AVALIAÇÃO DA IMUNOGENICIDADE DE PROTEÍNAS RECOMBINANTES DE M. HYOPNEUMONIAE EVALUATION OF IMUNOGENICITY OF RECOMBINANT PROTEINS OF M. HYOPNEUMONIAE Fisch, Andressa1; Galli, Vanessa1; Simionatto, Simone1; Marchioro, Silvana B.1; Gomes, Charles K.1; Dellagostin, Odir A.1* Resumo Mycoplasma hyopneumoniae é o agente etiológico da Pneumonia Enzoótica Suína (PES), doença contagiosa que gera grandes perdas no setor suinícola. As bacterinas utilizadas na profilaxia da PES apresentam alto custo de produção devido ao crescimento fastidioso do M. hyopneumoniae. A tecnologia do DNA recombinante pode ser utilizada na produção de antígenos recombinantes para avaliação quanto ao potencial uso como nova vacina.Neste estudo,sete proteínas recombinantes de M. hyopneumoniaeforam clonadas e expressas em E. coli e avaliadas quanto a imunogenicidade em camundongos,isoladas ou em associação. Palavras chave - Mycoplasma hyopneumoniae, proteína recombinante, imunogenicidade Summary Mycoplasma hyopneumoniae is the etiologic agent of Porcine Enzootic Pneumonia, a contagious disease that causes major losses in the pig industry. The bacterins used in the prophylaxis of PES has high production costdue to the fastidious growth of M. hyopneumoniae. Recombinant DNA technology can be used in the production of recombinant antigens for evaluation regarding its potential use as a new vaccine. In this study, recombinant proteins of M. hyopneumoniae have been cloned and expressed in E. coli and evaluated for immunogenicity in mice, isolated or in association. Key words - Mycoplasma hyopneumoniae, recombinant protein, immunogenicity Pneumonia Enzoótica Suína (PES) é uma doença respiratória contagiosa,causada pela infecção com Mycoplasmahyopneumoniae,que acomete suínos no mundo todo, causando grandes perdas econômicas ao setor suinícola. Embora existam vacinas comerciais (bacterinas) usadas no controle desta doença, as mesmas não são produzidas no Brasil e apresentam um elevado custo de produção (ROSS, 1999), pois o crescimento in vitro do M. hyopneumoniae é fastidioso e requer um meio de cultura bastante rico (KOBISH e FRIIS, 1996).Em virtude disso, alternativas para a profilaxia da PES tem sido desenvolvidas, incluindo a utilização da tecnologia de DNA recombinante.Este trabalho teve por objetivo avaliar a imunogenicidade das seguintesproteínas recombinantes secretadas de M. hyopneumoniae: MHP0107, MHP0272, MHP0487, MHP0372, MHP0418, MHP443 e MHP0660. Os alvos foram amplificados por PCR a partir do DNA genômico de M. hyopneumoniae7448, sendoos alvos MHP0418 e MHP0372 previamente submetidos à mutagênese sítio-dirigida,onde códons TGA foram substituídos por códons TGG (Simionatto et al, 2009). Os fragmentos resultantes foram clonados no vetor pAE com promotor para expressão em E. coli, e posteriormente transformados por eletroporação em E. coli TOP 10. _______________________ 1 Laboratório de Biologia Molecular – CDTec/UFPel *Autor para correspondência: Odir A. Dellagostin, Laboratório de Biologia Molecular, Núcleo de Biotecnologia, CDTec - Universidade Federal de Pelotas, Campus universitário S/N; Cx Postal 354; 96010-900; Pelotas - RS; Brazil; [email protected] Os clones recombinantes foram caracterizados através da digestão com enzimas de restrição e transformados por eletroporação em cepa de expressão E. coli BL21 (DE3) RIL. A expressão e purificação das proteínas foram realizadas conforme descrito por Galli et al (2011). Para avaliação da imunogenicidade, onze grupos de 5 camundongos BALB/c fêmeas com 8 a 10 semanas de vida, foram imunizados com:1 - MHP0107; 2 - MHP0272; 3 MHP0418, 4 - MHP0487; 5 - MHP0443; 6 - MHP0660; 7 - MHP0372; 8 - associação das proteínasMHP70418, MHP0487 e MHP0443 (Mix1); 9 - associação das proteínas MHP0418, MHP0660 e MHP0372 (Mix2); 10 - 100 µL de salina 0,85% (controle negativo); e 11 - 100 µL da vacina comercial RespiSure® (Pfizer) (controle positivo). Para os grupos 1 a 7 foram utilizados 50 µg das vacinas recombinantes, e para os grupos 8 e 9, utilizou-se 16,6 µg de cada proteína. Hidróxido de alumínio (15%) foi utilizado como adjuvante. Foram administradas duas doses por via intramuscularcom intervalo de 21 dias entre elas.O sangue dos animais foi coletado do sino retro-orbital em zero (soro pré-imune)e 105 dias pósinoculação (soro imune). O soro foi obtido através de centrifugação e armazenado a -20 ºC. No dia 105 os animais foram sacrificados. Todos os animais foram mantidos durante o experimento de acordo com as recomendações do Comitê de Ética em Experimentação Animal da Universidade Federal de Pelotas. A produção de anticorpos contra as proteínas recombinantes no soro dos camundongos imunizados foi verificada por ELISA indireto. Placas de 96 cavidades foram sensibilizadas com 100 ng de cada proteína recombinante diluídas em tampão carbonato-bicarbonato (pH 9,6). O soro dos camundongos imunizados foi diluído 1:50; utilizou-se anticorpo anti-IgG de camundongo conjugado com peroxidase (1:4000). O soro dos animais imunizados com vacinas constituídas de associação de proteínas (Mix1 e Mix2) também foi confrontado com uma mistura baseada em quantidades equimolares destas proteínas, além de serem confrontados com cada uma das proteínas individualmente, visando avaliar a contribuição de cada proteína em cada uma das duas vacinas. Através do ELISA (Figura 1), verificou-se a produção de anticorpos específicos contra as proteínas em questão aos 105 dias pós-imunização, sendo esta resposta estatisticamente superior ao soro pré-imune. Os grupos inoculados com salina e bacterina não apresentaram anticorpos contra estas proteínas (dados não apresentados). As proteínas MHP0443 e MHP0372 foram as principais responsáveis pela resposta imune observada em animais imunizados com as formulações contendo combinações de proteínas (Figura 1B). Embora a resposta humoral induzida pela associação de proteínas não tenha diferido estatisticamente da resposta induzida por estas duas proteínas individualmente (MHP0443 e MHP0372), é possível que a produção de anticorpos distintos proporcionado pela presença de outras proteínas na formulação auxilie na proteção contra o agente infeccioso. Porém, outros estudos são necessários para comprovar esta hipótese. As diferenças estatísticas encontradas entre os grupos imunizados com as proteínas recombinantes, tanto isoladas quanto em mix, do grupo inoculado com solução salina (controle negativo) indicam a capacidade destas em induzir a formação de anticorpos específicos, atestando seu potencial imunogênico. As proteínas MHP0443 e MHP0372 apresentaram níveis mais elevados de indução de anticorpos tanto quando administradas de forma isolada quanto ao serem associadas com outras proteínas. 2 Figura 1. Avaliação da imunogenicidade em camundongos de proteínas recombinantes de M. hyopneumoniaedeterminada por ELISA indireto.A. Soro de animais imunizados (diluídos 1:50) com as proteínas recombinantes confrontados com as proteínas individuais correspondentes.B. Soro de animais imunizados com as associações de proteínas Mix1 e Mix2 confrontados com o mix de proteínas e com as proteínas individuais correspondentes.Os dados referem-se à subtração da densidade óptica (492 nm) individual referente ao dia 105 pela densidade óptica individual referente ao dia 0. Letras diferentes indicam diferença estatística (P<0,01) entre tratamentos pelo teste de Tukey. Referências Bibliográficas GALLI, V. Resposta imune induzida por antígenos de Mycoplasma hyopneumoniae avaliados como vacina de DNA ou subunidade recombinante. 2011. 105p. Dissertação (Mestrado em Biotecnologia) – Programa de Pós Graduação em Biotecnologia. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas. KOBISH, M.; FRIIS, N. F. Swinemycoplasmoses. Res. Sci. Tech. Off. Int. Epiz. v. 15, p.1569-1605. 1996. ROSS, R.F. Mycoplasmal diseases. In: STRAW B.E., D’ALLAIRE S., MENGELING W.L., TAYLOR D.J. Diseases of Swine. Iowa State University Press, Ames, Cap.36, p.495–505, 1999. SIMIONATTO, S.; MARCHIORO, S. B.; GALLI V.; HARTWIG, D. D.; CARLESSI, R. M.; MUNARI, F. M.; LAURINO, J. P.; CONCEIÇÃO, F. R.; DELLAGOSTIN, O. A. Cloning and purification of recombinant proteins of Mycoplasma hyopneumoniae expressed in Escherichia coli. Protein Expression and Purification, v.79, i.1, p.101-105, 2009. 3