22 Terça-feira, 18 de junho de 2013 SOCIEDADE Compadres Júlio Couto e Campos Oliveira: simbolizam a simpatia e boa disposição presentes neste Jantar-Camoniano Joaõ Paulo Correia , Tiago Braga e Marta Santos Jorge Filipe, Patrocínio Azevedo e Albino Almeida Arménio Costa e esposa EDUARDO VÍTOR RODRIGUES DEU LIÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS NO JANTAR-CAMONIANO DA ACADEMIA DO BACALHAU DO PORTO Uma das mais animadas tertúlias de sempre Um Presidente feliz porque Campos Oliveira recebe o Diploma de Compadre do seu padrinho Cancela Moura O jantar do mês de junho da Academia do Bacalhau do Porto foi duplamente especial. Primeiro, porque serviu para assinalar a fundação, a 10 de junho de 1968, na África do Sul, do movimento filantrópico e universal, hoje com mais de 80 mil associados, e, depois, porque marcou uma das mais animadas tertúlias realizadas pela academia portuense. Se a data era histórica para as academias do bacalhau, que se fundaram no Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, festejado, pela primeira vez, há 45 anos, em Joanesburgo, a autêntica aula de políticas públicas dada pelo sociólogo Eduardo Vítor Rodrigues teve o condão de transformar o convívio camoniano naquela que terá sido “a mais extraordinária tertúlia” em 24 anos de existência da Academia do Bacalhau do Porto. Com aplausos e ovações. De pé. César de Pina e Zi Dias Inês Rocha , distinta aluna da Universidade Católica do Porto feliz contemplada com o Prémio Camoniano 2013 Por Jorge Carvalho A Academia do Bacalhau do Porto assinalou, dia 14, na Quinta da Boucinha, em Gaia, o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, o qual coincide com a mais importante data para o movimento genuinamente português nascido em Joanesburgo, na África do Sul. Todos os meses, a academia portuense reúne compadres e convidados, num convívio a que dá o nome de jantares-tertúlia. A exceção tem lugar no mês de junho, quando a mesma iniciativa passa a chamar-se jantarcamoniano. A celebração do Dia de Camões é, assim, um dos momentos altos do calendário anual das atividades tertulianas organizadas pela Academia do Bacalhau do Porto, só comparado com o aniversário da própria Academia do Porto, a primeira a ser fundada depois da academia-mãe sul-africana. A importância simbólica e histórica dada à criação do movimento filantrópico traduz-se não apenas no diferente nome da tertúlia do mês de junho, mas também na atribuição de prémios de mérito a individualidades e instituições dos mais diversos domínios da sociedade. Para além de ser um momento para homenagear e apoiar organizações e cidadãos mais ou menos anónimos, o jantarcamoniano fica também marcado pela realização de um debate relacionado com as comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. O deste ano não foi mais participado do que outros – cerca de 200 pessoas estiveram presentes –, nem teve mais simbolismo do que outros. Ainda assim, corre o risco de ficar na história da Academia do Bacalhau do Porto. Por causa de um nome: Eduardo Vítor Rodrigues. E de um tema, anunciado no convite: “As políticas sociais num tempo de desigualdades estruturais”. Sociólogo de formação e professor universitário de profissão, Eduardo Vítor Rodrigues não deixou ninguém indiferente. Quando terminou a reflexão em torno das políticas públicas – e não sociais, como fez questão de sublinhar –, arrancou aplausos. De pé. Mas também suscitou debate. Acesso, democrático e tertuliano. Das políticas públicas à(s) mentalidade(s) Quando considerou Camões “o português da globalização, aquele que deu novos mundos ao Mundo”, e defendeu que “a desesperança em Portugal é, hoje, um problema cultural”, Eduardo Vítor Rodrigues quase disse ao que vinha: a crise, afinal, não é apenas económica e financeira, mas também de mentalidade(s). Para chegar onde queria – ao problema cultural –, o sociólogo da Universidade do Porto começou pelo material. E garantiu: “O materialismo sempre esteve associado a um processo de individualização, de valorização do ‘eu’ em detrimento do ‘nós’. E, assim, fomos construindo um Mundo acreditando que a soma dos cidadãos pudesse dar uma sociedade. Mas a sociedade não é apenas a soma dos cidadãos, como uma equipa de futebol não é apenas a soma dos jogadores”. Há dois séculos, enquanto no norte da Europa as políticas públicas postas em prática “individualizaram a relação social”, em Portugal, “tudo era bem diferente”, ou seja, “todos contribuíam para a associação”, sublinhou Eduardo Vítor Rodrigues, acrescentando: “Era a lógica da solidariedade oposta à do individualismo. Nós construímos o Estado Previdência a partir de um objetivo de ajuda aos mais pobres e aos mais desfavorecidos. Mas esse não pode ser o objetivo de uma sociedade. O objetivo de uma sociedade é criar coesão social”. Não por acaso, continuou o professor universitário, “a Europa do pós-Segunda Guerra iniciou o processo de reconstrução, nomeadamente a Alemanha e a França, com uma dupla componente: construção de infraestruras e de uma sociedade tendencialmente coesa”. E mais: “Se, no séc. XIX, o objetivo foi responder aos pobres e aos desfavorecidos, já no pós-Segunda Guerra foi dar condições para o aparecimento de uma vasta classe média europeia, criando-se mecanismos – aquilo a que os sociólogos chamam de elevadores sociais – para as franjas mais desfavorecidas e também para aqueles que não eram detentores de grande capital económico”. “A coesão social sempre implicou critérios de universalidade no acesso aos serviços públicos”, assumiu ainda, no jantarcamoniano da Academia do Bacalhau do Porto, Eduardo Vítor Rodrigues, para quem “a Europa, e Portugal, está hoje numa rotunda, à procura da melhor saída”, a qual tanto pode ser uma espécie de “’chinezação’ da vida ocidental como o reforço da cidadania”. Inequivocamente ao lado daqueles que são a favor do reforço da cidadania, Eduardo Vítor Rodrigues também contrariou a ideia segundo a qual “as políticas públicas são políticas de países grandes”, ou seja, “só é possível ter um bom serviço público de Rosário e Delfim Sousa O presidente César de Pina eo Comendador Ferreira Machado entregam o Prémio Camoniano ao poeta e Compadre Duarte Klut Dois bons amigos e compadres que a Academia forjou : Eduardo Vítor Rodrigues e César Gomes de Pina