As orquídeas constituem um dos mais belos grupos de plantas e um dos maiores êxitos da evolução
do reino vegetal. Os fósseis mais antigos de orquidáceas que chegaram até aos nossos dias datam
de 20 a 30 milhões de anos atrás 1. No caso do continente europeu, esses fósseis remontam aos 15
milhões de anos. Estes valores fazem corresponder as orquidáceas, a um grupo de aparição recente
no contexto da flora mundial, tendo em conta que, as primeiras monocotiledóneas terão aparecido há
100 m.a. e as dicotiledóneas há 150 m.a..
A grande beleza das orquídeas resulta da sua complexidade floral. Esta é em boa parte resultado da
sua recente origem, já que, as orquídeas iniciaram a sua evolução e diversificação quando a maioria
das famílias vegetais lhes levavam dezenas de milhões de anos de vantagem, na luta pela atracção
dos polinizadores.
Este facto explica que ao longo da sua evolução optassem por estratégias como a de modificação
das suas peças florais, de luxuriosas formas e cores, tendo em vista a atracção por mimetismo visual
táctil e odorífero dos insectos polinizadores, numa co-evolução altamente especializada.
A flor das orquídeas é composta por 6 peças florais: 3 sépalas e 3 pétalas. A adaptação da flor aos
polinizadores influenciou a redução da dimensão das duas pétalas laterais. A pétala central - o labelo além de ser maior e diferente das pétalas laterais, através da sua forma, cor e desenhos
característicos, induz à cópula os insectos.
A configuração do labelo, de formas e tonalidades diversas, assim como a presença ou ausência de
esporão, ajudam na determinação dos géneros: flores com esporão - género Orchis; labelo
semelhante a insectos - género Ophrys; labelo em forma de língua - género Serapias; pequeno labelo
em forma de taça - género Epipactis. Embora a maioria das espécies de orquídeas seja de fácil
identificação, existem casos em que só com um profundo conhecimento e experiência, ou mesmo
recorrendo a análises estruturais, é que a sua identificação é possível.
A família das orquídeas europeias é composta por mais de duzentas espécies, associadas a diversos
biótipos. Em Portugal Continental e Ilhas cerca de sessenta espécies são consideradas indígenas. As
orquídeas portuguesas são plantas vivazes e em condições favoráveis são capazes de florir uma vez
por ano.
A sua eclosão aérea é breve, pois florescem e frutificam em poucas semanas, pelo que a maior parte
da sua vida é essencialmente subterrânea. A disseminação das orquídeas pode ocorrer não só através
de sementes - reprodução sexuada, mas também de bolbos, tubérculos e rizomas ou ainda, através
de estolhos - reprodução vegetativa.
Nas orquídeas, o pólen encontra-se aglomerado em pequenos conjuntos, designados por polinídias,
sob a forma de grãos, pelo que a sua dispersão pelo vento não é possível. Para que a polinização
ocorra é indispensável a intervenção dos insectos. Estes são atraídos não só pelo néctar e perfume
das flores, mas também pela configuração do labelo que imita a fêmea de um determinado insecto.
Quando os insectos se colocam sobre o labelo para tentar copular ou alimentar-se, as polinídias
desprendem-se e colam-se ao seu corpo, e desta forma são transportadas para as outras plantas, o
que permite desencadear o processo de fecundação. Em algumas espécies de orquídeas ocorre a
autogamia quando não são visitadas pelos insectos polinizadores, caso da Ophrys apifera.
Fonte: ICN - Paisagem Protegida da Albufeira do Azibo
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