10 • Digital • Sábado 1 Dezembro 2007 O mercado do livro electrónico Breve cronologia dos leitores de e-books Amazon Kindle 1998 É lançado nos Estados Unidos o RocketBook, desenvolvido pela NuvoMedia em colaboração com a Barnes & Noble e a Bertelsmann Ventures. Era a preto e branco. Com 18x12,7x2,5 cm e 627 gramas, ecrã táctil com caneta, porta de infravermelhos e “standard serial port”. A bateria aguentava 20 horas com a luz de fundo ligada. O download de livros era feito para o disco rígido de um computador (onde não podiam ser lidos, devido aos mecanismos de protecção anticópia: a desencriptação só podia ser feita no dispositivo manual) e eram transferidos através de um cabo. Era possível aceder a sites da Web (por exemplo, à livraria Barnes & Noble) através do sistema RocketBook, onde se podiam comprar conteúdos electrónicos. Tinha 4 Mb – o que permitia armazenar até quatro mil páginas de texto e gráficos (dez livros); os que não cabiam ficavam no computador a que o aparelho era ligado. O formato era REB, um formato proprietário baseado em HTML com extensões próprias para protecção do copyright. O Rocket possibilitava a conversão de documentos através do RocketWriter, e permitia que lá se colocassem, por exemplo, páginas da Web. Custava 500 dólares (a preços actuais, 336 euros). 2006 É lançado o Franklin eBookman, com as mesmas funções de um PDA e capacidade para gravar e ouvir sons. Só deixou de ser fabricado em 2002. Podia ser sincronizado com o Microsoft Outlook de um computador e permitia que se escrevesse com a nossa caligrafia. 2000 A Gemstar adquire a NuvoMedia e a SoftBook Press e, em França, a editora 00h00 (editava livros em formato digital). Lança o REB 1100, que pesava 500 g e tinha 18 cm de altura, 8 Mb, modem, porta USB para se ligar ao computador e porta de infra-vermelhos. Armazenava 20 livros (com cartão de memória chegava aos 150), baseava-se no formato Open eBook (ou OEB) – o formato de e-book É lançado nos Estados Unidos o Sony Reader PRS – 500. Tem 17,5x12,3x1,3cm, pesa 255g, utiliza a tecnologia e-Ink, quatro tons de cinzento, tem autonomia para 7500 páginas, 64Mb de memória RAM, uma ligação USB, o sistema operativo é o Linux. Não é possível procurar palavras, não tem caneta. Permite ouvir mp3. A Sony fez uma parceria com a cadeia de livrarias Borders, e consegue ter no site 10 mil títulos dos catálogos dos mais importantes editores norte-americanos. Os livros na versão digital custam menos 25 por cento que na edição em papel (agora estão em média a cerca de 12 dólares, 8,5 euros). Além do formato eBook de que é proprietário, o BroadBand eBook – Bbeb (que já vem do Librié) - é também compatível com documentos txt, doc, PDF, RTF e com os formatos multimédia JPeg, BMP, Gif, PNG, mp3 e AAC. Mas não é possível fazer zoom em PDF. Podem ler-se os livros comprados no computador e copiá-los para ler em seis aparelhos. Custa 350 dólares (265 euros). baseado em XML e definido como Open eBook Publication Structure Specification (OEBPS)– aplicável a um sistema de DRM (digital rights management). Tinha ecrã táctil a preto e branco, era retro-iluminado e a bateria dava para 15 horas com a luz acesa. Com dicionário, permitia a busca de palavras, escrever notas, fazer sublinhados e bookmarks. Com vários tamanhos de letra, podia mudar-se a orientação do texto. Custava 300 dólares (202 euros). Foi lançado na Feira do Livro de Frankfurt de 2000. 1999 Aparece nos Estados Unidos o Softbook Reader da Softbook Press, com o apoio da Random House e da Simon & Shuster. As dimensões eram 21,6x28x2,5 cm (quase uma folha A4), pesava 1,3 kg e custava 300 dólares (202 euros). Para aceder ao servidor pagava-se 10 dólares por mês. A bateria durava seis horas. Vinha com uma capa de couro, modem de 33.6 kbps para aceder à SoftBook Network, a partir da qual se fazia download de livros com páginas de texto, ilustrações e gráficos. Como tinha gradação de cinzento, era prático para ver gráficos. Continha até 100 mil páginas, cerca de 250 livros. Trazia o SoftBook Auto Publisher, aplicação que possibilitava a conversão de documentos. Era possível escrever notas ou fazer desenhos nas páginas. da Publishing Link está programado para expirar e deixar de poder ser lido ao fim de 60 dias. Isto é, os seus livros têm que ser lidos num período de tempo específico. É lançado o REB 1200, com 750g, modem e ligação Ethernet, que permitia o acesso à Internet por cabo. Armazenava 80 mil páginas de texto. O ecrã era a cores e táctil, retro-iluminado. Custava 699 dólares (470 euros). 2001 No salão do Livro de Paris, em Março de 2000, é lançado o Cybook, da empresa francesa Cytale. O aparelho é comercializado no ano seguinte. Tinha as dimensões de 21x26x3,3 cm, pesava um quilo, tinha autonomia para cinco horas, armazenava 30 obras, ligava-se à Internet através de linha telefónica, tinha ecrã a cores LCD. Custava 5690 francos (875 euros). 2004 É lançado o Librié da Sony no Japão. É o primeiro leitor de ebooks a utilizar a tecnologia e-Ink, que permite uma leitura muito aproximada da experiência do papel impresso. Pesava 190g, tinha as dimensões 12,6x19x1,3 cm, uma autonomia para dez mil páginas, funcionava com pilhas alcalinas. Tinha um teclado, uma porta USB e custava 310 euros. Não teve grande sucesso: no Japão as pessoas estão habituadas a ler livros nos telemóveis. E levou ao extremo o DRM: os seus conteúdos usam o formato BroadBand eBook (BBeB), do qual o principal fornecedor de conteúdos é Publishing Link, uma joint venture entre a Sony e uma série de editoras japonesas; o conteúdo Sony Reader É lançado o iLiad, da empresa holandesa Irex Technologies (www. irextechnologies.com). As suas dimensões são 15,5x21,6x1,6 cm (mais ou menos uma página A5) e pesa 390 gramas. O ecrã é táctil, tem uma caneta que, quando toca no ecrã, funciona como o rato de um computador normal. Tem 16 níveis de cinzento, 64Mb de ram e funciona com muito pouca bateria. Podemos ler três horas por dia durante mais de uma semana que, assegura a empresa, a bateria não acaba. É possível usar um cabo USB para ligar o computador pessoal ao iLiad e também é possível ler no iLiad o conteúdo de uma caneta USB ou de cartões Flash. O aparelho conecta a qualquer ligação à Internet mas não pode surfar na Web. Suporta vários formatos: PDF, HTML, txt, Jpeg, Digital • Sábado 1 Dezembro 2007 • 11 BMP, PNG, PRC (Mobipocket). Tem wi-fi e ligação Ethernet. As línguas disponíveis são neerlandês, inglês, alemão, espanhol e chinês. É possível assinar jornais e subscrever feeds de RSS. É possível fazer zoom e rodar a imagem, escrever notas (com a nossa caligrafia), fazer desenhos, sublinhar, jogar Sudoku. O iLiad tem um software (Myscript Notes) que transforma o que escrevemos na nossa caligrafia em texto que pode ser usado no MS Word ou MS Outlook. Custa 659 euros. Iliad 2007 É lançado em Outubro o PRS – 505, da Sony, um ano depois do primeiro. Mudam as cores do aparelho, que agora podem ser cinzento ou azul, tem uma capa de couro e é muito fino. A Sony mudou também a colocação dos botões – uns servem para passar páginas, outro para aumentar o tamanho da letra quando é permitido e passar a ver o ecrã no modo paisagem (“deitado”). O modelo anterior só tinha quatro níveis de cinzento, este tem oito. Podem ver-se 7500 páginas em três semanas. Guarda 160 eBooks que se podem comprar através da Connect eBooks Store (ebooks.connect.com). Lê os formatos Adobe PDF 10, RTF, txt, BBeB e Microsoft Word. Tem sítio para cartões de memória (Memory Stick Duo) e SD Card. Tem as dimensões 17,5x12,2x0,8 cm, e pesa 255g. Este ano a Sony pôs à venda os “ebook cards”, válidos para a Connect eBook Store para aqueles que não querem fazer compras com o cartão de crédito na Internet. Custa 300 dólares (210 euros). Na última feira do livro de Frankfurt soube-se que o novo Sony Reader será lançado na Europa, na Feira do Livro de Londres, no próximo ano. O Cybook Gen3 (www.bookeen.com) é lançado em Novembro num pacote Digibook Pro (417 euros) que inclui 24 livros, um romance de ficção científica, uma newsletter, um cartão SD de 2 Gb e um aparelho para ler e-books – o Cybook, da Bookeen. Pesa 174 gramas. Precisa de se ligar ao computador e lê ficheiros em formato Mobipocket encriptado, PDF, txt, PRC, PalmDoc, HTML e Mobipocket. Suporta imagens nos formatos Jpeg, Gif, PNG e som em MP3. O ecrã é a preto e branco, com tecnologia e-Ink (quatro graus de cinzento). O Amazon Kindle (www.amazon. com/kindle) aparece também em Novembro: o aparelho serve para ler livros, jornais e blogues. Tem o mesmo tamanho que a última versão do Sony Reader, o de um livro de bolso mas mais leve (cerca de 300g). Não é preciso ligar o aparelho a um computador, tem um serviço de banda larga EV-DO (Evolution Data Optimized) utilizado pelos telemóveis, sem ter que se pagar mais por isso através da Amazon Whispernet. Custa 399 dólares (270 euros) e ligase directamente à loja da Amazon. com, onde estão disponíveis 90 mil títulos a 9,99 dólares (7 euros) cada um. Menos de um minuto é o que demora entre a compra do livro e ele estar disponível para leitura no Kindle. O ecrã é a preto e branco e usa a tecnologia e-Ink, tem 4 graus de cinzento. Lê livros em formato Kindle (AZW, uma variante de HTML), Mobipocket (se não tiverem DRM), e lê também ficheiros Word ou PDF mas só se forem enviados para o Kindle por e-mail e depois convertidos pela Amazon – mas esse serviço não é grátis (10 cêntimos de dólar por cada e-mail). Os blogues e os jornais também requerem assinatura paga. Pode ler durante 30 horas sem se precisar de carregar a bateria. Armazena 200 livros, permite ligação à Wikipedia, sublinhar palavras e procurar no dicionário. Tem teclado (para escrever notas), mas não tem caneta. Isabel Coutinho [email protected] Esta cronologia foi feita com base nas obras Os Livros e as Leituras – Novas Ecologias da Informação, de José Afonso Furtado (Livros e Leituras) e Gutenberg 2.0 – Le Futur du Livre de Lorenzo Soccavo (M21 Editions), no site www. epaper-france.com (onde pode visualizar vídeos com testes a alguns destes aparelhos) e em entradas da Wikipedia.