ESTRATÉGIAS INDIVIDUAIS E POLÍTICAS DE INTERMEDIAÇÃO NA
PROCURA DE TRABALHO. DESAFIOS PARA A INCLUSÃO
PRODUTIVA DA POPULAÇÃO DE BAIXA RENDA
Nadya Araujo Guimarães (USP/DS e CEM) – Coordenadora
Murillo Marschner (Doutorando/USP e CEM; Bolsista DTI-A)
Ian Prates (Doutorando/USP e CEM)
Ana Carolina Andrada (Mestre/USP e CEM;– Bolsista DTI-B)
Jonas Bicev (Mestre USP e CEM)
Monise Picanço (Doutorando/USP e CEM)
Oficina Técnica do Edital CNPq/MDS - 24/2013
Brasília, 09-10 de abril de 2014
. Mercado e Obtenção de Trabalho – Uma Questão para a Política Pública
. Achados de Partida
. Novos Resultados
. Por onde Avançar
BRASÍLIA, 10/04/2014
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A INCLUSÃO PRODUTIVA DA POPULAÇÃO DE BAIXA RENDA
. Mercado e Obtenção de Trabalho – Uma Questão para a Política Pública
. Achados de Partida
. Novos Resultados
. Por onde avançar
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Mercado e Obtenção de Trabalho – Uma Questão para a Política Pública
. A centralidade do mercado de trabalho enquanto mecanismo de
redistribuição social;
. Desigualdades de acesso e desigualdades de resultados;
. Como se dá o encontro entre ofertantes e demandantes de trabalho? :
supostos de simetria e transparência precisam ser postos em suspenso
. Quais os mecanismos mobilizados pela população de baixa renda na
obtenção de trabalho? Desigualdades e heterogeneidades abrem espaço para
a intervenção pública na intermediação
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Mercado e Obtenção de Trabalho – Uma Questão para a Política Pública
. Somente a partir da década de 1980 o mercado de trabalho se consolidou no Brasil
como o lugar onde a maioria expressiva dos indivíduos joga a sua sobrevivência. Trata-se
de um movimento recente; ao qual se associa a heterogeneidade das relações de
trabalho
. Desafios especiais em mercados de trabalho heterogêneos (como o brasileiro) sujeitos a
longos períodos de intenso desemprego, a célere restruturação das firmas e a elevada
desigualdade social
. Nesse contexto, o modo como se tem acesso a informações sobre oportunidades
de trabalho se constitui num recurso estratégico. Não basta estar em busca de
trabalho; é preciso saber encontrá-lo.
. Assim, políticas públicas não podem perder de vista que a maneira como se encontram
ofertantes e demandantes de emprego é um elemento crucial para a reflexão sobre os
elos entre mercado de trabalho e desigualdades.
. Por quê, entre diversas possibilidades de encontro entre ofertantes e demandantes de
trabalho, apenas uma se efetiva?
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Mercado e Obtenção de Trabalho – Uma Questão para a Política Pública
. Em estudos anteriores encontramos que recursos valorizados nos processos de
recrutamento – como informação e competências relacionais – desigualmente
distribuídos
entre os indivíduos, operavam em detrimento das chances dos mais pobres,
.
dos menos escolarizados e dos menos engajados em trajetórias ocupacionais por
empregos de qualidade;
. Abre-se assim uma possibilidade para a política pública intervir: como melhorar as
condições na quais trabalhadores de nível socioeconômico mais baixo acessam
informações ocupacionais? Este é o problema que nos interessa:
O objetivo geral do projeto é o de caracterizar as estratégias de busca de trabalho
postas em ação por indivíduos de baixa renda e potenciais beneficiários dos
Programas Sociais do Governo Federal (inscritos, ou com perfil para estarem
inscritos, no Cadastro Único de Programas), com vistas a avaliar a importância do
acesso a serviços de intermediação e, em especial, o papel que políticas publicas de
intermediação podem vir a desempenhar como mecanismos que ampliam as
chances de inclusão produtiva dessa população.
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Mercado e Obtenção de Trabalho – Uma Questão para a Política Pública
Nossos objetivos específicos são:
.
(i) revisar as bases governamentais de dados sócio-demográficos e de
registros administrativos de modo a estabelecer a importância e os limites de cada
uma delas para propiciar informação relevante sobre estrategias de procura postas em
pratica por nossa populacao alvo e o papel dos servicos de intermediacao;
(ii) re-analisar bancos de dados de surveys por amostra representativa,
conduzidos por instituições acadêmicas a partir dos anos 2000, que se interessaram por
medir as formas de procura de trabalho e, neles, destacar o que caracteriza o modo
como a população-alvo deste projeto tinha acesso ao trabalho;
(iii) incorporar, no curso da execução do projeto, o conhecimento, as
reflexões e os novos dados que porventura estejam sendo produzidos por atores
relevantes da política publica de inclusão produtiva no Brasil, notadamente iniciativas na
fronteira entre intermediação e qualificação profissional como e o caso do PRONATEC;
.
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. Achados de Partida
. Novos Resultados
. Por onde avançar
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Achados de Partida
O engajamento no mercado de trabalho (Brasil – 1960-2010)
.
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Achados de Partida
Mudanças nas relações de emprego e consolidação do processo de
mercantilização do trabalho. 1960-2010
.
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Achados de Partida
O crescimento recente do emprego formal e do emprego via intermediação
.
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Achados de Partida
Em 2001
Mecanismos na busca
por trabalho, evidências
da RMSP:o peso das
iniciativas individuais e a
ancora
nas
redes
pessoais... Mas
havia
lugar
para
a
intermediacao privada
Em 2004
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Mecanismos de Obtenção da Ocupação
Mecanismos na busca por
trabalho, evidências sobre
metrópoles
brasileiras
(2008): importância variada
das redes: é o perfil de
quem procura ou a estrutura
do mercado?
A
efetividade
da
intermediação é limitada –
esse é o universo dos
códigos (como se ofertar no
mercado?) e a política
pública
pode
intervir
familiarizando trabalhadores
com estes códigos.
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Mecanismos de Obtenção da Ocupação
Formas de acesso ao trabalho e à renda. Brasil, 2008
(Pesquisa amostral nacional “Dimensões sociais das desigualdades”)
N
%
Acesso sem venda de trabalho
1311
24.5
Relação direta (prospecção/m eios anônim os)
1098
20.5
Relação m ediada por redes sociais (fam iliares, am igos, conhecidos)
2525
47.2
Relação m ediada por instituições
235
4.4
Outras
182
3.4
Total
5351
100.0
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. Por onde avançar
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Novos Resultados
A obtenção de emprego entre segmentos sócio-econômicos distintos
Tendências recentes por níveis de rendimento domiciliar per capita
Há uma importante variação
nos mecanismos de busca
acionados por indivíduos
dependendo do seu nível
socioeconômico;
Onde o encontro se faz
mediado (1) e onde não há
intermediação (2);
Definição da população-alvo
a partir da faixa de renda
per capita domiciliar (até ½
S.M.)
(1)
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(2)
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Novos Resultados
A obtenção de emprego entre segmentos sócio-econômicos distintos
Tendências recentes por níveis de escolarização
Fundamental Completo
Relação mediada - redes
Prospecção direta - concurso
Auto-Emprego
Relação mediada - instituições
Prospecção direta - anúncios
Médio Completo
Não CadÚnico
CadÚnico
Fundamental Incompleto
Prospecção direta - mercado
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Novos Resultados
A obtenção de emprego entre segmentos sócio-econômicos distintos
Variação regional
Prospecção direta - m ercado
Auto-Emprego
Prospecção direta - concurs o
Outra providência
Relação m ediada - ins tituições
Prospecção direta - anúncios
Relação m ediada - redes
Recife
Salvador
Belo Horizonte
Rio de Janeiro
São Paulo
Porto Alegre
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. O que descobrimos
. Por onde avançar
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Por onde avançar
Entendendo melhor as trajetórias no mercado formal: dentre aqueles com perfil CadUnico, como e
quem chega aos empregos protegidos? Qual o impacto das instituições do mercado de
intermediação no percurso ocupacional desses indivíduos?
Fonte privilegiada: RAIS longitudinalizada – Alguns exemplos de análises possíveis
Os intermediadores provém acesso a trabalhos formais/protegidos para os
ingressantes – São Paulo, coorte 2006, acompanhada desde 1998…
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Por onde avançar
… permitindo sua sobrevivência no mercado formal de trabalho
(Trajetórias da coorte 1998 no mercado formal de trabalho, acompanhada até 2006)
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O que dizer a respeito do Brasil como um todo? Podemos observar a mesma tendência?
(Coorte 2008 acompanhada desde 1998. Amostra 20%)
Trajetórias Prévias
N
%
1. Trabalhadores com pouca (ou sem) experiência no
Mercado formal de trabalho (Ingressantes)
31.602,0
56,4
2. Trabalhadores com trajetórias de intensa transição entre
indústrias (Trajetórias Erráticas)
3. Trabalhadores que se moveram entre varejo e
informalidade (Trajetórias de insegurança: varejo como
porta de entrada)
4. Trabalhadores que se moveram entre indústria e
informalidade (Trajetórias de insegurança: indústria como
porta de entrada)
9.045,0
16,1
4.252,0
7,6
3.924,0
7,0
5. Trabalhadores com longa experiência na indústria
(Trajetórias seguras na indústria)
6. Trabalhadores com longa experiência em empresas de
terceirização (Trajetórias seguras em empresas
terceirizadas)
2.644,0
4,7
2.457,0
4,4
7. Trabalhadores com longa experiência no varejo
(Trajetórias seguras no varejo)
2.098,0
3,7
Total
56.022,0
100,0
Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego, RAIS, Vínculos, Painel Retrospectivo 2008-1998.
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Por onde avançar – Integração RAIS-CadÚnico
A RAIS identificada e o experimento em curso:
.Para o período 2004-2011, recobrindo todo o território nacional;
.Todos os trabalhadors que estavam ocupados nas empresas de locação, agenciamento e seleção (
pertencentes à classe 74500 da CNAE 95) no ano de 2007, ano de pico na expansão dos empregos
intermediados no Brasil;
.Observamos esta coorte, e estamos refazendo os seus trajetos no mercado formal de trabalho,
recuperando todos os vínculos anteriores de trabalho desses indivíduos (desde 2004) e todos os
posteriores (até 2011);
.Entretanto, a RAIS não permite uma boa aproximação a quem seriam os trabalhadores com perfil
CadUnico, posto que só fornece a renda individual no emprego formal (e nada sabemos sobre a
familia/domicilio) do observado.
.Tendo o numero do CPF, poderemos localizar na base RAIS todos os individuos do CadUnico e
recuperar suas trajetorias e, com precisao, indicar por onde andaram no mercado formal, onde e
como foram por ele acolhidos, e que papel os intermediadores de emprego tiveram nessa acolhida
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Por onde avançar - Intermediação e intermediadores
Foco aqui se volta para :
•
A) entender o estado atual do sistema publico de intermediação de empregos: que se
passou com as agencias publicas (governamentais, sindicais...) que se integravam ao
sistema publico de emprego? Os bancos de dados por elas produzidos permitem
recolher evidências sobre se e como acolhem os trabalhadores com perfil CadUnico?
Há/ ou existiram no passado, iniciativas nesse sentido?
•
B) acompanhar, num estudo de caso, uma iniciativa importante de facilitacao do
encontro entre demandante e vaga através do PRONATEC, e o esforço de unir
qualificacao profissional e inserção ocupacional. Levantamento de informações
secundárias sobre o Programa, entrevistas e estudo de um caso piloto podem ser
uteis para apoiar sugestoes sobre virtualidades do sistema publico para produzir este
encontro entre vaga e trabalhador, notadamente no que se refere aos mais pobres.
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Obrigado!
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