UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE MEDICINA TROPICAL DR. HEITOR VIEIRA DOURADO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL DOUTORADO EM DOENÇAS TROPICAIS E INFECCIOSAS DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS EM MULHERES INFECTADAS POR HIV OU PORTADORAS DA AIDS, ATENDIDAS EM SERVICO DE ASSISTENCIA ESPECIALIZADA EM HIV/AIDS DO AMAZONAS: INFECÇÃO POR CLAMYDIA TRACHOMATIS, TRICHOMONAS VAGINALIS E PAPILOMAVÍRUS HUMANO LEILA CRISTINA FERREIRA DA SILVA MANAUS 2014 ii LEILA CRISTINA FERREIRA DA SILVA DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS EM MULHERES INFECTADAS POR HIV OU PORTADORAS DA AIDS, ATENDIDAS EM SERVICO DE ASSISTENCIA ESPECIALIZADA EM HIV/AIDS DO AMAZONAS: INFECÇÃO POR CLAMYDIA TRACHOMATIS, TRICHOMONAS VAGINALIS E PAPILOMAVÍRUS HUMANO Tese apresentada ao Programa de PósGraduação em Medicina Tropical da Universidade do Estado do Amazonas em Convênio com a Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado, para obtenção do grau de Doutor em Doenças Tropicais e Infecciosas. Orientador (a): Prof. Dr. Prof. Dr. Sinésio Talhari Co-orientador (a): Profª Dra. Angélica Espinosa Barbosa Miranda MANAUS 2014 iii Ficha Catalográfica S586d Silva, Leila Cristina Ferreira da. Doenças sexualmente transmissíveis em mulheres infectadas por HIV ou portadores daDE AIDS, atendidas em serviço de assistência FOLHA JULGAMENTO especializada em HIV/AIDS do Amazonas: infecção por clamydia trachomatis, trichomonas vaginalis e papilomavirus humano / Leila Cristina Ferreira da Silva . -- Manaus : Universidade do Estado do Amazonas, Fundação de Medicina Tropical, 2014. 112 f. : il. Tese de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical – UEA/FMTHVD e Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado, 2014. Orientador: Prof. Dr. Prof. Dr. Sinésio Talhari. Co-orientador: Profª Dra. Angélica Espinosa Barbosa Miranda. 1. DST – HIV – transmissíveis I. Título. Mulheres infectadas 2. Doenças sexualmente CDU: 616.98 Ficha Catalográfica elaborada pela Bibliotecária da Escola Superior de Ciências da Saúde – UEA Sheyla Lobo Mota. iv FOLHA DE JULGAMENTO DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS EM MULHERES INFECTADAS POR HIV OU PORTADORAS DA AIDS, ATENDIDAS EM SERVICO DE ASSISTENCIA ESPECIALIZADA EM HIV/AIDS DO AMAZONAS: INFECÇÃO POR CLAMYDIA TRACHOMATIS, TRICHOMONAS VAGINALIS E PAPILOMAVÍRUS HUMANO LEILA CRISTINA FERREIRA DA SILVA “Esta Tese foi julgada adequada para obtenção do Título de Doutor em Doenças Tropicais e Infecciosas, aprovada em sua forma final pelo Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical da Universidade do Estado do Amazonas em convênio com a Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado”. Banca Julgadora: ______________________________________ Profª Dra. Angélica Espinosa Barbosa Miranda ______________________________________ Profª Dra. Carolina Chrusciak Talhari Cortez ______________________________________ Profª Dra. Isabel Cristina Chulvis do Val ______________________________________ Profª Dra. Valeria Saraceni v DEDICATÓRIA Dedico este trabalho a minha família, marido e filha, avós, pais, padrinhos, irmãos, tios, sobrinhos, primos, sogros e amigos; Agradeço-lhes pelo despertar para a busca do saber, do enfrentar os desafios e do alcançar seus sonhos; Ao meu marido Paulo A.F.R. Alencar e filha Raquel R.F.R. Alencar, agradeço o amor, apoio, incentivo, partilha e paciência sempre presentes em nossas vidas e na caminhada para a construção deste trabalho. vi A Deus. AGRADECIMENTOS Ao Prof. Sinésio Talhari, por seu afinco à pesquisa, a ciência e a saúde pública, por incentivar e oportunizar aos seus aprendizes o conhecimento do seu saber. Agradeço, também, o estímulo, a orientação, credibilidade e confiança a mim depositada no desenvolvimento do presente trabalho, com orientações e direcionamentos precisos e fundamentais. A Profra. Angélica Espinosa Barbosa Miranda pela orientação e credibilidade na minha capacidade de realização desse trabalho, com induções e direcionamentos precisos e fundamentais. Também agradeço os ensinamentos em pesquisa e publicação de artigos científicos, pela tranquilidade e leveza na orientação para o desenvolvimento da pesquisa e projeto de tese, por transformar o que parece difícil em fácil. A coordenação do Programa de Pós-Graduação da Universidade do Estado do Amazonas/Fundação de Medicina tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (PPGMT – UEA/FMT-HVD), professores e assistentes, aos alunos da pós-graduação pela credibilidade, acolhimento, apoio, incentivo e respeito com os aprendizes do saber. A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), fundação do Ministério da Educação (MEC), no empenho a consolidação da pósgraduação stricto sensu (doutorado) em medicina tropical do PPGMT – UEA/FMTHVD. A Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) pelo apoio financeiro. A Fundação de Medicina Tropical do Amazonas/FMTAM pelo apoio operacional para execução da pesquisa, em nome do então Diretor Presidente Sinésio Talhari (Gestão 2007-2010). Da atual direção da Instituição. A equipe da Gerência de DST/AIDS, do Laboratório de Análises Clínicas, da Bacteriologia, Patologia e Biologia Molecular. A Rosieny Batalha pela participação direta na execução do trabalho. Ao Prof. Luiz Carlos de Lima Ferreira pelo incentivo à vii realização desse estudo. A assistente de Gabinete Anny Assys por todo apoio logístico e operacional. Ao José Wilsimar Monteiro de Luna e Eduardo Serrão, e, também, a toda equipe da Biblioteca e Comitê de Ética em Pesquisa. Aos bolsistas da iniciação científica Carolina Sabino, Mayara Santos, Bruno Fernandes, a bolsista Érica Priscila, assim como aos estagiários, que muito contribuíram para execução desse trabalho. A Fundação de Vigilância em Saúde (FVS) do Amazonas, em nome do Diretor Presidente, Bernardino Cláudio de Albuquerque, e equipe do Gabinete, por apoiar a execução da pesquisa, a produção de artigos científicos e apresentação de trabalho em congresso. Ao Núcleo de Sistemas de Informação e equipe, em nome da Ana Luíza Cabrinha, por todo apoio e compreensão dada para a execução do presente trabalho. A Universidade de Pernambuco - Faculdade de Enfermagem Nossa Senhora das Graças/FESP-UP, na qual tive a oportunidade de aprender a Ciência da Enfermagem Obstétrica. A Escola Nacional de Saúde Pública/Fiocruz pela formação em epidemiologia e controle de endemias e Saúde Pública. Agradeço, enormemente, as mulheres que vivem com HIV ou com a AIDS, usuárias do Serviço de Assistência Especializada em HIV/AIDS/FMT-HVD, corajosas na luta para estar mais saudáveis, pela participação e informações utilizadas nesta pesquisa, colaborando com a promoção do conhecimento para a sociedade a respeito das doenças sexualmente transmissíveis em mulheres HIV/AIDS. A banca de professores que muito colaboraram com a qualificação do projeto e defesa da tese aqui apresentada. A todos agradecimentos. os colaboradores, direta e indiretamente, meus sinceros viii EPÍGRAFE As mulheres que vivem infectadas por HIV... “Mesmo quando tudo parece desabar, cabe a eu decidir entre rir ou chorar, ir ou ficar, desistir ou lutar; por que descobri, no caminho incerto da vida, que o mais importante é o decidir”. Cora Coralina “Que nada nos limite. Que nada nos defina. Que nada nos sujeite. Que a liberdade seja nossa própria substância”. Simone de Beauvoir ix RESUMO As doenças sexualmente transmissíveis (DST) estão entre as principais causas de doença aguda entre homens, mulheres e crianças. A epidemia do HIV e das DST é interdependente e possuem comportamentos semelhantes, tais como relações sexuais desprotegidas, multiplicidade de parceiros, sobretudo aqueles com risco de serem portadores de alguma DST. Dados da literatura apontam clara evidência de que as DST aumentam a probabilidade de transmissão do HIV. O objetivo deste trabalho foi estudar a prevalência de DST em mulheres infectadas com HIV ou portadoras da AIDS em Serviço de Assistência Especializada (SAE) e a associação de fatores sociodemográficos, comportamentais e clínicos correlacionados com essas infecções. As DST elegidas para esse estudo foram a infecção por Chlamydia trachomatis, Trichomonas vaginalis e Papilomavírus humano (HPV). Esse projeto deu origem aos seguintes trabalhos: um artigo com dados da infecção por C. trachomatis que observou prevalência de 4,3%, associado significativamente com idade entre 18-29 anos (p=0.049) e dor pélvica (p=0.040), e, o uso de preservativo como fator inversamente associado à infecção (OR=0,39 [IC: 0,1-0,9]); outro artigo determinou a prevalência de infecção por T. vaginalis semelhante à infecção por C. trachomatis (4,1%) e lesões intraepiteliais cervicais (p=0.004) e prática de sexo anal (p=0.037) foram associados com a infecção por T. vaginalis; no terceiro trabalho, a prevalência da infecção por HPV foi 61,6%, de lesões intraepiteliais cervicais de baixo grau 13,5% e de alto grau 2,2%, e, a infecção por HPV de alto risco foi associada com idade menor que 30 anos (p=0.002), lesões intraepiteliais cervicais de alto grau (p<0.001) e contagem de linfócitos TCD4+ <200 cells/mm3 (p<0.001). Os resultados observados demonstram a importância do rastreamento de DST como ação preventiva para mulheres HIV-positiva. Palavras Chaves: Chlamydia trachomatis; Trichomonas vaginalis; HPV; HIV; AIDS; Fatores associados; Mulheres; Amazonas. x ABSTRACT Sexually transmitted diseases (STDs) are among the major causes of acute illness among men, women and children. The epidemic of HIV and STDs is interdependent and have similar behaviors, such as unprotected sex, multiple partners, especially those at risk of carrying STD. Literature data show clear evidence that STDs increase the likelihood of HIV transmission. The aim of this work was to study the prevalence of STDs in women infected with HIV or suffering from AIDS Specialized Assistance Service (EAS) and the association of these infections correlated with sociodemographic, behavioral and clinical factors. STDs elected for this study were to Chlamydia trachomatis, Trichomonas vaginalis and Human papillomavirus (HPV). This project gave rise to the following work: an article with data from C. trachomatis infection that observed prevalence of 4.3%, significantly associated with age between 18-29 years (p = 0.049) and pelvic pain (p = 0.040), and condom use as a factor inversely associated with infection (OR = 0.39 [CI: 0.1-0.9]); other item determined the prevalence of T. vaginalis infection similar to C. trachomatis infection (4.1%) and cervical intraepithelial lesions (p = 0.004) and practice anal sex (p = 0.037) were associated with infection by T . vaginalis; the third study, the prevalence of HPV infection was 61.6%, cervical intraepithelial lesions of low grade and 13.5% of highgrade 2.2%, and infection with high risk HPV was associated with younger age than 30 years (p = 0.002), cervical intraepithelial high-grade lesions (p <0.001) and CD4 + count <200 cells/mm3 (p <0.001) lymphocytes. The observed results demonstrate the importance of screening for prevention of STDs for HIV-positive women. Key Words: Chlamydia trachomatis; Trichomonas vaginalis; HPV; HIV; AIDS; Associated factors; Women's; Amazon. xi LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Estimativa de casos novos de Doenças Sexualmente Transmissíveis por regiões no mundo (2008) 18 Figura 2 – Prevalência mundial de HPV entre as mulheres com citologia normal 19 Figura 3 – Sinergia epidemiológica na interação das doenças sexualmente transmissíveis e a infecção por HIV 33 Figura 4 – Diagrama de fluxo das participantes do estudo 43 Artigo 3 Figure 1 - Flow diagram of study participants 67 xii LISTA DE TABELAS Artigo 1 Table 1: Demographic and behavioral characteristics of the 329 participants HIV women, attendees of the service of specialized care for AIDS in Manaus, Amazonas, Brazil 49 Table 2: Clinical characteristics of the 329 participants HIV women, attendees of the service of specialized care for AIDS in Manaus, Amazonas, Brazil 50 Artigo 2 Table 1: Demographical, behavioral and clinical characteristics of HIV women attending the AIDS clinic in Manaus, Amazonas, Brazil, (n=341) 58 Artigo 3 Table 1: Demographical characteristics of the 310 participants HIV women, attendees of the service of specialized care for AIDS in Manaus, Amazonas, Brazil 68 Table 2: Behavior characteristics of the 310 participants HIV women, attendees of the service of specialized care for AIDS in Manaus, Amazonas, Brazil 69 Table 3: Clinical characteristics of the 310 participants HIV women, attendees of the service of specialized care for AIDS in Manaus, Amazonas, Brazil 70 xiii LISTA DE QUADRO Quadro 1 – Distribuição de testes diagnósticos para Chlamydia trachomatis de cordo com a sensibilidade, especificidade e limite de detecção 23 xiv LISTA DE ABREVIATURAS, SÍMBOLOS E UNIDADES DE MEDIDA AIDS Síndrome da Imunodeficiência Adquirida ARV Terapia Antirretroviral C. trachomatis Chlamydia trachomatis 2V2® Registro do Teste de Captura Híbrida 2 da DIGENE CC Câncer Cervical CCI Câncer Cervical Invasivo CD4 Contagem de linfócitos TCD4+ CH2 Captura Híbrida2V2 DFA Direct Fluorescent-Antibody Assay DATASUS Departamento de Informática do SUS DIGENE DIGENE do Brasil DNA Ácido desoxirribonucleico DST Doenças Sexualmente Transmissíveis EIA Enzyme-Immuno Assay FMT-HVD Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado HE Coloração Hematoxilina-Eosina HGSIL High Grade Intraepitelial Lesion HIV Vírus da Imunodeficiência Humana HPV Papilomavírus humano HR-HPV HPV de alto risco I Doctor Prontuário Eletrônico IC Intervalo de Confiança IgG Imunoglonulina das cadeias pesadas gama IgM Imunoglonulina das cadeias pesadas mu ITR Infecções do Trato Reprodutivo LSIL Low Grade Intraepitelial Lesion MS Ministério da Saúde do Brasil N. Número NAAT Acid Amplification Test NIA Neoplasia Intraepitelial Anal xv NIC Neoplasia Intraepitelial Cervical NIV Neoplasia Intraepitelial Vaginal OMS Organização Mundial de Saúde P. humano Papilomavírus humano PCR Polymerase Chain Reaction RLU Unidades Relativas de Luz RNA Ácido ribonucleico SAE Serviços de Assistência Especializada em HIV/AIDS SIL Lesões Intraepiteliais Escamosas SISCEL Sistema de Controle de Exames Laboratoriais SPSS Statistical Pacckage for the Social Sciences SUS Sistema Único de Saúde T. vaginalis Trichomonas vaginalis TABNET Programa de Tabulação dos Sistemas de Informação do Sistema Único de Saúde dentro de suas Intranets e seus sítios Internet TCD4+ Linfócitos T auxiliares TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido WHO World Health Organization β Erro beta xvi SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.................................................................................................... 18 1.1 Doenças sexualmente transmissíveis......................................................... 1.2 Chlamydia trachomatis.................................................................................. 20 1.3 Trichomonas vaginalis................................................................................... 23 1.4 Papilomavírus humano.................................................................................. 26 1.5 Inter-relação: DST e HIV/AIDS...................................................................... 30 2 JUSTIFICATIVA................................................................................................... 18 34 3 OBJETIVOS......................................................................................................... 36 3.1 Gerais............................................................................................................... 36 3.2 Específicos...................................................................................................... 36 37 4 MATERIAIS E MÉTODOS..................................................................................... 4.1 Modelo de estudo............................................................................................ 37 4.2 Universo do estudo.......................................................................................... 37 4.3 Procedimentos................................................................................................. 38 4.4 Análise de resultados.............................................................................. 41 4.5 Aspectos éticos................................................................................................ 42 5 RESULTADOS................................................................................................... 43 5.1 Artigo 1.............................................................................................................. 45 5.2 Artigo 2.............................................................................................................. 55 5.3 Artigo 3.............................................................................................................. 62 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................ 75 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................... 78 8 ANEXOS................................................................................................................ 92 8.1 Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa............................................. 92 xvii 8.2 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido........................................... 93 8.3 Questionário aplicado as participantes da pesquisa........................................ 94 8.4 Cronograma de execução física....................................................................... 98 8.5 Orçamento........................................................................................................ 101 8.6 Equipe científica e de apoio ao desenvolvimento do projeto........................... 102 8.7 Artigo 01 da tese publicado em revista indexada........................................... 103 8.8 Artigo 02 da tese publicado em revista indexada........................................... 107 8.9 Relato de caso 01 publicado em revista indexada........................................... 110 8.10 Relato de caso 02 publicado em revista indexada........................................... 111 8.11 Artigo publicado em revista indexada............................................................... 112 18 1 INTRODUÇÃO 1.1 Doenças sexualmente transmissíveis As doenças sexualmente transmissíveis (DST) estão entre as principais causas de doença aguda, infertilidade, invalidez e morte, com consequências médicas e psicológicas graves para milhões de homens, mulheres e crianças (WHO, 2001; WHO, 2012). As DST são infecções transmitidas principalmente através do contato sexual. Aproximadamente 30 tipos diferentes de bactérias, vírus e parasitas são sexualmente transmissíveis, dentre esses, as DST mais comuns são a gonorreia, clamídia, sífilis, tricomoníase, cancro mole, herpes genital, HPV, imunodeficiência humana pelo HIV e hepatite B (Fagundes et al, 2013; WHO, 2012) Em 2008 a Organização Mundial de Saúde (OMS) estimou em 498,9 milhões o total de novos casos de DST em adultos para a faixa etária de 15 e 49 anos, correspondendo a 105,7 milhões de casos de Chlamydia trachomatis, 106,1 milhões de casos de Neisseria gonorrhoeae, 10,6 milhões de casos de sífilis e 276,4 milhões de casos de Trichomonas vaginalis (WHO, 2012). Figura 1 – Estimativa de casos novos de DST por regiões no mundo (2008). Fonte: WHO, 2012. 19 Para o Papilomavírus humano (HPV), que causa praticamente 100% dos casos de câncer de colo do útero (Clifford et al, 2006), segundo a OMS, em 2010, as estimativas globais, em mulheres com resultado de exame citológico normal, variaram de 5 – 48%, conforme apresentado na figura 2 (WHO, 2010): Figura 2 - Prevalência mundial de HPV entre as mulheres com citologia normal. Fonte: WHO, 2010. No Brasil, as estimativas do Ministério da Saúde (MS) também incluem a infecção por HIV, AIDS, mulheres gestantes/parturientes/puérperas infectadas pelo HIV, crianças expostas ao HIV, sífilis em gestantes e sífilis congênita (MS, 2012). O total de casos HIV/AIDS acumulados no Brasil, no período de 1980 a 2012, totaliza 656.701. Em 2011, a taxa de incidência para a população geral e em menores de cinco anos foi, respectivamente, 20,2 e 5,4 por 100 mil habitantes. Para as gestantes, 2,3 por 1.000 nascidos vivos. As mortes por AIDS totalizam 253.706 casos, com taxa de mortalide de 5,6. (MS, 2012). No estado do Amazonas, o total de casos HIV e AIDS acumulado (1980-2012) foi 9.911, com taxa de incidência de 29,4 e mortalidade de 6,2 por 100 mil habitantes (MS, 2012). No presente estudo são avaliadas as prevalências e fatores demográficos, comportamentais e clínicos associados às infecções causadas por Chlamydia 20 trachomatis, Trichomonas vaginalis e Papilomavírus humano, em mulheres infectadas pelo HIV ou com AIDS, atendidas na Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD) no Estado do Amazonas. 1.2. Chlamydia trachomatis 1.2.1 Agente Etiológico A infecção causada pela Chamydia trachomatis está entre as mais prevalentes DST reconhecida em todo o mundo (Pinto et al, 2011; Land et al, 2010; Srifeungfung et al, 2009; Bakken & Ghalderi, 2009; WHO, 2007; Adams et al, 2004; Fenton et al, 2004; Miller et al, 2004). Esta bactéria pertence à ordem Chlamydiales (Storz e Page, 1971), família Chlamyidiaceae e gênero Chlamydia (Storz e Page, 1971; Rake, 1955 and Jones et al, 1945 apud Page, 1966). Caracteriza-se como bactéria obrigatoriamente intracelular. Sua estrutura celular tem envelope semelhante às bactérias Gramnegativas (Choroszy-Król et al, 2012). A C. trachomatis comporta-se como patógeno exclusivamente humano e apresenta tropismo pelas células conjuntivais e urogenitais (Somani et al, 2000; Schachter et al, 1983). Causam infecções nas mucosas urogenitais, por meio de variações dos seus sorotipos D-K, Da, Ia, L1-3 e L2a (WHO, 2013; Milman et al, 2006; Barnes et al, 1987). No ciclo de vida, apresenta dois estágios de desenvolvimento. No primeiro estágio, caracteriza-se como corpúsculo elementar extracelular, metabolicamente ativo, e diferencia-se no segundo estágio, como corpúsculo reticulado intracelular infeccioso (Matsumoto, 1982; Higashi, 1965). Na evolução da infecção por C. trachomatis estão envolvidos mecanismos de resposta imune não específica, específica, humoral e celular. Na infecção primária ocorrem respostas não específicas, que compreende a inflamação local associada às defesas de barreira anatômica. A infecção crônica caracteriza-se pela 21 manutenção da bactéria na célula hospedeira, cuja resposta inflamatória é intensificada mais rapidamente por meio da presença dos linfócitos que foram sintetizados previamente (Choroszy-Król et al, 2012). 1.2.2 Estimativas de infecção por Chlamydia trachomatis Em adultos jovens, nos Estados Unidos, a prevalência de infecção por C. trachomatis e gonococos foi 4,74% (Miller et al, 2004). Comparando prevalências por grupos de idades de mulheres, em clínica de planejamento familiar e grupo acessado via internet, a prevalência encontrada em Baltimore foi 3,3% em 2005 e 5,5% em 2008 (Gaydos et al, 2011). Utilizando registros de detecção de infecção (1998-2000) em serviços de screening seletivos norte americanos, a prevalência para essa infecção alcançou 7,3% em clínica de DST, 4% em serviço de planejamento familiar e 3,8% em outros serviços (La Montagne et al, 2004). Em outros países, tais como Inglaterra, Irlanda, Nepal, Tailandia e Quenia (Adams et al, 2004, León et al, 2009, Shrestha et al, 2013, Srifeungfung et al, 2009, Gitau et al, 2010) foram encontradas prevalências de infeçao por C.trachomatis que variaram de 3,2% no Quenia (Gitau et al, 2010) a 14, 9% no Perú (León et al, 2009). Para parturientes jovens (15-24 anos) do Brasil, a prevalência de infecção por C. trachomatis em maternidades brasileiras foi 9,8% (Pinto et al, 2011). Em serviços de atenção primária em São Paulo/SP, a prevalência detectada foi de 8,4% (Luppi et al, 2011). Em mulheres grávidas, residentes em seis cidades brasileiras, a prevalência de infecção por C. trachomatis foi 9,4%, com maior risco para os menores de 20 anos de idade (Jalil et al, 2008). Investigando esta infecção em amostras cervicais de mulheres, em Belo Horizonte, a prevalência encontrada foi 6,3% (Rodrigues M et al, 2011). Miranda et al encontrou prevalência de 8,9% em adolescentes procedentes do município de Vitória (Miranda et al, 2004). 22 Machado Filho et al estudando infecção por C. trachomatis em mulheres grávidas na Amazônia brasileira, encontrou prevalência de 3,2% (Machado Filho et al, 2010). Na cidade de Manaus/AM, encontrou-se prevalência, respectivamente para gestantes e mulheres atendidas em clínica de DST, de 11,9% e 10% (Benzaken et al, 2008). 1.2.3 Diagnóstico de infecção por Chlamydia trachomatis Os métodos para detecção da C. trachomatis tem como padrão ouro a cultura, no entanto, inacessível na prática clínica (Land et al, 2010). Dentre as novas tecnologias para a detecção da C. trachomatis, as que mais se destacam são o ELISA, DFA (Direct Fluorescent-Antibody Assay), EIA (microimmunofluorescence assay), immunoblotting, detecção de DNA e RNA (sistemas de não amplificação e amplificação, Acid Amplification Test-NAAT) (Land et al, 2010). Os testes com anticorpos parecem não ser os mais adequados, pois, as infecções superficiais não são bons estimulantes para a formação de anticorpos. Os anticorpos IgG persistem durante anos (Gijsen et al, 2002), mesmo após o tratamento antibiótico (Piura et al, 1993; Henry-Suchet et al, 1994). Por outro lado, os testes com IgM, não têm significado no diagnóstico de doença ativa ou anterior (Land et al, 2010). Testes que usam a imunofluorescência direta (DFA) estão sujeitos à subjetividade da leitura e confiabilidade técnica (MS, 2006). A Captura Híbrida2V2 (CH2) pode ser utilizada para diagnóstico da C. trachomatis, estando somente disponível em alguns laboratórios de referência para pesquisa (MS, 2006). É de fácil operacionalização com resultados disponíveis para conduta clínica em menos de cinco horas (Bhatla et al, 2013). Os testes diagnósticos mais amplamente comercialmente estão resumidos no Quadro 1. usados e disponíveis 23 Quadro 1 – Principais testes diagnósticos para Chlamydia trachomatis de acordo com a sensibilidade, especificidade e limite de detecção. Ácido nucleico Sensibilidade (%) 90-95 Especificidade (%) >99 Limite de detecção (N. de organismos) 1-10 DFA 80-85 >99 10-500 Antígenos 60-85 99 500-1.000 Captura híbrida 75-85 >99 500-1.000 Cultura celular 50-85 100 5-100 Teste DFA: imunofluorescência direta. Fonte: Adaptação de tabela de Land et al, 2010. 1.3 Trichomonas vaginalis 1.3.1 Agente Etiológico O Trichomonas vaginalis é protozoário flagelado que parasita o meio extracelular da mucosa geniturinária humana (Parente et al, 2013; Fichorova, 2009). Classificação taxonômica do T. vaginalis: filo Zoomastigina, classe Parabasalia, ordem Trichomonadida - Kirby, 1947 e Honigberg, 1974; família Trichomonadidae - Wenyon, 1926; gênero Trichomonas e espécie Trichomonas vaginalis - Donné, 1836 (Dyer, 1990 apud Schwebke e Burgess, 2004). T. vaginalis apresenta formas ameboides ao aderir aos tecidos vaginais, movimentando-se por meio de seus flagelos sobre as monocamadas de células epiteliais (Petrin et al, 1998; Heath, 1981). Mede nove por sete micrômetros e possui quatro flagelos anteriores (Schwebke & Burgess, 2004; Honinberg et al, 1964). As organelas internas incluem o núcleo e a axostyle, estrutura rígida que corre da extremidade anterior para a posterior. Sua organela produtora de energia é a hidrogenossomas, (Schwebke & Burgess, 2004; Lindmark e Müller, 1973). 24 O T. vaginalis tem ciclo de vida simples, em que o trofozoíto é transmitido através de coito e nenhuma forma de cisto é conhecido. A divisão do trofozoíto dá-se por fissão binária e, em infecções naturais, dá origem a população no lúmen e sobre as superfícies da mucosa urogenital em humanos (Schwebke & Burgess, 2004). Os T. vaginalis são persistentemente infectados por um ou mais de um tipo de vírus RNA de dupla cadeia, o Trichomonas vaginalis vírus (TVV) (Conrad et al, 2013; Parent et al, 2013; Fichorova et al, 2012; Wang e Wang, 1986; Wang e Wang, 1985). Os TVV são do gênero Trichomonas virus, família Totiviridae, parecem influenciar não somente a biologia protozoária, mas, também, a humana (Fichorova et al, 2013; Parent et al, 2013; Fichorova et al, 2012; Adams e Carstens, 2012; Goodman et al, 2011). Nas mulheres, os hormônios podem influenciar a susceptibilidade à infecção e persistência pelo T. Vaginalis, indiretamente, através do sangramento menstrual. Tem sido postulado que o ambiente vaginal, rico em ferro, durante a menstruação, proporciona condições favoráveis para o crescimento e a persistência do T. Vaginalis (Poole et al, 2013; Brabin, 2002). A imunidade humoral parece oferecer proteção limitada contra os parasitas. Os títulos de anticorpos diminuem, progressivamente, após o tratamento. Assim, pode ocorrer infecção subsequente (Cudmore et al, 2004; Mason e Patterson, 1985; Yano et al, 1983). 1.3.2 Prevalência de infecção por Trichomonas vaginalis Na India, Estados Unidos as prevalências encontradas para T. vaginalis variam de 2,1% no primeiro país a 9,3%, no segundo (Vijaya et al, 2012, Brotman et al, 2012, Munsun et al, 2012). Na Africa do Sul e Holanda foram identificadas prevalências que variavam de 6,2% a 0,6%, respectivamente (Naidoo e Wand, 2013, Geleen et al, 2013). 25 É importante ressaltar as diferenças existentes em prevalências dentro de um mesmo país ou quando se comparam países. No Alabama (EUA), em mulheres HIV+, foi observada prevalência de 17, 4% em serviço de DST (Muzny et al, 2013). Em trabalho baseado no teste rápido para T. Vaginalis, realizado na África do Sul e Brasil, as prevalências encontradas foram: de 10% e 3%, respectivamente (Jones et al, 2013). Estudos brasileiros, em pacientes com vulvovaginites e vaginose bacteriana, em mulheres sem e com coilocitose, atendidas em Goiânia, a prevalência de infecção por T. vaginalis encontrada foi 10% (Campos AC et al, 2008). Em serviço de atenção primária, em São Paulo, a prevalência da infecção foi 3,2% (Luppi et al, 2011). Em Uberlândia, em estudo de comparação de métodos diagnósticos, em mulheres atendidas em unidades públicas, a prevalêncian de T. vaginalis foi 2,9% (Grama et al, 2013). Em estudo de vaginoses, em adolescentes, na cidade de Salvador, verificouse prevalência de 1% (Mascarenhas et al, 2012). Em mulheres HIV-positivo ou com AIDS, em São Paulo, 3% tinham história de infecção por T. Vaginalis (Pinto et al, 2012). Em Recife, a prevalência encontrada, também, em mulheres HIV-positiva foi 2,2% (Henriques et al, 2005). 1.3.3 Métodos diagnósticos na Infecção por Trichomonas vaginalis O método diagnóstico mais comumente utilizado é a visualização do T. vaginalis. A sensibilidade do teste é variável – 60 a 70% (Schwebke & Burgess, 2004; Krieger et al, 1988; Fouts e Kraus, 1980). A detecção olfativa de aminas, meio geralmente ácido, também, é utilizada (pH superior a 4,5) (Schwebke & Burgess, 2004). A cultura em meio de Diamond ou meio liquido são consideradas o padrão ouro para o diagnóstico da infecção por T. vaginalis – é pouco acessível na prática clínica (Swembke and Burguess, 2004; Draper et al, 1993). O T. vaginalis pode ser 26 identificado por meio do exame Papanicolau (Petersen et al, 1995), a sensibilidade atinge 80% (Weinberger e Harger, 1993). O ELISA (enzyme-linked immunosorbent assay) (Kaydos et al, 2002), teste rápido e PCR também são uteis (Huppert et al, 2005, Lawing et al, 2000). 1.4 Papilomavírus humano 1.4.1 Agente etiológico As infecções por Papilomavírus humano (HPV) são comuns em mulheres sexualmente ativas. Na maioria das pessoas, são mais transitórias e benignas. Porém, em algumas mulheres, a persistência de HPV de alto risco pode ocasionar câncer do colo uterino (Wrigth Jr et al, 2004; Levi et al, 2002; Ellerbrock et al, 2000). O HPV é vírus DNA, da família Papillomaviridae (ICTV, 2012). Tem genoma circular formado por dupla fita de DNA, com aproximadamente oito mil pares de bases (pb) (Rosa et al, 2009; Galani & Christodoulou, 2009; Castellsagué, 2008; Favre et al, 1975; Crowford e Crowford, 1963). Possui genoma pequeno, contendo poucos genes, todos codificados na mesma cadeia. A forma do capsídeo é icosaédrica, com 50 a 60 nanômetros e não é revestida por envelope lipídico (Rosa et al, 2009; Buck et al, 2008; Klug e Finch, 1965). O genoma é dividido em duas regiões, a reguladora e a codificadora. A região reguladora (long control region) contém a origem da replicação viral e a maioria dos genes promotores da transcrição. A região codificadora (open reading frame) é dividida em sequências precoce e tardia (Rosa et al, 2009; Southern e Herrington, 1998; Herrington, 1996). Na precoce (Early) ocorre a codificação das proteínas E1, E2, E6, E7 que estão envolvidas na replicação do DNA viral e transformação celular. Na tardia (Late) são codificadas as proteínas do capsídeo L1, L2, responsáveis pelas etapas finais da replicação do vírus (Rosa et al, 2009; Florin et al, 2002; Herrington, 1996; Stoler et al, 1992). 27 O HPV exibe tropismo para os tecidos formados por células epiteliais (Bharti et al, 2009; Rosa et al, 2009; Sanclemente e Gill, 2002; Evander et al, 1997; Chow e Broker 1996 apud Chow e Broker, 1997). A infecção inicia-se na camada basal da epiderme, na pele e mucosas. Na camada basal desses tecidos, o vírus se replica e expressa suas proteínas, no entanto, a replicação do DNA (síntese do capsídeo e a montagem de partículas virais) somente ocorre nas células mais diferenciadas por integração viral (Rosa et al, 2009; Sanclemente & Gill, 2002; Chow e Broker 1996 apud Chow e Broker, 1997; Hawley-Nelson et al, 1989; Dürst et al, 1987; Dürst et al, 1983). Essa característica tem sido associada com manifestações clínicas benignas como papilomas, verrugas e, também, em lesões malignas, os carcinomas (Barthi et al, 2009). Os tipos de HPV genital pertencem ao grupo A, conhecido como Alpha papilomavírus (Villiers et al, 2004). Mais de 100 tipos foram identificados como antigenicamente semelhantes, cuja classificação baseia-se na homologia do seu genoma, e por infectar humanos (Rosa et al, 2009; Galani & Christodoulou, 2009; Castellsagué, 2008; Doorbar, 2005). Aproximadamente 40 tipos de HPV infectam especificamente o trato genital (Rosa et al, 2009, Galani & Christodoulou, 2009, Villiers et al, 2004) e classificam-se em grupos de acordo com seu potencial oncogênico. Os de baixo risco são o HPV 6, 11, 40, 42, 43, 44, 54, 61, 70, 72, 81 e CP6108; risco intermediário - HPV 34, 57 e 83; de provável alto risco - HPV 26, 53 e 66; e, de alto risco - HPV 16,18, 31, 33, 35, 39, 45, 51, 52, 56, 58, 59, 68, 73 e 82 (Muñoz et al, 2003). Os vírus com baixo risco oncogênico, como por exemplo, o HPV 6 e 11 (Castellsagué, 2008; Gissmann et al, 1983), apresentam-se clinicamente como verrugas genitais em cerca de 90% dos casos. Esses vírus também podem infectar os recém-natos no momento do parto e causar papilomatose laríngea, de difícil tratamento, de caráter recidivante (Castellsagué, 2008). Contrariamente, os vírus com alto risco oncogênico, tal como HPV16 e 18, podem causar neoplasia de baixo e alto grau no trato genital inferior, podendo 28 evoluir para câncer anogenitais, em ambos os sexos. A infecção pelo HPV é uma causa necessária na evolução do câncer genital (Castellsagué, 2008; Bosch et al, 2002; Walboomers et al, 1999). Ocasionalmente, estes tipos virais também são isolados em tecidos e lesões da cavidade oral, orofaringe, laringe e esôfago (Castellsagué, 2008). 1.4.2 Prevalência de infecção por Papilomavírus humano Em estudo de meta-análise, investigando a prevalência de HPV em lesões neoplásicas intra-epitelial vulvar (NIV: 1, 2, 3), intra-epitelial vaginal (NIVA: 1, 2, 3), intra-epitelial anal (NIA: 1, 2, 3) e carcinomas anogenitais, de 93 estudos realizados nos continentes da América, Ásia, Europa, Oceania, a prevalência global de HPV foi: vulvar – 84% (NIV1: 67,8%; NIV2/3: 85,3%; carcinoma vulvar: 40,4%); vaginal 93,6% (NIVA1:100%; NIVA2/3: 90,1%; carcinoma vaginal: 69,9%), e anal – 92,7% (NIA1: 91,5%;NIA2/3: 93,9%; carcinoma anal: 84,3%) (De Vuyst et al, 2009). Em outra meta-análise, baseada em estudos realizados em 59 países, realizados entre 1995-2009, totalizando 1.016.719 mulheres com achados citológicos normais, testadas para infecção por HPV cervical, revelou que 11,7% teve infecção cervical por HPV detectável. Os tipos mais encontrados foram os oncogênicos HPV 16, 18, 52, 31, 58, 39, 51 e 56 (Bruni et al, 2010). Nos Estados Unidos (EUA), buscando caracterizar as infecções por HPV em lavados crevicovaginais, a prevalência encontrada para mulheres infectadas pelo HIV foi 63% e, 30%, para as HIV-negativas (Palefsky et al, 1999). Em mulheres Appalaches, na região de Ohio nos Estados Unidos, a prevalência alcançou 43,1% (Reiter et al, 2013). Achados de estudo sobre tipos de HPV oncogênicos, numa amostra de 9.769 mulheres do Haiti, a prevalência encontrada foi 19% (Walmer et al, 2013). Utilizando a cohort de estudo dos determinantes da progressão da doença em mulheres infectadas por HIV no EUA, a prevalência de infecção por HPV foi 64% (Cu-Uvin et al, 1999). 29 Avaliando a prevalência de infecções por HPV de alto risco em área de alto risco para câncer cervical em Copenhagen, na Dinamarca, em mulheres de 23-65 anos, a prevalência foi 26,8% (Preisler et al, 2013). Outro estudo sobre a prevalência de HPV de alto risco, em Porto Príncipe/Haiti, em mulheres, encontrou-se 19% de infecçao (Walmer et al, 2013). Em estudo da efetividade do screeening por vários métodos diagnósticos na Índia, a prevalência de infecção pelo HPV foi 31,4% (Gravitt et al, 2010). Estudando doenças cervicais em mulheres de Nova York, a prevalência de infecção pelo HPV foi 54% em infectadas pelo HIV e 32%, nas não infectadas (Ellerbrock et al, 2000). Em São Paulo, Florianópolis, Rio de Janeiro, Sergipe e Pernambuco, em mulheres HIV+, as prevalências de infecção por HPV variaram de 98% a 21% (Levi et al, setembro 2002, Fedrizzi et al, 2011, Grinsztejn et al, 2009, Gurgel et al, 2013). Na região norte do país, em mulheres residentes no Pará, observaram-se prevalências de 14,6% (Pinto da et al, 2011)(7) e 42,85% (Brito et al, 2006). 1.4.3 Diagnóstico de infecção por Papilomavírus humano Blot, dot blots, hibridação in-situ, Captura Híbrida e sequenciamento de DNA estão entre as principais técnicas utilizadas para o diagnóstico molecular (Clifford et al, 2006; Villa e Denny, 2006; Iftner e Villa, 2003; Molijn et al, 2005; Cope et al, 1997; Cox et al, 1995; Lorincz, 1987 apud Reid e Lorincz, 1995). Para a detecção de HPV, a Captura híbrida e a PCR são as técnicas mais utilizadas. A sensibilidade e especificidade são elevadas (Clifford et al, 2006; Villa e Denny, 2006; Iftner e Villa, 2003; Molijn et al, 2005; Cope et al, 1997; Cox et al, 1995; Lorincz, 1987 apud Reid e Lorincz, 1995). A Captura híbrida HPV é teste de DNA em ensaio de hibridação de ácido nucleico in vitro que utiliza quimioluminescência para a detecção qualitativa e semiquantitativa de HPV de baixo risco (HPV 6, 11, 42, 43 e 44) e alto risco (HPV 30 16, 18, 31, 33, 35, 39, 45, 51, 52, 56, 58, 59 e 68) (Villa e Denny, 2006) em amostras cervicais. (Villa e Denny, 2006, Cox et al, 1995). O DNA e RNA viral podem também ser detectados por sérieis de ensaios baseados na PCR. Neste caso, os genomas virais são seletivamente amplificados por série de etapas de polimerização, que resultam em aumento exponencial e reprodutível de sequências de nucleótidos de HPV presentes no espécime biológico (Villa e Denny, 2006; Iftner e Villa, 2003). Para a detecção de genoma do HPV, utilizando a PCR, tem-se disponível o teste Amplicor HPV que amplifica pequeno fragmento de primer (170 pares de bases) da região L1 e identifica 13 genótipos de alto risco. O Linear Array PCR que é um sistema de amplificação capaz de identificar 37 genótipos de HPV, todos os de alto e baixo risco na região anogenital humana (Villa e Denny, 2006; Iftner e Villa, 2003; Peyton et al, 2001; Kleter et al, 1999). A PCR-Tempo Real detecta a acumulação de fluorescência, sendo considerado método preciso para estimar a carga viral por quantificação do teor de um gene nuclear (Villa e Denny, 2006; Gravitt et al, 2003; Caballero et al, 1995). O teste HPV RNA, avalia a expressão do genoma, ou seja, a atividade viral nas células infectadas (Villa e Denny, 2006; Molden et al, 2005). 1.5 Inter-relações entre DST e infecção por HIV ou a AIDS A prevenção da propagação do HIV é ainda desafiadora no século XXI. Vastas evidências indicam que as DST que causam inflamação da mucosa e as úlceras genitais, contribuem para a propagação do HIV, aumentando a infecciosidade, a susceptibilidade ou ambas. No entanto, tem sido difícil identificar e tratar as DST de maior importância nas populações que são susceptíveis (Galvin e Cohen, 2004). A epidemia do HIV e das DST é interdependente. Possuem comportamentos semelhantes, tais como frequentes relações sexuais desprotegidas, multiplicidade de 31 parceiros, sobretudo aqueles com risco de serem portadores de alguma DST. Dados da literatura apontam clara evidência que DST aumentam a probabilidade de transmissão do HIV (Sangani et al, 2004). Os condilomas genitais, entretanto, configuram-se como doença oportunista nos pacientes com AIDS (Sung et al, 2012; Palefsky et al, 1999; Nadal et, 1999; Sun et al, 1997). Vários estudos enfatizam que nos indivíduos HIV+, as lesões genitais pelo HPV são frequentemente maiores, localizam-se em vários sítios e apresentam multiplos tipos de HPV (Zhou et al, 2013; Levi et al, 2002; Palefsky et al, 1999; Nadal et al, 1999; Wasserheit, 1992). A incidência da recorrência de lesões genitais de HPV e sua capacidade de resposta à terapia padrão, provavelmente, são alteradas no contexto da infecção por HIV (Sung et al, 2012; Wasserheit, 1992; Beck et al, 1990). Vários estudos tem demonstrado associação significativa entre a infecção por HPV com anormalidades cito histológicas cervicais e anais, com persistência da infecção, em homens e mulheres infectados por HIV (Zhou et al, 2013; Sung et al, 2012; Wrigth et al, 2004; Hagensee et al, 2004; Sanclement e Gill, 2002; Palefsky et al, 1999; Sun et al, 1997; Wasserheit, 1992; Palefsky et al, 1991). Em estudo realizado na África do Sul, a infecção por HPV de alto risco (HRHPV) entre profissionais do sexo foi estatisticamente significativa e independentemente associada à aquisição do HIV. No entanto, foi possível observar que houve aumento do risco de infecção pelo HIV entre casos infectados por múltiplos tipos de HR-HPV (Auvert et al, 2011). Como parte de um estudo de coorte prospectivo para avaliar a incidência do HIV entre as mulheres de alto risco em Kigali, Rwanda, encontrou-se associação entre infecção pelo HR-HPV e posterior aquisição do HIV. As mulheres que apresentaram soroconversão para HIV, entre a primeira e a segunda visita de medição do HPV, eram 4,9 vezes mais propensas a ter HR-HPV detectado na primeira visita, em comparação com mulheres que permaneceram HIV-negativas (Veldhuijzen et al, 2010). 32 As mulheres infectadas por HIV ou portadoras da AIDS apresentam significativamente altos índices de lesões intraepiteliais escamosas (SIL) e são mais suscetíveis à progressão do carcinoma cervical invasivo do que as mulheres HIVnegativas (Ng'andwe et al, 2007; Clarke e Chetty, 2002; Sun et al, 1997). A prevalência da infecção pelo HPV é geralmente maior em mulheres HIV-positiva (Palefsky, 2009; Ellerbrock et al, 2000; Sun et al, 1997). A correlação entre a resposta inflamatória local e os níveis de citocinas associadas à detecção genital do HIV tem sido demonstrados em estudos recentes (Mitchell et al, 2011; Henning et al, 2010; Nkwanyana et al, 2009; Decrion et al, 2005; Anzala et al, 2000). Na presença das DST ocorre a potencialização do aumento da susceptibilidade dos parceiros HIV-negativos, pela elevação do número de células disponíveis para invasão do HIV. A interação DST-HIV se concretiza por meio do aumento da infecciosidade dos parceiros HIV-positivos, devido ao aumento no número de células com vírus a ser inoculado (Kaul et al, 2008; Ghanen et al, 2005; Plummer, 1998; Wasserheit, 1992). A presença simultânea de infecções e a inter-relação entre HIV e outras DST, pode aumentar a susceptibilidade ao HIV, além do rompimento da barreira epitelial, durante a ativação e recrutamento de células alvo pelo HIV para o trato genital e geração de ambiente inflamatório (Mitchel et al, 2011; Kinsseger et al, 2009; Kaul, 2008; Plummer, 1998). Em indivíduos infectados por HIV, as coinfecções genitais aumentam os níveis de HIV nas secreções genitais, aumentando assim a transmissão sexual secundária (Kinsseger et al, 2009; Kaul et al, 2008; Kaul et al, 2000). Padrões conceituais para compreensão de interação entre a coinfecção do HIV com outras DST estão esquematizadas na figura 3 abaixo: 33 (A) DST ulcerativa: aumento da infeciosidade para transmissão e aquisição do HIV e das DST; (B) DST não ulcerativa: aumento da infeciosidade para transmissão e aquisiçãodo HIV. (C) DST, infecção pelo HPV: infecção oportunista relacionada ao grau de imunossupressão. Figura 3 – Sinergia epidemiológica na interação das DST e a infecção pelo HIV. Fonte: Wasserheit, 1992. Considerando que a coinfecção HIV-DST prolonga a infecciosidade de indivíduos com DST e estas DST aumenta a susceptibilidade ao HIV, pela facilitação da transmissão do HIV em nível comunitário, as duas infecções pode enormemente ser amplificada mutuamente. Esta mutualidade reforça o aumento do HIV e a incidência das DST sustenta a explosão da epidemia HIV em heterossexuais (Wasserheit, 1992; Piot et al, 1990; Piot et al, 1988; Piot et al, 1987; Quinn, 1986). 34 2 JUSTIFICATIVA Doenças sexualmente transmissíveis (DST) causam reação inflamatória da mucosa genital e contribuem para a propagação do HIV, aumentando a infecciosidade e susceptibilidade, tanto na transmissão como aquisição do HIV e outras DST. Além disso, a coinfecção das DST e HIV pode alterar a história natural de progressão da doença acelerando a grave imunossupressão se não detectada e tratada precocemente. Mundialmente, mulheres infectadas por HIV ou portadoras da AIDS apresentam maior relação de infecção pelo HPV associada às neoplasias intraepiteliais cervicais e câncer cervical. O Estado do Amazonas apresenta uma das maiores prevalências de câncer cervical no Brasil. Esta realidade se mantem, concomitantemente, com uma epidemia local de AIDS em contínuo crescimento, afetando sobremaneira a população feminina, cuja razão entre os sexos se aproxima da unidade. O diagnóstico e tratamento precoce por meio de rastreamento de DST em mulheres infectadas por HIV ainda não é uma realidade na prática clínica dos Serviços de Assistência Especializada (SAE) em HIV/AIDS do Amazonas. A prevalência dessas coinfecções, em mulheres infectadas por HIV/AIDS, em nosso estado, ainda não são conhecidas. O SAE HIV/AIDS da Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado, onde o estudo foi realizado, representa o serviço de referência estadual e presta atendimento a cerca de 90% dos pacientes com HIV/AIDS no Estado. Configura-se, também, como referência no atendimento de DST. Disponibiliza serviço de ginecologia para mulheres infectadas por HIV, realizando exames de citologia oncótica em livre demanda, mas ainda não dispõe de rastreamento para DST em mulheres HIV/AIDS. A existência da circulação de patógenos causadores de DST entre a população e o comportamento sexual sem uso de preservativo, mesmo sendo 35 infectadas por HIV, aumenta o risco das mulheres de se tornarem suscetíveis à infecção por outras DST, contribuindo para a aceleração da sua progressão para a AIDS, e, simultaneamente, de serem agentes de transmissão do HIV. Para o Amazonas, dados sobre a coinfecção HIV-DST ainda não foram estudados. O conhecimento da frequência dessas infecções e dos fatores associados às DST em mulheres HIV-positivas pode contribuir para o planejamento estratégico. Os resultados do estudo oferecerá conhecimento sobre a prevalência de DST, que se aplica ao repensar das estratégias estabelecidas para a saúde sexual e reprodutiva de mulheres infectadas pelo HIV e com AIDS atendidas no SAE, na perspectiva da qualificação da atenção à saúde. O estudo poderá colaborar para a implantação do rastreamento de DST em mulheres infectadas por HIV ou portadora da AIDS, conjuntamente com a prevenção do câncer cervical, configurando-se como serviço de saúde sexual e reprodutiva, para mulheres atendidas no SAE HIV/AIDS de referência estadual do Amazonas. 36 3 OBJETIVOS 3.1 Geral Estudar a prevalência de doenças sexualmente transmissíveis em mulheres infectadas por HIV ou portadora da AIDS em Serviço de Assistência Especializada, e a associação de fatores sociodemográficos, comportamentais e clínicos cocorrelacionados com essas infecções. 3.2 Específicos • Determinar a prevalência da infecção por Chlamydia trachomatis, Trichomonas vaginalis e Papilomavírus humano em mulheres infectadas por HIV ou portadora da AIDS em Serviço de Assistência Especializada; • Identificar os fatores sociodemográficos, comportamentais e clínicos associados à infecção por Chlamydia trachomatis, Trichomonas vaginalis e Papilomavírus humano em mulheres infectadas por HIV ou portadora da AIDS em Serviço de Assistência Especializada; • Determinar a prevalência de lesões neoplásicas intraepiteliais cervicais e câncer cervical em mulheres infectadas por HIV ou portadora da AIDS coinfectada por Chlamydia trachomatis, Trichomonas vaginalis e Papilomavírus humano em Serviço de Assistência Especializada. 37 4 MATERIAL E MÉTODOS 4.1 Modelo de Estudo Trata-se de um estudo epidemiológico de corte transversal, conduzido no período de novembro de 2009 a julho de 2011, com objetivo de identificar DST causadas por Chlamydia trachomatis, Trichomonas vaginalis e Papilomavírus humano e de Neoplasias Intraepiteliais Cervicais (NIC) e câncer cervical invasivo (CCI) para possível implantação de rastreamento de DST em Serviço de Assistência Especializada em HIV/AIDS. 4.2 Universo de Estudo 4.2.1 População de Referência O estudo teve como alvo a população de mulheres infectadas por HIV ou portadoras da AIDS, residentes no Estado do Amazonas. O Amazonas situa-se na Região Norte do Brasil, abrange uma área terrestre de 1.559.159,148 Km2 (IBGE). A população é constituída de 3.483.985 habitantes (DATASUS), que não ocupam uniformemente a sua superfície geográfica, concentrando-se aproximadamente 52% da população na capital Manaus. A cidade alberga aproximadamente 90% dos casos de AIDS do Estado do Amazonas (MS, 2012). 4.2.2 População de Estudo A população de estudo foi de mulheres infectadas por HIV ou portadoras da AIDS, que procuraram atendimento no Serviço de Assistência Especializada em HIV/AIDS da Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (SAE FMTHVD). O Cálculo do tamanho da amostra foi baseado em uma frequência de infecção por Chlamydia trachomatis de 5% (Miller et al, 2004) (IC95%; β = 3%-7%). O número necessário de mulheres infectadas por HIV ou portadoras da AIDS foi de 38 374 participantes, considerando uma recusa de 12%, o total da amostra final foi de 419 mulheres. 4.2.3 Participantes No início do estudo, a população de mulheres infectadas por HIV ou portadoras da AIDS identificadas com registro no SAE FMT-HVD totalizava 2.062. Foram acessadas 419 mulheres por demanda espontânea, selecionadas 374 que atendiam ao critério de inclusão. O critério de inclusão compreendeu mulheres infectadas por HIV ou portadoras da AIDS, com idade entre 18 a 49 anos, que aceitaram participar do estudo e realizaram exames diagnósticos para C. trachomatis, T. vaginalis e P. Humano. Foram excluídas do estudo mulheres grávidas, histerectomizadas, com conização de colo uterino e que não realizarem coleta de material biológico para exames e/ou o exame laboratorial não seja realizado. 4.3 Procedimentos 4.3.1 Recrutamento: o recrutamento das participantes do estudo foi realizado, principalmente, por bolsistas da iniciação científica treinados para a abordagem e convite às mulheres usuárias do SAE FMT-HVD para participarem do projeto. Técnico de dermatologia do serviço de triagem, enfermeiros e infectologistas do SAE/FMT-DHVD, encaminharam estas mulheres a procurarem a Gerência de DST/AIDS/FMT-HVD para informações sobre o projeto. As mulheres selecionadas que aceitaram participar do estudo, após assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), foram entrevistadas e o material para exames coletado imediatamente ou pré- agendados, de acordo com os dias de atendimento do SAE FMT-HVD e/ou disponibilidade da participante. 39 4.3.2 Entrevista: a entrevista foi realizada face-a-face, com duração de 20 minutos, em sala privativa, conduzida por enfermeiro do SAE/FMT-DHVD e bolsistas da iniciação científica treinados, através da utilização de um questionário padronizado identificado pelo número do registro do prontuário, contendo variáveis sociodemográficas, epidemiológicas e clínicas. Após a entrevista, as mulheres receberam orientações sobre os exames a ser realizados e recomendações para a coleta de exames, que compreenderam a não utilização de medicamentos ou duchas intravaginais até o exame, não ter relação sexual até 72 horas antes do exame e não está menstruada ou com sangramento no momento do exame. 4.3.3 Coleta de material cervical e vaginal 4.3.3.1 Coleta citológica para pesquisa de C. trachomatis e HPV: exame ginecológico especular foi realizado por ginecologista e enfermeira obstétrica e as amostras foram coletadas utilizando escova do tipo “cytobrush” que fazem parte do teste de Captura Híbrida 2V2® (DIGENE), com escovação da endocérvice, conforme as recomendações do fabricante. O transporte das amostras foi realizado em condições de temperatura ambiente ou baixas temperaturas (-2 a 8°C) em até no máximo dois dias, e encaminhadas ao Laboratório de biologia molecular da FMTDHVD. 4.3.3.2 Coleta da citologia oncótica: foi realizado exame ginecológico por ginecologista e enfermeira obstétrica, com introdução de espéculo vaginal e coleta de material da ectocérvice e da endocérvice por meio de espátula de madeira (Ayre) e da escovinha endocervical. A coleta seguiu as normas do Ministério da Saúde (Brasil, 2006). Esse procedimento de coleta vaginal somente foi realizado após a coleta de material para pesquisa de C. trachomatis e HPV. 4.3.3.3 Coleta de exsudato vaginal: utilizou-se swab estéril, coletando-se o conteúdo vaginal presente no fundo do saco de Douglas e a realização do esfregaço. O material foi encaminhado ao laboratório de bacteriologia da FMT-HVD. O procedimento de coleta vaginal somente foi realizado após a coleta cervical. 40 4.3.3.4 Amostras de sangue: foi solicitados exames de contagem de linfócitos TCD4+ e quantificação de carga viral do HIV – 1, para os casos que não tinham realizado esses exames nos últimos quatro meses. Os procedimentos de coleta e processamento das amostras estavam de acordo com rotina do Laboratório de Análises Clínicas da FMT-HVD, sob a regulamentação do MS. 4.3.3.5 Resultados de exames: os resultados dos exames foram obtidos através de laudos impressos, registros do livro de laboratório, registros de prontuário impresso e eletrônico (I Doctor/FMT-DHVD) e do Sistema de Controle de Exames Laboratoriais (SISCEL), de acordo com o método: 4.3.3.5.1 Pesquisa de C. trachomatis e HPV: foram seguidas as recomendações do fabricante. O DNA do HPV fo desnaturado e incubado com sondas de RNA A para os tipos de baixo risco e sonda B para tipos de alto risco, resultando na formação de híbridos RNA-DNA. Os híbridos foram capturados numa fase sólida com anticorpos específicos para os híbridos RNA-DNA e foram ligados por anticorpos conjugados com fosfatase alcalina. A luz emitida ou um produto obtido a partir da quimiluminescência do conjugado anticorpo - híbrido, que corresponde à quantidade de DNA na amostra, foi medido por um luminómetro como unidades relativas de luz (RLU). Uma amostra foi classificada positiva quando as RLUs eram iguais ou maiores do que o valor médio do controle positivo (1 picograma/ mililitro). Um controle negativo foi usado para avaliar testes negativos. Processo semelhante foi realizado para os sorotipos da C. trachomatis. 4.3.3.5.2 Citologia oncótica: a classificação utilizada foi a do Sistema Bathesda cuja neoplasia intraepitelial cervical foi graduanda em graus I, II e III, que correspondendo histologicamente às displasias de grau leve, moderado e grave, respectivamente. As neoplasias Intraepiteliais Cervicais de Grau I (NIC I) foram denominadas Lesões Intraepiteliais Escamosas de Baixo Grau (Low Grade Intraepitelial Lesion - LSIL). As NIC II e NIC III foram agrupadas no grupo das Lesões Intraepiteliais Escamosas de Alto Grau (High Grade Intraepitelial Lesion HGSIL) (MS, 2006). 41 4.3.3.5.3 Pesquisa de T. vaginalis: foi realizada através da microscopia à fresco, conforme a rotina do Laboratório de Bacteriologia da FMT-HVD, a morfologia de protozoário, ovalado, flagelado, móvel, refratário a luz definiu o resultado positivo do exame. 4.3.3.5.4 Contagem de linfócitos TCD4+ e quantificação de carga viral do HIV-1: foram considerados os resultados dos exames de biologia molecular realizados no período de quatro meses anterior ou posterior a data da coleta do material vaginal e cervical, conforme o histórico do Sistema de Controle de Exames Laboratoriais (SISCEL)/MS. 4.4 Análise dos Resultados Todas as informações foram codificadas e armazenadas em um banco de dados criado para este fim com acesso restrito. Utilizou-se o programa estatístico SPSS – data entry (Statistical Pacckage for the social sciences) version 17.0. Foi realizada análise descritiva, incluindo distribuição de freqüência para variáveis qualitativas e cálculo de mediana e interavalo interquartil para variáveis quantitativas. As taxas de prevalência de cada infecção estudada (C. trachomatis, T. vaginalis, HPV) e de NIC I e NIC II/III foram estimadas pela presença de teste positivo, e sendo fornecidas pela frequência do diagnóstico em questão, sendo calculado o correspondente intervalo de confiança de 95%. As possíveis associações entre as variáveis sociodemográficas, comportamentais e clínicas foram testadas por meio de testes de qui-quadrado, com correção de Yates ou teste de Fisher, quando apropriado. Odds Ratios e intervalos de confiança foram calculados em análises multivariadas para estimar o grau de associação entre cada infecção e as variáveis sociodemográficas, comportamentais e clínicas. Foi utilizada análise multivariada de regressão logística para estimar o efeito de uma variável, ao mesmo tempo em que se controlou o efeito das demais variáveis. 42 4.5 Aspectos éticos Durante o exame ginecológico, após a coleta de material, os casos de DST diagnosticadas foram devidamente tratados por ginecologista (abordagem clínica/ sindrômica) ou enfermeira (abordagem sindrômica). Consultas de retorno foram agendadas, entre 15/30dias após a coleta do material, com finalidade de entregar os resultados de exames, informar as infecções presentes ou ausentes, reavaliar clinicamente, introduzir o tratamento necessário, aconselhar para prevenção de DST e do câncer cervical. Os casos de NIC foram conduzidos conforme as recomendações do MS. Todas as informações relatadas pelas participantes do estudo foram utilizadas somente para a proposta da pesquisa. A confidencialidade dos dados foi protegida por meio de restrito acesso, permitido somente a equipe de pesquisa. Informações que facilitassem a identificação das participantes foram registradas no próprio questionário de pesquisa, de forma codificada em banco de dados de uso exclusivo dos envolvidos no projeto. Todos os instrumentos da pesquisa foram armazenados em arquivo específico. Os termos de consentimento assinados e os resultados de exames foram mantidos como anexo do questionário de pesquisa em arquivo específico e de acesso restrito. Nomes e identificação individual não foram utilizados nas publicações resultantes deste estudo. Este projeto foi submetido e aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa da FMTAM (Registro N. 327-09, aprovação N. 1962, em 06/04/2009). 43 5. RESULTADOS O total de mulheres acessadas no estudo foi 419. Desse total, 374 foram selecionadas por atender o critério de inclusão. Dessas 374 mulheres, aplicado o critério de exclusão, a amostra de estudo para infecção por C. trachomatis foi 329, T. vaginalis 341 e P. humano 310 participantes. O diagrama de fluxo da distribuição amostral das participantes do estudo encontra-se representado graficamente na figura 4 abaixo: Figura 4 – Diagrama de Fluxo das participantes do estudo. 44 Os resultados da tese foram apresentados em formato de artigo. Foram preparados três artigos científicos. Dois artigos foram publicados e um foi submetido para análise da revista. 5.1. Artigo Chlamydia trachomatis Silva LC, Miranda AE, Batalha RS, Sabino CC, Dib E, Costa CM, Ramasawmy R, Talhari S. Chlamydia trachomatis infection among HIV-infected women attending an AIDS clinic in the city of Manaus, Brazil. Braz J Infect Dis. 2012 Jul-Aug;16(4):335-8. doi: 10.1016/j.bjid.2012.06.023. 5.2. Artigo Trichomonas Vaginalis Silva LC, Miranda AE, Batalha RS, Monte RL, Talhari S. Trichomonas vaginalis and associated factors among women living with HIV/AIDS in Amazonas, Brazil. Braz J Infect Dis. 2013 Jul 31. doi:pii: S1413-8670(13)00164-5. 10.1016/j.bjid.2013.03.006. [Epub ahead of print] 5.3. Artigo Papillomavirus humano (enviado a revista PlosOne e no aguardo da resposta) 45 5.1. Artigo Chlamydia trachomatis Chlamydia trachomatis infection among HIV women attending an AIDS clinic in Amazonas, Brazil Chlamydia trachomatis in HIV women Authors Leila Cristina Ferreira Silva RN, MSc Fundação de Medicina Tropical do Amazonas Angélica Espinosa Miranda Núcleo de Doenças Infecciosas, Universidade Federal do Espirito Santo Rosieny Santos Batalha Fundação de Medicina Tropical do Amazonas Carolina Sabino Fundação de Medicina Tropical do Amazonas Elizabeth Cristina Dantas Dib Fundação de Medicina Tropical do Amazonas Carolina Marinho da Costa Fundação de Medicina Tropical do Amazonas Rajendranath Ramasawmy Fundação de Medicina Tropical do Amazonas Sinésio Talhari Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical, Universidade Estadual Amazonas 46 Abstract: To determine the prevalence of and identify risk factors for Chlamydia trachomatis (CT) among HIV-infected women attending the AIDS clinic in Amazonas, Brazil. Cross-sectional study conducted among HIV-infected women who attended the AIDS clinic in 2009-2010. Participants answered a questionnaire containing demographic, epidemiological and clinical data; during examination was collected genital specimen to detect CT-DNA by hybrid capture and blood samples to determine CD4+T and HIV viral load. There were 329 women included in the study. Median age was 32 years(IQR=27-38) and median schooling was nine years (IQR=4-11). The prevalence of CT was 4.3%(95%CI-2.1%-6.5%). Logistic regression analysis showed: age between 18-29 years [OR=4.1(95%CI-1.2-13.4)] and complain of pelvic pain [OR=3,7(95%CI-1.2-12.8)] were independently associated with CT. The use of condom was inversely associated with CT [OR=0.39(95%CI-0.1-0.9)]. Our results showed younger women who did not use condoms at higher-risk of CT. Screening for STI must be done routinely and safe-sexual practices should be promoted among them. Keywords: Chlamydia trachomatis; HIV; women; Amazonas. 47 INTRODUCTION Chlamydia trachomatis infection (CT) in the genitourinary tract is the most prevalent bacterial sexually transmitted disease (STD) worldwide1. Genital chlamydial infection has a huge impact on the sexual and reproductive health and is very common in developed and developing countries2,3,4. In developed countries such as the United States and the United Kingdom, the CT is the most commonly diagnosed bacterial sexually transmitted infection (STI) among the adolescents and young adults5,6. In Brazil, a high prevalence of CT is observed in the female population. Screening of CT in pregnant women in Brazil showed a prevalence of nearly 10% 7,8. In general, STI increase the risk of HIV transmission and are associated with more severe and earlier symptoms in patients infected with human immunodeficiency virus (HIV). The control of these infections represents a unique opportunity to improve reproductive health of women living with HIV9. Both ulcerative and non-ulcerative STI increased the risk of HIV transmission 3 to 10 times depending on the type and etiology of the STD9. When an individual infected by HIV is also affected by an STI, the viral load in genital secretions are increased10,11, thereby increasing considerably their potential of infectiousness and transmission. Some studies showed that the prevalence of CT among HIV-infected women ranges from 2% to 10% 12, 13, 14, 15. In Brazil, a study conducted in Rio de Janeiro found 3% of CT among HIV-infected women13. The aim of the current study was to determine the prevalence of and risk factors associated with CT among HIV-infected women attending the service of specialized care for AIDS in Manaus, Brazil. Material and Methods This is a cross-sectional study conducted among HIV women who attended the service for specialized care for AIDS of the Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-DHVD), Manaus, Amazonas, Brazil from June 2009 through June 2010. HIV women aged 18 to 49 years, not pregnant, with no history of hysterectomy were invited to participate in the study after giving written informed consent. The Ethical Committee for Research of the FMT-DHVD approved all of the procedures used in the study and was filed with the Registration N˚ 327-09, 48 06/04/2009. HIV women diagnosed with CT during the study were provided treatment in accordance with the Manual of STI Control Program of the Ministry of Health of Brazil. Individual interview for all of the participants of the study was conducted to fill out a standardized questionnaire containing sociodemographical, epidemiological and clinical data. Each participant also underwent a clinical and gynecological examination for genital specimen collection for bacterioscopy, cytology and for the detection for C. trachomatis DNA by hybrid capture (QIAGEN Group Corporation). A 5 mL of blood sample was also collected for the determination of HIV viral load and CD4+ T cell counts. The sample size calculation was based on an average frequency of CT of 5% (95% CI, β = 2%-8%)12,13,14,15. The required number of participants was 292. Considering a loss of 20%, the final sample size was estimated to be 350. Descriptive analysis was performed for the sociodemographic, sexual history and behavior covariates. Frequency distribution for qualitative variables and calculation of median and interquartile range (IQR) for quantitative variables were calculated. The prevalence of CT was estimated along with the corresponding confidence interval (CI) of 95%. Chi-square test with Yates correction was used to assess for possible associations between demographic variables and CT positivity. Fisher exact test was applied when appropriate. The multivariate logistic regression analysis was applied to examine the independent effect of each demographic or risk variable on the CT controlling for all other variables simultaneously. All variables that were moderately associated with a significance of P≤0.10 were considered for inclusion in the multivariate model. The multivariate model was used to test for an association between covariates and CT positivity. In the final analysis, variables with a significance of P > 0.05 were removed from the model. Results A total of 329 (94%) of HIV women participated in the study. The participants’ median age was 32 years with an interquartile range (IQR) of 27 to 38. The median of schooling period of the participants was 9 years (IQR = 4 -11). The prevalence of CT was 4.3% (95% CI 2.1% - 6.5%). 49 The sociodemographic and behavioral characteristics of women in the current study are shown in Table 1. HIV women with positive results for CT were younger (18 – 29 years) in comparison to those with negative results (64.3 vs. 33.7%, p = 0.049). The use of illicit drugs was also more common in HIV women with CT compared with those without (35.7% vs. 14.3%, p = 0.029). Table 1: Demographic and behavioral characteristics of the 329 participants HIV women, attendees of the service of specialized care for AIDS in Manaus, Amazonas, Brazil. Variables CT positive CT negative N (%) N (%) P value Age (years) 9 (64.3) 18 to 29 106 (33.7) 0.049 3 (21.4) 30 to 39 147 (46.7) 2 (14.3) 40 or more 62 (19.7) Years of schooling <= 4 2 (14.3) 84 (26.7) 0.771 5 to 8 4 (28.6) 73 (23.2) 9 or more 8 (57.1) 158 (50.2) Age at sexually active 6 (42.9) 150 (47.6) 0.727 <=15 years 8 (57.1) 165 (95.4) >15 years Partner change in past 12 months 1 12 (85.7) 275 (87.3) 0.696 >1 2 (14.3) 40 (12.7) History of STI Yes 5 (35.7) 95 (30.2) 0.658 No 9 (64.3) 220 (69.8) Sexual worker Yes 2 (14.3) 50 (15.9) 0.874 No 12 (85.7) 265 (84.1) Condoms use Yes 8 (57.1) 225 (71.4) 0.081 No 6 (42.9) 90 (28.6) Illicit drug use Yes 5 (35.7) 45 (14.3) 0.029 No 9 (64.3) 270 (85.7) The median of CD4+T cell counts and of viral load was 338.5 (IQR = 211.5 - 513.3) cells/mm3 and 497.5 (IQR = 49-11288) copies/mm3 respectively. The clinical data of the participants are described in Table 2. A total of 261 HIV women (79.3%) were 50 classified as patients with AIDS. The report of pelvic pain was more prevalent among the HIV women with CT than those without CT (78.6% vs. 50.5%, p = 0.040). Table 2: Clinical characteristics of the 329 participants HIV women, attendees of the service of specialized care for AIDS in Manaus, Amazonas, Brazil Variables CT positive CT negative P value n (%) n (%) Pelvic pain Yes 11 (78.6) 159 (50.5) 0.040 No 3 (21.4) 156 (49.5) Vaginal discharge Yes 10 (71.4) 172 (54.6) 0.215 No 4 (28.6) 143 (45.4) Genital bleeding Yes 1 (7.1) 32 (10.2) 0.956 No 13 (92.9) 283 (89.8) Ardência miccional Yes 4 (28.6) 72 (22.9) 0.620 No 10 (71.4) 243 (77.1) Recent use of antibiotics Yes 2 (14,3) 68 (21.6) 0.742 No 12 (85,7) 247 (78.4) CD4 T cell counts (cells/mm3) <=200 2 (14.3) 68 (21.6) 0.724 201 to 349 5 (35.7) 94 (29.8) 350 to 500 3 (21.4) 69 (21.9) > 500 4 (28.6) 84 (26.7) Viral load(copies/ml) <=1000 6 (42.9) 176 (55.9) 0.098 >1000 8 (57.1) 139 (44.1) Infection status HIV 12 (85.7) 249 (79.0) 0.547 AIDS 2 (14.3) 66 (21.0) The final multivariate logistic regression model analysis showed that age (18 to 29) [OR = 4.1 (1.2 to 13.4)] and report of pelvic pain [OR = 3, 7 (1.2 to 12.8)] were independently associated with CT. Condom use was inversely associated with CT [OR = 0.39 (0.1-0.9)]. Discussion The prevalence of CT among HIV women in the current study is 4.3%. This is in agreement to reports from Rio de Janeiro (Brazil) and Mombasa (Kenya) where a prevalence of CT of 3% and 3.2% respectively was observed among HIV women13,16. 51 However, this prevalence is lower to that found among pregnant and parturient women in Brazil7,8 and to that observed (9.7% ) among HIV women in Thailand15. We observed an association of CT with younger age (18 – 29 years), with pelvic pain and with unprotected sex (no use of condom). Similar findings have been reported in other studies6,7,8,17. Young women are the most affected by CT. The early onset of sexual activity, having more than one partners and the practice of unprotected sex further intensify the risk of CT20. Although cross-sectional study is not the best for determining risk factors, its application is justified for assessing the prevalence of and the associated factors for CT among HIV women, especially at their age of highest fecundity. It is of utmost importance to demonstrate the susceptibility of this group of women to the complications of this infection in women's health. In this study, we cannot rule out of the possibility of response bias. There is always a general tendency to give socially acceptable answers. Moreover, the sensitivity of hybrid capture test for CT is lower than the test based on nucleic acid amplification. This may lead to an underestimation of the prevalence. On the other hand, the prevalence observed in the current study may be higher as HIV women seeking care at the clinics may be potentially at higher risk for sexually transmitted infections. Chlamydial infection is often asymptomatic. If CT is not detected by screening, it is unlikely to be reported. Due to the lack of specific symptoms, CT diagnosis is hardly sought. Approximately 70% to 80% of individuals with CT remain asymptomatic and go undiagnosed21. This renders difficult the control of the spread of CT as most of the asymptomatic patients are unaware of their status and do not seek treatment. The limited availability of laboratory tests for diagnosis of CT in Brazil further complicates the matter. Chlamydia trachomatis can cause genitourinary infections, pelvic inflammatory disease, chronic pelvic pain, tubal-factor infertility, ectopic pregnancy and cervical cancer19,22. Infection during pregnancy and childbirth can trigger preterm labor, ruptured membranes and low birth weight newborn23,24. Infants born from mothers with CT can be infected during delivery through the parturian canal and may present conjunctivitis and pneumonia25. In patients with HIV, the co-infection with CT may prolong/or increase their potential of infectiousness facilitating the transmission 52 of HIV and this epidemiological synergy may be responsible for increased transmission of HIV in some populations 26. It is well known that when interventions in health services are effectively implemented, the quality of care is improved and, consequently the condition of sexual and reproductive health, thereby avoiding complications and having positive effect in the controlling of the spread of STI27,28. The service of specialized care for HIV women must be aware of the need for STI screening in this vulnerability and high risk population. References 1. WHO. Global Strategy for Intervention and Control of Sexually Transmitted Infections: 2006-2015. World Health Organization, Geneva, 61p, 2007. 2. Fenton KA, Lowndes CM. Recent trends in the epidemiology of sexually transmitted infections in the Europe Union. Sex Transm Infect. 2004;80:255-263. 3. 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Artigo Trichomonas vaginalis Trichomonas vaginalis and associated factors among women living with HIV in Amazonas, Brazil Trichomonas vaginalis in HIV women Authors Leila Cristina Ferreira Silva MSc1, Angélica Espinosa Miranda MD,PhD2, Rosieny Santos Batalha MD1, Rossicléia Lins Monte MSc2, SinésioTalhari MD,PhD1 (1) Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical, Universidade do Estado Amazonas (2) Núcleo de Doenças Infecciosas, Universidade Federal do Espírito Santo Correspondence: Leila Cristina Ferreira da Silva Fundação de Medicina Tropical do Amazonas Rua Pedro Teixeira, 25 Manaus – Amazonas – Brasil E-mail: [email protected] 56 Abstract Objectives: Our goal was to determine the prevalence of Trichomonas vaginalis (TV) and its associated factors among women living with HIV attending an AIDS clinic in Manaus, Amazonas, Brazil. Methods: Cross-sectional study among women attending an AIDS clinic in Manaus between March and December 2010 for gynaecological examination were invited to participate. Enrolled patients answered a face-to-face interview including demographic, behavioral and clinical data. They also underwent a gynaecological evaluation and cervical scrape samples were collected for wet mount, Gram stain, culture and cytological analysis. A blood sample was obtained to determine TCD4+ lymphocytes and viral load. Results: A total of 341(91.2%) women participated in the study. The prevalence of TV was 4.1%(CI95%: 2.0%-6.2%)]. Median age was 32 (interquartile range (IQR): 27-38) years and median of education was 9.0 (IQR 4-11) years of schooling. A total of 165 (53.2%) HIV women were classified as patients with AIDS. In multivariate analyses, squamous intraepithelial lesions in cytology [OR=2.46 (CI95%:1.31-4.63, p=0.005)] and anal sex practice [OR=3.62 (CI95%:1.08-12.19, p=0.037)], were associated with TV. Conclusions: These results highlight that HIV-infected women should be screened for TV. The control of this infection may have an impact on preventing reproductive complications among these women. Key words: Trichomonas vaginalis; HIV; associated factors; Amazonas. Sexually transmitted infections (STI) facilitate HIV transmission through direct and biological mechanisms. Early detection and treatment of STI can be an addition to HIV prevention strategies1,2. Trichomonas vaginalis (TV) is a flagellate protozoan considered being sexually transmittable, related to low socioeconomic levels3. TV causes a serious discomfort to women. It is associated with adverse pregnancy outcome, manifested by preterm rupture of membranes, preterm delivery, low-birth-weight infants4,5, infertility6, and cervical cancer6,7. It also increases the transmission of human immunodeficiency 57 virus (HIV)8-10. Among HIV-1 positive individuals, infection with TV is associated with higher genital HIV-1 levels10,11. Antiretroviral therapy decreases genital shedding of HIV-1, but there is some evidence that shedding may still be increased in the presence of genital tract infections12. Therefore, it has been shown that the successful treatment of trichomoniasis in antiretroviral naïve women reduces the shedding and genital HIV-1 levels10,12. Our goal was to determine the prevalence of Trichomonas vaginalis and describe associated factors in HIV women attending an AIDS clinic in Manaus, Amazonas, Brazil. This is a cross-sectional study performed among women living with HIV. Women attending an AIDS outpatient clinic in Manaus for gynecological examination, between March and December 2010, were invited to participate in the study. Enrolled patients answered a face-to-face interview including demographic, behavioral and clinical data. Pregnant and postpartum women were excluded. They also underwent a gynecological evaluation. Cervical scrape samples were collected for wet mount (in which "corkscrew" motility was observed), Gram stain, culture in Diamond medium and cytological analysis. A blood sample was obtained to determine CD4 and HIV viral load. Data were analyzed using the SPSS 17.0 for Windows. A preliminary analysis was performed using exploratory techniques on the data. Chi-Square, Fisher’s exact and Student’s-t tests were used. The odds ratio was used as a measure of association, estimated with a 95% confidence interval. Multivariate analysis was performed to estimate effects of independent variables, through the use of logistic regression models. This study was submitted to and approved by the internal review board of the Amazonas Tropical Medicine Foundation (FMTAM). Written consent was given by 58 the patients for their information to be stored in the hospital database and used for research. A total of 341 (91.2%) of 374 women were included in the study. Trichomonas vaginalis was detected in 14 cases [4.1% (CI95%: 2.0%-6.2%)]. Median age was 32 (interquartile range (IQR): 27-38) years and median of education was 9.0 (IQR 4-11) years of schooling. A total of 165 (53.2%) HIV women were classified as patients with AIDS. Table 1 shows demographic, behavioral and clinic data, 34.9% were younger than 30 years old, 25.8% had up to 4 years of schooling and 56.0% had a monthly income up to US$180. Regarding behaviors; 49% reported first intercourse up to 15 years old; 78.3% used condoms regularly in last year; 30.5% reported previous STI; 16.7% were commercial sex workers and 32.0% reported anal sex. In bivariate analysis, only candidiasis (35.7% vs. 15.0%, p=0.034) and squamous intraepithelial lesions (SIL) in cytology (35.7% vs. 10.4%, p=0.004) were statistically different when compared with the presence of trichomoniasis. Table 1: Demographical, behavioural and clinical characteristics of HIV women attending the AIDS clinic in Manaus, Amazonas, Brazil, (n=341) Demographic and clinical TV Positive TV negative P value variables n (%) n (%) Age in years 18 to 29 4 (28.6) 115 (35.2) 0.633 30-39 8 (57.1) 60 (44.3) >=40 2 (14.3) 67 (20.5) Education in years Up to 4 5 (35.7) 83 (25.4) 0.127 5 to 8 6 (42.9) 74 (22.6) >=9 3 (21.4) 170 (52.0) Marital status Married/living together 8 (57.1) 175 (53.5) 0.575 Single/Separated/Divorced/Widow 6 (42.9) 152 (46.5) Monthly income Up to one BMI* 10 (71.4) 181 (55.4) 0.555 1.1 to 3 BMI 4 (28.6) 116 (35.5) More than 3 BMS 0 (0) 30 (9.1) Age at first intercourse <=15 years 10 (71.4) 157 (48.0) 0.086 >15 years 4 (28.6) 170 (52.0) Regular condom use Yes 11 (78.6) 256 (78.3) 0.980 No 3 (21.4) 71 (21.7) 59 Sex workers Yes 2 (14.3) 55 (16.8) No 12 (85.7) 272 (83.2) Homosexual relationship Yes 1 (7.1) 16 (4.9) No 13 (92.9) 311 (95.1) Anal sex intercourse Yes 7 (50.0) 102 (31.2) No 7 (50.0) 225 (68.8) Previous STI Yes 3 (21.4) 101 (30.9) No 11 (78.6) 226 (69.1) Candida infection Positive 5 (35.7) 49 (15.0) Negative 9 (64.3) 278 (85.0) Bacterial vaginosis Positive 6 (42.9) 115 (35.3) Negative 8 (57.1) 212 (64.7) Oncotic cervical cytology Normal 9 (64.3) 293 (89.6) Cancer precursors lesions 5 (35.7) 34 (10.4) CD4 counts <=349 cells/mm3 5 (35.7) 171 (52.8) 350 to higher cells/mm3 9 (64.3) 153 (47.2) Viral load (copies/ml) <=1,000 11 (78.6) 167 (51.1) >1,000 3 (21.4) 160 (48.9) * One BMI (Brazilian Minimal Salary) = US$180 in 2011 0.803 0.678 0.139 0.564 0.034 0.577 0.004 0.211 0.056 In multivariate analyses, SIL [OR=2.46 (CI95%:1.31-4.63, p=0.005)] and anal sex practice [OR=3.62 (CI95%:1.08-12.19, p=0.037)] were associated with Trichomonas vaginalis. The prevalence of Trichomonas vaginalis found in the AIDS clinic in Manaus, Amazonas was 4.1%. This result was in agreement with data described in a study performed in an AIDS clinic in São Paulo (3.0%)13 but lower than reported in other Brazilian study performed in Recife, which investigated genital infection in HIV women and found 20.0% of TV14. TV causes a wide spectrum of symptoms, ranging from a relatively asymptomatic state to severe inflammation and irritation3,6. In this study, abnormalities at cytology and reporting anal sex were factors associated with trichomoniais. Previous studies 60 had described the association between TV and SIL6,7 and anal sex and higher risk of STI15, 16. Although cross-sectional study is not the best study for determining risk factors, its application is justified for assessing the prevalence of and the associated factors for TV among HIV women. It is important to demonstrate the susceptibility of this group of women to the complications of this infection in women's health. In this study, we cannot rule out the possibility of response bias. There is always a general tendency to give socially acceptable answers. STI continue to take an enormous toll on health, particularly on women’s reproductive health. In fact, next to complications of pregnancy and childbirth, they are the leading cause of health problems for women of reproductive age6,9. The presence of one or more STI increases the risk of becoming infected with HIV by two to nine times1. The bidirectional relationship represents a potentially important factor in sustaining the HIV epidemic in populations where TV is endemic and it can also be affected by reproductive health tract infections2,8,9. Health care services for HIV women exist and they are able to successfully control the infection and avoid the disease’s progression. Although this is promising, there is still much work to be done to identify innovative interventions that refer to the social, cultural and environmental influences of the STI presence in this group. It is also necessary to find better means of access for the prevention of HIV infection, so that effective interventions can be more broadly used. References 1.Fleming DT, Wasserheit JN. From epidemiological synergy to public health policy and practice: the contribution of other sexually transmitted diseases to sexual transmission of HIV infection. Sex Transm Inf. 1999;75:3-17. 2. Mavedzenge SN, Pol BV, Cheng H, et al. Epidemiological synergy of Trichomonas vaginalis and HIV in Zimbabwean and South African women. Sex Transm Dis. 2010;37(7):460-6. 3. Rughooputh S, Greenwell P. Trichomonas vaginalis: paradigm of a successful sexually transmitted organism. Br J Biomed Sci. 2005;62(4):193-200. 61 4. Coteh MF, Pastorek JG, Nugent, RP, et al. 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Artigo papillomavirus humano (enviado a revista PlosOne) Human Papillomavirus and cervical lesions among women living with HIV/AIDS in Brazilian Amazon, Brazil Leila C.F Silva1,2, Angélica E Miranda2,3, Rosieny S Batalha1, Luiz C Ferreira1,2, Mayara C Santos1, Sinésio Talhari2 1 Tropical Medicine Foundation Dr. Heitor Vieira Dourado, Brazil 2 Post Graduation Program in Tropical Medicine, Tropical Medicine Foundation Dr. Heitor Vieira Dourado/State University of Amazon, Brasil 3 Infectious Diseases Unit, Federal University of Espírito Santo, Brasil Corresponding authors: Leila Cristina Ferreira da Silva, Tropical Medicine Foundation Dr. Heitor Vieira Dourado, 25 Pedro Teixeira Avenue, Dom Pedro, Manaus, Amazonas, Brasil, CEP: 69.040-000. Email: [email protected]; [email protected] 63 Summary: Background: The prevalence of human papilomavirus infection (HPV) is usually greater in HIV-positive women and cervical cancer is one definition of AIDS cases. The goal of this study was to determine the prevalence of HPV infection and cervical lesions and its associated factors among HIV/AIDS women attending an AIDS clinic in Manaus, Amazonas, Brazil. Methods: Cross-sectional study. Women attending an AIDS clinic in Manaus between March and December 2011 for gynecological examination were invited to participate. Enrolled patients answer a face-to-face interview including demographic, behavioral and clinical data. They also underwent a gynecological evaluation and cervical scrape samples were collected for cytological analysis and high risk HPV hybrid capture. A blood sample was obtained to determine CD4 and viral load. Results: A total of 310 (82.9%) women participated in the study. High-risk HPV was detected in 191 (61.6%) cases; 24 (13.5%) had a low-grade squamous intraepithelial lesion (SIL) and 4 (2.2%) high-grade SIL. No invasive cervical cancer was diagnosed. Median age was 32 (interquartile range (IQR): 27-38) years and median of education was 8.5 (IQR 4-11) years of schooling and 56.1% had a monthly income up to US$180. In multivariate analyses, having less than 30 years old [OR=1.7 (CI95%1,22.4, p=0.005)], high-grade SIL [OR=6.5 (CI95%1.6-23.0, p=0.009)], and CD4 counts <200 cells/mm3 [OR=1.6 (CI95%1,2-2.0, p<0.001)] were associated with high risk HPV infection. Conclusions: It was reported a high prevalence of high risk HPV in women living with HIV in Manaus. In the present study high risk HPV was associated to high SIL. HPV infection and SIL are commonly in HIV population. These results show the importance of HPV test in routine care of women infected by HIV. Key words: HPV; HIV/AIDS; women; cervical cancer; Brazilian Amazon. 64 Introduction Although screening for cervical cancer is recommended to women in most countries, with varying age range and periodicity of testing, the incidence of cervical cancer and its related mortality is far greater in developing countries1. Invasive cervical cancer (ICC) is the second most common cancer in women of childbearing age in Brazil and about 14.1% of women in the general population are estimated to be infected by cervical HPV infection at a given time1,2. An estimated 17,540 new ICC cases will be diagnosed in Brazil in 2012 (17.5/100,000 women) 2. The ICC is a concern in the state of Amazonas to present the second highest incidence rate estimated in Brazil (600 cases; 34.2/100,000 women) in 2012. To the same year, the framework of its capital Manaus is very serious displaying an estimate three times greater than expected for the country and the highest incidence rate among Brazilian capitals (490 cases; 52.0/100,000 women)2. The spread of HIV/AIDS in northern Brazil and the State of Amazonas, in particular, is worrisome, especially by the vulnerability of this geographical area, which is determined by the ethnic-cultural diversity of their populations3,4. The precarious living conditions of the population, and the lack of access to basic needs and health care, given the magnitude of the disease and current epidemiological trends, are important issues in this population, especially regarding hospital admissions5 In Brazil the total cumulative cases of AIDS for 1980-2012 is 656 701 cases and 35.1% of this total are women. The mortality rate for women was 4.2/100,000 inhabitants, with an annual increment (2002-2011) 0.8%. In 2011, the incidence rate of AIDS in the Amazon was the fourth largest in the country (29.4 /100,000 inhabitant), and the mortality rate for the fifth largest (6.2/100,000 inhabitant). The capital Manaus has the third highest incidence rate of AIDS among Brazilian capitals (48.6/100,000 inhabitant), with mortality rates of mortality of 9.9% 6. Women who live with HIV/AIDS present significantly high rates of squamous intraepithelial lesions (SIL) and are more susceptible to invasive cervical carcinoma progression than HIV-negative women7, 8. The prevalence of human papillomavirus infection (HPV) is usually greater in HIV-positive women9,10 and it might be explained 65 by the high maintenance of viral load and HPV infection as a result of HIV infection, that increase the risk to develop SIL11,12. Wherever HIV-infected women have access and good coverage to cervical cancer screening, they will have a better prognosis related to early diagnosis and treatment of cervical lesions, avoiding progression to cancer. The goal was to evaluate the prevalence of cervical lesions and HPV infection in women with HIV/AIDS attending an AIDS clinic in Manaus, Amazonas, Brazil. Material and Methods This study was submitted to and approved by the internal review board of the Amazonas Tropical Medicine Foundation (FMT/HVD - 327-09/2009). Written consent was given by the patients for their information to be stored in the hospital database and used for research. This is a cross-sectional study conducted among women infected by HIV attending an AIDS clinic between March and December 2011, in Manaus, Amazonas, Brazil. Patients attending the clinic for gynecological examination, aged 18 to 49 years old, were invited to participate. Enrolled patients answer a face-to-face interview including demographic, behavioral and clinical data, after signing the informed consent form. They also underwent a gynecological evaluation and cervical scrape samples were collected for cytological analysis, which followed the recommendations made by Brazilian Ministry of Health. The classification used for cytological results was the Bethesda System, whose cervical intraepithelial neoplasia was majoring in grades I, II and III, which correspond to dysplasia histologically mild, moderate and severe, respectively. Histological analyses were performed in face to cytological abnormalities. They were guide by colposcopy. A blood sample was obtained to determine CD4 and viral load. Samples for molecular biology tests were collected prior to the collection for cytology. The test used for detection of HPV DNA was the Hybrid Capture 2V2® (HC2) low (6, 11, 42, 43 e 44) and high risk (HPV 16, 18, 31, 33, 35, 39, 45, 51, 52, 56, 58, 59 e 66 68). The samples were collected using brush-type "cytobrush," which are part of HC2 (DIGENE) to microwell hybridization signal amplification by detecting chemiluminescence to qualitatively detect HPV. Hybrid capture was also performed for Chlamydia trachomatis. Transport of samples was performed in ambient temperature conditions or for low temperatures (-2 to 8 ° C) up to a maximum of two days and sent to the Laboratory of Molecular Biology of the Tropical Medicine Foundation Dr. Heitor Vieira Dourado in Manaus, Amazonas. The primary outcome variables were the result of cytology with cervical intraepithelial neoplasia grade I, II / III (CIN I, II / III) and invasive cervical cancer and the positivity of HPV test for lower and high risk, defined as any positive testing HC2. To determine factors associated with prevalence high risk HPV, predictor variables were examined demographic, behavioral and HIV-infection or AIDS related. The variables demographic were included State of origin, age in years, education in years, marital status, monthly income, and tobacco use. Behavioral were age at first sexual intercourse, regular condom use, previous sexual violence, sex workers, practice of anal sex, homosexual relationship, illicit drug use and injecting drug use. Related at HIV/Aids were genital bleeding, cervical cytology and Chlamydia trachomatis test results, CD4 counts and viral load at HPV diagnosis, as well as infection status (categorized as HIV and AIDS). Data were analyzed using the SPSS 17.0. A preliminary analysis was performed using exploratory techniques on the data. Chi-square tests and Student’s-t tests and variance analysis were used. The odds ratio was used as a measure of association, estimated with a 95% confidence interval and those with p < 0.05 were considered to be significantly associated with the outcome variable. Multivariate analysis was performed to estimate effects of independent variables, through the use of logistic regression models. 67 Results This study had accessed 419 women, 374 of these were recruited because they met the inclusion criteria. Of the participants recruited were excluded 08 cases for diagnosis of pregnancy at the time of collection, previous hysterectomy, age greater than 49 years old and duplication of participation. After the interview, 56 women did not perform sample collection. So that 310 (82.9%) women were included in the study (Figure 1). Figure 1 - Flow diagram of study participants. Recruitment of HIV-infected women or with AIDS of the SAE/FMT-DHVD n = 2.062 Accessed Eligible Women n = 419 Inclusion Criteria Women Included n = 374 HIV-infected women or with AIDS Age 18 to 49 years Nonpregnant women, nonhysterectomized and not conizadas Exclusion Criteria Diagnosis of pregnancy at the time Study population n = 310 of study sampling n = 01 Previous hysterectomy n = 01 Age greater than 49 n = 01 Duplication of participation n = 05 Women did not perform sample Collection n = 56 68 High-risk HPV was detected in 191 (61.6%) cases; 24 (13.5%) had a low-grade squamous intraepithelial lesion (SIL) and 4 (2.2%) high-grade SIL. There were not cases of invasive cervical cancer. Median age was 32 (interquartile range (IQR): 27-38) years and median of education was 8.5 (IQR 4-11) years of schooling. A total of 56.1% had a monthly income up to US$180. Table 1 shows demographic data, there was difference between groups only regarding age. Table 1: Demographical characteristics of the 310 participants HIV women, attendees of the service of specialized care for AIDS in Manaus, Amazonas, Brazil Variables HPV Positive HPV negative P value n (%) n (%) State of origin Amazonas State 157 (82.2) 91 (76.5) 0.143 Other States in North 25 (13.1) 19 (16.0) Other Regions 9 (4.7) 9 (7.5) Age in years 18 to 29 80 (41.9) 28 (23.5) 0.002 30-39 81 (42.4) 60 (50.4) >=40 30 (15.7) 31 (26.1) Education in years Up to 4 50 (26.2) 30 (25.2) 0.916 5 to 8 48 (25.1) 27 (22.7) >=9 93 (48.7) 62 (52.1) Marital status Single 61 (31.9) 33 (27.7) 0.621 Married/living together 97 (50.8) 69 (58.0) Separated/Divorced 21 (11.0) 12 (10.1) Widow 12 (6.3) 5 (4.2) Monthly income Up to one BMI* 116 (60.7) 58 (48.7) 0.194 1.1 to 3 BMI 60 (31.4) 46 (38.7) More than 3 BMI 15 (7.9) 15 (12.6) *One BMI = US$180 in 2011 Behaviors are described in Table 2: 9.7% were tobacco users, 49 (15.8%) illicit drug abusers, 220 (71.0%) used condoms regularly in last year and 49 (15.8%) were commercial sex workers. There were not differences between the two groups. 69 Table 2: Behavior characteristics of the 310 participants HIV women, attendees of the service of specialized care for AIDS in Manaus, Amazonas, Brazil Variables HPV Positive HPV negative P value n (%) n (%) Age at first intercourse <=15 years 95 (49.7) 51 (42.7) 0.233 >15 years 96 (50.3) 68 (57.3) Regular condom use Yes 135 (70.7) 85 (71.4) 0.777 No 56 (29.3) 34 (28.6) Previous sexual violence Yes 70 (36.6) 41 (34.5) 0.779 No 121 (63.4) 78 (65.5) Sex workers Yes 35 (18.3) 14 (11.8) 0.333 No 156 (81.7) 105 (88.2) Practice of anal sex Yes 59 (31.4) 37 (31.1) 0.836 No 131 (68.6) 82 (68.9) Homosexual relationship Yes 9 (4.7) 5 (4.2) 0.317 No 182 (95.3) 124 (95.8) Illicit drug use Yes 33 (17.3) 16 (13.4) 0.368 No 158 (82.7) 103 (86.6) Injecting drug use Yes 3 (1.6) 1 (0.8) 0.579 No 188 (98.4) 118 (99.2) *SIL=Squamous intraepithelial lesions The median of CD4+T cell counts and of viral load was 338.5 (IQR = 211.5 - 513.3) cells/mm3 and 497.5 (IQR = 49-11288) copies/mm3 respectively. A total of 165 (53.2%) HIV women were classified as patients with AIDS. HPV positive group was different from HPV negative group regarding CD4 counts less than 200 (28% vs. 10.2%, p<0.001) and high grade SIL (3.7% vs. 0.8%, p=0.001). Clinical data are described in Table 3. In multivariate analyses, having less than 30 years old [OR=1.7 (CI95%1,22.4, p=0.005)], high-grade SIL [OR=6.5 (CI95%1.6-23.0, p=0.009)], and CD4 counts <200 cells/mm3 [OR=1.6 (CI95%1,2-2.0, p<0.001)] were associated with high risk HPV infection. 70 Table 3: Clinical characteristics of the 310 participants HIV women, attendees of the service of specialized care for AIDS in Manaus, Amazonas, Brazil Variables HPV Positive HPV negative P value n (%) n (%) Genital Bleeding Yes 20 (10.5) 11 (9.2) 0.735 No 171 (89.5) 108 (90.8) Cervical cytology results Normal 157 (82.2) 116 (97.5) <0.001 Low grade SIL* 27 (14.1) 2 (1.7) High grade SIL 7 (3.7) 1 (0.8) Chlamydia trachomatis test Positive 11 (5.8) 3 (2.5) 0.262 Negative 180 (94.2) 116 (97.5) CD4 counts at HPV diagnosis 54 (28.0) 12 (10.2) <0.001 <=200 cells/mm3 56 (29.1) 36 (30.5) 201 to 349 cells/mm3 48 (25.4) 20 (16.9) 350 to 500 cells/mm3 33 (17.5) 51 (42.4) >500 cells/mm3 Viral load (copies/ml) <=1,000 94 (49.2) 71 (59.7) 0.073 >1,000 97 (50.8) 48 (40.3) Infection Status HIV 89 (46.6) 56 (47.1) 0.725 AIDS 102 (53.4) 63 (52.9) *SIL=Squamous intraepithelial lesions Discussion It was reported a high prevalence of high risk HPV in women living with HIV in Manaus. These results show the importance of gynecologic examinations in routine care and follow-up required by those who present with cervical lesions. These results are in agreement with other Brazilian13,14,15 and international studies9,10,11 that showed high prevalence of high risk HPV among HIV women. It is important to emphasize that it was found low prevalence of high grade SIL in this group and there was no discover of invasive cervical cancer. It can be explained by the higher access of HIV women to gynecological care in Brazil. As they go to the clinic to be followed because of HIV infection they also are submitted more frequently to pap smear and can be diagnosed earlier than in general conditions. 71 HPV is considered one of the most important risk factors for cervical cancer16, 17,18. In the present study high risk HPV was associated to high SIL. HPV infection and SIL are commonly in HIV population10,11,19. HIV women may be asymptomatic, however, women with SIL of fast progression must be tested to HIV, because it might be a signal of immunosuppression11. Factors related to the virus also contribute to progression of the infection to cancer, such as HPV type involved in the infection, viral variants, persistence of infection and viral load20, 21. The high-risk types are more likely to cause persistent lesions and be associated with precancerous lesions 22. Other associated factor with high risk HPV in this study was lower CD4 lymphocytes cells counting (<200cell/mm3). Other studies suggested that the frequency of HPV persistence varied inversely with CD4+ count, they have found higher HPV prevalence and incidence of oncogenic HPV types in HIV patients, especially those with lower CD4+ counts12,23. These data suggest that the level of CD4 is important in the pathogenesis of HPV infection in HIV patients. Although cross-sectional study is not the best study for determining risk factors, its application is justified for assessing the prevalence of and the associated factors for high risk HPV among HIV women. It is important to demonstrate the susceptibility of this group of women to the complications of this infection in women's health. In this study, there is no rule out of the possibility of response bias. There is always a general tendency to give socially acceptable answers. Performing routinely cervical cytological exam is recommended and any degree of abnormality in this test should be referred to colposcopy assessment24, 25 . HIV- positive women with cervical invasive carcinoma normally present faster evolution and more chance for disease recurrence10. Cervical cancer incidence in HIV-positive women is not changed with use of ARV therapy17,26. Therapeutic management is the same for any woman, independently of her HIV serology, but with poorer prognosis in women with AIDS16. Cancer prevention programs exist and have been shown to be successful at avoiding disease progression. Although this is encouraging, much work remains to identify 72 additional innovative interventions that address the social, cultural, and environmental influences of HPV infection and cervical cancer. There is also a need to find better ways of disseminating evidence-based approaches to HIV prevention, so that effective interventions are more widely used. Acknowledge: The team would like to thank the International Clinical, Operational, and Health Services Research and Training Award (ICOHRTA) Program, the Fogarty International Center/US National Institutes of Health #U2RTW006885 ICOHRTA-NIH AI066994 for grant support. References 1. WHO/ICO Information Centre on HPV and Cervical Cancer (HPV Information Centre). 2010. Human Papillomavirus and Related Cancers in Brazil. Summary Report. [May 20, 2012]. Available at www.who. int/hpvcentre. 2. Brasil. Instituto Nacional de Câncer (INCA). 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A frequência das DST observadas no presente estudo, em mulheres infectadas por HIV ou portadoras da AIDS, mostra prevalência de coinfecções de transmissão sexual semelhante a outros estados brasileiros. O objetivo do presente estudo foi investigar a prevalência de DST em mulheres HIV/AIDS no Estado do Amazonas e os fatores sociodemográficos, comportamentais e clínicos associados. Os resultados dessa investigação indicam que a infecção por C. trachomatis está associada a faixa etária mais jovem, à imunossupressão, maior carga de HIV plasmática, dor pélvica e progressão da infecção pelo HIV para AIDS. A neoplasia intraepitelial cervical (grau II/III) foi prevalente em apenas um caso (1,7%) de coinfecção HIV-C. trachomatis. Para esse mesmo caso, existia, também, a presença de coinfecção com HPV. Para a infecção pelo T. vaginalis, houve maior associação em mulheres portadoras da AIDS, apresentando níveis mais altos de linfócitos TCD4+ e menor carga viral. Havia, também, associação com lesões precussoras do câncer cervical (NIC = 35,7%; p-valor =0,004). Na coinfecção com HPV, as mulheres HIV-positivas, além da sua associação com a imunossupressão e status de AIDS, havia associação com faixas etárias de 18-39 anos e lesões intraepiteliais cervicais de baixo e alto grau. 76 O rastreamento e detecção de DST assintomáticas, ou não, em populações específicas, como as mulheres sexualmente ativas atendidas em Serviços de Assistência Especializada em HIV/AIDS, são de extrema importância na condução clínica e de controle da expansão da epidemia das DST e AIDS. Neste estudo, pode-se identificar alta prevalência de infecção por HPV de alto risco e presença de lesões intraepiteliais cervicais diagnosticadas em mulheres HIV+ ou portadora da AIDS, além de coinfecções com outras DST inflamatórias (C. trachomatis e T. vaginalis). Esta condição clínica, em mulheres imunodeprimidas, caracteriza essa população como de risco para evolução do câncer cervical. Esse quadro torna-se sufuciente para justificar o desenvolvimento de estratégias específicas para saúde sexual e reprodutiva em serviço de ginecologia de SAE HIV/AIDS que disponibiliza, na maioria das vezes, somente o exame de citologia oncótica para essa população. Embora o presente estudo não tenha identificado nenhum caso de câncer cervical invasivo, consideramos que o acesso unicamente ao exame de citologia oncótica para essa população feminina, como estratégia de prevenção do câncer cervical, em SAE HIV/AIDS, não corresponde às evidências científicas ora encontradas. Entre as limitações do nosso estudo, avaliamos que a não realização do exame de genotipagem do HPV resultou em perda de oportunidade para o conhecimento dos tipos do HPV presentes na população estudada. No presente estudo, portanto, pôde-se observar que mulheres infectadas por HIV ou portadoras da AIDS, atendidas em serviços especializados, tem necessidade de acesso ao rastreamento citológico para prevenção do câncer cervical, mas, também, para DST, tais como Chlamydia trachomatis, Trichomonas vaginalis e Papilomavírus humano. 77 A atenção em saúde às DST/AIDS precisa de ações preventivas. A integração da atenção às DST com a da saúde sexual e reprodutiva da mulher é a melhor política a ser implementada em Serviços de Assistência Especializada em HIV/AIDS. 78 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. WHO. Global Prevalence and Incidence of Selected Curable Sexually Transmitted Infections - Overview and Estimates: 1999. Geneva: World Health Organization; 2001. 2. WHO. Global incidence and prevalence of selected curable sexually transmitted infections - 2008. Geneva: World Health Organization; 2012. 3. Fagundes LJ, Vieira EE, Jr., Moyses AC, de Lima FD, de Morais FR, Vizinho NL. 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Disponível em http://www.ibge.gov.br/estadosat/perfil.php?sigla=am. 92 8 ANEXO 8. 1 Aprovação, por Comitê de Ética em Pesquisa, do trabalho “Doenças Sexualmente Transmissíveis em mulheres infectadas pelo HIV ou com AIDS, atendidas na Fundação de Medicina Tropical do Amazonas”: 93 8.2 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para participantes sujeitos da pesquisa: Numero: |__|__|__| TERMO DE CONSENTIMENTO Você está sendo convidada a participar do estudo "Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) em Mulheres HIV+ Atendidas na Fundação de Medicina Tropical do Amazonas(FMTAM). Este estudo é estritamente confidencial e suas respostas serão mantidas no anonimato. Sua participação não é obrigatória e a qualquer momento você pode desistir de participar e retirar seu consentimento. Sua recusa não trará nenhum prejuízo em sua relação com o pesquisador ou com a instituição. Sua participação será de grande importância, pois permitirá uma avaliação das mulheres HIV+, como comportamentos de risco para DST/Aids e frequência de infecções ginecológicas (DST), permitindo assim a elaboração de estratégias de prevenção e assistência para as mulheres. Se você concordar em participar neste estudo, você irá responder a um questionário, fará coleta de sangue para diagnóstico de sífilis, hepatite, exame CD4+ e Carga Viral, coleta de exsudato (secreção vaginal e cervical) para realização de testes diagnósticos de infecções ginecológicas por clamídia, HPV,gonorréia, tricomoníase, gadnerella e candidíase e citologia oncótica (exame preventivo). Você receberá os resultados dos exames, tratamento para a infecção diagnosticada e aconselhamento sobre prevenção de doenças sexualmente transmissíveis. Os dados coletados serão utilizados somente para os objetivos propostos pelo estudo. Haverá baixo risco biológico envolvendo as participantes da pesquisa, considerando que a natureza dos exames a serem realizados (coleta de sangue, de secreção vaginal e cervical correspondem a procedimentos rotineiramente utilizados nos serviços públicos de saúde, que seguem as normas do Ministério da Saúde. Há pouca possibilidade de dano psíquico, moral, intelectual social, cultural ou espiritual do ser humano, considerando que a rotina aplicada na pesquisa respeita a individualidade do participante e do atendimento, do sigilo e confidencialidade. Na ocorrência de qualquer eventual agravo na participação da pesquisa, a Instituição e os pesquisadores, oferecerão apoio e atendimento à saúde aos participantes, assim como, compensação, exclusiva de despesa decorrentes da participação do sujeito na pesquisa. Também não haverá custos ou pagamentos pela aceitação em participar. As informações obtidas através dessa pesquisa serão confidenciais e asseguramos o sigilo sobre sua participação. Os dados não serão divulgados de forma a possibilitar sua identificação. Você receberá uma cópia deste termo onde consta o telefone e o endereço do pesquisador principal, podendo tirar suas dúvidas sobre o projeto e sua participação, agora ou a qualquer momento. Declaro que entendi os objetivos, riscos e benefícios de minha participação na pesquisa e concordo em participar. Data : ______/______/______ _________________________________ Assinatura do entrevistador __________________________________ Assinatura da participante OBS: Os exames laboratoriais serão realizados na Fundação de Medicina Tropical do Amazonas Pesquisadores principais:Leila Cristina Ferreira da Silva/Angélica Espinosa Miranda - Gerência de DST/AIDS – FMTAM/ (92) 2127-3429/Av. Pedro Teixeira, 25 – Dom Pedro I – CEP : 69.040-000/FMT-AM. 94 8.3 Questionário aplicado as participantes da pesquisa: QUESTIONÁRIO Número do prontuário : Bairro/Município de Residência : Naturalidade : Idade? |__|__| anos Escolaridade (em anos) : ______________________ Qual é seu estado marital? 1. Solteira 2. Casada/Vive junto maritalmente 3. Separada /Divorciada 4.Viúva Profissão :____________________________ Renda familiar : 1. Até 1 salário mínimo 2. De 1 a 3 SM 3. De 3,1 a 5 SM 4. Mais de 5 SM Número de pessoas que habitam em sua casa ? _______________________ USO DE CIGARROS E DROGAS Você fuma? 1. sim 2. Não Quantos cigarros? 1. Irregularmente, de tempo em tempo 2. Menos de 5 cigarros por dia 3. De 5 à 20 cigarros por dia 4. Mais de de 20 cigarros por dia (mais de um maço) Se não, você já fumou? 1. Sim, 1 ou 2 vezes 2. Sim, regularmente 3. Não, nunca Durante a semana que passou, você bebeu alguma bebida alcoolica (cerveja, vinho, aperitivos, etc)? 1. Não 2. Uma vez 3. Várias vezes 4. Ficou bêbada Você utiliza algum medicamento do tipo? 1. Para dormir 2. Para ansiedade e stress 3. Antidepressivos 4. Excitantes 5. Não Se sim, qual? _________________ Você já utilizou algum outro tipo de droga? 1. Não 2. Cola, éter 3. Cocaina 4. Crack 5. Remédios 6. Outras__________ Você já utizou droga injetável ? 1. Sim 2. Não 3. NR VIOLÊNCIA Nos últimos 5 anos, você já teve algum problema familiar com : a) Bebida álcoolica 1. Sim 2. Não 3. NS b) Problemas psiquiátricos 1. Sim 2. Não 3. NS c) Abuso de drogas 1. Sim 2. Não 3. NS d) Violência entre o casal 1. Sim 2. Não 3. NS e) Violência entre os filhos 1. Sim 2. Não 3. NS f) Violência com outras pessoas 1. Sim 2. Não 3. NS Seu parceiro regular já te bateu? 1. Sim 2. Não 3. Não tem parceiro regular 4. NR Se você citou alguma história de violência, com que frequência ela ocorre? 95 1. diariamente 2. Frequentemente 3. Ocasionalmente 4. Raramente INFORMAÇÃO CONTRACEPTIVA Você utiliza algum método contraceptivo? 1. Pilula 2. Preservativo 3. DIU 4. Muco cervical/billings 5. Temperatura 6. Tabela 7. Diafragma 8. Pilula do dia seguinte 9. Preservativo feminino 10. Não Atualmente, você tem preservativos com você ou em casa? 1. Sim 2. Não 3. NS Você já comprou preservativos ? 1. Sim 2. Não 3. NR Você e seu parceiro utilizam preservativos ? 1. . Sim 2. Não Se sim, com que frequencia vocês fazem uso do preservativo ? 1. sempre 2. Às vezes 3. Raramente 4. Nunca Aqui há algumas opiniões sobre o uso do preservativo. Gostaria de saber se você concorda ou não com elas? Concordo Não concordo Não Sei Não é fácil propô-lo ao parceiro 1 2 3 Demonstra falta de confiança 1 2 3 É engraçado 1 2 3 Atrapalha o prazer 1 2 3 EDUCAÇÃO SEXUAL E INFORMAÇÃO SOBRE DST/HIV Você já recebeu informações sobre: Sexualidade 1. Sim 2. Não 3. NS Doenças sexualmente transmissíveis 1. Sim 2. Não 3. NS AIDS 1. Sim 2. Não 3. NS Você já teve medo de ser infectado pelo vírus da AIDS? 1. Muito 2. Mais ou menos 3. Um pouco 4. Nãot 5. Não Sei 78. Na sua opinião, há pessoas contaminadas pelo vírus da AIDS e que não sabem? 1. Sim, certamente 2. Sim, talvez 3.Não 4. Não Sei Você pode indicar SIM ou NÃO o vírus da AIDS pode ser transmitido em cada uma das situações seguintes. Não hesite em dizer que você não sabe. SIM NÃO NS Através de relações sexuais 1 2 3 Em banheiros públicos 1 2 3 Através do uso de drogas injetáveis com partilha das seringas 1 2 3 Transfusão sanguínea 1 2 3 Através da picada de mosquitos 1 2 3 Estar hospitalizado em um mesmo serviço que uma pessoa contaminada 1 2 3 Na doação de sangue 1 2 3 96 HISTORIA SEXUAL E REPRODUTIVA Qual era sua idade quando você teve a primeira relação sexual? |__|__| anos Qual era a idade de seu parceiro/a? |__|__|anos Você tem ou já teve relação sexual anal ? 1. Sim 2. Não 3. NR Você já teve relação sexual com outra mulher ? 1. Sim 2. Não 3. NR Em média, quantas relações você tem (ou tinha) por semana? |__|__|__| Quantos parceiros sexuais masculinos você já teve na vida? |__|__|__| Quantos parceiros sexuais masculinos você teve nos últimos 12 meses? |__|__|__| Você já recebeu dinheiro par ter relações sexuais? 1. Sim 2. Não 3. NS Já lhe aconteceu de querer utilizar um preservativo com alguém que não queria utilizar? 1. Sim 2. Não 3. NS Na última vez que isto aconteceu, o que vocês fizeram? 1. Nós utilizamos o preservativo 1. Nós tivemos relação sem preservativo 2. Nós não tivemos relação 3. Nós tivemos relação sem penetração 4. NR Já lhe aconteceu de ser forçada a ter ter relação sexual contra sua vontade? 1. Sim 2. Não 3. NR Se sim, com que idade? |__|__| Isto se repetiu? 1. Sim 2. Não 3. NR Se sim, quantas vezes? |__|__|__| Quem foi a pessoa? 1. Alguém de sua família, um adulto 2. Alguém de sua família, um jovem 3.Um conhecido 4. Um desconhecido 5. Várias pessoas Você já engravidou? 1. Nunca 2. Uma vez 3. Várias vezes Se sim, qual era sua idade na primeira gravidez ? |__|__| anos Número : filhos ( ) Abortos espontâneos ( ) Abortos provocados ( ) Você está grávida? 1. sim 2. Não SAUDE, DST E AIDS Qual foi a última vez que você fez exame ginecológico (preventivo) ? Você sabe dizer se você já teve alguma doença transmitida sexualmente ? Sim 2. Não Se sim, qual ? __________________Como você descobriu essa doença/infecção ? 1. Seu parceiro lhe disse que estava infectado 2. Você apresentou sintomas que a levaram procurar um serviço de saúde 3. Durante uma consulta de rotina ou por outro motivo Na ocasião dessa doença você procurou 1. Ninguem 2. Um médico/ Unidade do PSF 3. Uma farmácia 1. 4. 97 Serviço de DST Você avisou a seu parceiro que você tinha uma DST ? 1. Sim 2. Não Após o diagnóstico da DST você utilizou mais frequentemente o preservativo ? 1. Sim 2. Não Após o diagnóstico da DST você reduziu sua atividade sexual? 1. Sim 2. Não Você saberia dizer se seu parceiro : 1. Tem outras parceiras 2. Usa drogas 3. Já esteve preso 4. História de DST 5. É HIV positivo 6. Outras _____________________ Você já fez o teste anti-HIV ? 1. Sim 2. Não Se sim, quando ? 1. Por iniciativa própria 2. Durante uma hospitalização 3. Durante o pré-natal 4. Durante atendimento em clínica DST 5. Em outras circunstâncias Você tem algum dos seguintes sintomas ? 1. Dor pélvica 2. Sangramentos genitais frequentes 3. Coceiras na vagina 4. Corrimentos 5. Adenopatia inguinal (inguas na virilha) 6. Ardência ao urinar 7. Ferida genital 8. Outras : __________________________ 2. Uso de medicamentos não antirretrovrais nos últimos 30 dias ? 1. Sim Não Se sim, qual ? _____________________________________________________ RESULTADOS EXAMES: Citologia oncótica : 1. Normal Clamídia: 1. Detectado Tricomonas : 1. Positivo 3. NIC II/III 2. Não Detectado 2. Negativo Carga viral : Viral : CD4 : HPV baixo risco: 1. Detectado HPV baixo risco: 1. Detectado Obsrevação : 2. NIC I 4. Sem Resultado 3. Sem Resultado 3. Sem Resultado Log : Data Carag Data CD4 : 2. Não Detectado 2. Não Detectado 3. Sem Resultado 3. Sem Resultado 98 8.4 Cronograma de Execução Física: Item INÍCIO: 02/2010 TÉRMINO: 03/ 2014 ATIVIDADES MESES 1º. ANO fev 01 02 Créditos 05 Revisão Bibliográfica visando atualização das informações sobre o assunto Publicação de dois relatos de caso (autora/co-autora) em revista indexada Planejamento operacional e organizativo do projeto Treinamento da equipe Coleta de dados e de exames Item ATIVIDADES 03 04 X 03 04 05 06 mar abr X X X X mai X jun X jul X ago X set X out X X X X X X X X X X X X X X X X jan X X X X X X X X X X X X MESES 2º. ANO mar abr mai jun jul X ago set out X X X X X X Créditos Revisão Bibliográfica visando atualização das informações sobre o assunto Publicação de artigo em revista indexada (co-autora) Planejamento operacional e organizativo do projeto Coleta de dados de exames Revisão dos questionários de pesquisa, construção e alimentação do banco de dados Ajustes e correções no banco de dados nov dez x x X X fev 01 02 DURAÇÃO EM MESES = 48 meses X X X nov dez X jan X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X 99 Item ATIVIDADES MESES 3º. ANO fev 01 02 03 04 Item Revisão Bibliográfica visando atualização das informações sobre o assunto Análise dos dados Elaboração e publicação do artigo 01 em revista indexada 04 Item ATIVIDADES 03 01 02 jun jul ago set out X X X X X X X X X X X X X X X ATIVIDADES Revisão Bibliográfica visando atualização das informações sobre o assunto Análise dos dados Elaboração e publicação do artigo 02 em revista indexada Elaboração e submissão do artigo 03 a revista indexada 02 mai Créditos Aula de qualificação do projeto Aula de Defesa da tese nov dez X X jan X MESES 4º. ANO fev 01 mar abr mar abr mai jun jul ago set out X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X MESES 4º. ANO fev X mar X nov dez jan X 100 Observação: atividades relativas ao projeto realizadas previamente ao início do período do curso do doutorado – Anos 2008/2009: Item ATIVIDADES MESES - ANO 2008 fev 01 02 03 04 Item Revisão Bibliográfica visando atualização das informações sobre o assunto Elaboração do projeto de pesquisa Planejamento operacional parcial Treinamento da equipe inicial I Elaboração do questionário de pesquisa e coleta de dados piloto X 02 03 04 05 X mai jun jul X X X ATIVIDADES Revisão Bibliográfica visando atualização das informações sobre o assunto Encaminhamento e aprovação do projeto no CEP/FMTHVD Planejamento operacional e organizativo do projeto Treinamento da equipe parcial II Coleta de dados piloto ago Set X out nov dez X X X X X X X X X X X X X X X jan X MESES - ANO 2009 fev 01 mar abr X mar abr X X X X X X X X mai jun jul ago set out X X X X X X X X X X X X X X X X X X nov dez X X X X jan X 101 8.5 Oçamento Valor Unit. R$ Valor Total R$ 112,00 26,00 68,00 336,00 52,00 136,00 Carro Curativo: Inóx sem balde e com bacia 776,00 776,00 Mesa de mayo epoxi com rodízios 260,40 520,80 500,00 500,00 3.000,00 10.000,00 Item Qtd 1 2 Pinça de Gaylor-Medina para colposcopia 3 03 02 02 4 01 02 5 Descrição Bandeja de Inóx 29 x 12 x 1.5 Cuba Retangular Inóx 30 x 20 x 4 cm sem tampa 6 01 7 01 Papel A4, CD gravável, toner para impressora e copiadora, cartucho para impressora, pasta, caneta, lápis, borracha, fita adesiva, cola, cartolina, adesivo, clip, grampo, prancheta Material de laboratório (lâminas, tubos plásticos para lâmina, swabs alginatados com meio de transporte, eacovinhas cervicais, luvas, gases, espátulas, máscaras, óculos) 8 04 Kit p/ Captura Híbrida - Clamídia tracomatis (88 testes) 3.000,00 2.500,00 9 04 Kit p/ Captura Híbrida 2 – HPV alto risco (88 testes) 6.000,00 24.000,00 10 04 Kit p/ Captura Híbrida 2 – HPV baixo risco (88 testes) 3.000,00 12.000,00 Total 51.320,80 102 8.6 Equipe Científica de Apoio ao Desenvolvimento do Projeto de Tese: Nome Leila Cristina Ferreira da Silva Formação (Titulação) Enfrmeira, MSc Instituição de trabalho ATIVIDADES NO PLANO DE TESE FMT-HVD/FVS-AM Autora do projeto Sinésio Talhari Médico, Dr UEA/FMT-HVD Angélica Espinosa Miranda Médica, Dr Rosieny dos Santos Batalha Médica UFES/UEA/FMTHVD FMTAM Luiz Carlos Ferreira de Lima Médico, Dr UEA/FMT-HVD Realização da citologia oncótica Médico FMT-HVD Realização da citologia oncótica Bioquímica, Mestre FMT-HVD Realização de pesquisa de protozoário Antônio Magela Bioquímico FMT-HVD Realização de pesquisa de protozoário Elizabeth Cristina Dantas Dib Bioquímica FMT-HVD Realização de exame de captura híbrida Carolina Marinho da Costa Bioquímica FMT-HVD Realização de exame de captura híbrida Iniciação Científica Graduação em Farmácia Iniciação Científica Graduação em Farmácia Ensino Médio, em curso de graduação Enfermeira PAIC/FAPEAM Ensino Médio, em curso de graduação FMT-HVD José Araújo Rossicléia Lins Monte Carolina Sabino Mayara Cristina Santos Diego Dias Érica Patrícia Souza Anny Assis PAIC/FAPEAM FMT-HVD UEA Orientador Co-Orientador Coleta de material biológico vaginal e cervical Apoio ao recrutamento, entrevista e busca ativa das participantes do estudo e de resultado de exames Apoio ao recrutamento, entrevista e busca ativa das participantes do estudo e de resultado de exames Digitalização e apoio a correção do banco de dados Apoio a revisão e complementação do banco de dados, organização e arquivamento das documentações das participantes do estudo Apoio administrativo e logístico 103 8.7 Artigo 01 da tese publicado em revista indexada durante o curso: 104 105 106 107 8.8 Artigo 02 da tese publicado em revista indexada durante o curso: 108 109 110 8.9 Relato de caso 01 publicado em revista indexada durante o curso: 111 8.10 Relato de caso 02 publicado em revista indexada durante o curso: 112 8.11 Artigo publicado em revista indexada durante o curso: