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REFLEXÕES SOBRE O ENSINO FILOSOFIA NA INFÂNCIA:
ENTRE O MODERNO E O CONTEMPORÂNEO
Cristiane Lópes de Faria
Márcia Helena de Lima
Universidade Federal de Uberlândia e
Centro de Ensino Superior de Catalão
RESUMO
A presente pesquisa objetivou uma reflexão sobre as vantagens da educação filosófica na infância. Foram
abordadas majoritariamente as idéias do autor americano Mattew Lipman, que discute o ensino de Filosofia para
crianças a partir de 1970. Segundo Lipman, se a Filosofia é a arte da construção do conhecimento, por que os
filósofos antigos como Platão e Aristóteles não enfatizaram esta construção durante a infância? Tal
problematização direcionou as buscas bibliográficas que culminaram no desenvolvimento desse estudo. Em seu
livro: “A Filosofia na sala de aula”, o autor Lipman e seus colaboradores Sharp e Oscanyan atentam para o fato
de que as crianças são as que mais fazem perguntas, e sendo esta uma curiosidade natural da infância,
consideram então, os conhecimentos das crianças um campo fértil para a Filosofia, discordando da mínima
importância dada aos “pequenos” pelos “grandes” mestres da Filosofia antiga. O ensino de Filosofia implica
assim, na orientação aos estudantes, para que estes levantem hipóteses, a respeito de temas, discutindo e
valorizando a realidade em que vivem. A aprendizagem filosófica ocorre da interação das crianças com o seu
ambiente escolar, familiar e social, pois, é de acordo com suas experiências que as pessoas em geral se
interessam por este ou aquele problema, originando aí uma investigacão dos "porquês" acerca das situações
vivenciadas em seus espaços sociais e familiares. Com as crianças não é diferente, são os fenômenos por elas
presenciados que as despertam a buscarem explicações para seus questionamentos. O que precisam, portanto é
trabalhar essa criatividade. Assim, o ensino de Filosofia implica em fazer com que os estudantes levantem temas
e discuta-os. De acordo com Lipman, as crianças que não receberam uma educação baseada em princípios
filosóficos não apresentam desenvolvimento cognitivo tão aguçado quanto as que desenvolvem um processo
educativo sob o prisma da criatividade e dos questionamentos. Com base nos referenciais teóricos relevantes no
decorrer deste estudo, acreditamos que as crianças que forem envolvidas por esse processo ou por variações dele
dificilmente deixem de apreender a reflexão. Ainda que não consigam formular pensamentos com lógica
filosófica, certamente formularão indagações e uma vez estimulada esta capacidade, provavelmente procurarão
satisfazê-la, o que as impelirá à produção do conhecimento, e é justamente o encontro do próprio “eu”, a busca
da identidade, um problema filosófico significativo. Não consideramos esse trabalho acabado, e sim o ponto de
partida para novas estudos, pois tratou-se de uma pesquisa inicial realizada na Disciplina de Monografia I no
Curso de Pedagogia da Universidade Federal de Uberlândia.
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Reflexões sobre o ensino de Filosofia na Infância