INDICADORES
Brasil
Econom ico
Ações da Cyrela ON
(em R$)
14,45
15,02
14,47
14,27
14,04
www.brasileconomico.com.br
08/01
09/01
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Yasuyoshi Chiba/AFP
PUBLISHER RAMIRO ALVES . CHEFE DE REDAÇÃO OCTÁVIO COSTA . EDITORA CHEFE SONIA SOARES . EDITORA CHEFE (SP) ADRIANA TEIXEIRA . QUARTA-FEIRA 15 DE JANEIRO DE 2014 . ANO 5 . Nº 1.098 . R$ 3,00
Menos tolerância
a ‘apaguinhos’
Está em consulta pública na Aneel nova
regulamentação que limita a defesa das
distribuidoras em casos de falha no
fornecimento de energia. Ficará mais
difícil recorrer à Justiça contra multas. P6
‘O Brasil
precisa de
mais gás’
Maurício Tolmasquim,
presidente da EPE, tem se
reunido com empresas e
autoridades do setor em
busca de alternativas para
ampliar suprimento do
combustível. P4e5
TELEFONIA
Murillo Constantino
COPA
Cade aprova fusão da Oi
com Portugal Telecom
A decisão, publicada ontem, aprova a operação sem restrições, por entender que a fusão não provocará qualquer
prejuízo à concorrência do setor no Brasil. P13
CARTÕES
FINANÇAS
FirstData fecha
acordo no país
Boa expectativa
para IPO este ano
Depois de quase 12 anos instalada no Brasil, a americana
fechou com o Bancoop a sua
primeira parceria. P20
Analistas da EY esperam movimento recorde no mundo e
acreditam que demanda represada beneficiará país. P18
José Efromovich, presidente da Avianca
Avianca tabela
preço de voo
A Companhia fixou teto em
R$ 999, como a Azul. E a TAM
anuncia investimentos. P11
AUTOMANIA
Em tempos de espionagem,
declaração sobre GPS causa
transtorno à Ford. P17
SOJA
Seca prejudica safra. Mato
Grosso do Sul e Goiás têm
perdas de 10%. P7
INDÚSTRIA
Setor pagou menos
horas em novembro, mas
emprego ficou estável. P9
EDUCAÇÃO
Descredenciamento da
Gama Filho é o fim de longo
período de descaso. P10
2 Brasil Econômico Quarta-feira, 15 de janeiro, 2014
MOSAICO POLÍTICO
GILBERTO NASCIMENTO
[email protected]
LULA E DILMA VÃO PARA A TV
“
Tudo é prioridade
atualmente.
Mas por enquanto
vou ficar quieto.
Falo na hora certa”
O
presidente da Câmara Municipal de São Paulo, José Américo Dias, assume oficialmente nesta
sexta-feira a Secretaria Nacional de Comunicação do PT. Uma das primeiras ações dele no novo
cargo é articular o formato da participação do ex-presidente Lula e da presidente Dilma Rousseff,
candidata à reeleição, nos programas estaduais de TV do partido. O dirigente destaca que os petistas têm
direito à campanha institucional de TV na maioria dos estados entre os meses de fevereiro e abril. A ideia é
usar a imagem de ambos e de seus governos como símbolos das políticas defendidas e praticadas pelo
partido. Além de líderes partidários regionais, o formato deve ser discutido também com o marqueteiro
João Santana e o jornalista Franklin Martins, que devem cuidar da comunicação da campanha presidencial.
Antonio Cruz/ABr
O vereador dá como certa a participação de Franklin Martins, ministro-chefe da Secretaria de Comunicação do governo Lula, na
campanha de Dilma. O ex-ministro nega que tenha conversas com
a direção nacional do PT para colaborar com a campanha. José Américo assume o cargo pouco depois
da crise provocada pela divulgação no perfil oficial do partido em
redes sociais de um texto sem assinatura com críticas pessoais ao governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), antigo aliado
que será adversário nas eleições.
Os perfis do partido nas redes sociais vêm sendo comandados pelo
vice-presidente Alberto Cantalice, que teria aprovado a publicação. O vice-presidente pretende
continuar cuidando das redes sociais, que não seriam integradas
às estratégias de comunicação. José Américo diz que Cantalice tem
atuado na área “por enquanto”.
Xico Graziano
José Jorge
Aeroportos: autorização revogada
A Secretaria Nacional de Aviação Civil revogou a decisão publicada na
semana passada que permitia a concessão à iniciativa privada de cinco
aeroportos paulistas usados pela aviação executiva: Jundiaí, Bragança
Paulista, Campinas (Amarais), Ubatuba e Itanhaém. Os aeroportos
atualmente são administrados pelo governo de São Paulo, que
conduzia um processo licitatório para a concessão dos cinco por 30
anos. O governo paulista manifestou “perplexidade” com a revogação.
Divulgação
O bem-amado
secretário
de Haddad
Vice pode esperar
Igreja pede reabilitação de Padre Cícero
Para o deputado Duarte Nogueira,
presidente estadual do PSDB
paulista, o partido não deve
decidir agora quem será o vice do
governador Geraldo Alckmin, que
vai disputar a reeleição. Ele diz
que o momento é de negociar
com os partidos da base que não
terão candidatos ao governo.
O 13º Encontro das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), encerrado no
sábado em Juazeiro do Norte (CE), foi marcado por manifestações em
apoio à reabilitação de Padre Cícero, um ícone da religiosidade cearense,
morto há 79 anos. Visto pelos nordestinos como um santo milagreiro,
passou a atrair multidões. A Santa Sé o acusou de “herege”. O italiano
dom Fernando Panico, bispo da diocese de Crato, cidade vizinha, é
responsável pelo processo encaminhado ao Vaticano que resgata a sua
imagem. Hoje, Padre Cícero reúne dois milhões de romeiros ao ano em
Juazeiro. Agora, ele pode ser beatificado e canonizado. Pelo povo, já foi.
CARTAS
Ex-deputado, escolhido
para ser coordenador
da campanha de Aécio
Neves na internet
Se for confirmado na Casa Civil
do governo federal, o ministro
Aloizio Mercadante ouvirá
as demandas da Prefeitura
de São Paulo de um aliado.
Chico Macena deve assumir
a Secretaria de Governo da
gestão de Fernando Haddad.
Macena é considerado próximo
também do ministro Alexandre
Padilha, que será candidato do
PT a governador.
Com
Leonardo Furhmann
Cartas para a redação: Rua dos Inválidos, 198, 1º andar, CEP 20231-048, Lapa, Rio de Janeiro (RJ).
E-mail: [email protected] As mensagens devem conter nome completo, endereço, telefone e assinatura. Em razão de
espaço ou clareza, Brasil Econômico reserva-se o direito de editar as cartas recebidas. Mais cartas em www.brasileconomico.com.br
Só desculpas para
a má conservação
das ferrovias
Investimento em
ferrovias agilizaria
transporte no país
Empresariado
precisa investir em
malha ferroviária
A privatização das ferrovias
completa 17 anos em 2014 e o
cenário deste transporte não
mudou. A desculpa da ALL é de
que recebeu uma ferrovia
sucateada porém, de lá para cá,
nada melhorou. Se o governo
não tiver coragem para mudar,
como o argentino, ainda
continuará colocando dinheiro
público como o do BNDES.
As ferrovias no Brasil são
muito deficientes. O governo
federal só quer arrecadar
impostos do brasileiro com
pedágios abusivos, péssimas
rodovias, IPVA e seguros. Faltam
investimentos que poderiam
trazer o progresso e agilizar o
transporte e a logística de cargas
sobre trilhos, com a redução de
custos.
A ideia das concessões era
para que as operadoras
revitalizassem as ferrovias
tornando-as lucrativas e prontas
para o público. Podemos dizer que
grande parte das linhas hoje está
totalmente abandonada. Espero
que o empresariado fique de olho
e tente incentivar a volta deste
modal tão necessário para um
país hoje rodoviário.
Edson
Caio Vinícius Novais
Vagner Alexandre
Curtiba, PR
Campinas, SP
Itapevi, SP
INDICADORES
Na contramão dos papéis ligados às commodities, as ações do setor
financeiro tiveram um bom desempenho na sessão de ontem e puxaram
a alta do Ibovespa.
TAXAS DE CÂMBIO
▲ Dólar comercial (R$ / US$)
COMPRA
VENDA
2,3551
2,3561
▼ Euro (R$ / E)
3,2205
3,2218
JUROS
■ Selic (ao ano)
META
EFETIVA
BOLSAS
▲ Bovespa - São Paulo
▲ Dow Jones - Nova York
▲ FTSE 100 - Londres
10%
VAR. %
9,9%
ÍNDICES
0,56
47.703
0,71
16,373.86
0,14
6,766.86
Quarta-feira, 15 de janeiro, 2014 Brasil Econômico 3
▲
Gláucio Dettmar
BRASIL
REFORMA MINISTERIAL
Dilma diz que tem pouco para o PMDB
A presidenta Dilma Rousseff disse ao vice-presidente Michel Temer,
em reunião na segunda-feira, que está encontrando dificuldades
para ampliar o espaço do PMDB na Esplanada dos Ministérios, devido
aos muitos pedidos dos partidos que engrossaram a base aliada no
Congresso, segundo relato de uma fonte do Palácio do Planalto. Pelo
menos 10 ministros deverão ser trocados até abril. Reuters
Editor: Paulo Henrique de Noronha
[email protected]
ENTREVISTA CHICO ALENCAR Deputado federal (Psol-RJ)
‘A ALIANÇA DE EDUARDO
E MARINA NÃO VAI DURAR’
Crítico tanto do governo quanto da oposição a Dilma Rousseff, o deputado federal Chico Alencar (Psol-RJ), disse, em entrevista ao Brasil Econômico, que a chapa presidencial formada por Eduardo Campos e Marina Silva (PSB) não tem futuro. “É um cruzamento de cavalo com vaca, não vai dar leite nem puxar carroça”. O parlamentar
reconheceu avanços dos 11 anos de PT na situação, mas disse que o
partido tem, hoje, práticas de governo muito semelhantes às do PSDB. “É uma disputa entre quase iguais”, afirma, acrescentando que
o tucano Aécio Neves terá dificuldade em polarizar seu discurso na
campanha à Presidência da República.
André Luiz Mello
A oposição está mesmo fraca?
Eduardo Miranda
[email protected]
A oposição real, formal, partidária está, sim. O governo conseguiu cooptar muitos partidos. O
PP do Maluf é da base do governo, todos os partidos conservadores estão na base. O PCdoB, esquerda tradicional, está lá. O
PSB, que deixou o governo agora, ainda tem muita identidade
lá. Quem é governo acaba avassalando. Sérgio Cabral tem 60
dos 70 votos da Assembleia do
Rio. Contra ele mesmo, os mais
críticos, não passam de cinco.
Parece que hoje a lógica do poder domina tudo.
Por que o senhor não aceitou ser
pré-candidato do Psol à Presidência da República?
O partido ainda está na etapa
de constituir uma bancada federal mais sólida. Temos apenas três deputados. Uma maioria considerou que era importante eu tentar mais uma vez para a
Câmara Federal. Ainda brinquei
no Congresso: “Topo, mas para
2018”.
Qual o balanço que o sr. faz da
atuação do Psol?
Faltou clareza nas diretrizes de
governo de Aécio Neves?
O Psol é um partido ainda em
formação, mas necessário, porque se coloca contra essa regra
geral da perda de fronteiras éticas, ideológicas e programáticas
que atinge praticamente todos
os partidos do Brasil. Muitos deles viraram um conglomerado
de negócios.
Não acho. As práticas de governo de PT e PSDB são muito próximas. É uma disputa entre quase
iguais. Ninguém vai querer mexer no assistencialismo. O máximo que Aécio vai dizer é que o
Bolsa Família foi criado por
FHC. Inclusive, terão dificuldade em polarizar no essencial.
Como assim?
Vou dar um exemplo: surgiram dois novos partidos, o
Pros e o Solidariedade. Eles já
receberam deputados e senadores de outros partidos. Portanto, já têm bancada, sem
nunca ter disputado uma eleição. Agora, reivindicam estrutura para ter um gabinete. O
mais elementar e lógico é que
a Câmara, que tem mais de
1.300 cargos em comissão ou
CNEs (cargos de natureza especial), redistribuísse esses cargos, já que alguns partidos diminuíram e outros surgiram.
Mas a solução deles foi criar
mais 94 cargos. A bancada do
DEM foi reduzida à metade e,
ainda assim, eles não perderam um assessor sequer, continuam com mais de 100, quando deveriam ter perdido 38.
Em votação, apenas 18 deputados votaram contra esse trem
da alegria. São coisas miúdas
Mas alguma coisa foi à frente no
governo do PT?
que só o Psol contesta. Reconheço nossos problemas, nossas divisões internas, nossas
reuniões intermináveis, mas
não me vejo hoje em outro partido. Veja o caso do PCdoB, que
era historicamente em defesa do
monopólio estatal do petróleo, e
passou a dirigir a ANP e promover os leilões. O Psol não é contra tudo e contra todos, mas
quer manter a independência.
O que o sr. acha da chapa Eduardo Campos com Marina Silva?
“
A chapa Eduardo
Campos com
Marina Silva
é um cruzamento
de cavalo com vaca,
não vai dar leite
nem puxar carroça.
Eles não têm
muita identidade”
É um cruzamento de cavalo
com vaca, não vai dar leite nem
puxar carroça. Eles não têm
muita identidade. Existe uma
simpatia, mas em profundidade não têm nada, não vejo entrosamento. Eduardo era do governo, tinha uma linha desenvolvimentista, nunca foi ambientalista. Marina também foi
do governo, teve posições negadas, saiu, foi para o PV, ficou
pouco tempo. É uma aproximação de conveniência que não
vai durar muito.
Pela própria origem do Lula,
houve uma atenção maior para
as demandas populares. O aumento do salário mínimo, embora não tivesse dobrado seu poder de compra em quatro anos,
como o Lula prometeu, foi real.
Mas esse gigante tem pés de barro na medida em que você não
tem mudanças estruturais de
qualidade. O povo ainda é muito desqualificado profissionalmente, há problemas gravíssimos, sem falar na saúde, que é
uma tragédia. Quem fala isso
não sou eu, é o André Singer,
que foi secretário de imprensa
do Lula. Ele fez uma tese de doutorado, “Os Sentidos do Lulismo”, onde diz que a urgência pelas mudanças estruturais é muito grande e o governo Lula foi
num ritmo muito lento.
4 Brasil Econômico Quarta-feira, 15 de janeiro, 2014
▲
BRASIL
Nicola Pamplona
[email protected]
Rodrigo Carro
[email protected]
Com projeções de déficit no suprimento de gás natural entre 2015 e
2022, a Empresa de Pesquisa
Energética (EPE) começou a se
mobilizar junto ao setor de petróleo em busca de alternativas para
ampliar o suprimento de gás natural no país. As dificuldades em garantir oferta adicional do combustível motivaram uma proposta tímida para a expansão da malha
de gasodutos no país no primeiro
plano específico para o setor,
aberto para consulta pública na
segunda-feira. “A realidade hoje
é esta: o Brasil precisa de mais
gás”, afirma o presidente da EPE,
Maurício Tolmasquim.
A primeira versão do Plano de
Expansão da Malha de Transporte Dutoviário (Pemat), peça que
vai nortear o planejamento do
transporte de gás natural no país,
aponta um descompasso entre
oferta e demanda do combustível
no país. No pior ano do período
analisado, 2018, o déficit chegará
a 12 milhões de metros cúbicos
por dia. Em 2022, cairá a 6,2 milhões de metros cúbicos por dia.
Segundo o plano, a oferta crescerá 68,2% no período, para 172,1
milhões de metros cúbicos por
dia. A demanda terá alta de
76,5%, para 180,4 milhões de metros cúbicos por dia — o número
inclui o consumo de todas as usinas termelétricas do país.
“A questão central para pensar
o futuro da matriz energética brasileira é saber se vamos ter gás a
preços competitivos”, ressalta Tolmasquim, lembrando que o combustível é a melhor opção para
complementar as fontes hidráulicas e alternativas, cuja capacidade de geração depende de fenômenos naturais. Além disso, diz o presidente da EPE, os Estados Unidos
têm atraído indústrias de todo o
mundo após a revolução do gás
não convencional, que levou o preço do combustível para a casa dos
US$ 4 por milhão de BTU (unidade britânica de poder calorífico).
Segundo ele, uma das alternativas hoje em estudo é garantir níveis mínimos de operação para
térmicas que se disponham a fechar contratos de longo prazo de
importação a preços menores do
que os praticados no mercado
spot, hoje em torno de US$ 15 por
milhão de BTU. “Já conversamos
com Petrobras, Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP) e empresas
do setor para analisar a questão”,
conta o executivo. Pequenas descobertas de gás que ainda não entraram em operação também estão na mira da EPE.
Atualmente, diz Tolmasquim,
não há disponibilidade de oferta para que novas térmicas se habilitem
para participar dos leilões de energia realizados pelo governo — que
Poço de gás
natural no
Maranhão:
região é uma
das apostas
de aumento
da oferta
Uma década
com pouco gás
Cenários do Plano de Expansão da Malha de Transporte Dutoviário apontam déficit no
suprimento entre 2015 e 2022. EPE negocia alternativas para expansão da oferta
têm tido grande participação de
usinas eólicas e movidas a biomassa. Além da importação, há duas alternativas de suprimento interno:
o pré-sal e áreas exploratórias em
terra licitadas recentemente pela
Agência Nacional do Petróleo, Gás
Natural e Biocombustíveis (ANP).
Os dois casos, porém, ainda dependem de questões como custo e comprovação de descobertas.
Na terça-feira, o Ministério
de Minas e Energia (MME) abriu
Uma das opções
em estudo é garantir
níveis mínimos de
operação para usinas
térmicas que se
disponham a fechar
contratos de longo
prazo de importação
do combustível
consulta pública para discutir a
primeira versão do Pemat, que
será revisado anualmente. Devido às restrições de oferta, apenas um projeto, de 11 quilômetros, será aberto à licitação este
ano. O gasoduto liga Itaboraí a
Guapimirim, na região metropolitana do Rio, e será usado para
injetar gás do pré-sal na malha
brasileira. É um projeto de interesse exclusivo da Petrobras,
mas a Lei do Gás determina que
seja feita uma licitação para escolher a empresa construtora e responsável pela operação. Pela nova regulamentação do setor, a estatal não poderá participar da
concorrência, já que é a dona do
combustível que será transportado pela tubulação.
“Sem gás, não faz sentido licitar gasodutos”, argumenta o presidente da EPE. O plano, assim, limita-se a identificar alguns pontos possíveis de demanda por gás
Quarta-feira, 15 de janeiro, 2014 Brasil Econômico 5
Carla Gottgens/Bloomberg
CARNE SUÍNA
Exportações caíram 11% em 2013
Maíra Coelho
Carlo Wrede
As exportações brasileiras de carne suína recuaram 11,04% em 2013,
atingindo 517,33 mil toneladas, informou a Associação Brasileira da
Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína. Em faturamento,
as exportações tiveram queda de 2,94% sobre 2012, somando US$
1,36 bilhão. Os principais destinos de carne suína brasileira foram
Rússia (26,07%), Hong Kong (23,44%) e Ucrânia (13,18%). Reuters
“
A questão central para
pensarmos o futuro
da matriz energética
brasileira é saber se
vamos ter gás natural
a preços competitivos.
A realidade é esta:
o Brasil precisa
de mais gás”
Já estamos
considerando que,
ou a energia solar vai
ser competitiva nesse
horizonte (entre 2014
e 2017), ou vai haver
um leilão específico
para esta fonte.
Não está descartado”
Maurício Tolmasquim
Presidente da EPE
DESCOMPASSO
180,2 milhões
Demanda projetada, em metros cúbicos
por dia, para o consumo brasileiro de gás natural
em 2022, quando o país terá uma oferta
de 172,1 milhões de metros cúbicos por dia.
76,5%
Crescimento da demanda por gás natural
no país no horizonte do Plano de Expansão
da Malha Dutoviária (Pemat) 2013-2022.
Oferta crescerá 68,2% no período.
12 milhões
Déficit no suprimento de gás, em metros
cúbicos por dia, no pior ano do cenário analisado
pelo Pemat, 2018, considerando o consumo
de todas as térmicas do país.
9,2 mil
Extensão, em quilômetros, da malha
brasileira de gasodutos, equivalente
a 2% da extensão da malha norte-americana,
que tem 480 mil quilômetros.
natural, como o Vale do Aço, em
Minas Gerais, que poderia ser
abastecido por um ramal saindo
do Norte do Rio ou do Espírito
Santo, e a ampliação do ramal Sul
do Gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol). Além disso, apresenta propostas de ligação entre áreas com
potencial para gás natural em gás
na Bacia de São Francisco, em Minas Gerais e na Bacia do Parnaíba,
no Maranhão, com Betim e Barcarena, respectivamente.
Tolmasquim, no entanto, diz
que ainda não há expectativa de licitação dos trechos, que dependem de confirmação das descobertas. No Maranhão, já existe
produção de gás em um projeto
descoberto por empresas criadas
por Eike Batista e hoje controladas por outras companhias. Todo
o volume produzido, porém, é
vendido a uma usina térmica instalada perto dos poços. A eletricidade é injetada na malha brasileira de transmissão de energia. No
São Francisco, ainda não há descobertas comerciais. As duas
áreas devem experimentar intensa atividade exploratória nos próximos anos, em blocos licitados
nos últimos leilões da ANP.
Leilão específico
para energia de
fonte solar pode ser
realizado até 2017
EPE projeta investimentos
de R$ 123,4 bilhões em
geração e transmissão
ao longo de quatro anos
A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) estuda realizar, até
2017, um leilão exclusivo para
compra de energia gerada a partir de fonte solar. Para o quadriênio de 2014 a 2017, a EPE projeta a
instalação de 2.000 megawatts
(MW) de capacidade de geração
solar, o que representaria investimentos de R$ 10 bilhões. Para o
período, a estimativa é de que sejam investidos R$ 102,4 bilhões
em geração no Brasil (incluindo a
solar), com acréscimo de 27.575
MW de capacidade instalada.
“Já estamos considerando que,
ou a energia solar vai ser competitiva nesse horizonte, ou vai haver
um leilão específico. Não está descartado”, diz Maurício Tolmasquim, presidente da EPE, ressaltando que o leilão exclusivo para a
fonte solar ainda não está decidido. Somados, os investimentos
em geração e transmissão alcançam o patamar de R$ 123,4 bilhões entre este ano e 2017, segundo estimativa da Empresa de Pesquisa Energética.
No segmento de geração hidrelétrica, a previsão é de que sejam
leiloados 12.165 MW no quadriênio. Se tudo correr conforme o planejado, em 2014 serão oferecidas
as usinas de Itaocara (145 MW),
Davinópolis (74 MW), Telêmaco
Barbosa (109 MW) e São Luiz do
Tapajós (6.133 MW), embora Tolmasquim admita que “será um
grande desafio leiloar até o fim do
ano” este último empreendimento. A documentação relacionada à
usina de São Luiz do Tapajós — hidrelétrica a cargo de um consórcio liderado pela Eletrobras — já
foi encaminhada ao Ibama. Em
2015, a expectativa é de que sejam
leiloados outros 525 MW em empreendimentos hidrelétricos,
num total de cinco usinas.
O esforço para diversificar a
matriz energética brasileira implicará — de acordo com os cálculos
da EPE — na entrada de 13.810
MW de capacidade instalada proveniente de fontes alternativas
(eólica, solar, bioeletricidade e
pequenas centrais hidrelétricas)
até o fim de 2017. Os investimentos totais para tirar esses empreendimentos do papel chegam
a R$ 55 bilhões no quadriênio. Já
o parque brasileiro de geração térmica deverá ganhar mais 1.600
MW no período de 2014 a 2017.
“Podem ser térmicas a gás ou a
carvão. Vai depender dos custos,
do que vai estar disponível”,
adianta Tolmasquim.
Com relação aos investimentos
em transmissão, o presidente da
EPE considera “conservadores”
os números projetados pela empresa para os próximos anos — a
estimativa é de que até 2017 sejam
leiloados 19.658 quilômetros de linhas. “Acho que vai ser mais, porque só para 2014 estão indicados
para serem leiloados 13.321 quilômetros”, argumenta. Em 2013, foram instalados 9.875 quilômetros
de novas linhas de transmissão.
“Botávamos quatro mil quilômetros por ano”, lembra Tolmasquim, acrescentando que o país
conta hoje com aproximadamente 110 mil quilômetros de linhas
de transmissão. O investimento
total estimado para o setor de
transmissão entre 2014 e 2017 é de
R$ 21 bilhões, montante que inclui, além da rede, os gastos na implantação de subestações.
ALTERNATIVAS
R$ 55 bi
É o volume de investimentos
projetado pela EPE para
empreendimentos de
geração a partir de fontes
alternativas no país, entre
2014 e 2017.
13.321 km
É a extensão total das linhas
de transmissão que estão
previstas para serem
leiloadas neste ano.
6.133 MW
É a capacidade instalada
projetada para a usina
hidrelétrica de São Luiz do
Tapajós, que está prevista
para ser leiloada em 2014.
6 Brasil Econômico Quarta-feira, 15 de janeiro, 2014
▲
BRASIL
Aneel mais rígida
com as falhas das
concessionárias
Regulamentação em consulta pública que entrará em vigor neste ano
define com mais objetividade os limites de erro das distribuidoras
Eduardo Naddar
Os motivos dos episódios de falta de luz serão informados com mais clareza aos consumidores finais
Fernanda Nunes
[email protected]
A fiscalização sobre as distribuidoras de energia estará mais rígida
ainda no primeiro semestre deste
ano. Uma nova regulamentação
relativa às interrupções no fornecimento de eletricidade entrou
em consulta pública na Agência
Nacional de Energia Elétrica
(Aneel) às vésperas do Natal do
ano passado, no dia 23 de dezembro, e permanecerá aberta a sugestões até 23 de março. A intenção
da agência é ser mais objetiva na
classificação de quais ocorrências
podem ser classificadas como
“apaguinhos”, passível de imposição de multa às distribuidoras.
Com a nova regra, será possível, por exemplo, restrigir a argumentação das distribuidoras na
Justiça contra o pagamento de
multas, prática recorrente, segundo fonte do setor.
Além disso, a regulamentação
proposta prevê melhorias no processo de prestação de contas aos
consumidores sobre os motivos
das interrupções de longa duração e das medidas que devem ser
tomadas para que não se repitam.
No foco da Aneel estão não só
as quedas de fornecimento ocorridas no verão, especialmente, no
Estado do Rio de Janeiro, como os
episódios que aconteceram no
ano passado na região Nordeste
do país, em que vários estados ficaram sem acesso à eletricidade
por um longo período de tempo,
supostamente, por falta de manutenção na rede.
O grande desafio é identificar
os casos que poderiam ser classificados como fortuitos ou emergenciais e diferenciá-los daqueles
provocados por falta de manutenção da pela distribuidora ou por
erros nos seus planejamentos ao
projetarem a demanda futura e
contratarem a energia. De acordo
com o presidente da Empresa de
Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, os problemas
ocorridos neste verão são de âmbito da Aneel e não uma questão de
Há uma abertura
extensa dentro da
atual regulamentação
para que a
distribuidora alegue
imprevisibilidade
ou impossibilidade de
ação, segundo nota
técnica da Aneel
O grande desafio é
identificar os casos
que poderiam ser
classificados como
fortuitos ou
emergenciais e
diferenciá-los daqueles
provocados por falta de
manutenção da rede
planejamento. “As interrupções
ocorridas em situações normais
representam o dia a dia da distribuidora, para as quais a mesma
deve estar preparada para evitálas ao máximo e, quando ocorridas, restabelecer o fornecimento
de forma célere”, prevê a regulamentação da Aneel, em consulta
pública, embora a agência admita
ser difícil determinar os limites
entre as situações emergenciais
de interrupção no acesso à eletricidade e as que são consequentes
do mal serviço prestado pela concessionária. A tendência, seguindo a literatura de regulamentação
internacional, é que sejam consideradas situações fortuitas de desabastecimento apenas aquelas
comprovadas em documento pela distribuidora.
Atualmenhte, há uma abertura extensa dentro da regulamentação para que a distribuidora alegue imprevisibilidade ou impossibilidade de ação, segundo nota
técnica da Aneel. Toda vez, entretanto, que a agência reguladora
conclui que uma concessionária
foi negligente na prestação do serviço, aplica uma penalidade, que
pode variar desde uma simples
advertência até a exigência de pagamento de multa relativa a 2%
do faturamento anual. Em alguns
casos, a reguladora e a distribuidora chegam a um acordo e assinam um termo de ajuste de conduta, que prevê, na maioria dos
casos, a reversão da multa em investimento na rede de fornecimento de eletricidade.
Algumas empresas, no entanto, preferem pagar a multa a investir na qualidade do serviço, por
considerar a opção menos onerosa, informou uma fonte do setor
elétrico. Há casos ainda em que as
distribuidoras conseguem recorrer à Justiça para evitar o pagamento da multa ou adiá-lo.
A Aneel, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que
acompanha os processos de penalização pelos “apaguinhos” até o
último recurso na sua diretoria.
Após essa fase, quando passa a ser
caso de tribunal, a agência não
participa mais do processo.
Quarta-feira, 15 de janeiro, 2014 Brasil Econômico 7
Ag. Petrobras
MARINHA MERCANTE
Transpetro lança navio José Alencar
A Transpetro, o braço logístico da Petrobras, colocou em operação o
navio José Alencar, sexta embarcação a ser incluída na frota em dois
anos, finalizando o primeiro lote de encomendas aos estaleiros
brasileiros. O presidente da Transpetro, Sergio Machado, autorizou
ontem o início da construção de mais oito navios no Estaleiro Mauá,
em Niterói (RJ). ABr
Yasuyoshi Chiba/AFP
COLHEITA
90 mi
É a previsão oficial do IBGE, em
toneladas, da produção de soja
que o Brasil terá para este ano. A
quantia estimada é 10,5% superior
ao que foi produzido em 2013.
30%
Perda que os municípios de Rio
Brilhante e Douradina tiveram
nesta safra, devido à estiagem.
O Mato Grosso estima produzir
7 milhões de toneladas a menos.
Em algumas regiões do Centro-Oeste, o tempo está quente e seco: não chove há mais de 30 dias e as temperaturas estão acima dos 35º
Seca no Centro-Oeste
prejudica a safra de soja
Mato Grosso do Sul e Goiás contabilizam perdas de 10% sobre a produção estimada no ano
Aline Salgado
[email protected]
A escassez de chuvas na região Centro-Oeste do país, com destaque
para os Estados de Mato Grosso do
Sul e Goiás, deve reduzir a produção nacional de soja estimada para
a safra de 2014. Segundo o IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística), a previsão inicial era
de que fosse produzido 90 milhões
de toneladas no país, um crescimento de 10,5% frente a 2013. No
entanto, em algumas regiões do
Centro-Oeste não chove há mais
de 30 dias e os produtores contabilizam que a produtividade será 10%
menor do que o esperado.
Em Rio Brilhante, Mato Grosso
do Sul, as perdas já chegam a
30%. A previsão inicial que era de
294 milhões de toneladas caiu para 205 milhões de toneladas .
“Na região Norte do Mato Grosso do Sul, como em São Gabriel,
ainda se fala em super safra da soja para este ano, mas, no chamado
Cone Sul, como Rio Brilhante e
Douradina, já se perdeu 30% da
produção. É algo que não tem volta, mesmo após a chuva que aconteceu na última sexta-feira”, revela Maurício Saito, presidente da
Aprosoja-MS (Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado
do Mato Grosso do Sul).
Segundo Saito, em função do
aumento da área de plantio em
10%, a estimativa era a de que o estado produzisse 6,5 milhões de toneladas de soja. No entanto, com
a seca, a produção deve ser a mesma do ano passado, em torno de
5,8 milhões de toneladas.
Em Goiás, os produtores já falam em perdas diárias de 10% devido à estiagem. A falta de chuvas
também abala as plantações na Bahia e no Tocantins.
“Em regiões do Sudoeste de
Goiás, principal área produtora do
“
Em regiões do Sudoeste
de Goiás, principal
área produtora do
estado, há áreas com
30 dias sem chuva e as
temperaturas estão
acima de 35 graus. As
perdas para o produtor
são consideráveis”
Bartolomeu Braz
Presidente da Aprosoja-GO
estado, há áreas com 30 dias sem
chuva e as temperaturas estão acima de 35 graus. As perdas são consideráveis para os produtores, já
que o tempo quente e seco acaba
comprometendo e apressando a
colheita”, afirma Bartolomeu
Braz, presidente da Aprosoja-GO.
O produtor conta que mais ao
centro e a leste de Goiás a situação é um pouco melhor, já que
não chove há 15 dias. “Ainda assim é preocupante. Especialmente porque 90% da produção não é
irrigada, isto é, está a céu aberto
e depende da chuva”, defende
Braz, que diz que o último levantamento técnico da Aprosoja-GO
revelou que 10% dos 9,8 milhões
de toneladas de soja previstos estão perdidos.
No maior produtor nacional
do grão, o Mato Grosso, as previsões de que 2014 será o ano da super safra no Brasil e na região se
mantêm. Diretor técnico da
Aprosoja-MT, Nery Ribas garante que, no estado, as perdas em
função das condições climáticas
se reduzem a 2% e estão dentro
do esperado.
“Aqui nós temos a soja superprecoce, que está num ensaio de
colheita, mas dentro do esperado.
Tivemos alguns problemas com
chuva, mas que só atrasaram um
pouco a semana da colheita e não
afetou a produção”, afirma Ribas,
que destaca que a previsão de produção na região chega a 25 milhões de toneladas.
“O quente da colheita é entre o
fim do mês de fevereiro e início de
março. Até lá, esperamos que tudo ocorra bem”, diz ele, receoso
de que o tempo seco chegue até os
campos do Mato Grosso.
No Sul do país, a situação também está sob controle — pelo menos é o que mostraram os meses
de dezembro e, agora, janeiro.
Mas, segundo a consultora de
grãos da MB Agro, Ana Menegatti,
o momento é ainda de alerta, já
que o sul pode sofrer com estiagens este ano.
“É comum em anos ditos normais, sem a influência dos fenômenos La Niña e El Niño, termos o
clima mais sujeito a estiagens.
Mas, até agora, a lavoura de soja está em bom desenvolvimento nos
estados do Sul. Há perdas, mas nada que tenha causado uma grande
preocupação com relação à safra”, analisa Menegatti.
8 Brasil Econômico Quarta-feira, 15 de janeiro, 2014
▲
BRASIL
Postos seguram repasse da alta
da gasolina por distribuidoras
Combustível ficou mais caro e empresas atribuem à entressafra da cana o maior peso do álcool no combustível
Adriano Machado/Bloomberg
Para pesquisadora da
USP, as distribuidoras
podem ter repassado,
precocemente,
a estimativa de alta no
preço do combustível,
por causa da
entressafra, sem que o
aumento se confirmasse
Aline Salgado
[email protected]
O etanol anidro se transformou
no novo vilão do aumento da gasolina repassado pelas companhias
distribuidoras de combustível
aos postos do país e que pode chegar, em breve, ao bolso do consumidor. Compondo 25% da fórmula da gasolina, o derivado da canade-açúcar teria pressionado os
custos e elevado ainda mais o preço do combustível — que teve aumento de 4% autorizado pelo governo federal em 30 de novembro
do ano passado. A justificativa foi
apresentada pelas distribuidoras
aos donos de postos, que não sabem se conseguirão absorver o aumento por muito tempo.
“Estimávamos que o preço do
combustível subisse 2,6%, em função do reajuste da Petrobras. Mas
as planilhas de custos das quatro
distribuidoras, que detêm 80% do
mercado e fornecem combustível
para 40 mil postos no país, apresentaram valores superiores e que
chegam a 4% de aumento”, afirma Paulo Miranda, presidente da
Federação Nacional do Comércio
de Combustíveis e Lubrificantes
(Fecombustíveis).
Miranda esclarece que, além
do reajuste autorizado pelo governo para a gasolina e o aumento do
ICMS nos estados, as distribuidoras alegam que a entressafra do álcool, que começa em janeiro e vai
até o fim de março, já teria pressionado o elevação dos custos e, portanto, o preço do combustível.
A justificativa, no entanto,
não convenceu os produtores de
etanol. Eles argumentam que o
preço do produto se mantém estável em função dos altos estoques
decorrentes da safra recorde de
2013/2014. “Não há oscilação do
repasse da fábrica para a distribuição. Temos uma condição de
abastecimento tranquila, sem solavancos nem expectativas de escassez”, defende Sérgio Prado,
coordenador de Comunicação Regional da União da Indústria de
Cana-de-Açúcar (Unica).
“Além de a safra ter sido maior,
todo o excedente da produção de
cana do ano passado foi colocada
para fazer etanol. Do ponto de vista do fabricante, o valor cobrado
pelo etanol está dentro da normalidade”, reitera Prado.
Segundo balanço da Unica, até
1º de dezembro a produção das usi-
Para os produtores de etanol, a oferta ampliada foi suficiente para cobrir a demanda por combustível
nas da região Centro-Sul do País
confirmou a expectativa de uma
expansão recorde na oferta de etanol para o mercado doméstico durante a safra 2013/2014 da ordem
de 25,04 bilhões de litros. Um incremento de 3,68 bilhões de litros, na comparação com a safra
2012/2013.
De acordo com os produtores,
essa oferta ampliada foi suficiente para cobrir todo o aumento na
demanda brasileira por combustíveis para veículos leves. “Tratase de um crescimento recorde,
sendo superior inclusive aos registrados nas safras 2007/2008
Segundo balanço da
Unica, a oferta de
etanol produzida pela
safra 2013/2014 foi de
25,04 bilhões de litros,
um incremento de
3,68 bilhões de litros
na comparação
com a safra 2012/2013
( 4 , 4 5 bi l hõ e s de l i t ro s ) e
2008/2009 (3,62 bilhões de litros), período em que mais de 50
novas unidades começaram a
operar — 25 em 2007/2008 e 30
na safra 2008/2009”, informou a
Unica em nota.
Professora da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq/ USP) e pesquisadora
do Centro de Estudos Avançados em Economia (Cepea/USP),
Mirian Bacchi acredita que as
distribuidoras tenham repassado, precocemente, a estimativa
de alta no preço do combustível
em função da entressafra, sem
que, no entanto, o aumento se
confirmasse.
“Teoricamente, na entressafra, que é nos meses de janeiro a
março, costuma-se ter uma alta
no preço do etanol. No entanto, esse movimento ocorre quando se
tem uma safra aquém da esperada, o que não ocorreu neste ano”,
afirma Bacchi.
Segundo a pesquisadora, os levantamentos semanais do Cepea
confirmam que o preço do etanol
anidro não sofreu grandes variações nesses últimos meses. “Estamos vendo e prevendo preços relativamente estáveis . Não é observada nenhuma pressão no preço do
combustível que justifique um repasse das distribuidoras neste nível”, opina.
Em função da lei da oferta e da
procura, Paulo Miranda, da Fecombustíveis, prevê que os donos
do postos deverão absorver por algum tempo a alta no preço do combustível. “No varejo existe uma
competição acirrada. Logo, não
adianta o dono do posto abusar no
preço, porque o consumidor acaba equilibrando esse movimento.
Pelas estatísticas da ANP, o aumento até agora é compatível com a alta nos custos”, afirma.
Quarta-feira, 15 de janeiro, 2014 Brasil Econômico 9
Wilson Dias/ABr
MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL
Janot defende poder de investigação
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu ontem ao
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a alteração da resolução que trata
da investigação de crimes eleitorais nas eleições de outubro.
Segundo o procurador, a norma limita o poder de investigação do
Ministério Público Eleitoral (MPE). Procuradores eleitorais também
divulgaram uma moção a favor da mudança na regra. ABr
Pronatec cresce muito rápido
Empresas cada vez mais recorrem ao programa como alternativa para a falta de mão de obra em vários setores
Divulgação
Mariana Mainenti
[email protected]
Brasília
Diante da necessidade de encontrar profissionais qualificados, empresários brasileiros vêm procurando o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
(MDS) para estabelecer parcerias
para o treinamento de beneficiários do Bolsa Família.
Desde que o Programa Nacional de acesso ao Ensino Técnico e
Emprego (Pronatec) foi estendido
aos participantes do Brasil Sem Miséria, há pouco mais de dois anos,
840 mil matrículas já foram destinadas ao público de baixa renda e
escolaridade.
Com cursos de qualificação
que duram até três meses e exigência de ensino fundamental incompleto, o Pronatec tornou-se o principal instrumento de inclusão produtiva dos beneficiários do Bolsa
Família e vem se revelando uma
resposta mais rápida ao apagão de
mão de obra. A procura aumentou
tanto que o Ministério decidiu ampliar a meta estabelecida de 1 milhão para 1,3 milhão de matrículas até o fim do ano.
“A demanda superou todas as
nossas expectativas. No Pronatec
voltado ao Programa Brasil Sem
Miséria, em 2012, foram 264 mil
matrículas e, em 2013, 576 mil,
mais do que o dobro. A nossa meta
original era chegar a 1 milhão de
matrículas até o fim de 2014, mas
esse total vamos atingir já no início do ano”, afirmou o secretário
extraordinário para Superação da
Extrema Pobreza do MDS, Tiago
Falcão. “Estamos tendo procura
de profissionais dentro da sala de
aula. Alguns empresários não esperaram nem a conclusão do curso”, acrescentou.
Entre as grandes empresas e
empreendimentos do país que estão utilizando mão de obra dos beneficiários do Bolsa Família treina-
“
A demanda superou
todas as nossas
expectativas.
Nossa meta original
era chegar a 1 milhão
de matrículas até o fim
de 2014, mas esse
total vamos atingir
já no início do ano”
Tiago Falcão
Secretário extraordinário do MDS
Falcão: empresários nem esperam a conclusão dos cursos
dos pelo Pronatec estão a Celulose
Riograndense, maior investimento privado do Rio Grande do Sul; a
indústria naval gaúcha, que é nascente e por isso necessita de um
processo de qualificação; e a duplicação de Carajás, que está sendo
realizada por Odebrecht e Camargo Correa no Pará e no Maranhão.
Para a construção da fábrica da
Fiat no limite entre a Paraíba e Pernambuco também estão sendo desenhados cursos do Pronatec.
São ofertados 525 tipos de curso pelo programa. O maior interesse é pelo de auxiliar administrativo, para o qual foram direcionadas 11% das vagas. “A procura está em linha com os dados do mercado de trabalho, que mostram
que foi nessa área que ocorreu o
maior número de contratações de
trabalhadores sem nível médio
completo no país”, disse Falcão.
Segundo Falcão, o aumento da
procura pelos cursos foi decorrente de um conjunto de políticas de
adaptação do programa à realidade dos beneficiários do programa
e à necessidade dos empresários.
“Orientamos as prefeituras a ofertarem cursos em áreas mais promissoras economicamente em
suas regiões. Também conseguimos assegurar o acesso do público
com fundamental incompleto aos
cursos. E a maioria é ofertada à
noite”, explicou.
Horas pagas acompanham lentidão da indústria
Fraco desempenho
do setor industrial
pode apontar para
demissões futuras
Bruno Dutra
[email protected]
Sob o impacto da produção industrial que percorreu o ano de 2013
em ritmo lento, o número de horas pagas destinadas à indústria recuou 2,2% em novembro, na comparação com o mesmo mês de
2012. Essa foi a sexta taxa negativa
consecutiva nesse tipo de comparação e a mais intensa desde fevereiro (-2,3%) como aponta a Pesquisa Industrial Mensal de Emprego e Salário (Pimes) divulgada nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE). Na comparação com outubro de 2013, o indicador também
recuou 0,4%, registrando queda
acumulada nos últimos doze meses de 1,2%.
De acordo com o coordenador
da pesquisa, André Macedo, as horas pagas são a variável do mercado de trabalho industrial que
acompanha mais de perto a evolução da produção das fábricas que
oscilaram muito em 2013. “As
companhias sempre tentam, primeiro, cortar horas extras antes
de iniciar as demissões e o resultado negativo deste indicador pode
apontar para demissões futuras”,
destacou.
Em novembro do ano passado,
a produção industrial brasileira recuou 0,2% frente a outubro do
mesmo ano, com retração em 9
dos 14 locais pesquisados pelo
IBGE. Em 2012, o setor teve queda
acumulada de 2,6% e, em 2013,
avançou de forma frágil, “com
quedas esporádicas que podem ex-
EMPREGO E SALÁRIO
-2,2%
Foi a retração do número de
horas pagas na indústria brasileira
na comparação de novembro
do último ano com o mesmo
mês de 2012.
-6,8%
De janeiro a novembro de 2013,
o setor de produtos de metal
foi o que mais contribuiu de forma
negativa para a retração
no emprego industrial.
plicar o recuo no emprego industrial”, disse Macedo.
O fraco desempenho da indústria também ajudou a impulsionar a queda no total de pessoal
ocupado que, em comparação
com novembro de 2012, recuou
1,7% e 1,1% no acumulado de 12
meses. Apesar de o resultado de
novembro ter ficado estável
(0,0%) ante outubro do último
ano, a taxa registrou o 26º resultado negativo consecutivo nesse tipo de confronto e o mais intenso
desde setembro de 2012 (-1,9%).
De acordo com Fernando de
Holanda Barbosa, especialista em
mercado de trabalho da Fundação
Getúlio Vargas (FGV), os resultados negativos do emprego e do salário na indústria sinalizam um
forte esforço das empresas para reduzir os elevados estoques de
2013. “Com o estoque elevado, a
indústria abre menos postos de
trabalho e, com produção em baixa, pagam menos horas extras aos
trabalhadores”, afirmou.
No índice acumulado do período de janeiro a novembro do último ano, os destaques na pressão
negativa vieram de produtos de
metal (-6,8%), calçados e couro
(-6,2%), máquinas e equipamentos (-3,8%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (-4,4%) e outros produtos da indústria de transformação
(-4,1%).
Para Júlio Gomes de Almeida
professor da Unicamp e consultor
do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), a
queda do emprego se deu, especialmente, pela competição com
os importados. “Estes são setores
atochados pela importação e precisam responder a essa ameaça com
maior automação e redução de
custos”, disse.
10 Brasil Econômico Quarta-feira, 15 de janeiro, 2014
▲
BRASIL
Alexandre Brum
COMUNICADO DE EXTRAVIO
CLIPPER WINDPOWER DO BRASIL ENERGIA EÓLICA LTDA. inscrita no
CNPJ/MF nº 06.963.188/0001-50 e Inscrição Municipal nº 0.363.820-0 junto à
comerciais e tributários o extravio do Cartão de Inscrição Municipal e do Alvará
de Licença para Estabelecimento, relativos ao endereço sito à Av. das Américas,
4.790 / Sala 512, Barra da Tijica - CEP 22.631-004.
DECLARAÇÃO DE PROPÓSITO
Henrique Cabral de Noronha e Menezes, com dupla nacionalidade, portuguesa e brasileira,
administrador, portador do passaporte emitido pela República Portuguesa nº H125488 emitido
em 14.10.2004 com vencimento em 14.10.2014 e portador do passaporte emitido pela
República Federativa do Brasil nº YB214224 emitido em 04.01.2013 com vencimento em 03.01.2018,
RG e CPF em fase de obtenção. Declara sua intenção de exercer cargo de administração no
Banco Caixa Geral - Brasil S.A. e que preenche as condições estabelecidas no art.2º do Regulamento
Anexo II à Resolução nº 4.122, de 2 de agosto de 2012. Esclarece que, nos termos da regulamentação
em vigor, eventuais objeções à presente declaração devem ser comunicadas diretamente ao Banco
Central do Brasil, no endereço abaixo, no prazo de quinze dias contados da divulgação, por aquela
Autarquia, de comunicado público acerca desta, por meio formal em que os autores estejam
devidamente identificados, acompanhado da documentação comprobatória, observado que
os declarantes podem, na forma da legislação em vigor, ter direito a vistas do processo respectivo.
BANCO CENTRAL DO BRASIL
Departamento de Organização do Sistema Financeiro - DEORF
Av. Paulista, 1804, Bela Vista - 01310-922, São Paulo, SP
PREFEITURA MUNICIPAL DE MARICÁ
COMISSÃO PERMANENTE DE LICITAÇÃO
AVISO PREGÃO PRESENCIAL – 104/2013
Pregoeiro: Marcelo Rosa Fernandes. Objeto: Registro de preços para aquisição de
canaletas, eletrodutos e acessórios com instalação, para as unidades externas da
Prefeitura visando dotá-las de infraestrutura para o cabeamento da rede telefônica
VOIP, rede elétrica e rede lógica. Data: 28/01/2014. Horário: 10hs. Os interessados
em retirar o Edital deverão comparecer à Rua Álvares de Castro, n.º 346, Centro –
Maricá/RJ, portando carimbo contendo CNPJ e Razão Social, 01 (UM) CD-RW
virgem e uma resma de papel A4, das 13:00 às 16:00h ou solicitar pelo e-mail
[email protected]. Informações pelo sitio www.marica.rj.gov.br
RESULTADO DE HABILITAÇÃO
TOMADA DE PREÇOS – MELHOR TÉCNICA
Nº EGPN-088/2013
A EMGEPRON torna público, através do Presidente da Comissão de
Licitação, o Resultado de Habilitação da Tomada de Preços nº
088/2013, Objeto: Contratação de serviços a serem prestados à
Unidade Operacional de Sistemas Navais (UO-31) da EMGEPRON,
por 02 (dois) especialistas, em caráter temporário e complementar,
conforme detalhado no Anexo A – Projeto Básico do Edital. Habilitado:
Sr. Ricardo José Torres Ferreira.
MARCO ANTONIO COSTA OLIVEIRA
Presidente da Comissão de Licitação
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
SECRETARIA-GERAL DE ADMINISTRAÇÃO
DIRETORIA DE LICITAÇÕES
AVISO DE LICITAÇÃO
PREGÃO ELETRÔNICO n.º 06/2014
Objeto: contratação de serviço técnico de apoio ao TCU na fiscalização da
obra de construção da Escola Superior de Controle (ESUC), que
compreenderá a mão de obra e todos os equipamentos e as ferramentas
necessárias à execução dos serviços, em regime de empreitada por preço
unitário. Sessão Pública: 27/01/2014, às 14 horas. Local: sítio
www.comprasnet.gov.br. Edital à disposição dos interessados no
mencionado endereço ou no sítio www.tcu.gov.br, opção “Licitações”.
Leonardo Anthony Costa de Araújo Bezerra Soares
Pregoeiro
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO
COMISSÃO PERMANENTE DE LICITAÇÃO
PREGÃO ELETRÔNICO Nº 06/SME/2013 - 2012-0.274.137-8 - CONTRATAÇÃO
DE EMPRESA ESPECIALIZADA PARA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE
MONITORAMENTO AQUÁTICO, COM FORNECIMENTO DE MATERIAIS E
EQUIPAMENTOS AOS CEU’S PERTENCENTES À SME.
Acha-se redesignada a licitação em epígrafe, que será realizada às 9h do
dia 27/01/2014.
O Edital e seus Anexos poderão ser obtidos, até o último dia que anteceder
a abertura, mediante recolhimento de guia de arrecadação, ou através da
apresentação de CD ROM gravável no Setor de Licitação - CONAE 151 Rua Dr. Diogo de Faria, 1247 - sala 318 - Vila Clementino, ou através da internet
pelo site www.comprasnet.gov.br e http://e-negocioscidadesp.prefeitura.sp.gov.br,
bem como, as cópias do Edital estarão expostas no mural do Setor de Licitação.
Estudantes da Gama Filho e da UniverCidade fizeram manifestação de protesto no Centro do Rio
Gama Filho, do
pioneirismo ao
fim dos cursos
Primeira a oferecer um curso superior no subúrbio do Rio,
instituição deixa mais de 7 mil alunos à espera de transferência
Redação
[email protected]
A decisão de descredenciar a
Universidade Gama Filho, tomada na segunda-feira pelo Ministério da Educação (MEC),
foi o ápice de um longo processo de descaso com uma das
mais tradicionais instituições
de ensino do Rio de Janeiro,
que chegou a ter 15 mil alunos.
Fundada a partir do Colégio Piedade, comprado em 1939 pelo
empresário, político e ex-ministro do Tribunal de Contas da
Guanabara Luiz Gama Filho, a
escola foi a primeira a ofertar
um curso superior no subúrbio
carioca. Em 1972, com a ampliação dos cursos e do campus,
conquistou o status de universidade, consolidando-se como
referência do ensino superior
privado no Rio. Porém, uma série de problemas de gestão enfraqueceram a universidade. A
crise se acentuou em 2010,
quando o grupo Galileo Educacional assumiu o controle da
Gama Filho. Desde então, tor-
naram-se constantes os atrasos de
pagamentos, que levaram a três
greves de professores. Agora, os
cerca de 7 mil alunos da instituição esperam pela transferência assistida, aguardando a disponibilização de vagas em outras universidades privadas. A UniverCidade,
controlada pelo mesmo grupo,
também foi descredenciada. Cerca de 3 mil alunos estudavam na
instituição. No total, 1.500 docentes e funcionários das duas universidades ficaram desempregados.
A decisão do MEC contrariou os
interesses dos alunos, que reivindi-
Em 2013, três greves
interromperam as
aulas na Gama Filho.
Atrasos de salários,
FGTS e INSS chegavam
a três meses. Para
deputado, crescimento
não foi acompanhado
de maior fiscalização
cavam a federalização da instituição — ou seja, o governo assumiria
a gestão da universidade, sob a
prerrogativa das dívidas acumuladas com a União.
Para o deputado estadual Robson Leite (PT-RJ), relator da CPI
destinada à apuração de irregularidades nas instituições privadas, a
situação da Gama Filho “é a ponta
de um iceberg de problemas na
educação privada brasileira”. O deputado afirma que o crescimento
do número de instituições privadas nos últimos 11 anos, que totaliza mais de 600 universidades, não
foi acompanhado por um aperfeiçoamento da fiscalização pública.
Robson acredita que as faculdades
privadas possuem condições de
oferecer ensino de qualidade, desde que o Estado fiscalize: “As fiscalizações são agendadas e as faculdades se preparam para elas. Temos denúncias, inclusive, de bibliotecas ambulantes, usadas visando à fraude. O acompanhamento é conduzido por professores universitários qualificados para a avaliação acadêmica, mas a fiscalização peca na parte financeira”.
Quarta-feira, 15 de janeiro, 2014 Brasil Econômico 11
▲
EMPRESAS
Editora: Flavia Galembeck
Murillo Constantino
[email protected]
Empresa vai
substituir a TAM
na Star Alliance
Efromovich, da Avianca: preço máximo por trecho e voos extras para atender a demanda no período do mundial de futebol
A lacuna de uma empresa
brasileira deixada pela TAM,
que está de saída do programa
de alianças Star Alliance, será
preenchida no espaço aéreo
nacional pela Avianca. No fim
do ano passado, a empresa
recebeu o aval do
conglomerado de operações
aéreas para dar início ao
processo de ingresso no time,
que reúne companhias como
United Airlines (Estados
Unidos), Lufthansa (Alemanha)
e TAP (Portugal), além da
própria Avianca (que operava
somente através de sua matriz
colombiana).
A desfiliação da TAM do
programa de alianças está
programada para acontecer
até o final deste primeiro
semestre. Com a fusão
anunciada com a chilena LAN, a
maior aérea brasileira entrará
em fase de migração para o
grupo One World, concorrente
da Star Alliance. O
fortalecimento da Avianca
dentro do grupo, no entanto,
desagradou algumas empresas
do setor, que esperavam a
entrada de uma companhia
com maior capilaridade no país.
Avianca adota teto de R$ 999
Com 430 novos voos para o período da Copa, aérea estabelece limite tarifário máximo por trecho para garantir
preços competitivos de 1º de fevereiro a 31 de julho. Iniciativa semelhante foi anunciada pela concorrente Azul
Daniel Carmona
[email protected]
São Paulo
Seguindo os passos da Azul, a
Avianca anunciou ontem que
também vai adotar um teto tarifário de R$ 999 o trecho para as
passagens aéreas durante o período da Copa do Mundo. Mas para ampliar a oferta da concorrente, que na semana passada divulgou a estratégia somente para o
período correspondente ao evento, de 12 de junho a 13 de julho, a
companhia já começa a operar
com o limite de preços em 1º de
fevereiro, com encerramento do
prazo em 31 de julho.
Segundo o presidente da Avianca Brasil, José Efromovich, a iniciativa é uma maneira de garantir
que os preços não serão abusivos
em função do aumento da demanda previsto para a época. O executivo ainda ressaltou que a política
tarifária da companhia, cujo tí-
quete médio é de R$ 315, não sofrerá alteração em virtude da implementação do preço máximo.
“Nossa proposta é oferecer a
melhor experiência de voo com o
preço mais justo possível. Em função disso, olhamos para o mercado e decidimos pelo teto. Se o
cliente for surpreendido pelo preço de R$ 1,6 mil, ele não vai pagar
mais de R$ 999. O nosso sistema
vai automaticamente cortar os valores dos trechos que hoje estão
acima do teto”, explica José Efromovich. “Não quer dizer que o trecho vai custar R$ 999. Estamos falando que o cliente vai pagar, no
máximo, esse valor”.
Para suprir a demanda, a aérea
prevê um aumento de 6,4% no número de voos diários internos,
passando de 176 para 187 durante
o período da Copa, totalizando
430 voos extras no período considerado para o evento. Extra-oficialmente, a empresa já teria recebido a confirmação do governo pa-
“
Se o cliente for
surpreendido pelo preço
de R$ 1,6 mil, ele não
vai pagar mais de R$
999. O nosso sistema
vai automaticamente
cortar os valores dos
trechos que hoje estão
acima do teto”
José Efromovich
Presidente da Avianca Brasil
ra intensificar suas atividades nos
hubs das cidades do Rio, Brasília e
São Paulo, que estão conectados
com os demais destinos da Copa,
como Fortaleza, Recife, Salvador,
Natal e Cuiabá. Hoje, o setor espera receber a confirmação do governo através da Agência Nacional de
Aviação Civil (Anac) para o incremento de voos durante o evento.
Se o receio dos consumidores
em relação aos exageros tarifários
para junho e julho deste ano já é
página virada na avaliação da
Avianca, os gargalos logísticos em
algumas das cidades-sede ainda
geram preocupação para a companhia. “Se a gente considerar que
Fortaleza deve receber cem voos
por causa de um jogo do Brasil, sabemos que o aeroporto não comporta nem a metade dessas aeronaves estacionadas. Esperamos
que a Anac consiga fazer um bom
plano de contingenciamento”.
Os aeroportos cheios, com
voos extras, também aumentam
o receio de Efromovich em relação aos atrasos. O executivo, no
entanto, admite que a companhia pouco pode fazer em relação
a isso. E acredita que a privatização dos aeroportos já será suficiente para amenizar eventuais
problemas dessa ordem. “O caminho é esse mesmo. É o modelo
correto. A gente só lamenta que
muito do que deve ser feito só ficará pronto depois da Copa”.
A Avianca ocupa o quarto posto do mercado, com 7,71% de participação. Em terceiro está a Azul,
com 12,94%. Na disputa pela liderança, TAM (38,81%) e Gol
(36,4%) também estudam medidas relacionadas à Copa do Mundo. Ontem, a TAM confirmou a solicitação de mil novos voos para junho e julho, sendo 850 para o mercado doméstico. Se aprovada, a
operação deve demandar R$ 50
milhões de investimentos. Já a
Gol disse que só vai se pronunciar
após a confirmação da Anac.
12 Brasil Econômico Quarta-feira, 15 de janeiro, 2014
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EMPRESAS
Repaginadas,
mini garrafas
voltam em ação
da Coca-Cola
Pequenas e médias
no embalo da Copa
Lojas de artigos esportivos expandem atuação por meio de franquias com foco no turista
que virá ao Brasil para o mundial de futebol. Promessa é de um novo Natal no meio do ano
Fabricante vai investir
R$ 14 bilhões até 2016
em atividades voltadas
para os eventos esportivos
Maíra Coelho
Erica Ribeiro
[email protected]
A Copa do Mundo tem sido sinônimo de boas oportunidades de negócios no Brasil. E não é diferente
com as pequenas e médias empresas nacionais. E se o assunto é bola rolando, o segmento de artigos
esportivos é um dos que mais
aposta em expansão e em vendas
acima da média com o aumento
do fluxo de turistas.
Depois de triplicar o número
de lojas em 2013, a Liga Retrô, especializada em réplicas de uniformes antigos de times e seleções de
futebol, prevê dobrar a receita em
2014 em relação ao ano passado,
quando faturou R$ 12 milhões.
“Acredito que podemos ter
um ‘Natal’ no meio do ano e duplicar o volume de vendas entre
maio e julho”, diz Marcelo Roisman, sócio da Liga Retrô.
Ele ainda aposta no “amor”.
Isso porque além da paixão pelo
futebol, junho é o mês dos namorados e camisas podem ser uma
opção de presente.
A previsão da marca é abrir 25
novas franquias em diferentes regiões do país, com investimentos
de R$ 2,5 milhões. Além disso, a
empresa vai aportar R$ 500 mil
emlançamentosde produtos,campanhas promocionais e publicitárias e ampliação de sua estrutura.
“Faremos diversas ações específicas para a Copa ao longo do
primeiro semestre, como o lançamento de 30 camisas das seleções que vão participar do mundial, além de uma linha casual de
Liga Retrô: 25 novas franquias no país neste ano, com investimentos de R$ 2,5 milhões
Depois de triplicar
o número de lojas
em 2013, a Liga Retrô,
especializada em
réplicas de uniformes
antigos de futebol,
prevê dobrar a receita
em 2014 em relação
ao ano passado
t-shirts com estampas comemorativas do campeonato. Também
estamos firmando parcerias com
grandes grifes de moda para lançar modelos femininos exclusivos. Muitas grifes têm nos procurado a fim de desenvolver, em
conjunto, peças específicas para
a Copa do Mundo”, antecipa ele.
A rede Loja das Torcidas, lançada em 2013 e hoje com 20 unidades franqueadas, também inicia
o ano com inaugurações em Maceió, Belém e Recife, embalada
pelo movimento de consumidores em torno da Copa. A marca espera ter 50 franquias em funcionamento até a abertura do evento e
calcula um volume de vendas quatro vezes maior no período, já chamado de “o novo Natal”, segundo Samadhi Müller, diretor da Loja das Torcidas. O modelo de
quiosques será o forte da empresa
“Teremos mais de mil itens
voltados para o evento, como cornetas, almofadas e a tatuzela”,
conta Samadhi.
Crédito de R$ 60 milhões para PMEs fluminenses
A procura de pequenos e
médios empresários por
financiamento levou a
subsecretaria de Comércio e
Serviços do Rio de Janeiro a
desenvolver linhas de crédito
que atendam especificamente
empresas participantes de
Arranjos Produtivos Locais
(APLs) no estado. Agentes
financeiros da Agência
Estadual de Fomento
(AgeRio), Banco do Brasil,
Bradesco e Caixa Econômica
apresentarão, no dia 23 de
janeiro, na sede da Federação
das Indústrias do Rio de Janeiro
(Firjan), opções para
empresários dos 25 APLs em
atividade. A linha AgeRio Arranjo
Produtivo Local terá R$ 60
milhões disponíveis, com a oferta
de dez diferentes tipos de linhas
de crédito a empresas
interessadas, com taxas de juros
a partir de 0,29% ao mês. Além
de projetos para capital de giro
ou expansão, o financiamento se
estende também a projetos de
inovação, aquisição de máquinas
e equipamentos, licenciamento
ambiental e até projetos de
eficiência energética.
Os APLs são basicamente
constituídos de micro e
pequenas empresas que não têm
acesso facilitado ao crédito. Por
isso foi criada a iniciativa, que
visa suprir essa demanda e, ao
mesmo tempo, estimular a
economia do estado. É o caso do
município de Nova Friburgo, na
região serrana, onde o APL local,
voltado ao setor de confecção de
moda íntima, é considerado
fundamental para a economia.
Os APL concentram ramos de
atividade que vão de confecções
a serviços nas áreas de turismo,
hotelaria e entretenimento,
passando também por
tecnologia da informação, cadeia
produtiva de óleo e gás, metal
mecânico e rochas ornamentais,
entre outros. Durante a rodada
de negócios, as empresas vão
passar por uma triagem e a
aprovação do crédito dependerá
da análise das instituições
financeiras.
Sucesso nos anos 80, as mini garrafinhas colecionáveis da CocaCola retornam ao mercado, repaginadas e embalagem de alumínio,
como parte da estratégia de ativação da fabricante em torno da Copa do Mundo. A ação, que inclui a
partir de hoje campanha publicitária com filmes para TV, mobiliário
urbano, bancas de jornal e em redes sociais, está dentro do orçamento de R$ 14 bilhões para o período de 2012 a 2016 e que contempla também as Olimpíadas, no
Rio. Segundo Victor Bicca, diretor
de Assuntos Governamentais, Comunicação e Sustentabilidade da
Coca-Cola Brasil para a Copa do
Mundo, este é o maior investimento da história da empresa no Brasil, onde está há 70 anos. O país é
considerado o quarto maior mercado para a marca no mundo.
“Somos os patrocinadores mais
antigos da Copa do Mundo, com
uma parceria que vem desde 1974.
A ação com as garrafinhas colecionáveis atende a um pedido dos consumidores e segue o projeto iniciado em 2012 com o lançamento do
mascote da Copa, o Fuleco. Seguimos com a campanha que visa tornar o mundial de futebol no Brasil o
mais inclusivo, com o slogan ‘A Copa de Todo Mundo’. Depois, colorimos as latas com as cores da bandeira durante a Copa das Confederações e iniciamos 2014 com uma
grande celebração, que começa
com a ação das garrafas”, diz ele.
As garrafinhas chegam em 18
modelos de alumínio decoradas
com as bandeiras de todos os países que já sediaram o Mundial (Argentina, Chile, Uruguai, México,
Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, Espanha, França, Itália, Suécia, Suíça, África do Sul, Japão, Coreia do Sul), os três próximos países-sede (Brasil, Rússia e Catar),
além de duas edições especiais.
“A mecânica da promoção consiste em juntar tampinhas ou
anéis de latinhas, que têm pontuações diferentes de acordo com a
cor, acrescentar mais R$ 3,80 e
procurar os pontos de troca”, explica Bicca.
A empresa também será patrocinadora de 12 espaços Fun Fest
que serão montados nas cidadessede da Copa. No Rio e em São Paulo, os locais escolhidos foram a
praia de Copacabana e o Vale do
Anhangabaú, respectivamente.
Quarta-feira, 15 de janeiro, 2014 Brasil Econômico 13
Divulgação
AVIAÇÃO
Azul e Trip perto de concluir fusão
A Azul Linhas Aéreas deve concluir o processo de fusão operacional
com a Trip nos próximos quatro meses. Tudo dependia de um
consenso sobre o novo pacote de política de remuneração para os
tripulantes da Azul e da Trip. A proposta salarial apresentada pelo
Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) foi aceita pelos aeronautas.
Com isso, as operações das duas companhias poderão ser integradas.
Reuters/Nacho Doce
CURTAS
Ito Cornelson
A sinergia entre as duas operadoras com o negócio é estimada em cerca de R$ 5,5 bilhões
Cade aprova fusão
da Oi com a
Portugal Telecom
Segundo o órgão regulador brasileiro, união entre as duas
operadoras não vai gerar problemas concorrenciais ao país
O Conselho Administrativo de
Defesa Econômica (Cade) aprovou sem restrições a fusão entre
a operadora Oi e a Portugal Telecom (PT), segundo despacho publicado na edição de ontem do
Diário Oficial da União.
A decisão do órgão regulador
está em linha com a justificativa
apresentada pelas duas empresas, de que a operação não gera
concentração horizontal ou integração vertical significativa, dado que a Portugal Telecom atua
somente no mercado brasileiro
de telecomunicações por meio
de sua participação acionária na
própria Oi. E controla outras empresas que prestam serviços de
tecnologia da informação às operadoras de telecomunicações —
inclusive a própria Oi.
A Portugal Telecom pretende
alienar toda a sua participação direta e indireta na Contax Participações, por meio de operação que já
foi aprovada pelo órgão regulador
brasileiro.
O Cade entende que a fusão
não vai trazer problemas con-
A Oi e a Portugal
Telecom anunciaram
a fusão que culminará
na criação da CorpCo,
uma multinacional
com cerca de 100
milhões de clientes,
em outubro
do ano passado
correnciais no Brasil, uma vez
que a Portugal Telecom abriu
mão da participação acionária
que tinha na operadora Vivo,
que foi posteriormente comprada pela Telefônica.
No documento, o coordenador-geral substituto de Análise
Antitruste, Paulo Vinícius Ribei-
ro de Oliveira, registra que, se forem mantidas as condições previamente consideradas pelo Cade, não haverá prejuízo ao ambiente concorrencial no país.
Fusão cria tele multinacional
língua portuguesa
A Oi e a Portugal Telecom anunciaram em outubro do ano passado a fusão que culminará na
criação da CorpCo, uma multinacional com cerca de 100 milhões de clientes. A companhia
resultante controlará as atividades das duas empresas no Brasil
e no mundo. A operação inclui
um aumento de capital planejado na Oi de pelo menos R$ 7 bilhões e as empresas estimavam
uma captura de sinergias de cerca de R$ 5,5 bilhões com o negócio. A transação também simplificará a complexa estrutura societária atual das duas empresas, de modo que a CorpCo não
terá acionista ou grupo de investidores vinculados que detenham a maioria das ações votantes da companhia.
ALL e Rumo ainda
em negociações
Arteris: cobrança de
pedágio suspensa
A América Latina Logística (ALL)
divulgou em comunicado, ontem,
que avalia soluções alternativas
para a disputa judicial com a Rumo
Logística, controlada pela Cosan, e
ressaltou que um eventual arranjo
societário entre ambas é “apenas
uma das alternativas”. A
declaração ocorre na sequência de
um comunicado da Cosan , no qual
a companhia afirmou que a Rumo
Logística tem mantido tratativas
preliminares com a ALL sobre uma
possível combinação das
atividades. Reuters
A Arteris suspendeu a cobrança
de pedágios em duas praças da
concessionária Autopista
Fluminense a partir de ontem,
atendendo a determinação de
uma liminar da justiça, segundo
comunicado da empresa. A
concessionária se disse
surpreendida com a liminar
concedida pelo Juízo de Direito da
1ª Vara Cível de Campos dos
Goytacazes (RJ), que irá recorrer
da decisão e que espera conseguir
reverter a decisão o mais rápido
possível. Reuters
PREFEITURA MUNICIPAL DE MARICÁ
COMISSÃO PERMANENTE DE LICITAÇÃO
AVISO PREGÃO
PRESENCIAL 122/2013
Processo Administrativo n.º 20333/2013.
Objeto: Reforma de inabilitação da requerente.
Recorrente: PLANEJAR TERCEIRIZAÇÃO E SERVIÇOS EIRELI
Decisão: INDEFERIDO.
LOG-IN - LOGÍSTICA INTERMODAL S.A.
COMPANHIA ABERTA
CNPJ Nº 42.278.291/0001-24 - NIRE Nº 3.330.026.074-9
Assembleia Geral Extraordinária - Edital de Convocação: Ficam convidados os Senhores Acionistas da LOG-IN – LOGÍSTICA INTERMODAL S.A. a se reunirem em Assembleia Geral Extraordinária, no dia 30 de janeiro de 2014, às 14 horas, na Praia de
de deliberarem sobre a seguinte matéria constante da Ordem do Dia: 1. Eleição do novo
Conselho de Administração e dos suplentes, em decorrência: (i) da renúncia apresentada
no dia 02/01/2014 pelos Srs. Humberto Ramos de Freitas, Juan Franco Merlini e Guilherme
Ferreira Brega e por seus respectivos suplentes, Sr(a)s. Giane Luza Zimmer Freitas, Lívia
Maria Velloso de Oliveira Castro e Enio Stein Junior; e (ii) do disposto no art. 15, § 7º, do Estatuto Social e art. 121 e seguintes da Lei nº 6.404/1976. Instruções gerais: Os acionistas
deverão apresentar, com, no mínimo, 48 (quarenta e oito) horas de antecedência, além do
documento de identidade e/ou atos societários pertinentes que comprovem a representação legal, conforme o caso: (i) comprovante expedido pela instituição escrituradora, datado
de, no máximo, 5 (cinco) dias antes da data de realização da Assembleia Geral; (ii) para
(iii) relativamente aos acionistas participantes da custódia fungível de ações nominativas,
o extrato contendo a respectiva participação acionária, emitido pelo órgão competente.
Referida documentação deverá ser entregue nesta Cidade, na Praia de Botafogo, nº 501,
Torre Corcovado, sala 703, Recepção, Botafogo, CEP: 22250-040. Em atenção ao disposto
na Instrução CVM nº 165, de 11 de dezembro de 1991, alterada pela Instrução CVM nº 282,
de 26 de junho de 1998, informamos que o percentual mínimo de participação no capital
votante necessário à requisição da adoção do voto múltiplo é de 5% (cinco por cento). Permanecem à disposição dos acionistas, na sede da Companhia, na página de Relações com
Investidores da Log-In (http://www.loginlogistica.com.br/ri) e na página da CVM (www.cvm.
gov.br) toda documentação pertinente às matérias que serão deliberadas na Assembleia
Geral Extraordinária, nos termos do artigo 6º da Instrução CVM nº 481/09. Rio de Janeiro,
10 de janeiro de 2014. Fabio Alperowitch - Conselheiro; Paola Rocha Ferreira - Conselheira; Vital Jorge Lopes - Diretor Presidente e de Relações com Investidores.
14 Brasil Econômico Quarta-feira, 15 de janeiro, 2014
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EMPRESAS
SaveMe, do Buscapé, renova
modelo de cupons e descontos
Portal que reúne ofertas da internet investe em novas categorias, códigos promocionais e ofertas relâmpago
Patricia Stavis
Moacir Drska
[email protected]
Há pouco mais de dois anos, os sites de compra coletiva atingiram
o ápice de sua popularidade. Passado esse período, a longevidade do
segmento começou a ser questionada, diante de uma série de fatores, como a insatisfação dos usuários e as queixas dos parceiros de
que esse tipo de serviço não gerava fidelização. Em meio a esse cenário, muitas empresas do setor
deixaram o mercado e outras tantas, como o Groupon e o Peixe Urbano, estão investindo em mudanças em seus modelos de negócios.
Esse mesmo movimento está se repetindo em serviços que estão no
entorno do setor. Criado em 2010,
com a proposta de reunir todas as
ofertas de sites de compra coletiva
em um único endereço, o SaveMe
— portal do Buscapé — está diversificando seu portfólio com a inclusão de novos segmentos e novos tipos de descontos.
O reposicionamento começou
a ser avaliado quando o SaveMe
foi comprado pelo Buscapé, em
outubro de 2010, depois de quatro meses de operação sob a marca ZipMe. “Na época, percebemos que não era sustentável depender de um único mercado e
que podíamos ser muito mais do
que uma listagem de ofertas de
compras coletivas”, afirma Guilherme Wroclawski, fundador e
diretor do SaveMe. “Ao mesmo
tempo, o mercado de compra coletiva foi essencial para essa mudança, pois ele impulsionou toda
a cadeia de negócios de cupons e
descontos on-line no país, algo
que não existia até então. Há três
anos, por exemplo, ninguém
comprava massagens e outros serviços pela internet”, diz Heitor
Chaves, também fundador e diretor do SaveMe.
Fruto de um trabalho de três
meses, o novo site do SaveMe está
no ar desde a semana passada.
Além dos cupons de desconto, o
portal traz agora códigos promocionais e “ofertas relâmpago”. Todos os modelos de ofertas são divididos por segmentos e cidades.
O SaveMe também investiu em
novas categorias de ofertas, por
meio de parcerias com grandes redes varejistas, como o Walmart e
o Magazine Luíza. O setor de turismo também ganhou força, através de acordos com a TAM, CVC e
“
A grande entrega da
compra coletiva foi
trazer o segmento de
serviços e a cultura dos
cupons para a internet.
Esses sites estão
em transição, mas
ainda têm um bom
crescimento pela frente”
Guilherme Wroclawski
Fundador e diretor do SaveMe
“
Nossa ideia é integrar
cada vez mais nosso
aplicativo com as
plataformas móveis
dos anunciantes e
parceiros, para que o
usuário tenha a mesma
experiência nos
dois ambientes”
Heitor Chaves
Fundador e diretor do SaveMe
Chaves e Wroclawski, do SaveMe: projeção de crescimento entre 40% e 50% na receita em 2014
Azul, entre outras empresas. Ao
mesmo tempo, o mercado de serviços — bares, restaurantes, salões de beleza — continua como
um dos pilares. Ao todo, são 500
anunciantes, com uma média de 3
milhões de ofertas diárias.
“Essa nova frente com os grandes varejistas é muito interessan-
te, pois ela permite trabalhar com
categorias que estão entre as principais linhas de vendas do e-commerce no Brasil, como eletrônicos, eletrodomésticos e moda”,
diz Wroclawski. “Por outro lado,
essas empresas estão investindo
cada vez mais em códigos promocionais e em ofertas relâmpago,
como canais de vazão para renovar linhas e girar estoque”.
Em pouco mais de uma semana no ar, o segmento de e-commerce registrou um crescimento
de 30% nas vendas. “Com esse novo foco, a expectativa é de um
crescimento entre 40% e 50% de
receita em 2014”, diz Wroclawski.
A ampliação do número de parceiros e a inclusão de novos segmentos estão nos planos para
2014. Supermercados e farmácias
são alguns dos setores em avaliação. A extensão do reposicionamento para os dispositivos móveis
é mais uma prioridade. O SaveMe
prevê lançar uma nova versão de
seu aplicativo nesse primeiro trimestre. Hoje, cerca de 20% dos
acessos ao site são feito via smartphones. “O maior desafio é integrar nosso aplicativo com os sites
dos parceiros, para que o usuário
tenha a mesma experiência nas
duas plataformas”, diz Chaves.
Atualmente, o SaveMe tem 4,5
milhões de usuários cadastrados e
uma média mensal de 3 milhões
de visitantes únicos. A receita do
portal é baseada nos modelos de
custo por clique e de custo por
aquisição. Nesse último formato,
os anunciantes pagam uma comissão — em média de 6% a 15% —
por cada venda gerada pelo site.
Quarta-feira, 15 de janeiro, 2014 Brasil Econômico 15
Joe Windsor-Williams
MONTADORAS
Jaguar Land Rover tem venda recorde
O ano passado foi recorde em vendas para a Jaguar Land Rover. A
britânica emplacou 425.006 veículos no mundo — uma alta de 19%
em relação a 2012. Por aqui, o incremento foi de 30% entre janeiro e
dezembro de 2013, com 10.952 unidades vendidas. Entre os fatores
responsáveis pela alta, segundo a montadora, estão o financiamento
próprio e a demanda aquecida pelas SUVs de luxo.
Comprada por canadense,
Saks quer rejuvenescer
Companhia vai investir US$ 1 bilhão para modernizar lojas. Entre as apostas, itens de alto luxo e novos estilistas
Adam Rountree/Bloomberg News
A presidente da Saks Fifth Avenue, Marigay McKee, planeja investir US$ 1 bilhão para reformar
a rede de produtos de luxo ao longo dos próximos cinco anos em
uma tentativa de ampliar seu público e as faixas de preço.
Um quarto dos gastos de capital se concentrará na loja de Manhattan, disse Marigay, 48, em
sua primeira entrevista desde que
chegou ao escritório de Nova
York, neste mês. A Saks foi adquirida em novembro pela Hudson's
Bay Co., uma rede canadense de
lojas de departamento posicionada para o mercado de médio porte, por US$ 2,4 bilhões. O negócio
trouxe as marcas Hudson's Bay,
Lord Taylor e Saks, criando uma
empresa que opera 320 lojas.
Marigay disse que quer mudar
a clientela da Saks para além da
mulher de 48 anos de idade, mas
sem perdê-la, e também modernizar a rede sem afetar seu DNA de
loja elegante, que foi frequentada
por Audrey Hepburn, Grace Kelly
e Jackie Kennedy. A Saks também
terá mercadorias exclusivas porque, disse ela, as lojas de departamento são muito parecidas, com
os mesmos tipos de produtos das
mesmas marcas famosas.
“A loja de departamento está
pronta para isso”, disse ela. “Nós
focaremos muito mais na tendência. É um salto. É uma viagem.
Nós precisamos ter certeza de
que não afastaremos os nossos
atuais clientes”.
A nova chefe da empresa assume o cargo logo após o setor de varejo dos EUA sair de uma temporada de férias sem brilho, em que as
lojas de todos os tipos recorreram
a descontos nada lucrativos para
atrair compradores relutantes. Marigay disse que vê uma forte demanda por joias, relógios e produtos mais caros e está otimista a respeito do segmento de luxo.
Em meio à redução de margens por conta de descontos elevados, varejista vê uma forte demanda por artigos de luxo, como joias relógios
Rejuvenescer, sem perder
o DNA da marca Saks
A executiva planeja disputar os
clientes mais jovens em cidades
habitadas por estudantes universitários e jovens profissionais. Ela visa a afinar o foco oferecendo a jovens compradores de Boston mercadorias diferentes das que oferece para os de Atlanta e do Texas.
Nas lojas mais orientadas aos jovens, a ideia é impulsionar a moda contemporânea e adicionar peças de designers internacionais da
Os investimentos serão
focados nas 41 lojas
mais produtivas da
Saks. Mas um quarto
dos gastos de capital
se concentrará na loja
de Manhattan, uma
espécie de cartão
postal de Nova York
Grã-Bretanha e da França, disse
ela, sem dar seus nomes. Ao mesmo tempo, a rede pretende vender mais itens de luxo extremo, como produtos de peles exóticas, alta costura e roupas de passarela,
em lojas onde os clientes mais ricos querem gastar centenas de milhares de dólares. Marigay preferiu não dizer qual o efeito em números que sua estratégia pode ter
sobre os preços médios da rede.
Os investimentos de capital serão focados nas 41 lojas mais produtivas da Saks. As dez lojas com
pior performance serão reavaliadas para, possivelmente, mudarem para a marca Lord Taylor ou
serem fechadas, disse ela. A nova
empresa-mãe da Saks já anun-
ciou uma expansão da Saks para o
Canadá. “Claramente, somos
uma empresa que quer ser lucrativa”, disse Marigay.
A mudança já ganhou corpo no
19º andar da sede da Saks, que passou de uma atmosfera de clube fechado para um espaço livre e moderno. E a renovação não para por
aí: um novo visual para vitrines,
lojas e embalagens ainda neste
ano também estão no horizonte
da executiva. Uma coisa, no entanto, deverá permanecer a mesma:
a temática preto e branco. Marigay foi diretora comercial da Harrods, a loja de departamento britânica e veio para a Saks após as saídas do CEO Stephen Sadove e do
presidente Ron Frasch. Bloomberg
Nas lojas mais
orientadas aos jovens,
a ideia é impulsionar
a moda contemporânea
e adicionar peças
de designers
internacionais
oriundos da França
e da Grã-Bretanha
16 Brasil Econômico Quarta-feira, 15 de janeiro, 2014
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EMPRESAS
Bikes elétricas em carga total
Dafra planeja modelo, General Wings projeta aumento nas vendas e Bike Electric Sense inaugura nova fábrica
Patricia Stavis
Gabriela Murno
[email protected]
De carona na nova legislação que
equipara as bicicletas elétricas, ou
e-bikes, aos modelos comuns de
magrelas, fabricantes e importadoras semexem para oferecer mais opções. É o caso da Sense Electric Bike, que inaugura no mês que vem
sua fábrica em Manaus (AM), com
investimento de R$ 20 milhões.
Desde 2012 a empresa importa
da China e de Taiwan as e-bikes,
que têm a finalização da montagem
aqui. Com a nova planta, componentes como pneus, selim, pedal e
guidão passam a ser nacionais. Segundo oexecutivode vendasda empresa, Caio Ribeiro, haverá redução
de 35% nos custos de produção.
“Vamos aproveitar para dar um
up grade, com cabeamento à prova
d’água e elétrica de 36 volts, que
dá 15% mais de autonomia e 20% a
mais de força”, explica Ribeiro, para quem a legislação equipara o Brasil a países do primeiro mundo.
Os três modelos produzidos pela Sense estão em mais de 90 revendas e chegam a 16 estados do
país. “São Paulo, Rio e Curitiba
concentram as vendas. Rio, por
ser o ponto de partida de nossa
operação; São Paulo, pelo trânsito, que faz com que o paulistano
busque alternativas; e Curitiba pela infraestrutura e apoio do governo”, destaca Ribeiro. Por enquanto, as bikes são apenas para o mercado interno, mas a meta é chegar
a América do Sul em 2015.
Além de Rio, São Paulo e Curitiba, a gerente de comunicação
e marketing da Dafra, Patrícia
Fernandes, vê potencial de crescimento em cidades litorâneas.
Para ela, superada a questão da
legislação, problemas como fal-
NÚMEROS
Para Patrícia
Fernandes,
da Dafra,
e-bike é
transporte
e lazer
5 milhões
É o quanto o mercado bicicletas
movimenta ao ano no país,
segundo a General Wings. Desse
total, 10% é a fatia das e-bikes.
35%
Redução dos custos da Sense
Electric Bike com a inauguração da
fábrica em Manaus. Componentes
como guidão, selim e pedal
passam a ser nacionais.
ta de ciclovias devem receber
mais atenção.
“Vemos movimento nos últimos anos para melhorar infraestrutura, já tivemos avanços. A bicicleta elétrica pode ser usada no lazer,
mas é um transporte”, diz.
A Dafra, empresa brasileira que
começou a comercializar bicicletas elétricas em 2012, já viu suas
vendas (uma média de 400 a 500
por mês) crescerem 30% no último trimestre de 2013 e, de acordo
com Patrícia, a meta é chegar a
mil unidades até o fim do ano.
Com três modelos saindo da fábrica de Manaus e distribuídos pelas 200 concessionárias, a
Dafra se pre-
para para o lançar uma nova opção em fevereiro. “Ao invés do motor atuar na roda, atua na pedivela (junção do pedal com a bicicleta), não havendo perda de energia”, explica Patrícia. A nova bike terá autonomia média de 70
km, contra 35 km de versões anteriores como a DBL, modelo
mais vendido. As e-bikes da Da-
MAGRELAS E CHEIAS DE ENERGIA
Ford Villaggio,
da General Wings
Preço: R$ 4.250
Velocidade: 25 km/h
Peso: 24 kg
Autonomia:
40 km
Fotos Divulgação
Wind, da Sense
Electric Bike
Preço: R$ 3.190
Velocidade: 32 km/h
Peso: 24 kg
Autonomia:
40 km
DB0,
da Dafra
Preço: R$ 2.990
Velocidade: 25 km/h
Peso: 28,8 kg
Quadro dobrável
de alumínio
fra também são vendidas em lojas
especializadas, magazines e
e-commerces com a marca Vex.
Ricardo De Féo, sócio-fundador
General Wings, que além de dois
modelos próprios, licencia e-bikes
da Ford e da Ducati,também comemora a nova lei. “O mercado é de
cinco milhões de bicicletas por ano,
eaté10%dessemercadodeve serbicicletas elétricas. Nosso objetivo é
participar com 50 mil, nos próximos seis anos”, diz. A metaé produzir cinco mil unidades em 2014.
De Féo diz que ainda no primeiro semestre o modelo Villaggio, produzido com a marca Ford, deve chegar às concessionárias da montadora. Hoje, ela está, assim como os outros três modelos da General Wings, no showroom e em 32 bike
shops. Além disso, a meta é nacionalizar 80% dos componentes da
bike, um projeto italiano, até 2016.
Ainda segundo o executivo, a General Wings 3 Toros em breve será
licenciada com a marca Troller.
Quarta-feira, 15 de janeiro, 2014 Brasil Econômico 17
AUTOMANIA
MARCELLUS LEITÃO
[email protected]
A aposta
da Honda
O Fit — Jazz em alguns mercados —
é um dos maiores sucessos da
Honda e, por isso, teve tratamento
diferenciado no Detroit Auto Show.
O compacto, que será feito no
Brasil, oferece medidas mais
generosas, motores econômicos e o
esperado retorno do câmbio CVT,
Transmissão Continuamente
Variável, da primeira geração.
O CHICOTE DO CORPO
O
susto do antimarketing. Classificada como infeliz
pelos sites da própria Ford, a entrevista de Jim
Farley, nada menos do que o chefão global do
marketing da Ford, provoca sombras sobre o Salão de
Detroit, nos Estados Unidos, que acontece agora no Cobo
Center. Farley disse durante a International CES — Consumer
Eletronics Show, em Las Vegas, na semana passada —, que
“a tecnologia empregada pela empresa tem condições de
rastrear, via GPS instalado nos veículos da marca, tudo o
que o motorista faz, onde esteve, a qual velocidade
percorreu algum trecho, qual percurso utilizou no seu
deslocamento, infrações de trânsito cometidas, etc.”
O executivo emitiu suas sábias ideias durante um painel
sobre a privacidade de dados, com a intenção de destacar
o volume de tecnologia embarcada nos carros da
montadora. Jogou gasolina na fogueira.
Em tempos de espionagem global, o meio automotivo, que
já desconfiava dessas possibilidades aplicadas aos carros
com GPS de série, conseguiu repercussão negativa mundial
e remeteu diretamente ao podre episódio Snowden-NSA.
PONTO-A-PONTO
A emenda ficou pior quando o executivo afirmou que, apesar
da espionagem ser possível, os dados são confidenciais e não
são repassados para ninguém.
Pegou mal. Farley admitiu que se expressou muito mal e de
forma errada e que só falava “em hipótese” e que “não
acompanhamos nossos clientes em seus carros sem a devida
aprovação ou consentimento deles”, blá blá blá...
Outro porta-voz da marca foi nomeado para recuperar o
prejuízo e declarou que as afirmações criaram uma impressão
errada de como a Ford opera. Segundo ele, o sistema de
comunicação original de fábrica permite aos motoristas
atualizações sobre o trânsito em tempo real,
orientações, ligações automáticas de emergência e, também,
controlar o destino do veículo em caso de roubo.
Acontece é que ninguém mais acredita que o sistema não pode
rastrear o carro para servir, por exemplo, como uma
ferramenta de marketing — e de espionagem. A Ford não
divulgou quando o sr. Farley poderá, talvez, começar seu novo
trabalho numa concessionária do norte do Alasca. E confirmou
a velha máxima mineira: a língua, o chicote do corpo.
■ Na outraamericana,aChrysler,o
sedãmédio200C,quecelebrao
controledamarca100%pelaFiat,
quemostraopequeno500Abarth,
commotorde162cv.Oprimeironão
virá,écaroparanossomercado,
masoAbarthjátempassaporte
carimbadoparaoBrasil.
dodesign emocional com o Sport
Sedan Concept, modelo conceitual
que irá entregar detalhes a futuros
lançamentos. O conjunto ótico em
forma de bumerangue, o teto
"flutuante" e a frente em V são os
dados de personalidade do modelo.
■ Na GM, esportividade com o
novíssimo Corvette Z06 de 605 cv
de potência. Perto dele o Stingray,
com ‘apenas’ 466 cv.
O desenho polêmico não agradou
aos puristas e também causou
polêmica entre os não puristas.
A desproporção de linhas entre
os farois, grade e capô demanda
tempo para se acostumar, mas o
Grand Cherokee está confirmado
pela Fiat, a detentora da marca,
para vendas no Brasil ainda este
ano, a partir do segundo semestre.
Fotos Divulgação
■ No estande da Nissan a releitura
■ A BMW estreia no Salão de
Detroit os belos redesenhos do Z4,
M4, M3 e X1. O destaque, no
entanto, fica para o Série 2, com
duas opções de motores
Que Jeep
é esse?
■ Na Ford, o destaque é a campeã
de vendas F-150, remodelada e
com novas opções de motores.
■ Gelo seco e música marcaram o aparecimento
do novo Mercedes-Benz Classe C no estande da
estrela em Detroit. Maior e mais largo que a
atual versão, o best-seller da marca traz itens
de conforto e segurança do topo Classe S e
será fabricado no Brasil a partir de 2016.
■ Na VW, inveja com o lançamento
do Golf R, de duas portas e296 cv
para o mercado americano. Outro
que chama a atenção é o Beetle
Dune, uma versão ‘adventure’ do
clássico alemão feito no México.
Conceito nasce
como clássico
No estande da Toyota em Detroit,
destaque para o FT-1, o conceito
esportivo da marca líder mundial
que promete acabar com as
saudades do Supra. E, de fato, o FT-1
guarda linhas orgânicas instigantes
e pinta de carro de produção. Os
motores são desconhecidos, mas
as barras de reforço estrutural
indicam alto desempenho.
Coluna publicada às quartas-feiras
18 Brasil Econômico Quarta-feira, 15 de janeiro, 2014
▲
FINANÇAS
Editora: Eliane Velloso
[email protected]
AMBIMA
Emissão de renda fixa cai 22% em 2013
As emissões com instrumentos de renda fixa no Brasil caíram 22%
em 2013 ante o ano anterior, a R$ 127,348 bilhões, informou ontem
a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro
e de Capitais (Anbima). Já as emissões de renda variável atingiram
R$ 23,895 bilhões no ano passado, ante R$ 14,3 bilhões em 2012. As
emissões de dívida no mercado externo caíram no ano 24,6%. Reuters
Estudo projeta cenário
aquecido para IPOs em 2014
Infraestrutura, tecnologia, saúde e consumo são setores mais esperados. Anos fracos represaram ofertas, diz EY
Divulgação
Marcelo Loureiro
[email protected]
A consultoria internacional EY
(antiga Ernst & Young) aponta
2014 como um ano movimentado
para as aberturas de capital no
país, seguindo tendência de recorde nas ofertas ao redor do mundo.
A empresa acredita que após os últimos anos terem apresentado números fracos, a necessidade de financiamento das companhias brasileiras por meio do mercado de
capitais está mais latente.
“O ambiente econômico está
parecido com o dos anos passados. O importante, nessa análise,
é a outra ponta. Percebo que muitas ofertas foram represadas nos
anos recentes e que estão maduras para sair em 2014”, explica André Viola Ferreira, sócio líder de
Mercados Estratégicos da EY.
O executivo acredita que a janela fechada dos últimos anos fez com
que muitas empresas restringissem
seus planos de investimento, movimento que não se sustenta por muito mais tempo. Ele estima que as
ofertas mais procuradas fiquem entre US$ 200 a US$ 500 milhões.
Os setores melhor posicionados para lançar empresas às ofertas públicas iniciais de ações
(IPOs, na sigla em inglês) são os
de saúde, consumo, tecnologia e
infraestrutura. Na visão de Ferreira, eles podem repetir o sucesso
da educação em 2013, que contou
com boas ofertas e se valorizou
em bolsa. “São segmentos que passam por muita demanda por parte
dos consumidores, o que costuma
provocar necessidades de investimento”. A aposta nas empresas
de infraestrutura se deve pelo pacote de concessões destravado pelo governo nos últimos meses. “Se
financiar pela bolsa é uma das opções para essas companhias que
venceram leilões”.
Outro ponto destacado pelo
executivo é a quantidade de empresas dentro do forno de gestoras
de private equity. São investimentos, explica, com tempo de maturação rigoroso, que não costuma
passar de cinco anos.
A desconfiança do investidor estrangeiro com o Brasil persiste, ressalva Ferreira. Cabe às empresas estarem cada vez melhor preparadas
porque a competição para aproveitar a janela de ofertas será forte.
Algumas candidatas já começaram a fazer o dever de casa. A Qua-
lity Software, de tecnologia, tem
implantado melhorias nas práticas
de gestão enquanto a oportunidade de abrir o capital não chega. O
processo, que já dura seis anos, começou com a decisão de aceitar o
BNDES como sócio. A chegada do
parceiro ensejou a implantação de
uma diretoria profissional e de um
conselho de administração. “O
mercado até agora não está favorável. Mas estou otimista que o quadro mudará ainda este ano”, acredita Julio Britto Júnior, CEO da empresa, em visão parecida com a
apresentada pela EY no estudo.
No mundo, a EY espera para
2014 um recorde de ofertas públicas de ações. Apenas no primeiro
trimestre do ano, as bolsas devem
ser palco de 250 a 300 IPOs que
devem levantar algo entre US$ 35
bilhões e US$ 45 bilhões. A atividade deve se manter firme no primeiro trimestre de 2014, no embalo de um quarto trimestre forte
em 2013, de acordo com a consultoria. O ano fechou com 864 transações que levantaram cerca de
US$ 163 bilhões.
A liderança coube aos Estados
Unidos, com 222 ofertas, que juntas levantaram US$ 59,6 bilhões.
Esse resultado corresponde a 26%
do número de IPOs globais e 37%
dos valores captados. A Ásia fechou o ano com 347 ofertas que somaram US$ 44 bilhões, seguido
pela Europa, com 133 IPOs que levantaram US$ 25,4 bilhões.
O setor de saúde liderou o volume de negócios com 49 ofertas e
um total de US$ 8,8 bilhões. Em
seguida, veio mercado imobiliário, com 22 ofertas de US$6 bilhões. As empresas de tecnologia
foram protagonistas em 39 IPOs
que levantaram US$ 7,4 bilhões.
NÚMEROS
US$ 8,4 bi
Foi o valor levantado
em aberturas de capital
na BM&FBovespa, em 2013.
O volume é bem inferior
aos US$ 44 bilhões captados
na bolsa de Nova York.
5,2%
É quanto representou o montante
ofertado em ações na bolsa
brasileira em relação ao restante
do mundo. A líder Nyse foi
responsável por 27% do volume.
Candidatas ao
IPO têm boa
governança
“
O ambiente está
parecido com
o dos anos passados.
O importante, nessa
análise, é a outra
ponta. Percebo que
ofertas represadas
nos anos recentes estão
maduras para sair”
André Viola Ferreira
Sócio de Mercados Estratégicos,EY
Ferreira,da EY: ofertas locais entre US$ 200 a US$ 500 milhões
A consultoria Grant Thornton
avaliou o nível de aderência
às boas práticas corporativas
de empresas brasileiras que
buscam a abertura de capital
e concluiu que os indicadores
com melhores níveis de
desenvolvimento são a
presença de auditor
independente e a gestão,
além do código de conduta
para resolução de
conflito de interesses.
De acordo com Wander
Pinto, sócio da Grant Thornton
Brasil, o relatório apresenta um
panorama do atual estágio de
aderência às práticas de
governança das empresas do
middle market brasileiro, neste
caso, que estão em busca da
abertura capital ou de atrair
investimentos de fundos de
Private Equity. “Essa análise
prévia é fundamental antes de
estruturar um plano de ação
para melhoria da gestão do
negócio”, diz Wander Pinto.
As grandes fraquezas na
governança das candidatas ao
IPO são os conselhos de
administração e fiscal.
A análise foi realizada com
as empresas participantes do
8º Fórum de Abertura de
Capital, promovido pela
BM&FBOVESPA e pela FINEP.
Quarta-feira, 15 de janeiro, 2014 Brasil Econômico 19
O MERCADO COMO ELE É...
LUIZ SÉRGIO GUIMARÃES
[email protected]
AS OPÇÕES (VÃS) DO COPOM
Editoria de Arte
N
o cardápio do chá das cinco de hoje do Comitê de Política
Monetária (Copom) do Banco Central há quatro opções
possíveis: 1) Aumentar a Selic em 0,25 ponto, para 10,25%,
e informar claramente no comunicado o encerramento do ciclo de
alta. No total, a taxa básica terá subido 3 pontos percentuais,
um aperto nem um pouco açucarado. 2) Subir a taxa em 0,25 ponto
e manter intacto o comunicado da reunião anterior — “Dando
prosseguimento ao processo de ajuste da taxa básica de juros,
iniciado na reunião de abril de 2013, o Copom decidiu, por
unanimidade, elevar a taxa Selic para 10,25% ao ano, sem viés” —,
deixando desta forma aberta a possibilidade de novas altas.
3) Elevar a Selic para 10,50% e sinalizar a propensão de
encerramento do ciclo por meio da menção aos “efeitos cumulativos
e defasados da política monetária”. 4) Manter o ritmo de 0,50 ponto
das cinco últimas reuniões e indicar na nota pós-Copom a intenção
de fazer outras elevações do mesmo tamanho.
O Copom precisa escolher o caminho mais curto para abrandar as
expectativas inflacionárias e aumentar a credibilidade da política
monetária junto ao mercado. O
BC não pode transmitir a impressão de que estará se submetendo à
agenda eleitoral. A solução adotada terá de passar confiança aos
agentes. Estes precisam comprar
a ideia de que a decisão não é apenas a melhor possível, mas a única
factível para o momento. Caso
contrário, a degradação das expectativas irá puxar para cima as projeções de IPCA do relatório Focus,
contaminando as percepções dos
empresários. Mais: se a opção não
for crível, a política monetária ficará “atrás da curva de juros”.
Tal situação ocorre quando o
mercado entende que a atuação
do BC é insuficiente para reduzir,
nem que seja minimamente, a inflação de 12 meses. Passa então a
exigir prêmios cada vez maiores
para a compra de papéis prefixados. Isso pode encarecer o manejo
da dívida pública federal até mais
do que se o BC fizesse um choque
de juros na dimensão requerida pelas instituições. Os custos poderiam ser maiores porque o mercado tem o grave defeito de exagerar
nos “ajustes” que ele faz por conta própria nos juros.
O que o BC deveria fazer para
reverter expectativas negativas e
quebrar as pernas da resistência
inflacionária? A terapia é a do medo. Para o empresário ter medo de
perder mercado e o consumidor/
trabalhador de perder sua renda,
precisa dar um puxão violento na
Selic. O golpe é mais psicológico
do que efetivo. O seu efeito imediato é o de encarecer o custo de rolagem da dívida pública. O seu impacto sobre a economia real só
ocorrerá, mesmo assim ainda de
forma parcial, entre julho e outubro, justamente no período eleitoral mais crítico. Como transformar o efeito psicológico em real?
Combinando a alta da Selic com
uma mexida geral nas alíquotas
dos compulsórios bancários.
A elevação geral dos recolhimentos bancários incidentes sobre depósitos à vista e a prazo secará a liquidez do sistema. Empresas
e consumidores buscarão dinheiro nos bancos e não encontrarão.
As primeiras terão de liquidar
seus estoques a preços baixos já
que o seu carregamento se tornará financeiramente proibitivo. E
os segundos terão de pechinchar
compras à vista ou adiá-las. Acaba a moleza do “dez vezes sem juros no cartão”. Se a principal crítica que os analistas fazem a política fiscal, vista como permissiva e
frouxa, diz respeito unicamente à
expansão de demanda agregada
que promove — ninguém ainda levantou a hipótese de um calote da
dívida pública por causa dessa política fiscal —, a melhor forma de
neutralizar essa ampliação de demanda seria por meio da elevação
dos compulsórios.
O recolhimento hoje incidente
sobre os depósitos à vista, de
44%, já foi bem mais alto no passado: de 60% em 2003 e de 75% em
1999. Trata-se de uma medida dolorosa aos bancos, já que esse recolhimento não é remunerado. O incidente sobre os depósitos a prazo, hoje de 20%, é remunerado pela variação da Selic.
Se o diagnóstico for combater
uma inflação de demanda derivada da lassidão fiscal e da recomposição real da massa salarial, o caminho está na combinação de alta
da Selic e dos compulsórios. Se a
inflação resulta também, conforme frisou o BC em nota, da variação da taxa de câmbio e da recomposição das tarifas públicas, aí se
trata de uma inflação de custos
contra a qual não há o que fazer a
não ser adotar medidas administrativas (controle de câmbio e
compressão de tarifas).
Se o Copom fizer hoje um pouco mais do mesmo, atacará apenas a face de demanda da infla-
Se o Copom fizer
hoje um pouco mais
do mesmo, atacará
apenas a face de
demanda da inflação,
com resultados que
se mostraram desde
abril incompatíveis
com o esforço
ção, com resultados que se mostraram desde abril incompatíveis
com o esforço. Da forma clássica
como vem sendo conduzida, a política monetária também se mostrou inepta em neutralizar os efeitos da alta do dólar sobre os preços. A moeda sobe, os custos se
elevam e são repassados aos preços ao consumidor a despeito de a
taxa básica ter subido de 7,25% para 10%. Como os salários sobem
mais que a produtividade, os repasses são aceitos, contaminando
a cadeia produtiva.
Os economistas de instituições
e os players do mercado futuro de
juros da BM&F estão bem divididos sobre o que o Copom irá decidir nesta sua primeira reunião de
2014. Mas o que se discute — se a
Selic irá ser congelada até o fim do
ano no patamar de 10,25%,
10,5% ou 11% — no fundo é o mesmo samba de uma nota só. Nenhuma das três opções traz inovação
relevante. E nenhuma parece capaz de romper a resistência inflacionária. O objetivo do BC parece
ser apenas o de evitar que o IPCA
rompa o teto de 6,5% da banda inflacionária. Somente neste caso,
pelo critério hoje em voga, a inflação não estará na “meta do governo”. Como a ambição é pouca, os
resultados estão sujeitos a imprevistos, como o IPCA de dezembro.
No DI futuro, encorpou-se ontem a ala que aposta em alta da Selic de 0,50 ponto. A taxa para a virada do ano avançou de 10,71% para 10,78%. O contrato para janeiro de 2017 seguiu a alta do T-Note
de 10 anos (de 2,83% para 2,87%)
e subiu de 12,25% para 12,37%.
Depois de ter acumulado queda
de 1,94% nos dois pregões anteriores, o dólar recuperou-se um pouco ontem. Fechou cotado a R$
2,3561, em valorização de 0,22%.
20 Brasil Econômico Quarta-feira, 15 de janeiro, 2014
▲
FINANÇAS
Murillo Constantino
Bancos e
EUA fazem
Ibovespa
fechar no azul
Índice registrou alta
de 0,56%, a 49.703
pontos. O giro somou
R$ 5,5 bilhões
Deborah, da FirstData: “A asssociação com instituição financeira é uma das três condições para entrar no negócio de credenciamento”
FirstData, dos EUA, faz
parceria com Bancoop
Maior credenciadora de cartões do mundo une-se a banco de cooperativas de Brasília
Léa De Luca
[email protected]
São Paulo
Quase 12 anos após se instalar no
Brasil, a americana FirstData, a
maior empresa de credenciamento e captura de transações com
cartões do mundo, finalmente
conseguiu fechar sua primeira parceria de peso no país. O acordo,
anunciado hoje, é com o Bancoop
— banco cooperativo integrante
do maior sistema de cooperativas
financeiras do país (Sicoob), com
sede em Brasília.
A operação começa a funcionar
até o final deste semestre, quando
será anunciada uma nova marca
para o negócio, que vai concorrer
com Cielo (do Banco do Brasil e
Bradesco) e Rede (do Itaú) - além
da GetNet, do Santander. Juntas,
as duas primeiras têm hoje mais
de 95% do mercado.
Para Deborah Guerra, gerente
geral da FirstData Brasil, a parceria
com um instituição financeira é
uma das três condições necessárias para um grande “player” como a FirstData atuar no negócio de
credenciamento de cartões e vouchers no Brasil. “Depois das novas
resoluções do Banco Central, que
criou a figura da instituição de pagamento e exigiu capital mínimo
para atuar, no final do ano passado, essa parceria ficou ainda mais
fundamental”, lembra Deborah.
Além disso, só um banco obtém as
licenças das bandeiras de cartões.
“A nova empresa vai atuar inicialmente com as bandeiras Visa, Mastercard e Cabal, da Argentina, com
quem o Bancoop tem acordo”, diz
Marco Aurélio Almada, presidente
da instituição. O Bancoop é a quinta maior instituição financeira do
Brasil, com acesso, por meio das
cooperativas do Sicoob, a mais de
2,5 milhões de cooperados, sendo
300 mil pessoas jurídicas. “Mas
não vamos prestar o serviço apenas a cooperados. O objetivo é atender pequenas e médias empresas”,
diz Deborah. Até agora, a FirstData vinha prestando serviços a correspondentes não bancários.
Além da parceria com uma instituição, Deborah diz que há outras duas condições para atuar no
negócio aqui: uma plataforma capaz de entregar todas as funcionalidades para operar no mercado
brasileiro, que tem características
peculiares como o parcelamento e
antecipação de recebíveis, por
exemplo. “Também é preciso uma
estratégia para entrar, executar e
vender o serviço com ofertas diferenciadas”, acrescenta Deborah.
“Encontramos o parceiro certo
para os nossos objetivos. Agora estamos em fase final de testes da
plataforma a lojistas. Nosso diferencial é oferecer soluções simples e ricas de informações”, diz.
Entre esses diferenciais, Deborah cita a apresentação das contas
aos estabelecimentos, que será mais
“
A adquirência é o
coração da área de
contas a receber dos
associados; a boa
gestão financeira de um
cooperado passa por
boas soluções de contas
a receber, e a FirstData
tem experitse nisso”
Marco Aurélio Almada
Presidente do Bancoop
consolidadadoqueoferecemosconcorrentes. “Também estamos trazendo um novo parque de maquininhas, com novas funcionalidades”.
Deborah explica que o interesse no negócio justifica-se pelo potencial de crescimento do mercado brasileiro de meios de pagamento, que vem se expandindo
acima de 15% ao ano — e a adquirência, especificamente, entre
8% e 10%, diz a executiva.
Almada, do Bancoop, lembra
que a adquirência é o “coração”
da área de “contas a receber” dos
seus associados: “Uma boa gestão
financeira de um cooperado passa
por boas soluções de contas a receber”, diz. Segundo o executivo, a
parceria com a FirstData vai agregar valor à gestão, com a consolidação dos pagamentos recebidos.
A FirstData está presente em
340 países, e tem experiência internacional na prestação de serviços que ainda não são usuais no
Brasil, diz Almada. “Com esse
acordo com a FirstData, estamos
construindo o nosso próprio sistema de adquirência”, arremata. O
Bancoop hoje comercializa as outras adquirentes, mas não interfere na gestão do negócio.
A Bovespa fechou no azul ontem, na esteira da alta das bolsas norte-americanas, com
ações do setor financeiro ofuscando a queda da Petrobras e
de siderúrgicas.
O Ibovespa registrou alta de
0,56%, a 49.703 pontos. O giro
financeiro do pregão somou R$
5,5 bilhões.
Nos Estados Unidos, dados
do varejo em dezembro melhores que o esperado ajudaram a animar investidores depois de uma forte queda na sessão anterior. Por aqui, Itaú
Unibanco, Banco do Brasil e
Bradesco, que têm grande peso no Ibovespa, compensaram a queda da Petrobras e do
setor siderúrgico, afetado por
contínuas preocupações sobre o crescimento da China.
A maior alta do dia ficou
com a incorporadora Cyrela,
com o mercado vendo com
bons olhos sua prévia operacional, divulgada na véspera.
Segundo a equipe de análise
do Credit Suisse, os lançamentos e vendas trimestrais no
quarto trimestre da empresa
superaram as estimativas do
banco em quase 50%.
A preferencial da operadora
Oi, que chegou a avançar
7,9%, acabou desacelerando alta, mas fechou no azul depois
de o Cade aprovar sua união
com a Portugal Telecom.
O papel da empresa de educação Estácio Participações
também subiu. O Ministério da
Educação descredenciou a Universidade Gama Filho e a UniverCidade, ambas com sede no
Rio de Janeiro, levantando esperanças de que a Estácio ganhe participação de mercado.
Ainda no cenário doméstico, permanecia na mira de investidores a decisão do Banco
Central sobre a taxa Selic, a ser
divulgada hoje. O resultado acima do esperado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em dezembro, divulgado na semana passada, deu força às apostas de
um aumento de 0,5 ponto percentual. Alguma mudança diferente poderia desencadear
uma reação mais forte no juro
futuro e ter um efeito em alguns setores da bolsa. Reuters
Quarta-feira, 15 de janeiro, 2014 Brasil Econômico 21
Vincent Kessler/Reuters
UNIÃO EUROPEIA
Barroso defende plano para bancos
O presidente da Comissão Europeia, José Durão Barroso,
fez ontem um pedido veemente ao Parlamento Europeu para aprovar
a proposta para lidar com bancos falidos. “Este plano é a única forma
realista de pôr o sistema em operação”, disse Barroso. “Podemos
nos dar ao luxo de pôr em risco os sinais preliminares de retomada
da confiança? É isso o que está em jogo”, disse ele. Bloomberg
Poupança ganha
de fundos mesmo
com alta da Selic
Estudo da Anefac mostra que caderneta só perde para as
aplicações de prazo mais longo e menores taxas de administração
Rodrigo Capote
Qualquer que seja a mudança na
taxa Selic a ser decidida hoje pelo
Comitê de Política Monetária do
Banco Central (Copom), as aplicações em caderneta de poupança
continuarão ganhando em rentabilidade dos fundos de investimento na maioria das situações.
Estudo da Associação Nacional
dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade
(Anefac) mostra que a poupança
só perde para as aplicações de prazo mais longo e com menores taxas de administração.
“Considerando uma aplicação
em CDB, o investidor teria que obter uma taxa de juros de cerca de
85% do CDI para atingir o mesmo
ganho obtido pela poupança nova, já que as aplicações em CDB's
pagam igualmente Imposto de
Renda (IR) de acordo com o prazo
de resgate da aplicação”, disse Miguel José Ribeiro de Oliveira, diretor executivo de Estudos e Pesquisas Econômicas da Anefac. A poupança, que é isenta de IR, está rendendo 0,59% ao mês mais a TR para as pessoas físicas ou 1,5% ao trimestre mais TR para as pessoas jurídicas em geral, exceto para as entidades sem fins lucrativos, cujas
aplicações rendem de forma similar às feitas pelas pessoas físicas.
Pelos cálculos do economista,
os investimentos em fundo que tenham taxa de administração superior a 1% terão uma rentabilidade
inferior à poupança, mesmo que a
Selic suba hoje para 10,5% ao ano.
A exceção é para os fundos com taxa de administração de 1% e prazo
de aplicação de apenas seis meses, que produzirão rendimentos
de 0,58% contra os 0,59% pagos
pela poupança atualmente. Um
fundo com taxa de administração
de 1,5% só conseguirá bater a pou-
Lucro do JPMorgan em 2013 tem
queda de 16%, impactado com
penalidades de acordos judiciais
Em sentido inverso, Wells
Fargo, maior de hipotecas
dos EUA, tem alta de lucro
de 16% mas vendas caem
O JPMorgan Chase, maior banco
dos Estados Unidos, anunciou ontem um lucro líquido de US$
17,923 bilhões em 2013, 16% a menos do que no ano anterior, quando teve ganhos de US$ 21,284 bilhões. O banco também registrou
queda, de 7,3%, no lucro do quarto trimestre do ano passado, de
US$ 5,28 bilhões, ou US$ 1,30 dólar por ação, ante US$ 5,69 bilhões, ou US$ 1,39 dólar por ação,
no mesmo trimestre de 2012.
Os últimos resultados levaram em conta os ganhos provenientes da venda de ações da Visa
e One Chase Manhattan Plaza,
além de despesas legais com os
acordos relacionados ao caso Madoff. O banco concordou em pagar US$ 2,6 bilhões para encerrar
reivindicações privadas e do governo sobre a forma com a qual lidou com as contas de Madoff. O
banco estimou naquele momen-
to a subtração de US$ 850 milhões do lucro do quarto trimestre para cobrir despesas que não
haviam sido provisionadas.
Na contramão do resultado do
JPMorgan, o Wells Fargo, maior
banco de hipotecas norte-americano, anunciou que aumentou
16% o lucro líquido do ano, para
US$ 20,9 bilhões, e 10,5%, para
US$ 5,4 bilhões no quarto trimestre, em comparação ao mesmo período do ano anterior.
Apesar da alta maior que a prevista pelo mercado,as operações
de empréstimos hipotecários caíram no banco. O volume de negócios reduziu 3%, para US$ 83,8 bilhões no ano, e 6%, para US$ 20,7
bilhões no trimestre. O diretor financeiro da instituição, Tim
Sloan, qualificou o quarto trimestre como “muito sólido” apesar
de “um ambiente de taxas difícil e
uma queda prevista na concessão
de empréstimos hipotecários”. A
demanda de créditos caiu: os candidatos a novos empréstimos caíram de US$ 87 bilhões no terceiro
trimestre a US$ 65 bilhões no
quarto. Reuters e AFP
Crise anunciada da dívida
na Escandinávia confunde
o Prêmio Nobel Paul Krugman
Miguel Oliveira prevê que haverá revisão das taxas dos fundos
pança se o dinheiro ficar aplicado
por dois anos — a rentabilidade será de 0,61%.
Caso o Copom opte por subir a
Selic em apenas 0,25 ponto percentual, a situação pouco se modifica. Nenhum fundo com taxa de
administração de 1,5% ganha da
poupança e para quem tem aplicação naqueles com taxa de gestão
de 1% só será vantajoso em relação à caderneta se o investidor
FUNDOS DE RENDA FIXA X POUPANÇA
Rendimento mensal líquido dos fundos com alta da taxa de juros
Selic a 10,25%
Taxa administração anual (%)
Prazo de resgate
0,5
1
1,5
2
2,5
3
Até 6 meses (IR de 22,50%)
0,6
0,57 0,53
0,5
0,46
0,43
Entre 6 meses e 1 ano (IR de 20,00%) 0,62
0,59 0,55
0,52
0,49
0,45
Entre 1 no e 2 anos (IR de 17,50%)
0,64
0,61
0,57
0,54
0,51
0,47
Acima de 2 anos (IR de 15,00%)
0,66
0,63 0,59
0,56
0,53
0,49
Poupança Selic 10% - Rendimento mensal de 0,59% (6,17% ao ano + TR) | Fonte: Anefac
mantiver o dinheiro lá por um
ano ou mais.
“Mesmo com a elevação
da Selic, as cadernetas vão
continuar se destacando frente aos fundos de renda fixa
por não pagarem IR nem taxas de administração. Este fato deverá provocar reduções
nos custos das taxas de administração dos bancos”, previu Oliveira.
Selic a 10,5%
Taxa administração anual (%)
0,5
1
1,5
2
0,62
0,58
0,55
0,51
0,64
0,6
0,57
0,53
0,66
0,62
0,59
0,55
0,68
0,64
0,61
0,57
2,5
0,48
0,5
0,52
0,54
3
0,44
0,46
0,48
0,5
Economista se precupa
com níveis recordes
de dívida das famílias
dos países da região
A Escandinávia, que atraiu os investidores durante a crise da dívida soberana na Europa, agora está
sob escrutínio internacional pela
preocupação com que os níveis recordes de dívida das famílias da Dinamarca até a Suécia não sejam
sustentáveis. “Nos perguntamos
se se trata de uma crise esperando
para acontecer”, disse o ganhador
do Prêmio Nobel Paul Krugman
em uma entrevista em 9 de janeiro
em Copenhague. “Não tenho certeza, mas é de alterar os nervos”.
A Suécia e a Dinamarca se gabam de cargas de dívida pública
de menos da metade da média na
zona do euro. O fundo de riqueza
soberana de US$ 820 bilhões da
Noruega significa que seu governo não possui dívida líquida. Contudo, nos três países, as notas de
crédito AAA estáveis reduziram
o custo de tomar empréstimos e
alimentaram farras de empréstimos pelos consumidores, que segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a Organização
para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) apresentam uma ameaça à estabilidade. “Você pensaria que se sobreviveu à crise financeira sem grandes prejuízos está tudo bem, mas
não é assim”, disse Krugman.
Na Dinamarca, os consumidores devem a seus credores 321%
da sua renda disponível, um recorde mundial para o qual a OCDE exige uma resposta com políticas, disse a entidade em novembro. Na Suécia, a dívida, segundo
essa medição, é de cerca de
180%, um nível que o governo e
o Banco Central não querem deixar crescer. O BC da Noruega passa por dificuldades para encontrar uma mistura de políticas que
lide com sua carga de dívida privada de 200%. Os três países escandinavos combatem mercados
imobiliários superaquecidos desde o começo da crise financeira
global há mais de meia década.
22 Brasil Econômico Quarta-feira, 15 de janeiro, 2014
▲
MUNDO
Editor: Gabriel de Sales
[email protected]
Varejo confirma reação
da economia dos EUA
Vendas em geral crescem 4,2% em 2013 indicando que a atividade econômica ganhou fôlego no fim do ano
passado e, ao mesmo tempo, prenunciando que o crescimento será mais consistente no decorrer de 2014
O núcleo das vendas no varejo dos
Estados Unidos subiu mais que o
esperado em dezembro, sugerindo que a economia ganhou fôlego
no fim do ano passado e caminha
para um crescimento mais consistente em 2014.
O Departamento do Comércio
informou que as vendas no varejo
excluindo automóveis, gasolina,
materiais de construção e serviços alimentares aumentaram
0,7% no mês passado, após crescimento de 0,2% em novembro.
O chamado núcleo de vendas
corresponde de modo mais próximo ao componente de gastos
do consumidor do Produto Interno Bruto. Economistas consultados pela Reuters esperavam que
o núcleo de vendas no varejo tivesse aumento de 0,3% em dezembro.
O aumento sugeriu que os gastos do consumidor aceleraram no
quarto trimestre, ante o ritmo
anual de 2% no terceiro trimestre.
Também foi a mais recente indicação de forte ímpeto na economia
no fim de 2013.
Embora a criação de empregos tenha despencado em dezembro, a queda foi vista amplamente como temporária, dado o clima frio que atingiu o país durante o mês. “Deixando de lado o clima, se estivermos certos em pensar que a tendência de criação de
empregos ainda está melhorando, as famílias continuarão a gastar de modo mais desenfreado
em 2014”, disse o economista sênior da Capital Economics para
Estados Unidos Paul Dales.
As perspectivas de crescimento do quarto trimestre foram impulsionadas também por um se-
gundo relatório do Departamento
de Comércio, que mostrou que os
estoques no varejo excluindo automóveis tiveram crescimento de
0,6% em novembro, após avanço
de 0,3% em outubro.
O relatório também relata que
os estoques empresariais dos
EUA aumentaram em novembro,
sugerindo que sua reposição será
um impulso ao crescimento econômico no quarto trimestre, em
vez de ser um peso, como se temia anteriormente.
Queda na receita
das concessionárias
Uma frente fria durante o mês deve ter contribuído para a redução
das vendas de automóveis. As receitas de concessionárias de automóveis tiveram queda de 1,8%, a
maior desde outubro de 2012. Essas vendas haviam subido 1,9%
em novembro.
Isso limitou o desempenho geral das vendas no varejo para uma
alta de 0,2% em dezembro. No mês
anterior, haviam crescido 0,4%. O
desempenho de 2013 mostrou crescimento de 4,2 % do varejo.
Outro relatório, do Departamento do Trabalho, mostrou
que os preços de importados ficaram inesperadamente estáveis em dezembro, sem dar sinais de pressões inflacionárias
de importação.
A inflação doméstica continua
a ter tendência de baixa e a falta
de pressões de preços significa
que o Federal Reserve, banco central dos EUA, provavelmente manterá as taxas de juros perto de zero
por mais algum tempo, mesmo enquanto reduz suas compras de títulos mensais. Lucia Mutikani, Reuters
NÚMEROS
0,7%
1,8%
Foi a alta das vendas no varejo
em dezembro, excluindo
automóveis, gasolina,
materiais de construção
e serviços alimentares,
após crescimento
de 0,2% em novembro.
Foi a queda na receita
das concessionárias de
automóveis norte-americanas
em dezembro, a maior desde
outubro de 2012. As vendas
das montadoras haviam
subido 1,9% em novembro.
Frio excessivo
afetou as vendas
de carros, mas
não impediu
a alta do varejo
nos EUA
Quarta-feira, 15 de janeiro, 2014 Brasil Econômico 23
Seong Joon Cho/Bloomberg
CHEGA DE CRÍTICAS
Rússia expulsa jornalista dos EUA
A Rússia proibiu por cinco anos a entrada do jornalista americano
David Satter, crítico ao presidente Vladimir Putin. O Ministério das
Relações Exteriores russo afirmou que Satter, autor de três livros
sobre a Rússia, foi impedido de retornar ao país após “violação das
regras do visto”. Satter acusa o Serviço de Segurança russo de ser
responsável pelos ataques a bomba contra apartamentos em 1999.
Krisztian Bocsi/Bloomberg
Lagarde: decepção com reforma do FMI
A diretora-geral do Fundo Monetário
Internacional (FMI), Christine Lagarde,
lamentou que o Congresso
norte-americano tarde em aprovar a
reforma no sistema de quotas, anunciado
em 2010. A reforma visa alterar todo
o sistema de quotas e da própria gestão
do Fundo, dando mais poder de voto
a países como Brasil, Índia e China, que
se tornaria o terceiro maior acionista
da instituição. A decisão foi tomada
em 2010, após as conclusões do G20
sobre a evolução da economia global.
A administração de Barack Obama tem feito
força para que a reforma seja aprovada, mas
o Congresso, dominado pelos Republicanos,
tarda em aprovar a mesma, por considerar
que vai exigir um reforço substancial das
verbas canalizadas para o Fundo. “Estou
desapontada por não se terem dados os
passos necessários para a implementação
desta importante reforma. O mundo
está evoluindo e estamos totalmente
empenhados em ajudar os nossos membros
a finalizarem o que acordaram em 2010”,
afirmou Lagarde. Diário Económico
Timothy Clary/AFP
Fábrica em Munique: Alemanha teve crescimento mensal de 2,4%
Produção
industrial da
zona do euro
cresce 1,8%
Avanço em novembro foi o mais significativo desde
maio de 2010, impulsionado, principalmente, pelo
aumento de 3% na produção de bens de capital
A produção industrial da zona do
euro cresceu muito mais que o esperado em novembro, sinalizando ímpeto mais forte por trás da recuperação econômica do bloco no
último trimestre de 2013.
A produção industrial nos 17
países que compartilham o euro
saltou 1,8% em novembro na comparação mensal, após queda revisada de 0,8% em outubro, informou a agência de estatísticas da
União Europeia (UE), Eurostat.
O avanço mensal, o mais forte
da zona do euro desde maio de
2010, foi impulsionado por aumento de 3% na produção de bens
de capital e por crescimento de
2,2% na produção de bens de consumo duráveis, como eletrônicos
e carros. Economistas em pesquisa da Reuters esperavam que a produção aumentasse 1,4% na com-
paração mensal, contra queda de
1,1% divulgada anteriormente em
outubro do ano passado.
Em comparação com o mesmo
período do ano anterior, a produção industrial subiu 3% em novembro, após aumento revisado
de 0,5% em outubro.
Os dados apontam para uma leve aceleração da recuperação da
economia de 9,5 trilhões de euros
do bloco no último trimestre de
2013 em comparação com os três
meses anteriores, quando ela quase estagnou por causa do fraco desempenho da França e da Itália.
A produção na maior economia
da zona do euro, Alemanha, teve
crescimento mensal de 2,4% em
novembro, mostrando o maior aumento desde julho de 2011, enquanto a produção na segunda maior
economia, França, subiu 1,4%. AFP
24 Brasil Econômico Quarta-feira, 15 de janeiro, 2014
▲
MUNDO
China combate ‘corretamente’
o aquecimento global, diz ONU
Afirmação foi feita ontem durante conferência sobre mudanças climáticas, em Nova York. O maior emissor
de gases efeito estufa possui alguns dos mais rigorosos padrões de eficiência energética e de sustentabilidade
Frederic J. Brown/AFP
Ativistas do
Greenpeace em
frente a uma
das maiores
usinas movidas
a carvão,
em Pequim
Maior emissora de gases de efeito
estufa do mundo, a China é também o país que está “fazendo o
correto” em relação ao aquecimento global, afirmou a ONU.
O país tem alguns dos mais rigorosos padrões de eficiência energética para edifícios e meios de
transporte, e seu apoio à tecnologia fotovoltaica ajudou a reduzir
os custos dos painéis solares em
80% desde 2008, disse Christiana
Figueres, secretária-executiva da
Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, ontem,
em entrevista, na sede da Bloomberg News, em Nova York.
O país está enfrentando uma
crescente pressão pública dos cidadãos para reduzir a poluição do
ar, devida em grande parte à queima de carvão. Seus esforços para
promover a eficiência energética e
a energia renovável se baseiam na
constatação de que fazê-lo valerá
a pena no longo prazo, disse Figueres. “Eles realmente querem respirar um ar que não tenham que estar controlando”, disse ela. “Eles
não estão fazendo isso porque querem salvar o planeta. Eles estão fazendo isso porque é de interesse
nacional”, acrescentou.
A China também é capaz de implementar políticas porque sua
forma de governar evita alguns
dos obstáculos no poder legislativo vistos em países como os Estados Unidos, disse Figueres. Políticas-chave, reformas e nomeações
são decididas em uma sessão plenária ou em uma reunião do Comitê Central do Partido Comunista,
formado por mais de 200 membros. O Congresso Nacional do Povo, a legislatura unicameral da
China, em grande parte chancela
as decisões tomadas pelo partido
e outros órgãos executivos.
Christiana Figueres, de 57
anos, é responsável por guiar
mais de 190 estados-membros em
uma iniciativa liderada pela ONU
O país enfrenta uma
crescente pressão
pública dos cidadãos
para reduzir a poluição
do ar, devida em
grande parte à
queima de carvão
“
Eles realmente querem
respirar um ar que
não tenham que estar
controlando. Eles não
estão fazendo isso
porque querem salvar
o planeta. Eles estão
fazendo isso porque é
de interesse nacional”
Christiana Figueres
Secretária-executiva da
Convenção das Nações Unidas
sobre Mudanças Climáticas
para projetar um tratado internacional de luta contra o aquecimento global. A meta é assinar, em
2015, um tratado que passará a valer em 2020, substituindo o Protocolo de Kyoto, adotado em 1997.
O Protocolo de Kyoto, o único
tratado internacional sobre restrições às emissões, limita a poluição
por gases de efeito estufa em países
industrializados e permite que os
paísesmais pobres firmem compromissos voluntários. O Canadá retirou-se do tratado em 2011 e a Rússia e o Japão rejeitaram novas metas
depoisde 2012.Os EUAnunca oratificaram. Otratadofoiaplicado a menos de 15% das emissões globais.
Figueres espera que uma versão preliminar do tratado de 2015
seja discutida em reuniões em Lima, no Peru, em dezembro. A elaboração de um acordo será facilitada por outros países, como a China, que perceberam que reduzir a
mudança do clima redundará em
benefícios a longo prazo que compensam os custos de curto prazo.
Nos EUA, o Congresso dividido
politiza a mudança climática. A
administração de Barack Obama
deverá decidir, neste ano, a respeito dos limites para emissões em
usinas de energia, um movimento
que pode ajudar a cumprir a meta
de reduzir os gases de efeito estufa
em 17% até 2020. Não está claro se
as regras para usinas de energia e
outros esforços de Obama para enfrentar as mudanças climáticas se
traduzirão em uma meta mais ambiciosa para o pós-2020. Sangwon
Yoon, em Nova York, Bloomberg
Quarta-feira, 15 de janeiro, 2014 Brasil Econômico 25
Tom Starkweather/Bloomberg
ACERVO PRECIOSO
Filipinas quer obras de arte de volta
O governo filipino pretende recuperar três pinturas, inclusive uma
do impressionista francês Claude Monet, colocadas à venda por uma
ex-assessora de Imelda Marcos. Entre as obras que Vilma Bautista
conseguiu vender, por US$ 32 milhões, estava a tela “Le Bassin aux
Nympheas”, de Monet, da célebre série dos nenúfares. Elas foram
adquiridas com verbas estatais e fazem parte do acervo do governo.
Anne-Christine Poujoulat/AFP
Referendo deve dar
mais poder a general
MOMENTO “DOLOROSO”
É a terceira vez que os egípcios votam em disposições constitucionais, desde
2011. População acredita que comandante do Exército retomará a estabilidade
Egípcios começaram a votar ontem em um referendo constitucional, a primeira votação desde que
os militares derrubaram o presidente islamita Mohamed Mursi e
um acontecimento que deve dar a
largada para a candidatura presidencial do comandante do Exército, general Abdel Fattah al-Sisi.
Há poucas dúvidas de que os
egípcios, que realizaram enormes
protestos nas ruas antes da deposição de Mursi, vão comparecer em
grande número e votar “sim” no
referendo de dois dias, um marco
para o mapa desenhado pelo governo apoiado pelo Exército para
o futuro do país.
Sisi derrubou Mursi, o primeiro líder eleito democraticamente
no Egito, em julho. Os adversários
islamitas de Sisi o consideram o lí-
der de um golpe que resultou na
pior crise interna na história moderna do Egito e levou o país de
volta ao que críticos chamam de
Estado policial.
Mas muitos egípcios estão cansados da instabilidade política
que assola o Egito e afundou a economia desde a revolta popular que
derrubou o autocrata Hosni Mubarak em 2011, e veem Sisi como
uma figura decisiva que pode restabelecer a estabilidade.
Analistas dizem que o referendo também está se transformando em uma votação sobre a popularidade de um homem cuja imagem aparece em cartazes em todo
o Cairo. Se concorrer à presidência, Sisi é amplamente o favorito.
O referendo marca a terceira
vez que os egípcios votam em dis-
posições constitucionais desde a
revolta histórica contra Mubarak,
e no geral é a sexta vez que eles
vão às urnas desde sua queda.
A nova constituição vai substituir a sancionada por Mursi há
pouco mais de um ano, que também foi aprovada em referendo. O
novo texto reforça instituições do
Estado que desafiavam Mursi: os
militares, a polícia e o judiciário.
Hosni Mubarak pediu, ontem,
para votar, disse o advogado do expresidente. “É claro que será sim
pela Constituição”, disse Fareed
El-Deeb. Mubarak, que enfrenta
um novo julgamento pelo seu papel na morte de manifestantes durante uma revolta em 2011 que o tirou do poder, foi libertado da prisão em agosto e está em um hospital militar do Cairo. Reuters
Mohamed Abd El Ghany/Reuters
Eleição no Cairo: a nova constituição vai substituir a sancionada por Mursi há pouco mais de um ano
■ O presidente François Hollande reconheceu, ontem,
em entrevista coletiva, que está atravessando um momento
“doloroso” em seu relacionamento com a jornalista Valérie
Trierweiler, sua companheira oficial, após as revelações
da revista Closer sobre um suposto affair com a atriz
Julie Gayet (foto). Valérie foi hospitalizada algumas horas
após a divulgação das revelações e permanece internada.
O presidente se recusou a dizer se continua a viver com
a sua companheira oficial, mas prometeu “esclarecer”
sua situação privada antes de uma visita de Estado aos
Estados Unidos no dia 11 de fevereiro. AFP
EUA chamam de ofensivos comentários atribuídos a ministro de Israel
Yaalon diz que secretário
americano age motivado
por “uma obsessão
incompreensível”
Os EUA rebateram ontem as declarações atribuídas ao ministro da
Defesa de Israel, que teria sugeri-
do que a busca do secretário de Estado norte-americano, John Kerry, pela paz no Oriente Médio seria messiânica e obsessiva. “Os comentários do ministro da Defesa
(Moshe Yaalon), se precisos, são
ofensivos e inapropriados, especialmente diante de tudo que os
Estados Unidos estão fazendo pa-
ra apoiar as necessidades de Israel”, afirmou Jen Psaki, portavoz do Departamento de Estado,
num breve comunicando e numa
rara reprimenda ao aliado Israel.
A porta-voz fez o comentário
depois que o jornal mais vendido
em Israel publicou que Yaalon teria dito que John Kerry agia moti-
vado por “uma obsessão incompreensível e um sentimento messiânico” e não poderia ensiná-lo
nada sobre o conflito entres israelenses e palestinos.
Psaki divulgou a resposta em
Roma, onde Kerry fez uma breve
parada antes de ir para o Kuweit.
“O secretário Kerry e a sua equipe
têm trabalhado dia e noite para
tentar promover uma paz segura
para Israel, dada a preocupação
do secretário com Israel”, acrescentou a porta-voz. “Questionar
os motivos dele e distorcer as suas
propostas não é algo que esperaríamos do ministro da Defesa de um
aliado próximo.” Reuters
26 Brasil Econômico Quarta-feira, 15 de janeiro, 2014
OPINIÃO
Editoria de Arte
Sem confete
e serpentina
Vinícius Nobre
[email protected]
s brasileiros estão falando melhor inglês, embora o nível de
proficiência dos jovens não seja
compatível com o crescimento
econômico do país. Essa é uma
das conclusões da pesquisa da
EF Education First, que foi divulgada recentemente com grande repercussão. O
trabalho revela que, em um ano, o Brasil saltou do 46º para o 38º lugar no ranking de proficiência em inglês. Desde a
primeira edição do estudo, em 2009, a
pontuação do Brasil cresceu 2,8 pontos
chegando ao atuais 50,07 pontos.
A melhora da proficiência do brasileiro em inglês apontada, no entanto, não é
motivo de comemoração. Embora a pesquisa seja válida, é difícil criar-se uma
metodologia que avalie com tamanha precisão a proficiência de uma população. O
trabalho da EF envolveu um grupo de voluntários interessados no idioma. Como a
amostragem é limitada, não podemos
usar os resultados para medir a competência linguística de um país inteiro.
O Brasil apresenta baixa proficiência
em inglês por questões históricas. Na
verdade, estamos colhendo os frutos de
décadas de desvalorização do ensino de
inglês. Durante anos, a nossa sociedade
viveu sem a necessidade de falar a língua inglesa. Estudava quem gostava do
idioma, viajava ao Exterior ou trabalhava em uma multinacional.
Com a globalização, a procura pelo
inglês aumentou muito, mas o aprimoramento linguístico de uma população
exige tempo. A propósito, nunca acreditei que conseguiríamos capacitar satisfatoriamente a população brasileira para usar o inglês na Copa do Mundo. Um
aprendizado sólido não acontece em
um ou dois anos.
Hoje o Brasil possui mais professores
de inglês do que décadas atrás. Mas
uma boa parte deles tem algum tipo de
carência. Muitos sabem dar aula, mas
ainda precisam aprofundar-se no conhecimento do idioma. Brasileiros que
moraram fora do país tornam-se professores, mas não se aprofundam na ciência de aquisição de uma língua estrangeira ou em fundamentos didáticos e pedagógicos. Outros encaram a profissão
como um bico. Por isso não é incomum
no nosso setor ouvir a pergunta: “Você
trabalha ou só dá aulas de inglês?”
Na falta de um órgão regulador da
qualidade de ensino de inglês, muitas escolas recrutam professores sem qualificações, sem treinamento, sem registro
em carteira, sem suporte e com salários
pouco atraentes. Temos um mercado
com apelo comercial muito forte que faz
O
Na falta de um órgão
regulador da qualidade
de ensino de inglês,
muitas escolas
recrutam professores
sem qualificações
e sem treinamento
promessas infundadas com o simples objetivo de vender (como a ideia de que é
possível ser fluente em seis meses), que
alimentam expectativas inatingíveis
nos alunos e frustrações enormes.
Felizmente, nossa sociedade está cada vez mais consciente do processo que
envolve o aprendizado de inglês. Mas
muitos alunos ainda têm dificuldade para avaliar a qualidade dos seus cursos
porque não usam o inglês no dia-a-dia.
Essa situação potencializa a criação de
mitos perigosos como pensar que o professor nativo é o melhor professor; que
só se aprende inglês morando no exterior; que é possível aprender inglês só
com conversação ou que a aula particular é melhor do que em grupo.
A Cultura Inglesa de São Paulo concorda plenamente quando o estudo da EF
aponta que o aprendizado de inglês da população está condicionado à melhoria da
educação básica. Por isso desde 1995 a
Cultura Inglesa promove o Programa de
Formação Contínua de Professores de Inglês da Rede Pública que já atingiu mais
de seis mil educadores com três cursos
gratuitos: um de extensão de inglês, um
curso on-line de aperfeiçoamento pedagógico e uma pós-graduação Lato Sensu
em reflexão sobre a prática pedagógica.
Para quem quer aprender inglês, o
Brasil possui escolas de ponta e profissionais exemplares. Mas estamos cada
vez mais sofrendo as consequências de
faculdades que fecham seus cursos de
Letras porque ninguém mais quer ser
professor. O desafio de inserir o ensino
do inglês na realidade da educação em
geral fica cada vez maior.
O próprio Ministério da Educação reconhece que faltam professores em diversas áreas. Se essa tendência não for
revertida, corremos o sério de risco de
no futuro não encontrarmos mais pessoas que queiram ensinar. E o mais
preocupante é que o país só vai perceber que não tem professores, quando já
for tarde demais.
Vínicius Nobre é gerente acadêmico da Cultura
Inglesa de São Paulo e ex-presidente da Braz-Tesol
Quarta-feira, 15 de janeiro, 2014 Brasil Econômico 27
ADOLFO MENEZES MELITO
PEDRO BELCHIOR
Presidente do Conselho de Criatividade
e Inovação da Fecomercio-SP
Professor do Centro de Tecnologia
e Sociedade da FGV-Direito Rio
A economia criativa e
o novo ciclo econômico
Um olhar para trás na
indústria do entretenimento
O economista norte-americano Joseph Stiglitz, ganhador
do Prêmio Nobel de Economia em 2001 pela teoria sobre a assimetria de informações em transações, publicou um artigo
na Vanity Fair sobre a recente crise financeira, que teve como origem o excesso de recursos depositados no crescimento do mercado imobiliário norte-americano.
Feitas todas as promessas para um proveitoso 2014, aos poucos voltamos à rigidez da rotina e tentamos separar o que é possível cumprir daquilo que ficará para um futuro próximo. É justamente com essa mentalidade que precisamos olhar para a indústria do entretenimento e compreender quais das inúmeras
resoluções devem ser priorizadas nesse novo ano que se inicia.
Stiglitz, crítico da gestão liberal da
globalização, do Banco Mundial — de
cuja diretoria foi membro — e do Fundo Monetário Internacional, traça
um paralelo entre as raízes da Grande
Depressão e o movimento lento de recuperação da economia norte-americana, passados cinco anos desde a
quebra do Banco Lehman Brothers.
A tese coloca holofotes na queda
de empregos na agricultura norteamericana e na consequente redução dos rendimentos no campo na
década de 30, promovida pelo aumento de produtividade decorrente
de inovações. O endividamento das
famílias para manter o padrão de
consumo não pôde ser sustentado
com a queda dos rendimentos e
com o crash da Bolsa. Os bancos tiveram que ser resgatados para evitar um prejuízo maior.
Sem dúvidas que 2013 foi um ano
de importantes desenvolvimentos
para o entretenimento. Apenas para
começar, o recente lançamento do
game Grand Theft Auto V (GTA V) arrecadou US$ 1 bilhão em apenas três
dias e, por via de consequência, sepultou de vez as contumazes comparações entre o mercado dos jogos e o
mercado do cinema. Afinal, os mais
de US$ 30 bilhões movidos por ano
pelo cinema sequer chegaram perto
dos US$ 70 bilhões faturados pela indústria dos games. E os números tendem a aumentar em 2014.
Mas isso não significa que o mercado cinematográfico estivesse mal das
pernas em 2013. Já se percebem os
efeitos nas atividades dos produtores
audiovisuais brasileiros desde a entrada em vigor da “Lei da TV Paga”, que
previu as cotas mínimas de exibição
de produtos nacionais com o intuito
de gerar alguma demanda que influenciasse o investimento privado.
Não é só o alto custo que
exporta empregos para
países de mão-de-obra
barata. Esses migram
também para países que
contam com melhor
uso da tecnologia
Algo semelhante teria acontecido
na recente crise. Para manter o padrão de consumo, as famílias se endividaram por meio de hipotecas.
Com o estouro da bolha imobiliária,
o desemprego explodiu e os bancos
foram novamente resgatados para se
evitar um mal ainda pior.
Tanto na Grande Depressão como
em outras ocasiões, a perda de empregos ocorreu pela melhora da eficiência. Bruce Greenwald, colega de pesquisa de Stiglitz na Columbia University, também citado no artigo, descarta
que o movimento ocorrido na década
de 90 tenha sido motivado pela globalização, atribuindo à produtividade.
Mesmo com a recente recuperação da economia norte-americana,
ainda é alta a taxa de desemprego e é
provável que o socorro bancário realizado recentemente não deverá restabelecer o equilíbrio.
Isso porque duas disfunções precisam ser obrigatoriamente analisadas.
A primeira é o papel dos bancos, que
preferem se dedicar a engenharias financeiras e ao mercado de derivativos, ou ainda investir em dívida pública a financiar segmentos da economia
que mais geram emprego, que são as
micro e pequenas empresas. A segunda diz respeito à habilidade de governosaoredordomundoeminvestircorretamente para gerar o tipo de emprego que alavanque novos e promissores
segmentos da economia, incluindo,
naturalmente, a economia criativa.
Esses investimentos devem focar
educação, tecnologia e infraestrutura. No caso norte-americano, como
foram setores pouco investidos em
anos recentes, investimentos incrementais devem gerar impacto importante na economia. O foco em novas
fontes de energia e a capacidade do governo de gerar receitas adicionais via
impostos é provavelmente um bom
caminho para os Estados Unidos.
Vale lembrar que não é só o alto
custo que exporta empregos para países de mão-de-obra barata. Esses migram também para países que contam com melhor infraestrutura, educação e uso da tecnologia.
No caso brasileiro, portanto, o desafio é articular de maneira democrática as forças da sociedade para
um amplo debate sobre os caminhos do desenvolvimento. O gap de
investimentos em educação, tecnologia e infraestrutura é imenso e não
permite que as decisões sejam tomadas de forma centralizada e com foco no curtíssimo prazo, como tem sido, aliás, a gestão da nossa economia nos anos recentes.
Mais um ano se passou
sem que fosse aprovado
o Marco Civil da Internet
e regulamentadas as
condutas na rede, o que
traria maior segurança
às atividades econômicas
E não foram apenas as imagens
que ocuparam o mercado em 2013. A
indústria da música foi coroada também com um interessante avanço,
afastando cada vez mais fantasmas
de um passado recente. Como se não
bastasse a reforma da gestão coletiva, focada na maior transparência
das atividades do ECAD e na proteção da concorrência, alguns mitos foram desmentidos nesse último ano.
É nesse ponto que mais uma pesquisa inglesa reafirmou a adaptação
das indústrias criativas aos novos mo-
delos de negócios impostos pela cultura digital e que não sobra mais espaço para os impertinentes alarmes de
uma suposta queda geral de receitas
em razão de pirataria na rede. O fato
é ilustrado pelo lançamento on-line
do novo álbum da cantora Britney
Spears, que passou a ocupar a posição de mais veloz a chegar ao topo de
vendas no iTunes americano, após
meros 19 minutos de seu início.
Apesar das boas notícias, 2013 não
foi um ano apenas de avanços. Três assuntos extremamente polêmicos se arrastaram pela virada do ano e poderão
afetar as resoluções da indústria do entretenimento para um bom 2014. São
eles: internet, biografias e futebol.
Alguns infundados argumentos
originados das legítimas decisões do
Superior Tribunal de Justiça Desportiva colocam em risco o mercado em
pleno ano de Copa do Mundo no Brasil, como se já não bastasse a falta de
confiança causada pela má gestão
dos organizadores do megaevento.
Paralelamente, os interesses particulares de poderosos grupos artísticos tendem a desvirtuar a liberdade
de expressão de biógrafos, assim como perigam a prejudicar os mais básicos direitos ao acesso à cultura e ao conhecimento por parte da sociedade.
É notória a necessidade de prever um
meio termo entre a proteção da esfera
privada de personalidades famosas e
o radicalismo do sistema atual que impede a publicação de praticamente
qualquer obra biográfica legítima.
De outro lado, mais um ano se passou sem que fosse aprovado o Marco
Civil da Internet e regulamentadas as
condutas na rede, o que por si só traria maior segurança ao exercício das
atividades econômicas vinculadas.
Diante do contexto, esperamos
que as polêmicas de 2013 não nos
atrapalhem de cumprir as promissoras resoluções da indústria do entretenimento para 2014.
Presidente do Conselho de Administração Maria Alexandra Mascarenhas
Diretor Presidente José Mascarenhas
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28 Brasil Econômico Quarta-feira, 15 de janeiro, 2014
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PONTO FINAL
GABRIEL DE SALES Editor
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Mesmo com um momento de satisfação, como relata na terceira estrofe (“Entrou uma moça se arrequebrando... No meu colo ela foi sentando...Pra morde o bonde que estava andando... Sem a tarzinha está esperando”), termina desistindo da capital (“Eu vou m’imbora
pra minha terra...Esta porquêra inda vira em guerra).
AROEIRA
Entre interioranos mais idosos
são comuns relatos deixados pelos
avós sobre a aventura de um passeio até a capital paulista nas primeiras décadas do século 20. Embora na metrópole praticamente
tudo fosse novidade para eles, decepcionavam-se com o grande movimento em que predominavam
os bondes, carruagens e os primei-
As iniciativas pelo
ordenamento do
transporte público não
podem se restringir ao
município paulistano,
mas devem incluir
outros da região
metropolitana, entre
os quais os do ABCD
Asiniciativas nesse sentido, contudo, encontrarão muitos obstáculos para serem implementadas, a
julgar pelo posicionamento do prefeito de São Bernardo do Campo,
quarto maior município paulista
por habitantes, depois da capital,
Guarulhos e Campinas. Em recente entrevista, o chefe do executivo
são-bernardense colocou-se claramente a favor do transporte individual, alegando que “não podemos
ficar contra os automóveis”. “Até
mesmo por que o município é fabricante de veículos”, justifica.
Tal postura conflitante com a da
administração paulistana peca ao se
contrapor a uma iniciativa que, pela
primeiravez,tentacriarumordenamento no trânsito da região metropolitana para que seus habitantes
deixem de levar “trancos”.Ea justificativa soa tão absurda como se, de
repente, o prefeito de Santa Cruz do
Sul, no Rio Grande do Sul, passasse
a defender os fumantes e a estimular ovício docigarro porser o município centro do principal polo brasileiro produtor de fumo.
SOBE E DESCE
Wilson Dias/ABr
N
o final dos anos 20, portanto há quase um século, o folclorista
e compositor Cornélio Pires sintetizou, com muito humor,
em “Bonde Camarão”, que compôs com Mariano da Silva,
o desapontamento dos habitantes do interior paulista e de outros
estados com a “agitação” paulistana. “Aqui em São Paulo o que mais
me amola... É esses bonde que nem gaiola”, diz a letra, de 1929,
referindo-se aos bondes avermelhados, o principal meio de transporte
público na capital, que sobreviveram até o final da década de 60.
Ele conta suas desventuras no bonde (“levei um tranco e quebrei
a viola”) em linguagem caipira, estilo pouco aceito nos dias atuais,
mas de enorme sucesso na época, primeiro nos gramofones e, depois,
no rádio, a grande novidade que chegava aos lares brasileiros.
ros automóveis que também começavam a chegar ao país.
É inacreditável e inconcebível
que as mazelas paulistanas observadas por humildes interioranos há
quase cem anos tenham se avolumado e chegado a um ponto que
muitos consideram sem controle.
Mesmo grandesobrasnão foram capazes de atender à demanda crescente de uma população de migrantes atraída pela industrialização e
consequente expansão dos serviços na capital e no seu entorno.
Diante desse quadro pouco animador em que em determinadas
ruas e avenidas a velocidade média dos carros é igual à das carruagens puxadas por cavalos várias
décadas atrás, a atual administração paulistana indica uma tendência de priorizar os transporte coletivo, penalizando o individual em
boa parte da cidade.
Como defendem urbanistas, as
ações não podem se restringir ao
município paulistano, mas incluir
vários outros da regiãometropolitana, entre os quais os do ABCD.
■ Rodrigo Janot,
procurador-geral da República,
pediu ao Tribunal Superior
Eleitoral mudança na norma
que limita o poder de
investigação do Ministério
Público Eleitoral.
José Pedro Monteiro
TEM COMPANHEIRO NA CONTRAMÃO
■ Alex Porto, presidente do
grupo Galileu Educacional, dono
da Gama Filho e da UniverCidade,
pediu ontem paciência aos alunos
afetados pelo descredenciamento
das duas universidades
particulares pelo MEC.
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