ESTUDO SOBRE OS MOVIMENTOS HIGIENISTA E EUGÊNICO ENQUANTO CONSTRUÇÃO HISTÓRICA BOARINI, Maria Lucia Universidade Estadual de Maringá RESUMO Este estudo objetiva dimensionar e analisar os Movimentos Higienistas e Eugenistas no Brasil. Esses Movimentos, disseminados em toda sociedade capitalista no início deste século, buscava a higienização da sociedade, através da exclusão do "diferente" dos padrões da época e a "purificação da raça". Atualmente, esses Movimentos, enquanto sociedades constituídas não existem mais. Todavia, continua vivo enquanto pensamento gerado sob a égide do capitalismo. Apenas apresenta-se com outras denominações e formas. Utilizando os pressupostos teóricos-metodológicos da ciência da história, circunscreveremos nosso estudo a análise das Agremiações e Sociedades que representavam esses Movimentos e a forte influência que exerceram nas instituições brasileiras, sobretudo a educacional e as semelhanças que guardam com encaminhamentos da atualidade. Parte II O CASO BRASILEIRO No Brasil, a ciência de Galton, como é reconhecida pelos eugenistas, encontra terreno fértil. É necessário lembrar que nas últimas décadas do século XIX, a medicina social ocupa um espaço privilegiado, no Brasil, fortalecendo-se, ainda mais nas décadas de 20 e 30, do século XX, através das idéias eugenistas. Para maior compreensão da "perfeita" articulação entre medicina social e eugenia, necessário recuperar, ainda que brevemente, a história da medicina no Brasil. Obviamente não temos a pretensão de fazer profundas incursões nos caminhos percorridos pela ciência médica, no Brasil, até porque esses caminhos já foram brilhantemente descritos e analisados por Machado et al. em seu estudo " Danação da norma: a medicina social e constituição da psiquiatria no Brasil" ao qual recorremos como nossa principal fonte bibliográfica, no que tange a medicina social. Até a transferência da corte portuguesa para o Brasil que ocorreu em 1808 era quase inexistente a presença do médico, em nosso país. A proibição do ensino superior nas colônias explica esse fato(409). Aos religiosos era atribuída a tarefa de assistir aos enfermos. A vinda da família imperial para o Brasil, contudo, e as implicações políticas desse fato decorrentes promoveram importantes transformações na relação entre Estado, sociedade e medicina.. (...) com a abertura dos portos, a nova sede do governo - em 1815 elevada a Reino Unido de Portugal e Algarves - passa a fazer parte das rotas comerciais inglesas. Por seus portos circulam inúmeros navios e mercadorias; a vinculação direta com a Inglaterra é firmada nos tratados de "Aliança e Amizade" e de "Comércio e navegação"; o Brasil percorre uma nova etapa de sua inserção nas transformações do mundo capitalista. Mas a circulação, ligada à abertura para este mundo, não se restringe aos navios e mercadorias. Chegam comerciantes estrangeiros que aqui se instalam ou vêm fazer negócio; chegam imigrantes europeus, trazidos pela administração joanina para criarem núcleos coloniais pelo Brasil. Circulação de navios, mercadorias e pessoas que marca a nova presença do Brasil no mundo ocidental... (p.161) Ainda assim, nas primeiras décadas do século XIX, os médicos não representam autoridades que devem decidir sobre os problemas de saúde da população que, diga-se de passagem, incrementam-se nos limites da cidade. Os médicos, que vieram acompanhando a corte e os poucos que no Brasil existiam, são consultados isoladamente e as opiniões emitidas são de ordem pessoal. Dando um salto na história e lançando um olhar no passado vamos observar que, por conta das (re)acomodações do sistema de produção capitalista, ao longo das primeiras décadas do século XIX, no Brasil, há um grande afluxo de pessoas às cidades que, despreparadas para o atendimento de tal contingente, proliferam e tornam constantes as epidemias(410). É a necessidade e a ineficácia no controle desses problemas que vai, ao longo do século, demandar o saber médico. Desconsiderando os graves problemas socio-politicos existentes na situação caótica instalada no meio urbano os médicos apontam a natureza como a principal responsável pelas doençasvividas pela população citadina: "O ar continua sendo o principal causador de doença quando suas qualidades se deterioram devido à ação de outras causas...águas estagnadas: os pântanos estão em dissolução substâncias animais e vegetais que entram em putrefação dando origem a gases pestilentos. Daí ser necessário todo um trabalho de urbanização. Deve aterrar os pântanos, encanar as águas, demarcar ruas e lugares de construção Também as sepulturas das igrejas e o cemitério da Santa Casa de Misericórdia, onde os corpos amontoados estão quase a descoberto, infeccionam o ar da cidade. Aconselha-se o estabelecimento de cemitérios ou no máximo três corpos e a observação do tempo de extinção dos cadáveres para que não sejam revolvidas carnes em putrefação. Um outro tipo de causa se liga à alimentação. Deve-se combater, neste caso, o mal estado das carnes, peixes, farinha, vinhos, vinagres e azeites. Surge então a necessidade de controlar o comércio, os matadouros, os açougues e criar um curral para o gado que vem a ser abatido na cidade. Outra causa de doença se liga à circulação de pessoas e mercadorias através do porto. para evitá-la propõe-se a criação de um lazareto para quarentena dos escravos portadores de moléstias epidêmicas e cutâneas. Uma última causa se deve ao exercício da medicina. Enterra-se sem atestado de óbito, faltam bons medicamentos, há liberdade para o exercício da medicina, cirurgia e farmácia.Machado (1978:163). Assim, historicamente, a urbanização desregrada, sem planejamento(411) acentuada pela industrialização emergente que acontecia no Brasil, no final do século XIX e início do século XX, traz como conseqüência inúmeros problemas dos quais destacam-se os de ordem medica. Obviamente esse fato visto sob a lente do senso comum deixa a impressão que é a cidade a causa das doenças e nesse sentido a presença do médico é uma exigência urbana. Daí, a medicina social ser caracterizada como essencialmente urbana. Mas, embora a intervenção médica estivesse restrita aos limites da cidade, dentro das fronteiras que ela se traça nesse primeiro momento, a medicina em tudo intervém, penetrando em todos os recônditos da sociedade brasileira. Machado (1978:260). Há que se lembrar, ainda, que nas primeiras décadas do governo imperial, além das constantes epidemias proporcionadas pelas condições de insalubridade vivia-se um período de grande turbulência social(412) e o discurso de ordem da medicina se fazia extremamente oportuno: Para que se preserve a saúde de uma população, portanto, há necessidade da implantação de uma sociedade onde não se suscitem paixões, onde o caos foi desfeito, onde reina a ordem, onde tudo funciona, onde não existem monstros, onde os costumes são doces. A medicina, conhecendo o homem e as alterações de seu organismo provocadas pela desordem, deve guiar o processo de estabelecimento e o funcionamento desta sociedade, apontando sempre as causas de alteração e nelas intervindo. Oferece o saber do corpo, que deve ser disseminado por toda a sociedade - fazendo com que cada um evite a paixão e a desordem - e que deve ser a base do funcionamento do corpo social. Temperança, continência, moderação nos costumes, tranqüilidade da alma virtudes que se opõem à turbulência e desordem em defesa da vida; virtudes cujo exercício é relacionado a uma sociedade que o permite, que o funda. A medicina estuda a influência do estado social sobre o homem, do modo de governo, da liberdade, da escravidão, das crenças religiosas - e a partir daí, percebendo as alterações funcionais que podem decorrer desta influência, faz sua proposta de sociedade de equilíbrio. Machado (1978:198) Obviamente que sem as descobertas e o auxílio da bacteriologia e microbiologia, que ocorrerão nas últimas décadas do século XIX, as epidemias estavam longe de serem resolvidas e nesse sentido a higiene pública estava longe de estar sob o domínio médico, contudo já é possível observar em seus discursos a "medicalização da vida social". Como afirma Costa (1989:30) "No Império, a ética leiga dos higienistas fez ver que saúde da população e do Estado coincidiam. A saúde da população inscrevia-se, assim, na política de Estado". E nesses termos, via saúde, a medicina vai criando a necessidade de constituir-se em poder político. Grosso modo, a assistência à saúde da população, durante o império, além da penetração do discurso médico no terreno político, tem como inovação, se assim podemos denominar, o incremento das soluções asilares, ou seja, um espaço para cada situação. Dentre elas, podemos citar o hospício(413) para os loucos; o lazareto para os hansenianos; e para cada moléstia, um pavilhão hospitalar. E para os mortos, criou-se o cemitério. Para Machado (1978:279) a intervenção médica sobre a cidade se funda basicamente em dois princípios: o primeiro princípio geral diz respeito a sua localização ou seja o afastamento dos problemas do centro da cidade. O segundo princípio é a organização do espaço interno, isto é "isolar espacial e temporalmente implica reunir ordenadamente". No que tange a penetração do discurso médico-higienista nas instituições, à título de ilustração, destacaremos o interessante estudo sobre a família colonial de Jurandir Freire Costa (1989:33) que afirma: As relações familiares, a intimidade, o lazer, em síntese, o modo de vida colonial, foi objeto de transformação da intervenção higienista (...) a família passou a ser a célula da sociedade (...) sob o título das doenças, as emoções, também, passaram ao domínio médico. O medo, a ira, a cólera, os ciúmes são abordados como desvios da saúde. A psicologização da conduta social é valorizada e tem como referencial o comportamento higiênico, combatente do desviante (...) o higienista sob o discurso médico científico, incorporou interesses do Estado e através de um modelo de família idealizado para manutenção de valores dominantes, introduziu um padrão que vimos hoje refletido no exemplar da família atual. Nesse ponto, todavia, algumas diferenciações se fazem necessárias. Até as primeiras décadas do século XX os esquadrinhamentos determinados pelos higienistas orientavam-se "exclusivamente às famílias de extração elitista, citadina". Exemplificando este fato, vamos lembrar aqui a meticulosa orientação médica de como deveria ser o espaço escolar e a adequação de seu mobiliário à anatomia infantil para prevenir "vícios posturais" enquanto que a criança da classe trabalhadora passava horas a fio entre os teares, da indústria têxtil, em posições absolutamente inadequadas ao seu desenvolvimento físico, para recuperar fios ou bolas de algodão visto que esse era um trabalho que "(...) só as crianças podiam fazer"(414). Mas, no final do século XIX, acentuam-se, no interior da sociedade brasileira, as incompatibilidades políticas gestadas na coexistência entre um sistema produtivo que se apoiava no trabalho escravo e um sistema que se caracterizava pela exploração da mão de obra livre. Tal situação que exigia um novo regime de governo, potencializou um rearranjo no sistema político-econômico brasileiro que se consolidou, em 1889, com a proclamação da República. Fato esse que vem marcar a integração do Brasil ao capitalismo mundial. E ao adentrar no cenário capitalista as contradições acirram-se. Dessa forma, a sociedade brasileira, nas próximas décadas, produziu significativo desenvolvimento econômico às custas do aumento da incidência da miséria e da degeneração física e mental da classe trabalhador. Assim, nessa época: (...) morria-se de uma infinidade de pragas naquela época e o interior não se diferenciava muito das capitais, quanto a variedade. A varíola, a febre amarela, a malária, a tuberculose e a lepra eram doenças comuns (...) a concentração urbana facilitava a disseminação dessas doenças (...) (e de outras) menos comentadas na literatura a respeito da situação de saúde da época (tais como) o sarampo, a coqueluche, a difteria, o tétano, a poliomielite, as diarréias infantis, a desnutrição e o parto que também faziam inúmeras vítimas sendo que a tradução geral do quadro era uma elevada mortalidade geral, uma altíssima mortalidade infantil, da ordem de trezentos a quatrocentos por mil e uma baixa expectativa de vida (...). Lima (1985:89) Diante de tal quadro, as revoltas, as greves enfim as lutas por conquistas democráticas se sucediam com freqüência(415), apesar de combatidas pelo Estado de forma ditatorial "quando não fascista". Para "resolver" essa situação caótica vivida pela classe trabalhadora e entendida como conseqüência da sua própria indolência e vida desordenada e imoral coube aos médicos higienistas cuidar da saúde, da educação e moralidade desse segmento da sociedade. Esses cuidados foram operacionalizados em diferentes formas de intervenção alcançando, desta vez, toda população brasileira. Como afirma Costa (s/d:12) "nesse momento a missão civilizatória da higiene foi convidada a ocupar seu lugar na historia da nação. Abriu-se o campo para a proliferação de tecnologias e especialistas". É nesse contexto que são criadas as Sociedades, Agremiações, Ligas e outras associações que reuniram os principais nomes da higiene pública do país e tinham como objetivo principal criar um espaço de discussão e encaminhamentos para sanear a sociedade brasileira de seus males. Dentre essas instituições há que se destacar a Sociedade Eugênica de São Paulo, fundada em 1917, sob o patrocínio do prof. dr.º Arnaldo Vieira de Carvalho, então diretor da Faculdade de Medicina de São Paulo. Diga-se de passagem essa foi a primeira Sociedade do gênero criada na América do Sul e "sua criação despertou grande interesse não só no Brasil, como na América Latina e na Europa" Kehl (1935:27). Em 1923, foi fundada a Sociedade Brasileira de Higiene sendo seus membros, em sua maioria, pertencentes ao departamento de Saúde Pública e outras instituições dessa área, em vários Estados da federação. Papel de grande projeção, também, teve a Liga Brasileira de Higiene Mental, fundada em 1923, pelo psiquiatra Gustavo Riedel após ter ganho o Grande Prêmio da Exposição Internacional de Higiene de Estrasburgo. Entre outros objetivos a Liga Brasileira de Higiene Mental se propunha a realizar"(...) um programma de Hygiene Mental e de Eugenética no domínio das actividades individual, escolar, profissional e social"(416). Apenas esse item nos possibilita aquilatar a abrangência do raio de ação proposto e levado a cabo, por essas instituições, nas primeiras décadas do século XX. É interessante salientar que embora existam, em alguns aspectos, diferenças entre os ideais higienistas e eugenistas, como coloca Kehl (1935:46), presidente e fundador da Sociedade Eugênica de São Paulo: "(...) a higiene, por exemplo, procura melhorar as condições do meio e as individuais, para tornar os homens em melhor estado físico, a eugenia, intermediária entre a higiene social e a medicina pratica, favorecendo os fatores sociais de tendência seletiva, se esforça pelo constante e progressivo multiplicar de indivíduos "bem dotados"ou eugenizados"(grifo nosso). esses movimentos sociais são resultantes de um mesmo processo datado historicamente e esquadrinha-los separadamente exige certo esforço de abstração. Dessa forma, a partir, aproximadamente, da década de 20, deste século, na busca da prevenção dos males, sobretudo da doença mental, os higienistas se valeram, explicitamente, da ideologia eugênica. Outro ponto a destacar é que embora essas instituições fossem criadas e estabelecidas nos Estados do Rio de Janeiro e São Paulo promoveram, ao longo da década de 20, principalmente, inúmeros congressos em várias capitais do Brasil ampliando, dessa forma, o raio de divulgação das idéias médico-higienistas para todo Estado brasileiro. Além disso, embora essas sociedades tivessem o caráter de sociedade civil exerciam forte influência nas instituições estatais. Exemplo disso, são as disposições de caráter eugênico, da Constituição brasileira de 1934, das quais destacamos o art. 138 que, entre outras coisas, determina à União, aos Estados e aos Municípios "estimular a educação eugênica". Nesse sentido, os eugenistas reiteravam: (...) a necessidade da educação popular nas questões de higiene, de hereditariedade, tornando geral o interesse público pelas medidas de defesa e de proteção da sociedade dentro do programa eugênico do fomento da paternidade digna, do impedimento a procriação dos defeituosos e tarados, da luta contra os fatores de abastardamento de todo gênero. Kehl (1935:46), E a justificativa para tanto era que: "A multidão que se agita, que se esforça, que trabalha, tem sobre si, o peso morto de uma massa formidável de débeis mentais, de degenerados, de monstruosos, que a parasitam e aniquilam. Torna-se, pois, indispensável restabelecer o equilíbrio para a eliminação gradual da parte doente do organismo social, recorrendo a processos lentos e humanos de depuração, até conseguir a cicatrização de suas soluções de continuidade, que seria alcançada facilmente pela lei inexorável da luta pela vida, se os ditados do coração não os tivessem quase sempre revogado. Kehl (1935:46), Enfim, adotando como seu principal parâmetro as ciências biológicas e o evolucionismo, as determinações oficiais, os discursos e encaminhamentos das agremiações citadas anteriormente entendiam a dinâmica social como resultante das leis da natureza que por serem imutáveis tem na "eliminação da parte doente", na "depuração" uma forma de abreviar a seleção natural dos mais fortes sobre os mais fracos. Grosso modo, é possível afirmar que se trata de um maneira científica de atender a industrialização emergente, da época, que tinha como uma de suas necessidades principais o trabalhador ágil e saudável. Delimitando o problema Este estudo se propõe a recuperar e analisar os movimentos sociais denominados higienistas e eugênicos, e sua repercussão nas instituições brasileiras, sobretudo a educacional, e as semelhanças que guardam com encaminhamentos da atualidade, nessa área. Justificativa Para além de desmistificar as denúncias esparsas veiculadas pela imprensa comum, estamos querendo chamar a atenção para o lugar que o pensamento higienista, fortalecido pela eugenia, ocupou na sociedade brasileira para a consolidação do projeto burguês. Assim, esses movimentos sociais não são frutos de modismos. Mas, determinaram, no caso brasileiro, configurações visíveis até nossos dias. E muito mais do que uma questão de revelação, o presente estudo é uma possibilidade de consolidação de uma linha de ensino e pesquisa. Em tempos de "possibilidade de clonagem humana", entendemos ser oportuna a retomada das propostas e dos encaminhamentos que se pautam nas leis da hereditariedade, pois, historicamente, a genética não está desvinculada dos movimentos sociais. Não podemos perder de vista que a "eugenia está cientificamente associada ao surgimento da genética mendeliana, que atendeu as necessidades dos eugenistas no que concerne a importância da herança na vida social". Stepan (1985:352) Metodologia Em nosso entender, a descrição desse projeto já traz implícita a metodologia que nos propomos a adotar. Mas, a título de formalidade reafirmaremos que esse estudo se orientará pela investigação histórica na perspectiva materialista. Dessa forma, os passos deste estudo deverão ser regulados "pela busca disciplinada do concreto-pensado que se traduz na negação da leitura metafísica, através da qual os fenômenos sociais são percebidos como invariáveis e independentes uns dos outros. (...) deve viabilizar uma outra leitura dialética que não exponha a realidade como conseqüência de processos políticos." Nagel (1993). A seguir definiremos os aspectos operacionais para a realização desse estudo: 1. Limites do Trabalho Considerando que se trata de um tema amplo, e em alguns aspectos já investigado, por estudiosos de diferentes universidades brasileiras e estrangeiras, este estudo deve incluir a realização de uma série de atividades de investigação, que inclui, por sua vez, uma série de projetos que deverão ser, sucessivamente, encaminhados. Esses projetos, tendo como preocupação básica a analise dos movimentos higienistas e eugenistas e sua influência nas instituições brasileiras estarão circunscritos ao período entre o século XIX e as primeiras décadas do século XX. Esta delimitação do tempo justifica-se por ser a época de maior efervescência desses movimentos, em diferentes países, inclusive o Brasil. No geral, os limites deste estudo têm como ponto de partida a busca de compreensão, sob a perspectiva do materialismo histórico, desses movimentos sociais que tão fortemente influenciaram os caminhos da sociedade brasileira e como ponto de chegada a produção de novos conhecimentos e a necessária elaboração de textos. Natureza dos dados a serem trabalhados: Dois tipos de fontes marcarão este projeto: fontes primárias e secundárias. As primárias dizem respeito aos textos produzidos pelas agremiações, sociedades e ligas constituídas na época, além dos livros e documentos oficiais ou não, do período estudado. As fontes secundárias, por sua vez, são as leituras já realizadas pelos autores contemporâneos. BIBLIOGRAFIA Betzhold, H. Hans - Eugenesia - Buenos Aires, 1941. Bydlowski, Lizia - Tormento dos diferentes em nome da raça - Revista VEJA, Ano 30, nº 35, 03/09/97, pags. 36-37. Costa, Jurandir Freire - Ordem Médica e Norma Familiar - Editora Graal: RJ, 1989, 3ª edição. Costa, Nilson do Rosário - Estado, Educação e Saúde: a higiene da vida cotidiana - In: Cadernos Cedes, nº 4, 1980 Dias, Otávio - Suécia usou deficiente mental como cobaia - Folha de S.Paulo, Folha Mundo, Ianni, Octávio - O ciclo da revolução burguesa - Ed. Vozes: Petropolis, 1984. Lima, Gerson Zanetta de - Saúde escolar e educação - Cortez: São Paulo.1985. Nagel, Lizia Helena - Revendo a história da educação - texto mimeo. - Maringá,1993 Machado, R. et al. - Danação da norma: a medicina social e constituição da psiquiatria no Brasil - edições Graal: Rio de janeiro, 1978. Merhy, Emerson Elias - O Capitalismo e a saúde pública - Campinas, SP: Ed. Papirus,1987. Monteleone, Pedro - Os cinco problemas da eugenia brasileira - "these" apresentadaà Faculdade de Medicina de São Paulo. Moro, Tomás - Utopia - Edit. Sopena, Argentina, 1941 Rago, Margareth - Do cabaré ao lar/a utopia da cidade disciplinar/ Brasil 1890-1930 Ed. Paz e Terra: Rio de janeiro, 1985. São Paulo. 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