 5:17) 4. É feitura de Deus em Cristo (Ef 2:10) 5. É templo do Espírito Santo ( 1 /Cor. 3:16; 6:19) 6. É santo - separado para Deus (Ef 1:11 Co 1:2) 7. Está escondido com Cristo em Deus (C1 3:3) 8. É um participante da vocação celestial (Hb 3:1) 9. Já foi liberto do domínio de Satanás e transferido para o reino do Filho do seu amor" 101 1:13) 10. É filho de Deus e o maligno não lhe toca (1 Jo 5:18) 11. Está definitivamente ligado à videira e produz os frutos esperados (Jo 15:5) O suposto endemoninhamento de crentes é baseado em erros de interpretação de alguns textos bíblicos, entre os quais: 1 Sm 16:13,14: Lc l3:11-16;At 5:3;1 Co 5; 2Co12:7. Mas quando apuradamente examinados, estes textos não servem como base para esta opinião que então perde o seu fundamento. 1. O espírito maligno atormentava Saul 1 Sm 16:13,14) Enquanto Saul se manteve fiel e obediente a Deus, o Espírito do Senhor o usava. Mas,quando se tornou 26 SEMINÁRIO BÍBLICO = Anjos infiel, um espírito maligno o atormentava. Não há, neste texto, a indicação de um espírito maligno tenha possuído Saul. Além do mais, não se pode tomar um texto do Antigo Testamento que faz referencia ã atuação do Espírito Santo como modelo para hoje. Naquele tempo não havia ocorrido o Pentecostes e a presença do Espírito era vegetativa. 2. Mulher possessa de um espírito de enfermidade (Lc 13:11-16) O fato de o texto se referir àquela mulher como “filha de Abraão" não é nenhuma indicação de que fosse salva. Ela era da descendência de Abraão (cf. Rm 9:6-8). Certamente aquela mulher não era cristã, no sentido pós Pentecostes da palavra. 3. Satanás encheu o coração de Ananias (At 5:3) Não há também nenhuma referência à possessão no texto. Os termos utilizados são encheu Satanás o teu coração”. Conforme a explicação na lição anterior, Ananias foi influenciado pelo inimigo a mentir, e não possuído por ele”. 4. "Entregue a Satanás" (1 Co 5:5) A punição imposta ao irmão pecador não era que fosse possesso por Satanás. “'Entregue a Satanás" pode significar ser colocado fora do ambiente da igreja local, no mundo, para sofrer a opressão maligna. Além do mais, não é um contra-senso pensar que a igreja entregue alguém (um irmão) para ser endemoninhado? 5. Paulo e seu espinho de carne (2 Co 12:7) Mesmo que entendamos que o 'mensageiro de Satanás "referido no texto era um demônio, este não possuía o apóstolo; apenas o afligia com o objetivo de que Paulo não viesse a se ensoberbecer com "a grandeza das revelações” mencionadas em 12:1-5”. Um outro erro grave é dar às obras da carne a categoria de demônios. Adultério, fornicação, inveja, ciúmes, bebedice, glutonaria etc. (cf GI 5:19-21), a Bíblia chama simplesmente de 'obras da carne", isto é, atitudes motivadas pela natureza carnal que herdamos, às quais se opõe o 'fruto do Espírito". produzido por todos os que "andam no Espírito"(GI 5:22,23,25). Chamar as obras da carne de demônios alimenta o orgulho deles porque lhes é atribuída uma tarefa que não executam. Eles podem influenciar. induzir ou provocar situações que despertem a natureza carnal. Se nomearmos as obras da carne ce espíritos maus, então. por questão de coerência, teríamos que chamar as partes do fruto do Espírito de espíritos bons; e daí teria que admitir que os anjos habitam nos homens erro sobre erro'. Mas este erro conduz a mais um: a expulsão do demônio da prostituição, da inveja... Esta prática, além de ser inócua, porque tais ceremônios inexistem, induzo homem a atribuir toda a culpa do seu pecado aos demônios, livrando-se da responsabilidade dos seus próprios erros. Ou o homem é habitação do Espírito ou não é, tornando-se vulnerável à invasão dos demônios. O crente em Cristo é habitação do Espírito Santo (1 Co 3:16; 6:19). Para os demônios o invadirem, precisariam expulsar o Espírito, tarefa que jamais conseguirão cumprir. nem o seu chefe, pois maior e aquele que está em nós do que aquele que está no mundo” (1 Jo 4:4). Por mais poderosos que Satanás e seus demônios sejam, não têm acesso á vida do crente para possuí-lo”. 3.O que são as obras da carne? Então não são demônios? Os crentes podem ser influenciados e oprimidos pelos demônios, mas nunca totalmente controlados por eles. Além da nova condição adquirida em Cristo, como prova desta impossibilidade, conforme expusemos acima. vamos usar outros argumentos: 4. Que argumentos podem ser usados para assegurar que os crentes em Cristo estão livres da possessão demoníaca? ACURADAMENTE - de modo exato e preciso; corretamente; sem erro. COERÉNCIA - consistência lógica; ligação. quando tem a casa vazia INÓCUA - inofensiva; sem efeito prático. não regenerado; SUSCITA - provoca; faz surgir; causa o aparecimento. Á BATALHA ESPIRITUAL Em lições anteriores constatamos que temos um inimigo incansável, que de muitas maneiras investe contra a humanidade e contra os santos. Não podemos ignorar que existem forças demoníacas atuando na esfera espiritual, possuindo pessoas. oprimindo, influenciando. 27 SEMINÁRIO BÍBLICO = Anjos Contudo, muitos exageros têm surgido quanto a isso. Batalha espiritual, para muitos crentes, se tornou uma obsessão. Restringe-se a guerra a um ataque aos demônios e a tudo que acham identificar-se com eles. O Pr. Ricardo Gondin adverte que “a batalha não se limita somente à eliminação de forças demoníacas. Ela também se encarna nos vícios e nas malignidades humanas (Gondin, p.15). Esta batalha espiritual é muito mais abrangente do que os movimentos de batalha espiritual modernos sugerem”. Antes de desenvolver-se na terra, esta batalha teve seu enredo no ambiente celestial. Quando Lúcifer se rebelou contra Deus (cf. Is 14:12-17), ai a guerra estava declarada. Mas não havia como encarar o Senhor. Embora desejasse, nenhum outro ser celestial, além dos que arrastara consigo, poderá tornar-se sua presa. Lúcifer, então, encontra espaço para sua atuação no ambiente terreno. Quando então a batalha espiritual que até hoje vigora teve seu início? Iniciou-se em Éden. Satanás viu o homem criatura de Deus, como um ser contra quem poderia investir, e investiu. Nossos primeiros pais foram tentados e cederam à tentação. Já havia inimizade entre Deus e o diabo. Agora passava a existir inimizade entre este e a "semente da mulher" (Gn 3:15), que é Jesus Cristo. Esta inimizade se mantém no confronto com o povo de Deus. A tentativa do diabo, como ocorreu no Éden, é levar o homem a acreditar que Deus não é confiável, que Ele governa com tirania e suborno. Este e um tema desenvolvido por Gondin nas páginas 35-54 do seu livro. A batalha chegou ao seu ápice quando Jesus Cristo encarnou veio ao mundo para morrer pelos homens, a fim de salvá-los da morte eterna. Mas, em relação a Satanás, a vinda do Senhor teve outras finalidades: 1. Ele veio para "expulsar o príncipe deste mundo" (Jo 12:31) 2. Ele veio para "destruir as obras do diabo" (1 Jo 3:8) Logo que Jesus nasceu no mundo, o inimigo tentou barrar-Lhe caminho. Primeiro através de Herodes. na matança dos inocentes (Mt 2:13,16), depois com a tentação (Mt 4:1-11). Todo o ministério de Jesus foi um golpe ferido contra Satanás, pois através dele se cumpria esta profecia de Isaias: "O povo que estava em trevas viu grande luz, e aos que viviam na sombra da morte. resplandeceu-lhes a luz" (Is 9:2). Mas o golpe mais duro desferido contra Satanás ocorreu no Calvário. Ali ele foi vencido. Porque Jesus, "tendo cancelado o escrito de dívida que era contra nós... removeu-o inteiramente encravando-o na cruz; e, despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz" (Cl 2:14.15). 1. Satanás e os demônios, por enquanto, estão soltos e ativos Não estão no inferno, como pensam alguns. Eles habitam nos ares. Três expressões bíblicas dão-nos a idéia do ambiente de ação das forças do mal, cumprindo o seu propósito de infligir tormento aos homens na terra: a. Estão nas "regiões celestes" (cf. Ef 6:11,12) b. Vivem a "rodear a terra e passear por ela" (cf. Jó 1:7) c. "Anda em derredor" (1 Pe 5:8) Mas um dia encerrarão suas atividades e serão lançados no inferno, lugar que foi previamente preparado para eles (Mt 25:41). 2. O relato da cessação de suas atividades No Apocalipse encontramos o relato da cessação de suas atividades em dois momentos: a. No milênio, quando Satanás será impedido de agir por um longo período de tempo (Ap 20:1,2); b. No julgamento final: "O diabo, o sedutor deles, foi lançado para dentro do lago do fogo e enxofre, onde também se encontram não só a besta como o falso profeta; e serão atormentados de dia e de noite pelos séculos dos séculos" (Ap 20:10). Tem-se cometido o engano de pensar que Deus e o diabo estão medindo forças; que são poderes opostos iguais e que, neste caso, o inimigo se torna uma ameaça a Deus. Na verdade são dois poderes diferentes. 28 SEMINÁRIO BÍBLICO = Anjos um maior e outro menor. Satanás bem que tentou ser igual a Deus lcf.( Is 12:14), mas não é. Todos os que pensam que sim estão sendo enganados por ele, os que é parte do seu trabalho (Jo 8:44). Satanás é limitado tanto em suas ações como em sua existência. Ele não é onipotente. nem onipresente. nem onisciente. Nada faz neste mundo que não esteja dentro da vontade permissiva de Deus, nada faz sem o Seu consentimento (cf. Jó 1:12). A batalha teve seu início e se desenvolve. Mas o seu fim já é previsto e o inimigo já teve sua condenação decretada. Não nos deixamos envolver na onda de misticismo em torno desta batalha espiritual. Nada mais se requer de nós a não ser o que o Senhor deixa claro em Sua Palavra. Qualquer atividade mesmo que extremamente religiosa, se não tem o respaldo das Escrituras ou se contraria o bom senso, não é da vontade de Deus que a pratiquemos. ENREDO - trama de uma história; intriga; artimanha. RESPALDO - encosto de apoio, que serve para sustentar. OS CRENTES ENVOLVIDOS NA BATALHA Os cristãos estão envolvidos numa "luta espiritual". Estamos num campo de batalha. Nenhum crente em Cristo está dispensado desta guerra. Se o homem se torna amigo de Deus, fez-se inimigo do diabo; é impossível escapar ao confronto. Enquanto o fim não chega, o diabo e seus anjos continuam fazendo guerra. E uma batalha real. Não é mística nem fictícia, apesar de ser invisível, ‘porque a nossa luta não encontra o sangue e a carne, e, s,m, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes” (Ef 6:12). O nosso inimigo não são humanos nem visíveis. Quando os homens se opõem ao Evangelho e perseguem os cristãos, são apenas instrumentos do grande inimigo; quando se rebelam contra Deus, cumprem a vontade do inimigo; quando os cristãos desobedecem ao Senhor, não deixam de ser responsáveis pelos seus atos. mas são influenciados pelo inimigo”. Consideremos algumas características desta batalha: 1. O diabo arma ciladas (Ef 6:11) O diabo não se mostra como é nem revela o que realmente quer. E inimigo astuto, que usa de embustes e artifícios para conseguir o seu objetivo. (Como aconteceu em sua primeira intervenção na humanidade, quando enganou Adão e Eva 12 Co 11:3), continua a apanhar os incautos com suas ciladas. O engano é uma arma poderosa de Satanás. Por essa razão a Bíblia tanto nos adverte a não nos deixarmos enganar (cf. Lc 21:8; Rm 16:18; 1 Co 15:33; GI 6:7; Ef 5:6; 012:4; 2Ts 2:3; Tg 1:16,22). Tudo o que ele faz é conseqüência do seu caráter.' "Quando ele profere a mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira "(Jo 8:44). 2. Como escapar dos ardis malignos? Peco aconselha a sermos 'sóbrios e vigilantes” (1 Pe 5:8). Ser sóbrio é estar no pleno domínio de suas capacidades. Ser vigilante é estar de olhos abertos, acompanhando o que se passa. Se o crente em Cristo não estiver espiritualmente capacitado e não aprender a discernir os acontecimentos ao seu redor, pode cair numa cilada maligna”. 1. A violência do inimigo Não porque os cristãos devam agir com violência. mas porque o inimigo ataca para "roubar; matar e destruir" (Jo 10:10) e "foi homicida desde o princípio" (Jo 8:44). Os cristãos, entretanto, devem ter consciência disso. O inimigo não brinca de fazer guerra. Por outro lado, não devemos nos intimidar diante dos ataques de Satanás. O escritor Tozer fez uma interessante observação a este respeito: "Enquanto não devemos subestimar as forças do adversário, devemos ao mesmo tempo ter o cuidado de não cair presas do seu fascínio, e viver sempre com medo dele... Devemos aprender a verdade sobre o inimigo, mas devemos levantar-nos bravamente contra a noção supersticiosa que ele apresenta acerca de si próprio. A verdade nos fará livres, mas a superstição nos escravizará". 2. Como nos opor à violência do inimigo? O segredo para nos opormos à violência do inimigo é "nos humilharmos sob a poderosa mão de Deus" (1 Pe 5:6). O poder vem dEle.Precisamos estar 'fortalecidos no Senhor e na força do seu poder”(Ef 6:10). É 29 SEMINÁRIO BÍBLICO = Anjos um terrível engano pensar que encontramos forças em nós mesmos para resistir às violentas investidas do inimigo”. 1. O diabo é como leão que ruge"(1 Pe 5:8). Mas não precisamos ter medo dele nem de suas obras. Continuando a sua observação, Tozer diz o seguinte: "Conheço cristãos que se acham tão absorvidos na luta contra os maus espíritos, que vivem num estado de constante inquietação. Seu patético esforço para manter o diabo encurralado os deixa com esgotamento nervoso e físico... É quando seus pelos se eriçam, e começam a dar ordens ao diabo em voz alta, mas seus movimentos nervosos dizem os quão apavorados eles estão". 2. Devemos ter medo do diabo? Em nenhuma circunstância precisamos temer o diabo. A Bíblia nos manda resistir, fazer frente (1 Pe 5:9; Tg 4:7). Aliás, ele é que se amedronta com a presença do crente "firme na fé"e foge (Tg 4:7). 1. O que é expulsar demônios? Expulsar demônios é retirar da pessoa humana demônios ou espíritos imundos, mediante o poder e autoridade dados por Jesus aos seus discípulos. Qualquer crente em Cristo, cheio do Espírito, pode ordenar, em nome de Jesus, que o demônio se retire da pessoa. Jesus enviou os setenta com autoridade para expelir demônios (Lc 10:1.17). Convocou o doze 'para estarem com ele e para os enviara pregar, e a exercer autoridade de expelir demônios” (Mc 3:14.15). Os apóstolos o fizeram (A! 5:16; 16:18)”. 2. Duas advertências precisam ser feitas aqui a. Exige.(se do cristão uma vida santa e de oração para ler condição de expulsar demônios cf. Mc 9:29): b. Basta que seja dada ordem para que os demônios saiam. (Embora não seja apresentada na Bíblia uma metodologia específica, em alguns exemplos bíblicos constatamos Jesus e os apóstolos apenas dando ordens aos demônios para se retirarem cf. Mt 8:16: Mc 1:25: At 16:18). Não é necessário inserir no culto ou em ocasiões em que é preciso expulsar cerimônias, atitudes tais como passes místicos ou entrevistas com os espíritos imundos. Não é mesmo uma batalha fácil. não é verdade? Mas sempre é possível que experimentemos vitória em todas as investidas de Satanás e dos demônios contra nós. Além do poder de Deus que em nós reside, pela presença do Seu Espírito em nossa vida, Ele colocou à nossa disposição um arsenal. EMBUSTES - falsidades; logros; mentiras: truques feitos para enganar. ENCURRALADO preso em curral; cercado; sem saída. INCAUTOS - descuidados: sem cautela; desprevenidos. AS ARMAS DA NOSSA MILÍCIA Constatamos que vivemos em franca luta contra o poder das trevas. Estamos envolvidos numa guerra que atravessa milênios e que só terá o seu fim quando o Senhor Jesus puser "todos os inimigos debaixo dos seus pés" (cf. 1 Co 15:24,25). Vamos considerar as armas que temos para lutar nessa guerra. Não são armas carnais; nem poderiam ser, porque a luta é espiritual. "Noutras palavras como diz John Stott, "nossa luta não é contra seres humanos, mas contra inteligências cósmicas; nossos inimigos não são humanos, mas demoníacos (Stott, p.200). A armadura, à disposição do crente, tem seis peças principais do equipamento do soldado antigo: o cinto, a couraça, as botas. o escudo, o capacete e a espada. Paulo as emprega como ilustrações da verdade, da justiça, do evangelho da paz, da fé, da salvação e da Palavra de Deus. A armadura é de Deus (cl. Is 59:17), mas hoje Ele possibilita que nos revistamos dela, a fim de estarmos devidamente equipados. É uma armadura perfeitamente adequada para a luta. Nenhuma de suas peças é dispensável. Paulo insiste: “tomai toda a armadura de Deus" (Ef 6:13). 30 SEMINÁRIO BÍBLICO = Anjos 1. O cinto da verdade O cinto do soldado antigo envolvia a sua cintura e servia para aprender a túnica e segurar a espada. O cinto do soldado cristão é a verdade, isto é, a sinceridade ou integridade. Deus no-la Deus requer que sempre fazemos a verdade (Ef 4:25) e Se compraz com a verdade no íntimo (SI 51:8). Nada de hipocrisia, insinceridade, ou fingimentos. Precisamos "andar na verdade", orientar nossa conduta pela verdade (2 Jo 4). Caso contrário, estaremos fazendo o jogo do diabo e não poderemos vencê-lo. 2. A couraça da justiça (v.14) O soldado antigo dispunha de uma couraça que protegiam todas as suas partes vitais. Era a principal peça da armadura. A couraça do cristão é a “justiça" de Deus; a justiça que Deus a ele atribui, ou seja, a iniciativa graciosa de Deus para fazer com que os pecadores fiquem bem com Ele através de Cristo (Rm 5:1). Satanás é acusador. A justiça que temos em Cristo é nossa proteção contra as acusações de Satanás (Rm 8:1,33). Mas a couraça da justiça pode ter também o sentido de justiça de caráter e de conduta que se exige do cristão (Ef 4:24 e 5:9). Em todas as coisas, grandes e pequenas, o crente em Cristo precisa agir com justiça. E se ocorrer de vir a pecar, esta justiça pode lhe ser aplicada mediante o arrependimento e confissão (1 Jo 1:9). 3. As sandálias do evangelho da paz (v.15) O soldado antigo calçava sandálias que eram feitas de couro. Tinham cravos na sola, eram presas nos calcanhares e nas canelas e tinham tiras que subiam nas pernas. Serviam para equipá-lo para as marchas e evitavam que os pés deslizassem. As sandálias do cristão são a “preparação do evangelho da paz". Podemos aplicar este termo em dois sentidos: a. a prontidão para anunciar o evangelho da paz - uma vez que temos a nossa paz restabelecida com Deus (cf. Rm 5:1; Ef 2:14-17), devemos sair com entusiasmo e firmeza para levar aos outros a mesma paz (cf. Is 52:7). Johannes Blauw entendeu assim quando escreveu: "A obra missionária é como um par de sandálias dado à Igreja para que esta se ponha a caminho e continue avançando para tornar conhecido o mistério do Evangelho". b. a experiência da paz - a paz deve dominar no coração do crente em Cristo. Paulo ensina: "Seja a paz de Cristo o árbitro em vossos corações" (Cl 3:15; cf. Fp 4:7). Se esta paz não reinar em nosso intimo, não teremos condição de ser pacificadores (Mt 5:9). Satanás sempre procura perturbar a nossa paz, tirando-nos o prazer de experimentá-la em nossos relacionamentos. Para o nosso viver diário, diante de tantas ameaças de conflitos, precisamos de um bom calçado que nos dê firmeza e proteção. Só a paz de Deus nos faz firmes e seguros nos caminhos escorregadiços da tentação e nas ladeiras pedregosas da adversidade. 4. O escudo da fé (v.16) O escudo do soldado antigo lhe servia para aparar as flechas (que tinham suas pontas revestidas de estopa embebida em substância combustível, e acesas eram lançadas contra o exército inimigo). O escudo do cristão é a fê. Com este escudo ele pode aparar todos os mísseis incendiários - "os dardos inflamados" que o diabo lança contra o exército de Cristo. Os “dardos" podem ser de várias espécies. Podem ser as acusações maliciosas, as insinuações da impureza e da malícia, os indesejados pensamentos de dúvida, de desobediência, de rebeldia e de medo. Precisamos do “escudo da fé’ que nos habilita a confiar plenamente em Deus e a descansar na Sua fidelidade”. 5. O capacete da salvação (v.17) O capacete é a proteção para a cabeça. O capacete do soldado antigo era feito de bronze ou ferro, forrado com material que o tornava confortável à cabeça. O capacete do soldado cristão é a salvação. Ele o usa no sentido de que possui a salvação, que já lhe está garantida. A salvação é sua possessão eterna. Tendo este conhecimento, o soldado cristão enfrenta confiante o inimigo (1 Ts 5:8). A esperança (certeza) da vida eterna alimenta sua confiança, na luta diária com o inimigo. 6. A espada do Espírito (v 17) A espada é a única arma ofensiva do cristão. Cinco peças da armadura são para a defesa, e só uma para o ataque. Isto pode significar que antes de responder aos golpes de Satanás, temos de saber nos defender dele. A espada do soldado cristão é a Palavra de Deus (Hb 4:12). É a Revelação escrita de Deus, dada aos homens por inspiração do Espírito Santo (2 Tm 3:16; 2 Pe 1:21). Munidos dela, os cristãos podem 31 SEMINÁRIO BÍBLICO = Anjos derrotar o inimigo, como Jesus o fez. Três vezes Ele disse: "Está escrito" (Mt 4:4,7,10). Também conseguem se livrar das impurezas que querem invadir sua alma, porque a Palavra santifica (Ef 5:26). Mas para manejar bem a arma, é preciso treinar. O treinamento se dá mediante a leitura, meditação e estudo da Bíblia (2 Tm 2:15). Depois de descrever a armadura, Paulo acrescenta a necessidade da oração. Não é uma arma a mais. E um espírito de dependência de Deus que deve permear toda a luta. Segundo o comentarista Francis Foulkes, o apóstolo dá a entender que devemos “vestir cada peça com oração, e então continuar ainda em toda oração e súplica (Foulkes, p.146)”. 1. Uma oração constante (v. 18) "Orando em todo o tempo" (cf. 1 Ts 5:17). Isso significa manter-se o mais possível sintonizado com o Senhor. Precisamos aprender a reservar tempo para nos dedicarmos à oração. Mas também pode indicar a necessidade de buscar o Senhor nas diversas situações da vida, colocando tudo sob Sua orientação e vontade. Devemos cobrir todas as esferas da nossa vida pela oração, a fim de que Satanás não obtenha vantagem em nenhuma delas. 2. No Espírito (v 18) Orar no Espírito é dirigir-nos a Deus na dependência do Espírito, contando como Seu auxílio (Rm 8:26). Pelo fato de não sabermos orar como convém, o Espírito Santo, que conhece a mente do Senhor, interpreta diante dEle as nossas orações. Há orações carnais, á moda daquela do fariseu (Lc 18:11,12), que são feitas sem nenhuma dependência do Espírito, e há orações espirituais. Mesmo estas precisam da assistência do Espírito. Certamente Satanás tenta induzir o cristão à arrogância espiritual, manifestada nas orações; por isso a ordem para orarmos "no Espírito" (cf. Jd 20). 3. Com perseverança (v. 18) A perseverança é essencial, pois o inimigo esta disposto a nos desanimar. Aproveitando-se do nosso cansaço físico, das preocupações, do trabalho, das dúvidas e depressões, Satanás age para fazer-nos desistir de orar. Jesus nos ensina a ”orar sempre e nunca esmorecer" (Lc 18:1). 4. Por todos os santos (v. 18) Nossas necessidades, não raro, levam-nos à prática da oração egoísta. Mas outros também são necessitados e, às vezes, muito mais do que nós. E todos estamos juntos nessa batalha. carecendo de forças para lutar. "A nossa união em Cristo é tão real que, se um membro sofre, todos sofrem com ele; se um crente é derrotado, todos, num certo sentido, são prejudicados por aquela derrota. A vitória total da Igreja de Cristo depende da vitória individual de cada crente. Por aí vemos como um santo é responsável por todos os santos. Cada dia devemos suplicar pela Igreja inteira. que seja fortalecida e dinamizada para a luta contra o mal, e transfigurada cada vez mais na imagem de Cristo” (M. Porto Filho). 5. Pelos missionários (vs.19,20) Paulo pede por ele, porque "era suficientemente sábio para saber da sua própria necessidade de força para ficar firme contra o inimigo, e era também suficientemente humilde para pedir que seus amigos orassem com ele e por ele” (Stoff, p.219). E com isso aprendemos da necessidade de orar pelos missionários. Eles, como Paulo, estão motivados a pregar o Evangelho e precisam que peçamos que Deus lhes conceda sabedoria e ousadia. Embora estivesse preso, Paulo não pediu que orassem por sua libertação. mas que intercedessem pelo grande ministério que ainda lhe cabia. "Tomai toda a armadura” Não temos de fabricar armas para a luta espiritual. To do um arsenal já está à nossa disposição, fabricado pelo Senhor. Só resta nos apropriarmos desta armadura. Com ela, certamente, resistiremos no dia mau, e, depois de termos vencido tudo, permaneceremos inabaláveis (v.13). Um grande perigo que corremos nos dias de hoje é nos deixar levar por modismos que vez por outra surgem, e são oferecidos aos crentes como recursos para a sua luta contra o diabo. De nenhum outro armamento precisamos, além deste que nos é oferecido pelo Senhor. ESCORREGADIÇOS - que fazem escorregar; lisos ou lubrificados; escorregados. PEDREGOSAS - cheias de pedras. BIBLIOGRAFIA 32 SEMINÁRIO BÍBLICO = Anjos BROADUS, John - "Comentário de Mateus” BLAUW Joliannes - "A natureza missionaria da Igreja". São Paulo, ASTE, 1986 CABRAL, Elienai - "Lições bíblicas: Anjos uma perspectiva bíblica e atual". Rio de Janeiro, CPAD, 1997. CHAFER, Lewis Sperry - "Teologia Sistemática" - São Paulo, Imprensa Batista Regular, 1986. 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