ANÁLISE DOS NÍVEIS DE EVIDENCIAÇÃO DOS RELATÓRIOS DE SUSTENTABILIDADE DAS EMPRESAS BRASILEIRAS A+ DO GLOBAL REPORTING INITIATIVE (GRI) NO ANO DE 2007 Lorene Alexandre Prates Universidade Estadual de Montes Claros Geraldo Alemandro Leite e Filho Universidade Federal de Lavras Resumo As novas relações societárias do mundo contemporâneo têm causado grandes impactos na sociedade. Nos últimos anos, os principais agentes precursores dessas relações, governos e empresas, têm alterado sua visão de negócios para uma postura mais consciente, promovendo através da responsabilidade social o que denominamos desenvolvimento sustentável. Para evidenciar toda essa preocupação, vem sendo aperfeiçoada uma ferramenta contábil - os relatórios de sustentabilidade - que tem demonstrado grande eficácia na publicação de informações sócio-ambientais. Neste contexto, esta pesquisa teve como objetivo, analisar o nível de evidenciação das informações sócio-ambientais dos relatórios de sustentabilidade no ano de 2007 das empresas consideradas com nível de aplicação A+ pelo Global Reporting Initiative – Natura, Petrobras, Bunge, Banco Real, Bradesco e Itaú. Para chegar a evidenciação das informações, foram utilizadas técnicas de análise de conteúdo qualitativas e quantitativas. Quanto ao nível de evidenciação das informações, as análises foram feitas a partir da aplicação de testes estatísticos de correlação e testes de médias não-paramétricos. Os resultados mostraram que os níveis de evidenciação são estatisticamente diferentes entre as empresas da amostra. Concluiu-se ainda que as empresas selecionadas não atenderam prontamente ao nível de evidenciação proposto pelas Diretrizes GRI. Palavras-chave: sustentabilidade, evidenciação de informações, Global Reporting Initiative. 1 Abstract The new social relations of the contemporary world have caused great impacts on society. In recent years, the main precursors of these relations agents, governments and enterprises have changed their business vision for a more conscious, promoting social responsibility through what we term, sustainable development. To demonstrate all this concern, is being perfected an accounting tool - the sustainability reports - that has demonstrated great effectiveness in the publication of socio-environmental information. In this context, this research aimed to examine the level of disclosure of information of social and environmental sustainability reports in 2007 of the companies concerned with application level A + by the Global Reporting Initiative Natura, Petrobras, Bunge, Banco Real, Bradesco and Itaú. To get the disclosure of information, techniques were used content analysis of qualitative and quantitative. The level of disclosure of information, the analysis was made from the application of statistical tests of correlation and tests of the non-parametric. The results showed that the levels of disclosure are statistically different between the sample. It was concluded that the selected companies did not respond promptly to the level of disclosure proposed by the GRI. Keywords: sustainability, information disclosure, Global Reporting Initiative 2 1. Introdução As novas relações societárias do mundo contemporâneo - a globalização, os avanços tecnológicos, as mudanças políticas, o crescimento econômico acelerado, e o rápido processamento das informações, têm causado grandes impactos negativos na sociedade, como: a poluição da atmosfera e dos lençóis d’água, degradação do meio ambiente, como também desemprego, corrupção, discriminação e desigualdades sociais. Consequentemente, a sociedade vem exercendo fortes pressões sobre os principais agentes precursores dessas novas relações - governo e empresas - para que alterem sua visão de negócios para uma postura mais consciente, promovendo através da responsabilidade social o que denominamos hoje, desenvolvimento sustentável. Ceccato (2008) explica que, desenvolvimento sustentável é desenvolver em harmonia com as limitações ecológicas do planeta, ou seja, sem destruir o ambiente, para que as gerações futuras tenham a chance de existir e viver bem, de acordo com as suas necessidades (melhoria da qualidade de vida e das condições de sobrevivência). Como corrobora Santana et al (2006), as grandes empresas têm assumido posturas mais responsáveis, consolidando o conceito de Responsabilidade Social Empresarial (RSE), que tem exigido das empresas uma atuação foco e consequentemente a prestação de contas nas esferas ambiental e social. A ideia principal por trás da responsabilidade social empresarial, segundo César e Silva Júnior (2008), é que, as organizações e a sociedade são sistemas interdependentes e não distintos, já que se estabelece uma relação de interação, em que as organizações em busca do retorno financeiro positivo retiram do ambiente insumos diversos, estes insumos são transformados por meio de processos produtivos e gerenciais em produtos e serviços vendáveis, que retornam para o ambiente para atender as expectativas mais amplas da sociedade. De acordo com a ACE (Articulação Nacional para a Cidadania Empresarial, 2008) “o comportamento socialmente responsável tornou-se um diferencial competitivo que traz inúmeros benefícios, não apenas à empresa, como a diminuição do risco do negócio, mas também à sociedade como um todo”. Assim, a RSE tornou-se também, uma estratégia de negócio para as empresas, uma vez que 3 o mercado está cada vez mais acirrado e competitivo e os investidores estão cada vez mais conscientes, exigindo das empresas uma postura social impecável. Para evidenciar toda essa preocupação das empresas em informar aos seus stakeholders que ações têm feito para amenizar os problemas globais, vem sendo aperfeiçoada uma ferramenta contábil - os relatórios de sustentabilidade - que tem demonstrado grande eficácia na publicação de informações sócio-ambientais. De acordo com Ligteringen, presidente mundial da Global Reporting Initiative (GRI), o relatório de sustentabilidade aparece como a melhor forma de saber o que está sendo feito pelas companhias nas áreas social, ambiental e econômica. Estes por sua vez compõem o tripé da sustentabilidade (triple bottom line), permitindo identificar, mensurar e divulgar as ações que estão sendo desenvolvidas pelas organizações. (INSTITUTO ETHOS, 2008) Essa nova postura social também vem sendo adotada pelas organizações brasileiras. Como informa o Guia Exame de Sustentabilidade 2007, da Revista Exame (2008), no Brasil, cerca de trezentas empresas publicam relatórios de sustentabilidade. De acordo com o Instituto Ethos (2008), desde 2007, setenta e cinco destas empresas passaram a utilizar as normas da Global Reporting Initiative (GRI) para publicação de relatórios de sustentabilidade, normas estas que também são utilizadas por grandes empresas em todo o mundo. A GRI (Global Reporting Initiative), ainda de acordo com o Instituto Ethos (2008), é uma organização não-governamental internacional, que desenvolve diretrizes globais para a elaboração de relatórios de sustentabilidade, que atualmente são utilizadas por cerca de mil e quinhentas instituições no mercado mundial. O uso deste padrão permite uma comparabilidade entre companhias de todo o mundo, possibilitando que as organizações tenham um instrumento que facilita a implantação de um processo de melhoria contínua do desempenho rumo ao desenvolvimento sustentável. Como tem se consolidado no Brasil a utilização do modelo internacional de publicação das informações sócio-ambientais, esse trabalho se propôs a analisar o nível dessas informações publicadas nos relatórios de sustentabilidade divulgados pelas grandes companhias brasileiras, com ênfase na publicação de relatórios que seguem o padrão GRI. 4 Diante do exposto, o objetivo geral deste trabalho foi identificar qual o nível de evidenciação das informações sócio-ambientais dos relatórios de sustentabilidade no ano de 2007 das empresas brasileiras consideradas com nível de aplicação A+ pelo Global Reporting Initiative. 2. Justificativa A pressão exercida pelas várias esferas da sociedade sobre as grandes companhias impõe aos stakeholders cobrarem das empresas informações sobre as suas responsabilidades a cerca dos aspectos ambientais e sociais causados pelas suas atividades. Segundo Assaf Neto (2007), há de se considerar a tendência crescente dos investidores em agregar à imagem da empresa a responsabilidade social como foco das decisões coorporativas. As empresas estão adotando cada vez mais as melhores práticas sociais visando atender a seus valores éticos, e consequentemente usufruir das vantagens financeiras. Segundo Soares (2006), para as empresas se credenciarem como competitivas e serem bem aceitas pela sociedade, precisam prestar aos seus públicos informações transparentes e confiáveis sobre as suas operações. Neste contexto, ações que envolvam, acionistas, ética, compromisso sócio-ambiental e governança corporativa são fundamentais. Para o autor, somente com a adoção das melhores práticas de governança corporativa e os comprometimentos nas esferas social, cultural e ambiental é que uma empresa pode se perpetuar. Atendendo a essa necessidade, as empresas têm demonstrado publicamente, através dos relatórios de sustentabilidade, o que elas tem feito para reduzir os impactos causados à sociedade. Nos últimos anos, o padrão GRI (Global Reporting Initiative) de publicação de relatórios de sustentabilidade vem sendo adotado por grandes empresas em todo o mundo, que buscam dar maior clareza e evidenciação à sua responsabilidade sócio-ambiental, como também atender as novas exigências do mercado. Com foco na padronização de publicação das informações sustentáveis, as empresas brasileiras também vêm se adequando a essas exigências mundiais utilizando relatórios de sustentabilidade feitos de acordo com a GRI, que oferece às grandes companhias mundiais a possibilidade de publicarem seus relatórios de 5 sustentabilidade em um padrão global. Essa publicação oferece grandes benefícios gerenciais para as empresas, visto que a GRI é apreciada pelos grandes investidores e considerada ferramenta indispensável para as empresas que negociam seus títulos no mercado mundial. Segundo Nossa (2002), a padronização destas informações proposta pela GRI apresenta um grande avanço, pois permite aos investidores e stakeholders observarem as posturas adotadas pelas empresas e quais são os impactos causados pelas suas atividades e o que elas têm feito para amenizar os impactos já existentes, como também para estabelecer a comparabilidade dos relatórios com seus concorrentes. Consequentemente, diante das atuais mudanças no quadro nacional de evidenciação de informações acerca das práticas sustentáveis das empresas brasileiras, julga-se necessária a análise do nível de evidenciação das informações prestadas nos relatórios de sustentabilidade, e também a avaliação do nível de eficácia dessas informações, para saber se as empresas estão atendendo às exigências de evidenciação nos relatórios e cumprindo o seu papel na publicação de informações relevantes para a sociedade. 3. Referencial Teórico 3.1. Pesquisas anteriores sobre evidenciação Existem vários estudos, ao longo dos últimos anos, que vêm buscando analisar o desempenho social correlacionado ao desempenho econômico-financeiro de empresas. A seguir, listam-se alguns dos principais estudos e seus resultados nesta temática: Preston e O’Bannon (1997) analisaram a relação entre indicadores de desempenho social e financeiro de 67 empresas americanas de 1982 a 1992. Os indicadores sociais foram retirados dos dados da revista Fortune e os indicadores financeiros analisados foram: ROA, ROE e ROI. Os resultados indicaram uma forte e positiva relação entre o desempenho social e financeiro das grandes corporações americanas. Concluíram que tanto o desempenho financeiro influencia o desempenho social como o contrário, além de existir uma relação sinérgica entre eles. 6 Roque e Cortez (2006) pesquisaram a relação entre a divulgação de informação ambiental e o desempenho financeiro de 35 empresas portuguesas não financeiras entre 2000 e 2004. Entretanto, os resultados sugeriram que as empresas que não divulgaram informações ambientais tiveram o melhor desempenho financeiro. Kitahara (2007) pesquisou a existência de relações significativas entre o desempenho financeiro de empresas e o seu nível de investimento em ações de responsabilidade social no período de 2000 a 2004. O autor coletou informações de 897 Balanços Sociais publicados por 298 empresas brasileiras de diversos portes e segmentos e buscou relação com indicadores de desempenho financeiro das mesmas. Como principal resultado, verificou que há relação entre os indicadores financeiros e indicadores de RSE, tanto para empresas que operam com resultado positivo ou negativo. Contudo esta foi influenciada pelo ramo de atividade, porte da empresa e ano de publicação do Balanço Social. Outras pesquisas, assim como a deste trabalho, vêm analisar o desempenho social das empresas, porém voltadas para as análises de evidenciação das informações sociais e seus reflexos para a sociedade. As informações analisadas nestes estudos partem dos relatórios sociais que as empresas publicam para a sociedade com informações relevantes à cerca de seus esforços para diminuir os impactos negativos de suas atividades. Listam-se: Nossa (2002), com base nos relatórios ambientais e anuais de quarenta e duas empresas do setor de papel e celulose em nível mundial - dentre elas oito empresas brasileiras, investigou qual era o nível de evidenciação das informações ambientais apresentados por essas empresas. Também identificou e analisou as diferenças de evidenciação ambiental decorrente da localização e tamanho da empresa, bem como comparou a evidenciação de informações ambientais entre as empresas brasileiras e as empresas dos outros países. Dentre os relatórios analisados doze foram orientados pelas diretrizes GRI. Como conclusão da pesquisa, Nossa identificou que os relatórios ambientais específicos apresentam um nível baixo de evidenciação de informações, ou seja, apenas 32% das informações foram evidenciadas com nível quantitativo, expressa em números de natureza financeira. Outra conclusão foi a de que as empresas 7 localizadas em países diferentes apresentam também níveis de evidenciação de informações extremamente divergentes, e que nas empresas brasileiras de papel e celulose analisadas, o nível de evidenciação ambiental é menor do que em outros países. Também concluiu que, quanto maior o tamanho das empresas mais detalhada é a evidenciação das informações. Gasparino e Ribeiro (2005) compararam os relatórios de sustentabilidade do ano de 2004, de 06 empresas - 03 norte-americanas e 03 brasileiras, do setor de papel e celulose, para identificar as diferenças comportamentais e de evidenciação em relação às questões ambientais, entre os países. O modelo GRI foi adotado como parâmetro para as avaliações visto que suas diretrizes foram usadas pela maioria das empresas da amostra. A análise foi realizada utilizando-se técnicas de análise de conteúdo, e comparando os itens do relatório sobre os aspectos qualitativos e quantitativos. O alvo da pesquisa era o discernimento do grau de evidenciação ambiental, entretanto as autoras concluíram que, em termos gerais, apesar de a contabilidade ambiental estar bastante desenvolvida sob o ponto de vista teórico, as empresas ainda não a praticam de acordo. Os relatórios analisados evidenciam que as diretrizes da GRI são as mais utilizadas, contudo, muitas falhas ainda podem ser verificadas quanto à extensão e qualidade do atendimento às recomendações da norma. As demonstrações das empresas americanas estão próximas à estrutura recomendada, mas ainda não atingiram a forma ideal. As brasileiras, além de não terem as regras da GRI como direcionadoras, prestaram menos informações sobre sua interação com o meio ambiente, ressaltando o destaque dado à empresa Aracruz, que foi a única do grupo que submeteu seu relatório social aos auditores externos. Assim, apesar da pesquisa ter sido limitada a apenas seis empresas, de dois únicos países, pode-se afirmar que ainda há muito a melhorar, principalmente em relação à combinação de suas informações apresentadas no relatório de sustentabilidade com as informações financeiras. Na mesma abordagem, Ribeiro e Bellen (2007) fizeram uma comparação do nível de evidenciação ambiental entre três tipos de relatórios empresariais: relatório anual (RA), o formulário 20F (20F), e o relatório sócio-ambiental (RSA), para 8 identificar quais os tipos de informações ambientais que apresentaram maior evidenciação, em que nível cada relatório as evidencia e qual empresa apresenta o maior nível de evidenciação ambiental. A amostra selecionada foi de 28 empresas brasileiras que negociam papéis nos mercados: brasileiro e americano. A classificação escolhida para os dados foi adaptada dos trabalhos de Clarkson et. al (2007) e Wiseman (1982), com ênfase nos preceitos do Global Reporting Initiative (GRI), e para medir o nível de evidenciação dos relatórios, foi montada uma escala baseada na quantidade de desvio padrão do item em relação à média de sua aparição no relatório. No decorrer da pesquisa, foi verificado que algumas das empresas pesquisadas seguem as orientações da Global Reporting Initiative. Com base nas análises, os autores concluíram que o conteúdo mais completo de informações sobre o meio ambiente, são os relatórios sócio-ambientais. As informações mais evidenciadas refletem predominantemente a conduta ambiental das empresas analisadas e propriamente o seu desempenho ambiental. A empresa que se destaca é a Petrobras, que apresenta a maior média de informações evidenciadas na amostra. O relatório com melhor nível de evidenciação foi o RSA da Votorantim Celulose e Papel S/A com um total de 70% das informações pré-estabelecidas na classificação. 3.2. Desenvolvimento Sustentável e Sustentabilidade Há pouco tempo as nações despertaram para a importância de se fazer uma correção nos padrões de produção e consumo vigentes. Objetivando, a partir do esforço comum, evitar ou retardar o esgotamento dos recursos naturais do planeta. Essa prática recebe a denominação de “desenvolvimento sustentável”. (MATIAS, 2007). Ainda, segundo Matias, (2007, p. 248), Os termos Desenvolvimento Sustentável e Sustentabilidade surgiram no ano de 1987 através da publicação patrocinada pela Organização das Nações Unidas (ONU) e da World Commission on Enviroment and Development (WCED) Our commom future, apresentando visão do respeito ao futuro planeta. Segundo a WCED (1987) a ideia de sustentabilidade vem sendo representada pela elevação de expectativas em relação os desempenhos social, ambiental e tem sido definida como a habilidade para satisfazer às necessidades do presente sem comprometer a habilidade das futuras gerações para satisfazerem suas necessidades. 9 A tese ambientalista da sustentabilidade foi convertida como ponto central dos debates mundiais no relatório “Nosso Futuro Comum” ou “Relatório Brundtland”. Esse relatório resultou da pesquisa realizada entre 1983 e 1987 sobre a situação de degradação ambiental e econômica do planeta. Nos termos do Relatório a sustentabilidade se acopla a um novo padrão de crescimento econômico que deve ser garantido. Nesse sentido, “desenvolvimento sustentável” seria uma correção, uma retomada do crescimento, alterando a qualidade do desenvolvimento, a fim de torná-lo menos intensivo de matérias-primas e mais equitativo para todos. Desenvolvimento Sustentável é, portanto, definido como um processo de mudança no qual a exploração dos recursos, a orientação dos investimentos, os rumos do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional estão de acordo com as necessidades atuais e futuras. (HERCULANO, 1992). 3.3. Responsabilidade Social Empresarial (RSE) Almeida (2005, p. 6-7) define responsabilidade social e empresarial como: [...] O compromisso que uma organização deve ter para com a sociedade, expresso por meio de atitudes que afetem positivamente, de modo amplo, ou alguma comunidade, de modo específico, agindo positivamente e coerentemente no que tange seu papel específico na sociedade e a sua prestação de contas para com ela. A organização, neste sentido, assume obrigação de caráter moral, além das estabelecidas por lei, mesmo que não diretamente vinculadas as suas atividades, mas que possam contribuir para o desenvolvimento sustentável dos povos. RSE, ou sustentabilidade corporativa de acordo com A Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável - FDBS (2008), significa criação de valor aos acionistas no longo prazo levando em conta as necessidades e preocupações de todos os seus públicos de interesse – clientes, empregados, comunidades, governos, parceiros e fornecedores. No mesmo sentindo o Instituto Ethos (2008) define RSE como: [...] Forma de gestão que se define pela relação ética e transparente da empresa com todos os públicos com os quais ela se relaciona e pelo estabelecimento de metas empresariais que impulsionem o desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para as gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais. No Brasil, como informa o Guia Exame de Sustentabilidade da Revista Exame (2008), cerca de trezentas empresas publicam relatórios de sustentabilidade. De acordo com o Balanço Social (2008), essa ideia começou a ser discutida na década 10 de setenta, contudo, apenas nos anos 80 surgiram os primeiros balanços sociais de empresas, e somente a partir da década de 90 as corporações de diferentes setores passaram a publicar balanço social anualmente. Matias (2007) informa que a tendência em focar a responsabilidade social das empresas começou em 1999, quando a Bolsa de Valores de Nova York apresentou o Down Jones Sustainability Index (DJSI). Em seguida veio o FTSE4good, de Londres; o Socially Responsible Index (SRI) de Johanesburgo e o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da BOVESPA, em 2005. Todos esses índices apresentam como objetivo comum servir como guias para o investidor saber quais as empresas que não apenas geram lucro, mas também estão à frente das demais em responsabilidade social e ambiental. Tinoco (2001, p. 99) explica que: A preservação do meio ambiente converteu-se em um dos fatores de maior influência da década de 90, com grande rapidez de mercado. Assim, as empresas começam a apresentar soluções para alcançar o desenvolvimento sustentável e ao mesmo tempo aumentar a lucratividade dos seus negócios. Como relata Kroetz (2000, p. 67): Ocorre que as “novas” exigências do mercado, influenciado pela globalização, por um público mais consciente e por investidores mais exigentes e preparados, tem feito com que as organizações publiquem suas demonstrações com maior transparência e qualidade, evidenciando aspectos qualitativos do patrimônio e, ao mesmo tempo, sua preocupação com o bem-estar social e ambiental. “A economia é a instituição dominante na sociedade moderna. O crescimento econômico sustentado é o caminho para o progresso da humanidade. Uma empresa que não pratica sustentabilidade não sobrevive no mundo dos negócios”. (NETO E FRÓES, 2001, p. 52). Tinoco (2001, p. 114) ressalta qual deve ser a postura das organizações frente aos problemas sociais e ambientais, As entidades devem satisfazer adequadamente as demandas de seus clientes e de seus parceiros nos negócios e atividades e especialmente divulgar e dar transparência aos agentes sociais e a toda à sociedade de sua inserção no contexto das relações econômicas, financeiras, sociais, ambientais e de responsabilidade pública. Para melhor definir os públicos de interesse ligados às empresas, Proto & Supino apud Nossa (2002) apresentam os stakeholders como usuários ligados às 11 empresas com necessidades de informações sobre os aspectos que as englobam, tais como: aspectos sociais, econômicos e ambientais. A tabela a seguir exemplifica melhor a relação dos stakeholders com as empresas: Tabela 1: Diferentes stakeholders e sua necessidade de informação Interesses primários Stakeholders Fornecedores e Clientes Qualidade, preço, segurança e responsabilidade dos produtos. Resultados Financiadores Ferramentas de comunicação contábeis, relatórios de todas as obrigações e limitações das obrigações futuras. Empregados Políticas ambientais, metas e resultados. da gerenciamento poluição, de resíduos com responsabilidade, atenção com a preocupação da vizinhança. Atividades Autoridades direta, correspondências para os clientes e grandes fornecedores. Relatórios ambientais, informes contábeis anuais, boletins informativos, informações da imprensa. Relatório ambiental, relatório social, informes contábeis anuais, notícias do conselho, boletins informativos internos. Limitação Comunidades Marketing, rótulos dos produtos, linha responsáveis, Relatório ambiental, visitas à fábrica, boletins informativos, departamento de informações, boletins de imprensa, grupos de diagnóstico ad hoc. ambientalmente avaliação de custos e benefícios de ações Relatórios ambientais, certificações EMAS/ISO, negociações. ambientais. Aperfeiçoamento Organizações Ambientais desempenho do Relatórios ambientais, visitas, relatórios ambiental, contábeis anuais, negociações, boletins interesse em cooperação para informativos questões de melhorias. imprensa. e informações da Fonte: Proto & Supino apud Nossa (2002, p. 65). A urgência e a magnitude de se mensurar riscos e ameaças para a sustentabilidade coletiva, assim como as crescentes escolhas e oportunidades farão com que a transparência das organizações na divulgação dos seus impactos na sustentabilidade global seja um componente fundamental nas relações com as 12 partes interessadas, nas decisões sobre o investimento e nas restantes relações de mercado. Para apoiar esta expectativa, é necessária uma estrutura de conceitos partilhada globalmente, uma linguagem consistente e uma métrica largamente compreendida, a fim de comunicar de forma clara e transparente, questões relativas à sustentabilidade. (GRI, 2008) Neto e Froes (2004, p. 183) definem que, “a empresa socialmente responsável e sustentável é aquela que atua nas três dimensões: proteção ambiental, apoio e fomento ao desenvolvimento econômico local, regional e global, e estímulo e garantia da equidade social”. Complementa ainda, que uma empresa que não pratica a sustentabilidade não sobrevive no atual mundo dos negócios. No ISE (Índice de Sustentabilidade Empresarial BOVESPA, 2008) é exposto que as empresas sustentáveis baseiam-se em 3 pilares: aspectos ambientais, sociais e econômico-financeiros, ou seja, no conceito do triple bottom line (TBL). O triple bottom line (TBL) como explica a Revista Amanhã (2008), é um modelo de gestão empresarial que visa a conciliar as três necessidades básicas da sustentabilidade: a viabilidade econômica, a consciência ambiental e a responsabilidade social. Trata-se do tripé conceitual que sustenta todas as práticas de desenvolvimento sustentável. Com ele, a organização passa a trabalhar com um enfoque de crescimento sistêmico, reconhecendo que a sociedade depende da economia, que por sua vez depende do ecossistema global que depende da sociedade. Ainda como informa a Revista Amanhã (2008), o presidente executivo do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), Fernando Almeida, explica que este é um conceito "em construção", não só no Brasil como no mundo. Isso explica, em parte, porque o termo ainda carece de uma tradução. Na maioria das vezes, este é utilizado em inglês. Mas alguns especialistas já se referem ao Triple Bottom Line como "tripolaridade". O conceito foi desenvolvido pela consultoria inglesa SustainAbility, que desejava mapear os indicadores necessários para determinar se uma empresa é ou não sustentável. Nos dias atuais várias empresas nacionais e mundiais publicam relatórios de sustentabilidade. Entretanto, não há uma lei geral que parametrize a elaboração e a publicação desses relatórios, mas para melhor atender aos usuários, é importante que a publicação dos relatórios sociais seja feita de forma padronizada, pois assim 13 podem-se traçar comparações entre várias empresas de diversas localidades e as variações ocorridas de um período para o outro. (SILVA e PERES, 2005) 3.4. Global Reporting Initiative (GRI) A Global Reporting Initiative - GRI é uma organização não governamental internacional com sede em Amsterdã, na Holanda, cuja missão é: [...] desenvolver e disseminar globalmente diretrizes para a elaboração de relatórios de sustentabilidade utilizados voluntariamente por empresas de todo o mundo que desejam dar informação sobre os aspectos econômicos, ambientais e sociais de suas atividade, produtos e serviços. (GRI, 2008) De acordo com o Instituto Ethos, (2008) a GRI é o único modelo aceito mundialmente. Desde seu início, em 1997, a GRI tem focado suas atividades no desenvolvimento de padrão de relatórios que aborde os aspectos relacionados à sustentabilidade econômica, social e ambiental das organizações e que sejam rotineiros e passíveis de comparação como os relatórios financeiros. A rede GRI confirma essa visão ao desenvolver e melhorar continuamente sua Estrutura de Relatórios de Sustentabilidade, além de criar competência para sua utilização, cujo componente essencial são as Diretrizes para Elaboração de Relatórios de Sustentabilidade publicada em 2002. Ainda, de acordo com o Instituto, a GRI nasceu como iniciativa da Coalition for Environmentally Responsible Economies (CERES), uma ONG americana composta por organizações ambientais, de trabalhadores, religiosos, por profissionais de investimentos socialmente responsáveis e por investidores institucionais, em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). Para assegurar alto grau de qualidade técnica, credibilidade e relevância, a Estrutura de Relatórios de Sustentabilidade da GRI é desenvolvida e continuamente melhorada por meio de um intenso engajamento multi stakeholder que envolve organizações relatoras e especialistas que, juntos, desenvolvem e revisam o conteúdo da Estrutura de Relatórios. (GRI, 2008). Observando a necessidade de se produzir um relatório através de diretrizes consistentes, Nossa (2002, p. 25) defende que: Muitos relatórios ambientais se tornam inúteis devido à diversidade de indicadores de desempenho ambiental. A falta de certas características qualitativas dominantes nos relatórios financeiros leva aos relatórios 14 ambientais a ausência de credibilidade aos olhos de grupos externos de stakeholders. As questões e as informações presentes nos relatórios GRI são selecionadas, compiladas e comunicadas de uma forma consistente, e apresentadas de forma a permitir às partes interessadas o recurso ao relatório para analisar mudanças no desempenho da organização, ao longo do tempo, assim como análises relativas a outras organizações (GRI, 2008). A comparabilidade é a base para a avaliação do desempenho. As partes interessadas que utilizam o relatório devem conseguir comparar as informações sobre o desempenho econômico, ambiental e social com os anteriores desempenhos e objetivos da organização, e, na medida do possível, com o desempenho de outras organizações (GRI, 2008). Dando ênfase a questão da padronização de informações e a importância da comparabilidade do relatório, Almeida (2005, p. 152) diz que: Um dos mais consistentes esforços para consolidar diversas iniciativas e chegar a um consenso quanto à normatização das informações ambientais é o GRI (Global Reporting Initiative). Trata-se de um esforço internacional, iniciado em 1997 pela CERES (Coalition for Environmentally Responsible Economies), pelo programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente e por diversos stakeholders, para desenvolver e institucionalizar diretrizes e padrões para os relatórios de desempenho ambiental, econômico e social das companhias. 3.4.1. A GRI no Brasil Cerca de mil e quinhentas organizações em mais de sessenta países declararam usar a Estrutura de Relatórios de Sustentabilidade da GRI. No Brasil, onde se estima que cerca de trezentas empresas publiquem balanços sócioambientais, setenta e cinco aderiram a GRI até o ano de 2007. (GRI, 2008) A versão em português das Diretrizes para Elaboração de Relatórios de Sustentabilidade da GRI foi lançada em 2004, num esforço comum de diferentes agentes envolvidos com o uso das diretrizes do GRI, com apoio do Instituto Ethos de Responsabilidade Social. (ETHOS, 2008). O Brasil mereceu sempre uma atenção especial da GRI. Várias organizações do país foram envolvidas na revisão e na divulgação das normas. Hoje, tanto o conselho de stakeholders quanto o conselho executivo do GRI contam com a participação brasileira. (ETHOS, 2008) A primeira empresa no Brasil a aplicar de forma integral as diretrizes do GRI foi a Natura, no seu relatório de sustentabilidade em 2003. Hoje cerca de 70 15 empresas já estão utilizando as normas GRI, sendo muitas delas modelos de publicação. (ETHOS, 2008) 3.5. Diretrizes GRI para elaboração de relatórios de sustentabilidade Publicadas no ano de 2002 as diretrizes da Global Reporting Initiative definem que elaborar relatórios de sustentabilidade consiste na prática de medir, divulgar e prestar contas, às várias partes interessadas, sobre o desempenho das organizações, visando atingir o objetivo do desenvolvimento sustentável. (GRI, 2008) Os relatórios de sustentabilidade baseados na estrutura definida pela GRI divulgam resultados e também conseqüências, que ocorreram durante o período relatado, no contexto dos compromissos, da estratégia e da abordagem de gestão adotados pela organização. Elas consistem em princípios que definem o conteúdo do relatório e que asseguram a qualidade da informação relatada. Incluem um conjunto de informações-padrão, compostas por indicadores de desempenho e outros tópicos a divulgar, bem como, orientações em questões técnicas e específicas relativamente à elaboração dos relatórios. Os relatórios baseados nas Diretrizes identificam informações relevantes e indispensáveis para a maioria das organizações e úteis para as partes interessadas. A sua estrutura é, portanto, dividida em três áreas que se comunicam através de informações-padrão: • Perfil: informações que estabelecem o contexto geral para a compreensão do desempenho da organização, tais como a sua estratégia, perfil e governança. • Abordagem de Gestão: informações que indicam a forma como uma organização aborda um determinado conjunto de aspectos, clarificando o contexto para a compreensão do desempenho numa área específica. • Indicadores de Desempenho: produzem informações comparáveis sobre o desempenho econômico, ambiental e social da organização. 3.5.1. Indicadores de Desempenho A seção relativa aos indicadores de desempenho de sustentabilidade é constituída por três categorias principais: econômica, ambiental e social. Os indicadores sociais, por sua vez, se subdividem em: práticas laborais e trabalho condigno; direitos humanos; sociedade; e responsabilidade pelo produto. 16 3.5.1.1 Indicadores de Desempenho Econômico A dimensão econômica da sustentabilidade refere-se aos impactos da organização sobre as condições econômicas das suas partes interessadas e sobre os sistemas econômicos a nível local, nacional e global. Esses indicadores ilustram: • O fluxo de capital entre as diferentes partes interessadas; • Os principais impactos econômicos da organização sobre toda a sociedade. O desempenho financeiro é fundamental para compreender uma organização e a sua própria sustentabilidade. No entanto, esta informação é habitualmente disponibilizada nas demonstrações financeiras. A informação que raramente surge nos relatórios, apesar de ser freqüentemente desejada pelos seus utilizadores, é a contribuição da organização para a sustentabilidade de um sistema econômico alargado. Os indicadores de Desempenho Econômico são apresentados por 9 indicadores estruturados para apresentar informações sobre: • Desempenho econômico da organização: Apresentam o valor econômico direto gerado e distribuído, os riscos de oportunidade, planos de benefícios oferecidos aos funcionários, e disponibiliza informações a cerca do apoio significativo recebido do governo, quando houver. • Presença no mercado: Retrata as políticas e práticas que abranjam os fornecedores e comunidades impactadas pelas atividades da empresa, procedimentos para contratação local e proporção dos cargos de gestão, como também relação entre o salário mais baixo e o salário mínimo pagos aos empregados. • Impactos econômicos indiretos: Dispõe sobre o desenvolvimento dos impactos em infra-estrutura em gênero ou pro bono, como também a descrição dos impactos significativos econômicos provocados e sua extensão. 3.5.1.2. Indicadores de Desempenho Ambiental A dimensão ambiental da sustentabilidade refere-se aos impactes da organização nos sistemas naturais vivos e não-vivos, incluindo ecossistemas, solos, ar e água. Os indicadores ambientais abrangem o desempenho relacionado com os consumos (por ex., matérias-primas, energia, água) e com a produção (por ex., emissões, efluentes, resíduos). Estes indicadores englobam ainda o desempenho 17 relacionado com a biodiversidade, com a conformidade ambiental e com outras informações relevantes, tais como despesas com o meio ambiente e os impactos de produtos e serviços. São apresentados por 30 indicadores apresentados de seguinte forma: • Materiais: Materiais utilizados por peso e volume • Energia: Consumo direto e indireto de energia descriminado por fonte, estratégias para economizar energia e preservar as fontes, utilização de fontes de energia renováveis, e iniciativas para reduzir o consumo e economizar energia. • Água: Consumo total de água, direto e indireto, descriminado por fonte, recursos hídricos significativamente afetados, porcentagem e volume de água reciclada ou reutilizada. • Biodiversidade: Descriminação de áreas e terrenos protegidos, abrangidos pelas atividades da empresa, impactos significativos sobre áreas protegidas, habitats protegidos ou recuperados, gestão dos impactos na biodiversidade. • Emissões, efluentes e resíduos: Emissão de gazes que ocasionam o efeito estufa e destroem a camada de ozônio, iniciativas para reduzir tais efeitos; tratamento dos resíduos, número de derrames significativos, dimensão de habitats, recursos hídricos afetados pela descarga de água e escoamento. • Produto e serviço: Iniciativas para mitigar os impactos ambientais provocados pelos produtos e serviços. • Transporte: Impactos ambientais significativos, resultantes do transporte de produtos e outros bens ou matérias-primas utilizados nas operações da organização. • Conformidade: Multas e sanções decorrentes de irregularidades. 3.5.1.3. Indicadores de Desempenho Social A dimensão social da sustentabilidade refere-se aos impactos da organização nos sistemas sociais em que opera. Os indicadores de desempenho social da GRI identificam aspectos de desempenho fundamentais no que se refere às práticas laborais e trabalho condigno; à direitos humanos, à sociedade e à responsabilidade pelo produto. 18 3.5.1.3.1 Práticas laborais e trabalho condigno Os aspectos específicos que surgem na categoria “Práticas Trabalhistas” baseiam-se em normas universais e reconhecidas internacionalmente, como por exemplo: • Declaração Universal dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas e respectivos Protocolos; • Convenção das Nações Unidas: Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos; • Convenção das Nações Unidas: Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais; • Declaração da OIT (Organização Internacional do Trabalho) relativa aos Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho de 1998 (em particular as oito principais convenções da OIT); • Declaração e Programa de Ação de Viena. Os indicadores de Práticas Trabalhistas são apresentados por 14 indicadores estruturados da seguinte forma: • Emprego: Discrimina a mão-de-obra total utilizada pela empresa, como também o número total de trabalhadores e respectiva taxa de rotatividade, e benefícios aos funcionários. • Relação entre funcionários e administração: Percentagem de funcionários abrangidos por acordos coletivos, e prazos para a notificação de mudanças de gestão entre outros. • Segurança e Saúde no trabalho: Percentagem de funcionários representados por comissões de segurança e saúde, taxas de lesões, doenças profissionais, programas de aconselhamentos e prevenção para os trabalhadores, famílias e comunidades, tópicos de segurança e saúde abrangidos por sindicatos. • Formação e educação: Média de horas de formação oferecidas aos funcionários, programas para a gestão de competência e funcionários que recebem análise de desempenho dentro da organização. • Diversidade e igualdade de oportunidades: Discriminação e gênero dos trabalhos por mulheres e homens, como também, composição dos órgãos sociais da empresa compostos por categoria de acordos. 19 3.5.1.3.2. Direitos Humanos Os indicadores de desempenho relativos aos direitos humanos requerem que as organizações incluam nos seus relatórios a importância dada aos impactos dos Direitos Humanos, através dos investimentos e das práticas de seleção de fornecedores/empresas contratadas. Adicionalmente, estes indicadores de desempenho incluem ainda a formação dos funcionários e do pessoal de segurança em direitos humanos, abrangendo também a não-discriminação, a liberdade de associação, o trabalho infantil, o trabalho forçado e escravo, e os direitos dos indígenas. Os indicadores de Direitos Humanos são apresentados por 09 indicadores estruturados da seguinte forma: • Práticas de investimento e de aquisições: Percentagem e número total de contratos de investimento significativos que incluam cláusulas referentes aos direitos humanos, fornecedores e empresas contratadas submetidas a avaliação relativa aos direitos humanos, funcionários e operações que receberam treinamento e orientação quanto aos procedimentos relativos aos aspectos dos direitos humanos. • Não-discriminação: Número total de discriminação registrada. • Liberdade de associação e acordo de negociação coletiva: casos em que exista risco significativo de impedimento ao livre exercício da liberdade de associação. Trabalho infantil: Casos em que exista um risco significativo de ocorrência de trabalho infantil, e medidas que contribuíram para a sua eliminação. • Trabalho forçado e escravo: Casos em que exista um risco significativo de ocorrência de trabalho forçado ou escravo, e medidas que contribuam para a sua eliminação. • Praticas de segurança: Percentagem do pessoal de segurança submetido a formação nas políticas ou procedimentos da organização, relativos aos direitos humanos. • Direitos dos povos indígenas: Número total de incidentes que envolvam a violação dos direitos dos povos indígenas e ações tomadas. 3.5.1.3.3. Sociedade Os indicadores de desempenho relativos à sociedade centram-se nos impactos que as organizações têm nas comunidades em que operam e na 20 divulgação da forma como os riscos, resultantes de suas interações com outras instituições sociais são geridos e mediados. Procuram-se, em particular, informações sobre os riscos associados ao suborno e corrupção, à influência indevida na elaboração de políticas públicas e nas práticas de monopólio. Os indicadores de Sociedade são apresentados por 08 indicadores estruturados da seguinte forma: • Comunidade: Natureza de quaisquer programas para avaliar os impactos das operações nas comunidades. • Corrupção: Percentagem e número total de unidades de negócio alvo de análises de risco à corrupção, percentagem de trabalhadores que tenham efetuado formação política e práticas anti-corrupção e medidas tomadas em resposta a casos de corrupção. • Políticas públicas: Posição da empresa quanto a políticas públicas e participações na elaboração de políticas públicas, valor total das contribuições financeiras ou em espécie a partidos públicos e afins. • Concorrência desleal: Número total de ações judiciais por concorrência desleal, antitruste e práticas de monopólio, bem como seus resultados. • Conformidade: Multas e sanções significantes por não comprimento das leis e regulamentos ambientais. 3.5.1.3.4 Responsabilidade pelo Produto Os indicadores de desempenho referentes à responsabilidade pelo produto abordam os aspectos dos produtos e dos serviços da organização relatora que afetam diretamente os clientes: saúde e segurança, informações e rotulagem, marketing e privacidade. Estes aspectos são tratados, principalmente, através da divulgação dos regulamentos internos e o nível de cumprimento dos mesmos. Os indicadores de Responsabilidade pelo produto são apresentados por 09 indicadores estruturados da seguinte forma: • Saúde e segurança do cliente: Os ciclos de vida dos produtos e serviços em que os impactos de segurança e saúde são avaliados, e número total de incidentes resultantes da não-conformidade aos impactos na saúde e segurança. • Rotulagem dos produtos e serviços: Informações exigidas dos produtos e serviços por regulamentos, incidentes decorrentes da não-conformidade com procedimentos 21 para correta rotulagem dos produtos e serviços, procedimentos e resultados de pesquisas relacionados a satisfação dos clientes. • Comunicação de marketing: Programas de observação às leis de marketing incluindo publicidade, promoção e patrocínio. • Privacidade do cliente: Número total de reclamações registradas relativas à violação da privacidade de clientes. • Conformidade: Multas significativas pelo descumprimento de leis e regulamentos relativos ao fornecimento e utilização de produtos e serviços. 4. Abordagem Metodológica Para atender aos objetivos propostos nesta pesquisa, foi utilizada a metodologia empírico-analítica que aborda a relação causal entre as variáveis, em que a validação da prova científica é buscada através de testes dos instrumentos, graus de significância e sistematização das definições operacionais. Para a coleta dos dados foram utilizados os procedimentos de: pesquisa bibliográfica e documental por meio da metodologia de análise de conteúdo. Os documentos analisados foram os relatórios de sustentabilidade das seis empresas brasileiras, classificadas como A + conforme as diretrizes GRI no ano de 2007. O critério de escolha das empresas que compõe a amostra foi embasado na listagem GRI 2008 Reporters, divulgada na home page da GRI, em sua última atualização em outubro do ano de 2008. O universo da pesquisa foi composto por 40 empresas brasileiras que utilizaram as diretrizes GRI para construir seus relatórios de sustentabilidade de 2007. Como o objetivo de pesquisa foi avaliar o nível de evidenciação de informações contidas nesses relatórios, foram utilizadas como critério de seleção para amostra as empresas que se apresentaram com nível de aplicação A+. As empresas analisadas foram: Banco Real, Banco Bradesco, Banco Itaú, Bunge, Natura e Petrobras. Foram analisados nos relatórios de sustentabilidade das empresas, tanto os aspectos qualitativos quanto quantitativos das informações presentes nos mesmos. As informações contidas nos relatórios se subdividem em: informações sobre o perfil da empresa, informações sobre sua forma de gestão e os indicadores de desempenho. Os indicadores são apresentados da seguinte forma: indicadores de desempenho econômico (EC), desempenho ambiental (EN), desempenho social 22 (LA), de direitos humanos (HR), sociedade (SO) e de responsabilidade pelo produto (PR). A composição dos indicadores de desempenho da GRI é estruturada a partir de indicadores essenciais e indicadores complementares. Os indicadores essenciais foram desenvolvidos através de processos da GRI que envolvem as várias partes interessadas, com o objetivo de identificar os indicadores com aplicação generalizada e que se presumem relevantes para a maioria das organizações. As organizações devem elaborar os seus relatórios com base nos indicadores essenciais, a não ser que sejam considerados não relevantes de acordo com os princípios da GRI para a elaboração de relatórios. Os indicadores complementares representam práticas emergentes ou questões que podem ser relevantes para algumas organizações, mas não para outras. Sempre que existirem versões finais dos suplementos setoriais, os indicadores devem ser tratados como indicadores essenciais. (DIRETRIZES G3 GRI, p. 7, 2002). Na tabela a seguir está demonstrada a quantidade de indicadores essenciais e complementares que são abrangidos nas diretrizes GRI para relatórios de sustentabilidade: Tabela 2: Quantidade de Indicadores Essenciais e Complementares EC EN LA HR SO PR Essenciais 7 17 9 6 6 4 Complementares 2 13 5 3 2 5 Total 9 30 14 9 8 9 Indicadores Fonte: (DIRETRIZES G3 GRI, p. 27-37, 2002) De acordo com a conceituação dada por Nossa (2002, p. 179), evidenciação pode ser definida como a maneira pela qual a informação é apresentada nos relatórios. Para medir o nível de evidenciação das informações dos relatórios de sustentabilidade, a técnica utilizada foi a análise de conteúdo que Bardin (1977, p. 42), define como: Um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos, sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores - quantitativos ou não - que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens. 23 Os níveis de evidenciação utilizados para este estudo, foram embasados nas pesquisas de Gray et al. (1995) apud Nossa e Carvalho (2003), de Hackston e Milne, (1996) apud Nossa e Carvalho (2003), de Salamone e Galluccio (2001) apud Nossa e Carvalho (2003). Assim, os níveis de evidenciação são demonstrados na tabela abaixo: Tabela 3: Níveis de Evidenciação das Informações Nível Tipo 0 Ausência de informação 1 Informação declarativa 2 Conceito Quando a informação não foi apresentada para aquela categoria, Apresentam informações de cunho somente descritivo Apresentam informações quantitativas que são Informação quantitativa não expressas em números de natureza não- monetária financeira Apresentam 3 Informação quantitativa monetária expressadas informações em números quantitativas de natureza financeira Fonte: (Adaptado de Nossa, 2002, p. 179). A construção da análise partiu dos dados obtidos através do julgamento das informações dos relatórios de sustentabilidade feitos conforme as diretrizes GRI. A estrutura da GRI descreve os conteúdos gerais e específicos por setor, com a finalidade de divulgar os resultados e também as conseqüências que ocorreram durante o período relatado, no contexto dos compromissos e estratégia adotados pela organização nos aspectos econômicos, ambientais e sociais. A apresentação dos dados foi feita de acordo com a estrutura proposta pela GRI, que é composta normalmente por 3 partes: Perfil da Organização; Abordagem de Gestão e Indicadores de Desempenho. A seção relativa aos indicadores de desempenho de sustentabilidade é constituída por três categorias: econômica, ambiental e social. Os indicadores de sustentabilidade social subdividem-se nas seguintes categorias: práticas laborais, direitos humanos, sociedade e responsabilidade pelo produto. A estrutura pode ser observada na tabela abaixo: 24 Tabela 4: Estrutura Resumida do Conteúdo do Relatório segundo a GRI Conteúdo dos relatórios GRI Perfil da empresa Abordagens da Gestão Indicadores de Desempenho QNT. (EC) Desempenho Econômico 9 (EN) Desempenho Ambiental 30 (LA) Praticas Laborais e Trabalho Condigno 14 (HR) Direitos Humanos 9 (SO) Sociedade 8 (PR) Responsabilidade Pelo Produto 9 Fonte: (DIRETRIZES G3 GRI, p. 27-37, 2002) Para traçar um parâmetro de comparações entre os relatórios foi estabelecido um modelo padrão de evidenciação das informações a fim de definir qual seria a quantidade ideal de informações para um relatório de sustentabilidade no modelo GRI. Esse padrão foi estabelecido de acordo com o nível de exigências de informação pedida pelo próprio indicador GRI, ou seja, para cada indicador GRI observa-se se o nível de informação ideal seria: de tipo 1 (declarativa), tipo 2 (quantitativa não monetária) ou tipo 3 (quantitativa monetária). O modelo ideal abrange os 83 indicadores totais, e irá ser comparado com os resultados apresentados por cada empresa. Para o modelo ideal foram encontrados os seguintes valores: Tabela 5: Modelo Ideal de Evidenciação de Informações % das informações Tipo de informação 7% Declarativas, ou tipo 1. 71% Quantitativas não monetárias, ou tipo 2. 22% Quantitativas monetárias, ou tipo 3. Fonte: Dados da pesquisa (2008) Observa-se que para o modelo ideal não foram aceitas inconsistências nos indicadores, ou seja, todos os indicadores obtiveram algum julgamento de nível 1,2 ou 3. 25 5. Resultados das Análises: 5.1. A evidenciação das informações Para fazer a composição dos resultados foram utilizados três tipos de análises. A primeira análise feita foi a evidenciação das informações contidas nos relatórios das seis empresas analisadas, pelo tipo de evidenciação. Essa análise utilizou como base os 83 indicadores presentes no modelo GRI apresentados por cada empresa, e julgados de acordo com o tipo de evidenciação já mostrado na metodologia. Os dados apresentados nas tabelas abaixo se referem, em cada item, ao somatório do número de indicadores julgados por tipo de evidenciação em cada empresa. O objetivo desta tabela é mostrar quantitativamente a evidenciação das informações pelas empresas, por tipo, como também traçar uma primeira comparação entre a evidenciação das empresas e o modelo ideal. Tabela 6: Quantidade de Evidenciação por tipo de informação e empresa Tipo Modelo Natura Petrobras Bunge B. Real Bradesco Itaú 1 6 11 21 24 6 15 7 2 59 47 38 30 23 32 32 3 18 10 18 10 21 14 11 0 0 15 6 19 33 22 33 Total 83 68 77 64 50 61 50 Fonte: Dados da pesquisa (2008) Dados apresentados sob forma de porcentagem: Tabela 7: Quantidade % de Evidenciação por tipo de informação e empresa Tipo Modelo Natura Petrobras Bunge B. Real Bradesco Itaú 1 7% 13% 25% 29% 7% 18% 8% 2 71% 57% 46% 36% 28% 39% 39% 3 22% 12% 22% 12% 25% 17% 13% Total 100% 82% 93% 77% 60% 73% 60% Fonte: Dados da pesquisa (2008) 26 De acordo com os dados mostrados acima observa-se que a empresa Natura, apresenta do total dos 83 indicadores analisados 68 indicadores, ou 82%. O tipo mais expressivo de evidenciação presente em seu relatório é o de nível 2 (informações quantitativas não monetárias), presente em 57% dos indicadores. Consecutivamente a evidenciação tipo 1 (informações somente qualitativas), presente em 13% dos indicadores, e finalmente o tipo 3 (informações qualitativas monetárias), presente em 12%. A empresa não apresentou 18% dos indicadores. A empresa Petrobras, apresenta 77 indicadores ao total, ou 93%. O tipo de evidenciação mais presente é o de nível 2, com 46%. Em seguida a evidenciação de nível 1, com 25% e com 22% a evidenciação de nível 3. Das empresas analisadas é a que mais apresenta informações para todos os indicadores, somente, 7% não foram apresentados. A Bunge apresenta do total dos 83 indicadores, 64 indicadores, ou 77%. O tipo de evidenciação mais apresentado no seu relatório foi o de tipo 2, com 36% do total. Consecutivamente, a evidenciação de nível 1 com 29%, e a evidenciação de nível 3 com 12%. A empresa não apresentou 23% dos indicadores pedidos. O Banco Real apresenta do total dos 83 indicadores analisados 50 indicadores, ou 60%. O tipo mais expressivo de evidenciação presente em seu relatório é o de nível 2 (informações quantitativas não monetárias), presente em 28% dos indicadores. Consecutivamente a evidenciação tipo 3 (informações qualitativas monetárias), presente em 25% dos indicadores, e finalmente o tipo 1 (informações somente qualitativas), presente em 7%. A empresa não apresentou 40% dos indicadores. O Bradesco apresenta 61 indicadores ao total, ou 73%. O tipo de evidenciação mais presente é o de nível 2, com 39%. Em seguida a evidenciação de nível 1, com 18% e com 17% a evidenciação de nível 3. Para todos os indicadores, 27% não foram apresentados. E por último o Banco Itaú apresenta do total dos 83 indicadores, 50 indicadores, ou 60%. O tipo de evidenciação mais apresentado no seu relatório foi o de tipo 2, com 39% do total. Consecutivamente, a evidenciação de nível 3 com 13%, e a evidenciação de nível 2 com 8%. A empresa não apresentou 40% dos indicadores pedidos. 27 Como já explicado na metodologia, as diretrizes GRI apresentam uma subdivisão dos indicadores, entre indicadores essenciais e indicadores complementares. Os indicadores essenciais têm o objetivo de identificar os indicadores com aplicação generalizada e que se presumem relevantes para a maioria das organizações. Os indicadores complementares representam práticas emergentes ou questões que podem ser relevantes para algumas organizações, mas não para outras. Por essa questão concluímos ser relevante analisar separadamente a postura das empresas somente para os indicadores essenciais, com a finalidade de mostrar a quantidade informações evidenciadas pelas empresas. Os resultados obtidos estão nas tabelas abaixo: Tabela 8: Quantidade de Evidenciação dos Indicadores Essenciais por Tipo Tipo Modelo Natura Petrobras Bunge B. Real Bradesco Itaú 1 5 6 14 16 6 10 6 2 33 31 24 24 19 22 21 3 11 6 11 3 13 7 6 0 0 6 0 6 11 10 16 Total 49 43 49 43 38 39 33 Fonte: Dados da pesquisa (2008) Dados apresentados sob forma de porcentagem: Tabela 9: Quantidade de Evidenciação dos Indicadores Essenciais por Tipo em % Tipo Modelo Natura Petrobras Bunge B. Real Bradesco Itaú 1 10% 12% 29% 33% 12% 20% 12% 2 67% 63% 49% 49% 39% 45% 43% 3 22% 12% 22% 6% 27% 14% 12% Total 100% 88% 100% 88% 78% 80% 67% Fonte: Dados da pesquisa (2008) Ao total as diretrizes GRI estabelecem 49 indicadores essenciais. Observa-se de acordo com as tabelas que a Petrobras é a única das empresas que apresenta 100% dos indicadores essenciais. O menor nível de evidenciação foi dado pelo Banco Itaú com 67% do total. Observando os resultados apresentados pelas tabelas 28 pode-se perceber que o nível de evidenciação das empresas no aspecto “evidenciação das informações” se difere do que deveria ser o ideal a ser divulgado. A Petrobras, dentre todas as empresas da amostra é a empresa com melhores resultados, ou seja, é a empresa que mais se aproxima do ideal a ser divulgado. Respectivamente Natura e Bunge apresentam resultados semelhantes, seguidas do Banco Bradesco, Banco Real e Banco Itaú. 5.2. Nível de evidenciação das informações comparadas ao modelo ideal Para a segunda análise foi utilizado o Teste de Correlação Não-Paramétrico de Spearman’s que, de acordo com Freund e Simon (2000), tecnicamente, visa medir o grau de associação entre variáveis aleatórias. Portanto, procurou-se observar com o teste a correlação entre o nível de evidenciação das informações estabelecidas no modelo ideal e o nível de evidenciação encontrado nos relatórios de todas as empresas. Abaixo, apresenta-se o resultado da matriz de correlação, obtida no SPSS®: Correlations MODELO NATURA PETROBRA BUNGE BCOREAL BRADESCO Correlation Coefficient 1,000 ,301** ,491** ,283** ,330** ,230* Sig. (2-tailed) , ,006 ,000 ,009 ,002 ,037 N 83 83 83 83 83 83 NATURA Correlation Coefficient ,301** 1,000 ,448** ,176 ,413** ,101 Sig. (2-tailed) ,006 , ,000 ,111 ,000 ,363 N 83 83 83 83 83 83 PETROBRA Correlation Coefficient ,491** ,448** 1,000 ,254* ,395** ,352** Sig. (2-tailed) ,000 ,000 , ,020 ,000 ,001 N 83 83 83 83 83 83 BUNGE Correlation Coefficient ,283** ,176 ,254* 1,000 ,270* ,191 Sig. (2-tailed) ,009 ,111 ,020 , ,013 ,084 N 83 83 83 83 83 83 BCOREAL Correlation Coefficient ,330** ,413** ,395** ,270* 1,000 ,268* Sig. (2-tailed) ,002 ,000 ,000 ,013 , ,014 N 83 83 83 83 83 83 BRADESCO Correlation Coefficient ,230* ,101 ,352** ,191 ,268* 1,000 Sig. (2-tailed) ,037 ,363 ,001 ,084 ,014 , N 83 83 83 83 83 83 ITAU Correlation Coefficient ,377** ,295** ,316** ,429** ,559** ,364** Sig. (2-tailed) ,000 ,007 ,004 ,000 ,000 ,001 N 83 83 83 83 83 83 Spearman's rho MODELO ITAU ,377** ,000 83 ,295** ,007 83 ,316** ,004 83 ,429** ,000 83 ,559** ,000 83 ,364** ,001 83 1,000 , 83 **. Correlation is significant at the .01 level (2-tailed). *. Correlation is significant at the .05 level (2-tailed). Figura 01: Matriz de Correlação 29 De acordo com o teste, a correlação entre o modelo ideal e as empresas seria perfeita se o resultado da correlação obtivesse valores mais próximos de 1,00. Como pode ser observado na primeira coluna nomeada “Modelo”, têm-se o relatório modelo e observa-se que o nível de significância entre Modelo x Modelo é perfeito, pois são iguais. Nas outras linhas vão sendo apresentadas todas as empresas, comparadas ao modelo. A primeira análise se dá entre a Natura e o modelo ideal. A Natura apresenta o quarto melhor nível de evidenciação de informações, o nível de correlação entre eles é de rs=0,301 consideravelmente baixo já que o ideal deveria estar próximo de 1,00. Reafirmando o resultado obtido com as análises da evidenciação apresentado no capitulo anterior, a Petrobras apresenta melhor coeficiente de correlação com modelo ideal, rs=0,491, sendo o melhor nível de evidenciação entre as empresas analisadas. A Bunge apresenta um coeficiente de correlação de rs=0,283, sendo o quinto relatório em nível de evidenciação comparado o modelo ideal. O relatório do Banco Real é o terceiro, apresenta o coeficiente de correlação de rs=0,330. O Bradesco apresenta o nível mais baixo de evidenciação comparado ao modelo ideal, apresenta um coeficiente de rs=0,230. Dando seqüência as análises, para comparar o nível de evidenciação das empresas da amostra utilizou-se o teste de Kruskal-Wallis: Teste K para Amostras Independentes, que de acordo com Stevenson (2001) este teste é utilizado para verificar se três ou mais amostram não relacionadas (independentes) são provenientes de populações com médias iguais. Para as análises foram utilizados os 83 indicadores como observações, apresentados por cada uma das empresas. As análises foram feitas de 3 maneiras: entre as empresas que transformam e comercializam produtos (setor de manufatura); entre os bancos (setor de prestação de serviço); e entre todas as empresas. Para realização do teste, foram assumidas as seguintes hipóteses estatísticas: H0 = se a média de evidenciação é igual para todas as empresas analisadas, ou; H1 = se a media de evidenciação é diferente. Para testar os dados foi assumido um nível de significância de até 0,05. A tabela a seguir, apresenta os resultados do referido teste, obtido no programa SPSS®: 30 Tabela 10: Resultados do teste K-W Empresas Variáveis Asymp. Sig. Resultados Conclusão Manufatura 3 83 0,01 Rejeita Ho Nível de evidenciação diferente Bancos 3 83 0,50 Aceita Ho Nível de evidenciação igual Todas 6 83 0,02 Rejeita Ho Nível de evidenciação diferente Fonte: Dados da pesquisa (2008) Na primeira análise entre as empresas de manufatura (Natura, Petrobras e Bunge) o resultado sugeriu a rejeição de H0 denotando que a evidenciação das informações contidas nos relatórios de sustentabilidade de cada uma das empresas é diferente. A análise feita entre os bancos sugeriu a aceitação de H0 supondo que a evidenciação entre as empresas está dentro da mesma média, ou seja, pelo total de observações as empresas apresentam um mesmo nível de evidenciação das informações. Já na análise comparativa de todas as empresas, os resultados apresentados sugeriram a rejeição de H0 supondo que a evidenciação das informações contidas nos relatórios de sustentabilidade de cada uma das empresas é diferente, explicado principalmente pelas empresas pertencerem a setores de atividades diferentes, como na primeira análise comparativa. 6. Conclusão Supõe-se a importância de se evidenciar quaisquer esforços que sejam feitos em prol do bem comum, principalmente quando se fala da utilização moderada dos recursos naturais para a preservação do meio ambiente. Alem disso viver em sociedade implica em ser responsável com suas atitudes para que seja possível viver em harmonia e com qualidade de vida. Várias empresas, como fora explicado no decorrer desta pesquisa, têm se conscientizado do seu importante papel na sociedade e tem buscado agir de acordo com as propostas para um desenvolvimento sustentável, aliando a geração de valor para seus acionistas e stakeholders sem agredir o meio ambiente e a sociedade em que vivemos. Com o argumento de que a geração de informações sustentáveis é um assunto importante a ser discutido, e que a evidenciação dessas informações é necessária para assegurar um nível de qualidade dos relatórios, essa pesquisa se propôs a fazer análises acerca do comportamento de grandes empresas do cenário 31 brasileiro de negócios para saber o comprometimento das mesmas com o meio ambiente e com a sociedade, priorizando descobrir o nível de evidenciação dessas informações. Para o cumprimento dos objetivos propostos pela pesquisa, realizou-se inicialmente uma revisão de literatura visando reunir os aspectos ligados à pesquisa, determinando também o patamar de estudos a cerca do assunto. Reunimos todos os aspectos ligados a sustentabilidade e desenvolvimento sustentável, bem como informações sobre a publicação atual de relatórios de sustentabilidade, focando os relatórios publicados de acordo com as diretrizes estabelecidas pela Global Reporting Initiative – GRI. A pesquisa foi feita analisando os relatórios de sustentabilidade das empresas com nível de evidenciação A+, publicadas pela GRI no ano de 2008: Natura Cosméticos, Petrobras, Bunge, Banco Real, Banco Bradesco e Banco Itaú. As análises partiram da evidenciação das informações apresentadas nos relatórios pelas empresas, dando ênfase aos indicadores de desempenho econômicos, ambientais e sociais. Foi utilizado como base para análises técnicas de análise de conteúdo qualitativas e quantitativas tendo como unidade de análise os 83 indicadores GRI, como também foram utilizados para analisar os dados, testes nãoparamétricos para medir o grau de evidenciação das informações das empresas comparadas ao um modelo ideal de evidenciação e entre as mesmas. Respondendo ao objetivo geral deste trabalho que foi identificar qual o nível de evidenciação das informações sócio-ambientais dos relatórios de sustentabilidade no ano de 2007 das empresas consideradas com nível de aplicação A+ pelo Global Reporting Initiative, com base nos dados obtidos pela pesquisa podemos concluir que: As empresas selecionadas não atenderam prontamente ao nível de evidenciação proposto pelas Diretrizes GRI. É perceptível que em vários aspectos analisados as empresas não atenderam as recomendações da norma. Entretanto é importante ressaltar que não foi intenção dessa pesquisa avaliar se a empresa está agindo da melhor forma com relação às suas responsabilidades sócio-ambientais. Mesmo porque em todos os relatórios analisados foi incontestável o grau de comprometimento e a preocupação das empresas em demonstrarem a realidade de suas atividades e o seu compromisso com a responsabilidade sócio-ambiental. 32 Quanto à apresentação dos relatórios, recentemente foi sugerido pela GRI que as empresas apresentassem um Sumário Remissivo dos Indicadores GRI e sua devida localização no relatório já que a quantidade de indicadores é alta e os temas abrangidos são bastante extensos. Todas as empresas analisadas possuem o sumário em seus relatórios, contudo a subjetividade na forma de apresentação do relatório dificulta a localização da informação. Foi percebido também que a falta da obrigatoriedade e parametrização para a publicação de informações sustentáveis ainda apresenta um problema no quesito comparabilidade. Apesar dos relatórios abrangerem quase toda a totalidade dos aspectos pedidos pelas diretrizes GRI, a falta de parametrização, desde a forma de apresentação do relatório até as exigências de evidenciação do conteúdo, atrapalha os usuários a encontrarem as informações de que precisam. Ainda nesse sentido as informações dispostas pelas empresas muitas vezes não atenderam ao nível de evidenciação sugerido pela norma, como exemplo, a maioria dos indicadores deveriam ser apresentados sob a forma quantitativa evidenciados em porcentagem, ou ainda sob a forma quantitativa monetária, o que não ocorreu. Essas diferenças podem ser percebidas nos dados da análise de evidenciação das informações contidas nos relatórios. Quanto ao nível de evidenciação das informações, foram obtidos os resultados a partir da aplicação de um teste estatístico que mediu o grau de evidenciação entre o relatório de sustentabilidade das empresas comparado ao nível de evidenciação ideal. Os resultados mostraram que nenhuma das empresas atendeu ao nível ideal. O mais próximo do nível ideal foi o relatório apresentado pela empresa Petrobras com um grau de aproximadamente 49% do ideal proposto pela norma GRI. Foi analisado também se havia diferenças entre o nível de evidenciação das empresas. Constatou-se que entre os bancos, Real Bradesco e Itaú, o nível de evidenciação foi considerado o mesmo. Já entre a Natura, Petrobras e Bunge o nível de evidenciação foi diferente. Sabe-se que há muitas variáveis que impactam a forma de apresentação dos dados por uma empresa: a atividade, o tamanho, o setor de atuação, o volume de negócios, quantidade de serviços prestados ou de produtos produzidos entre outros. Entretanto as diretrizes GRI são aplicáveis a empresas de vários tamanhos, 33 exatamente por possuir uma gama de informações que podem ser abordadas por todo o tipo de empresas. Apesar de a amostra ser pequena, composta por seis empresas, é importante lembrar que essas são consideradas A+, nível mais alto de evidenciação. Portanto essa pesquisa mostra que ainda há melhorias a serem feitas pelas organizações para que se alcancem uma excelência na publicação de informações sustentáveis. É importante salientar que essa melhoria vem sendo percebida ao longo dos anos através dos resultados de pesquisas anteriores que, como esta, intencionaram mostrar à sociedade aspectos relevantes acerca do mundo em que vivemos através da utilização de ferramentas de análises para a obtenção e interpretação de dados e fatos. Por fim, diante da importância do tema, sugere-se que pesquisas futuras possam vir a complementar este estudo. Pesquisas com amostras maiores, contendo uma quantidade maior de empresas que publicam de acordo com os padrões GRI, que compreendam um período maior de tempo, ou ainda estudos comparativos entre as publicações de empresas brasileiras e empresas de outros países. 7. Referências Bibliográficas ACE (Articulação Nacional para a Cidadania Empresarial, 2008) - Artigo: O que é SER. Disponível em: <http://www.redeace.org.br/> (Acesso em: 13/08/2008) ALMEIDA, P. A.(Org.) Ética e responsabilidade social nos negócios. São Paulo: Editora Saraiva, 2ª Edição, 2005. ASSAF NETO, A. Finanças coorporativas e valor . 3ª Edição. São Paulo: Atlas, 2007. BALANÇO SOCIAL - disponível em <www.balancosocial.org.br>. (Acesso em: 14/05/2008) BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa, 1977. CECCATO, M. M. Desenvolvimento Sustentável, (Universidade Paulista, Brasil) Disponível em: <http://educar.sc.usp.br/biologia/textos/m_a_txt2.html> (Acesso em 22/10/2008). 34 CESAR, J.; SILVA JUNIOR, A. A relação entre a responsabilidade social e ambiental com o desempenho financeiro: um estudo empírico na BOVESPA no período de 1999 a 2006. Disponível em: https://www.furb.br/especiais/download/370716-345600/cue%20327%20%20index3.php.pdf. (Acesso em 13/11/2008). CLARKSON, P M; LI, Y; RICHARDSON, G. D; VASVARI, F. P. Revisiting the relation between environmental performance and environmental disclosure: An empirical analysis. Accounting, Organizations and Society. doi: 10.1016/j. aos. 2007.05.003 DIRETRIZES G3 GRI – Globral Reporting Initiative. Diretrizes para a elaboração de relatório de sustentabilidade. Junho 2002. FREUND, J. E, e SIMON, G. A. Estatística Aplicada a Economia Administração e Contabilidade. Porto Alegre: Editora Bookman, 2000. FUNDAÇÃO BRASILEIRA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (FBDS) - Sustentabilidade Corporativa. O planeta já pensa assim. E sua empresa? Disponível em: http://www.fbds.org.br/article.php3?id_article=65 (Acesso em: 15/11/2008) GASPARINO, M. 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Indicadores de Desempenho Econômico Aspecto: desempenho econômico Ec1 3 3 3 3 3 3 3 Ec2 3 2 2 3 3 1 2 Ec3 3 3 2 2 3 3 3 Ec4 3 3 3 ñ apresenta 3 ñ apresenta ñ apresenta Ec5 3 2 3 3 3 3 3 Ec6 3 3 3 2 3 ñ apresenta 2 Ec7 2 2 2 2 1 1 ñ apresenta Aspecto: impactos econômicos indiretos Ec8 3 2 3 3 3 2 3 Ec9 3 3 2 ñ apresenta ñ apresenta ñ apresenta ñ apresenta Aspecto: presença no mercado 02. Indicadores de Desempenho Ambiental Aspecto: materiais En1 2 2 1 2 2 ñ apresenta 2 En2 2 2 1 2 2 2 2 En3 2 2 2 2 2 2 2 En4 2 2 2 ñ apresenta ñ apresenta ñ apresenta ñ apresenta En5 2 2 2 ñ apresenta 2 ñ apresenta En6 2 Aspecto: energia ñ apresenta 2 3 1 2 2 ñ apresenta 2 ñ apresenta 2 ñ apresenta ñ apresenta 2 ñ apresenta En8 2 2 2 2 2 1 2 En9 2 1 1 1 ñ apresenta 1 ñ apresenta En10 2 2 1 2 ñ apresenta 1 2 En11 2 2 2 2 ñ apresenta ñ apresenta ñ apresenta En12 2 2 2 2 ñ apresenta 3 ñ apresenta En13 2 2 3 2 ñ apresenta 2 ñ apresenta En14 2 2 2 ñ apresenta ñ apresenta 3 ñ apresenta En15 2 2 2 ñ apresenta ñ apresenta ñ apresenta ñ apresenta Aspecto: emissões, efluentes e resíduos. En16 2 2 2 2 2 2 2 En17 2 2 1 ñ apresenta 2 2 2 En7 Aspecto: água Aspecto: biodiversidade 38 En18 2 2 2 2 ñ apresenta 2 2 1 2 ñ apresenta 2 ñ apresenta 2 2 ñ apresenta 2 ñ apresenta 2 2 ñ apresenta ñ apresenta 2 2 3 2 2 En19 2 En20 2 En21 2 ñ apresenta ñ apresenta 2 En22 2 2 2 En23 2 2 2 2 ñ apresenta ñ apresenta ñ apresenta En24 2 2 1 ñ apresenta ñ apresenta ñ apresenta ñ apresenta En25 2 2 2 ñ apresenta ñ apresenta ñ apresenta ñ apresenta En26 2 2 3 1 3 2 3 En27 2 2 2 ñ apresenta ñ apresenta 2 ñ apresenta 3 ñ apresenta 3 2 ñ apresenta 3 ñ apresenta 2 2 2 ñ apresenta 2 1 2 3 2 3 3 ñ apresenta ñ apresenta 3 Aspecto: produtos e serviços Aspecto: conformidade En28 Aspecto: transporte En29 Aspecto: geral En30 03. Indicadores de Desempenho Social 03.01. Práticas Trabalhistas e Trabalho Decente Aspecto: emprego La1 2 2 2 2 2 2 2 La2 2 2 2 2 2 2 2 La3 2 2 2 1 3 ñ apresenta 2 Aspecto: relações entre os trabalhadores e a governança La4 2 1 2 2 2 2 2 La5 2 1 2 1 1 ñ apresenta 1 Aspecto: saúde e segurança no trabalho La6 2 2 2 ñ apresenta ñ apresenta 2 2 La7 3 2 2 2 2 2 2 La8 1 1 1 1 2 1 1 La9 1 1 1 1 ñ apresenta 2 2 La10 2 2 2 2 2 2 2 La11 2 2 2 1 3 ñ apresenta 2 La12 2 1 1 1 ñ apresenta 2 2 Aspecto: diversidade e igualdade de oportunidades La13 2 1 2 2 2 2 2 La14 3 3 2 2 2 2 2 Aspecto: práticas de investimento e de processos de compra Hr1 2 2 1 1 2 ñ apresenta ñ apresenta Hr2 2 2 2 1 2 3 2 Hr3 2 2 2 ñ apresenta 3 3 ñ apresenta 2 2 2 ñ apresenta 1 2 ñ apresenta Aspecto: treinamento e educação 03.02. Direitos Humanos Aspecto: não discriminação Hr4 39 Aspecto: liberdade de associação e negociação coletiva Hr5 2 2 1 1 1 2 ñ apresenta Hr6 2 2 3 1 2 1 ñ apresenta Aspecto: trabalho forçado ou análogo ao escravo Hr7 2 2 1 1 3 1 ñ apresenta 2 1 1 1 ñ apresenta 1 2 2 ñ apresenta 1 ñ apresenta ñ apresenta ñ apresenta ñ apresenta 1 3 1 1 3 2 2 2 2 1 1 2 2 2 So3 2 ñ apresenta 1 1 2 1 2 So4 1 2 3 1 1 2 ñ apresenta 1 1 1 1 1 ñ apresenta 1 3 ñ apresenta ñ apresenta ñ apresenta ñ apresenta 1 1 2 ñ apresenta ñ apresenta ñ apresenta ñ apresenta ñ apresenta ñ apresenta 3 ñ apresenta 3 ñ apresenta 3 3 3 2 2 3 1 3 1 1 Pr2 2 ñ apresenta ñ apresenta 3 ñ apresenta ñ apresenta ñ apresenta Aspecto: rotulagem de produtos e serviços Pr3 2 2 1 1 ñ apresenta 1 1 Pr4 2 ñ apresenta ñ apresenta 3 3 ñ apresenta ñ apresenta Pr5 2 2 2 2 2 2 2 1 1 1 2 ñ apresenta 1 1 2 ñ apresenta ñ apresenta 1 ñ apresenta ñ apresenta ñ apresenta 2 ñ apresenta ñ apresenta ñ apresenta ñ apresenta 3 ñ apresenta 3 ñ apresenta 3 1 3 3 3 Aspecto: trabalho infantil Aspecto: práticas de segurança Hr8 Aspecto: direitos indígenas Hr9 03.03. Sociedade Aspecto: comunidade So1 Aspecto: corrupção So2 Aspecto: políticas públicas So5 So6 Aspecto: concorrência desleal So7 Aspecto: conformidade So8 03.04. Responsabilidade pelo Produto Aspecto: saúde e segurança do cliente Pr1 Aspecto: comunicações de marketing Pr6 Pr7 Aspecto: conformidade Pr8 Aspecto: compliance Pr9 40 APÊNDICE B: Matriz de resultados - Evidenciação das Informações MATRIZ DE RESULTADOS Nível Ideal Natura Petrobras Bunge B. Real Bradesco Itaú 1 6 11 21 24 6 15 7 2 59 47 38 30 23 32 32 3 18 10 18 10 21 14 11 ñ apresenta 0 15 6 19 33 22 33 Indi. totais 83 83 83 83 83 83 83 Indi. Apresent. 83 68 77 64 50 61 50 100% 82% 93% 77% 60% 73% 60% Qtd. indi. % MATRIZ DE RESULTADOS EM % Nível Ideal Natura Petrobras Bunge B. Real Bradesco Itaú 1 7% 13% 25% 29% 7% 18% 8% 2 71% 57% 46% 36% 28% 39% 39% 3 22% 12% 22% 12% 25% 17% 13% TOTAL 100% 82% 93% 77% 60% 73% 60% APÊNDICE C: Estrutura dos Indicadores Essenciais INDICADORES DE DESEMPENHO Ideal Natura Petrobras Bunge B. Real Bradesco Itaú Ec1 3 3 3 3 3 3 3 Ec2 3 2 2 3 3 1 2 Ec3 3 3 2 2 3 3 3 Ec4 3 3 3 ñ apresenta 3 ñ apresenta ñ apresenta Ec6 3 3 3 2 3 ñ apresenta 2 Ec7 2 2 2 2 1 1 ñ apresenta 3 2 3 3 3 2 3 En1 2 2 1 2 2 ñ apresenta 2 En2 2 2 1 2 2 2 2 En3 2 2 2 2 2 2 2 En4 2 2 2 ñ apresenta ñ apresenta ñ apresenta ñ apresenta 2 2 2 2 2 1 2 2 2 2 2 ñ apresenta ñ apresenta ñ apresenta 01. Indicadores de desempenho Econômico Aspecto: desempenho econômico Aspecto: presença no mercado Aspecto: impactos econômicos indiretos Ec8 02. Indicadores de Desempenho Ambiental Aspecto: materiais Aspecto: energia Aspecto: água En8 Aspecto: biodiversidade En11 41 En12 2 2 2 2 ñ apresenta 3 ñ apresenta En16 2 2 En17 2 2 2 2 2 2 2 1 ñ apresenta 2 2 2 1 2 ñ apresenta 2 ñ apresenta 2 2 ñ apresenta 2 ñ apresenta 2 2 ñ apresenta ñ apresenta 2 Aspecto: emissões, efluentes e resíduos: En19 2 En20 2 En21 2 ñ apresenta ñ apresenta 2 En22 2 2 2 2 3 2 2 En23 2 2 2 2 ñ apresenta ñ apresenta ñ apresenta En26 2 2 3 1 3 2 3 En27 2 2 2 ñ apresenta ñ apresenta 2 ñ apresenta 3 ñ apresenta 3 2 ñ apresenta 3 ñ apresenta Aspecto: produtos e serviços Aspecto: conformidade En28 Aspecto: transporte 03. Desempenho Social 03.01. Práticas Trabalhistas e Trabalho Decente Aspecto: emprego La1 2 2 2 2 2 2 2 La2 2 2 2 2 2 2 2 Aspecto: relações entre os trabalhadores e a governança La4 2 1 2 2 2 2 2 La5 2 1 2 1 1 ñ apresenta 1 La7 3 2 2 2 2 2 2 La8 1 1 1 1 2 1 1 2 2 2 2 2 2 2 2 1 2 2 2 2 2 3 3 2 2 2 2 2 Aspecto: práticas de investimento e de processos de compra Hr1 2 2 1 1 2 ñ apresenta ñ apresenta Hr2 2 2 2 1 2 3 2 2 2 2 ñ apresenta 1 2 ñ apresenta 2 2 1 1 1 2 ñ apresenta Hr6 2 2 3 1 2 1 ñ apresenta Aspecto: trabalho forçado ou análogo ao escravo Hr7 2 2 1 1 3 1 ñ apresenta Aspecto: saúde e segurança no trabalho Aspecto: treinamento e educação La10 Aspecto: diversidade oportunidades La13 e igualdade de La14 03.02. Direitos Humanos Aspecto: não discriminação Hr4 Aspecto: liberdade negociação coletiva Hr5 de associação e Aspecto: trabalho infantil Aspecto: práticas de segurança 03.03. Sociedade 42 Aspecto: comunidade So1 1 3 1 1 3 2 2 2 2 1 1 2 2 2 So3 2 ñ apresenta 1 1 2 1 2 So4 1 2 3 1 1 2 ñ apresenta 1 1 1 1 1 ñ apresenta 1 3 ñ apresenta 3 ñ apresenta 3 3 3 2 2 3 1 3 1 1 2 2 1 1 ñ apresenta 1 1 1 1 1 2 ñ apresenta 1 1 3 ñ apresenta 3 1 3 3 3 Aspecto: corrupção So2 Aspecto: políticas públicas So5 Aspecto: conformidade So8 03.04. Responsabilidade pelo produto Aspecto: saúde e segurança do cliente Pr1 Aspecto: rotulagem de produtos e serviços Pr3 Aspecto: comunicações de marketing Pr6 Aspect: compliance Pr9 APENDICE D: Matriz de resultados – Indicadores essenciais MATRIZ DE RESULTADOS Nível Ideal Natura Petrobras Bunge B. Real Bradesco Itaú 1 5 6 14 16 6 10 6 2 33 31 24 24 19 22 21 3 11 6 11 3 13 7 6 ñ apresenta 0 6 0 6 11 10 16 Indi. totais 49 49 49 49 49 49 49 Indi. Apresent. Qtd. indi. % 49 43 49 43 38 39 33 100% 88% 100% 88% 78% 80% 67% MATRIZ DE RESULTADOS EM % Nível Ideal Natura Petrobras Bunge B. Real Bradesco Itaú 1 10% 12% 29% 33% 12% 20% 12% 2 67% 63% 49% 49% 39% 45% 43% 3 22% 12% 22% 6% 27% 14% 12% TOTAL 100% 88% 100% 88% 78% 80% 67% 43 ANEXO A: Listagem das Empresas que relataram conforme GRI no ano de 2008. Fonte: (GRI, 2008) Publication Year 2008 G3 Application Level A+ GRI-checked Brazil Latin America Financial Services G3 C Self-declared Brazil Latin America Energy utilities 2008 G3 C Self-declared Brazil Latin America Energy utilities Relatório Anual de Sustentabilidade 2007 2008 G3 A GRI-checked Brazil Latin America Energy RELATÓRIO PARA A SOCIEDADE 2008 G3 B+ GRI-checked Brazil Latin America Aracruz Celulose SA Relatorio Anual de Sustentabilidade 2007 2008 G3 Undeclared Brazil Latin America Banco Bradesco 2007 Sustainability Report 2008 G3 A+ Third-party-checked Brazil Latin America Mining Forest and Paper Products Financial Services Banco do Brasil 2007 Sustainability Report 2008 G3 B Third-party-checked Brazil Latin America Financial Services Banco Itau Holding Sustainability Report 2007 2008 G3 A+ GRI-checked Brazil Latin America Bunge Partnership for Sustainability 2008 G3 A+ Third-party-checked Brazil Latin America Caixa Economico Federal 2007 Social Report 2008 G3 C Self-declared Brazil Latin America Celulose Irani S.A. Relatório de Sustentabilidade 2007 2008 G3 B+ Third-party-checked Brazil Latin America CEMIG s Sustainability Report 2007 2008 G3 B Self-declared Brazil Latin America Financial Services Food and Beverage Products Financial Services Forest and Paper products Mining Coelba Relatorio de sustentabilidade 2007 2008 G3 B Self-declared Brazil Latin America Energy Coelce Relatório Anual de Sustentabilidade 2007 2008 G3 A GRI-checked Brazil Latin America Energy Utilities Copagaz 2008 G3 C Self-declared Brazil Latin America Energy Utilities 2008 G3 A GRI-checked Brazil Latin America Energy Utilities CPFL Energia Relatorio Socioambiental 2006 Annual Management and Sustainability Report 2007 2008 Anual Report 2008 G3 A Self-declared Brazil Latin America Energy Dedini 2007 Relatorio de Sustenibilidade 2008 G3 C Third-party-checked Brazil Latin America Equipment Duratex Relatório Annual 2007 2008 G3 C Self-declared Brazil Latin America Consumer Durables Eletropaulo 2008 Sustainability Report 2008 G3 Undeclared Brazil Latin America Energy Utilities Endesa Brasil Relatório Anual de Sustentabilidade 2007 2008 G3 B GRI-checked Brazil Latin America Energy Utilities Endesa Cachoeira Relatório Anual de Sustentabilidade 2007 2008 G3 C GRI-checked Brazil Latin America Energy Utilities Endesa CIEN Relatório Anual de Sustentabilidade 2007 2008 G3 C GRI-checked Brazil Latin America Energy Utilities Name Organization Report Title ABN AMRO REAL Sustainability Report 2006-2007 AES Electropaulo 2007 Sustainability Report 2008 AES Tietê SA 2007 Sustainability Report Ampla Anglo American Brasil Copel Guidelines Status Country Region Sector 44 Endesa Fortaleza Relatório Anual de Sustentabilidade 2007 2008 G3 C GRI-checked Brazil Latin America Energy Utilities Energias do Brasil RELATÓRIO ANUAL 2007 2008 G3 B+ GRI-checked Brazil Latin America Eternit S. A. Relatório Anual 2007 2008 G3 C Self-declared Brazil Latin America Galvão Engenharia S/A 2007 Galvao Annual Report Relatorio de Responsabilidade Corporativa 2007 2007 Relatorio de Sustenibilidade e Responsabilidade Social Sustainability Report 2007 2008 G3 C Self-declared Brazil Latin America Energy Utilities Construction Materials Construction 2008 G3 C Self-declared Brazil Latin America Media 2008 G3 B Third-party-checked Brazil Latin America 2008 G3 B+ Self-declared Brazil Latin America Relatório de Sustentabilidade 2007 2007 Relatório de Sustenibilidade e Responsabilidade Social 2008 G3 B Self-declared Brazil Latin America 2008 G3 B+ Third-party-checked Brazil Latin America Natura Cosméticos Relatório anual 2007 2008 G3 A+ GRI-checked Brazil Latin America Petrobras Social and Environmental Report 2007 2008 G3 A+ GRI-checked Brazil Latin America Energy Utilities Health Care Products Household and Personal Products Energy Tractebel Energia Relatório Anual de Sustentabilidade 2008 G3 C GRI-checked Brazil Latin America Energy Utilities Unilever Brazil 2007 Sustainability Report 2008 G3 C Self-declared Brazil Latin America Conglomerates Usina São Manoel Relatório de Sustentabilidade 2007 2008 G3 B GRI-checked Brazil Latin America Energy Vale Relatório de Sustentabilidade 2007 2008 G3 B+ GRI-checked Brazil Latin America Mining Wal-mart Brazil Relatorio de Sustentabilidade 2008 2008 G3 C GRI-checked Brazil Latin America Retailers Grupo Estado Holcim Brazil Itaipu Binacional Light S.A. Medley Construction Materials Energy 45 1