A energia nuclear: passado ou futuro? A energia nuclear é a energia contida nos nucleões ou grupos de partículas que formam os núcleos dos átomos. Ao princípio do século XX, os físicos descobriram que o núcleo dos átomos de determinados elementos pesados tais como urânio, rádio, plutónio e tório, eram instáveis, ou seja, iam-se desintegrando pouco a pouco. Esses núcleos, ao desintegrar-se, libertam partículas (alfa, beta ou gama) com energia cinética muito elevada. Desde então, tem-se provado que o núcleo de todos os átomos armazena grandes quantidades de energia. Esta energia pode ser libertada fundamentalmente por dois processos: 1º. Através da rotura ou cisão de núcleos de átomos mais pesados como urânio, originando átomos mais leves como krípton e bário; 2º. Através da união ou fusão de núcleos de átomos leves como hidrogénio, dando assim origem à átomos mais pesados como hélio. No interior das estrelas a fusão nuclear dá-se também entre outros átomos e não só com o hidrogénio. Ainda antes desta descoberta, Einstein deu a conhecer a famosa relação massaenergia, indicando que a massa pode transformar-se em energia e vice-versa. Essa conclusão teve ampla confirmação experimental. A partir de aí, a matéria passou a ser considerada uma nova forma de energia. A fórmula de Einstein é: 𝐸 = 𝑚𝑐 2 Esta equação indica a quantidade de energia E contida em qualquer corpo de massa m e c representa a velocidade da luz no vácuo (c=3.108 m/s). Vejamos um exemplo de aplicação da fórmula de Einstein: Quando se dá a cisão de 235,0 g de urânio, como já se disse acima, originam-se átomos de krípton e bário, cuja massa total é 234,77 g. Mas afinal, qual a quantidade de energia libertada neste processo? Se forem mi e mf respectivamente as massas inicial e final, ∆m a diferença de massa e ∆E a quantidade de energia libertada, podemos escrever: mi= 235,0 g ∆E=∆mc2 mf = 234,77g Como ∆m=mf - mi vem que ∆m= 234,77 g - 235,0 g ⇔ ∆m= - 0,23 g = - 0,00023 kg C= 3.108 m/s Então, ∆E= - 0,00023.(3.108)2 ⇔ ∆E= - 2,1.1013 J ∆E=? ou ∆E= - 6.106 kWh 1 Portanto, ao libertar 6 milhões de kWh de energia, o sistema perde 1 cerca 0,23 g de matéria. Tendo em conta que 1 kWh de energia eléctrica custa cerca de 0,14 €, a energia produzida a partir da cisão de 235 g de urânio custaria cerca de 800.000 €. Além disso, tendo em conta que o consumo mensal de energia eléctrica pelas famílias portuguesas ronda, em média, uns 300 kWh, os 6.106 kWh produzidos a partir de 235 g de urânio seriam suficientes para o consumo de 20 mil famílias durante um mês. Isso explica em parte os esforços de muitos países em desenvolver a tecnologia nuclear como fonte de energia, a pesar dos riscos inerentes. Por outro lado, quando se produz a união de 2 átomos de hidrogénio por fusão, nem toda a massa inicial se transforma em hélio. Há uma pequena porção de matéria que se converte em energia. Experiências realizadas demosntraram que 4,022 g de hidrogénio convertem-se em 4,003 g de hélio, escapando-se1 0,029 g de hidrogénio inicial. De facto, comprovou-se que a energia libertada pelo Sol provém da fusão nuclear de hidrogénio (cerca de 80% da massa solar) formando hélio (cerca de 20% da massa do Sol). Tal reacção de fusão nuclear só é possível devido às elevadíssimas temperaturas existentes no interior do astro. A energia que nos chega a nós sob forma de radiação é uma parte dos 725 mil kWh produzidos pela fusão de cada 4,022 g de hidrogénio. Não há dúvidas de que se tratam de cifras realmente espectaculares. 1 Será que perde? De que forma? 2