I. Os Fundamentos 1. INTRODUÇÃO À CIÊNCIA E ENGENHARIA DOS MATERIAIS Desde a pré-História que o homem utiliza os materiais primeiramente apenas os naturais e mais tarde começou a transforma-los e a criar novos materiais sempre que a necessidade e o engenho o requeiram 1. 1. MATERIAIS E ENGENHARIA Materiais = Substancias necessárias à fabricação de objectos e equipamentos para a sociedade Todos os produtos são feitos de materiais: Materiais comuns – papel, cobre, aço, vidro, borracha, etc. Novos materiais – fruto das actividades de IDT (Investigação e desenvolvimento tecnológico) “Uma vez que qualquer produto incorpora materiais, o engenheiro deve ser conhecedor da estrutura interna e das propriedades dos materiais, de modo a estarem aptos a seleccionar os mais adequados para cada aplicação e a serem capazes de desenvolver os melhores métodos de produção.” 1 ENGENHEIROS DE IDT trabalham para CRIAR NOVOS MATERIAIS MODIFICAR PROP. MATERIAIS JÁ EXISTENTES informação ENGENHEIROS DE PROJECTO usam materiais JÁ EXISTENTES, MODIFICADOS OU NOVOS para obter novos produtos ou sistemas Exemplo: Projecto de um caça invisivel robô supersonico surgiu a necessidade de desenvolver novos materiais capases de suportar temperaturas até 1800ºC, para que se possa atingir velocidades entre 12 a 25 Mach. - Liga de titânio Timetal 21S reforçada com fibras de carbono 2 Procura de novos materiais Actividade Ininterrupta I. Engenheiros Mecânicos - materiais utilizáveis a temperaturas mais elevadas para que os motores a jacto tenham maior eficiência II. Engenheiros Electrotécnicos - novos materiais supercondutores para que os equipamentos electrónicos possam operar de modo mais rápido e a temperaturas mais elevadas III. Engenheiros Aeroespaciais - materiais c/ melhor relação resistência /peso IV. Engenheiros Químicos - materiais c/ grande resistência à corrosão 1. 2. CIÊNCIA DE MATERIAIS E ENGENHARIA DE MATERIAIS CIÊNCIA DE MATERIAIS : Visa o conhecimento fundamental nos domínios da estrutura interna, propriedades e processamento de materiais ENGENHARIA DE MATERIAIS : Visa a aplicação desses conhecimentos científicos, de modo que os materiais possam ser convertidos em produtos úteis 3 1. 3. TIPOS DE MATERIAIS como classificar os Materiais de Engenharia? (matérias primas) I. Obtenção : - Materiais naturais - Materiais sintéticos II. Ligações Químicas : - Covalentes - Iónicas - Metálicas - Van der Walls III. Estrutura / Microestrutura : - Cristalina - Amorfa - Compósitos 4 IV. Propriedades : - Materiais metálicos - Materiais não-metálicos orgânicos - Materiais poliméricos - Materiais não-metálicos inorgânicos - Materiais cerâmicos - Materiais compósitos - Materiais electrónicos - Materiais semi-condutores 5 Materiais Metálicos : - Ferrosos se % Fe é elevada - Não Ferrosos se % Fe é baixa ou nula - Substâncias Inorgânicas - Contêm 1 ou + elementos metálicos, podendo conter elementos não metálicos - Estrutura cristalina - Bons condutores térmicos e eléctricos - Em geral boa resistência mecânica a temperaturas elevadas - Apresentam boa ductilidade à temperatura ambiente 6 Materiais Poliméricos : - Cadeias longas ou redes de moléculas orgânicas - Maioria é não cristalina , podendo existir como uma mistura de regiões cristalinas e não cristalinas. - Resistência mecânica e ductilidade variável - Maus condutores eléctricos - Apresentam baixas densidades, amaciam e decompõem-se a temperaturas relativamente baixas 7 Materiais Cerâmicos : - Inorgânicos, constituídos por elementos metálicos e nãometálicos, ligados quimicamente entre si. - Podem se apresentar com estrutura cristalina, ou não, ou ainda numa mistura dos dois tipos. - Elevada dureza, elevada resistência mecânica a altas temperaturas, fraca capacidade para se deformar (material frágil) Modulo Integrado de - Elevado ponto de fusão (material refractário) - Bom comportamento ao desgaste - Bom comportamento à corrosão condensador cerâmico - Bons isolantes térmicos e eléctricos - Baixa densidade componentes cerâmicos 8 Materiais Compósitos : - Mistura de 2 ou mais materiais não miscíveis: Um material de reforço ou de enchimento + um material ligante (ou matriz) - Propriedades e características diversas: - Altas propriedades mecânicas e baixas densidades - Compósitos com razões módulo/peso e resistência/peso superiores à 9 de materiais cerâmicos, poliméricos e metálicos IV. Utilização no domínio da Electrotécnia: - Materiais condutores Elevada Condutividade Eléctrica - Materiais metálicos : Ag, Cu, Al e suas ligas (cabos e fios condutores) - Carvão (escovas dos motores, resistências, contactos) - Electrólito (acumuladores de energia eléctrica) - Materiais resistentes > grau de dificuldade da circulação contínua de uma corrente eléctrica, através duma determinada substancia condutora - Materiais metálicos: Ni, Cr - Materiais magnéticos (Fe, Magnetite), paramagnéticos (Ni, Cr, Co), diamagnéticos (Cu, Bi) - Materiais semi-condutores Sob determinadas condições são condutores - Selénio, Germânio, Estanho - Materiais isolantes Baixa Condutividade Eléctrica - Materiais supercondutores 10 Após uma descrição sumária de alguns tipos de materiais vai-se seguir a apresentação de diversos aspectos que contribuem para conhecer melhor os materiais e o seu processo de fabrico II. Estrutura e Ligação Atómica 2. 1. ESTRUTURA DOS ÁTOMOS - Dimensões - na ordem de 10-14 m - Partículas subatómicas Neutrão Protão Electrão neutrão protão electrão Núcleo - Peso - Carga 1,675x10-24 g 1,673x10-24 g 9,109x10-28 g 0C +1,602x10-19 C -1,602x10-19 C Os electrões mais exteriores determinam a maioria das propriedades eléctricas, mecânicas, químicas e térmicas dos átomos O conhecimento da estrutura atómica é importante para o estudo dos materiais de engenharia 11 2. 2. NÚMEROS ÁTOMICOS E MASSAS ATÓMICAS Número atómico de um átomo indica o número de protões do núcleo (num Z átomo neutro o número atómico é igual ao número de electrões) Característico de cada elemento químico (= Nº do BI do átomo) TABELA PERIODICA Massa atómica relativa de um elemento é a massa, em gramas, de 1 mole de átomos desse elemento (= 6,023x1023 átomos = NA, número de Avogadro) o valor na TP vem em (g/mol) C12 - Massa de referência das massas atómicas ( 6 protões + 6 neutrões) = 12u 1uma (unidade de massa atómica) = 1/12 x massa do átomo de carbono =(1/12)x12= 1u 12 TABELA PERIODICA 13 Exercicio 1: a) Qual é a massa em gramas de um átomo de cobre? b) Quantos átomos de cobre há em 1 g de cobre? Exercicio Exercicio1: 1: Da DaTP TPmassa massaatómica atómicarelativa relativado doCu Cuéé63,54 63,54g/mol: g/mol: a) a) 63,54 63,54gg XXgg 23 6,02x10 6,02x1023átomos átomosde deCu Cu 11átomo átomode deCu Cu -23 XX==1,05 1,05xx10 10-23 gg -23 b) 1,05 b)11átomo átomode deCu Cu 1,05xx10 10-23 gg YYátomos 11gg átomosde deCu Cu Exercicio 2: Um composto intermetálico tem a fórmula química global de NixAly, onde x e y são números inteiros, e contém 42,04% pond. de níquel e 57,96% pond. de alumínio. Qual a formula mais simples possível deste alumineto de níquel. Este Esteéépara paravocês vocêsfazerem! fazerem! Coragem! Coragem! 14 2. 3. ESTRUTURA ELECTRÓNICA DOS ÁTOMOS - Modelo de Bohr (1913) : Compara o átomo ao sistema solar, onde à volta Átomo de Hidrogénio dum núcleo (sol) movem-se os electrões (planetas em certas orbitais, bem definidas, circulares ou elípticas permitidas em torno do núcleo. NIVEIS DE ENERGIA Fotão Fotão ΔE = hν ΔE = hν Leis da mecânica quântica Equação Equaçãode dePlanck Planck ΔE ΔE==hν hν νν(niu) (niu)==frequência frequênciado dofotão fotão -34 hh==cte. cte.de dePlack Plack==6,63x10 6,63x10-34J⋅s J⋅s n=1 n=1 n=2 n=2 n=3 n=3 Para Paraaaradiação radiaçãoelectromagnética electromagnética: : cc==λν λν 8 cc==velocidade velocidadeda daluz luz==3x10 3x108m/s m/s λλ(lambda) = comprimento de onda (lambda) = comprimento de onda ΔE ΔE(fotão) (fotão)==hc hc//λλ A quantidade discreta (quantum) de energia abs. ou emit. durante a transição do electrão de hidrogénio para um nível de energia sup. ou inf. apresenta-se sob a forma de radiação electromagnética, designada por fotão 15 Energia absorvida Energia emitida Modelo de Bohr desenvolvido em 1913 para o átomo de hidrogénio : 1) 2) Verificação experimental das energias associadas à excitação ou à perda de energia do electrão na passagem para níveis discretos de energia é obtida pela determinação dos comprimentos de onda e intensidades de riscas espectrais. Boa estimativa teórica da energia do electrão do hidrogénio nos níveis de energia permitidos com a equação de Bohr 2π 2 m e 4 13 ,6 E = − = − eV 2 2 n h n2 ( n = 1 , 2 , 3 , ....) EE==carga cargado doelectrão electrão mm==massa massado doelectrão electrão nn==nº nºquântico quânticoprincipal principal Esquema das riscas espectrais atómicas No estado fundamental o nível de energia do electrão do hidrogénio é -13,6 eV, com n = 1 (está mais perto do núcleo) = Energia de ionização do electrão de H Ao ser excitado para níveis de energia superiores n = 2, n = 3 o respectivo valor numérico vai diminuindo para -3,4 eV e -1,5 eV respectivamente. No estado livre n = ∞ a energia do electrão é nula. 16 Movimento dos electrões é mais complicado do que o descrito no simples modelo atómico de Bohr - Moderna teoria quântica - Heisenberg (1932) 1º) Principio de incerteza de Heisenberg : A posição exacta de um electrão num instante qualquer não pode ser determinada, porque o electrão é uma partícula muito pequena. Distribuição de carga na nuvem electrónica para representar a posição do electrão no seu movimento orbital em torno do núcleo + r = 0,05 nm Electrão 1s Átomo de Hidrogénio 17 2º) Números quânticos dos electrões nos átomos : O movimento dum electrão em volta do respectivo núcleo e a sua energia são caracterizados por quatro números quânticos: - Número Quântico Principal n representa os níveis de energia principais do electrão n = 1, 2, 3, 4, … , 7 (camadas no espaço nas quais é grande a probabilidade de encontrar um electrão com um valor particular de n) distancia da camada (electrão) ao núcleo - Número Quântico Secundário ORBITAL l l l representa os sub-níveis de energia dentro dos níveis principais de energia = 0, 1, 2, 3, … , n-1 (máximo valor de l ) Sub-camadas no espaço nas quais é grande a probabilidade de encontrar um electrão se esse nível de energia estiver ocupado = s, p, d, f n=1 n=2 n=3 n=4 (sub-camada, sub-nível ou orbital) l l l l =n-1=1-1=0 =n-1=2-1=1 =n-1=3-1=2 =n-1=4-1=3 l l l l =0 = 0, 1 = 0, 1, 2 = 0, 1, 2, 3 ou l = s ou l = s, p ou l = s, p, d ou l = s, p, d, f 18 - Número Quântico Magnético ml indica a orientação espacial de uma dada orbital atómica o valor de ml varia de - l a + l incluindo o zero, ou seja: Número de diferentes orientações possíveis de uma orbital é (2 l + 1): Há (2 l + 1) valores permitidos de ml Qual o número máximo de orbitais para cada sub-nível s, p, d, f ? l l l =0=s ml = 0 Nº orientações (2 x 0 + 1)= 1 orbital s =1=p ml = -1, 0, 1 Nº orientações (2 x 1 + 1)= 3 orbital p =2=d ml = -2, -1, 0, 1, 2 Nº orientações (2 x 2 + 1)= 5 orbital s - Número Quântico de Spin do electrão ms representa os dois sentidos de rotação possíveis do electrão em torno de um eixo próprio Dois electrões podem ocupar a mesma orbital mas os seus spins têm de ser opostos: ms = +1/2, -1/2 Segundo o Princípio de exclusão de Pauli (1945) da teoria atómica Dois electrões não podem ter o mesmo conjunto de quatro números quânticos 19 Número máximo de electrões em cada camada atómica 2n2 Qual o número máximo de electrões em cada nível ? n=1 n=2 n=3 1 orbital s – 1 orbital s – 3 orbital p – 1 orbital s – 3 orbital p – 5 orbital p – 2enº electrões = 2n2 = 2x12 = 2 1 x 2e- = 2e- nº electrões = 2n2 = 2x22 = 8 3 x 2e- = 6e1 x 2e- = 2e- nº electrões = 2n2 = 2x32 = 18 3 x 2e- = 6e5 x 2e- = 10e- Configurações electrónicas dos elementos Tem a ver com a forma como os electrões estão dispostos nas orbitais do átomo Notação convencional: 1º) nº quântico principal, 2º) letra da orbital 3º) índice sup. sobre a letra = nº de electrões que cada orbital tem 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d10 4p6 5s2 4d10 5p6 6s2 Truque para recordar a regra NOTA: No Fe a sub-orbital 3d é incompleta o que vai causar o comportamento magnético do ferro 20 Truque para escrever as configurações electrónicas 7s 6s 5s 4s 3s 2s 1s 7p 6p 5p 4p 3p 2p 7d 6d 5d 4d 3d 6f 5f 4f 21 Tamanho atómico tirando certas excepções o tamanho atómico aumenta à medida que camadas sucessivas de número quântico principal cresce. Da direita para a esquerda ao longo dos períodos Da esquerda para a direita, encontraremos cargas nucleares (+) progressivamente maiores. Quanto maior a carga nuclear, maior a força de atracção que o núcleo exercerá sobre os electrões. Essa força fará os electrões ficarem mais próximos do núcleo, diminuindo, o tamanho do átomo. De cima para baixo ao longo dos grupos efeito de blindagem: a força de atracão entre a carga do núcleo (+) e os elétrons (-) das camadas mais externas sofre um enfraquecimento devido à presença dos electrões das camadas mais internas. Esses últimos electrões, por essa razão, ficarão mais distantes do núcleo, o que resultará num maior tamanho do átomo. 22 Estrutura electrónica e reactividade química 1) Gases Nobres – Mais estáveis – Menos reactivos elevada estabilidade química configuração da camada exterior s2 p6 (excepção para o Hélio 1s2) totalmente preenchida de electrões 2) Elementos Electronegativos e Electropositivos – -Natureza não metálica - 4 ou + electrões nas camadas exteriores - Ganham electrões nas reacções químicas Formam iões negativos – ANIÕES - Nº e- recebidos = nº de oxidação negativo -Grupos + electronegativos 16 e 17 da TP - Altas electronegatividades -Natureza metálica - Poucos electrões nas camadas exteriores - Perdem electrões nas reacções químicas Formam iões positivos – CATIÕES - Nº e- perdidos = nº de oxidação positivo -Grupos + electropositivos I e 2 da TP - Baixas electronegatividades Elementos com comportamento duplo: Carbono, silício, germânio, arsénio, antimónio e fósforo 23 3) Electronegatividade: É o grau de intensidade com que o átomo atrai electrões Muito importante no estudo das ligações químicas Tendência de comportamento electropositivo ou electronegativo do átomo é quantificada pelo nº de electronegatividade varia entre 0 a 4,1 Electropositivos – 0,9 (Cs); 1,0 (Na, Li) Electronegativos – 4,1 (F); 3,5 (O); 3,1 (N) Comportamento duplo – 2,5 (C); 1,8 (Si); 2,0 (Ge); 2,1 (P); 2,2 (As) 24 4) Valência: É a capacidade do átomo entrar numa combinação química com outros elementos. É determinado pelo nº de electrões dos níveis s, p mais exteriores. Mg – 1s2 2s2 2p6 3s2 - (valência = 2) Al – 1s2 2s2 2p6 3s2 3p1 - (valência = 3) 25 2. 4. TIPOS DE LIGAÇÃO ATÓMICA E MOLÉCULAR Ligação química entre átomos ocorre porque há uma diminuição global da energia potencial dos átomos no estado ligado. Condição energética mais estável 26 CLASSIFICAÇÃO DAS LIGAÇÕES QUÍMICAS ENTRE ATÓMOS 1. LIGAÇÕES ATÓMICAS PRIMÁRIAS – forças interatómicas fortes A. Ligações iónicas B. Ligações covalentes C. Ligações metálicas 2. LIGAÇÕES ATÓMICAS E MOLÉCULARES SECUNDÁRIAS – forças interatómicas fortes A. Ligações de dipolo permanente B. Ligações de dipolo flutuante A temperatura de fusão e as propriedades coesivas dos sólidos reflectem a magnitude da energia de ligação Ligação iónica – E = 625 a 1550 kJ/mol Ligação covalente – E = 520 a 1250 kJ/mol Ligação metálica – E = 100 a 800 kJ/mol Ligação van der Walls – E < 40 kJ/mol Energia de ligação Resistência do material Temperatura de fusão - Coeficiente de expansão térmica está relacionado com a curva F-d (ver acetato) 27 2. 4. 1. LIGAÇÃO IÓNICA Ligação característica entre elementos fortemente electropositivos (metálicos) e os fortemente electronegativos (não-metálicos). Situam-se no mesmo período 1º) Processo de Ionização 3s1 Transferência de electrões 3p6 (-) (+) + Átomo de Na Ra=0,192 nm Átomo de Cl Ra=0,099 nm Catião (+) Ião de Na+ Ri=0,095 nm Anião (-) Ião de ClRi=0,181 nm 2º) Formação da ligação iónica entre iões de cargas opostas Forças na ligação iónica são forças electrostáticas ou de Coulomb 28 entre iões de cargas opostas Forças de Coulomb durante a aproximação de 2 iões de cargas opostas Z1 nº e- removidos (+) durante a ionização Z2 nº e- adicionad. (-) durante a ionização e carga do electrão a distancia interiónica ε permitividade vácuo = 8,85x10-12 C2/(Nm2) Fatractiva = − ( Z1e )( Z 2 e ) 4πε 0 a 2 29 Equilíbrio de Forças atrativa e repulsiva durante a aproximação de 2 iões de cargas opostas Interacção entre as nuvens electrónicas origina forças repulsivas Fatractiva = − F resultante = F atractiva + F repulsiva ( Z1e )( Z 2 e ) 4πε 0 a 2 Z1 nº e- removidos (+) durante a ionização Z2 nº e- adicionad. (-) durante a ionização e carga do electrão a distancia interiónica ε permitividade vácuo = 8,85x10-12 C2/(Nm2) b, n constantes Frepulsiva = − anb n +1 30 Força de ligação e Energia de ligação 31 Sólido Iónico CsCl Natureza não direccional Atracção electrostática de cargas simétricas é independente da orientação das cargas Arranjo geométrico de forma a manter a neutralidade eléctrica do sólido: - Estruturas simples - Estruturas complexas ( qd. razão entre raios do catião e do anião diminui) Propriedades do Sólido Iónico - Energias de rede (ligação) elevada 600 a 4000 kJ/mol Grupo – Quanto raio iónico Energia libertada Múltiplos electrões de ligação Energia libertada - Pontos de fusão elevados - Estruturas simples - Estruturas complexas ( qd. razão entre raios do catião e do anião diminui) - Elevada dureza – material fragil (acetato pag. 52) - Isolantes térmicos e eléctricos (acetato pag. 57) 32 2. 4. 2. LIGAÇÃO COVALENTE - Ligação característica entre elementos com pequenas diferenças de electronegatividade e que estão próximos na tabela periódica - Atomos de não-metais e/ou hidrogénio compartilham pares de elétrões - Os átomos partilham com outros átomos os seus electrões s e p exteriores Resultando que cada átomo fica com uma configuração electrónica de gás nobre A estabilidade da ligação covalente provém da diminuição energética que experimentam os átomos ao ligarem-se. A formação da ligação covalente explica-se mediante duas teorias: a teoria da ligação de valência e a teoria da orbital molecular. Na teoria da ligação de valência supõe-se que a ligação se forma quando os dois átomos se aproximam o suficiente para conseguirem uma adequada sobreposição das suas orbitais externas. 33 Ligação covalente comum – na ligação covalente comum, o par de electrões é formado por um electrão de cada átomo, não importando se os átomos são iguais ou diferentes. Esse par de electrões passa a pertencer simultaneamente a dois átomos. O número de pares formados depende do número de electrões que faltam para cada átomo atingir a estabilidade. A valência dos átomos é determinada pelo número de pares electrónicos da ligação. As moléculas são formadas pela partilha de pares de electrões; as substâncias assim originadas denominam-se moleculares. 34 Arranjo atómico Natureza direccional Arranjo geométrico “diverso” Simples dos gases. Ex: Cl2 partilha 1 par de electrões orbital 3p 3p6 Moléculas Diatómicas 3s23p5 (Simples F2, duplas O2, triplas N2) Energia de ligação 35 Sólido Covalente Em materiais poliméricos Ex: Etileno e Polietileno Reticulado 36 Sólido Covalente Em materiais semi-metálicos e cerâmicos – Ex: Silício e Sílica (SiO2) Silício (Si) Sílica (SiO2) lig. mista = iónica- transf. e- + covalente- partilha e- Ligação covalente tetraédricas com 4 orbitais sp3 (orbitais híbridas) Ângulo entre orbitais 109,5º 37 Origem: Mineral, biogênica ou sintética Classificação: a- formas cristalinas natural - , ß quartzo; , ß1, ß2, tridimita; , ß cristobalita; coesita; stishovita; moganita, keatita. sintética - keatita; sílica W; porosils b- formas amorfas natural - opala; sílica biogênica; terras diatomácias; fibras de sílica; sílica vítrea. sintética - sílica fundida; pirogênica ou sílica evaporada; sílica precipitada; sílica coloidal; sílica gel. c- Rochas contendo sílica (>90% de SiO2) quartzito, quartzo arenito, diatomita, porcelanita, sílex córneo, gueiserita (Fondel,1962; Coyle, 1982; Flörke&Martin,1993) O Quartzo é a forma termodinamicamente estável da sílica cristalina nas condições ambientais A grande maioria da sílica cristalina natural existe como a-quartzo. As outras formas existem num estado metaestável. A nomenclatura usada é "a" para uma fase de baixa temperatura e "ß" para uma fase de alta temperatura. A estabilidade dos polimorfos da sílica está relacionada com a temperatura e a pressão. Polimorfo é um termo usado para descrever materiais com diferentes arranjos atômicos cristalinos mas de mesma composição química. O -quartzo é o mais estável nas temperaturas e pressões que caracterizam a crostra terrestre. A tridimita e cristobalita são formadas sob altas temperaturas, enquanto coesita e stishovita são formadas sob altas pressões. 38 Sólido Covalente Ligações Covalentes com o Carbono – Materiais propriedades diversas 1) Grafite macio, opaco, bom condutor electricidade e calor: (eléctrodo em pilhas electroquímicas, eléctrodo de uma lâmpada eléctrica de arco voltaico. Orbitais hibridas sp2, nos planos hexagonais estão deslocalizadas ( 120º) facilitando a condutividade da grafite. Anisotropia: A condutividade paralela aos planos hexagonais é maior do que a condutividade perpendicular a esses planos. lubrificante sólido 39 A estrutura cristalina de um sólido covalente fica definida pela direcionalidade da ligação covalente. Por exemplo, os átomos tetravalentes do carbono, germânio e silício formam ligações covalentes nas combinações moleculares. Cada um desses átomos tem quatro elétrons na camada eletrônica mais externa, ou seja, tem quatro elétrons de valência, cujos orbitais são orbitais híbridos s-p3. No sólido cristalino correspondente, cada átomo forma ligações covalentes com os quatro átomos mais próximos, ficando no centro de um tetraedro regular, com quatro átomos semelhantes nos vértices. Assim, quatro ligações covalentes idênticas podem ser formadas, com cada átomo contribuindo com um elétron a cada uma dessas ligações. Nesse tipo de estrutura, organizada por ligações covalentes, cada elétron está fortemente ligado, de modo que não existem elétrons livres para participar de qualquer processo de condução e os sólidos covalentes têm uma condutividade elétrica muito baixa (são isolantes). Além disso, são extremamente duros e difíceis de deformar. Por outro lado, são necessárias energias relativamente altas, da ordem de alguns elétronvolts, para produzir vibrações na rede cristalina, e como as energias dos fótons associados à região do visível no espectro eletromagnético estão entre 1,8 e 3,1 eV, muitos sólidos covalentes são incolores (transparentes). 40 Sólido Covalente Ligações Covalentes com o Carbono – Materiais propriedades diversas 3) Fulereno (1990) moléculas com 60 a 70 átomos de C - São encontrados na atmosfera, formados pelas descargas eléctricas dos relâmpagos, e escondidos na fuligem. - Obtidos industrialmente por diferentes métodos. - São muito utilizados em polímeros, semicondutores, supercondutores, lubrificantes, protectores radioactivos etc. Forma esférica com um arranjo de hexágonos ou pentágonos à semelhança a uma bola de futebol. C60 Nome devido ao facto de sua forma lembrar as abóbadas geodésicas construídas pelo arquitecto norte-americano Richard Buckminster Fuller (a molécula de fulereno é conhecida como buckyball 41 "bola do Buck"). Síntese Ligações Covalentes .Apresentam em geral: - Baixa ductilidade - Baixa condutividade eléctrica: Electrão para se mover e transportar corrente a ligação covalente tem de ser destruída. Requer temperaturas muito elevadas ou voltagens muito elevadas. - Polímeros, cerâmicos, semicondutores, 42 2. 4. 3. LIGAÇÃO METÁLICA - Cristais Metálicos arranjo sistemático e regular – átomos empilhados de forma compacta Gás électrónico ou gás de electrões Cernes átomos estão próximos uns dos outros electrões de valência são atraídos pelos numerosos núcleos vizinhos electrões de valência são fracamente ligados aos cernes positivos e por isso podem-se mover através da rede cristalina Ligação não direccional Quanto menos electrões de valência estiverem envolvidos na ligação mais metálica é a ligação Elig baixos Tfusão baixos Ex: Metais alcalinos Na –108kJ/mol; 97ºC ; K – 89,6 kJ/mol; 63,5ºC 43 - Quanto menos electrões de valência estiverem envolvidos na ligação mais metálica é a ligação Elig baixos Tfusão baixos Ex: Metais alcalinos Na – E = 108 kJ/mol; K: 4s1 – E = 89,6 kJ/mol; Tf = 97º C ; Tf = 63,5º C - O aumento do número de electrões de valência aumenta a E, Tf Ex: Cálcio Ca: 4s2 – E = 177 kJ/mol; Tf = 851º C ; - A introdução das orbitais d nos metais de transição aumenta a E, Tf Ex: Titânio Ti: 3d24s2 – E = 473 kJ/mol; Tf = 1812º C ; ligações hibridizadas dsp (envolvem uma fracção de ligação covalente - Quando as orbitais 3d e 4s estão preenchidas os electrões exteriores passam a estar menos fortemente ligados Energias de ligação mais baixas Ex: Zinco Zn: 3d104s2 – E = 131 kJ/mol; Tf = 419º C ; Quanto os átomos metálicos se ligam para formar um cristal metálico as energias dos electrões diminuem para níveis ligeiramente mais baixos Os electrões de valência num cristal formam uma banda de energia dita 44 de condução 2. 4. 4. LIGAÇÕES SECUNDÁRIAS ou VAN DER WAALS A força motora das ligações secundárias é a atracção entre dipolos eléctricos que existem entre átomos e moléculas. A formação dum dipólo dá-se quando : +q -q - + d 1) 2 cargas iguais e opostas são afastadas uma da outra; 2) formação de centros distintos de carga positiva e de carga negativa A existência de dipolos origina momentos dipolares : μ = qd (C·m) 45 Dipolos Flutuantes ou Induzidos entre átomos de elementos pertencentes aos Gases Nobres Baixíssimas energia de ligação: E = 2 a 8 kJ/mol - passam facilmente ao estado líquido - baixas temperaturas e a altas pressões solidificam 46 Dipolos Permanentes Aumenta coesão entre as moléculas poliméricas Molécula da água é um dipolo permanente Estrutura assimétrica permanente μ = 1,84 debyes Oxigénio H H 104,5º Momento dipolar O átomo de hidrogénio interactua com um átomo electronegativo Ligação por pontes de hidrogénio E = 29 kJ/mol Energia relativamente elevada em relação à pequena massa da molécula 47 2. 4. 5. LIGAÇÕES MISTAS (1) Ligação Iónica – Covalente Quanto maior for a diferença de electronegatividades Maior é o carácter iónico da ligação mista Ex: Semicondutores GaAs (composto 13-15); ZnS (composto 12-16); Maior carácter iónico (2) Ligação Metálica – Covalente Metais de transição contêm orbitais híbridas dsp carácter covalente Silício, germânio têm algum carácter metálico (3) Ligação Metálica – Iónica Compostos intermetálicos O grau de transferência de electrões é mais importante quando existe uma diferença significativa de electronegatividades: Na Zn13 48 II. Estrutura Cristalina e Estrutura Amorfa O arranjo atómico é importante para determinar a microestrutura e o comportamento do material solido: Metais – ductilidade e resistencia; Cerâmicos – certas propriedades fisicas; Polímeros - comportamento diverso devido ao seu arranjo atómico MATERIAIS SÓLIDOS Ordem a curta distância (ordem no arranjo atómico entre átomos vizinhos) Materiais com ligação covalente e iónica Cerâmicos (sílica) Materiais amorfos – translúcidos ou transparentes > grau de lacunas Polímeros Ordem a longa distância (o arranjo atómico entende-se a todo o material) Metais, semicondutores, alguns cerâmicos 49 1. REDE ESPACIAL E CÉLULAS UNITÁRIAS Materiais Cristalinos – Contêm uma estrutura cristalina formando uma rede cristalina formada por pontos distribuidos periódicamente segundo um modelo que se repete. Parametros da Rede – Descrevem o tamanho e a forma da célula unitária Pontos da Rede Célula Unitária 50 Célula Unitária -é a menor unidade que, quando repetida em três dimensões, gera o cristal inteiro; É uma coleção de seus átomos, e as vezes frações de seus átomos, que pode ser deslocado no espaço para criar todo o sólido. O tamanho e forma da célula unitária são descritos pelos Parâmetros da Rede, ou seja, tamanho de três arestas (a, b, c) e os ângulos entre eles. Os vértices unem pontos no sólido que possuem a mesma vizinhança 51 A figura ilustra um exemplo bidimensional de uma célula unitária quadrada que poderia representar, por exemplo, uma camada de átomos do elemento metálico. O quadrado é uma célula unitária; seus vértices unem pontos idênticos nos centros dos quadrados. Quando a célula unitária é deslocada paralelamente aos seus lados, nas quatro direções possíveis, um conjunto idêntico de quatro células unitárias resulta, como mostrado pelas linhas tracejadas. Seguindo este procedimento, toda a estrutura é produzida. 52 2. SISTEMAS CRITALOGRÁFICOS E REDES DE BRAVAIS Classificação das estruturas cristalinas dentro dos sistemas cristalinos Compacta *** 53 Classificação das estruturas cristalinas dentro dos sistemas cristalinos Sistema cristalino Parâmetro de rede e ângulo entre os eixos Estrutura cristalina Cúbico Três eixos iguais em ângulo reto Cúbica simples a=b=c, α=β=γ=90° Cúbica de corpo centrado Cúbica de faces centradas Tetragonal Ortorrômbico Três eixos em ângulo reto, dois iguais Tetragonal simples a=b≠c, α=β=γ=90° Tetragonal de corpo centrado Três eixos desiguais em ângulo reto Ortorrômbico simples a≠b≠c, α=β=γ=90° Ortorrômbico de corpo centrado Ortorrômbico de bases centradas Ortorrômbico de faces centradas Romboédrico Três eixos iguais, ângulos iguais Romboédrico simples a=b=c, α=β=γ≠90° Hexagonal Dois eixos iguais a 120°, terceiro eixo a 90° Hexagonal simples a=b≠c, α=β=90°, γ=90° Monoclínico Triclínico Três eixos desiguais, um ângulo diferente Monoclínico simples a≠b≠c, α=β=90°, γ≠90 Monoclínico de bases centradas Três eixos desiguais, ângulos desiguais Triclínico simples a≠b≠c, α≠β≠γ≠90 54 Ocupação atómica dos espaços intersticiais nas estruturas cristalinas (a) (b) Numa estrutura cúbica de corpo centrado (a) Interstícios octaédricos e (b) insterstícios tetraédricos (a) (b) Numa estrutura cúbica de faces centradas (a) Interstícios octaédricos e (b) insterstícios tetraédricos 55 3. PRINCIPAIS ESTRUTURAS CRISTALINAS DOS METAIS 1. Célula Cúbica de Corpo Centrado A célula consite da sobreposição de 3 camadas de esferas. ABABABAB……….. Qual o número de átomos por célula unitária ? R.: 2 átomos 56 2. Célula Hexagonal Compacta A célula consite da sobreposição de 3 camadas de esferas. ABABABABAB……… Qual o número de átomos por célula unitária ? R.: 6 átomos 57 FORMAÇÃO ATOMICA DUMA ESTRUTURA CRISTALINA HEXAGONAL COMPACTA Sobreposição de planos ABABAB …….. Plano A Plano B 58 3. Célula Cúbica de Faces Centradas A célula consite da sobreposição de 3 camadas de esferas. ABCABCABCABCABC……… Nesta célula, o cubo possui uma esfera no centro de cada uma de suas faces. Pode-se construir este molelo pela união de dois triângulos de esferas, conforme mostra a foto. Qual o número de átomos por célula unitária ? R.: 4 átomos 59 FORMAÇÃO ATOMICA DUMA ESTRUTURA CRISTALINA CÚBICA DE FACES CENTRADAS Sobreposição de planos ABCABCABC …….. Plano A Plano B Plano C Plano C Plano A Plano B 60 Exercicio : As figuras mostram as céulas unitárias de estruturas cristalinas do fulereno, um composto de carbono, e de um vírus. Qual delas representa uma célula cúbica de face centrada, CFC? 61 Resposta certa é….! 62 Factor de Compacidade = (átomos/célula)x(volume átomo)/volume célula Número de Coordenação - É o número de átomos que entram em contato com um átomo em particular, ou o número de átomos vizinhos. O máximo é 12. Estrutura Cúbica simples (CS) Cúbica de corpo centrado (CCC) a (r) Nºcoorden. Exemplos Factor de copacidade a = 2r 6 0,52 --- a = 4r/√3 8 0,68 Fe, Ti, W, Mo, Nb, Ta, K, Na, V, Cr, Zr 0,74 Fe, Cu, Al, Au, Ag, Pb, Ni, Pt Cúbica de faces centradas (CFC) a = 4r/√2 Hexagonal compacta (HC) a = 2r c = 1,633 a 12 12 0,74 Ti, Mg, Zn, Be, Co, Zr, Cd 63 4. ALOTROPIA OU POLIMORFISMO Alotropia ou Polimorfismo (do grego allos, outro, e tropos, maneira) designa a propriedade de certos elementos químicos e compostos poderem apresentar diferentes fomas cristalinas, sob certas condições de pressão e temperatura. Exemplos: Carbono - átomos de carbono podem se organizar de maneira diferente e formar grafite ou diamante, ou flurenos O ferro, o titânio e o cobalto e outros elementos metalicos sofrem transformações alotrópicas a temperaturas elevadas Parâmetro da rede a (μm) ALOTROPIA DO FERRO À PRESSÃO ATMOSFÉRICA Ferro γ CFC Ferro δ CCC Ferro α CCC -273 Ferro líquido 912 1394 1539 T (ºC) 64 5. POSIÇÕES ATÓMICAS (x, y, z) (0,0,1) (0,1,1) (1,1,1) (1,0,1) (0,0,0) (0,1,0) (1,0,0) (1,1,0) 65 6. DIRECÇÕES CRISTALOGRÁFICAS [ X Y Z ] [ X Y Z ] = [(x2 – x1) (y2 – y1) (z2 – z1)] São as componentes do vector direcção segundo cada um dos eixos Coordenados, após redução aos menores inteiros. [1 1 1] _ [1 0 0] [2 1 0] 1/2 [1 1 0] Família de direcções ou forma: Direcções cristalográficas equivalentes = qd. ao longo dessas direcções o espaçamento entre os átomos é o mesmo < X Y Z > 66 7. PLANOS CRISTALOGRÁFICOS INDICES DE MILLER (XYZ) 67 6. PLANOS CRISTALOGRAFICOS [ X Y Z ] [ X Y Z ] = [(x2 – x1) (y2 – y1) (z2 – z1)] São as componentes do vector direcção segundo cada um dos eixos Coordenados, após redução aos menores inteiros. [1 1 1] _ [1 0 0] [2 1 0] 1/2 [1 1 0] 68 7 . DETERMINAÇÃO DE ESTRUTURAS CRISTALINAS O conhecimento actual sobre as estruturas cristalinas foi obtido principalmente por técnicas de Difracção de raios-X. FONTES DE RAIOS-X para difracção : Comprimentos de onda λ = [0,5; 2,5] Å (Para a luz visível λ = 6000 Å ) PRODUÇÃO DE RAIOS-X requer uma AMPOLA ou TUBO DE RAIOS-X onde é gerado uma diferença de potencial ≈ 35 kV entre o cátodo e o ânodo. • Ânodo: geralmente é feito de um pesado de cobre com o alvo metálico depositado ou incrustado na superfície do cobre. • Cátodo: constituído por um filamento de tungstênio. vácuo Arrefecimento Materiais do alvo: • tungstênio, cromo, cobre, com água molibdênio, ródio, escândio, prata, ferro e cobalto. 98% da energia cinética é convertida em calor 69 vácuo Arrefecimento com água 98% da energia cinética é convertida em calor ORIGEM DA RADIAÇÃO : • Bombardeamento de electrões de alta energia emitidos pelo filamento de tungsténio, ao chocarem com o metal alvo faz com que os electrões das camadas mais internas (n=1) do sejam retirados dos átomos • As lacunas (buracos) que se formam nesse processo são preenchidas pelos electrões que decaem de níveis mais elevados (n=2, n=3), emitindo energia [ raios-x ] com frequências associadas com a diferença entre os níveis atómicos envolvidos. CADA ELEMENTO QUÍMICO TEM UMA RADIAÇÃO CARACTERISTICA 70 •As frequências características de raios-x podem ser analisadas a partir do modelo do átomo de Bohr. Onde: λ = comprimento de onda ν = freqüência (Hz) E = hν = hc/λ E = energia dos electrões c = velocidade da luz no vácuo h = cte. de Planck • Os raios-x são utilizados para estudar estruturas cristalinas (pelo método de difracção). • As dimensões da rede cristalina podem ser determinadas a partir da lei de Bragg. 71 7.1. DIFRACÇÃO DE RAIOS-X Comprimentos de onda dos raios-X, λ = [0,5; 2,5] Å, são aproximadamente iguais às distâncias entre os planos atómicos dos sólidos cristalinos 1 Å Quando um feixe monocromatico (1 só λ) de raio-x inside sob a rede cristalina dum material, ocorre a difracção das ondas (incidentes) com diferentes intensidades, conforme as seguintes regras: • O ângulo de incidência é igual ao ângulo de difracção • As ondas incidentes têm de estar em fase, para que haja uma interferencia construtiva: A distância adicional percorrida pelo raio 2 (=SQ+QT) tem de ser igual a um número inteiro de comprimentos de onda. • A condição de intensidade máxima presente na lei de Bragg permite calcular detalhes sobre a estrutura do cristal. Lei de Bragg Î nλ = 2 dhkl.senθ = SQ+QT n = ordem de difracção a = dhkl (h2+k2+l2)1/2 72 Lei de Bragg – difracção de 1ª ordem Î λ = 2 dhkl. senθ Dá a relação entre as posições angulares dos feixes difractados reforçados, em termos do comprimento de onda λ do feixe de raios-X incidente e da distância interplanar dhkl dos planos cristalograficos. 7.2. APLICAÇÃO DA DIFRACÇÃO DE RAIOS-X - Determinação de estruturas sólidas cristalinas; - Identificação dum elemento; - Determinação do parametro de rede do elemento; - Determinação de tensões residuais devido à deformação da estrutura. 73 EXERCICIO: Uma amostra de ferro CCC foi colocada num difractómetro de raios-X usando raios-X incidentes com comprimento de onda λ = 0,1541 nm. A difracção pelos planos {110} ocorreu para 2θ = 44,704º. Calcule o valor do parâmetro de rede CCC. Considere n = 1 DIFRACTÓMETRO DE RAIOS-X • O instrumento básico para esses estudos é o Difractómetro de raios-X • Na analise por difracção de raio-X é necessário saber para cada tipo de estrutura cristalina, quais são os planos cristalograficos que são planos difractores. 60º 20 0º Goniómetro 74 # Técnica do pó: É uma técnica bastante comum, onde o material a ser analisado encontra-se na forma de pó (partículas finas orientadas ao acaso) que são expostas aos raios-X. O grande número de partículas com orientação diferente assegura que a lei de Bragg seja satisfeita para alguns planos cristalográficos. 75 76