Brochura
Súmula das Jornadas
Mensagem da
Comissão Organizadora
Mensagem da Comissão Organizadora
E… eis que chegámos às 3ªs Jornadas de Enfermagem de Saude Materno-Infantil do Hospital de Portimão!...
Conscientes das exigências que se impõem, quer por parte dos profissionais quer por parte dos utentes, é imperativa a promoção de momentos, onde se enaltece a partilha de saberes e reflexões.
O domínio das matérias constitui o pilar da execução das boas práticas, cuja conjugação permite a aquisição de competências que representam a efectividade da qualidade dos Cuidados em Saúde.
A aprendizagem contínua possibilita assim, um “Desafio às Competências” na conquista de habilidades específicas que sustentam o exercício
da profissão. É este o paradigma subjacente ao “Desafio nas Competências”, representando o ponto de viragem para o “Início dos Novos
Tempos”… que tem como horizonte o CUIDAR!...
Para assinalar o “Início dos Novos Tempos” foi compilada esta brochura, que reúne os resumos dos trabalhos apresentados e que poderá
servir de suporte a reflexões críticas, no âmbito de um CUIDAR continuado.
A todos os autores dos trabalhos agradecemos a partilha dos seus conhecimentos, e a todos os participantes agradecemos a confiança, mais
uma vez demonstrada, nos programas apresentados e o seu espírito crítico que nos motiva e, simultaneamente, nos responsabiliza para, em
conjunto, fazermos mais e melhor!...
Urge a Expectativa que o trabalho desenvolvido nestas Jornadas se multiplique por muitas outras, passando o testemunho que deve ser conferido à importância da partilha de conhecimentos e experiências para o consolidar de estratégias de trabalho cada vez mais eficazes!…
Muito OBRIGADA! Continuaremos a CONTAR CONVOSCO!...
A Comissão Organizadora das III JESMI
Vigilância na Gravidez: Valorizar Competências
Moderador: Virgílio Flôr
Consulta de Enfermagem Obstétrica e “Parto Falado”
Sandra Santana
Parto Hospitalar… Outras Perspetivas
Rita Grilo
Consulta de Enfermagem Obstétrica e “Parto Falado”
Sandra Santana
Consulta de Enfermagem Obstétrica
A gravidez é um acontecimento especial na vida de qualquer mulher. Representa um desafio à adaptação da mulher enquanto pessoa, quer do ponto de vista
físico, quer do ponto de vista psicológico e social.
A Consulta de Enfermagem Obstétrica tem como objetivo principal acompanhar a grávida/casal/família a conseguir dar resposta às necessidades deste estado
gravídico e a viver, da forma mais saudável possível, este ciclo da vida e a preparar-se para receber mais um elemento na família.
A consulta de Enfermagem Obstétrica no CHA – Unidade de Portimão destina-se a grávidas com necessidade de um acompanhamento mais especializado, as
chamadas gravidezes de alto risco.
As consultas baseiam-se na educação no sentido de informação para a prevenção e controlo de complicações durante a gravidez, parto e puerpério, preparando a grávida para as alterações próprias da gravidez, ensinando muitas estratégias para lidar com os desconfortos que são “normais” mas que têm o seu impacto negativo no bem-estar da grávida, adaptando-as ao tipo de risco associado à sua gravidez. O papel específico do Enfermeiro Especialista em Saúde Materna e Obstetrícia na consulta de saúde materna e obstetrícia é a educação e promoção da saúde com base numa relação de confiança e entendimento, de
forma a reconhecer as capacidades e os problemas, atuando com base em conhecimentos, valores e outros meios disponíveis para facilitar uma vivência harmoniosa e segura da gravidez.
A consulta de Enfermagem Obstétrica é uma parte importante da vigilância da gravidez complementando-se com a consulta médica de Obstetrícia.
Parto Falado - Aconselhamento para o Nascimento
No final da gravidez, o processo de trabalho de parto toma uma dimensão assustadora devido aos mitos e crenças que rodeiam este fenómeno, especialmente quando combinado com a falta de informação. Cada vez mais se verifica uma necessidade da grávida e pessoa significativa de conhecer a realidade do seu Parto e, por isso, o recurso a aulas de Preparação para o Parto tem crescido exponencialmente nos últimos anos, de forma a promover, não só uma melhor vivência da sua gravidez, como também colmata as necessidades de educação e formação em relação ao Trabalho de Parto, preparando a grávida física e psicologicamente para receber o
seu filho no meio extra-uterino. No entanto, nem todos têm disponibilidade financeira e/ou temporal para a frequência dos referidos cursos ou acesso a outro tipo de
esclarecimento de dúvidas que nesta fase do ciclo gravídico assolam as grávidas e famílias.
O Parto Falado - Aconselhamento para o Nascimento surge como forma de dar resposta às dúvidas, ansiedades, e necessidade de informação expressa pelas grávidas
e famílias relativamente do processo fisiológico do Trabalho de Parto, assim como, aspetos práticos relativos ao internamento no CHBA.
Simultaneamente é feita uma apresentação dos serviços de Bloco de Partos e Obstetrícia familiarizando a grávida e pessoa significativa com os espaços físicos por
onde vão passar durante o processo de trabalho de parto e puerpério.
Pretende-se que o Parto Falado - Aconselhamento para o Nascimento se constitua como um momento único para ensino e esclarecimento de dúvidas em relação ao
nascimento e a outros aspetos relacionados. Através de sessões de educação para a saúde, com espaço para a partilha de dúvidas, receios e sentimentos e que, por
ser em grupo, possibilita a partilha interpares resultando numa experiência muito enriquecedora para os participantes e promotora de tranquilidade e bem-estar para a etapa que se avizinha – o Parto.
Parto Hospitalar… Outras Perspetivas
Rita Grilo
“Parto Hospitalar…Outra perspetiva” é um projeto desenvolvido no âmbito do Mestrado em Saúde Materna e Obstetrícia na Universidade de Évora – Escola Superior de Enfermagem S. João de Deus.
Cada vez mais mulheres, conscientes que muitas das intervenções no parto têm efeitos adversos sobre si e sobre o seu filho, reivindicam o seu direito de escolher um parto não medicalizado. Baseado em evidências científicas e publicações de organismos nacionais e
internacionais de referência elaborou-se o “Manual de Procedimentos no Parto Natural Assistido”.
Este documento é um instrumento de consulta e orientação para os profissionais, que estabelece critérios e procedimentos para a vigilância do trabalho de parto de baixo risco obstétrico e consequentemente permite que a grávida vivencie o nascimento do seu filho
de forma mais natural.
O enfermeiro especialista em saúde materna e obstetrícia torna-se uma referência e mais-valia para a parturiente. Promover na parturiente o processo de reflexão, autonomia e tomada de decisão é responsabilidade do enfermeiro que vigia o trabalho de parto. É essencial que a parturiente seja vista como uma parceira e que os cuidados sejam centralizados nela, com vista a melhorar a qualidade
de cuidados.
Vigilância na Gravidez Normal pelo EESMOG: O Projeto Piloto!
Lígia lobo e Patrícia Jerónimo
Nos dias de hoje a gravidez é encarada como um acontecimento complexo e enriquecedor do ponto de vista biológico, social e psicoemocional, albergando um conjunto de adaptações pessoais as quais se traduzem em modificações a nível comportamental e do desenvolvimento relacional e parental. Neste sentido, esta etapa do ciclo de vida da mulher/casal requer por parte das equipas de saúde
uma intervenção atenta e adequada ao contexto onde a mesma insere.
Na Obstetrícia atual, com o crescente conhecimento da especificidade que a gravidez encerra, aliado às competências específicas dos
diferentes técnicos de saúde que a acompanham, torna-se assim essencial a articulação e coordenação das suas competências de forma a atingir cuidados de excelência, fruto de um trabalho de equipa efetivo.
Apesar de existir Legislação que contempla o reconhecimento das qualificações profissionais do EESMO (Lei 9/2009 de 4 Março, no
art. 39º), assim como a definição do perfil de competências específicas do EESMO explanada no Regulamento nº 127/2011 de 18 de
Fevereiro, ainda não é uma realidade o exercício destas funções de forma autónoma pelo EESMO.
Assente neste pressuposto, e após parecer positivo da Direcção Executiva do ACES Sotavento, duas enfermeiras com especialidade
em SMO propuseram-se a desenvolver um projeto piloto na vigilância da gravidez normal, de um grupo de mulheres sem atribuição
de médico de família, em parceria com um médico especialista em medicina geral e familiar. Tal iniciativa pretendeu constituir mais
um contributo na capacitação dos casais, ao usufruírem de cuidados de enfermagem especializados em saúde materna e obstétrica.
O objectivo principal deste projeto foi responder com eficácia e qualidade às necessidades existentes na prestação de cuidados na
área da Saúde Materna, através da partilha de saberes e competências dos profissionais envolvidos com vista a melhorar a acessibilidade aos cuidados de saúde, numa abordagem multidisciplinar. O referido projeto também foi ao encontro das Orientações do Orçamento de Estado para 2012, contribuindo para a racionalização e gestão dos recursos do ACES Sotavento.
Conferência Formação e Identidade Profissional
Por: Vítor Varela
Moderador: Rogério Ferrinho
Com a participação de :
Amélia Monteiro
Margarida Sim-Sim
Diabetes: Promover a Parceria, a Segurança e a Qualidade de Vida ...
Moderadora: Luísa Arez
...Na Gravidez
Telma Duarte
… Na Criança e no Jovem
Helena Silva e Leonor Roque
APDP—Departamento da Criança e do Jovem
Marina Dingle
Reflexão
Luísa Arez
A Diabetes é considerada já a epidemia não infecciosa do século XXI, pela dimensão que atinge e pela sua elevada morbilidade e mesmo
mortalidade.
Cabe a todos nós, e principalmente aos profissionais de saúde, promover a união de esforços, informando, como e quando prevenir,
começando na criança para que sejam adultos saudáveis e sem Diabetes.
Essa informação é obrigatória, para os Pais e assim estamos a promover mudanças de estilos de vida e de mentalidades que podem a
curto prazo mudar o ruma da epidemia.
...Na Gravidez
Telma Duarte
Os progressos na vigilância e tratamento das grávidas nas últimas décadas contribuíram para a melhoria dos resultados nos recémnascidos e redução das complicações maternas.
Contudo, tem-se vindo a verificar um aumento do número de casos de Diabetes Gestacional nos últimos anos. Torna-se assim evidente a
importância da promoção do controle da Diabetes e da educação para a saúde sobre a Diabetes na gravidez, de forma a poder ser reduzida a morti-morbilidade materno-infantil.
Para ser atingido este objectivo é fulcral que exista uma adequada e eficiente parceria entre os diferentes intervenientes, como sejam o
médico obstetra, o endocrinologista ou médico de medicina interna, o enfermeiro especialista em saúde materna e obstetrícia, o nutricionista e o pediatra, visando assim uma maior segurança e qualidade de vida para a mulher e criança.
...Na Criança e no Jovem
Helena Silva
A Diabetes tipo 1 é uma das doenças crónicas mais frequentes nas crianças e jovens. Verifica-se um aumento da sua incidência em 3% por
ano e em cerca de 5% na população abaixo dos 6 anos de idade. Portugal posiciona-se entre os países Europeus que registam uma mais
elevada taxa de prevalência da Diabetes. No internamento de Pediatria do Centro Hospitalar do Algarve – Unidade de Portimão, verificouse entre o ano de 2009 a 2013 um total de 23 diagnósticos de Diabetes tipo I inaugural tendo-se verificado maior incidência do sexo masculino. O diagnóstico de Diabetes na criança, contribui para a desorganização da estrutura familiar, sendo necessária a intervenção dos enfermeiros de forma a proporcionar uma adaptação à nova situação, baseada nos princípios de parceria. Os profissionais de saúde orientam a
criança, jovem e suas famílias, para que estes adquiram conhecimentos e habilidades que lhes permitam prestar os cuidados necessários e
adquirir a autonomia necessária, com vista a um estilo de vida saudável, respeitando a sua individualidade e o contexto sociocultural em
que estão inseridos. Pela proximidade com os utentes, o enfermeiro é o profissional privilegiado no que se refere à educação em Diabetes,
o enfermeiro deve então direcionar-se para as necessidades da criança/adolescente/família, e a educação terapêutica deve ser baseada no
notável conhecimento das atitudes, valores, crenças, conhecimentos adquiridos, objetivos e capacidades para aprender.
O programa de ensinos - Diabetes tipo I, em utilização no Internamento de Pediatria, tem como objectivo, garantir um melhor cuidado à
criança/adolescente com Diabetes e sua família, facilitando a compreensão da doença, promovendo a adesão ao tratamento e proporcionando apoio e suporte durante todo o seu internamento no serviço de Pediatria. No ano de 2010 foi implementado um questionário de
satisfação dos pais face ao ensino programado da Diabetes tipo I no internamento de Pediatria, tendo como finalidade melhorar a qualidade dos cuidados de Enfermagem. Os resultados dos questionários serão apresentados e delineadas perspectivas futuras de forma a ir de
encontro às necessidades identificadas. Os enfermeiros na prestação de cuidados à criança/ adolescente e família com Diabetes devem
direcionar os seus cuidados de forma a assegurar uma intervenção educativa em relação à gestão da Diabetes, à realidade vivenciada pela
família, delineando intervenções que contemplem a criança/família na sua individualidade.
...Na Criança e no Jovem
Leonor Roque
O jovem adolescente com diabetes necessita de cuidados especiais e de educação específica dirigida á sua doença de forma distinta do
adulto com diabetes. Todos os jovens com diabetes e seus pais/encarregados de educação têm direito ao conhecimento, plano de educação terapêutica e á participação ativa na gestão da doença do seu filho/educando. A educação terapêutica a adolescentes diabéticos deve
ser feita por equipas multidisciplinares, adaptada às várias fases de desenvolvimento e idades dos jovens. A fase de transição da adolescência é frequentemente associada a uma detioração do controlo metabólico, o que sugere que devem ser encontradas estratégias de intervenção adequadas para a adesão ao tratamento. A educação terapêutica é a chave para o tratamento da diabetes e para uma boa gestão
da doença. OBJETIVOS: Reconhecer que os adolescentes necessitam de uma estratégia educativa terapêutica adaptada às diferentes fases
do seu desenvolvimento; melhorar as condições de acompanhamento terapêutico aos adolescentes do barlavento algarvio.
METODO: Observação participada e consulta de dados estatísticos no programa de gestão de doentes “SONHO” e “Programa DOCE”.
TEMAS ABORDADOS: Número de adolescentes seguidos na consulta de diabetes do hospital de Portimão; distribuição dos mesmos pelos
concelhos do barlavento algarvio; número de sessões de educação realizadas em hospital de dia desde 2010 até ao 1ºsemestre de 2013. A
importância da educação terapêutica no controlo da diabetes, estratégias para a adesão ao tratamento.
CONCLUSÃO: Devido ao aumento do número de adolescentes seguidos em hospital de dia, dever-se-ia atender às recomendações dadas
no consenso de 2009, International Society for Pediatric and Adolescent (ISPAD) Estimulando um bom controlo metabólico.
APDP—Departamento da Criança e do Jovem
Marina Dingle
“...À medida que crescem e se desenvolvem as crianças com diabetes têm necessidades especiais que vão sendo diferentes.” ( ISPAD/IDF)
A Diabetes é uma das doença crónica mais frequentes na infância, que não afeta só a criança mas também todos que com ela convivem.
As necessidades das crianças e jovens com diabetes e as das suas familías são especiais e muito diferentes das dos adultos.
A Educação é a chave para o tratamento da diabetes, qualquer consideração sobre educação em diabetes na criança e jovem deve ter
em consideração a sua idade a sua maturidade e o seu nível de compreensão assim como o dos seus pais ou cuidadores e também o
meio que o rodeia.
A Educação Terapêutica é um instrumento fundamental na abordagem à pessoa com diabetes e requer um trabalho em equipa. Seria
fundamental que a equipa que cuida a criança e o jovem com diabetes tivesse uma formação adequada nestas idades para otimizar
essa abordagem .
Para idades diferentes devemos ter atitudes e estratégias diferentes.
Viver com a diabetes tem impacto em todas as áreas e em todas etapas do desenvolvimento da criança e jovem.
As crianças e jovens com diabetes devem ter as mesmas oportunidades educativas que os seus pares sem esta doença.
Dar formação/informação à equipa escolar sobre o tratamento da diabetes, diminui as dificuldades que estas crianças enfrentam em
meio escolar e melhora a sua qualidade de vida.
O tratamento da diabetes requer uma constante vigilância, 24h por dia, todos os dias do ano, que não pode ser interrompida quando
a criança ou jovem está na escola. Por isso a colaboração da equipa escolar no tratamento da diabetes é essencial e indispensável para
se otimizar o tratamento da diabetes, promover a segurança da criança na escola e contribuir para uma adequada integração nas atividades académicas e sociais.
O Desvanecer de Uma Expectativa Vital...
Moderador: Amândio Boneca
Competências—Rumo ao Futuro!
Elisabete Vidago
Reconstruir Novos Caminhos
Verónica Ferreira
O “Cuidar” Sentido
Sónia Pereira
Competências - Rumo ao Futuro!
Elisabete Vidago
A gravidez e o nascimento de um filho é um momento marcante na vida de uma mulher e da sua família. A gravidez é encarada como um
processo normal, saudável e uma fonte de alegria, que normalmente se conclui com o nascimento de um bebé saudável.
No entanto por vezes a sequência logica do ciclo vital é invertida e durante a gravidez apresenta-se um momento indesejado e inesperado, a Morte Fetal.
A morte fetal é semelhante à morte de um ente querido. O processo de luto vivenciado pela mulher e família é um momento crítico, vivido com grande sofrimento emocional e dificuldade, que implicam mudanças e ajustamentos psicológicos.
Como enfermeiras no Serviço de Ginecologia somos frequentemente deparados com situação de morte fetal, tendo que prestar cuidados de excelência personalizados e individualizados a estas mulheres, tendo em conta as suas vivências, culturas e valores.
Deste modo, pensamos que é de extrema importância para a prática de enfermagem, a existência de uma reflexão relativamente à forma como as enfermeiras, no contexto de internamento no serviço de Ginecologia se relacionam com estas mulheres, e à prestação de
cuidados, tendo em vista a melhoria da qualidade dos cuidados prestados, de forma individualizada e holística, sendo também importante a existência de uma equipa multidisciplinar de apoio a estas mulheres e famílias.
Reconstruir Novos Caminhos
Verónica Ferreira
Um filho é um projeto de vida que pode ser ou não planeado mas independentemente da forma como a história começou, o casal, a mãe
ou o pai ao longo da gravidez vão criando uma expectativa nessa vida vindoura.
O confronto com a perda de um projeto de vida em qualquer uma das fases da gravidez é um processo emocionalmente violento que confronta o casal a uma perda. A sensibilidade e respeito pelas emoções que a mesma faz emergir é fundamental.
A necessidade de verbalizar a dor, o sofrimento, as dúvidas e saber como orientar as pessoas envolvidas no processo é natural.
As questões acerca do antes, durante e depois devem ser escutadas e dignificadas com respostas que possam permitir reconstruir novos
caminhos
Determinantes na Parentalidade—Práticas Educativas
Moderador: Elsa Rocha
O Enfermeiro na Capacitação Parental
Anabela Simões
O Enfermeiro Promotor do desenvolvimento Infantil
Ana Sousa
Programa Alta Segura - Realidade do Hospital de Portimão
Lígia Silva e Filipa Reis
O Enfermeiro na Capacitação Parental
Anabela Simões
Apoiar a parentalidade assume cada vez mais um papel relevante na sociedade actual, uma vez que os pais são as pessoas mais importantes na vida dos seus filhos, e a família constitui o primeiro grande suporte afectivo e de aprendizagem social da criança, é assim uma
estrutura fundamental de qualquer sociedade sendo a primeira comunidade em que o indivíduo se insere e recebe contributos indispensáveis ao seu desenvolvimento e autonomia, que podem ser ou não promotores de saúde.
Muitas vezes faltam às famílias as competências e os conhecimentos necessários para um crescimento e desenvolvimento equilibrado e
saudável das suas crianças, emergindo assim a necessidade de se intervir.
A educação parental surge como uma estratégia capaz na promoção da saúde e na autonomia das famílias e dos seus elementos, estratégia que se for desenvolvida no âmbito da intervenção comunitária terá certamente resultados mais efetivos, uma vez que esta é uma
forma de intervenção integrada, que visa a capacitação dos indivíduos, apoiando-se nos recursos da comunidade onde estes se encontram inseridos, com o objetivo da sua autonomização.
Ao ser uma etapa bastante exigente no ciclo das famílias e que pode constituir um momento de crise, uma vez que há mudanças em todo sistema familiar, constitui-se desde logo numa preocupação do sector da saúde e especificamente do sector de enfermagem. O ensino e o treino dos cuidados a prestar ao bebé e á criança são variados exigindo muitas vezes aquisição de novas competências, sendo o
enfermeiro o elemento da saúde, que pela sua posição privilegiada tem a possibilidade de apoiar e acompanhar.
É essencial apoiar e preparar as famílias nesta etapa, pelo que a promoção da parentalidade responsável e segura é fundamental.
O projeto de intervenção comunitária que desenvolvemos no programa de Preparação para a parentalidade da UCC D’Alagoa, é um projeto de educação para a saúde, através da educação parental, que tem por finalidade
- Originar ganhos em saúde através da capacitação dos pais para o desenvolvimento adequado do seu papel parental.
O Enfermeiro Promotor do desenvolvimento Infantil
Ana Sousa
Actualmente a Enfermagem de Saúde Infantil defronta-se com importantes desafios resultantes da presente situação das crianças em
Portugal. Devido ao avanço da medicina e tecnologia, existe um elevado número de crianças com necessidades especiais ou com risco
de atraso no desenvolvimento, que necessitam de intervenção precoce. (Ordem dos Enfermeiros, 2011). Torna-se fundamental uma
atuação dos enfermeiros no sentido da promoção do desenvolvimento infantil.
Em consonância, o atual PNS, de 2011-2016, identifica a promoção do desenvolvimento saudável de crianças como uma área prioritária na saúde das crianças (Direcção-Geral da Saúde, 2012), sendo também um dos focos de intervenção do Enfermeiro Especialista em
Saúde Infantil e Pediatria, a avaliação e promoção do crescimento e do desenvolvimento da criança, com orientação antecipatória às
famílias para a maximização do potencial do desenvolvimento infantil (Ordem dos Enfermeiros, 2011). Na Unidade de Cuidados Intermédios Neonatais os enfermeiros deparam-se muitas vezes com recém nascidos prematuros e doentes, juntamente com suas famílias. Sendo a prematuridade uma das principais causas de internamento de recém nascidos, é também um fator de risco com impacto
na saúde e no desenvolvimento infantil a longo termo sendo o risco de problemas de desenvolvimento consideravelmente mais elevado nos prematuros em comparação com a restante população (Warren & Bond, 2009). Neste contexto a intervenção dos enfermeiros é fundamental, não apenas na manutenção da vida, mas também na manutenção da qualidade de vida e na promoção de um desenvolvimento infantil saudável e harmonioso.
Deste modo, este trabalho visa apresentar as intervenções e cuidados voltados para a promoção do desenvolvimento prestados pelos enfermeiros na Unidade Cuidados Intermédios Neonatais e permitir a reflexão sobre a importância dos mesmos cuidados
no desenvolvimento futuro das crianças e suas famílias.
Programa Alta Segura - Realidade do Hospital de Portimão
Lígia Silva e Filipa Reis
Segundo a Organização Mundial de Saúde os acidentes rodoviários são a maior causa de morte e doença nas crianças e jovens em
Portugal. Uma das formas eficazes de inverter esta situação dramática, é a utilização de sistemas de retenção para crianças de forma
adequada. Segundo a APSI, a utilização de um sistema de retenção para crianças adequado e bem instalado reduz a ocorrência de
morte ou ferimentos graves em crianças entre 90-95%, no entanto os erros na sua utilização podem reduzir o nível de protecção de
forma substancial. Assim sendo, torna-se fundamental que as famílias utilizem os sistemas de retenção disponíveis no mercado de
forma adequada para que a segurança das crianças seja assegurada. O enfermeiro encontra-se assim numa posição privilegiada no
que diz respeito à educação parental, face à relação de proximidade que estabelece com as famílias, tem a oportunidade de fornecer
as informações necessárias ao uso correto destes sistemas de retenção, as quais serão determinantes para a aquisição de hábitos e
rotinas relacionados com a segurança da criança.
Com a apresentação deste trabalho pretende-se dar a conhecer a realidade do programa alta segura na Unidade de Portimão do Centro Hospitalar do Algarve. Este programa, promovido pela APSI (Associação para a Promoção da Segurança Infantil) visa a sensibilização, o esclarecimento e a formação dos profissionais de saúde e famílias para a promoção da segurança rodoviária da grávida e do
recém-nascido. O Centro Hospitalar do Algarve abraçou este programa desde Abril de 2012 e as Equipas de Enfermagem do Serviço
de Neonatologia e Obstetrícia (Portimão), têm realizado formação às grávidas e famílias com recém-nascidos, sobre os hábitos e comportamentos que estes devem adoptar, de forma a promover a sua segurança rodoviária.
O programa é avaliado através de um método quantitativo, com recurso a um questionário, e de um método qualitativo por meio de
testemunhos reais/ experiências das famílias. Os resultados têm sido muito positivos e as famílias envolvidas têm-nos presenteado
com várias mensagens de encorajamento, o que contribui para a sua manutenção e para a implementação de melhorias nas atividades futuras.
Amamentação: “Falar por Falar”
Moderador: Ana Jorge
Leite Insuficiente - Um Sintoma Inexplicável
Sandra Palma
Amamentar é Natural, porquê ter Dor?
Lígia Eira
Reflexão...
Ana Jorge
Amamentar um processo natural como alimento de espécie humana, teve um declínio durante grande parte do século XX, um pouco por
todo o mundo, consequência de vários factores em que a industrialização e o aumento do trabalho feminino, entre outros, não são alheios.
Como resposta a este preocupante acontecimento, com efeitos na saúde das crianças e nas mulheres, a UNICEF, com o apoio da OMS,
lançou em 1990 a “Iniciativa Hospitais Amigos dos Bebés”, dedicado em especial aos locais de parto, sabendo-se que o período perinatal
é um dos mais sensíveis para a promoção do aleitamento.
Esta tem a sua origem na “Declaração Innocenti” tomada a alto nível numa reunião realizada em 1990, em Florença, e que contempla os
seguintes elementos: a constituição de Comissões Nacionais de apoio ao AM, o seguimento pelas maternidades dos “Dez passos para o
sucesso do AM”, o cumprimento do Código de Comercialização dos alimentos substitutos do AM (em vigor em Portugal desde 1981), e a
atenção aos direitos legais da mãe trabalhadora que amamenta.
O nosso país passou um pouco ao lado deste magnífico e enorme movimento mundial pela alimentação natural dos bebés com enormes
ganhos em saúde, para as mães e para os filhos, e enormes ganhos económicos para as famílias, os países e as instituições. Tal facto explica porque só em 2005 Portugal teve o primeiro hospital acreditado como Hospital Amigo do Bebés.
A contínua aposta na formação de profissionais de saúde dos hospitais e dos cuidados de saúde primários, a articulação de cuidados e o
planeamento de acções através das UCF´s em aleitamento materno deve pautar o futuro das nossas acções para uma melhor saúde materna e infantil.
Leite Insuficiente - Um Sintoma Inexplicável
Sandra Palma
A Organização Mundial de Saúde considera o leite materno como o alimento ideal nos primeiros meses de vida do bebé. Apesar de todas
as campanhas de promoção verifica-se em Portugal elevadas taxas de abandono precoce da amamentação. A queixa de leite insuficiente
é a principal causa da desistência da amamentação durante o primeiro mês de vida do bebé.
Quando um bebé mama envia impulsos sensoriais ao cérebro que desencadeia a libertação da prolactina, que é a hormona responsável
pela produção de leite. Quanto mais o bebé mama maior é a produção de leite materno. Os profissionais de saúde devem acompanhar e
estar atentos às queixas e dificuldades das mães a fim de dar ajuda prática no estabelecimento e manutenção da amamentação. A
s preocupações da mãe devem ser ouvidas e respeitadas, mas não constituem um diagnóstico. Existem apenas dois sinais de que o bebé
não está a mamar o suficiente: um aumento ponderal inferior a 500g por mês e menos de 6 micções por dia, com urina concentrada. A
hipogalactia é rara e encontra-se associada a patologias específicas.
Os profissionais de saúde devem avaliar o estado geral do bebé dando especial atenção à evolução ponderal e à quantidade e coloração
das fezes e urina. Acompanhar as mães e bebés requer formação adequada e disponibilidade a fim de detetar precocemente dificuldades
e prestar ajuda para que as famílias possam viver a experiência maravilhosa da amamentação.
Amamentar é Natural, Porquê ter Dor?
Lígia Eira
O Cantinho da Amamentação do Centro Hospitalar do Algarve – Unidade de Portimão, inaugurado em Outubro de 2007 onde trabalham
conselheiras com formação certificada pela OMS/UNICEF, para apoiar mães/famílias na concretização do seu projeto de amamentação.
Amamentar não dói no entanto pela nossa prática verifica-se que a dor na mama e no mamilo, são uma intercorrência muito frequente no
decurso no da amamentação que pode condicionar um desmame precoce e consequente introdução de leites artificiais
Fizemos uma pesquisa relativa ao ano de 2012 com o objectivo de explorarmos a problemática da dor na mama da mulher que amamenta e
em que medida ela se torna impedimento á amamentação.
Neste período aconselhamos 349 mulheres, sendo que 101 referiram dor como motivo para recorrer ao cantinho, o que representa uma
percentagem de 28,9% da população do estudo.
A dor foi motivo de desistência da amamentação, apesar dos aconselhamentos efetuados, as mulheres não conseguiram ultrapassar esta
dificuldade.
Dos resultados obtidos neste estudo verificamos ser primordial o aconselhamento realizado, visto que a maioria das mulheres ultrapassa o
problema após a informação, esclarecimento e apoio adequado.
Apesar adversidades que possam surgir ao longo do processo, é possível chegar à meta ajudando a mãe a prolongar a amamentação de forma a concretizar o seu projecto.
Enquanto conselheiras, tal como nos comprometemos nas Comemorações da SMAM 2013, permaneceremos sempre disponíveis para manter
e ampliar o apoio próximo, contínuo e oportuno para que, cada vez mais, mães/pais e suas famílias possam viver e partilhar a experiência de
amamentar.
Metas, Intenções...Delinear o Futuro
Moderador: Luís Batalau
Obesidade Infantil...Que Rumo?
Fátima Carneiro e Rui Batalau
Intervenção Precoce na Infância: Articulação Interinstitucional
Inês Marques e Sara Sousa
Rede Nacional de Cuidados Continuados em Pediatria...Que Perspetivas?
Ana Lacerda
Reflexão
Luís Batalau
Por muito que nós, técnicos de saúde, gostássemos de acreditar, torna-se difícil num futuro próximo. Para além da boa vontade
que sempre tivemos e temos, o nosso empenho esbarra diariamente contra obstáculos imprevistos, com os imponderáveis da política, com prepotências difíceis de imaginar e contornar, impedindo a realização e concretização de objectivos para bem da comunidade, neste caso na área Materno-Infantil.
É mais uma razão para não desistirmos. Novo ciclo virá e todos nós, jovens e menos jovens, com persistência, teremos oportunidade de contribuir, não para mudar o mundo, mas para o melhorar, sobretudo no sector da saúde.
Relembro esta frase que partilho inteiramente e na qual me revejo:
"Não venci todas as vezes que lutei, mas perdi sempre que deixei de lutar".
- a obesidade infantil
- a intervenção precoce
- os cuidados continuados em pediatria
São temas, que devidamente enquadrados na materno-infantil, rodam em torno da prevenção. E se pensarmos que o aleitamento
materno é fundamental na prevenção da obesidade infantil, é um sinal revelador da luta que teremos que desenvolver para promover o leite materno.
A propósito, relembro, que este Hospital do Barlavento é, exactamente por isso e, por enquanto, um Hospital Amigo dos Bebés,
graças ao esforço dos profissionais, especialmente de enfermagem.
S
erá que nos deixarão atingir as metas? Não haverá coartação das intenções? Não será cedo para delinear o futuro? Veremos.
Não tenho dúvidas de que todos vós desse lado e nós nesta mesa, teremos sempre uma palavra a dizer!
Obesidade Infantil...Que Rumo?
Fátima Carneiro
O estado de saúde das populações é fortemente indiciado pelo padrão de crescimento e pelo estado nutricional da população infantil.
A observação direta e a avaliação sistemática dos parâmetros antropométricos na consulta de enfermagem de todas as crianças seguidas na consulta de pediatria da unidade de Portimão, levou-nos a refletir e questionar a problemática da obesidade infantil, como uma prioridade institucional.
Nesta perspetiva, decidimos realizar um estudo exploratório envolvendo todas as crianças na faixa etária dos 6 aos 18 anos, vindas à consulta
nos meses de junho a agosto de 2013, de forma a tornar visível e mensurável a nossa realidade e investirmos num projeto multidisciplinar, devidamente estruturado, visando a promoção de estilos de vida saudáveis, nas crianças e adolescentes que acorrem a esta unidade hospitalar, contribuindo desta forma para a redução da prevalência do excesso de peso e obesidade infantil.
A amostra foi constituída por 350 participantes, de ambos os géneros, sendo que 186 participantes (53,1%) eram do género masculino e 164
(46,9%) eram do género feminino. A amostra recaiu maioritariamente na faixa etária dos 6 aos 12 anos, correspondendo a 263 dos participantes
(75,1%). Na faixa etária dos adolescentes (13 aos 18 anos) registaram-se 87, o que corresponde a 24,9% do total da amostra. Os participantes
foram divididos em dois grupos, nomeadamente, o grupo da infância (6 aos 12 anos) e o grupo dos adolescentes (13 aos 18 anos), Pretendemos
com esta distribuição, proceder a uma análise comparativa, podendo determinar o grupo de maior prevalência de excesso de peso e obesidade.
Aplicamos um dos critérios internacionalmente reconhecidos, Centers for Disease Control and Prevention (CDC), por serem os critérios integrados nos boletins individuais de saúde infanto-juvenil e que servem de suporte à avaliação das crianças/adolescentes na nossa prática diária.
Com base na avaliação do peso e estatura, calculamos o índice de massa corporal (IMC) e correlacionamos a idade e o género com o IMC. Tendo
em conta as potenciais co-morbilidades associadas à obesidade, avaliámos a tensão arterial (TA) e o perímetro de cintura (PC), como indicadores
de maior ou menor probabilidade de ocorrer excesso de peso, obesidade, problemas cardiovasculares e resistência à insulina (Baker et al, 2010).
No que diz respeito a resultados, relacionando o percentil do IMC com a idade em ambos os grupos, identificámos 39 (14,8%) com excesso de
peso e 47 (17,9%) com obesidade dos 6 aos 12 anos (idade correspondente à infância) e no grupo dos adolescentes verificámos 12 (13,8%) com
excesso de peso e 16 (18,4%) com obesidade.
Obesidade Infantil...Que Rumo? (CONT.)
Fátima Carneiro
Considerando a totalidade dos participantes dos dois grupos, verificou-se que 51 (14,6%) dos participantes têm excesso de peso e 63 (18,0%) têm obesidade. Adicionalmente, ao aplicarmos o teste Qui-Quadrado para correlacionar as variáveis percentil do IMC e a idade, não se verificou uma associação
significativa entre as mesmas (0,252). Relativamente ao percentil do IMC e a sua relação com o género masculino, 21 (11,3%) apresentou uma condição
de excesso de peso e 32 (17,2%) apresentou obesidade. Quanto ao género feminino, 30 (18,3%) têm excesso de peso e 31 (18,9%) obesidade. Com a
aplicação do teste Qui-Quadrado para correlacionar estas variáveis, constatamos que também não se verifica associação significativa entre as mesmas
(0,116). Relativamente à tensão arterial, 300 participantes (86,6%) possuíam tensão arterial normal, 15 (4,3%) apresentaram tensão arterial normal alta
e 32 (9,1%) foram diagnosticados como hipertensos (DGS, 2002). Quanto à análise descritiva dos valores de PC, verificou-se que o mesmo foi considerado normal em 300 participantes (85,7%), sendo que 50 (14,3%) apresentaram um PC indicador de risco aumentado de ocorrência de co-morbilidade cardiovascular e de resistência à insulina devido ao excesso de adiposidade abdominal revelado.
Quanto às principais conclusões, apesar de existir discrepância no total de crianças e adolescentes participantes neste estudo em contexto clínico, podemos constatar que os resultados são preocupantes e estão em consonância com o que está cientificamente demonstrado ao nível nacional e mundial.
Assim, sendo a obesidade uma patologia e um grave problema de saúde pública à qual podem estar associadas co-morbilidades comprometedoras da
qualidade de vida das crianças e adolescentes que serão potenciais adultos, não descurando os custos inerentes, quer a nível individual, quer a nível social e económico, é emergente a adoção de programas rigorosos, com equipas devidamente treinadas que em articulação intra e inter-instituições
(saúde, escolas, entre outras), que possam envolver crianças/famílias num compromisso, cujas estratégias não invasivas, venham inverter as tendências
nacionais e mundiais.
Pretendemos sensibilizar a direção do serviço e o Conselho de Administração do CHAlgarve para a criação de condições que permitam implementar uma
consulta de obesidade infantil e concretizar um projecto consistente de luta contra a obesidade nas crianças e nos adolescentes. A reversão deste problema de saúde é bem mais difícil do que a sua prevenção e se esta não for concretizada em idades precoces, os recursos financeiros inerentes às consequências poderão ser incalculáveis
Obesidade Infantil...Que Rumo?
Rui Batalau
Diversas variáveis contribuem para o desenvolvimento de fatores de risco cardiovascular a partir da infância. A actividade física,
o sedentarismo e a nutrição representam fatores comportamentais modificáveis, influenciando a aptidão física, o peso e a
composição corporal, amplamente relacionados com fatores de risco metabólico conducentes às doenças cardiovasculares e
diabetes tipo II.
A evidência científica recente que aponta para a existência de associações independentes entre as variáveis atividade física,
sedentarismo, aptidão física, composição corporal, nutrição e diversos fatores de risco cardiovascular revela-se determinante
para o desenho de programas de intervenção com o objectivo de promover a sua reversão clínica e estatisticamente significativa em crianças e adolescentes, na medida em que desperta os investigadores e profissionais de saúde para a necessidade de
serem idealizados programas de intervenção integrados e globais que considerem todas as variáveis influenciadoras dos fatores de risco cardiovascular.
De acordo com diversos estudos, designadamente, os estudos COSI (2008 e 2010), o estado nutricional das crianças portuguesas deverá ser motivo de preocupação.
Adicionalmente, num estudo recente desenvolvido em Portimão, em que o objetivo foi avaliar o estado nutricional de crianças
(7-10 anos) através do índice de massa corporal (IMC) e do perímetro de cintura (PC) e aplicar os respetivos critérios internacionalmente reconhecidos: International Obesity Task Force (IOTF), Centers for Disease Control and Prevention (CDC) e World Health Organization (OMS), participaram 248 crianças, de ambos os géneros.
O peso corporal foi avaliado através da balança Omron BF511T/B e a estatura através de estadiómetro fixo.
Com base em ambos, foi calculado o IMC. Quanto a resultados, segundo a IOTF, as prevalências foram: magreza (5,2%), peso
normal (65,3%), excesso de peso (19,4%) e obesidade (10,1%).
De acordo com o CDC, as prevalências para as mesmas categorias foram: 0,8%, 62,5%, 19,8% e 16,9%.
Com base na OMS, as prevalências foram: 0,8%, 60,1%, 18,5% e 20,6%.
Obesidade Infantil...Que Rumo? (CONT.)
Rui Batalau
Encontraram-se correlações estatisticamente significativas entre os critérios utilizados, sendo a mais significativa entre a OMS e o CDC
(rs [248]=.94,p<0,01). Os participantes com 7 anos apresentaram maiores taxas de excesso de peso e os de 9 anos apresentaram maiores taxas de obesidade.
Quanto ao PC, verificou-se que 18,5% apresenta risco aumentado de ocorrência de comorbilidade cardiovascular e de resistência à insulina.
Quanto a conclusões, considerando que os critérios da OMS passaram a ser utilizados recentemente na saúde materno-infantil, os dados obtidos são preocupantes na medida em que os respetivos valores de corte resultaram no aumento da prevalência de obesidade.
Os resultados da classificação considerando a idade, justificam cada vez mais a importância de uma intervenção precoce de características multidisciplinares, tal como acontece atualmente no Centro de Saúde de Portimão, em que as crianças e os pais/encarregados de
educação são acompanhados regularmente em consulta médicas e de enfermagem, em consultas de nutrição e consultas de atividade
física promovidas por especialistas treinados em cada uma das áreas tendo em vista a mudança comportamental a nível individual e a
nível familiar.
De acordo com o conceito da balança energética, a prática de atividade física é uma componente imprescindível pois contribui decisivamente para o dispêndio energético diário e para o aumento da taxa metabólica basal.
Deste modo, quer a atividade física integrada no estilo de vida, quer a prática de exercício físico estruturado, quer a prática de uma modalidade desportiva, quer as aulas de Educação Física Escolar, deverão assumir um papel relevante na vida de todas das crianças e adolescentes, designadamente, das que apresentam excesso de peso e obesidade, no sentido de reverter a sua condição de saúde.
Intervenção Precoce na Infância: Articulação Interinstitucional
Inês Marques e Sara Sousa
Os serviços de Neonatologia são hoje confrontados com novos desafios decorrentes dos avanços tecnológicos e do aumento da sobrevida nesta área, que lançam novos padrões de doença, como as doenças crónicas e as crianças com necessidades especiais (Cruz, 2004).
Em Portugal Continental o valor percentual de crianças com baixo peso à nascença apresentou uma tendência crescente entre 2001 e
2009 (DGS, 2009), neste âmbito urge melhorar a articulação de cuidados quer com os cuidados de saúde primários quer com os serviços
hospitalares (Cruz, 2004).
Só por meio de uma articulação eficaz entre instituições será possível a transmissão de informação acerca destas crianças e, posterior
sinalização para intervenção precoce quando cumpridos os critérios de elegibilidade definidos para tal. Neste sentido, a Direção Geral da
Saúde (2012), recomenda que a equipa de saúde deve identificar, as necessidades de cada criança, centrando-se na família, sinalizá-las,
promover a articulação entre os intervenientes nos cuidados, proporcionando-lhe apoio continuado. Com o aumento de RecémNascidos, que por influência de diversos fatores, são considerados de risco torna-se necessário dar resposta a estas crianças/famílias.
O Sistema Nacional de Intervenção Precoce na Infância (SNIPI) criado pelo Decreto-Lei n.º 281/2009 de 6 de Outubro (2009), consiste
num conjunto organizado de entidades institucionais e de natureza familiar, com vista a garantir condições de desenvolvimento das crianças com funções ou estruturas do corpo que limitam o crescimento pessoal, social, e a sua participação nas atividades típicas para a
idade, bem como das crianças com risco grave de atraso no desenvolvimento. São elegíveis para apoio no âmbito do SNIPI, as crianças
entre os 0 e os 6 anos e respetivas famílias, que apresentem condições incluídas nos seguintes grupos: Alterações nas funções ou estruturas do corpo e Risco grave de atraso de desenvolvimento, desta forma consideram-se RN de risco todas as crianças do 1º grupo e as
crianças do 2º, que acumulem 4 ou mais fatores de risco biológico e/ou ambiental.
Ao se promover a continuidade dos cuidados de vigilância de saúde ao RN de risco residente no Barlavento Algarvio, espera-se que estes
possam contribuir para o desenvolvimento de práticas mais eficazes que garantam a continuidade dos cuidados. Nomeadamente, alargar a uniformização da referenciação aos serviços de Pediatria e Consulta Externa, agilizar o processo de referenciação de crianças para
o SNIPI e participação de um Elo de ligação nas reuniões com responsáveis pela ELI – Portimão e Lagos.
Rede Nacional de Cuidados Continuados em Pediatria. Que Perspetivas?
Ana Lacerda
Em Portugal podemos congratular-nos pela qualidade dos serviços de saúde pediátricos, desde a gestação, que se tem traduzido numa redução acentuada do número de mortes em crianças e jovens e numa das mais baixas taxas de mortalidade infantil. Isto foi conseguido através da implementação de sucessivos planos nacionais de saúde materna e infanto-juvenil, a par da criação de unidades terciárias especializadas em patologias complexas.
O reverso da medalha é a sobrevivência prolongada de crianças com doenças crónicas e/ou incapacitantes, muitas vezes até à idade adulta;
os principais diagnósticos são do foro neurológico, respiratório e cardíaco. Ao mesmo tempo, temos vindo a assistir a uma diminuição progressiva da natalidade, sendo Portugal um dos países mais envelhecidos da Europa. Assim, temos um pequeno número de crianças e jovens
(cerca de 6 a 7 000 pelos cálculos mais recentes de prevalência no Reino Unido) dispersos pelo território nacional, seguidos principalmente
por equipas hospitalares ultra-especializadas na sua patologia, muitas vezes longe do seu domicílio. Acresce que a maioria destas crianças e
jovens têm necessidade de cuidados continuados complexos (de várias especialidades e disciplinas) e muitas vezes paliativos (no sentido de
cuidados holísticos proactivos, e não apenas de cuidados terminais).
O pequeno número, a dispersão geográfica e a heterogeneidade e complexidade das patologias torna difícil, senão impossível, a existência
de equipas exclusivamente pediátricas dedicadas a tempo inteiro à prestação destes cuidados de suporte na área de residência. O modelo
recomendado e seguido na maioria dos países desenvolvidos é de uma colaboração estreita entre a equipa hospitalar pediátrica especializada, os cuidados de saúde primários e as equipas locais de cuidados continuados e/ou paliativos; considera-se fundamental a designação de
um serviço e/ou profissional responsável pela coordenação dos cuidados, assim como a existência de canais facilitados de comunicação, o
envolvimento da família na tomada de decisões e nos cuidados e a partilha de documentos, instrumentos e algoritmos. Tanto os cuidados
primários como as equipas da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados e da futura Rede Nacional de Cuidados Paliativos necessitam de adquirir formação básica para lidar com esta faixa etária, trazendo a mais-valia da sua proximidade e experiência em cuidados de
suporte numa abordagem holística. Nos núcleos urbanos de maior densidade populacional faria sentido a criação de pequenas unidades
especializadas pediátricas de cuidados continuados e paliativos, com serviços multidisciplinares de ambulatório e de apoio domiciliário, assim como disponibilidade para internamento (descanso dos cuidadores, controlo de situações agudas, impossibilidade ou treino para cuidado em casa).
Só assim se poderão prestar cuidados verdadeiramente continuados, trazendo a cada criança e família um plano individual proactivo, que
considere todas as suas necessidades e que fomente a autonomia dos cuidadores formais e informais.
Cuidar em Pediatria: Realidade e Constrangimentos
Moderadora: Mariana Santos
Terapias Não Convencionais
Filipa Pereira
Carta da Criança Hospitalizada
Diliana Rosa
Um Adolescente Cuidado...Que Experiência
Tatiana Almeida
Terapias Não Convencionais
Filipa Pereira
Nas três últimas décadas, as medicinas “naturais”, ”alternativas”, ”paralelas”, ”complementares”, ”tradicionais”, ”não ortodoxas” ou ”não
convencionais” têm vindo a afirmar-se como um meio poderoso de intervenção, e um elemento decisivo e inquestionável, na prática da
saúde, para a grande maioria da população ocidental (Fischer,1994).
De acordo com o autor supracitado a afluência à procura de terapias alternativas é cada vez maior, a população procura outras respostas
para além da medicina tradicional, no entanto, muitas destas são ainda desconhecidas pelos profissionais de saúde, o que dificulta a resposta às necessidades da criança/família que procuram outra alternativa.
As terapias não convencionais apresentam como benefícios a melhoria do sono e diminuição da fadiga, a distração da atenção face à dor,
torna a criança mais autónoma face ao processo doloroso e às suas variações de intensidade, e de certa maneira permite à criança reapropriar-se do seu próprio corpo.
É com este pretexto que pretendemos desenvolver este projeto no Serviço de Pediatria, para que todos os profissionais envolvidos nesta
área estejam capacitados para implementar este tipo de terapias, e assim ajudar a criança/família no seu processo de cura, no controlo e
alívio da dor e na adaptação ao internamento.
Carta da Criança Hospitalizada
Diliana Rosa
Este trabalho constitui um Projeto de Investigação-Ação, baseado na Metodologia de Projeto e que foi desenvolvido no âmbito do Curso
de Pós-Licenciatura de Especialização em Enfermagem de Saúde Infantil e Pediatria, da Escola Superior de Saúde, do Instituto Politécnico
de Beja.
A sua apresentação nas III Jornadas de Enfermagem de Saúde Materno Infantil do Centro Hospitalar do Algarve tem como principal objetivo: divulgar/partilhar os resultados obtidos através da realização deste Projeto.
A doença e consequente hospitalização de uma criança constitui uma situação de crise para a criança e para a sua família, sendo que a
Carta da Criança Hospitalizada assume um papel de extrema importância, uma vez que constitui uma ferramenta essencial a ser utilizada
pelo enfermeiro na procura do bem-estar da criança no hospital.
Como tal, julgamos pertinente realizar uma avaliação baseada na opinião dos enfermeiros do Serviço de Urgência Pediátrica do Centro
Hospitalar do Algarve (Unidade de Portimão), sobre a aplicação dos 10 direitos constituintes deste documento no serviço e identificar
quais os fatores que influenciam os enfermeiros na aplicação da Carta da Criança Hospitalizada, com o intuito de fomentar a prática baseada nos direitos da criança, através da delimitação de estratégias e ações para colmatar eventuais falhas detetadas.
O estudo realizado envolveu uma amostra de vinte e um enfermeiros a exercer funções no serviço supracitado.
As entrevistas exploratórias e a revisão bibliográfica efetuada serviram de suporte à estruturação da metodologia, análise e interpretação dos dados, baseando-nos em testemunhas privilegiadas e em autores como Almeida, Cunha, Machado, Task Force, Tavares, entre
outros.
Os enfermeiros da nossa amostra foram submetidos a um inquérito por questionário.
Como metodologia utilizamos a metodologia de projeto, tendo os dados sido analisados com recurso ao Software Aplicativo, SPSSÒ –
Versão 20.0, ao Programa Microsoft ExcelÒ e à Análise de Conteúdo de Bardin.
Um Adolescente Cuidado...Que Experiência?
Tatiana Almeida
Entrevista Gravada com Tatiana Almeida
No âmbito das III Jornadas de Enfermagem de Saúde Materno Infantil do CHAlgarve, EPE – Hospital de Portimão apresentamos um olhar
de uma adolescente, de 22 anos, estudante universitária que, durante a sua infância e adolescência, vivenciou com regularidade o Serviço
de Pediatria e Urgência Pediátrica do Hospital.
O seu relato é feito por entrevista, gravada em vídeo, onde se espelham claramente os cuidados que lhe foram prestados, envoltos num
cunho pessoal de alguém que conheceu e conhece bem os serviços, as pessoas, os cuidados e a afectividade que envolve um Departamento Materno-Infantil.
A Idiossincrasia de Um Adolescente
Apresentação: António Santos
Vídeo: Lúcia Rosário
Dramatização:
Sofia Rodrigues, Pedro Dias, Conceição Cruz, Helena Calado e
Ana Sofia Sousa
Encenação:
Alfredo Gomes e Nídia Santos,
Grupo “O Teatro da Caverna”
Vídeo “Um Olhar sobre o Abismo”
Lúcia Rosário
No âmbito das III Jornadas de Enfermagem de Saúde Materno Infantil do CHAlgarve, EPE – Hospital de Portimão o Serviço de Urgência Pediátrica apresenta um vídeo “Olhar sobre o Abismo” que nos fala acerca das especificidades características do Adolescente.
O Comportamento, as Expectativas, as Frustrações e as Tentações tornam a fase da Adolescência um desafio para Pais e Cuidadores onde
a reflexão e a tolerância devem ter lugar cativo.
Comissão Organizadora
Comissão Científica
Adelaide Medinas
Alda Santos
Alexandra Simões
Amada Nascimento
Custódia Barreto
António Santos
Florbela Silva
Cristina Martins
Florinda Cerol
Dina Borba
Patrícia Salgado
Helena Aleixo
Fátima Carneiro
Carina Ramos
Cristina Pirrolas
Helena Gaspar
Mariana Santos
Isabel Guerreiro
Sandra Quaresma
M.ª Carmo Pacheco
Sofia Rodrigues
Maria José Gouveia
Patrícia Salgado
Salomé Alves
Ricardo Cravo
Joana Sequeira
Secretariado
HOSPITAL DE PORTIMÃO
24 * OUTUBRO * 2013
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Brochura resumos dos trabalhos científicos III JESMI