Com a devida vénia transcrevemos artigo publicado na edição do Jornal de Negócios Montepio: "Objectivo é gerar valor" para abrir a porta a privados Diogo Cavaleiro | [email protected], Maria João Gago | [email protected] Vem aí um plano estratégico no Montepio, que passará por corte nos custos. A nova gestão quer apostar na independência face ao actual dono, a Mutualista, e um dos passos que pode ser dado é, precisamente, a procura de outros accionistas. O Montepio quer criar valor. Meta: ter "condições" para aproveitar uma possibilidade que a nova legislação abre: a de poder ter mais accionistas além da Associação Mutualista. Esta é uma "vantagem" na captação de financiamento trazida pelo novo regime jurídico das caixas económicas, que a entidade quer aproveitar. "O objectivo da Caixa Económica Montepio Geral é gerar valor; é ter a melhor performance possível que deixe em aberto todas as possibilidades", disse ao Negócios José Félix Morgado esta segundafeira. E que possibilidades são essas? As de "diversificação de fontes de financiamento", já que o novo regime prevê a hipótese de as caixas económicas terem accionistas minoritários para lá do seu actual detentor. Com o actual quadro jurídico, a Caixa tem "todas as desvantagens" - "tem todas as obrigações dos bancos mas não tem alguns dos benefícios", nomeadamente a entrada de dinheiro vindo de fora da Associação Mutualista. Com o novo regime, diz Morgado, "passa a existir essa vantagem, que a Caixa Económica pode vir a aproveitar". Quando? "Será definido no momento oportuno." Além da abertura ao capital, o novo regime - que aguarda publicação em Diário da República - também prevê que as unidades de participação do fundo da caixa económica, em parte dispersas por pequenos investidores, passem a ser acções representativas do seu capital, segundo Félix Morgado. Isto porque a entidade passa a ser uma sociedade anónima. O que dará direito de voto aos titulares destas unidades, algo que lhes estava vedado desde a sua emissão, em 2013. A possibilidade de diversificação das fontes de financiamento é um dos três motores "muito importantes" para o futuro do Montepio. Os outros são o "reforço da solvabilidade e sustentabilidade da liquidez" e ainda a "competência da gestão", segundo o CEO. O motor referente à competência da nova equipa de liderança enquadra-se na ideia de "independência" face à Associação Mutualista, que tem ainda 100% do capital da caixa. "A Associação Mutualista é a Associação Mutualista, a Caixa Económica é a Caixa Económica. O governo corporativo é totalmente separado." Um caminho de distinção percorrido ao longo do último ano, sob o olhar do Banco de Portugal. Para o gestor que ocupa a presidência executiva do Montepio desde Agosto, nem as eleições na Mutualista, no final do ano (apontadas pelo presidente Tomás Correia como o motivo para as notícias sobre o Montepio que considerou negativas), são suficientes para perturbar a Caixa - "A Caixa Económica é independente desse processo eleitoral. Os associados da Mutualista representam menos de 50% dos clientes da Caixa. Há uma base alargada de clientes particulares muito além dos mutualistas", diz. No campo dos resultados, um dos passos que será dado pela instituição é a apresentação de um plano que vai definir a estratégia a seguir. "No último trimestre do ano avança o plano estratégico." Morgado nega que seja apenas um plano de redução de custos. Mas vai haver cortes: "É um plano estratégico, para a melhoria dos níveis de eficiência, ajustando os custos à evolução do negócio," O que poderá ajudar ao regresso dos lucros, que não se verificou nos primeiros seis meses do ano. 2015-09-01