42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR
MELANOMA DE CORPO CILIAR EM CÃO COM DIAGNÓSTICO
ULTRASSONOGRÁFICO – RELATO DE CASO
ELTON ROBERTO DE OLIVEIRA1, TABATHA VIVIELLE DE SIQUEIRA1
ANALY RAMOS MENDES2, GISELE FABRÍCIA MARTINS DOS REIS3,
RAQUEL BENETON FERIOLI4, PRISCILLA MACEDO DE SOUZA5
1
2
Discentes do Curso de Medicina Veterinária da FAEF– Garça/SP
Docente do Curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário
Católico Salesiano Auxilium – Araçatuba/SP
3
Docente do Curso de Medicina Veterinária da FAEF – Garça/SP
4
Doutoranda na Universidade Estadual Paulista – Botucatu/SP
5
Docente da Universidade Federal de Tocantins – Araguaína/TO
Resumo
O melanoma é um tipo de neoplasia comum no cão, podendo ter
apresentação cutânea e intraocular, porém pode ser encontrado em
qualquer localização anatômica em que haja acúmulo de melanócitos É
classificado como maligno de acordo com suas características
histológicas. Objetiva-se, no presente trabalho, relatar um caso de
melanoma
intraocular,
com
diagnóstico
ultrassonográfico
e
histopatológico, o qual foi submetido ao procedimento de exenteração.
Palavras-chave:
canino,
exenteração,
intraocular,
melanoma,
neoplasia.
CILIARY BODY MELANOMA IN A DOG WITH ULTRASOUND
DIAGNOSIS
Abstract
Melanoma is a common type of cancer in dogs and may have cutaneous
and intraocular presentation, but can be found in any anatomical location
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where there is accumulation of melanocytes. It is classified as malignant
according to their histological characteristics. The objective, in the
present study, is to report a case of intraocular melanoma, with
ultrasound and histopathological diagnosis, which was submitted to
exenteration procedure.
Key-words: canine, exenteration, intraocular, melanoma, neoplasia.
Introdução
Melanomas são neoplasias cutâneas primárias, mas podem ser
encontrados em qualquer localização anatômica em que haja acúmulo
de melanócitos (Santos et al., 2005). Neoplasmas de origem
melanocítica representam a mais comum neoplasia ocular primária em
cães e, nesta espécie, são mais frequentes que em qualquer outra
(Canpolat et al., 2007; Cavalcante, 2006; Kleiner et al., 2003 ). Nos
melanomas oculares há quatro localizações possíveis: conjuntiva, limbo
(tecidos epibulbares), úvea anterior e coroide (Baptista, 2003). A úvea
anterior (íris e corpo ciliar) são os locais mais acometidos, já a coroide é
raramente atingida (Baptista, 2003; Canpolat et al., 2007; Cavalcante,
2006; Dubielzig, 2002; Simon, 2008).
Acometem cães adultos a idosos, a partir de oito anos de idade; a
questão racial não está bem definida e alguns autores referem uma
maior incidência nos machos (Cavalcante, 2006; Dubielzig, 2002;
Kleiner et al., 2003).
Os sinais clínicos podem variar de acordo com a localização
cursando com alterações como uveíte não responsiva a tratamentos,
pupila irregular, miose, dor ocular, edema corneano, hifema, nódulo
tumoral visível e glaucoma secundário (Kleiner et al., 2003). Dentre os
sinais clínicos o paciente também poderá apresentar opacidade
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corneana em alguns casos a principal queixa é o sangramento agudo
ocular (Kleiner et al., 2003).
Exames complementares como a oftalmoscopia indireta e a
ultrassonografia são de grande valia, sendo esta última eficaz nos casos
onde há opacidade ocular que impossibilite a oftalmoscopia, além de
proporcionar o exame retrobulbar e de estruturas extraoculares (Kleiner
et al., 2003).
O tratamento a ser escolhido e o prognóstico são variáveis e
dependem
da
localização,
do
comportamento
e
do
grau
de
comprometimento das estruturas envolvidas (Bistner, 2007).
Descrição do caso
Um cão da raça Shih Tzu, sete anos de idade, durante avaliação
oftálmica apresentava vasos episclerais evidentes e cegueira do olho
direito, com histórico de seis meses de evolução. No exame oftálmico,
observou-se a presença de enoftalmia, panuveíte, associado com
secreção mucosa. Foi realizada ultrassonografia do olho direito onde foi
diagnosticada neoplasia intraocular. Optou-se pela exentereção ocular
devido à lesão ocular e para se obter uma melhor margem cirúrgica.
Ao exame histopatológico do globo ocular excisado, confirmou-se
ocorrência de melanoma com origem em corpo ciliar.
Discussão
Segundo Kleiner et al. (2003) os sinais clínicos são variáveis e
muitas vezes estes cães são tratados como portadores de uveíte
anterior e/ou posterior, sendo o diagnóstico muitas vezes tardio. No
presente relato, o cão foi tratado durante seis meses para uveíte e
demonstra-se que a ultrassonografia ocular foi imprescindível para o
diagnóstico e instituição do tratamento adequado.
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De acordo com a sua localização, os tumores melanocíticos
apresentam características e prognósticos diferentes (Baptista, 2003).
Kleiner et al. (2003) referiram que os melanomas que afetam o corpo
ciliar e a coroide possuem um grande potencial de malignidade, por
serem altamente invasivos, pois, nas neoplasias oculares em geral, as
metástases são raras. Há autores que relatam que em melanomas intraoculares a taxa de mortalidade é baixa (Cavalcante, 2006). O cão do
presente relato continua bem clinicamente, sem recidivas, com
sobrevida de 375 dias até o presente momento.
Conclusão
Conclui-se que a localização e diagnóstico precoce de melanomas
intraoculares são importantes para a determinação do prognóstico
destacando-se
a
ultrassonografia
como
método
diagnóstico.
O
prognostico para este neoplasma será favorável à vida do paciente
quando o diagnóstico e tratamento adequados forem instituídos.
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