AS PRINCIPAIS TEMÁTICAS QUE NORTEIAM A EDUCAÇÃO ESCOLAR 1
INGLIDE GRACIELE DE FARIA 2
POLIANA CRISTINA BARBOSA 3
Com base no filme “Meu mestre, minha vida”, o presente trabalho abordará
panoramicamente algumas temáticas que compõem o ambiente escolar, tai s como: relações
interpessoais, práxis, Aparelho Ideológico do Estado (AIE), autoridade e autoritarismo,
metodologia, gestão, fracasso escolar e situação das escolas. Todos esse s fatores mencionados
influenciam de forma direta ou indireta à prática docente, porém cabe a nós futuros
educadores descobrirmos quais desses fatores que contribuem positivamente para educação
escolar.
É preciso ter em mente que t odas as relações que ocorrem nas instituições de ensino
são importantes para a formação e o desenvolvim ento físico, intelectual e moral do ser
humano. A interação entre professor -aluno é fundamental, pois essa relação facilita o ensino aprendizagem, o docente passa a ter mais facilidade em expor os conteúdos e os alunos
assimilam o conhecimento de forma din âmica, participativa e harmoniosa. Segundo Harper et
al (1980, p. 116) “Por isso mesmo é que, a nosso ver, uma outra educação só será viável em
larga escala quando [...] suas relações com os outros se transformar em fonte de
questionamento, de criatividade , de participação portanto de conhecimento .”.
Nesta mesma perspectiva pode -se afirmar que a práxis é essencial para uma educação
relevante, íntegra e coesa. Teoria e prática devem caminhar juntas, pois uma depende da
outra, sendo assim elas se completam r eciprocamente. Só a teoria ou só a prática não
produzem uma aprendizagem significativa e eficaz, por isso um bom professor e um bom
aluno é aquele que sabe trabalhar bem essa questão. Segundo Aranha (1996, p. 22)
Chamamos de dialética a relação entre teor ia e prática porque não existe
anterioridade ou superioridade entre uma e outra, mas sim reciprocidade. Ou seja,
uma não pode ser compreendida sem a outra, pois ambas se encontram numa
constante relação de troca mútua.
1
Trabalho elaborado na disciplina de Organização do Trabalho Pedagógico da Universidade Estadual
de Goiás e UnU de São Luís de Montes Belos, tendo como orientadora a prof. Andréa Kochhann.
2
Acadêmica do 2º ano do Curso de Pedagogia da UEG – UnU de São Luís de Montes Belos.
3
Acadêmica do 2º ano do Curso de Pedagogia da UEG – UnU de São Luís de Montes Belos.
2
Na sala de aula deve haver além da dialética, também a disciplina, pois esta não é
inimiga do entusiasmo e sim está ligada ao estilo da prática docente, ou seja, à autoridade
profissional, moral e técnica do professor. Durante muito tempo houve certa confusão entre
autoridade e autoritarismo no ambiente escolar, o primeiro termo refere -se à atuação do
professor no sentido de liderança, disciplina e rigorosidade metódica, dessa forma a
autoridade é um valor, pois ela garante a liberdade e organização; o segundo termo refere -se
ao exagero da autoridade, o autoritarismo deve ser sempre visto como uma prática negativa,
pois ele impõe, humilha, adestra e coage as pessoas.
A autoridade e a liberdade são importantes, pois elas não reprimem, mas sim auxiliam
numa educação libertadora e em um pensar c rítico. Segundo Libâneo et al (2003, p. 24)
“Sabe-se que o autoritarismo é a doença da autoridade. Toda autoridade é um valor, pois que
é garantia da liberdade. Mas qualquer valor, por mais puro que seja, quando se hiper trofia,
faz-se num antivalor.”.
Sabe-se que a educação é na maioria das vezes ideológica, pois, ela mistifica a
realidade, reforça a divisão de classes sociais, controla a sociedade e leva o ser humano ao
estado de alienação. Com a sociedade estratificada a ideologia funciona como privilégi o de
uns e a exploração de outros, se não houvesse a divisão de classes ninguém seria superior a
ninguém, isso proporcionaria igualdade de direitos e a sociedade caminharia para o proveito
de todos. Na concepção de Aranha (1996, p. 96) “Afinal, não vivemos em uma sociedade
igualitária, mas dividida, assimétrica, hierarquizada, que separa ‘superiores’ e ‘inferiores’ a
partir de critérios que precisam ser discutidos e desmis tificados.”.
Tanto na educação quanto na política e religião não existe neutralidade, os professores
sempre trabalham em favor do controle social ou da transformação social; o educador
alienado e acomodado que simplesmente segue o livro didático sem instigar nos alunos a
crítica e a indagação acaba reforçando a ideologia dominante. Já o ed ucador reflexivo que tem
conhecimento sobre o AIE e por isso trabalha em prol da conscientização geral dos educandos
está exercendo sua profissão em favor da classe dominada, isto é, lutando para uma sociedade
progressista. Segundo Freire (2000, p. 43)
É trabalhar a genuidade desta luta e a possibilidade de mudar, vale dizer, é trabalhar
contra a força da ideologia fatalista dominante, que estimula a imobilidade dos
oprimidos e sua acomodação à realidade injusta, necessária ao movimento dos
dominadores. É defender uma prática docente em que o ensino rigoroso dos
conteúdos jamais se faça de forma fria, mecânica e mentirosamente neutra .
3
Para que a ideologia continue forte e dominante o governo cria várias leis e estratégias
para a ilusão de que todos nós temos os mesmos direitos, exemplo quando se diz, a educação
é um direito de todos, ou, todos nós somos iguais perante a lei, ou, para Deus ninguém é
melhor que ninguém; essas frases idealistas enganosas pretende m formar pessoas ignorantes
cujo objetivo principal é nos fazer aceitar a situação em que vivemos que é uma vida de
miséria, sofrimento e exploração. Chauí (1994, p. 91) alega que “[...] a dominação de uma
classe por meio das leis é substituída pela representação ou idéias dessas leis como legítimas,
justas, boas e válidas para todos.”.
Essa dominação perpassa pela sala de aula através das metodologias dos professores.
Mas, com o passar dos anos as metodologias utilizadas nas instituições escolares foram
consideradas ultrapassadas exigindo assim novos métodos de ensino cuja principal ênfase é a
relação professor-aluno. Na atualidade há várias metodologias que podem ser utilizadas na
prática docente, como: estudo dirigido, dinâmica, aula expositiva, seminários, etc., é muito
importante que o professor sa iba fazer uma interconexão entre o currículo e os métodos de
ensino para que as aulas sejam diversifica das, interessantes e prazerosas, tendo apoio da
gestão educacional.
Tanto a gestão quanto a organização do ensino é fundamental, pois é através delas qu e
se estabelecem: o processo administrativo, a tomada de decisão, planejamento, participação,
autonomia, estruturação, direção, etc. Outro fator importante que deve prevalecer na gestão
escolar é a democracia, pois ela possibilita o envolvimento de profiss ionais e usuários no
processo de tomada de decisões e no funcionamento da instituição. Além disso, proporciona
um melhor conhecimento dos objetivos e metas, da estrutura organizacional e de sua
dinâmica, favorecendo assim a aproximação de professores, alun os e pais.
O gestor da escola tem um papel muito importante, pois, sua função é direcionar os
caminhos que a instituição deve seguir, como: disciplina, qualidade de ensino, segurança no
ambiente escolar e prosperidade. As atitudes do gestor devem ser coer entes e significativas,
pois os alunos se espelham nele aspectos de co nduta, comportamento e educação,
principalmente de escolas públicas.
Tradicionalmente as escolas públicas têm sua prática pedagógica voltada somente para
o livro didático, sendo assim, outros instrumentos de ensino são descartados. O livro didático
é um registro de informações onde estão reunidos vários conteúdos com o intuito de mediar a
fala do professor com os conhecimentos que estão sendo adquiridos.
4
Isso resulta, na maioria das vez es em uma prática curricular muito pobre que não leva
em conta nem a experiência trazida pelo próprio professor nem a trazida pelo aluno, ou
mesmo às características da comunidade em que a escola está inserida, exemplo os aspectos
econômicos, culturais, históricos e geográficos. Por outro lado, isso restringe a autonomia
intelectual do professor e o exercício de sua criatividade, além do mais também não permite
que a escola construa sua identidade, refletindo no fracasso escolar.
O fracasso escolar está re lacionado com a desestrutura familiar, má formação dos
professores, falta de recursos financeiros nas escolas, desmotivação tanto do educador quanto
do educando, má administração da instituição de ensino, controle social e o sistema vigente.
Com o mundo capitalista o ensino vem se torna ndo mais mecânico e isso resulta num
afastamento entre as pessoas, e essa individualização está elevando o ser humano a um estado
de solidão e egoísmo.
Uma grande dificuldade que as escolas estão enfrentando são as mudanças rápidas
desse tempo moderno e a grande ampliação de tarefas as quais a escola precisa desincumbir se. Outro fator que torna a gestão crucial são as formas arcaicas de organização do trabalho
escolar (pedagogia tradicional) no qual a prática pedagógica ocor re em espaços fechados e
com estrutura curricular rígida.
A escola pública por ser democrática estabelece o ensino gratuito e obrigatório para
população em geral, desse modo o que se tem visto é a inserção de pessoas de camadas
excluídas no ambiente escol ar, porém o grande problema que a escola está enfrentando é a
não-ampliação dos recursos necessários para o ensino obrigatório. É por meio dessas e outras
dificuldades que a educação não vai bem, por isso seria de grande importância que todas as
instituições públicas de ensino colaborassem para transformação social, a fim de construir um
mundo melhor. Na visão de Aranha (1996, p. 56)
A educação é considerada condição básica para o desenvolvimento da humanidade
e, como tal, é responsabilidade do Estado e da sociedade. Uma nação que se
pretenda forte não poderá construir suas bases às custas da descaracterização de sua
cultura, do descompromisso com seus jovens. O resultado será uma geração sem
objetivos, acrítica e despreparada .
Segundo Freire (1996), a mudança é difícil, mas possível, nós cidadãos temos o dever
de intervir na sociedade buscando melhorias e lutando contra as injustiças. O professor
progressista tem um papel fundamental na educação , pois ele além de ensinar os conteúdos
5
também desenvolve o senso crítico no aluno, ou seja, mostrando que a mudança ocorre
quando começamos a refletir, questionar e desejar a transformação social. Freire (1996, p. 69)
“Aprender para nós é construir, reconstruir, constatar para mudar, o que não se faz sem
abertura ao risco e à aventura do espírito.”.
Temas como esses que superficialmente foram apresentados, podem ser percebidos no
filme “Meu mestre, minha vida”, que é uma lição de vida, porque mostra como a mudança é
possível, pois, apresentando que o bom ensino é aquele que visa à transformação social e é a
partir de uma análise crítica da sociedade que podemos intervir colaborando assim para uma
sociedade mais democrática e justa. Fica o convite para que todos os interessados na temática
assistam o filme e, degust em de todo arsenal de informações que o mesmo traz sobre a
educação escolar.
REFERÊNCIAS
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofia da educação. 2. ed. São Paulo: Moderna, 1996.
CHAUÍ, Marilena de Sousa. O que é Ideologia. 38. ed. São Paulo: Brasiliense , 1994.
Filme: Meu mestre, minha vida.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São
Paulo: Paz e Terra, 1996.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. São Paulo:
UNESP, 2000.
HARPER, B. et al. Cuidado Escola. São Paulo: Brasiliense, 1980.
LIBÂNEO, José Carlos; OLIVEIRA, João Ferreira de; TOSCHI, Mirza Seabra. Educação
escolar: políticas, estrutura e organização. São Paulo: Cortez, 2003.
Download

AS PRINCIPAIS TEMÁTICAS QUE NORTEIAM A EDUCAÇÃO