XXV CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOTECNIA
ZOOTEC 2015
Dimensões Tecnológicas e Sociais da Zootecnia
Fortaleza – CE, 27 a 29 de maio de 2015
Lisolecitina em rações para frangos de corte contendo óleo de palma sobre a metabolizabilidade dos
nutrientes1
Lysolecithin in diets for broilers containing palm oil on the metabolization of nutrientes¹
Gleyce Lopes da Costa², Maria Cristina Manno3, Kedson Raul de Souza Lima3, Fernando Barbosa Tavares4,
André Guimarães Maciel e Silva5, Bruno Evangelista Guimarães², Rosana Ingrid Ribeiro dos Santos², Lívia
Anália Bentes da Fonseca6, Ludinéia Monteiro da Silva²
1
Parte do Doutorado do segundo autor
Graduando (a) em Zootecnia- UFRA, Belém-PA. email: [email protected]
3
Professor(a) Drº (a). UFRA, Belém-PA, setor de zootecnia.
4
Zootecnista. UFRA, Belém-PA, setor de Zootecnia.
5
Professor Drº. UFPA, Castanhal-PA.
6
Mestranda do programa de pós graduação em saúde e produção animal-UFRA, Belém-PA.
2
Resumo: Com o objetivo de verificar a capacidade emulsificante de produto comercial à base de lisolecitina
de soja (50%) sobre o metabolismo de frangos de corte alimentados com rações contendo óleo de palma,
foram alojados 320 pintos de 14 dias machos da linhagem Cobb, em 40 gaiolas metabólicas com oito
aves/gaiola, distribuídos em delineamento inteiramente ao acaso com cinco tratamentos e oito repetições.
Foram determinados os coeficientes de metabolizabilidade da matéria seca, da proteína bruta, da gordura, da
fibra em detergentes neutro e ácido, bem como determinados os valores de energia metabolizável aparente e
aparente corrigida das rações. As análises estatísticas foram realizadas pelo método de análise de variância,
sendo as médias comparadas pelo teste Tukey (5% de probabilidade). Não houve influência da adição de
lisolecitina às rações sobre os coeficientes de metabolizabilidade da matéria seca, da proteína bruta, da
gordura, da fibra em detergentes neutro e ácido, e da energia bruta. A redução dos níveis de energia das
rações piorou os coeficientes de metabolizabilidade de proteína bruta, das fibras em detergentes neutro e
ácido e da energia bruta, bem como sobre os valores de energia metabolizável aparente e energia
metabolizável aparente corrigida das rações.
Palavras–chave: energia metabolizável aparente, metabolizabilidade, óleo de dendê
Abstract: In order to check the emulsifying capacity of commercial product based on soybean lysolecithin
(50%) on the metabolism of broilers fed diets containing palm oil, 320 chicks of 14 days males of Cobb in 40
metabolic cages with eight birds / cage, distributed in a completely randomized design with five treatments
and eight replications. The animals spent five days of adaptation to the cages and five days of excreta
collection. Were determined metabolizable coefficients of dry matter, crude protein, fat, fiber and neutral
detergent acid and determined apparent and corrected apparent metabolizable energy in the feed. Statistical
analyzes were performed by the method of analysis of variance and the means compared by Tukey test (5%
probability). There was no influence of the addition of lysolecithin to feed on the metabolizable coefficients
of dry matter, crude protein, fat, fiber in neutral and acid detergents, and crude energy. The reduction of
dietary energy levels worsened the crude protein, fiber in neutral detergent and acid and gross energy
metabolization coefficients, as well as on the apparent metabolizable energy values and corrected apparent
metabolizable energy of the feed.
Keywords: apparent metabolizable energy, metabolization, palm oil
Introdução
Uma das propriedades benéficas da utilização de óleos em rações é o fornecimento de energia na
forma concentrada, que em média apresenta 9,4 kcal/g (ROSTAGNO et al., 2011) de energia bruta, superior
à energia fornecida por proteínas e carboidratos. Com a finalidade de melhoria da palatabilidade dos
alimentos, eliminação do pó, proteção contra a segregação de ingredientes na mistura, auxílio na formatação
dos produtos e fornecimento de níveis mínimos de ácido graxo essencial (ácido linoleico).
Além de conferirem maior aporte energético aos animais quando comparados ao fornecimento de
energia por carboidratos ou proteínas, os lipídios atuam na redução da motilidade intestinal, o que
proporciona alteração na digestibilidade de nutrientes por proporcionar maior tempo de contato do conteúdo
intestinal com as enzimas digestivas, que resulta em melhoria da eficiência energética pelo incremento da
energia líquida da ração para não ruminantes (SAKOMURA et al., 2004).
A energia metabolizável aparente (EMA) é uma das maneiras de dimensionar a parcela da energia
ingerida a ser efetivamente utilizada pelas aves. O método básico para mensurar a energia metabolizável
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aparente e a energia metabolizável aparente corrigida para nitrogênio consiste na determinação da energia
contida na dieta ingerida subtraindo-se a energia contida nas fezes e na urina excretada.
A escolha do óleo a ser adicionado às rações de frangos de corte também impacta no correto
aproveitamento dos nutrientes da dieta, já que ocasionalmente a fonte lipídica possui propriedades que
dificultam a digestão e absorção do alimento. É o caso do óleo de palma, ou de dendê, que tem grande
quantidade de ácidos graxos saturados em sua composição, principalmente o palmítico.
Objetivou-se, desta forma, avaliar os benefícios da utilização do emulsificante de gorduras
(Lipidol) sobre a metabolizabilidade dos nutrientes de rações para frango de corte contendo óleo de palma.
Material e Métodos
A partir dos 14 dias de idade, 320 aves com peso médio de 470,4g ± 4,0g, da linhagem COBB,
foram distribuídas de forma inteiramente casualizada em 40 gaiolas metabólicas. Durante a distribuição das
aves, as mesmas foram pesadas individualmente e selecionadas quanto à uniformidade e separação por faixas
de peso (SAKOMURA & ROSTAGNO, 2007). Foram 5 tratamentos com 8 repetições (8 aves por gaiola).
As rações foram constituídas de: milho, farelo de soja, fosfato bicálcico, calcário calcítico, sal
comum, aminoácidos industriais, premix mineral e vitamínico. Utilizou-se como fonte suplementar de
energia o óleo de palma (energia metabolizável para aves de 8.817 kcal/kg – Rostagno et al., 2011).
Foram testados os seguintes tratamentos: T1: Ração Controle Positivo, sem lisolecitina de soja, T2:
Ração Controle Negativo (redução de 50kcal de EM/kg), T3: Ração Controle Negativo (redução de 100kcal
de EM/kg), T4: Ração T2 e adição de 0,025% de lisolecitina de soja, T5: Ração T3 e adição de 0,050% de
lisolecitina de soja. A fonte de lisolecitina de soja utilizada foi o Lipidol ®, importado pela empresa FATEC
Indústria de Saúde e Nutrição Animal LTDA. Aos 20 dias de idade foram iniciadas as coletas de excretas,
com a utilização do método de coleta total após jejum prévio de oito horas de acordo com metodologia
descrita por SAKOMURA e ROSTAGNO (2007). As coletas de excretas nas bandejas foram realizadas de
12 em 12 horas, durante cinco dias consecutivos.
Foram analisados no Laboratório de Nutrição Animal do Instituto da Saúde e Produção Animal da
UFRA (LABNUTAN/ISPA/UFRA – Belém) a matéria seca (MS), a fibra em detergente neutro (FDN) e em
detergente ácido (FDA), o nitrogênio (N) pelo método Kjeldahl, o extrato etéreo (EE) e a energia bruta (EB)
com a utilização de Bomba Calorimétrica, seguindo os procedimentos descritos por DETTMAN et al. (2012).
Com base nos dados de análises de MS, de N e de EB das rações e das excretas , do consumo de nutrientes e
da produção de excretas, foram determinados os coeficientes de metabolizabilidade (CM) de cada nutriente
(CMnut = [NutIng – NutExc]/NutIng x 100), bem como a energia metabolizável aparente (EMA) e aparente
corrigida (EMAn), utilizando-se as equações propostas por Matterson et al. (1965), citados por SAKOMURA
e ROSTAGNO (2007).
As análises estatísticas dos experimentos foram realizadas inicialmente pelo teste de normalidade
(Shapiro-Wilk) e, para variáveis normais, pelo método de análise de variância (ANOVA), as médias foram
comparadas pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade.
Resultados e Discussão
Tabela 1: Coeficiente de metabolizabilidade1 dos nutrientes (matéria seca – MS, proteína bruta – PB, extrato
etéreo – EE, fibras em detergentes neutro – FDN e ácido – FDA e energia bruta – EB), energia metabolizável
aparente (EMA)2 e corrigida (EMAn)3 das rações com óleo de palma.
Tratamentos4
Parâmetros
CV(%)
T1
T2
T3
T4
T5
Coeficiente de Metabolizabilidade (%)
2,71ns
MS
75,14
75,01
76,90
74,42
75,16
a
b
a
ab
ab
4,53*
PB
66,95
62,14
66,48
63,74
63,90
3,62ns
EE
82,37
81,31
80,88
79,49
80,55
8,37*
FDN
58,26a
56,23ab
50,30bc
54,55ab
49,38c
a
b
b
b
16,09*
FDA
50,23
36,45
39,29
32,18
37,85b
2,72*
EB
76,16b
79,77a
78,85ab
77,79ab
76,84ab
Valores de Energia (kcal/kg)
2,67*
EMA
2.665cd
3.120a
2.753c
2.908b
2.619d
d
a
c
b
d
2,57*
EMAn
2.472
2.956
2.575
2.733
2.449
CMNut = (NutIng – NutExc)/NutIng x 100
EMAp = (EBing – EBexc)/MSIng; 3EMAn = [EBIng – EBExc – (8,22 x {Ning – Nexc})]/MSIng
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T1: Ração Controle Positivo, sem lisolecitina de soja; T2: Ração Controle Negativo (redução de 50kcal de EM/kg); T3:
Ração Controle Negativo (redução de 100kcal de EM/kg); T4: Ração T2 e adição de 0,025% de lisolecitina de soja; 5: Ração T3 e
adição de 0,050% de lisolecitina de soja.
ns
Não significativo ao nível de 5% de probabilidade pelo teste Tukey (p>0,05); *Significativo ao nível de 5% de
probabilidade pelo teste Tukey (p<0,05). Médias seguidas de mesma letra na linha não diferem estatisticamente entre si pelo teste Tukey
(5%)
Não foram observados efeitos dos tratamentos (p>0,05) sobre o coeficiente de metabolizabilidade
de matéria seca e do extrato etéreo das rações, com ou sem lisolecitina de soja. Tais resultados divergem dos
encontrados por ZHANG et al. (2011), que ressaltam a melhora do coeficiente de metabolizabilidade de
extrato etéreo a partir da utilização de emulsificante lisofosfatidilcolina sobre diversas fontes de lipídios.
Segundo BERNARDINO et al. 2014, o valor energético da dieta constitui papel fundamental na nutrição
avícola. A quantidade de ração ingerida pelas aves é regulada principalmente para atender às necessidades
energéticas o que pode comprometer o atendimento às necessidades dos demais ingredientes fornecidos aos
animais, quando estes não estão relacionados ao teor calórico das dietas (BERNARDINO et al. 2014). Como
as rações experimentais continham variados níveis de energia metabolizável, entretanto foram isoproteicas, a
relação energia metabolizável:proteína foi comprometida, prejudicando a metabolizabilidade da proteína
bruta nas rações de menor densidade energética. Considerando-se que o aumento da energia da ração
promove redução no consumo, é esperado que as exigências de aminoácidos pelos animais sejam atendidas
caso a ração seja formulada de maneira a manter a adequada relação aminoácidos:energia, o que quer dizer
que, devido à redução do consumo pelo alto nível energético das rações, há aumento na exigência percentual
de aminoácidos na dieta.
Entretanto, a hipótese mais provável é de que animais arraçoados com maior nível energético, e
consequentemente maior nível de óleo adicionado às rações, apresentaram melhores coeficientes de
metabolizabilidade dos nutrientes relacionados em função do efeito extracalórico do óleo, que consiste no
aumento da disponibilidade dos nutrientes dos ingredientes da ração, além do efeito extrametabólico da
gordura, que resulta em melhoria da eficiência energética pelo incremento da energia líquida da ração
(SAKOMURA et al., 2004).
A partir da comparação das médias das variáveis dos tratamentos T4 e T5 (0,025% e 0,050% de
lisolecitina de soja) com seus respectivos controles negativos (T2 e T3).
Conclusões
Não houve influência da adição de lisolecitina às rações sobre os coeficientes de
metabolizabilidade da matéria seca, da proteína bruta, da gordura, da fibra em detergentes neutro e ácido, e
da energia bruta. A redução dos níveis de energia das rações piorou os coeficientes de metabolizabilidade de
proteína bruta, das fibras em detergentes neutro e ácido e da energia bruta, bem como sobre os valores de
energia metabolizável aparente e energia metabolizável aparente corrigida das rações.
.
Agradecimentos
À FATEC indústria de saúde e nutrição animal, ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico
e Tecnológico –CNPq e à FAPESPA pelo apoio à realização do projeto.
Literatura citada
BERNARDINO; V.M.P.; MENEGHETTI, C.; NAVES., L.P.; GARCIA JÚNIOR, A.A.P.
Influência do nível de energia da ração sobre as exigências de aminoácidos para aves. Revista Eletrônica de
Pesquisa Animal, vol. 02, no. 02, p.86-100, 2014.
ROSTAGNO, H.S. et al. Tabelas brasileiras para aves e suínos: composição de alimentos e
exigências nutricionais. 3ª Edição. Viçosa – MG:UFV, 2011. 252p.
SAKOMURA, N. K.; ROSTAGNO, H. S. Métodos de pesquisa em nutrição de moonogástricos.
Jaboticabal : FUNEP, 2007. 283p.
ZHANG, B.; HAITAO, L.; ZHAO, D.; GUO, Y.; BARRI, A. Effect of a fat type and
lysophosphatidylcholine addiction to broiler diets, on performance, apparent digestibility of fat acids, and
apparent metabolizable energy content. Animal Feed Science and Technology. n.163. p.177-184. 2011
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