Plano para combate de viroses Adélia Costa Maribel Teixeira Tânia Jorge [julho de 2010] – última revisão: dezembro de 2012 Índice Nota Introdutória ........................................................................................................... 2 1. Finalidade................................................................................................................. 3 2. Público alvo .............................................................................................................. 3 3. Outros públicos........................................................................................................ 3 4. Métodos .................................................................................................................... 3 5. Ações ......................................................................................................................... 4 6. Doenças infetocontagiosas (evição escolar) ........................................................... 6 7. Outras doenças ........................................................................................................ 8 Mononucleose infeciosa…………………………………………………………8 Conjuntivite……………………………………………………………………...9 Candidíase oral…………………………………………………………………11 Pediculose………………………………………………………………………13 Herpes labial……………………………………………………………………14 Escabiose……………………………………………………………………….15 ANEXO Decreto Legislativo Regional n.º 8/2012/A (DR, 1.ª série – N.º 55 – 16/03/2012) 1 Nota Introdutória O termo virose designa qualquer doença causada por um vírus e as viroses atingem principalmente as crianças. Os vírus transmitem-se facilmente de pessoa para pessoa e o contato com uma pessoa infetada pode representar, por isso, uma situação de risco. Assim, é importante intervir no sentido de diminuir a probabilidade de contágio. As escolas são espaços prioritários para a implementação de planos de contingência, uma vez que, pelas suas caraterísticas, são locais ideais para a disseminação de vírus. A prática simples de hábitos de higiene saudáveis como, por exemplo, a simples mas correta lavagem das mãos favorece a proteção contra o contágio de alguns vírus e evita a propagação dos mesmos. Em seguida descreve-se o plano para combate de viroses da Casa de Infância de Santo António. 2 1. Finalidade Diminuir os efeitos gerais das viroses. 2. Público alvo Crianças que frequentam a Instituição. 3. Outros públicos Comunidade educativa. 4. Métodos A metodologia a utilizar permite alertar para os ganhos em saúde, melhorar o conhecimento e favorecer mudanças comportamentais e sociais, capacitando o indivíduo para a tomada de decisões que minimizem o risco de disseminação da virose. Assim, este plano inclui a adopção de medidas de higiene e comportamentais específicas dirigidas ao público alvo. 3 5. Ações Manter as orientações relativamente à limpeza das salas e brinquedos. Repor, sempre que necessário, o desinfetante líquido que se encontra espalhado pela Instituição. Todos os funcionários deverão lavar as mãos quando chegarem à CISA. Solicitar a lavagem das mãos de todas as crianças, antes de entrarem na respetiva sala, antes de comerem e após a ida à casa de banho. Lavar as mãos, com água e sabão, após a mudança das fraldas das crianças e sempre que necessário. Serão consideradas doenças infetocontagiosas todas aquelas que se encontram descritas neste documento e que figuram no capítulo V, artigo 14º do Decreto Legislativo Regional n.º 8/2012/A que se encontra em anexo. Informar o encarregado de educação que crianças portadoras de doenças infetocontagiosas, contempladas neste plano, deverão ser afastadas do estabelecimento pelo período de exclusão recomendado. No caso desta informação não ser aceite pelo encarregado de educação, a educadora/professora/responsável pela sala deverá contatar a direção que, por sua vez, será responsável por esta decisão. Informar, os Encarregados de Educação, em caso de surto na instituição, de alguma das doenças contempladas neste plano. Em caso de surto será criada uma sala de isolamento. Os Encarregados de Educação deverão informar a instituição, caso o seu educando apresente alguma das doenças contempladas neste plano ou que figure no regulamento interno da CISA. Os Encarregados de Educação serão contatados caso o seu educando apresente temperatura ≥ 38,5ºC. 4 6. Doenças infetocontagiosas (evição escolar) Todas as doenças (exceto a hepatite A e B) consideradas no quadro seguinte, caraterizam-se por serem mais frequentes em crianças e transmitirem-se por via aérea, através de secreções nasofaríngeas ou de saliva. A varicela tem duas peculiaridades: pode também transmitir-se através do líquido das lesões cutâneas e não é de declaração obrigatória. Também a meningite, só deve ser notificada se for a meningococo. Em Portugal, a hepatite A e principalmente a hepatite B são doenças mais frequentes entre os adolescentes e adultos. Enquanto a hepatite A tem transmissão fecal-oral pelo que poderá ser necessário tomar medidas imediatas de isolamento entérico do doente em relação a outras crianças. No caso da hepatite B, atendendo à forma de transmissão hemática ou sexual, nunca será importante isolar o doente em relação às outras crianças, não se devendo tomar medidas precipitadas, apenas geradoras de pânico e intolerâncias injustificadas. Genericamente, para todas as doenças assinaladas no quadro, devem-se tomar três medidas: - Isolamento profilático do doente (com evição escolar): deve ser feito durante todo o período de transmissão referido para cada doença (exceto para a hepatite B). O período de evição deve corresponder ao período decorrido entre o diagnóstico e o final do período de transmissão. - Vigilância dos contatos: considera-se "contato" todo o indivíduo que contatou intimamente com o doente durante o período de transmissão referido para cada doença. Um contato só pode manifestar a doença clínica após o período de incubação da mesma. Como este período de incubação varia entre um mínimo e um máximo (referidos no quadro), deve ser feita vigilância clínica aos contatos entre estes dois "tempos". Por exemplo, relativamente a um caso de sarampo, se um contato foi exposto pela primeira vez no dia 5 de Abril, a doença deve manifestar-se clinicamente entre os dias 13 (5+8) e 21 (5+16) do mesmo mês. - Notificação da doença (exceto a varicela). 5 DOENÇA Sarampo Rubéola Papeira (Parotidite epidémica) Varicela Difteria PERÍODO DE INCUBAÇÃO PERÍODO DE TRANSMISSÃO CONTATOS – ATUAÇÃO* 8-16 dias Desde 4 dias antes até 4 dias após início do exantema Vacinação até 72 horas após a exposição 14-21 dias Desde 7 dias antes até 7 dias após início do exantema – 14-21 dias Desde 6 dias antes até 9 dias após o início da tumefação glandular – 10-21 dias Desde 2 dias antes até 5 dias após início do exantema – 1-7 dias Até 2 culturas negativas do exsudado nasofaríngeo Contatos com vacina atualizada: - 1 dose vacinal de reforço - evição durante 7 dias Contatos sem vacina atualizada: - atualização vacinal - evição durante 7 dias - quimioprofilaxia com eritromicina (50mg/kg/dia) durante 7 dias Contatos menos íntimos: - atualização vacinal Tosse convulsa 4-21 dias Até 5 dias de antibioterapia correta Contatos domésticos e companheiros de carteira: - atualização vacinal - evição durante 7 dias - quimioprofilaxia com eritromicina (50mg/kg/dia) durante 7 dias 6 Escarlatina e outras infeções nasofaríngeas por estreptococo hemolítico do grupo A Meningite/sépsis por: meningococos haemophilus Hepatite A 1-3 dias 2-10 dias 14-45 dias Até 1 dia (24h) de antibioterapia correta – Até à cura clínica Contatos domésticos e companheiros de carteira: - quimioprofilaxia com rifampicina (20mg/kg/dia) em duas tomas diárias, durante 2 dias (dose máxima: 1,2g/dia) Desde a 2ª metade do período de incubação, até 7 dias após o início da doença ou até ao desaparecimento da icterícia, quando presente Um único caso de doença: - apenas vigilância dos contatos Vários casos de doença: - Vacinação dos contatos domésticos até 15 dias após a exposição, e/ou - IG inespecífica (0,02ml/kg) até 15 dias após a exposição (aos contatos domésticos e companheiros de carteira) Contatos sem exposição ao sangue (percutânea ou mucosa): - vacinação Hepatite B 60-180 dias Enquanto tiver AgHBs+ ou AgHBc (IgM)+ Contatos com exposição ao sangue (percutânea ou mucosa): - IG HepB (0,06ml/kg) até 48h após a exposição - vacinação * inclui a vigilância dos contatos, além das medidas preconizadas para cada doença 7 7. Outras doenças A mononucleose infeciosa, também conhecida como a “Doença do beijo” é uma doença de progressão benigna, muito comum, causada pela infeção pelo vírus EpsteinBarr e transmitida pelo contato com saliva. O vírus é transmissível pela saliva e troca de outras secreções, principalmente, pelo beijo. As populações afetadas dividem-se em dois grupos: as crianças e os adolescentes. As crianças pequenas são frequentemente infetadas pelos pais ou pelas outras crianças, já que têm pouco pudor em lamber objetos lambidos pelas outras crianças e os adolescentes são infetados quando beijam as namoradas ou namorados. As crianças pequenas geralmente não têm sintomas. A infeção inicial é pela saliva alheia, pode ocorrer uma ou mais vezes no mesmo indivíduo o aparecimento da doença e, consequentemente, dos sintomas que só aparecem entre 4 e 8 semanas depois de contraída a doença. O vírus pode ser contraído continuamente até que o indivíduo crie anticorpos contra este. Os sintomas são febre alta (39 – 40 °C), mal estar, fadiga, dores de garganta (faringite) e, por vezes, hepatite moderada e aumento dos gânglios linfáticos do pescoço. A infeção é controlada ao fim de alguns dias, mas o vírus frequentemente fica latente e permanece por toda a vida. 8 A conjuntivite é uma inflamação da conjuntiva ocular, membrana transparente e fina que reveste a parte da frente do globo ocular (o branco dos olhos) e o interior das pálpebras. Em geral, ataca os dois olhos, pode durar entre uma semana a quinze dias e não costuma deixar sequelas. A causa da conjuntivite pode ser infeciosa, alérgica ou tóxica. A conjuntivite infeciosa é transmitida, mais frequentemente, por vírus, fungos ou bactérias e pode ser contagiosa. O contágio dá-se, nesse caso, pelo contato. Assim, estar em ambientes fechados com pessoas contaminadas, o uso de objetos contaminados, o contato direto com pessoas contaminadas ou até mesmo pela água da piscina são formas de se contrair a conjuntivite infeciosa. Quando ocorre uma epidemia de conjuntivite, pode-se dizer que é do tipo infeciosa. A conjuntivite alérgica é aquela que ocorre em pessoas predispostas a alergias (como quem tem rinite ou bronquite, por exemplo) e geralmente ocorre nos dois olhos. Esse tipo de conjuntivite não é contagiosa, apesar de que pode começar num olho e depois apresentar-se no outro. Pode ter períodos de melhoras e reincidências, sendo importante a descoberta da causa da conjuntivite alérgica. A conjuntivite tóxica é causada por contato direto com algum agente tóxico, que pode ser algum colírio medicamentoso ou alguns produtos de limpeza, fumo de cigarro e poluentes industriais. Alguns outros irritantes capazes de causar conjuntivite tóxica são a poluição do ar, sabão, sabonetes, spray, maquilhagens, cloro e tintas para cabelo. A pessoa com conjuntivite tóxica deve-se afastar do agente causador e lavar os olhos com água abundante. Se a causa for medicamentosa é necessário a suspensão do uso, sempre seguindo uma orientação médica. Caracteriza-se por uma hiperemia dos vasos sanguíneos da conjuntiva, prurido, sensação de desconforto e, por vezes, dor. Os principais sintomas da conjuntivite no início são: Olhos vermelhos e lacrimejantes, devido à dilatação dos vasos sanguíneos locais; Inchaço (edema) do olho ou pálpebra, devido ao acumular de líquido no local; Incómodo causado pela luz. Depois aparecem os seguintes sintomas: Sensação de areia ou de ciscos nos olhos; Aumento do lacrimejamento com a presença de secreção purulenta; Em alguns casos, febre e dor de garganta; Dor de cabeça. Um olho com conjuntivite viral Olho afetado pela conjuntivite 9 Para prevenir o contágio, tome as seguintes precauções: Lavar as mãos frequentemente; Evitar aglomerações ou frequentar piscinas de academias ou clubes e praias; Lavar com frequência o rosto e as mãos uma vez que estas são veículos importantes para a transmissão de microrganismos patogénicos; Não coçar os olhos; Aumentar a frequência com que troca as toalhas e sabonete ou use toalhas de papel para enxugar o rosto e as mãos; Trocar as fronhas dos travesseiros diariamente enquanto perdurar a crise; Não compartilhar o uso de esponjas, rímel, delineadores ou de qualquer outro produto de beleza; Evitar contato direto com outras pessoas; Não ficar no ambiente em que há um bebé; Não usar lentes de contacto durante esse período; Evitar banhos de sol; E luz pois essa faz com que o olho contaminado venha a doer mais. O tratamento passa por: Limpeza do olho, pálpebras e das secreções produzidas (usar soro fisiológico esterilizado e compressas esterilizadas); Muito importante: Nunca tocar com a superfície das embalagens no olho ou pálpebra aquando da aplicação, para evitar a contaminação das soluções (colírios e pomadas); Para melhor poder diagnosticar a causa da conjuntivite, é de todo aconselhável a ida a um serviço de urgência, onde o médico poderá retirar uma amostra das secreções purulentas produzidas pelos olhos (zaragatoa) que será analisada a nível bacteriológico, fúngico e viral na tentativa de descobrir qual o agente causador da conjuntivite. No caso de ser descoberto o agente causador, o médico poderá prescrever um tratamento com antibiótico (em caso de bactérias), antifúngico (em caso de fungo) ou antiviral (em caso de vírus), que será diferente consoante o tipo e o grau de resistência do agente que causa a doença; Não tome medicamentos sem consultar o seu médico, o correto tratamento de qualquer doença varia de pessoa para pessoa e consoante a doença. 10 A candidíase oral ou “sapinhos” é uma doença fúngica oportunista causada pela proliferação de espécies de Cândida, principalmente a C. albicans, na boca. Esta infeção encontra-se, geralmente, limitada à membrana mucosa (língua, gengivas, palato –“céu da boca”, interior das bochechas e lábios). Quando o sistema imunitário se encontra mais deficiente ou se não houver tratamento adequado, a infeção pode espalhar-se para a orofaringe, esófago… podendo mesmo atingir a corrente circulatória e causando infeções generalizadas. Os “sapinhos” são muito frequentes nas crianças pequenas, podendo ocorrer em cerca de 5 a 30% dos recém nascidos saudáveis. Em crianças mais velhas e adultos, a candidíase está associada normalmente com alterações verificadas na capacidade de defesa do indivíduo doente, que podem ser devidas a várias causas, como a toma de antibióticos, de medicamentos imunossupressores, alterações endócrinas ou imunitárias, diabetes ou neoplasias, ou a imunodeficiência adquirida ou congénita. O que pode causar? O atrito, calor e humidade facilitam o desenvolvimento do fungo já existente nas mucosas ou pele. O contato com secreções originadas na boca. A transmissão vertical dá-se da mãe para o recém nascido, durante o parto, pois este fungo é também responsável, por infeções vaginais na mulher. Os principais sinais e sintomas são: Lesões brancas, bem delimitadas, semelhantes a leite coalhado. Quando as lesões brancas são removidas deixam uma área avermelhadas. Úlceras ou fissuras. Recusa em mamar em decorrência de dor na boca. Anorexia. Irritabilidade. Nos casos mais graves: ulceração e necrose. Em crianças mais velhas pode surgir aumento dos gânglios linfáticos e febre. 11 O tratamento deve ser sempre seguido e prescrito pelo médico e a dose depende da idade da criança, bem como outros fatores de saúde. Geralmente o tratamento da candidíase oral pode ser realizado topicamente (localmente) com nistatina ou clotrimazol. Além dos antifúngicos locais pode ser igualmente necessária a toma de antibióticos. Quando não há tratamento, a cura espontânea pode demorar até 2 meses, sendo que durante este tempo as lesões podem disseminar-se para a laringe, traqueia, brônquios e pulmões. A candidíase pode manifestar-se de forma repetida devido ao facto da criança voltar a infetar-se com o fungo que se pode encontrar no biberão, no mamilo da mãe, nas chupetas ou nos brinquedos. Assim deve-se: Lavar e esterilizar bem as tetinas e biberões (ferver pelo menos 20 minutos). Os brinquedos que a criança leva à boca, os babetes, peças de vestuário e roupa de cama devem ser adequadamente lavados. Lavar a chupeta quando esta cai ao chão. Devem-se ferver as chupetas pelo menos 1 vez por dia. Uma forma importante de prevenir o aparecimento de candidíase é evitar a administração indevida de antibióticos de largo espectro, cuja toma cria condições para o desenvolvimento do fungo. Se os mamilos da mãe estiverem infetados, esta deve ser tratada com aplicação local de creme com nistatina. Lavar a boca do bebé com água limpa Os bebés portadores da dermatite da fralda provocada por cândida podem tocar no local e ao levar a mão à boca transportar o microrganismo para dentro da boca, contaminando-a. Para prevenir este facto, deve-se supervisionar o bebé quando este está apenas de fralda ou no banho e colocar roupas sobre a fralda para dificultar o acesso do bebé à zona infetada. Como diferenciar de outras doenças comuns? Por também atingir o interior da boca e se manifestar por lesões esbranquiçadas, a candidíase oral pode confundir-se com estomatite (inflamação da boca) aftosa, gengivite necrosante ou outras estomatites de causa viral que habitualmente se apresentam com manifestações mais graves de doença, como febre e sensação de mal-estar evidente. 12 A pediculose é uma doença parasitária causada por piolhos. No homem, a infestação é causada pelo Pediculus humanus, que pode ser encontrado no couro cabeludo (Pediculus humanus capitis) e no corpo (Pediculus humanus humanus), e pelo Pthirus pubis que causa a pediculose pubiana. Atinge principalmente crianças em idade escolar e é transmitida pelo contato direto interpessoal ou pelo uso de utensílios como bonés, escovas ou pentes de pessoas contaminadas. A doença tem como característica principal a coceira intensa no couro cabeludo, principalmente na parte de trás da cabeça e que pode atingir também o pescoço e a região superior do tronco, onde se observam pontos avermelhados semelhantes a picadas de mosquitos. Com a coceira das lesões pode ocorrer a infeção secundária por bactérias, levando inclusive ao surgimento de gânglios no pescoço. Geralmente a doença é causada por poucos parasitas, o que torna difícil encontrá-los, mas em alguns casos, principalmente em pessoas com maus hábitos higiénicos, a infestação ocorre em grande quantidade. Para além dos piolhos surgem as lêndeas, ovos de cor esbranquiçada depositados pelas fêmeas nos fios de cabelo. O tratamento da pediculose da cabeça consiste na aplicação nos cabelos de medicamentos específicos para o extermínio dos parasitas. A lavagem da cabeça e a utilização de pente fino ajuda na retirada dos piolhos. As lêndeas devem ser retiradas uma a uma, já que os medicamentos muitas vezes não eliminam os ovos. Para facilitar a retirada das lêndeas, pode ser usada uma mistura de vinagre e água em partes iguais, embebendo os cabelos por meia hora antes de proceder à retirada. Em crianças que frequentemente aparecem com piolhos, recomenda-se manter os cabelos curtos e examinar a cabeça em busca de parasitas, usando o pente fino sempre que chegarem da escola que é, geralmente, o principal foco de infeção. As meninas de cabelos compridos devem ir às aulas com os cabelos presos. A escola deve ser comunicada quando a criança apresentar a doença para que os outros pais verifiquem a cabeça de seus filhos, de modo que todos sejam tratados ao mesmo tempo, interrompendo assim o ciclo de recontaminação. 13 O herpes labial manifesta-se por pequenas lesões nos lábios ou à volta da boca, causadas por uma infeção viral. Contraído em qualquer idade, mas que surge normalmente até aos 7 anos, o vírus atravessa a pele e esconde-se numa junção nervosa até despertar, mais tarde, num herpes labial. A lesão herpética não surge necessariamente no momento da infeção, mas sim quando o vírus adormecido é reativado. É então que surgem os sintomas. As lesões são, em geral, precedidas por ardor e prurido (comichão) nas áreas onde vêm a aparecer as vesículas que rompem, espontaneamente. Formam depois crostas e acabam por cicatrizar ao fim de uma semana. Pior do que a comichão e o ardor são as bolhas que rebentam e formam uma superfície ulcerada nos lábios, deixando-os com um aspeto pouco estético. Quem sofre de herpes labial queixa-se de dificuldades em falar, rir ou comer, especialmente na fase em que a boca está ferida e começa a ganhar uma crosta dura. O tratamento do herpes labial varia consoante o tipo, a frequência das lesões, a gravidade da infeção e o estado geral do doente. Em alguns casos não é preciso qualquer terapia visto que, apesar de se tratar de uma infeção habitualmente recorrente, as lesões cicatrizam ao fim de alguns dias, sem deixar marcas. Enquanto permanecerem as lesões convém não furar as vesículas, não coçar a área afetada, não beijar ou falar muito próximo de outras pessoas e lavar sempre as mãos depois de tocar nas feridas, para evitar que a infeção alastre para outras zonas do corpo, como as mucosas oculares, bucal e genital. Em termos gerais, devem ser evitadas situações que desencadeiam o aparecimento de novos surtos de herpes labial. A exposição solar intensa, a exposição ao frio e vento intensos e estados febris são algumas dessas situações. Suspeita-se que a fadiga física e mental, o stress emocional e outras infeções, que possam deixar o organismo debilitado, sejam também fatores desencadeantes da reativação do vírus. 14 A escabiose (sarna) é uma doença da pele, altamente infeciosa causada pelo parasita Sarcoptes scabie e transmissível pelo contato físico entre pessoas ou mesmo através das roupas. Esse parasita alimenta-se da queratina, ou seja, da proteína que constitui a camada superficial da pele. Depois do acasalamento, a fêmea põe os ovos (seis em média por fêmea) que eclodem após duas semanas, provocando muito prurido (comichão). As lesões mais comuns ocorrem entre os dedos das mãos e é, especialmente, a mão que serve de veículo para levar a escabiose a outros pontos do corpo, principalmente coxas, nádegas, axilas, cotovelo. No homem, a infeção é comum nos genitais e, na mulher, nos seios. Pacientes imunodeprimidos estão mais expostos ao risco de infeção pelo parasita da sarna. Período de incubação O período de incubação é de cerca de 24 dias ou de 24 horas no caso de reinfestação pelo parasita. Sintomas * Prurido ou comichão, sintoma que se acentua à noite. * Presença de pápulas, pequenas lesões eritematosas que podem formar uma crosta provocada pelo ato de coçar o local. As escavações dos ácaros aparecem como linhas ondulosas de até 1,5 cm de comprimento que, algumas vezes, apresentam uma pequena crosta numa extremidade. * Os locais de maior preferência destes ácaros são os dedos das mãos e dos pés, os punhos, os cotovelos, as axilas, em torno dos mamilos das mulheres, no pénis e bolsa escrotal nos homens, ao longo da linha da cintura e sobre a parte inferior das nádegas. * Nos bebés, a escabiose pode acometer a face, o que raramente acontece nos adultos e as lesões podem parecer bolhas cheias de água. * As escavações tornam-se difíceis de serem observadas com o avançar da infeção, porque elas são mascaradas pela inflamação provocada pelo ato de coçar. Diagnóstico O diagnóstico é feito visualmente pela análise das lesões causadas e pela sua localização e pode ser confirmado pela identificação do parasita ao microscópio. 15 Tratamento É feito à base de inseticidas especiais ou escabicidas. O seu uso é tópico, ou seja, local, e deve ser aplicado no corpo todo, exceto acima da linha do nariz e das orelhas, por dois ou três dias consecutivos. É importante que a aplicação seja repetida após sete a dez dias para combater os ácaros provenientes dos ovos que ainda não haviam eclodido na primeira aplicação. Toda a família e/ou parceiros devem ser tratados simultaneamente para evitar a reinfestação. Já existem remédios por via oral que também são eficientes no tratamento da escabiose. A limpeza normal das roupas é suficiente para eliminar o ácaro. Recomendações * Saiba que a escabiose é comum em ambientes de aglomeração populacional, principalmente, em locais de má higiene. * Troque de roupas diariamente porque o ácaro sobrevive horas, às vezes dias, fora do corpo. * Lave as roupas de uso pessoal, da cama e do banho diariamente. * Procure certificar-se de que todas as pessoas com que convive proximamente estão a receber tratamento simultâneo. 16 Anexo 17 Decreto Legislativo Regional n.º 8/2012/A (DR, 1.ª série – N.º 55 – 16/03/12) 18 19