Universidade do Vale do Itajaí
Curso de Relações Internacionais
LARI – Laboratório de Analise das Relações Internacionais
Região de Monitoramento: BRICs
A construção dos BRICS: importância econômica e interesses comuns dos estados membros1
1. Objeto de Análise: A importância econômica e os interesses comuns entre os países que
fazem parte do acrônimo BRICs.
2. Informações de Referência
2.1 Palavras-chave
BRICS, relações multilaterais, blocos geoeconômicos, desenvolvimento.
2.2 Cronologia2:
Década de 2000
!
" # $ %
Eventos no âmbito do BRICS – DE 2006 A 2011. http://www.itamaraty.gov.br/temas-mais-informacoes/saibamais-bric/eventos-bric-2006-a-2010/view. Acessado em 22/08/2011
&
30/11/2001 - O termo BRIC foi criado pelo economista Jim O’Neill, chefe de pesquisa em
economia global do grupo financeiro Goldman Sachs, em Londres/Inglaterra, para referir-se aos
quatro países que apresentarão as maiores taxas de crescimento econômico até 2050 e que, em
conjunto, representam mais de um quarto da área do planeta e mais de 40% da população.
30/11/2001 – Publicação do estudo “BuildingBetter Global Economic BRIC”, de Jim O´Neill.
01/10/2003 – Publicação do estudo “Dreamingwith BRIC: the path to 2050”, de Dominic Wilson
e Roopa Purushothaman.
09/2006 - I Reunião de Chanceleres do Grupo BRIC, à margem da 61ª AGNU em Nova York,
EUA.
24/09/2007 - II Reunião de Chanceleres do Grupo BRIC, à margem da 62ª AGNU em Nova
York, EUA.
10-11/03/2008 - I Reunião de Vice-Ministros do Grupo BRIC no Rio de Janeiro, Brasil.
15-16/05/2008 - I Reunião Ministerial do Grupo BRIC em Ecaterimburgo, Russia.
09/07/2008 - Reunião dos Chefes de Estado e de Governo do Grupo BRIC por ocasião da
Cúpula do G-8 em Hokkaido, Japão.
09/2008 - III Reunião de Chanceleres do Grupo BRIC, à margem da 63ª AGNU em Nova York,
USA.
07/11/2008 - I Encontro de Ministros de Finanças do Grupo BRIC em São Paulo, Brasil.
13/03/2009 – II Encontro de Ministros das Finanças do Grupo BRIC em Horsham, Inglaterra.
28-30/05/2009 - Reunião de Altos Funcionários Responsáveis por Temas de Segurança em
Moscou, Rússia.
16/06/2009 - I Cúpula do BRIC, em nível de lideres, em Ecaterimburgo, Rússia.
04/09/2009 - Reunião de Ministros das Finanças e Presidentes de Bancos Centrais em
coordenação prévia ao encontro dos homólogos do G-20 em Londres, Inglaterra.
24/09/2009 - Reunião Ministerial do BRIC à margem da 64ª AGNU em Nova York, EUA.
24-25/09/2009 - Reunião de Ministros da Fazenda do BRIC na Cúpula do G- 20 Financeiro em
Pittsburgh, Rússia.
06-07/10/2009 - Reunião ministerial de coordenação do BRIC preparatória para a Assembléia
Anual do FMI e do Banco Mundial em Istambul, Turquia.
Década de 2010
14/01/2010 - Reunião de "sherpas financeiros" em paralelo ao encontro do G-20 na Cidade do
México, México.
22/02/2010 - I Reunião dos Chefes dos Institutos Estatísticos do BRIC, à margem de reunião do
Comitê Estatístico da ONU em Nova York, USA.
22-23/02/2010 - Seminário “Uma Agenda para os BRIC”, organizado pela Prefeitura do Rio de
Janeiro, Brasil.
1 a 12/03/2010 - I Programa de Intercâmbio de Magistrados do BRIC em Brasília, Brasil.
23/03/2010 - Encontro de Ministros da Agricultura do BRIC em Moscou, Rússia.
13/04/2010 - Encontro de Sherpas (representantes pessoais dos dirigentes), do BRIC em Brasília,
Brasil.
13-04/2010 - Encontro de Bancos de Desenvolvimento do BRIC no Rio de Janeiro, Brasil.
14-15/04/2010 - Seminário de ThinkTanks (centros de pesquisa aplicada em política
internacional) dos países do BRIC em Brasília, Brasil.
14/04/2010 - Fórum Empresarial IBAS+BRIC no Rio de Janeiro, Brasil.
15-16/04/2010 - Encontro de Cooperativas do BRIC em Brasília, Brasil.
15/04/2010 - Reunião de Altos Funcionários dos BRIC, Responsáveis por Temas de Segurança,
em Brasília, Brasil.
15/04/2010 - II Cúpula do BRIC em Brasília, Brasil.
21/09/2010 - V Reunião Ministerial do BRIC à margem da 65ª Sessão da Assembleia Geral das
Nações Unidas em Nova York, USA.
5-6/10/2010 - Reunião do BRIC à margem do Encontro Internacional de Funcionários de Alto
Nível Responsáveis por Assuntos de Segurança em Sochi, Russia.
11-12/10/2010 - Reunião de representantes dos bancos de desenvolvimento dos BRICs em
Londres, Inglaterra.
29-30/10 a 1/12/2010 - II Reunião dos Chefes dos Institutos Estatísticos do BRIC no Rio de
Janeiro, Brasil.
10/12/2010 - Inauguração do BRIC Policy Center – Centro de Estudos e Pesquisas BRIC no Rio
de Janeiro, Brasil.
19/02/2011 – Encontros dos Ministros das Finanças do BRIC a margem de reunião do G-20 em
Paris, Franca.
24-25/03/2011 – III Seminário de “ThinkTanks” do BRIC em Pequim, China.
13/04/2011 – Reunião dos Ministros de Comercio do BRIC em Sanya, China.
13/04/2011 – Encontro dos bancos de desenvolvimento dos BRIC, bem como seminário
financeiro em Sanya, China.
13-14/04/2011 – II Encontro Empresarial do BRIC em Sanya, China.
14/04/2011 - II Cúpula do BRIC em Sanya, China.
14/04/2011 – Declaração de Sanya – Entrada da Africa do Sul e Reunião de Líderes dos agora
BRICS em Sanya, China.
3. Contextualização
O acrônimo BRIC foi criado pelo analista da Goldman Sachs, o economista inglês Jim
Neill, em 2001, para referir-se aos quatro países que apresentarão as maiores taxas de
crescimento econômico até 2050 e que, em conjunto, representam mais de um quarto da área do
planeta e mais de 40% da população. Segundo Jim O´Neill “até o final de 2050 o grupo vai se
transformar na principal força da economia mundial”. A África do Sul se incorporou ao conjunto
dos quatro países em 2011, na reunião dos Chefes de Estado realizada na cidade de Sanya/China.
O mundo assiste à ascensão dos BRICS com um misto de esperança (de dividir encargos)
e temor (de compartilhar decisões) disse o ex. Ministro das Relações Exteriores do Brasil: Celso
Amorim.3A importância de Brasil, Rússia, Índia e China é que juntos eles detêm 26% do
território, 42% da população e 14,5% do PIB mundial. Nos últimos cinco anos, contribuíram
com mais de 50% da expansão do PIB mundial, de acordo com estatísticas exibidas em
seminário realizado em Brasília (14/04/2010) pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas
(IPEA). Com a crise econômica mundial de 2007/2008, estes países são vistos como uma
alternativa concreta de manutenção da damanda agregada mundial, e por isto, podem aliviar os
sintomas da desaceleração do crescimento econômico global.
Inicialmente, o conceito de BRIC não teve grande repercussão, mas o caminho percorrido
por estes países, desde então, parece justificar as previsões de Jim O´Neill. A necessidade de
fortalecer os laços econômicos e políticos entre os países do BRICS levou à formação de um
bloco político informal, que recentemente realizou sua terceira reunião de mandatários em
Sanya, na China.4 Mas, quando se observa as reuniões de segundo e terceiros escalões, pode-se
apontar que desde o ano 2006 até 2011 foram realizados 18 encontros.
Para alguns estudiosos a parceria do Brasil nos BRICS leva o país a conquistar algumas
vantagens. Primeiramente, ao realçar sua forca regional, e em segundo lugar ao ganhar parceiros
em outras partes do mundo. Sobre isto Fernando Abrucio5 acrescenta a seguinte análise:
Independentemente das divergências, o bloco ganha um sentido comum por duas
causas. A primeira deve-se ao fato de representarem a parcela do mundo que tem o
maior potencial de crescimento econômico, obtendo a capacidade de influenciar regras
em vários setores da economia mundial. Além disso, suas características sóciodemográficas, ambientais e políticas os beneficiam em exercer o papel de ímã no plano
geopolítico regional e global. Em outras palavras, podem estabelecer contrapontos mais
efetivos à Europa e aos Estados Unidos, juntando outros a esse novo pólo.
Para o Brasil essas nações oferecem complementaridades e oportunidades. Por exemplo,
poderemos ter um papel importante na alimentação de bilhões de pessoas como indianos,
chineses e russos, mas também poderemos juntar nossas empresas ou obter investimentos desses
países. Sobre este aspecto, por exemplo, o volume de exportações dos grandes mercados
emergentes cresceu mais no Brasil do que nos outros BRICS, de acordo com o relatório do
3
AMORIM,
Celso.
Como
os
BRICS
tomaram
conta
do
pedaço.
In.http://www.conversaafiada.com.br/mundo/2011/04/25/amorim-como-os-brics-tomaram-conta-do-pedaco.
Acessado em27/04/2011
4
MARTINS, Umberto. O BRIC e o desafio de construir uma nova ordem mundial. In.
http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=127712&id_secao=1.Acessado em 11/05/2011
5
ABRUCIO, Fernando. O acerto da aposta do Brasil nos Brics. In.http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI133917-15230,00O+ACERTO+DA+APOSTA+DO+BRASIL+NOS+BRICS.html. Acessado em 26/05/2011
volume de comércio no quarto trimestre, divulgado pela Organização Mundial do Comércio
nesta segunda-feira, 16 de maio de 2011.6
A Importância da Índia no Contexto dos BRICS
No quadro mundial aberto pelo fim da Guerra Fria tem-se tornado usual associar Índia e
China, quando se deseja analisar o presente e o futuro próximo das relações internacionais
(OLIVEIRA, 2008, p. 1). Grande parte das análises convencionais atribui exclusivamente às
reformas econômicas introduzidas em 1991 a aceleração das taxas de crescimento do PIB real
per-capita indiano nos últimos anos (NASSIF, 2008, p. 3). Assim, “[...] a Índia passou a crescer
após as reformas econômicas que ocorreram em 1991. Desde então, os níveis de pobreza,
desnutrição e o analfabetismo históricos no país, estão diminuindo lentamente, embora [ainda]
permaneçam muito altos” 7.
Nesta mesma perspectiva, Ricardo Vélez Rodriguez8 diz que reformas indianas
efetivadas, a partir de 1991, por Manmohan Singh, hoje primeiro-ministro Indú, reduziram as
tarifas de importação, deitaram por terra as barreiras comerciais, diminuíram as regulamentações
impostas às empresas pelo antigo sistema colonial, baixaram a carga tributária e abriram o país
ao investimento internacional. Essas medidas foram graduais e romperam com o dirigismo
econômico, aceleraram fortemente a economia, estimularam a livre iniciativa e ampliaram a
projeção do país no cenário internacional. Neste sentido: “O crescimento do PIB acelerou, a
inflação caiu e as exportações aumentaram significativamente. Entre 1950 e 1980, a economia
indiana cresceu em média 3,5% ao ano. De 1980 a 2000, o crescimento anual acelerou para 5,8%
em média. Nos últimos três anos, o crescimento do PIB explodiu, chegando à média anual de
8,4% ”.
Os indicadores econômicos da Índia em suas relações com relação ao Brasil indicam uma
taxa de exportação de US$ 1, 474 milhões em 2006 e em 2008 de US$ 4,161 milhões. No
6
MILLENIUM, Instituto. Na “Forbes”: Brasil lidera os BRICS no volume de exportações. In
http://exame.abril.com.br/rede-de-blogs/instituto-millenium/2011/05/17/na-forbes-brasil-lidera-os-brics-no-volumede-exportacoes/.Acessado em 29/05/2011
7
. Economia da Índia. Disponível in. http://www.infoescola.com/india/economia-da-india/. Publicado em
12/06/2008 e acessado em 08/06/201.
8
RODRIGUEZ, Ricardo Vélez. Os Brics e a Globalização: Perspectivas da Índia e do Brasil, Brasília: Revista
Liberdade e Cidadania, 2010. Disp. in. http://www.flc.org.br/revista/arquivos/248228987910273.pdf.Acessado em
20/06/2011.
mesmo sentido, as exportações do Brasil para a Índia passaram de US$ 1, 030 milhões em 2006
para US$ 1,159 milhões em 20089.
Os principais produtos transacionados entre os dois países são predominantemente
manufaturas (80%). Para o Brasil, as relações com a Índia são estratégicas, pois: “De acordo com
o relatório BRIC 2003 da Goldman Sach’s a economia indiana será a terceira maior do mundo,
depois dos Estados Unidos e da China. No mesmo sentido, um estudo do Deutsche Bank também
coloca a Índia como a terceira maior economia do mundo em 2020” 10·.
Todas essas taxas demonstram realmente o caminho que a Índia quer percorrer, já que ela
está cada vez mais perto de alcançar o topo da lista das grandes potências econômicas do mundo.
A Índia é chamada de soft power (usado pelo professor de Harvard Joseph Nye pela primeira
vez), ou seja, capacidade que o ator (Estado) tem de influenciar culturalmente ou
ideologicamente nas decisões de outrem de acordo com os seus interesses. Segundo Luís
Antonio Paulino “a integração na economia global é um resultado, não um pré-requisito de uma
estratégia bem sucedida de crescimento” 11.
China: o país mais importante dos BRIC´s
Como maior economia dos BRIC`s, a China influencia o desenho do bloco. O gigante
asiático já é o maior parceiro comercial brasileiro, mas a pauta de exportações do País se
concentra em produtos primários e commodities, assim como acontece nos embarques para Índia
e Rússia. Apenas nas vendas para a África do Sul, a participação de manufaturados é maior que
de produtos básicos. O aumento da importância econômica e dos interesses comuns entre o
Brasil e a China aparece, por exemplo, quando se observa a expansão do comércio internacional
entre os dois países. As relações de exportação e importações entre Brasil e China vêm
crescendo significativamente nos últimos anos. As exportações brasileiras totais em 2006
chegaram US$ 8.402,4 bilhões e as importações US$ 7.990,4 bilhões. Em 2010 o Brasil
importou US$ 8.759,4 bilhões e exportou US$ 10.644,2 bilhões. Nesta relação comercial
bilateral os principais produtos comercializados estão minério de ferro não aglomerado (31,5%);
soja em grãos (31,4%); petróleo (6,7%); pasta de madeira (5,4%) e óleo de soja (2%)12.
9
Disponível in. http://www.itamaraty.gov.br/temas/temas-politicos-e-relacoes-bilaterais/asia-e-oceania/india/pdf.
Acessado em 08/06/2011.
10
VARMA, Yogeshwar. Perfil Índia 2006 Relações Comerciais Índia – Brasil. Disponível
in.http://www.federasul.com.br/repositorio/BibArq000015.pps - 137k. Acessado em 08/06/2011).
11
PAULINO, Luís Antonio. Os Brics e o Equilíbrio de Poder Global, Marília: UNESP, 2008. (PAULINO, 2008,
p. 6, apud IPEA: ENAP: PNUD, 2004, p.74)
&
Ministério das Relações Exteriores: CHINA. http://www.itamaraty.gov.br/temas/temas-politicos-e-relacoesbilaterais/asia-e-oceania/china/pdf. Acessado em 22/08/2011.
Sobre os investimentos recíprocos, nos últimos três anos diversos atos bilaterais foram
assinados. Entre estes merecem destaques o acordo sobre Cooperação em Energia e Mineração
de 19/02/2009; o Comunicado Conjunto parta o Contínuo Fortalecimento da Parceria Estratégica
em 19/05/2009. Tratado entre a República Federativa do Brasil e a República Popular da China
sobre Auxílio Judicial em Matéria Civil e Comercial que está em tramitação, e o Memorando de
Entendimento entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo da República da
China sobre Petróleo, Equipamento e Financiamento em 19/05/200913.
O IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) alerta que o Brasil precisa buscar
alternativas para ampliar as exportações de bens industrializados para o grupo, ainda que a
demanda chinesa continue concentrada mais em alimentos, infraestrutura e energia. Além disso,
como os preços das commodities variam conforme o cenário econômico mundial seria arriscado
continuar dependendo preponderantemente das vendas desses produtos. Apesar dos
investimentos brasileiros nos BRICS ainda serem modestos, um terço das empresas brasileiras já
estariam pensando em buscar oportunidades nesses países, principalmente nos setores de
infraestrutura na China e na Índia, devido a expansão econômica de suas economias14.
África do Sul e os BRIC´s
A relação entre África e o Brasil começou com o tráfico negreiro, pelo qual muitos
escravos foram trazidos para o Brasil como mão-de-obra para a plantação e a colheita do açúcar
e depois do café. Esse episódio marcou a relação econômica entre a África e o Brasil. Mas,
quando os negros da África do Sul passaram a lutar contra o racismo para eliminar o sistema
apartheid e quando as colônias portuguesas de Guiné Bissau, Moçambique e Angola entraram
em conflito pela independência de Portugal, após os anos 1960, o Brasil passa a, timidamente,
olhar para o continente africano.
Dados referentes à economia da África do Sul apontam para uma força de trabalho com
cerca de 18 milhões de trabalhadores em 2008. A taxa de desemprego é de 22,% e o país
exportou cerca de US$ 80 bilhões em 2008, Seus maiores clientes são Estados Unidos (US$ 9,7
bilhões), Japão, Alemanha, Reino Unido, China, Holanda, enquanto o Brasil importou US$
1,754 bilhões. As importações da áfrica do Sul foram de US$ 87,3 bilhões em 2008 e vieram da
Alemanha (US$ 9,5 bilhões), China, Espanha, Estados Unidos, Japão, Reino Unido e Arábia
13 Idem.
14 RODRIGUES, Eduardo. China ofusca demais países que integram os Brics, diz Ipea. Disponível in.
http://economia.estadao.com.br/noticias/economia+brasil,china-ofusca-demais-paises-que-integram-os-brics-dizipea,62705,0.htm. Agência Estado. Acessado em 04/07/2011.
Saudita. O Brasil vendeu US$ 773 milhões (2008). O PIB da África do sul é de U$$ 255,2
bilhões (2006), sendo que as relações comerciais entre Brasil e África do Sul aumentaram, pois
em 1990 o Brasil importou U$$ 74.092 e exportou U$$ 166.684, já em 2000 a importação foi
para U$$ 227.578 e a exportação foi para U$$ 302.14115.
A África do Sul vem se tornando um país com grande potencial devido ao seu
desenvolvimento econômico, seus recursos naturais e energéticos, por isso foi convidada
oficialmente para integrar o BRIC, bloco econômico que passou a ser chamado de BRICS em 14
de abril de 2011.
Aspectos importantes da Rússia para os BRIC´s
A Rússia possui características típicas dos países do BRICS: seu território é muito
extenso (o maior do mundo), é um país industrializado e possui abundantes recursos naturais.
Como um dos vencedores da II Guerra Mundial, o país possui cadeira permanente no conselho
de segurança da ONU com direito a veto, possuiu status planetário e demonstrou poder ao frear
os Estados Unidos e barrar algumas “imposições” deste país e seus aliados no âmbito da ONU”
16
.
As relações comerciais entre Brasil e Rússia também tiveram um crescimento
significativo. No caso brasileiro evoluiu a venda de carnes e miudezas comestíveis com um
crescimento total de 55,4% entre 2007 e 2008. Entre as importações brasileiras da Rússia
merecem destaque sal, enxofre, terras e pedras, gesso, cal e cimento na faixa de 4,6% de
aumento entre 2007 e 200817.
Na visita do presidente Lula à Rússia no dia 13 de maio de 2008 foram assinados vários
acordos: como desarmamento, não proliferação de armas, militar, espacial, direitos humanos,
cultura, segurança da informação e científico.18 Porém, o destaque maior foi o Plano de Ação da
Parceria Estratégica Brasil-Rússia que engloba pesquisas em tecnologia e defesa. Nos dias 24 a
26 de novembro de 2008 o Brasil recebeu a visita oficial do Presidente Dmitry Medvedev,
acompanhado do responsável pelos Negócios Estrangeiros, Serguey Lavrov, pelo Ministro da
15África do Sul. Disponível in. http://www.portalbrasil.net/africa_africadosul.htm. Acessado em 04/07/2011.
16
SILVA, Ivan Santiago. Rússia – o BRIC que retomou o poder. Disponível in.
http://www.webartigos.com/articles/21054/1/Russia--o-BRIC-que-retomou-o-poder/pagina1.html#ixzz1RAU4vTvx
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18
Brasil e Russia querem ampliar relacoes comerciais. In. http://www.brasileconomico.com.br/noticias/brasil-erussia-querem-ampliar-relacoes-comerciais_82606.html.Acessado no dia 18/06/2011
Agricultura, Senhor Alexey Gordeev, pelo Ministro da Energia, Senhor Sergey Shmatko, além
de parlamentares e outras altas autoridades russas dos setores aeroespacial, técnico-militar e
fitossanitário e uma missão empresarial, por ocasião do 180º aniversário das relações BrasilRússia.
Algumas empresas russas já estão investindo no Brasil. Por exemplo, a Stroitransgaz se
prepara para participar de projetos no Brasil com a Petrobras.19 Essa união poderá levar a
conclusão de projetos como a construção de 6 mil quilômetros de sistema de oleodutos, estações
de compressores, entre outras composições para o setor de petróleo e gás. Contudo ainda é muito
cedo para avaliar esta relação.
4. Cenário Global dos BRIC´s
Os aspectos positivos que uma união em torno dos BRICS podem produzir no cenário
global é a ampliação do grupo de países que podem se contrapor às potências capitalistas
ocidentais. O crescimento econômico da China, Índia, Rússia e Brasil, principalmente, podem
transformar estes países em destino de novos investimentos que serviriam para dinamizar a
economia mundial combalidos pela crise financeira, econômica e fiscal que afeta os EUA, a
Europa e o Japão.
Com exceção do Brasil e da África do Sul, Rússia, China e Índia são vistos no sistema
mundial como potências econômicas e militares, pois demonstram a vontade e o poder de
atuarem como hegemonias na região na qual se incluem, principalmente por dominarem a
tecnologia nuclear no âmbito militar. Ambos os países investem pesados recursos na
modernização de suas forcas armadas e dos seus arsenais. Por exemplo, a China mantém um
indiscutível controle marítimo no Pacifico Sul com base na frota submarina chinesa movida,
simultaneamente, a energia diesel e energia atômica. Além disso, a China vem desenvolvendo
um novo sistema de mísseis para ataque e destruição de satélites. Tecnologias que só os Estados
Unidos e Rússia tinham. Claramente percebe-se que o expansionismo Chinês, fora da Ásia, tem
sido estritamente diplomático e econômico, porém dentro da Ásia o projeto chinês e hegemônico
e competitivo. (FIORI, 2009. p.10320)
19
Relacoes economicas entre o Brasil e Russia. In. http://brazil.ru/pt/Russia-Brasil.Acessado no dia 23/06/2011
FIORI, José Luís. O poder global e a nova geopolítica das nações. Crítica y Emancipación, (2): 157-183, primer
semestre 2009.
&2
A Índia por sua vez, quando mudou a sua política externa, adotou uma nova estratégia
econômica na década de 1960 de defesa nacional, principalmente com as explosões nucleares de
1998 e o sucesso do míssil balístico indiano de Agni II. Assim, em 1998, o país assumiu
plenamente a condição de potência nuclear. Com essa expansão no plano do poder militar e a
ampliação do seu crescimento econômico, a Índia definiu perfeitamente a sua nova estratégia de
inserção regional e internacional. (FIORI, 2009. p.103)
A África do Sul, em toda a sua história enfrentou uma rebelião social e política interna
quase permanente. Porém, após o fim da apartheid e da eleição de Nelson Mandela, a África do
Sul tem se proposto a cumprir um papel de ponte entre a Ásia e a America Latina. Mesmo
através de sua democratização e de ter se envolvido em acordos de paz dentro do continente
africano, o Estado move-se em termos econômicos e militares lentamente por ter tido um
passado racista e belicista (FIORI21)
Cenários para os BRICS: possíveis ganhos para o Brasil
No curto prazo é possível observar que a progressiva institucionalização do BRICS, ao
menos como um fórum de discussões privilegiadas entre os cinco países emergentes mais
importantes, vêm produzindo alguns ganhos para o Brasil. É também possível apontar que o
aumento do comércio internacional entre os países membros dos BRICS se tornou uma
realidade. Para países como o Brasil as exportações de alimentos são muito importantes. Neste
sentido, a China, Índia e Rússia são possíveis mercados para as nossas exportações do
agronegócio.22 No mesmo sentido a aproximação comercial também abre mais possibilidade de
dialogo entre estes países. Nesta perspectiva a busca de maior assertividade nos fóruns
internacionais estimula, em tese, que os membros do BRICS possam se articular para intervir em
questões de interesse da comunidade internacional. Com isto, a possibilidade dos países
membros atuarem juntos nos fóruns internacionais para viabilizarem determinados temas ou
acordos que interessam aos países em desenvolvimento se torna mais concreta. Isto pode
21
Fiori, op. cit.
SALEK, Silvia. BRICs querem investimentos mútuos em moeda local. Disponível em. In.
http://economia.uol.com.br/ultimas-noticias/bbc/2011/04/14/brics-querem-investimentos-mutuos-em-moedalocal.jhtm. Acessado em 06/07/2011.
22
acontecer na entrada da Rússia na OMC, no qual a Rússia tem interesse na abertura de firmas
russas em outros mercados.23
Ainda nessa perspectiva, as criações de acordos nos planos econômicos e tecnológicos
podem avançar permitindo a criação de um mundo mais multilateral. São exemplos na possível
criação de um sistema financeiro para desenvolver a concessão de créditos mútuo para
investimentos em uma moedas local e não em dólar.
Além disso, com ressalta Fernando Abrucio, “[...] esse bloco também reforça a posição
brasileira em fóruns mais amplos e de cunho multilateral” Um exemplo disto, segundo este autor
é que o Brasil não teria fortalecido sua posição no FMI sem se aliar com a China e com a Índia.
Também a reivindicação de uma cadeira permanente no Conselho de Segurança na ONU só
poderá ser feita em parceria com esses países 24.
Por outro lado, um cenário pessimista, pode levar em consideração outras opções. A
principal delas está ligada aos interesses que os três países nuclearizados podem ter que
enfrentar. Neste sentido, suas estratégias nacionais podem ser encaminhadas para um maior
nacionalismo e protecionismo, em função da correlação de forças internacionais representadas
pelas estratégias dos EUA, do Japão e os demais países da OTAN. Os conflitos futuros e as
alianças que estes conflitos podem produzir poderiam interferir no leque de opções que os países
dispõem. Neste sentido, as ações dos membros do BRICS poderiam ser organizadas para a
conquista de mercados, apenas, e a busca de complementaridades econômicas, poderia ser
substituída pela competição mercantil. Isso eliminaria ou reduziria políticas e ações de
cooperação, as quais seriam substituídas por ações de concorrência por mercados externos.
23
CAIADO, Juliana Drumond. Negociacoes acerca da entrada da Russia na OMC.
http://www.pucminas.br/imagedb/conjuntura/CNO_ARQ_NOTIC20060410111606.pdf?PHPSESSID=2ca5b6cbe4c
49ed5955edd53654a8ff6. Acessado em 07/08/2011.
24
ABRUCIO, Fernando. O acerto da oposta do Brasil nos BRICS.
http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI133917-15230,00O+ACERTO+DA+APOSTA+DO+BRASIL+NOS+BRICS.html+
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A construção dos BRICS Importância econômica e