AVALIAÇÃO DO USO DE STANDBY EM AMBIENTE RESIDENCIAL E PROPOSTAS DE SOLUÇÕES PARA ECONOMIA DE ENERGIA. Leonardo S. Mai Acadêmico do curso de engenharia elétrica da Unijuí, bolsista Fapergs PROBITI [email protected] Caroline D. Commandeur Acadêmica do curso de engenharia elétrica da Unijuí, bolsista Unijuí PIBIC [email protected] Maria L. F. de Oliveira Aluna da E.T.E 25 de Julho, bolsista CNPQ PIBIC-EM. [email protected] Maurício de Campos Professor do curso de Engenharia Elétrica, DCEEng - Unijuí [email protected] A eletricidade tornou-se um dos elementos mais importantes para a sociedade atual, pois possibilita à população manter as comodidades da vida moderna. Como consequência, está ocorrendo um expressivo aumento do consumo elétrico. Além das constantes pesquisas por novas formas de geração de energia, são necessárias políticas, voltadas ao consumidor residencial, de prevenção do desperdício. Este gasto provém do consumo em modo standby dos aparelhos. Neste estado, o aparelho não está desligado, porém também não exerce sua função principal. Esta perda é popularmente conhecida como “energia vampiro”. O presente trabalho tem como objetivo expor resultados obtidos em testes, realizados em laboratório, de consumo de aparelhos comumente utilizados em residências e revisões bibliográficas que apresentam soluções para a economia de energia. Resumo Palavras-chave: Eficiência energética. Energia vampiro. Desperdício energético. 1. INTRODUÇÃO A eletricidade é um dos elementos mais importantes para a sociedade atual, pois possibilita à população manter as comodidades da vida moderna. Com a popularização de tais comodidades, ocorre um crescente consumo de energia elétrica que mesmo o recorrente desenvolvimento de novas tecnologias de geração não é capaz de suprir. Além do desenvolvimento de novas tecnologias se faz fundamental a adoção de políticas, voltadas ao consumidor residencial, de prevenção de desperdício energético. A tecnologia empregada na operação do controle remoto elucida o consumo energético oriundo do modo standby. Exigência dos consumidores, o controle remoto disponibiliza todos os recursos dos equipamentos através do controle de botões, inclusive a possibilidade de desligá-los à distância sem a necessidade de deslocamento. O modo standby significa que o aparelho está temporariamente em repouso, ou seja, não está desligado, continua consumindo energia e está aguardando algum comando para que exerça sua função principal. Embora represente uma pequena quantidade de energia consumida individualmente, sua utilização em larga escala (diversos aparelhos) pode resultar em um montante de consumo desnecessário e considerável (RODRIGUES, 2009). Este efeito é popularmente conhecido como “energia vampiro”. Sua definição é entendida como a energia gasta por um dispositivo conectado à rede elétrica enquanto em regime de operação no qual sua função principal não está sendo exercida. De acordo com esta definição, o artigo apresentará medições de consumo elétrico XXVI CONGRESSO REGIONAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA EM ENGENHARIA – CRICTE 2014 8 a 10 de outubro de 2014 – Alegrete – RS – Brasil de dispositivos comumente utilizados em residências, a fim de demonstrar o desperdício de energia praticado pela população em seu dia a dia. 2. METODOLOGIA Com o objetivo de verificar o consumo elétrico dos equipamentos testados, foram utilizados multímetros de alta precisão da empresa Agilent para determinar a tensão e corrente RMS (do inglês Root Mean Square), com uma taxa de erro de 0,09% e 0,1%, respectivamente (AGILENT, 2011). A partir da equação 1 é possível calcular a potência requerida pelo equipamento para sua operação no modo standby, realizando a multiplicação de V(tensão) por I (corrente). Este valor de potência encontrado será o consumo do equipamento em Wh. ao equipamento para determinar a corrente e tensão, respectivamente. Além disso, também foram realizadas medições para verificar se há consumo em lâmpadas e reatores queimados. Para efeito de comparação, foram testados carregadores de celular originais e genéricos, comparando seu consumo em malha aberta. Nesta situação, o carregador continua conectado à rede elétrica mesmo sem o celular. 3. RESULTADOS OBTIDOS 3.1 Equipamentos em modo Standby Na Tabela 1, são apresentados alguns exemplos de equipamentos que consomem energia em modo Standby. Tabela 1 - Equipamentos em modo StandBy Por determinação da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), a unidade padrão para tarifar o consumo elétrico é apresentada em kWh (Aneel, 2000). Devese, portanto, dividir a potência encontrada por 1000 para adequá-la. Para que a potência se traduza na realização de trabalho, o sistema deve ser utilizado durante certo período. Quanto maior esse período, maior será o trabalho realizado e mais energia será consumida (BOYLESTAD, 1984). Segundo a equação 2, para calcular o consumo, realiza-se a multiplicação da potência requerida (P) pelo tempo de utilização (∆t) em horas. (2) O valor obtido deve, então, ser multiplicado pela taxa de custo praticada pela concessionária, a fim de determinar o custo, em Reais, da energia demandada pelo equipamento. Os testes de consumo em standby foram realizados em uma bancada projetada especialmente para este fim, permitindo a conexão de multímetros em série e paralelo Consumo kWh/Mês Valor (R$) 5,851 3,04 8,254 4,292 1W 0,72 0,38 5W 3,6 1,87 0,3W 0,21 0,11 20W 14,4 7,49 0,7W 0,504 0,26 Equipamento Potência Computador Infoway 200W TV 14” tubo CEE HPS 1407 8,127W TV LED 32” LG32LB550B Micro-ondas 1000W Electrolux 31L Mini System SONY SHAKE7 2400W Decodificador de Tv SKY HDTV Plus Telefone sem Fio Intelbrás - TS 40 11,464W O gasto energético gerado pelo modo standby em uma residência varia conforme o número de aparelhos ligados e os padrões de uso. Em média, este valor varia entre 5% e 15% do consumo elétrico total da residência. Para a redução de gastos, a Procel (Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica), tem por objetivo identificar os produtos que apresentam os melhores níveis de eficiência energética em uma dada categoria, motivando o mercado XXVI CONGRESSO REGIONAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA EM ENGENHARIA – CRICTE 2014 8 a 10 de outubro de 2014 – Alegrete – RS – Brasil consumidor a adquirir e utilizar equipamentos mais eficientes. Este objetivo é cumprido através da afixação do Selo Procel Eletrobrás (ELETROBRAS, 2011). 3.2 Carregadores de Celular Uma prática muito realizada consiste em deixar o carregador conectado à rede elétrica mesmo o celular não estando conectado a ele. Mesmo que o carregador não esteja exercendo sua função principal, existe consumo elétrico gerado pelos componentes resistivos do circuito. Ao observar os dados da Tabela 2, é possível perceber discrepâncias de consumo quando comparados carregadores de mesma potência, porém de fabricantes diferentes. Esta diferença chega a 380%, mostrando os esforços em pesquisas, de marcas consagradas, por tecnologias mais eficientes. eletrônicos, compostos por capacitores, indutores e circuitos integrados, podem operar em alta frequência (de 20 KHz a 50 KHz), o que reduz o consumo. Em laboratório, foram realizados testes e medições com lâmpadas fluorescentes, incandescentes e ambos os reatores queimados. As lâmpadas fluorescentes, ao contrário das incandescentes, apresentam consumo de energia. Tabela 3 - Consumo Lâmpadas e reatores queimados Equipamento Potência 1,12W Consumo kWh/Mês 0,81 Valor (R$) 0,42 Reator eletrônico 2x40W Reator eletromagnético 2x40w 2x Lâmpadas Fluorescentes 40W queimadas 60,74W 43,73 22,74 0,38W 0,27 0,14 Tabela 2 - Consumo carregadores de celular Equipamento Potência 0,179W Consumo kWh/Mês 0,129 Valor (R$) 0,067 Nokia 5V 750mA Original Apple iPhone Samsung Original 4,75V 0,55A Copia iPhone 5V 1A Genérico 5V 1A 0,32W 0,230 0,12 0,246W 0,177 0,09 1,214W 0,840 0,44 1,997W 1,438 0,75 3.3 Lâmpadas e reatores queimados O reator é um equipamento auxiliar utilizado em um conjunto de lâmpadas de descarga (fluorescentes, vapor mercúrio, vapor sódio ou vapor metálico). Seu objetivo é limitar a corrente na lâmpada e fornecer as características elétricas adequadas para o funcionamento. No mercado são encontrados reatores eletromagnéticos e eletrônicos. Os reatores eletromagnéticos são mais antigos, constituídos por uma bobina de cobre enrolada sobre um núcleo de material ferromagnético. Diferentemente dos reatores Ao analisar os dados apresentados na Tabela 3, pode-se comprovar que lâmpadas fluorescentes, mesmo queimadas, apresentam consumo elétrico. No caso do reator eletromagnético, o alto consumo relaciona-se ao seu mau funcionamento, ele não regula a corrente consumida e converte toda a energia em calor. Esta situação, além de apresentar elevado consumo elétrico, ainda apresenta riscos à segurança, por conta do superaquecimento do reator. 3.4 Desperdício energético em casa padrão Considerando-se uma casa padrão, na qual o consumo dos seguintes equipamentos são analisados: 2x carregadores de celular genéricos conectados sem necessidade à rede elétrica; 2x lâmpadas fluorescentes de 40W queimadas, conectadas a um reator eletromagnético defeituoso; 1x TV 14’’ tubo; 1x telefone sem fio; 1x micro-ondas; 1x computador; 1x decodificador de TV e uma TV LED 32’’ operando em modo standby. XXVI CONGRESSO REGIONAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA EM ENGENHARIA – CRICTE 2014 8 a 10 de outubro de 2014 – Alegrete – RS – Brasil O desperdício energético será de 79,42 kWh/Mês, isso irá gerar um gasto adicional de R$ 41,30 na conta de energia elétrica da casa em questão. Valor este que poderia ser facilmente economizado se certos cuidados fossem tomados. 4. CONCLUSÃO Os dados apresentados neste trabalho evidenciam os potenciais energéticos desperdiçados pelos consumidores no dia-adia. Em 2008, foi proposto por Harrington que fossem implementados limites de consumo para aparelhos em standby (1W) e desligados (0,3W). Estes valores são utilizados inclusive no Brasil para concessão do selo Procel, programa que visa à conservação de energia elétrica, expondo os níveis de eficiência dos aparelhos para conhecimento do consumidor. Nos Estados Unidos, existe também um programa semelhante, chamado Energy Star, que busca diminuir os níveis de produção de gás carbônico por meio da redução do consumo de energia elétrica. Estes programas são fundamentais, pois auxiliam na compra de aparelhos elétricos, priorizando os mais eficientes. Para os consumidores, por sua vez, é aconselhável a adoção de medidas de economia de energia, como: Remover aparelhos que não estejam sendo utilizados da tomada; Utilizar o modo standby apenas em aparelhos realmente necessários; Desligar os aparelhos quando não estiverem sendo utilizados; Trocar lâmpadas e reatores queimados. Estas ações, além de gerarem níveis de economia de energia elétrica consideráveis, ainda favorecem o meio ambiente pela redução dos níveis de gás carbônico produzidos na geração de energia elétrica. Agradecimentos Os autores agradecem o apoio das instituições de fomento Fapergs, CNPQ e Unijui. 5. REFERÊNCIAS AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA – ANEEL. Resolução aneel nº 456, de 29 de novembro de 2000. Disponível em: <http://www.aneel.gov.br/cedoc/bres200045 6.pdf> Acesso em 20 ago. 2014 AGILENT. Agilent U1250 Series Handheld Digital Multimeters Data Sheet. 2011. Disponível em: <http://literature.cdn.keysight.com/litweb/pd f/5989-5509EN.pdf > Acesso em 19 ago. 2014 ELETROBRAS. Regulamento para concessão do Selo procel eletrobras de economia de energia, 2011. Disponível em: <http://www.eletrobras.com/elb/main.asp?T eamID=%7B95F19022-F8BB-4991-862A1C116F13AB71%7D> Acesso em 29 ago. 2014. BOYLESTAD, R. L., NASHELSKY, L. Dispositivos eletrônicos e teoria de circuitos. Vol. 6. Prentice-Hall do Brasil, 1984. 68 p. HARRINGTON, L. Latest Developments Concerning Standby. In: IEC INTERNATIONAL CONFERENCE ON STANDBY POWER. 2008. New DelhiIndia. Presentations. Disponível em: <http://www.energymanagertraining.com/St andbyPower/main.htm>. Acesso em 22 ago. 2014 RODRIGUES, J. R. F. Avaliação da utilização do modo standby em eletrodomésticos e de propostas de soluções mitigadoras para redução do seu consumo energético. Dissertação (Programa de pós-graduação em Engenharia Elétrica) – Departamento de Engenharia Elétrica, Universidade Federal do Paraná, Curitiba – PR, 2009. 127 p XXVI CONGRESSO REGIONAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA EM ENGENHARIA – CRICTE 2014 8 a 10 de outubro de 2014 – Alegrete – RS – Brasil