Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.10, n.1, p.43-52, 2008 ISSN 1517-8595 AVALIAÇÃO DO ºBRIX E PH DE FRUTOS DA GOIABEIRA EM FUNÇÃO DE LÂMINAS DE ÁGUA E ADUBAÇÃO NITROGENADA José Everardo B. da Silva1, José Dantas Neto2, Josivanda Palmeira Gomes2, José L. Maciel2, Manassés Mesquita da Silva1, Rogério Dantas de Lacerda1 RESUMO Dentre as frutas tropicais brasileiras, a goiaba ocupa lugar de destaque, não só pelo seu aroma e sabor como também pelo seu valor nutricional. Neste estudo, caracterizaram-se os frutos de goiaba, cultivar Paluma, através de determinações químicas em função da lâmina de irrigação e da adubação nitrogenada. O experimento foi realizado no Campo Experimental de Veludo pertencente à EMEPA, no município de Itaporanga, PB. Utilizou-se o delineamento experimental em blocos ao acaso, em esquema fatorial 4 x 4, com quatro repetições. Foram testadas quatro doses de nitrogênio: N1 = 50, N2 = 100, N3 = 150 e N4 = 200 kg ha-1 e quatro lâminas de irrigação L1 = 1144, L2 = 1465, L3 = 1785 e L4 = 2106 mm. O teor de sólidos solúveis totais foi influenciado pela quantidade de água aplicada com diminuição à medida que se aumentava a lâmina de irrigação, o mesmo ocorrendo quando se aumentou as doses de nitrogênio. Apenas a dose de nitrogênio interferiu no pH do fruto, que variou de 3,37 a 4,40. Os melhores resultados das propriedades químicas (ºBrix e pH) foram obtidos para combinação: N3 = 150 kg ha-1 e L3 = 1785 mm. Palavras-chave: dose de nitrogênio, fertirrigação, propriedades químicas. EVALUATION OF ºBRIX PH GUAVA FRUITS IN FUNCTION OF WATER SHEETS AND NITROGEN MANURING ABSTRACT The guava occupies a prominence place among the Brazilian tropical fruits, not only for its aroma and flavor as well as for its nutritional value. The objective of this study was to characterize the guava fruits, Paluma cultivating, through chemistries determinations in function of the irrigation sheet and nitrogen manuring. The experiment was accomplished in the Veludo Experimental Station, EMEPA, located in Itaporanga city, Paraíba State. An experimental design in randomized blocks, in factorial scheme (4 x 4) with four repetitions was utilized. The nitrogen doses of N1 = 50, N2 = 100, N3 = 150, N4 = 200 kg ha-1 and irrigation levels L1 = 1144, L2 = 1465, L3 = 1785 and L4 = 2106 mm were tested. The total soluble solids content of the guava fruit was influenced by the water quantity applied, decreasing when the irrigation sheet increased. The same fact was verified with the nitrogen doses. Just the nitrogen dose interfered in pH of the fruit, which varied from 3.37 to 4.40. In general, in this study, the dose of 150 kg ha-1 of nitrogen combined with the irrigation depth of 1785 mm provided the best chemical properties results (ºBrix e pH). Keywords: nitrogen dose, fertirrigation, chemical properties 1 2 Mestre em Engenharia Agrícola da UFCG/COPEAG UFCG/CTRN/UAEAG. E-mail: [email protected]; [email protected]; [email protected] 43 44 Avaliação do ºBrix e pH de frutos da goiabeira em função de lâminas de irrigação e doses de nitrogênio INTRODUÇÃO O Brasil, favorecido por suas condições territoriais e climáticas é um importante pólo mundial de produção de frutas frescas ou in natura. O País é o terceiro maior produtor mundial de frutas frescas, com 38 milhões de toneladas, exportando, entretanto, em 2004 apenas cerca de 2% desse valor (Olic, 2005). Dentre as frutas tropicais brasileiras, a goiaba ocupa lugar de destaque, não só pelo seu aroma e sabor como também pelo seu valor nutricional, sendo o Brasil o maior produtor de goiabas vermelhas do mundo, com boa aceitação tanto no mercado interno como no mercado externo (IEA, 2005). Quanto ao processamento industrial, a goiaba é a matéria prima dos principais doces produzidos a partir de frutos tropicais, além de participar da preparação de outros produtos como geléias, pastas, frutas em calda, purês, refrescos e xaropes. O fruto também é a melhor opção para o consumo humano no que diz respeito à vitamina C, carotenóides, potássio, fibras, cálcio e ferro, possuindo baixa caloria, sendo seu consumo um ótimo meio para prevenção e combate ao câncer (Medina, 1988). Recentemente, o tomate para a produção de catchup deu lugar à goiaba na fabricação do guatchup agregando valor à fruta (Goiabrás, 2002). Os fatores responsáveis pela qualidade dos frutos recebem a influência direta da cultivar, condições climáticas, solo, tratos culturais e estádios de maturação (Hulme, 1970). A composição química da goiaba recebe influência direta da variedade, nutrição, estádio de maturação e condições climáticas durante o período de desenvolvimento dos frutos. Não há, portanto, possibilidade de extrapolar os resultados de uma região para a outra, o que implica na necessidade de pesquisas de âmbito regional para o conhecimento da qualidade dos frutos (Esteves e Carvalho, 1982). O pH é um parâmetro que mede de uma forma geral a acidez de frutas e alimentos, sendo este o indicador do tipo de tratamento necessário para se conservar alimentos. O aumento do pH está diretamente relacionado com o decréscimo da acidez ocorrida com o avanço da maturação dos frutos (Chitarra e Chitarra, 1990). Os sólidos solúveis totais (ºBrix) são usados como índice de maturidade e qualidade para alguns frutos, e indicam a quantidade de substâncias que se encontram dissolvidos no Silva et al. suco, sendo constituído na sua maioria por açúcares (Maia et al., 1998; Medina, 1988). Para Gongatti Netto et al. (1994) a goiaba pode ser colhida quando o seu °Brix estiver próximo de 9,0%. Quanto à adubação da goiabeira dispõe-se de poucos resultados de pesquisa realizada no Brasil e em outros países que determinem as verdadeiras necessidades nutricionais dessa cultura. Enquanto para a maioria das fruteiras economicamente importantes, já se conhecem as chamadas doses econômicas de nitrogênio, fósforo e potássio para cada tipo de solo, determinadas a partir de resultados experimentais, para a goiabeira praticamente inexistem recomendações (Medina, 1988). Na maioria das vezes as pesquisas com goiabeira concentraram-se nos aspectos de produção e adaptação de diferentes genótipos às condições locais. Porém, estudos relacionados à composição química dos frutos (ºBrix e pH) são de grande importância para avaliar a qualidade final dos mesmos, proporcionando subsídios, não só para um programa de adubação e restituição ao solo, como também para a manutenção de sua fertilidade. Daí, a necessidade de estudos mais detalhados a respeito da qualidade dos frutos produzidos em cada região (Lima et al., 2002). Diante do exposto, esse estudo foi realizado com o objetivo de avaliar a qualidade dos frutos de goiaba, por meio de determinações químicas (ºBrix e pH) em função de diferentes lâminas de água e adubação nitrogenada. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido em um pomar cultivado com goiabeira, variedade Paluma, com quatro anos de idade, localizado na Estação Experimental de Veludo, pertencente à Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba - EMEPA, município de Itaporanga, cujas coordenadas geográficas são 07° 18’ 00’’ de latitude Sul e 38° 09’ 00’’ de longitude oeste, altitude de 291 m, a aproximadamente 430 km do centro da cidade de João Pessoa, PB. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso, em esquema fatorial 4x4, com quatro repetições, combinando-se quatro lâminas de irrigação (L1 = 0,60*Lb; L2 = 1,00*Lb; L3 = 1,40*Lb e L4 = 1,80*Lb) e quatro níveis de adubação nitrogenada (N1=50; N2=100; N3 = 150 e N4 = 200 kg ha-1) aplicados via sistema de irrigação (Figura 1). A lâmina bruta (Lb, mm), foi determinada com base na Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.10, n.1, p.43-52, 2008 Avaliação do ºBrix e pH de frutos da goiabeira em função de lâminas de irrigação e doses de nitrogênio evaporação diária do tanque classe A e o coeficiente da cultura (Equação 1). Os Silva et al. 45 resultados foram analisados estatisticamente utilizando o software SISVAR. L1 N4 L2 L4 L3 L4 N3 L2 L3 L1 L2 N2 L4 L1 L3 L1 N1 L3 L2 L4 Bloco 1 Bloco 2 Bloco 3 Bloco 4 Injetor de Fertilizante (venturi) Figura 1 – Disposição do sistema de irrigação na área experimental cultivada com goiaba. O experimento foi realizado em um pomar cultivado com goiabeira variedade Paluma, com quatro anos de idade, no espaçamento de 6x5 m. Utilizou-se o sistema de irrigação por microaspersão, emissores com vazão nominal de 50 L ha-1, pressão de serviço 250,0 kPa, proporcionando um raio molhado de 2,50 m. Cada planta dispunha de um emissor. A lâmina bruta (Lb) de irrigação foi calculada com base na evaporação diária do tanque classe A, coeficiente da cultura (kc) para diferentes fases fenológicas e coeficiente de área molhada (ks), de acordo com a Equação 1. Lb = Et * kt * kc * ks − Pe Ef (1) em que: Lb – lâmina bruta de irrigação, em mm; Et – evaporação diária do tanque classe A, em mm; kt – coeficiente de tanque (0,80); kc –coeficiente da cultura (Tabela 1); ks – coeficiente de área molhada pelo emissor (0,65); Pe – precipitação efetiva e Ef – eficiência de irrigação (0,84) Como fonte de nitrogênio utilizaram-se nitrato de potássio e uréia aplicados via água de irrigação, três vezes por semana durante o ciclo da cultura, no total de 80 aplicações. O tempo de irrigação para se aplicar as lâminas Li (i = 1,2,3 e 4) foi determinado de acordo com a Equação 2. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.10, n.1, p.43-52, 2008 46 Avaliação do ºBrix e pH de frutos da goiabeira em função de lâminas de irrigação e doses de nitrogênio Ti = L i E1E 2 Q (2) Silva et al. entre emissores, m; E2 – espaçamento entre plantas, m e Q – vazão do emissor, L h-1. em que: Ti – tempo de irrigação, em h; Li – lâmina necessária, em mm; E1 – espaçamento Tabela 1 – Fase fenológicas da goiabeira variedade Paluma e coeficiente de cultivo (kc). Fases F1 F2 F3 F4 Período de desenvolvimento Brotação, crescimento vegetativo Crescimento vegetativo, floração, queda de fruto Crescimento do fruto Maturação e colheita No dias (acumulado) 63 109 172 200 kc (médio) 0,68 0,76 0,71 0,62 Fonte: Ferreira (2004) A injeção dos fertilizantes (nitrato de potássio uréia) foi realizada por meio de uma bomba injetora tipo venturi, com vazão de 900 mL min-1. A solução foi preparada diluindo-se cada quantidade a ser aplicada em balde com capacidade de 10 L de água, adotando-se um período de 15 min para cada aplicação. Aos 195 dias de cultivo, quando a cultura encontrava-se em plena produção, foram coletadas amostras de frutos em cada parcela experimental (cinco por parcela com quatro repetições), para caracterização química. As amostras foram devidamente embaladas em sacos de papel, etiquetadas e transportadas para o Laboratório de Armazenamento e Processamento de Produtos Agrícolas (LAPPA) da Universidade Federal de Campina Grande, local onde foram realizadas as análises. O pH foi determinado utilizando-se um potenciômetro de marca Digimed, DMPH-2, calibrado com soluções tampão (pH 4,0 e 7,0) enquanto que o ºBrix determinou-se por meio de um refratômetro de leitura direta, marca Guimis. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados da análise de variância dos dados de °Brix e pH em função das doses de nitrogênio e lâminas de irrigação estão dispostos na Tabela 2. Observa-se efeito significativo, a 1% de probabilidade para o fator dose de nitrogênio, tanto para as variáveis °Brix como pH, já para o fator lâmina de irrigação verificou-se significância (p < 0,01) apenas para a variável °Brix. Verifica-se também, que para o pH do fruto o efeito das doses de nitrogênio sobre a goiabeira depende das lâminas de irrigação, uma vez que houve diferença significativa para a interação (L x N). Na Tabela 2 os valores médios do ºBrix dos frutos da goiabeira variaram de 9,96 a 12,06%. Esses valores são maiores do que os encontrados por Medeiros (2003), em goiabeiras com três anos de idade, cujos valores variaram de 5,0 a 7,0% e por Chitarra et al. (1981) que obtiveram um ºBrix de 6,51%; por outro lado, estão coerentes com valores encontrados por Maia et al. (1998) com resultados de 12,10% e com Medina (1988) que apresentaram valores variando de 9,50 a 11,30% de ºBrix. Portanto, os teores de sólidos solúveis totais (°Brix) dos frutos de goiaba, do presente estudo, estão adequados para alimentação in natura. Segundo Gongatti Neto et al. (1994) a goiaba pode ser colhida quando apresentar °Brix acima de 9,0 %. Os valores médios do pH dos frutos da goiabeira variaram de 3,39 a 3,67 (Tabela 2). Esses valores estão coerentes com dados de literatura. Boyle et al. (1957) analisando propriedades químicas de goiaba encontraram pH variando de 3,30 a 3,50. Medeiros (2003) que trabalhando com a variedade paluma encontrou pH variando de 3,82 a 4,40. Medina (1988) encontrou valores de pH para frutos de goiaba de 3,85 a 4,00 e Lima et al. (2001) caracterizando goiabas no sub-médio São Francisco obtiveram pH na faixa de 3,72 a 4,22. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.10, n.1, p.43-52, 2008 Avaliação do ºBrix e pH de frutos da goiabeira em função de lâminas de irrigação e doses de nitrogênio Silva et al. 47 Tabela 2 – Análise de variância referente ao ºBrix e pH da goiabeira, em função de diferentes lâminas e doses de nitrogênio. Fonte de Variação GL Lâminas (L) Regressão Linear Regressão Quadrática Regressão Cúbica Dose de Nitrogênio (N) LxN Blocos Resíduos CV (%) Lâminas de irrigação (mm) L1 (1144) L1 (1465) L3 (1786) L4 (2106) Doses nitrogênio (kg ha-1) N1 (50) N2 (100) N3 (150) N4 (200) 3 1 1 1 3 9 3 45 Quadrado Médio ºBrix pH 13,47** 0,02ns Desdobramento das fontes de variação lâminas de irrigação (L) e doses de nitrogênio (N) (Tabelas 4 e 5) 5,03** 0,26** 0,54 ns 0,08* 0,28 ns 0,05 ns 1,04 0,03 9,45 5,09 Médias das lâminas 12,06 3,47 10,76 3,48 9,96 3,43 10,31 3,52 Médias das doses de nitrogênio 11,11 3,39 10,71 3,45 11,25 3,41 10,01 3,67 ** Significativo a 0,01 de probabilidade; *Significativo a 0,05 de probabilidade; nsnão significativo pelo teste F Considerando que as fontes de variação estudadas são fatores quantitativos e importantes economicamente para a produção agrícola, efetuou-se o desdobramento das lâminas de irrigação e das doses de nitrogênio (Tabelas 3 e 4). O intuito foi de quantificar a melhor lâmina e a melhor dose a ser aplicada nas condições desse experimento. De acordo com a Tabela 3 e Figura 2a verifica-se que para o °Brix do fruto, apenas na dose de nitrogênio N1(50) não houve diferença estatística e que de um modo geral o ºBrix diminuiu com o aumento da lâmina de irrigação em todas as doses estudadas. No desdobramento dose de nitrogênio para as diversas lâminas de irrigação (Tabela 4 e Figura 2b) verifica-se que quando se utilizou a lâmina L3(1786) houve diferença estatística e de modo geral o valor do ºBrix independe da dose de nitrogênio em qualquer lâmina de irrigação. Pelas equações contidas na Figura 2a, nota-se que os decréscimos verificados no °Brix do fruto na dose de nitrogênio N2(100), foram de 5,0; 10,0 e 15,0%, respectivamente para as lâminas L2(1465), L3(1786) e L4(2106), em relação à lâmina L1(1144); já na dose de nitrogênio N3(150) estes decréscimos foram de 12,6; 16,0 e 10,0%; e na dose de nitrogênio N4(200) estes decréscimos foram de 5,5%; 11,1 e 16,6%, para as lâminas L2(1465), L3(1786) e L4(2106) em relação a L1(1144), respectivamente. Verifica-se que os maiores decréscimos do ºBrix ocorreram na dose N3(150). No tocante às doses de nitrogênio (Tabela 4) observa-se que houve efeito significativo entre as doses, para o °Brix, apenas quando se utilizou uma lâmina L3(1786), cujo modelo matemático que melhor se ajustou foi o cúbico (Figura 2b), o qual apresentou um decréscimo de 6,92% da dose N2(100) em relação à dose N1(50) e um acréscimo de 5,12 e 0,57% para as doses N3(150) e N4(200) em relação à dose N1(50). Uma vez que o modelo de melhor ajuste foi o cúbico pode-se dizer que, ao se usar uma dose de nitrogênio de 56 kg ha-1, obtém-se um °Brix idêntico ao se utilizar uma dose de 150 kg ha-1. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.10, n.1, p.43-52, 2008 48 Avaliação do ºBrix e pH de frutos da goiabeira em função de lâminas de irrigação e doses de nitrogênio Silva et al. Tabela 3 – Análise de regressão das lâminas utilizadas em função das doses de nitrogênio para as variáveis ºBrix e pH do fruto da goiabeira. Fonte de variação Lâminas na dose N1 (50 kg ha-1) Regressão Linear Regressão Quadrática Regressão Cúbica Lâminas de irrigação (mm) L1 (1144) L1 (1465) L3 (1786) L4 (2106) Lâminas na dose N2 (100 kg ha-1) Regressão Linear Regressão Quadrática Regressão Cúbica Lâminas de irrigação (mm) L1 (1144) L1 (1465) L3 (1786) L4 (2106) Lâminas na dose N3 (150 kg ha-1) Regressão Linear Regressão Quadrática Regressão Cúbica Lâminas de irrigação (mm) L1 (1144) L1 (1465) L3 (1786) L4 (2106) Lâminas na dose N4 (200 kg ha-1) Regressão Linear Regressão Quadrática Regressão Cúbica Lâminas de irrigação (mm) L1 (1144) L1 (1465) L3 (1786) L4 (2106) GL 3 1 1 1 3 1 1 1 3 1 1 1 3 1 1 1 Quadrado Médio ºBrix pH 4,33ns 0,04ns 18,88ns 0,01ns ns 2,10 0,12ns ns 0,03 0,02ns Médias 12,61 3,25 11,08 3,51 10,45 3,44 10,36 3,35 3,92* 0,09** 6,58** 0,05ns ns 2,60 0,15** 2,60ns 0,08** Médias 11,79 3,59 11,13 3,47 9,48 3,23 10,43 3,51 1,91** 0,05ns 4,65** 0,00ns 6,98** 0,07ns ns 0,08 0,07ns Médias 12,60 3,44 10,93 3,43 10,25 3,25 11,22 3,51 2,93** 0,07ns 7,63** 0,09ns ns 0,86 0,00ns ns 0,30 0,11ns Médias 11,23 3,60 9,90 3,52 9,65 3,80 9,25 3,73 ** Significativo a 0,01 de probabilidade; *Significativo a 0,05 de probabilidade; nsnão significativo pelo teste F Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.10, n.1, p.43-52, 2008 Brixº Avaliação do ºBrix e pH de frutos da goiabeira em função de lâminas de irrigação e doses de nitrogênio Silva et al. 49 13.0 12.5 y100 = 13.61 -0.0018**x R 2 = 0.56 12.0 11.5 y150 =29.81 - 0.021**x + 0,000006**x2 11.0 R 2 = 0.99 10.5 10.0 9.5 y200 = 13.145 - 0.0019**x 9.0 R 2 = 0.89 8.5 8.0 1144 1465 1786 2106 Lâmina (mm) 100 kg N ha-1 150 kg N ha-1 200 kg N ha-1 (a) 12.0 11.5 y =16,27 - 0,186**x + 0,0016**X2-0,000005**x3 R2 = 0,99 Brix º(%) 11.0 10.5 10.0 9.5 9.0 8.5 8.0 50 100 150 200 Dose de nitrogênio (kg ha-1) 1786 mm (b) Figura 2 – ºBrix do fruto da goiabeira paluma em função de diferentes (a) lâminas de irrigação e (b) doses de nitrogênio. De acordo com a equação contida na Figura 3a, os decréscimos verificados no pH do fruto na dose N2(100), foram de 6,11 e 0,44% em relação à lâmina L1(1144), e um acréscimo de 5,22% da lâmina L2(1465) e da lâmina L3(1786) em relação a lâmina L2(1465). Observa-se uma pequena recuperação ao utilizar uma lâmina maior. Em relação ao pH do fruto no desdobramento das doses de nitrogênio nas lâminas de irrigação (Tabela 4 e Figura 3b) nota-se que apenas a lâmina L2(1465) não interferiu nas doses de nitrogênio e que através da análise de regressão, obteve-se efeito linear para as lâminas L1(1144) e L4(2106) e efeito quadrático para a lâmina L3(1785) ao nível de 1% de probabilidade. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.10, n.1, p.43-52, 2008 50 Avaliação do ºBrix e pH de frutos da goiabeira em função de lâminas de irrigação e doses de nitrogênio Silva et al. Tabela 4 – Análise de regressão das doses de nitrogênio utilizadas em função das lâminas para as variáveis ºBrix e pH do fruto. Fonte de variação Doses de nitrogênio na lâmina L1 (1144 mm) Regressão Linear Regressão Quadrática Regressão Cúbica Doses de nitrogênio (kg ha-1) Dose N1 (50) Dose N2 (100) Dose N3 (150) Dose N4 (200) Doses de nitrogênio na lâmina L2 (1465 mm) Regressão Linear Regressão Quadrática Regressão Cúbica Doses de nitrogênio (kg ha-1) Dose N1 (50) Dose N2 (100) Dose N3 (150) Dose N4 (200) Dose de nitrogênio na lâmina L3 (1786 mm) Regressão Linear Regressão Quadrática Regressão Cúbica Doses de nitrogênio (kg ha-1) Dose N1 (50) Dose N2 (100) Dose N3 (150) Dose N4 (200) Dose de nitrogênio na lâmina L4 (2106 mm) Regressão Linear Regressão Quadrática Regressão Cúbica Doses de nitrogênio (kg ha-1) Dose N1 (50) Dose N2 (100) Dose N3 (150) Dose N4 (200) GL 3 1 1 1 3 1 1 1 3 1 1 1 3 1 1 1 Quadrado Médio °Brix pH 1,82ns 0,10** 2,24ns 0,16** 0,30ns 0,03ns ns 2,92 0,12ns Médias 12,61 3,26 11,79 3,59 12,60 3,44 11,23 3,60 1,33ns 0,01ns 2,78ns 0,00ns ns 1,16 0,02ns ns 0,07 0,00ns Médias 11,08 3,51 11,13 3,47 10,93 3,43 9,90 3,52 0,87* 0,28* 0,53ns 0,24ns ns 0,14 0,59** 1,95** 0,02ns Médias 10,45 3,44 9,48 3,23 10,25 3,25 9,65 3,80 2,61ns 0,10** 1,30ns 0,27** 4,12ns 0,00ns ns 2,44 0,03ns Médias 10,36 3,35 10,43 3,51 11,22 3,51 9,25 3,73 ** Significativo a 0,01 de probabilidade; *Significativo a 0,05 de probabilidade; nsnão significativo pelo teste F Segundo a equação apresentada na Figura 3b, ocorre um acréscimo no pH de 2,70% para cada aumento de 50 kg de nitrogênio ao utilizar a lâmina de irrigação L1(1144), já para lâmina L4(2106) este acréscimo é de 3,43% para cada aumento de 50 kg de nitrogênio. No tocante a lâmina L3(1786), verificou-se um decréscimo de 4,66 e 0,58% para as doses N2(100) e N3(150), respectivamente, em comparação com a dose N1(50). Ao se utilizar uma dose de 200 kg ha-1 obtém-se um acréscimo de 12,24% em relação à dose N1(50). Mediante os referidos acréscimos pode-se dizer que à medida que aumenta a dose de nitrogênio, menos ácidos ficam os frutos da goiaba. Comportamento inverso foi detectado por Medeiros (2003). Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.10, n.1, p.43-52, 2008 Avaliação do ºBrix e pH de frutos da goiabeira em função de lâminas de irrigação e doses de nitrogênio Silva et al. 51 4.0 y = 4,28 - 0,001**x + 0,000003**x 2 R2 = 0,83 pH 3.8 3.5 3.3 3.0 1144 1465 1786 2106 Lâmina (mm) 100 kg N ha-1 (a) 4.0 pH 3.8 y = 4,105 - 0,0168**x + 0,00006**x 2 R2 = 0,98 3.5 3.3 3.0 50 100 150 200 -1 Dose de nitrogênio (kg ha ) 1786 mm (b) Figura 3 – pH do fruto da goiabeira paluma em função de diferentes (a) lâminas de irrigação e (b) doses de nitrogênio. CONCLUSÕES • • • O °Brix do fruto da goiaba foi influenciado pela quantidade de água aplicada, diminuindo à medida que se aumenta a lâmina de irrigação aplicada, o mesmo ocorrendo quando se aumentou a dose de nitrogênio. Apenas a dose de nitrogênio interferiu no pH do fruto (3,37 ≤ pH ≤ 4,40). Os melhores resultados das propriedades químicas (ºBrix e pH) foram obtidos para combinação: N3=150 kg ha-1 e L3=1785 mm. • AGRADECIMENTOS Os autores agradecem ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.10, n.1, p.43-52, 2008 52 Avaliação do ºBrix e pH de frutos da goiabeira em função de lâminas de irrigação e doses de nitrogênio Tecnológico (CNPq) pelo apoio financeiro e à Empresa Paraibana de Pesquisa Agropecuária (EMEPA) pela área experimental e apoio nos trabalhos de campo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Boyle, F.P.; Seagravve-Smith, H.; Sakata, S.; Sherman, G.D. Commercial guava processing in Hawaii, Hawaii Agric. Exp. Sta., University of Hawaii, 30p. 1957. Chitarra, M.I.F.; Chitarra, A.B.; Carvalho, V.D. Algumas características dos frutos de duas cultivares de goiabeira (Psidium guajava L.) em fase de maturação. In: Congresso Brasileiro de Fruticultura, 6, 1981, Recife. Anais... 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