Correlação entre o Perfil Epidemiológico e Fatores de Risco
na Depressão Pós-Parto
Guilherme Debiazi Cordini (PUIC)Medicina Tubarão, Joana Sacheti Freitas (Ar.170)
Medicina Tubarão, Silvia Rosane Parcias Prof. Dra. Neurociências Unisul
Introdução
A DPP vem se tornando uma das principais incógnitas para profissionais da saúde
mental, pois envolve tanto a saúde de mãe quanto de seu filho que nesse período é
totalmente dependente dela.
As taxas de prevalência das síndromes psiquiátricas puerperais corroboram a
importância de se conhecer e diagnosticar precocemente tais transtornos na
assistência à saúde da mulher.
A incidência de DPP nas mulheres brasileiras varia de 7% a 15%,acompanhando a
media mundial de 10%. Mas em alguns grupos, o número chega a 16% e, entre as
adolescentes, atinge patamares de 25% a 26%.
Existem fatores de risco associados à depressão pós-parto como por exemplo:
gravidez não desejada, baixo peso do bebê, pouca idade da mãe, mãe solteira,
parceiro desempregado, morte de pessoas próximas, separação do casal durante a
gravidez, antecedentes psiquiátricos anteriores ou durante a gravidez, entre outros.
Com uma crescente valorização na prevenção, através da identificação dos principais
fatores
desencadeadores
dessa
patologia,
estas
pacientes
passam,
concomitantemente, a receber um pronto atendimento e tratamento que permita uma
recuperação mais rápida e com isso uma mais rápida reinserção social e profissional,
proporcionando a melhora das condições de vida.
Assim, torna-se fundamental identificar e descrever a distribuição dos fatores
biopsicosociais e demográficos (sexo, idade, naturalidade, local em que reside,
escolaridade, estado civil, número de filhos, atividade profissional e renda mensal,
entre outras) das pacientes com depressão pós-parto e estudar de que modo estes
fatores podem influenciar neste distúrbio.
Este estudo permitiu dispor da identificação dos fatores que predispõem a DPP e sua
relação com estilo de vida destas pacientes, no município de Tubarão e região.
Finalmente a realização deste projeto pode servir como orientação de estratégias de
prevenção, no período pré-natal, que poderá minimizar os efeitos negativos dessa
doença na qualidade de vida destas pacientes
Objetivos
2.1 Objetivo Geral
Identificar o Perfil Epidemiológico e os Fatores de Risco na Depressão Pós-Parto.
2.2 Objetivos Específicos
• Verificar as características psicossociais e demográficas (idade, naturalidade, local
em que reside, escolaridade, estado civil, n° de filhos, atividade profissional e renda
mensal, entre outras).
• Investigar a relação entre a depressão pós-parto e os fatores psicossocias e
demográficos na amostra estudada.
• Verificar os principais fatores desencadeantes da depressão pós-parto com a função
de uma futura intervenção preventiva pré-natal.
Metodologia
Foi enviada uma carta para Ambulatório Materno Infantil de Tubarão, informando sobre
os objetivos da pesquisa e, por conseguinte, solicitando autorização para o
levantamento de dados da Instituição.
A amostra foi selecionada através da documentação médica existente no Ambulatório
Materno Infantil de Tubarão. O estudo contou com a participação de 11 pacientes das
21 selecionadas. Contato telefônico e convite às pacientes selecionadas para a
exposição dos objetivos e explicação mais detalhada do nosso estudo.
A todas as participantes foi entregue o oficio explicando os procedimentos utilizados no
qual assinaram no final do consentimento informado.
A obtenção das informações sobre as características biopsicossocias, demográficas e
clínicas foi através da aplicação do questionário,composto de 59 questões, destinado a
cada sujeito da amostra. Aplicado de forma individual no domicílio da paciente, em
uma única sessão com média de 40 minutos de duração, sendo que o questionário foi
aplicado pelo avaliador (bolsista).
Resultados
Estado Conjugal
A idade média foi de 36,6 anos.
Ocupação
empregado
rendas domésticas
solteiro (a)
desempregado
9%
casado (a)/ morando
junto
91%
viúvo (a)
9%
18%
46%
divorciado (a)
27%
afastado (por motivo
de doença)
aposentado - tempo
de serviço
aposentado - inválido
Sobre relação foram avaliados seis quesitos: conjugal, amigos, filhos, irmãos, pais e outros.
Alcoolismo na Família
36%
sim
64%
Escolaridade
nenhuma
não
amamentou
ginásio ou 1º grau
ginásio ou 1º grau incompleto
ensino médio ou 2º grau
9%
9%
9%
27%
18%
18%
ensino médio ou 2º grau
incompleto
Sim
Não
73%
ensino superior
37%
S.I.
ensino superior incompleto
pós graduação
outros
Foram encontrados resultados significantes em relação à disposição (82% se sentiam
cansada, 9% mais ou menos e 9% cheio de energia), preparação para o parto (55%
consideraram muito preparadas, 9% pouco, 18% nada e 18% S.I.) e preparação para ser
mãe (73% consideraram muito preparadas, 9% muito pouco e 18% nada). A vida sexual
depois do parto piorou (46%) e o sono depois do parto era considerado ruim (64%).
Tentaram realizar suicídio durante a DPP, 27% das pacientes e apenas uma paciente sofreu
abuso sexual.
A família, em 82% dos casos, aceitou a gravidez, e 18% não. Dentre os que mais rejeitaram
da gravidez, foram o pai, o esposo e os filhos.
Dentre as mulheres, 55% disseram que passaram por algum evento negativo durante a
gestação ou logo após o parto, como brigas com o marido. Esse mesmo percentual foi
constatado nas mulheres que afirmaram não sofrer algum problema pessoal ou emocional
relacionado diretamente com a gestação. Porém, 64% afirmaram que enfrentaram algum
problema pessoal ou emocional nas primeiras semanas logo depois do parto.
Sobre aborto, 64% das mulheres já sofreram aborto e todos foram espontâneos. Apenas
uma afirmou tentar realizar aborto na gestação em que ocorreu a DPP.
Conclusões
As pacientes com depressão pós-parto do nosso estudo se caraterizam por apresentar:
- Baixo nível sócio econômico;
- Número de filhos igual ou maior de três;
- Má relação conjugal;
- Falta de apoio emocional por parte de familiares e amigos;
- Sofreram aborto espontâneo;
- Tiveram depressão durante a gestação;
- Passaram por algum problema emocional durante a gestação e/ou após o parto;
Estudos epidemiológicos são importantes na depressão pós-parto, pois a caracterização do
perfil dessa população pode propiciar a criação de medidas de intervenção preventiva no
pré-natal e de apoio, mostrando assim a necessidade de um seguimento deste estudo com
uma amostra maior, com dados coletados em outros locais (clínicas, hospitais...) na cidade
de Tubarão. Podendo permitir assim, uma comparação quanto aos fatores de riscos nessa
patologia, nas diferentes regiões.
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