Papaya Brasil - 2005
EFEITO DO ARMAZENAMENTO DOS FRUTOS NA GERMINAÇÃO E VIGOR DE SEMENTES
DE MAMÃO
Gabriela Neves Martins, Roberto Ferreira da Silva, Messias Gonzaga Pereira, Sheila Cristina Prucoli Posse
Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro – UENF, Av. Alberto Lamego, 2000, CEP 28013-602,
Campos dos Goytacazes – RJ, [email protected], [email protected], [email protected], [email protected]
INTRODUÇÃO
As plantas da espécie Carica papaya L. geralmente apresentam produção contínua, proporcionando a
colheita de frutos com diferentes estádios de desenvolvimento e maturação. Isso, conseqüentemente, exerce
influência na qualidade fisiológica das sementes, pois, aquelas imaturas têm baixo vigor e baixo poder germinativo.
Estudos com repouso pós-colheita dos frutos vêm fornecendo subsídios importantes para os produtores
de sementes. O emprego adequado deste repouso pode permitir colheitas precoces de frutos, diminuindo o
tempo de permanência do fruto na planta-matriz e no campo, evitando um maior desgaste destas plantas e
diminuindo os riscos com possíveis condições desfavoráveis do campo de produção (BARBEDO et al., 1994).
Além de reduzir os riscos no campo, em alguns casos, o repouso dos frutos propicia quebra de dormência
das sementes. De acordo com Yahiro (1979), Yahiro e Oryoji (1980) e Viggiano (1999) sementes de mamão
recém-colhidas mostram baixa germinação.
Aroucha (2004), verificou que o repouso dos frutos de mamão durante 12 dias à 25o C propiciou aumento
significativo na germinação e vigor das sementes. Resultado semelhante foi observado por Ernando (2004), quando
armazenou os frutos sob a temperatura de 10o C.
Este trabalho teve como objetivo a avaliação do efeito do armazenamento dos frutos na germinação e
vigor das sementes de mamão dos grupos Solo e Formosa.
MATERIAL E MÉTODOS
As sementes utilizadas foram provenientes de frutos hermafroditas do grupo Solo e Formosa,
autofecundados e colhidos nos estádios de maturação II (casca com 15 a 25% de cor amarela). A extração das
sementes foi realizada imediatamente após a chegada dos frutos, e após 10 dias de repouso em ambiente
controlado a temperatura de 10 e 25°C.
As sementes foram extraídas manualmente, lavadas e colocadas para secar em secador de leito fixo,
regulado a temperatura de 38°C e vazão de ar de 1,2 m/s, até atingirem os teores de umidade 7,0 e 7,6%
respectivamente para as cultivares do grupo Solo e Formosa.
A qualidade fisiológica das sementes foi avaliada pelos seguintes testes: germinação (TG), primeira
contagem do TG, índice de velocidade de germinação (IVG), comprimento da plântula e teste de frio.
O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado em esquema fatorial 2 x 3 (dois
genótipos e três períodos de repouso: sem repouso e repouso de 10 dias a 10o C e 25o C), com 4 repetições. As
comparações entre as médias foram realizadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Figura 1 encontram-se os resultados referentes à germinação. As sementes provenientes de frutos do
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grupo Solo armazenados por 10 dias a 25o C, alcançaram os maiores valores de germinação, 93,5%, ao passo
que, para as sementes provenientes de frutos sem repouso e armazenados a 10o C, o máximo valor de germinação
obtido foi 31,5% e 46,0% respectivamente. Para as sementes do grupo Formosa os maiores valores de germinação,
91 e 97%, foram obtidos com as sementes dos frutos armazenados a 10o C e 25o C, respectivamente, seguido do
valor 46,5% correspondente às sementes dos frutos sem repouso. O armazenamento dos frutos contribuiu para
um aumento significativo na germinação das sementes de ambos os grupos, sendo que, para os frutos do grupo
Formosa, a temperatura não foi um fator significativo para a melhoria da qualidade das sementes, ao contrário dos
frutos do grupo Solo, onde a temperatura mais alta propiciou maiores valores. Os resultados, em relação aos
frutos do grupo Solo, divergiram daqueles encontrados por Ernando (2004), que observaram um aumento considerável
na germinação das sementes dos frutos armazenados a temperatura de 10o C.
Pelos resultados observados na Tabela 2, relativos aos testes de vigor, para ambos os grupos, os maiores
valores foram obtidos para as sementes dos frutos armazenados a 25o C, com exceção do teste de frio para o
grupo Formosa, onde não se verificou diferença entre os tratamentos. O vigor expresso nesses resultados evidenciou
a necessidade do repouso dos frutos para se obter sementes de maior qualidade, ou seja, mais vigorosas.
Resultados semelhantes foram encontrados por Aroucha e Balbinot (2004), trabalhando com sementes de mamão,
onde o armazenamento dos frutos teve efeito significativo na germinação e vigor das sementes.
FIGURA 1 – Porcentagem de germinação das sementes de mamão dos grupos Solo e Formosa (Letras maiúsculas
entre os genótipos e letras minúsculas entre os tratamentos não diferem significativamente entre si a
5% de probabilidade, pelo teste de Tukey).
No teste de frio observou-se um aumento considerável na germinação das sementes dos frutos sem
repouso de ambas as cultivares, quando os valores foram comparados aos encontrados pelo teste de germinação.
Provavelmente a temperatura baixa, no qual as sementes foram expostas antes de serem colocadas para germinar,
pode ter propiciado a quebra da dormência das sementes, servindo não como um teste de vigor, mas sim como
um tratamento pré-germinativo para essas sementes.
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TABELA 2 – Valores médios de primeira contagem, índice de velocidade de germinação (IVG), comprimento de
plântula e teste de frio de acordo com o genótipo e período de repouso dos frutos de mamão
* Médias seguidas da mesma letra maiúscula na mesma coluna e minúscula na linha não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade
CONCLUSÃO
O repouso dos frutos por 10 dias a 25oC aumentou significativamente a germinação e vigor das sementes
de mamão de ambos os grupos e em intensidade semelhante.
AGRADECIMENTOS
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq e Financiadora de Estudos
e Projetos – FINEP, pelo suporte financeiro para execução desse trabalho.
REFERÊNCIAS
AROUCHA, E. M. M. Influência do estádio de maturação, da época de colheita e repouso dos frutos e do
osmocondicionamento na qualidade fisiológica de sementes de mamão (Carica papaya L.). 2004.102 p.
Tese de Doutorado - Universidade Estadual do Norte Fluminense, Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro.
BALBINOT, E. Importância do manejo dos frutos na secagem e armazenamento de sementes de mamão
(Carica papaya L.). 2004. 52 p. Dissertação de Mestrado - Universidade Estadual do Norte Fluminense, Campos
dos Goytacazes, Rio de Janeiro.
BARBEDO, C. J.; NAKAGAWA, J.; BARBEDO, A. S. C.; ZANIN, A. C. W. Influência da idade e do período de
repouso pós-colheita dos frutos de pepino cv. Rubi na qualidade fisiológica de sementes. Horticultura brasileira,
v.12, n.2, p.118-124, 1994.
VIGGIANO, J. R. Influência do teor de umidade, tipo de embalagem e ambiente de armazenamento na
conservação de sementes de mamão (Carica papaya L.). 1999. 67 p. Dissertação Mestrado - Universidade
Estadual do Norte Fluminense, Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro.
YAHIRO, M. Effects of seed-pretreatments on the promotion of germination in papaya, Carica papaya L. Memorial
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Faculty Agriculture, Kagoshima University. v.15, p.49-54, 1979.
YAHIRO, M.; ORYOJI, Y. Effects of gibberellin and cytokinin treatments on the promotion of germination in papaya,
Carica papaya L., seeds. Memorial Faculty Agriculture, Kagoshima University, v. 16, p. 45-51, 1980.
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