UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO E PSICOLOGIA MESTRADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO COMUNICAÇÃO, TECNOLOGIA EDUCATIVA E EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA EM JOSÉ MANUEL MORAN Dissertação de Mestrado em Ciências da Educação - Comunicação e Tecnologia Educativas - MARIA JOANIL DE OLIVEIRA Dissertação realizada sob a orientação do Professor Doutor Joaquim José Jacinto Escola Vila Real, 2013 UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO E PSICOLOGIA MESTRADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO COMUNICAÇÃO, TECNOLOGIA EDUCATIVA E EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA EM JOSÉ MANUEL MORAN Dissertação de Mestrado em Ciências da Educação - Comunicação e Tecnologia Educativas - Por Maria Joanil de Oliveira Orientador: Professor Doutor Joaquim José Jacinto Escola Vila Real, 2013 Dissertação submetida por Maria Joanil de Oliveira à Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Educação - Comunicação e Tecnologia Educativas, sob a orientação do Professor Doutor Joaquim José Jacinto Escola, Professor Auxiliar do Departamento de Educação e Psicologia da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Às minhas netas Amanda e a Júlia, as princesas da vovó Maria Agradecimentos À Deus, pela vida, pela tua sabedoria, fé, força e coragem concedidas, entre tantos momentos tão difíceis que me ajudastes a ultrapassar no período em que estive em Portugal para concretizar esta pesquisa, distante da minha família e amigos, entretanto, nunca me desamparastes. Sinto-me profundamente grata pela oportunidade de poder alcançar esta vitória e por tantas situações que fui extremamente abençoada, por compreender neste momento ser de um grande desafio de concretizar esta pesquisa com êxito. Ao professor Doutor José Manuel Moran, pela sua tão amável disposição de contribuir com a pesquisa, os meus mais sinceros agradecimentos. Ao professor Doutor Joaquim José Jacinto Escola, pela sua paciência e disposição em atender-me nas tantas idas ao seu gabinete. Ao pastor David Antunes e esposa Paula pelo apoio e carinho durante o tempo que estive em Vila Real. À minha querida irmã de fé Ana, pelo carinho, e pelas correções feitas na tese. À Helena Isabel Carvalho por ser minha amiga em todas os momentos que mais precisei, serei eternamamente grata por estar comigo nos bons e maus momentos. À Marta Veiga, minha colega de apartamento por proporcionar uma companhia tão agradável, por podermos compartilhar momentos de convívio de extrema importância na construção desta pesquisa. À minha família pelo apoio que sempre me deram, pelo amor que sempre demonstraram quando mais precisei. Agradeço à minha filha Mariana de Oliveira Barros pela sua colaboração em todos os sentidos da minha vida, pelo apoio, amor e constantes atenções a tudo que relaciona ao meu crescimento intelectual e pessoal. Ao meu amado genro Leonardo Monteiro de Barros Oliveira pelo incentivo e pelas vezes que esteve a ler e dar ótimas sugestões. Agradeço ao Américo, meu namorado (em memória) por apoiar-me com seu carinho, amor e a paciência que teve com a minha ausência nos momentos mais difíceis. V Índice Geral AGRADECIMENTOS ............................................................................................................ V ÍNDICE DE TABELAS ........................................................................................................ VII ÍNDICE DE FIGURAS........................................................................................................ VIII RESUMO .......................................................................................................................... IX ABSTRACT ......................................................................................................................... X SIGLAS ............................................................................................................................ XI CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO ...............................................................................................1 1.1 Contextualização ...........................................................................................1 1.2 Relevância e Objetivos da Investigação .........................................................2 1.2.1 Razões do Estudo .................................................................................2 1.2.2 Objetivos do Estudo .............................................................................3 1.3 Organização desta dissertação........................................................................3 CAPÍTULO II- FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .........................................................................5 2.1 Comunicação .................................................................................................5 2.1.1 Os Meios de Comunicação e Tecnologia Educativa ..............................7 2.2 Tecnologia Educativa .................................................................................. 17 2.2.1 Integração da Mídia na Educação ....................................................... 20 2.3 Caraterização de Educação a Distância (EAD) ............................................. 24 2.3.1 Conceitos de Educação ....................................................................... 24 2.3.2 História da Educação no Brasil ........................................................... 27 2.3.2 Origem, Crescimento e Conceitos EAD .............................................. 29 2.3.3 Modelos de Ensino EAD .................................................................... 38 2.3.4 Recursos Mediáticos em Ambientes Virtuais de Aprendizagem .......... 40 2.3.5 Instrumentos de Avaliação de Aprendizagem em EAD ....................... 45 2.3.6 EAD como Instrumento de Inovação e Inclusão Social ....................... 48 2.3.7 Universidade Aberta ........................................................................... 52 2.3.8 Perspectivas e Tendências em EAD .................................................... 57 CAPÍTULO III – METODOLOGIA ....................................................................................... 62 3.1 Tipo de estudo ............................................................................................. 62 CAPÍTULO IV - COMUNICAÇÃO, TECNOLOGIA EDUCATIVA E EDUCAÇÃO A DISTÂNICA EM JOSÉ MANUEL MORAN ...................................................................................................... 65 4.1 Biografia de José Manuel Moran ................................................................. 65 4.2 Evolução do pensamento de José Manuel Moran ......................................... 68 CONCLUSÕES .................................................................................................................... 96 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................... 97 ANEXOS ......................................................................................................................... 103 VI Índice de Tabelas Tabela 1 - Uso das Tecnologias da Informação e da Comunicação no Brasil .................... 16 Tabela 2 - Teorias contemporâneas da educação .............................................................. 26 Tabela 3 - Periodização da história das instituições brasileiras ......................................... 28 Tabela 4 – Iniciativas de EAD no mundo ........................................................................ 33 Tabela 5 - Evolução da EAD no Brasil ............................................................................. 36 VII Índice de Figuras Figura 1- Comunicação síncrono e assíncrono .................................................................. 41 Figura 2 - Componentes de um ambiente virtual de aprendizagem ................................... 43 VIII Resumo A presente dissertação teve como finalidade compreender os desafios colocados pela educação à distância no âmbito da comunicação e tecnologia educativa, no pensamento de José Manuel Moran. Em linhas gerais, as leituras das obras de Moran, locus do estudo, expressam uma perspectiva um tanto crítica, ao mesmo tempo em que mantêm uma postura otimista quanto aos rumos da educação a distância. Percebemos que o pensamento do autor teve evoluções significativas no que se refere às propostas de efetuar a educação por vias do uso das tecnologias, através dos mais diversos meios, tanto na educação presencial bem como a distância. Fica evidente que o seu discurso está voltado para o processo de inovação e deixa claro que em educação, é fundamental a orientação, a pesquisa e a avaliação, e que não se deve focar apenas na transmissão de informação, defende que um bom ensino é embasado através de desafios. Podemos concluir que a comunicação educativa, a tecnologia educativa e EAD no pensamento de José Manuel Moran venha a inspirar outros pesquisadores para que possam desenvolver outros estudos na area da educação presencial e a distância com o objetivo de fortalecer as bases de uma educação para todos. Palavras-chave: Comunicação, Teconologia Educativas, Educação a distância IX Abstract This dissertation was to understand the challenges posed by distance education in communication and educational technology at the thought of José Manuel Moran. In general, the readings of the works of Moran, locus of the study, expressing a perspective somewhat critical at the same time maintain a positive attitude about the direction of distance education. We realize that the author's thinking had been significant developments in relation to proposals to make education by way of the use of technologies through a variety of means, both in classroom education and distance. It is evident that his speech is directed to the process of innovation and makes it clear that education is fundamental guidance, research and evaluation, and should not focus only on the transmission of information, argues that good teaching is grounded through challenges. We conclude that the educational communication, educational technology and distance learning at the thought of José Manuel Moran will inspire other researchers so that they can develop other studies in the area of education and distance learning in order to strengthen the foundations of education for all. Keywords: Communication, Educational technology, Distance Education. X Siglas Ao longo desta dissertação utilizaram-se um conjunto de siglas, que se descrevem na lista seguinte, juntamente com o seu significado, para identificar as diversas obras de José Manuel Moran. AVA – Ambiente Virtual de Aprendizagem EAD – Ensino a Distância EJA – Educação de Jovens e Adultos LCC – Leitura Crítica da Comunicação LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação MEC – Ministério da Educação e Cultura NIED – Núcleo de Informática Aplicada à Educação a distância PROINFO – Programa Nacional de Tecnologia Educacional SEB – Secretaria da Educação Básica SEED – Secretaria de Educação a Distância TIC – Tecnologia da Informação e Comunicação UAB – Universidade Aberta do Brasil WWW – World Wide Web XI CAPÍTULO I 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO A comunicação é de fundamental importância para toda a humanidade sendo que, desde os tempos remotos procura-se estabelecer formas de se comunicar, seja pela pintura, pela música, pela literatura, de muitas maneiras, sofisticando assim o sentido de comunicar. Com o advento das tecnologias se introduz vários meios de comunicação que vêm a revolucionar definitivamente os meios e, desde então o jornal, o rádio, a televisão e a internet e uma infinidade de outros recursos tornaram com isto difusores de ideologias e, traz consigo uma carga de significados que interfere na cartografia do mundo coletivo, que segundo Baccega (2009, p.19), a escola e a família têm confrontado com os meios de comunicação, a qual se constituem uma outra agência de socialização. Contudo, para Moraes (2010, p.69) temos que avaliar também quem controla essa variedade de ofertas, qual é a sua natureza ideológico-cultural, quais são as linhas de propagação, que modalidades de interferências do público são permitidas, quais disponibilidades de tempo e os níveis de atenção e absorção por parte de leitores, telespectadores, internautas e ouvintes, diante do excesso de estímulos audiovisuais e impresso. Nessa perspectiva, de acordo com Moran (1993, p.9), “educação é fundamentalmente um processo de comunicação, de interação, de relação entre as pessoas”. Entretanto, nota-se que na “educação” quando se insere os meios de comunicação para promover o ensino e a apredizagem, termina sendo de uma forma incipiente e complementar, sendo assim, a leitura de Moran é pertinente quando se fala que é necessário que haja essa interação entre o homem e a comunicação, mas com uma leitura mais crítica diante de sua real intenção com as pessoas. Para tanto, empreendemos nesta investigação o estudo das obras, dos artigos, das entrevistas, entre outros, sendo pertinentes a evolução, os desafios e as dimensões de inovações em relação à comunicação, às tecnologias educativa em EAD no pensamento de José Manuel Moran. E para identificar e compreender a visão de Moran na atualidade decide-se então por incluir na pesquisa o questionário com questões direcionadas aos objetivos traçados nesta investigação, sendo o principal compreender a evolução do seu pensamento. 1 Nesse sentido, a fala atual do autor foi importante, pois assim foi possível fazer o confrontamento das questões respondidas pelo autor com as suas obras. A análise e a leitura crítica individual de cada questão em contraponto com as obras foram de primordial para identificar e compreender os objetivos lançados na investigação. 1.2 RELEVÂNCIA E OBJETIVOS DA INVESTIGAÇÃO 1.2.1 RAZÕES DO ESTUDO Na história da humanidade as inovações tecnológicas estão presentes em todos os sentidos na vida do ser humano, é inegável, traz um conjunto de avanços, de forma a difundirem-se as informações e nos diversos meios de comunicação. O educar acompanha o homem desde sua infância, quando ainda no seio da família lhes é proporcionado orientações de viver, conviver, aprender, sentir, comportar, compartir e socializar, posteriormente também lhes é proporcionado em toda a sociedade. O homem, através de suas invenções, tem ao longo dos séculos quebrado muitos paradigmas, isto em todos os sentidos da sua vida. Diversas gerações têm presenciado historicamente as revoluções tecnológicas nas mais variadas situações, desde a imprensa escrita até os dias atuais por meio chamadas “estradas virtuais”, que ultrapassam as barreiras territoriais, culturais e espaciais, integrando cada vez mais as pessoas no mundo. No entanto, essa integração dos meios, - tecnologia, informação e comunicação, trazem mudanças profundas na sociedade mediadas pelas tecnologias em rede. Isso implica que o homem tenha que reinventar maneiras de se inserir nesse contexto do imaginário e de representações impostas nesse novo mundo da cibercultura1 no ciberespaço2. Nota-se que os recursos tecnológicos estão presentes nas casas, nas escolas, nas universidades e nas empresas de serviços, promovendo e estimulando em suas práticas um repensar diário, principalmente quando se refere à área da educação que é ensinar e 11 Edgar Morin (1999, p.404) em “O Desafio do Século XXI: Religar os Conhecimentos, em Cibercultura e Info-Ética de Philippe Quéau, traz que “A expressão <cibercultura> contém um prefixo <ciber>, que simboliza, actualmete o mundo inteiro, a revolução das novas tecnologias da informação e da comunicação (NTIC). As palavras <leme>, <governar> ou to govern, partilham a mesma etimologia: vêm do grego cyber[…] A essência da cibercultura está ligada à apreensão do global, do mundial, do planetário e, in fine, do universal”. Quanto ao neologisno “Cibercultura”, diz que é um conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvovem juntamente com o crescimento do “Ciberespaço”. 2 Para Pierre Lévy (1956 p. 17) o termo “Ciberespaço” o qual também chama de reder diz que é o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial dos computadores. O termo especifica não apenas a infra- estrutura material da comunicação digital, mas também o universo oceânico de informação que ela abriga, assim como os seres humanos que navegam e alimentam esse universo. 2 aprender nesse novo contexto sendo sempre um dos grande desafio para os educadores frente a essa nova era do conhecimento. Dissertar sobre Comunicação, Tecnologia Educativa com o discurso voltado para a modalidade da Educação a Distância, tendo o arsenal bibliográfico do professor pesquisador José Manuel Moran foi extremamente relevante pelas seguintes razões: Se tem destacado como um dos pioneiros com estudos relevantes referentes às tecnologias e a comunicação voltadas para a educação: tanto presencial, semipresencial e a educação a distância; Se tem construído um discurso inovador na modalidade de educação a distância, como um dos modos de alcançar um grande número de pessoas com a inserção das tecnologias no ensino presencial e a distância; Considera que a Educação a Distância já vem sendo utilizada por muitos países e que tem trazido resultados relevantes ao ensino de um modo geral nas áreas das ciências exatas, sociais e humanas entre outros contextos; Evidencia os novos espaços de atuação do professor com as novas tecnologias, e como lidar com esses desafios nesta era digital, com relação às inovações tecnológicas na educação a distância. 1.2.2 OBJETIVOS DO ESTUDO Compreender os desafios colocados pela educação à distância, no âmbito da comunicação e tecnologia educativa, no pensamento de José Manuel Moran. Os objetivos específicos: Identificar os conceitos de comunicação educativa, tecnologia no pensamento de José Manuel Moran; Compreender a evolução do pensamento de José Manuel Moran; Identificar a dimensão de inovação no pensamento de José Manuel Moran. 1.3 ORGANIZAÇÃO DESTA DISSERTAÇÃO O presente trabalho está organizado em 4 capítulos: I capítulo – contextualização: aborda a relevância e os objetivos da investigação. Após o presente capítulo introdutório, o capítulo II constitui a “fundamentação teórica”, evidenciando os meios de comunicação; a tecnologia educativa a EAD. Promove-se uma discussão crítica das razões de as 3 tecnologias educativa ser invocadas no meio educativo como um intermediador e como recurso inovador entre o professor e aluno. Nesse sentido elencamos os recursos tecnológicos como o rádio, a tv e a internet que estão inseridos como recursos tecnológicos em uso na educação presencial e a distância. O capítulo III, refere-se à metodologia, tipo de estudo - analisar o pensamento do autor (José Manuel Moran) em relação à comunicação, tecnologia educativa e a EAD. Nessa temática contextualizamos com as referentes questões atuais que fora devidamente respondidas pelo autor. A partir deste momento fez se necessário utilizar a técnica de análise do comentário da pesquisadora de forma individual de cada questão efetuando um contraponto com as obras do autor para identificar como foi ocorrendo a evolução do pensamento de Moran. Finalmente, o capítulo IV ocupa-se da biografia do autor em estudo, onde temos o tema central da pesquisa que é o pensamento de José Manuel Moran em relação à comunicação, tecnologias educativa e educação a Distância. Nesse capítulo é feito o contraponto das questões com as obras do autor, para percebermos no seu discurso como evoluiu seu pensamento, compreender os desafios colocados pela EAD no âmbito da comunicação e tecnologia educativa, bem como identificar os conceitos de comunicação educativa e a dimensão de inovação no seu pensamento. Ainda no capítulo IV, apresentamos algumas considerações que em forma de conclusão refletirão os aspectos que, ao longo desta investigação, se tornaram mais relevantes. Na parte final do estudo, pós-texto, serão apresentadas as referências bibliográficas que serviram de apoio ao desenvolvimento da pesquisa e os anexos que são partes integrantes do projeto de pesquisa. 4 CAPÍTULO II- FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 COMUNICAÇÃO “Ensinar não é só falar, mas se comunicar com credibilidade. É falar de algo que conhecemos intelectual e vivencialmente e que, pela interação autêntica, contribua para que os outros e nós mesmos avancemos no grau de compreensão do que existe” (Moran, 2000 p.62). A necessidade de expressar sentimentos, opiniões e de registrar experiências e direitos acompanha-nos desde os tempos remotos. Portanto, não é possível pensar em comunicação na atualidade sem olharmos para trás, pois desde os tempos primórdios sabemos que o Homo Sapiens aprende a exteriorizar as suas necessidades, consequentemente torna-se Homo Communicans, pois já existiam formas de comunicação quando o homem ainda habitava nas cavernas. Gestos com o corpo, sons que emitia, desenhos nas paredes, eram o recurso empregado para transmitir ideias e registrar os valores sociais daquela época. No entanto, com o passar dos anos, o homem começou a procurar maneiras mais sofisticadas de se comunicar. Nesse contexto, Moran (1991, p.9) enfatiza que diante da perspectiva de evolução “o desenvolvimento da humanidade pode ser caracterizado como um amplo processo de leitura crítica, de busca de compreensão do mundo, das suas leis, da existência do futuro. O homem, desde os primórdios, está num permanente processo de leitura crítica”. Nota-se que, a partir de então, da invenção do papiro ao surgimento das tecnologias digitais, o homem percorreu um longo caminho. Portanto, a escrita e a alfabetização promoveram mudanças importantes e profundas na sociedade. Temos que, o jornal foi o primeiro meio de comunicação formal, a seguir surgiu o cinema (1895) e o rádio (a partir década de vinte): “impor-se-á como meio de amplificação buscando difundir para longe as suas mensagens, passíveis por serem recebidas por milhões de indivíduos, buscando para isso a existência de postos de recepção” (Escola, 2002, p.104). Por conseguinte surgiram o telégrafo (em 1837 por Samuel Morse) e o telefone (1876 por Graham Bell), que propiciaram a expansão geográfica das comunicações, mas foi com a chegada da televisão (1935) com som e imagem: “a televisão oferece-lhe agora a possibilidade de ou fazer em directo à distância, por intermédio da mediatização instrumental [...]a televisão encerra os medias de massa” (Escola, 2002, p.104) e, posteriormente, dos computadores que se iniciou uma verdadeira revolução. Com 5 a disseminação dessas mídias no mundo, a educação tem-se tornado mais complexa e as mudanças estão acontecendo com as novas tecnologias educativas. Todos os modelos convencionais de comunicação em massa (a informação trafega em sentido único) foram sendo alterados, evidenciando a criação de novos formatos de comunicação. A convergência das tecnologias e das mídias é responsável pela maior parte dessas transformações. O fenômeno da convergência é corroborado por Moran (2011, p.89) no sentido da flexibilidade no ambiente das comunicações: “As tecnologias caminham para a convergência, a integração, a mobilidade e a multifuncionalidade, isto é, para a realização de atividades diferentes num mesmo aparelho, em qualquer lugar, como acontece no telefone celular (que servem para falar, enviar torpedos, baixar músicas)”. O advento das novas tecnologias introduz também ferramentas mais poderosas, que permitem a interatividade, animação gráfica 3D, som sincronizado e uma infinidade de outros recursos. Esses avanços criam novas possibilidades no ensino presencial e no Ensino a Distância (EAD), produz motivação e experiências enriquecedoras que pode levar o estudante a adquirir novas aprendizagens e tornando um recurso dinamizador nas tarefas diária do professor e do aluno, dentro e fora da escola. A mídia, independente das suas características originais, foi convertida para o formato digital. Para Moran (2011) a digitalização permite registrar, editar, combinar, manipular toda e qualquer informação, por qualquer meio, em qualquer lugar, a qualquer tempo, traz a multiplicação de possibilidade de escolha, de interação. As linguagens tornaram-se híbridas e, da notícia do jornal à música ouvida na rádio, do filme exibido no cinema, ao programa criado para a televisão, tudo pode ser acedido através de um computador. Por meio deste e da internet, as pessoas podem comunicar-se umas com as outras, baixar músicas, fazer ligações de longa distância, disponibilizar seus próprios vídeos, criar sites personalizados ou, ainda, aceder à informação e adquirir conhecimentos. A noção de comunicação tem sua origem, como nos indica o dicionário latino, no substantivo latino: “<communicatio>, sendo a sua forma verbalizada <communicare>. O substantivo e o verbo tem sua raiz no vocabulário <communis>. A tradução do verbo <communicare> encerra uma dupla matriz: comunicar e participar. A tradução de <communis> faz referência à posse de algo em comum. Os vocabulários franceses <communique> e <communication> fazem o seu aparecimento na língua francesa na segunda metade do século XIV. Recolhe como sentido de base o <participer à>, e muito próximo do latim <communicare>, quer <communication>, mantém uma profunda proximidade, 6 tem termos de sentido de <communier> (comungar) e de <communion> (comunhão), termos mais antigos (século X-XII), mais também ligados e saídos do vocabulário latino <communicare>. Refira-se ainda que <communier> poderia revestir-se de um outro sentido, ser <proprietário em comum>, ainda presente em Littré. Hoje não é retomado pelos grandes dicionários (Escola, 2002, pp.21-22).” Segundo o dicionário infopédia3, o termo comunicação significa: “Processo. Como tal, é dinâmica, evolutiva. A comunicação pressupõe que algo passe do individual ao coletivo, embora não se esgote nesta noção, uma vez que é possível a um ser humano comunicar consigo mesmo. O conceito de comunicação aplica-se à troca de informações sob a forma de uma mensagem.” Em face dessa questão, Moran (2006, p. 27) indica que “um dos eixos das mudanças na educação passa pela sua transformação em um processo de comunicação autêntica e aberta entre professores e alunos, principalmente, incluindo também administradores, funcionários e a comunidade, notadamente os pais”. Tendo em conta estas reflexões, entendemos que ao estabelecer a troca da informação através da comunicação transformadora, consequentemente, ocorrerá a mudança na vida das pessoas em ações de constantes aprendizagens, possibilitando assim encontrar seus espaços pessoais, sociais e profissionais e tornar-se-ão cidadãos realizados e produtivos. 2.1.1 OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO E TECNOLOGIA EDUCATIVA Neste momento abordamos os meios de comunicações e a interferência da mesma na educação até os dias atuais, evidenciando os que vêm sendo utilizados nas instituições educacionais, de modo geral: nas escolas, em universidades bem como nas empresas de serviços. Os meios tidos como recursos para promover aprendizagems medializadoa pela tecnologia educativas. 2.1.1.1 O RÁDIO O rádio é um meio de comunicação que há muito vem aproximando o homem nos lugares mais distantes do mundo, tem a capacidade de atingir milhares de pessoas de várias camadas da sociedade, com sua programação eclética tratando de assuntos políticos, econômicos, sociais e culturais. Atualmente continua a exercer certo poder, pois as profundidades sublimares do rádio está carregado de significados, que para Marshall 3 Comunicação. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2012. Recuperado em 14 de julho, 2012 de: < http://www.infopedia.pt/$comunicacao>. 7 McLuhan (2006, pp.339-340) afirma ser como o “tambor tribal”, escreve nesse sentido que a rádio: “… possui o seu manto de invisibilidade, como qualquer outro meio. Manifestase a nós ostensivamente numa franqueza íntima e particular de pessoa a pessoa, embora seja, real e primeiramente, uma câmara de eco sublimar cujo poder mágico fere cordas remotas e esquecidas. Todas as extensões tecnológicas de nós mesmos são sublimares, entorpecem; de outra forma, não suportaríamos a ação que uma tal extensão exerce sobre nós. Mais que o telegráfo e o telefone, o rádio é uma extensão do sistema nervoso central, só igualada pela própria fala humana…” Marshall McLuhan, tido como um dos grandes filósofos da era da eletrônica ou humanista da era da informação, define as tecnologias como extensões do corpo e da inteligência do homem, retrata-nos como os meios de comunicação de massa têm afetado profundamente a vida física e mental de toda uma sociedade. Segundo (McLuhan, p.344) no futuro: “… a educação será conhecida como defesa civil contra as cinzas radioativas dos meios. O único meio contra qual a nossa educação hoje oferece alguma defesa civil é o meio da impressão tipográfica e gráfica. O sistema educacional, baseado na impressão, ainda não se dispõe a arcar com qualquer outra responsabilidade”. No Brasil não é diferente, o rádio tem rompido as barreiras territoriais e espaciais aproximando pessoas através dos programas de informação, entretenimento, de cunho educacional e cultural de maneira formal e informal. Portanto, podemos perceber que desde o século passado, o rádio vem conquistando com sua programação toda a sociedade, conforme afirma Prado (1999): “No século XX, os meios de comunicação de massa alcançaram um papel de extrema importância, passando a ser parte integrante do cotidiano de todos os grupos sociais. Por suas características, o rádio é o meio de comunicação que atinge mais diretamente os indivíduos. Nenhum outro meio transmitiu tanta informação como o rádio, basicamente na produção dos programas e à facilidade na recepção” (Prado, 1999. p.11). Segundo alguns autores a tecnologia de transmissão de som por ondas de rádio foi desenvolvida pelo italiano Guglielmo Marconi, no fim do século XIX, porém o mérito da criação do rádio foi concedido a Nikila Tesla. Consideram alguns estudiosos que a primeira transmissão radiofônica do mundo foi realizada por Lee e Foret4. A Rádio no Brasil completou em 2012 noventa anos de história, desde a década de 20 oficialmente, deram início as primeiras ondas eletromagnéticas no país, tendo como pai do rádio o brasileiro Roquette Pinto. Um ano depois inaugura-se a primeira transmissão de 4 http//:pt.Wikipedia.org/wiki/radio 8 rádio: “dia 20 de abril de 1923, no antigo prédio da Escola Politécnica, durante uma sessão da Academia Brasileira de Ciências, tendo como prefixo PR-1. A. iniciava-se ali a história do rádio educativo brasileiro, uma emissora ligada diretamente à academia Brasileira de Ciências, e com fins científicos e sociais” (Prado, 1999. P.23). O Rádio continua atuante e está presente no dia a dia do brasileiro, além do mais é gratuito e acessível à maioria da população, tanto nos meios urbanos como nos lugares mais distantes, temos como exemplo os telefones móveis (celulares) que é de uso comum a todos e que tem esse recurso para ouvir o rádio. No Brasil, conta-se com emissoras com suas programações totalmente voltadas para a educação, cidadania, jornalismo e programas culturais. Referimos à Rádio-MECAM, voltadas para o jornalismo, programas de cidadania e educativo e a Rádio-FM, MEC SAT e MRC Brasília: Música clássica, jornalismo e programas culturais sobre teatro, literatura, artes plásticas e cinema5. Portanto, nota-se que apesar dos recursos audiovisuais estarem tão presentes, a voz permanece e faz parte da experiência das pessoas, que para Marshall McLuhan os “meios” são como tradutores de experiências e formas contínuas a ser evocadas nesse sentido como a radiodifusão: “a palavra falada foi a primeira tecnologia pela qual o homem pôde desvincularse de seu ambiente para retomá-lo de novo modo. As palavras são uma espécie de recuperação da informação que pode abranger, a alta velocidade, a totalidade do ambiente e da experiência. As palavras são sistemas complexos de metáforas e símbolos que traduzem a experiência para os nossos sentidos manifestos ou exteriorizados” (McLuhan, 2006, p.77). Juntamente com o rádio, a TV também perpassa através da palavra a qual se vê embuida de experiências transformadoras, os símbolos, os sentidos, a velocidade, os sons, como de fato, têm promovido o diálogo das mais variadas formas, atingindo o público de várias camadas sociais, em todo território nacional. Desde então com os novos recursos atualmente disponíveis, tanto o rádio como a TV também já estão presentes na internet onde todos têm acesso as mais variadas programações, como ouvir rádio e ver televisão através do computador. Portanto, tanto o rádio como a TV, tem potencialidade de abarcar e integrar não somente como veículo para entretenimento, mas tem demonstrado que podem ser utilizados na educação para efetuar as aprendizagens em tempos e espaços adequados e em 5 Emissoras- MEC- no Rio de Janeiro- Rádio MEC AM- 800khz- Rádio MEC- FM- 98,9- Em Brasília- Rádio MEC- Brasília- Distrito Federal- 800KHZ e Rádio MEC SAT- Todo Brasil. Acedido em Pt.wikipedia.org/wiki/Rádio_MEC no dia 24-04-2013 9 diferentes situações. Esses recursos já se encontram disponibilizados na internet para facilitar o diálogo entre educador e educando. 2.1.1.2 A TELEVISÃO A TV é considerada por muitos pesquisadores como meio de comunicação de massa e por longas décadas tem permanecido como um difusor de ideias, pensamentos e é o que a grande maioria das pessoas ainda têm como o principal referencial dos meios de comunicação. Etimologicamente, a palavra televisão é formada por uma palavra de origem grega Tele que significa distante e de origem latina vision que significa visão. Numa tradução literal seria ver à distância. O primeiro sistema semi-mecânico de televisão analógica surgiu em 1924, em Londres. O sistema eletrônico completo apareceu em 1927 por Philo Taylor Farnsworth.6 A partir de então, a televisão passa a exercer um grande poder sobre as pessoas, instiga e alimenta a imaginação, com os sons e imagens que “transmite” por todo mundo. Virilio em seu livro “Inércia Polar” (1993, p.15) citado por Lopes (2007, p.124): “considera os meios audiovisuais como os últimos veículos que acabam por reproduzir totalmente as dimensões do planeta. Pensando em termos de mundo organizado em redes de comunicação, considera que a partir do momento que toda a distância é supria pela tela – da televisão ou do computador – as pessoas podem ir a todos os lugares sem precisar sair do lugar. Estamos no contexto dos não lugares possibilitado por meios audiovisuais: os velozes sistemas de transporte audiovisuais vencem cada vez mais os espaços maiores em tempos menores. O autor constata a passagem de emissão e recepção radiofônica para o que chama de videoscopia”. O que a TV transmite é inegável, está carregada de intenções, queiramos ou não, influencia direta e indiretamente toda uma sociedade, lançando sobre as pessoas: novas culturas, guerras, prazer, modelos de políticas sociais, educação formal e informal, mudanças de comportamentos que criam teias de condições e contradições face a tantas gerações numa sociedade que busca incessantemente uma identidade profissional e pessoal para prosseguir como indivíduo crítico, atuante politicamente e socialmente. Em “leituras dos meios de comunicação”, Moran (1993, p.68) defende: “Quanto mais as pessoas conhecem e têm acesso aos meios de comunicação de massa, mais críticas elas se mostram da realidade e dos próprios meios. A televisão, o cinema, o rádio estabelecem relações agradáveis, envolventes e sedutoras, que não podem ser explicadas só a partir da sofisticação tecnológica da indústria cultural, mas que mostram a competência dessa indústria em captar 6 http//:pt.Wikipedia.org/wiki/televisão 10 anseios, necessidades e responder adequadamente através de narrativas dinâmicas, ágeis e que encontram ressonâncias profundas, afetivas, emotivas, conscientes-inconscientes no receptor”. Entretanto, Marshall McLuhan (2006) afirma que “os meios de comunicação como extensões do homem”, vêm retratando o efeito da TV e como ela pode afetar as nossas vidas, onde diz também que: “é espetacular extensão elétrica do nosso sistema nervoso central, ainda não se deixa apreender em toda a sua profundidade por razões várias. Como ela afeta a totalidade dos nossos dias-pessoal, social e política- seria utópico tentar uma apresentação “sistemática”, ou visual, de sua influência” (McLuhan, 2006, p.356). No entanto, é interessante destacar quando Moran (1993) faz uma crítica das análises de McLuhan quanto ao deslumbramento com a tecnologia dos meios, onde o mesmo provoca intensamente os comunicadores. Este, consequentemente, induz muitos educadores a adotar o audiovisual como importante recurso pedagógico de transmissão “a educação é uma questão de técnicas adequadas e esquecem-se as dimensões de relacionamento no processo educacional, transformando o pedagógico numa simples transmissão de informações” (Moran, 1993, p.79). Considerando a esse respeito, Moran afirma que a televisão tem um grande potencial e desde então foi conquistando a audiência, chega e abala as estruturas do rádio e apropria-se de sua programação e dos seus profissionais. Entretanto, “na década de 60 a televisão se afirma como um veículo hegemônico na maior parte dos países do mundo, e para a televisão se deslocam as preocupações dos educadores” (Moran 1993, p.78). Sendo assim, podemos dizer que o papel da imagem já vem desde o passado, construindo uma concepção de educação cultural de massa na qual Umberto Eco em sua obra “Apocalíptico e Integrado”, diz: “Uma educação através das imagens tem sido típica de toda sociedade absolutista e paternalista: Egito à Idade Média. A imagem é o resumo visível e indiscutível de uma série de conclusões a que se chegou através da elaboração cultural: e a elaboração cultural que se vale da palavra transmitida por escrito é apanágio da elite dirigente, ao passo que a imagem final é construída para a massa submetida. Neste sentido, têm razão os maniqueus: há na comunicação pela imagem, algo de radicalmente limitativo, de insuperavelmente reacionário” (Eco, 1979, p.363). Neste contexto que, no Brasil, a televisão desde antes de sua chegada já povoava a imaginação do povo brasileiro, pois muitos só tinham ouvido falar da televisão, visto que o rádio naquele momento era o único veículo de comunicação de massa que ocupava um lugar privilegiado no cotidiano de todos, levando informação, ensino e entretenimento entre outros. Contudo, somente com a possibilidade de ter um aparelho que transmitisse 11 som e imagem fez com que a população criasse todo um contexto mental e cultural sobre a TV: “Desde antes de ocupar um lugar na sala de visitas, houve a produção de variações imaginativas sobre as possibilidades futuras do veículo, acionando-se uma imaginação particular que produz, de início mentalmente, a materialidade de um meio que ainda não fazia parte do universo cultural do público. A televisão já nasce dependente da imaginação comunicacional do público e como utopia mediática” (Goulart, Sacramento & Roxo, 2010, p.23). Assim, a TV chega ao Brasil na década 50 como um símbolo de modernidade e também passa a ocupar um lugar de destaque nos lares brasileiros, nesse momento causa todo um encantamento onde “tiveram as mais diferentes reações ao ver as imagens que agora saíam daquela caixa de madeira” (Goulart et al., 2010, p.28). Nesse sentido, a TV passa por várias fases e transições e torna-se ao longo da sua trajetória um dos mais importantes símbolos e veículos da indústria cultural e educacional do país. Atendendo a essa importância, Moran nos chama a atenção quanto à finalidade da educação para uma leitura crítica dos meios de comunicação e sua função que, em sua opinião, “é mudar a atitude básica das pessoas diante dela (…) ajudar a desenvolverem em cada um a percepção mais ativa, atenta, de companhamento consciente do que significa viver em comunhão com o mundo e conseguir formas de comunicação mais fortes, autênticas, expressivas, significativas e ricas” (Moran, 1991, p.18). Em relação ao uso da TV na educação, Moran7 (2005 p.5) afirma que a televisão continua imbatível, pois consegue atingir uma grande quantidade de alunos ao mesmo tempo, mas infelizmente no Brasil não se efetivou uma política de educação a distância permanente mas sim experiências isoladas, afirma que “países como a China e a Índia ainda hoje capacitam milhões de alunos através da TV, enquanto no Brasil só temos ações pontuais”. No que se refere à questão de estímulos para a utilização da TV como meio educativo, desde meados do século XX o Brasil buscava viabilizar programas educativos que pudessem atingir de forma mais abrangente. Por iniciativa do Governo Federal8, através do MEC (Ministério da Educação e Cultura) vendo a possibilidade de implementar 7 Texto publicado em Ricardo, Eleonora Jorge (org.). (2005) Educação Corporativa e Educação a Distância. Moran, Jose Manuel. Tendências da educação online no Brasil. Em http://www.eca.usp.br/prof/moran/tendencias.htm acesso dia 16/09/2012. 8 Em 1967 o Governo federal cria, através do então Ministério da Educação e cultura (MEC), A Fundação Centro Brasileiro de TV Educativa (FUNTEVE), com o objetivo de estimular e dar apoio ao surgimento de novas emissoras educativas. ATV Cultura, futuro cal educativo paulista, deve fornecer programas em videotipe para outros Estados, surgindo os canais voltados à educação e a cultura com respaldo do Governo Federal. Recuperado de: http://www.tudosobretv.com.br/histortv/histobr.thm#, dia 05 de setembro de 2012. 12 a educação no Brasil foi que se buscou estimular emissoras que estivessem dispostas a investir na educação de uma forma ampla, cobrindo as regiões mais distantes do país. No Brasil, atualmente se pode contar com canais de televisão totalmente disponibilizados para a educação como, por exemplo, a TV Escola9, mantida pelo Ministério da Educação, desde o ano de 1996, tendo como metas capacitar e aperfeiçoar o profissional da rede pública de ensino. Conta com uma vasta programação 24 horas, tendo desde preparação para vestibular, cursos de progressão funcional e concurso público; dinamização das atividades de sala de aula; preparação de atividades extraclasse, recuperação e aceleração de estudos; utilização de vídeos para trabalhos de avaliação do aluno e de grupos de alunos; revitalização da biblioteca e aproximação escola comunidade. Alguns programas exibidos pela TV Escola estão disponíveis para download gratuito no Portal Domínio Público10. Atualmente, os recursos da tecnologia televisiva estão cada vez mais diversificados e sofisticados, têm desde uma simples TV normal até as de última geração com diversos recursos como, por exemplo, a TV digital. No momento podemos utilizar não só o aparelho de TV para assistir um programa de entretenimento ou educativo, mas atualmente é também possível acessar no próprio computador com internet que abrange muitos dos meios de comunicação com todos os seus recursos e já se pode fazer quase tudo como ouvir rádio, ver TV, e muitas outras atividades disponíveis no mundo virtual. Segundo Moran (2005), a infra-estrutura tecnológica movimenta a internet em outros setores da comunicação, como por exemplo: empresas no sentido de flexibilizar o tempo e melhorar economicamente e aumentar sua produtividade já vem desfrutando deste mesmo ambiente tecnológico, como o e-learning ou ensino a distância e evoluções com a televisão: IP. TV e a WEB TV. Todavia, Moran afirma que o Brasil deixou de aproveitar o auge da TV e agora, “atualmente o fascínio gira em torno da internet, esquecendo que a televisão pode ser um caminho muito interessante, combinado com outras mídias, como a própria internet”. Sendo assim, a TV apresenta suas potencialidades e podem ser exploradas com maior amplitude, conforme afirma Moran, visto que o Brasil, por ser um país de uma grande extensão territorial, este meio viabiliza a possibilidades de alcançar um número significativo de pessoas e promover o ensino/aprendizagem em situções mais específicas e 9 http://tvescola.mec.gov.br http://www.dominiopublico.gov.br 10 13 pontuais como em lugares onde não há condições de instalar uma escola ou em uma universidade, vindo com isto a favorecer os que não podem ter acesso ao ensino presencial. Assim como a TV oferece recursos cada vez mais interativos, dinâmicos e atraentes, a internet tem conquistado cada vez mais o espaço educativo, nesse sentido temos muito que avançar, compreender e decodificar as teias nas quais navegam as relações do homem com essa nova tecnologia. 2.1.1.3 A INTERNET A internet, considerada como uma das principais ferramentas de informação e comunicação é, um dos fatores de mudança e ruptura dessa nova era tecnológica a qual possibilita ao homem no seu ambiente pessoal, profissional ou educacional, conectar-se de forma rápida e transmitir e receber informação de forma instantânea. Ramonet (2003, p.7) retrata em “Tirania da Comunicação”, a questão da articulação e integração dos vários meios de comunicação desde telefone, do televisor e do computador e frisa que esta união dá origem a esse modelo de comunicação que é a utilização de diferentes media dispersos, a multimedia e a internet, segundo o mesmo esse modelo de comunicação: “É o êxito-real-da internet, essa rede mundial de computadores, que ligadas entre si por modems, doravante sistematicamente integrados, podem dialogar e trocar informação. Nascida nos Estados Unidos em 1969, por iniciativa do Pentágono, e muito rapidamente adaptado pelos meios da contra-cultura americana, bem como pela comunidade cientifica e universitária internacional, a internet constitui um modelo de convivialidade telemática” (Ramonet, 2003, p.7). A internet tornou-se um recurso onde os navegadores interagem online e off-line, utilizando as mais diversas aplicações como o e-mail, a navegação dos sites na rede e as salas de bate papo, isso em qualquer parte do mundo. Segundo Oliveira (2003, p.191) pode “tomar-se forma de arquivos de dados, texto, fax e vídeo”, coloca que por meio dos softwares de navegação na internet, é permitido, por meio de cliques do mouse, acessar a um mundo de informações em multimídia que estão armazenadas nas páginas com hiperlinks e outros sites. Todavia, a utilização da internet em relação à educação se encontra muito além, está relacionada a toda e qualquer forma de gerar, armazenar, veicular, processar e reproduzir informações (Furlan, 1994). Novos desafios estão sendo lançados ao educando e ao educador, sem a necessidade de sua presença física, bem como seu desenvolvimento e apresentação de resultados obtidos. É nessa questão, que a internet é uma importante ferramenta de comunicação onde reafirma Moran (1997, p.01): 14 “A educação presencial esta a modificar-se significativamente com as redes eletrônicas (internet). As paredes das escolas e das universidades se abrem, as pessoas se intercomunicam, trocam informações, dados, pesquisas. A educação continuada é otimizada pela possibilidade de integração de várias mídias, acessando-as tanto em tempo real como assincronicamente, isto é, no horário favorável a cada indivíduo, e também pela facilidade de pôr em contato educadores e educando”. Seguindo a linha de pensamento de Moran temos na internet, vários tipos de aplicações educacionais: de divulgação, de pesquisa, de apoio ao ensino e de comunicação. A divulgação pode ser institucional - a escola mostra o que faz ou particular ou em grupo, professores ou alunos criam suas home pages11 pessoais, com o que produzem de mais significativo. A pesquisa pode ser feita individualmente ou em grupo, ao vivo - durante a aula - ou fora da aula, pode ser uma atividade obrigatória ou livre. Nas atividades de apoio ao ensino, podemos ter acesso a textos, imagens, sons referentes ao tema específico da disciplina, utilizando-os como um elemento a mais, junto com livros, revistas e vídeos. A comunicação ocorre entre professores e alunos, entre professores e professores, entre alunos e outros colegas da mesma ou de outras escolas. Nesse contexto, Moran (2004, p.9) faz algumas considerações quanto à internet e às novas tecnologias, afirma que estão trazendo desafios pedagógicos para as universidades e escolas: “os professores, em qualquer curso presencial, precisam aprender a gerenciar os vários espaços e integrá-los de forma aberta, equilibrada e inovadora”. Quanto às redes, as mesmas atraem os estudantes, os levam ao conhecimento, conforme Moran (1997) “eles gostam de navegar, de descobrir endereços novos, de divulgar suas descobertas, de comunicar-se com outros colegas. Mas também podem perder-se entre tantas conexões possíveis, tendo dificuldade em escolher o que é significativo, em fazer relações, em questionar afirmações problemáticas”. A partir dessa problemática, Moraes e Santos (2000, p.12) atribui à escola o dever de auxiliar o aluno a selecionar o que lhe é mais significativo: “[…] cabe à escola, na atualidade, trabalhar os conteúdos de forma significativa, de tal modo que crie condições para que os indivíduos se tornem gestores da informação, capazes de gerenciar os conhecimentos de forma crítica e criativa, de selecioná-los e aplicá-los, conscientemente, e de pontuar, dentre o universo de informações disponíveis, as que lhe são pertinentes”. Por certo, a partir da atitude das instituições educacionias como escola e a universidade tomar a iniciativa de combinar esse gosto que os estudantes já possuem pela internet e potencializar os recursos das redes poderá tornar-se-a uma possibilidade de se ter 11 Home pages: página inicial de qualquer endereço eletrônico com conexão, ou hiperlinks, para outros servidores da Internet ou ainda para a entrada de hipertexto. 15 aulas mais interessantes e prazerosas. Esta realidade mostra-se bem presente como podemos perceber na tabela sobre a utilização das TIC na educação. Abaixo se tem uma amostra de como está o nível de utilização das principais atividades da TIC na educação. Tabela 1 - Uso das Tecnologias da Informação e da Comunicação no Brasil TIC – EDUCAÇÃO 2007 2008 2009 2010 2011 % COMUNICAÇÃO Enviar e receber email Trocar mensagens de voz usando programas como Skype/video conferência Enviar mensagens instantâneas Participar de listas de discussão ou fóruns EDUCAÇÃO Realizar atividades/ pesquisas escolares Checar a disponibilidade de livros na biblioteca/ fazer o download de material on-line Fazer cursos on-line Buscar informações sobre cursos de graduação, pós-graduação Buscar informações sobre cursos técnicos e à distância Outras atividades relacionadas à educação 78 17 77 18 79 17 79 17 78 23 55 11 61 15 70 12 74 10 72 14 73 64 25 72 65 21 71 64 23 66 59 23 67 59 24 10 24 35 10 22 1 11 21 16 1 23 21 - 15 23 - Fonte: Cetic (2012) A partir da Tabela 1 nota-se o quanto as pessoas têm cada vez mais necessidade em comunicar-se, seja de forma síncrona quanto assíncrona, porém, destaca-se o grande aumento de pessoas que fazem uso das TIC para “enviar mensagens instantâneas”, tendo crescido 27,2% entre 2007 a 2011. O uso das TIC para finalidade de educação tem apresentado vertiginoso aumento na realização de cursos online, que apresenta crescimento principalmente entre os anos de 2009 a 2011. Entretanto, Moran (2004, p.26) num dos seus artigos com o título “O ensino Superior a distância no Brasil”, questiona a atitude de algumas instituições em relação ao uso da internet: “quase todos os cursos superiores à distância utilizam a internet em algum momento, mas há instituições que têm nela seu principal suporte. Os cursos de curta duração podem ser realizados inteiramente on-line, já os superiores, principalmente os de graduação, ainda tem forte pressão pelo modelo semipresencial”. 16 Moran ressalta a importância das mudanças no ensino superior a distância, dos modelos adotados, quanto a legislação atual do Brasil, e diz que é o momenteo de repensar a educação como um todo, questiona a legislação da educação à distância, que é bastante detalhista e restritiva. Faz-nos refletir no sentido de que “a legislação não consegue prever essas mudanças, por isso é importante permitir propostas inovadoras, acompanhá-las avaliá-las para podermos avançar mais rápidamente” (Moran, 2004, p.34). Reafirma que, “é possível fazer cursos com bom atendimento on-line e pouco acompanhamento, porém questiona que isso já acontece em muitos países”, entretanto, no Brasil o MEC impõe critérios para certificação quando estabelece que todo curso tem que passar pelo acompanhamento local e avaliação presencial (Moran, 2011, p.70). Shank e Sitze (2004) questionam o fato de a aprendizagem ainda não ser exclusivamente à distância, sendo, na maioria das vezes, um complemento às aulas presenciais, o que cria desafios diferentes. A percepção de que deve ser totalmente a distância é um dos maiores mitos sobre este campo. Para Mota e Filho (2012, p.464) é importante ressaltar que essas formas não estão competindo entre si, mas coexistindo em relação de complementaridade e socializando os avanços experimentados em cada uma. Notadamente percebe-se que as discussões permeiam nas questões dos modelos de ensino a distância, os modelos de avaliação que por sinal tem evoluído em todas as instâncias, tanto na educação presencial bem como na EAD, por outro lado está o órgão governamental regulador o Ministério de Educaçao e Cultura (MEC) no controle das normativas concernentes as modalidades educacionais que oferecem cursos presenciais e a distância. Entretanto, segundo Moran há uma tendência de grandes mudanças em todas as modalidades de ensino no Brasil. 2.2 TECNOLOGIA EDUCATIVA Considerando que as ações educacionais encontram-se em constantes reestruturações no sentido de acompanhar as mudanças no que se refere à inovações tecnológicas, e para optmizar, projeta uma maior abertura ao contexto da comunicação e informação. É nesse sentido, que reflete a importância das TIC na nova reorganização curricular, assim como no papel do professor deste “novo” paradigma em tecnologia educativa. 17 A tecnologia educativa aparece por vezes, definida genericamente como “aplicação de princípios científicos na resolução de problemas educativos”. Contudo, esta definição, porque ampla demais, dilui o seu campo de estudo e intervenção no conjunto da ciência da educação que para Blanco e Silva (1993, pp.37-38): “O termo tecnologia vem do grego technê (arte, ofício) e logos (estudo de) e referia-se à fixação dos termos técnicos, designando os utensílios, as máquinas, suas partes e as operações dos ofícios. Estaríamos perante uma tecnologia descritiva e enumerativa que, apesar do auxílio que prestou na conquista da natureza, propiciando processos desmitológicos de racionalização da economia e avanços na ciência em geral”. Segundo Bertrand (2001, pp.89-90): “a palavra tecnologia tem um sentido lato. É o conjunto dos suportes para a acção. Tanto pode tratar-se de recursos, de ferramentas, de instrumentos, de aparelhagem, de máquinas, de procedimentos, de métodos, de rotinas, como programas, resultando todos da aplicação sistemática de conhecimentos científicos e com o objetivo de resolver problemas práticos. Uma teoria tecnológica da educação consiste num ordenamento lógico de meios <concretos> tendo em vista organizar o ensino, pouco importando a natureza do conteúdo! Preocupa-se com as condições práticas de ensino e tenta resolver os problemas todos os dias”. As tecnologias, em geral, assumem atualmente uma dimensão fenomenal na sociedade, por isso, é relevante pensar sobre o lugar que elas ocupam e as novas funções que elas podem desempenhar na educação. Ensinar com as TIC pressupõe uma prática planejada e na qual os alunos têm novas formas de acesso ao conhecimento que poderão culminar em novas formas de aprendizagem. As instituições destinadas a promover o ensino e a educação no Brasil, em nível municipal, estadual e federal bem como as instituições de ensino privado têm sentido as contínuas mudanças no que se refere à tecnologia educativa, as quais ocupam o papel de auxiliar e promover o ensino e a aprendizagem. As TIC consideradas como ferramenta para a viabilização de aprendizagem, possibilita que o educador venha desempenhar nesse contexto o papel de orientador, ajudador e que possa promover no aluno a tendência constante de uma habilidade crítica de explorar, selecionar e compreender tudo que está sendo difundido nos meios de comunicação e informação: “as TICs têm repercussões diversas no campo educativo, inclusive por associações entre si: bancos de dados, sites, teleconferências, chats, computadores em rede (telemática), correio eletrônico (emails), web (WWW – World Wilde Web – telefonia, a televisão e o cinema pela Internet, a educação à distância). Constituem-se todos potencialmente como veículo de informação e comunicação, e certamente a vida cultural, a educação, a escola, o ensino, a aprendizagem, a didática já compartilham e compartilharão de tais TICs, mas é imprevisível o seu papel na educação, bem como suas formas de acesso e utilização nas aulas e nas diferentes salas de aulas” (Araujo, 2009, p.187). 18 O termo “Tecnologia Educativa” tem já alguma tradição no mundo anglo-saxônico: “é um domínio da educação que teve suas origens nos anos 40 do século XX. A definição do termo Tecnologia Educativa divide-se em três subdomínios que irão influenciar o aluno e a sua aprendizagem as funções de gestão educacional; as funções de desenvolvimento educacional e os recursos de aprendizagem (Skinner, 1968, citado em Miranda, 2007). Entretanto, é importante ressaltar que as tecnologias digitais não geram automaticamente a mudança, como o computador na aula não gera por si só a aprendizagem. Há um complexo e mútuo relacionamento entre as tecnologias, os contextos sociais e as estruturas sociais. Pierre Levy (1993) citado por (Lopes, 2007 p.43) relata que “a narrativa da linguagem digital rompe com o pensamento linear e sequencial, dando espaço a fenómenos descontínuos onde o espaço e o tempo têm características bem particulares de acordo com o que o aluno deseja e precisa saber”, e questiona que nesse novo contexto digital perde-se um facto importante nas relações humanas como os gestos e expressões que o computador não consegue captar. No entanto, cabe às instituições educacionais programar e potencializar os recursos digitais no ensino e aprendizagem de uma forma que sejam favoráveis e benéficas para o professor e aluno. Todavia, a escola apresenta uma tendência histórica de demorar a incorporar inovações nas suas práticas, neste sentido Santos (1999, p.1) afirma que “os produtos do avanço tecnológico têm sido absorvido, usados e domina primeiramente os setores mais modernos da sociedade, a seguir nos setores mais conservadores, depois em nossas casas e, por último, na escola”. Os autores Calonego (2000), Sena (2005), Guimarães (2007) reafirmam o que Santos disse, pois nas escolas, principalmente públicas há muita carência de recursos tecnológicos, até mesmo as que têm na maioria das vezes não possuem profissionais capacitados para o manuseio dos equipamentos. Há uma grande necessidade de utilização dessas tecnologias na escola como afirma Calonego (2000, p.294) quando diz: “o computador tem potencial para ser uma boa tecnologia na educação, no sentido de abrir caminhos para a reflexão de uma educação transformadora, assim como para potencializar desigualdades sociais (…) os computadores representam um passaporte para a educação moderna, mais condizente com as mudanças do nosso tempo”. Contudo, para que isso ocorra, Moran afirma (2011, p.90) para a educação em geral é necessário que escolas, universidades tenham um projeto definido, ou seja, que tipo de tecnologias será adequado para cada instituição, quanto gastar, que modelo adotar e 19 investimentos na capacitação técnico-pedagógico do docente. Afirma que essa adequação na capacitação torna-se necessária, e de forma continuada para que o educador aprenda a manusear os recursos e as ferramentas disponíveis nas instituições de ensino. É certo que, a partir do momento em que as instituições educacionais estiverem comprometidas em investir em recursos tecnológicos para tornar o profissional educador atualizado com formação continuada, de certo que terá um melhor desempenho e o reflexo no educando será visível em sua aprendizagem, porque a educação se faz simultaneamente educando e educador, somente desta maneira terão condições de trabalhar com resultados importantes para se chegar uma educação de qualidade. Porém, importa ressaltar o manifesto de preocupação de Araújo em relação à forma como a tecnologia é entendida “não constituem por si mesmas em conhecimento. Digamos que sejam mediações para se construir e constituir o conhecimento” (Araújo 2009, p.186). Faz-se necessário também compreender como a educação tem promovido a integração das mídias e que propostas têm sido lançadas pelas mais variadas instituições educacionais, tanto no ensino presencial, semipresencial e a distância. 2.2.1 INTEGRAÇÃO DA MÍDIA NA EDUCAÇÃO À luz da chamada tecnologia do futuro, neste início do século XXI a sociedade educacional formal e informal está vivenciando uma grande avalanche de aparatos tecnológicos que jamais sequer foram imaginados. Todavia, muitas outras tecnologias estão sendo lançadas, em todo o mundo. Nesse sentido é importante compreender como as tecnologias promovem no homem as novas possibilidades e acessibilidade ao conhecimento e aprendizagens nesta nova era do conhecimento. No entanto, na educação muitas dessas mídias em muitos casos, estão sendo exploradas de forma parcial, e a capacitação do profissional da educação é importante que seja de forma continuada, no sentido de promover a integração dos recursos midiáticos, o educador vê-se desprovido e há de aprender a reorganizar nesse contexto das mídias no ensino, para isto Moran (2000, p.32) diz que, todos nós aprendemos quando relacionamos uma parte importante da aprendizagem quando conseguimos integrar todas as tecnologias: “Passamos muito rapidamente do livro para a televisão e o vídeo e destes para o computador e a internet, sem aprender e explorar todas as possibilidades de cada meio. O professor tem um grande leque de opções metodológicas, de possibilidades, de organizar sua comunicação com os alunos, de introduzir um tema, de trabalhar com os alunos presencial e virtualmente”. 20 Moran assinala que tanto na educação presencial como a distância, o educador tem possibilidades de promover a integração das mídias, primeiro passo é romper os paradigmas de não marginalização de determinadas ferramentas tecnológicas, tendo apenas como mais um recurso pedagógico. Entretanto, salienta que o educador não deve contentar com a simples apropriação das tecnologias, mas utilizá-las de forma consciente: integrando, interagindo, explorando, no ensino e aprendizagem tanto em salas de aulas e/ou em projetos de educação semipresencial e à distância. Figueiredo e Mercado (2011, p.197) confirmam que “integrar de forma significativa as TICs - telemáticas, audiovisuais, textuais, orais, musicais, lúdicas e corporais- é um salto qualitativo do processo de ensino e aprendizagem, visto que estas apresentam potencialidades até então nunca utilizadas simultaneamente”. Todavia, Lencastre (2012, p.377) lança suas reflexões acerca dessas questões e cita cinco formas/conteúdos como meios de oferecer a informação aos estudantes, nomeadamente na forma de texto, de imagens, de animações multimédia, de vídeo ou de áudio: Texto: Acredita que o texto disponibilizado pela tela do computador, seja pouco produtivo, além de ser mais lento e cansativo do que ler em papel. Segundo uma pesquisa de Nielsen (1997) a leitura no ecrã é 25% mais lenta do que sobre o papel e que o leitor não costuma ler todas as palavras dos textos, limitando-se a fazer uma leitura ligeira, recolhendo somente algumas palavras ou frases que lhe chamaram mais à atenção. Lencastre (2012) reflete que se apresentar aos estudantes grandes blocos de texto é descurado a sua leitura, não tendo assim, sentido investir em textos longos. Diz ainda que, se se pensa em textos para serem lidos é importante considerar onde e como o estudante os vai ler. Pode ler o conteúdo rapidamente, imprimir para ler off-line ou colocar nos favoritos para ler mais tarde: “Ao redigirmos um texto para ser lido on-line, temos também de ter em consideração que é necessário existir um bom contraste e tamanho de letra, palavras-chave destacadas, links para outras páginas da internet com informação adicional, subcapítulos que dissequem a informação anterior, apenas uma ideia por parágrafo e blocos de texto pequenos, que não obriguem a excessivo scroll” (Lencastre, 2012, p.133). Imagens: O autor defende que as imagens quando adequadas é um ótimo elemento, porém, o espaço visível on-line é curto pelo que as imagens têm que ser significativas e não meras ilustrações do texto. Segundo alguns autores (Tidwell, 21 2005, Nielsen & Loranger, 2006; Krug, 2006), os erros mais comuns que se podem cometer são: colocar imagens demasiado pequenas que não permitem detalhes adequados ou demasiado grandes que necessitam de scroll para serem visualizadas na totalidade; não permitir um zoom que torne possível ver os detalhes ou colocar uma imagem de modo a que não se consiga ver o conteúdo e comparar a informação oferecida em texto. Multimédia: A maior das vantagens do multimédia é que permite uma grande interatividade entre o estudante e o conteúdo. Se bem executadas, as animações multimédia podem enriquecer as aulas e ser uma fonte de prazer para o estudante. Nielsen e Loranger (2006) alertam para os problemas técnicos, porque muitos utilizadores dispõem de computadores mais antigos ou não têm banda larga em casa e não beneficiam desses recursos. Assim, deve-se disponibilizar uma alternativa em termos do conteúdo que possa atenuar este problema. Vídeo: Nielsen e Loranger (2006) acredita que o ideal é disponibilizar vídeos de diferentes tamanhos, recomenda ainda colocar palavras que sejam percebidas de acordo com o tamanho do vídeo: ficheiro grande, pequeno, ou algo que seja concreto e perceptível. É preciso tomar esse cuidado, pois os estudantes são impacientes com o descarregamento de documentos, não se sentam de forma tão passiva a ver um vídeo na internet, como a ver televisão. Eles querem interagir. Os autores dizem ainda que os vídeos na internet devem ter entre 1 e 5 minutos, não mais. Áudio: Lencastre (2012) defende que este recurso deve ser complementar de uma versão em texto e não a primeira forma de conteúdo. Acrescenta ainda que, texto e áudio, bem como legendas nos vídeos, é uma forma de inclusão de um utilizador com algumas incapacidades, devendo ter-se sempre em consideração que “é importante permitir que o utilizador tenha controlo sobre o áudio e que este não comece sem ser acionado”. Lencastre (2012) acredita excessivamente nas vantagens da tecnologia em desfavor de soluções combinadas, ‘exagerara-se’ nas animações e nos vídeos porque parecem mais atuais que o texto, aprecia-se mais os tutoriais do que as sessões síncronas, se aposta muita na distância, esquecendo o presencial, quando o que parece ser mais interessante é ter um pouco de tudo, isto é, de forma equilibrada, em doses razoáveis e assegurando a variedade. Deste modo, o educador/formador tem um leque de recursos que até então já fazem parte da vida da maioria dos alunos e que podem ser utilizados em sala de aula e fora dela, 22 tendo como aliada podendo explorá-la de diversas formas, integrando sua metodologia de ensino, de maneira que sejam agradáveis e estimulador para o educando no processo de aprendizagem. A mídia torna-se um recurso polivalente para a educação, na medida em que o professor crie projetos de ensino focados na utilização das mídias não como uma extensão, mas como um todo no tocante à sua prática pedagógica. Segundo Moran (2011, p.38), é preciso “humanizar as tecnologias: são meios, caminhos para facilitar o processo de aprendizagem. É importante também inserir as tecnologias nos valores, na comunicação afetiva, na flexibilização do espaço e tempo do ensino-aprendizagem”. Na modalidade de educação à distância, a integração das mídias já acontece de uma forma mais intensa, agregando ao ensino as ferramentas com recursos tecnológicos em quase todas as fases da construção da aprendizagem. Neste sentido, afirma McLuhan (2006, p.128) que mudamos nossos hábitos de aprender, aprendendo com as ferramentas disponíveis, apregoando-as como extensões, prolongamentos onde nos diz: “hoje, quando, pela tecnologia, prolongamos todos os nossos sentidos e todas as partes de nosso corpo, sentimos a ânsia da necessidade de um consenso externo entre a tecnologia e a experiência. Que leva a nossa vida comunal ao nível de um consenso mundial, uma vez atingida uma fragmentação mundial, não deixa de ser natural pensar numa fragmentação mundial” (McLuhan, 2006, p.128). Experiências com as tecnologias trazem mudanças profundas na sociedade. Esta acaba por mudar as formas pensar, de sentir, e tais dispositivos faz dessas extensões um inovador veículo de aprendizagem no sentido de integrá-los no contexto do homem com ferramentas como amplificadores culturais, se está havendo inclusão de mudanças no modo de pensar nesta nova era do conhecimento, então a educação nesse contexto ocupa um lugar primordial como condutor de potencialização do bom uso das tecnlogias para o fim de ensino e aprendizagem com critérios rígidos e cuidosos no sentido de preconizar a qualidade do que se quer preservar em um bom ensino mediatizado. Nesse sentido, a EAD pode se dizer que vem a provocar esse repensar nas questões do tempo, do espaço, das inovações pedagógicas, dos modelos de ensino tradicional conteudistas, das metodologias de ensino tradicional e dos recursos tecnológicos mediáticos. As experiências da EAD que ao longo dos tempos vem se apresentando como alternativa, que abarca o discurso de atender ou suprir uma demanda dos que desejam estudar e conciliar o trabalho e o aperfeiçoamento profissional que na maioria das vezes 23 muitos ficam impossibilitados de ter acesso a uma instituição de ensino tradicional presencial. Na temática da modalidade de EAD é possível estudar fenômenos sociais novos, ou seja, através dos processos de comunicação e interação em ambientes EAD, a participação em fóruns de discussão, em redes sociais, comunidades virtuais, a implantação de cursos em regime não presencial, entre outros. 2.3 CARATERIZAÇÃO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (EAD) Neste momento serão elencadas questões referentes às definições, conceitos de educação, história da educação no Brasil, e a EAD: origem e crescimento, conceitos e características, modelos de ensino, recursos mediáticos em ambientes virtuais de aprendizagem, modelos de avaliação e os avanços e inovações de recursos para inclusões sociais. 2.3.1 CONCEITOS DE EDUCAÇÃO Conceituar “educação” é amplo por demais, pois temos uma vasta gama de autores que há tempos propuseram uma infinidade de conceitos, no entanto, elegemos alguns estudiosos que entendemos ser pertinentes nesta pesquisa, não desconsiderando que outros autores deixem de ter sua importância enquanto teóricos da “educação”. Pode-se dizer que, educar é partir com uma pessoa de onde ela está como ela é, com a realidade que ela tem e através da competência do mestre, de sua criatividade, técnicas, qualidades, assim descobrimos formas para que o aluno chegue a dar um passo e ir mais além. Entende-se que educar é permitir que esse aluno dê esse passo e perceber que essa criança, jovem ou adulto tem uma realidade de vida, realidades cognitivas, psicológica, emocionais e realidade intelectual. Para Maurice Debesse e Gaston Mialeret citado em Escola (2002, pp.503-504) é preciso compreender quais habilidades que essa pessoa tem para serem estimulados e ela possa trilhar os caminhos para o conhecimento, definindo educar da seguinte forma: “Educar retirada do latim, testemunhando, numa análise da sua etimologia, uma dupla origem. Educare que significa alimentar, formar, instruir, guiar e educre(ducare que significa conduzir, E-ducere significava-ducere- fora de) que notava a acção de tirar para farade, conduzir para, educar. Na origem perfilavamse duas tendências seculares que se digladiaram ao longo do tempo pela hegemonia hermenêutica da práxis educativa. Por outro lado deparamo-nos com a preocupação em alimentar a criança, inundá-la com conhecimentos, por outra 24 alternativa consistia em procurar educá-la, retirar da criança todas as possibilidades. Educar designava a acção de alimentar e educar” (Escola, 2002, pp.503-504). Entendemos num contexto geral que existe uma diversidade de realidades presente na vida do ser humano e a humanidade em busca do seu próprio sentido de socializar, criar e reacionar na sua própria evolução desde a infância até a idade adulta. Escola (2002, p.504) declara que “segundo alguns educere encontra-se mais próximo da concepção educativa defendida pela Escola Nova, na medida em que o educador conduz, não despreza a realidade do aluno, nem parte do zero”. Incidem nessas dimensões apresentadas como importantes para a construção de uma educação relevante para o homem e para a construção de sua identidade no contexto educacional a partir da família, na escola, em outros espaços sociais e culturais. Para os autores Fernandez e Sarramona (1987, p.31), poucos termos têm uma riqueza de conteúdo como a palavra “educação”, afirmam que não somente por ser uma palavra corrente, sim porque tem um significado que está intimamente ligada a uma concepção do valor do homem e da sociedade. “Falar de educação supõe, antes de tudo, referirmos a um ideal humano, a ideia de bem a um conceito de vida social”. Mialeret (1977, citado em Fernandez & Sarramona, 1987) assinala três ações do termo ´educação: 1) como sistema, 2) como produto e 3) como processo”. Entretanto, Bresinka enfatiza que a palavra “educação” se emprega altamente para indicar ao menos sete sentidos, utiliza como conceito geral no qual abrange todos esses abaixo citados: “1) um processo; 2) porém também o resultado de tal processo; 3) uma atividade do educador; 4) uma atividade do educando(“autotransformação no processo da própria vida”); 5) a “influência das circunstâncias”; 6) a “colaboração” de educadores e educandos, é dizer, um sistema de interações sociais; 7)o objetivo da atividade do pedagogo” (Bresinka, 1990, p.50). Fazendo o mesmo esforço de sistematização Aretio (1989) citado em (Escola, 2002, pp.503-504) diz que, “ao analisar os traços específicos de cada uma das definições de educação, que ao longo dos séculos foram sendo dados por diversos autores, selecionou onze dimensões: aperfeiçoamento, intencionalidade, faculdades humanas, influência, fim, ajuda, autorrealização, socialização, processo/actividade, condução e comunicação”. Boavida e Amado (2008, p.196) conceitua que a educação é abrangente e complexa e define-a da seguinte forma: 25 “perante o conceito de Educação estamos sempre diante de uma realidade diversa, rica, multiforme, que nunca está acabada, em que se articulam práticas quotidianas, processos e normas institucionalidadas, representações, objetivos e finalidades; que, além disso, abrange os mais variados espectos da existência humana, que muda constantemente de umas situações para outras, nunca se repetindo, além de estar determinda por um número efectivamente indeterminado de factores, próximos e remotos”. Para Charlot (1995, p.26) citado em (Boavida e Amado, 2008 p.196), a Educação é, assim, um espaço de “ambiguidade, incerteza e mestiçagem epistemológica” que não é fácil de “delimitar para ser alvo de uma investigação claramente constituída”. Para José Manuel Moran (2011, p.14) educação “é um processo de toda a sociedade, não só da escola”, afirma ainda que todos podem educar quando transmitem ideias, valores, conhecimentos. Diz que todos educam e são educados ao mesmo tempo, considera que de um modo ou de outro sofremos influência “na família, na escola, meios de comunicação, amigos, igreja, empresas, internet”. Bertrand (2001, p.11) considera a estreita relação entre a concepção de educação e as teorias educacionais organizando-as em sete categorias: “espiritualista, personalista, psicocognitiva, tecnologica, sociocognitiva, social e acadêmica”. Para se ter uma ideia ampla de como caminham as teorias contemporâneas da educação e os seus contributos para uma melhor distinção entre as várias orientações, neste quadro podemos perceber as teorias, os elementos estruturantes e as fontes das teorias contemporâneas da educação. Tabela 2 - Teorias contemporâneas da educação Teorias 1.Espiritualistas 2. Personalistas 3. Psicocognitivas 4. Tecnológicas Elementos estruturantes Fontes Valores espirituais na pessoa, metafísica, Tao, Deus, intuição, imanência ou transcendência do Cosmos. Crescimento da pessoa, inconsciente, afetividade, desejos, pulsões, interesses, o eu. Processos de aprendizagem, conhecimentos preliminares, representaçoes espontaneas, conflitos cognitivos, perfis pedagógicos, cultura pré científica, construção do conheciemento, metacognição. Hipermediática, tecnologia da comunicação, informática, media, abordagem sistémica do ensino. Metafísica, filosofias orientais, mística, taoísmo, budismo, filosofia eterna. Psicologia humanista, personalismo, hermenêutica, psicanálise. Psicologia piagetiana, psicologia cognitiva, epistemologia construtiva. Cibernética, sistémica, teoria das comunicações, behavorismo, psicologia cognitiva. 26 Teorias 5. Sociocognitivas 6. Sociais 7. Acadêmicas Elementos estruturantes Cultura, meio social, meio ambiente, determinantes sociais do conhecimento, interaçoes sociais, comunidade de discentes, cognição distribuida. Classes sociais, determinismos sociais da natureza humana, problemas ambientais e sociais, poder, libertação, mudanças sociais. Conteúdos, matérias, disciplinas, raciocínio, intelecto, cultura ocidental, competição académica, humanidades greco latinas, lógica, obras clássicas, espírito crítico, tradições. Fontes Sociologia, antropologia, psicosociologia. Sociologia, marxismo, ciências políticas, teoria crítica, ecologia, estudos feministas, ciências do ambiente. Literatura clássica, filosofia, cultura geral. Fonte: adaptado de Yves Bertrand (2001, p.18). No quadro acima se pode ter uma panorâmica das grandes correntes teóricas da educação, particularmente esta investigação segue identificada com as teorias tecnológicas por ir ao encontro do nosso estudo, tem também de perceber os elementos estruturantes em se tratando de sua utilização nos tempos atuais pela grande parte de educadores e educandos no ensino presencial e a distância. Portanto, Bertrand (2001, p.231) chama a atenção para esse novo olhar quando diz que “a educação deve ser repensada, já não a partir de uma grelha industrial e sim a partir de uma visão mais global da evolução. A educação deve servir para inventar um futuro novo para o nosso planeta”. Logo, a “educação” se vislumbra, abre um leque de possibilidades de pensamentos e práticas educacionais, tendo como fundo teórico as configurações de ideias e por quais meios a educação permeia, onde se realiza, como se fundamenta as habilidades do educar o homem, seja quais forem as manifestações de aprendizagens seja no meio familiar, na igreja, e nas instituições escolares, vem ao encontro dos anseios, as inquietações dos que estão diretamente ligados ao contexto da prática educativa. 2.3.2 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL O termo “educação” se encontra constituído de sentidos e significações variadas, com olhares que diferem em cada reflexão, cada período, busca inferir, verdadeiramente, um novo pensar sobre quais conceitos a educação têm na vida do ser humano. No âmbito dessas concepções faz se necessário trazer um prévio balanço de história da educação no 27 Brasil e alguns de seus trajetos percorridos, de um passado que nos permite conhecer nossa própria idiossincrasia do presente, e prognosticar uma situação do futuro almejada pelos educadores frente a essa nova era do conhecimento. Inserida no Brasil entre os direitos constitucionais, a educação ganhou, desde sua instituição como espaço formal de ensino, status de formadora do indivíduo para viver em sociedade. A educação, antes restrita à nobreza e ao clero, com a Revolução burguesa passa a representar, sob o lema “Educação direito de todos e dever do Estado burguês”, direito constitucional. Desta feita, segundo Giles (1987, p.285 ) “o processo educativo no Brasil deve suas origens e estrutura fundamental à obra da Companhia de Jesus”. Entretanto, segundo o autor, o programa de estudo visava, sobretudo, que correspondesse ao ideal de um homem culto, o homem erudito das letras, para Giles esse programa não é condizente no sentido de dar qualificação profissional ao aluno, pois a sociedade brasileira fundamenta-se na agricultura e no trabalho escravo. Em termos de estrutura, este é o esquema que foi implementado e vai atravessar todo o período colonial, imperial e mesmo o período republicano. Por um longo período o ideal da educação será aristocrática-rural e apesar das mudanças políticas o quadro no processo educativo pouco modifica durante um longo período na história da educação brasileira. Na tabela 3 abaixo se pode ter uma ideia de como foram sendo implantadas as instituições de ensino no Brasil. Tabela 3 - Periodização da história das instituições brasileiras 1549/1759 O primeiro período é denominado pelos colégios jesuítas; 1759/1827 1827/1890 1890/1931 1931/1961 Segundo período está representado pelas “aulas régias”instituídas pela reforma pombalina como uma primeira tentativa de instaurar uma escola pública estatal inspirada nas ideias iluministas; Consiste nas primeiras tentativas, descontínuas e intermitentes, de organizar a educação como responsabilidade do poder público representado pelo governo imperial e pelos governos das províncias; É marcado pela criação das escolas primárias nos estados, na forma de grupos escolares, impulsionada pelo ideário do iluminismo republicano; Define-se pela regulamentação, em âmbito nacional, das escolas superiores, secundárias e primárias, incorporando crescentemente o ideário pedagógico renovador; Dá-se a unificação da regulamentação da educação nacional, abrangendo a rede pública (municipal, estadual e federal) e a rede privada. 1961 aos nossos dias Fonte: adaptado de Demerval Salviani, 2008, pp.149-150. Nesta tabela podemos perceber que, somente a partir de meados do século XX, dáse início a algumas mudanças de um ensino estritamente para a elite da aristocracia 28 brasileira, passa a ganhar outros rumos e consequentemente a iniciativa de unificação e a regulamentação educacional em nível nacional abarcando redes de ensino público de responsabilidades em esferas municipais, estadual, federal e privada. Paulo Freire em uma de suas discussões sobre os contextos históricos de experiências da Educação no Brasil, diz que: “O movimento de Educação Popular foi uma das numerosas formas de mobilização de massas adotadas no Brasil. É possível registrar numerosos procedimentos de natureza política, social e cultural de mobilização e de “conscientização” de massas, desde a participação popular crescente por meio do voto (participação geralmente dirigida pelos líderes populistas) até o Movimento de Cultura Popular organizado pelos estudantes. É conveniente mencionar, a este propósito, o esforço de crescimento do sindicalismo rural e urbano […]” ( Freire, 1971, p.19). No Brasil, como se pode perceber, existe uma história educacional impregnada de fenômenos impostos pelas camadas dominantes e, consequentemente esta atitude acendeu vários movimentos de natureza política, social e cultural, para conquistar seus direitos como cidadões participantes em todas as escalas de uma sociedade justa, democrática e igualitária. 2.3.2 ORIGEM, CRESCIMENTO E CONCEITOS EAD Muitos pesquisadores têm se debruçado em inúmeras investigações na intenção de entender o chamado: estilo, modalidade, educação à distância, ensino a distância e principalmente compreender a questão aprender/ensinar a “distância”, tendo em vista que o professor e aluno deste “tipo” de educação acontecem em “tempo”e “espaços” diferentes que para Franco e Behar (2000), o aspecto essencial não é a distância, mas um redimensionamento do espaço temporal ao processo de ensino-aprendizagem, ou seja, não estaremos restringindo o raio de atuação da escola/universidade apenas ao território contíguo, mas dando a possibilidade de pessoas de locais longínquos, além das mais próximas, terem acesso à educação. Para Toschi (2008, p26) discutir o tempo e o espaço na educação à distância implica conceituar termos bem próximos, mas que, ao mesmo tempo, têm significações tão complexas. Toschi na linha de Brugger (2008) incorpora a divisão tempo físico e o tempo imaginário. O tempo real, cronológico e individual, onde no tempo imaginário está o aspecto psicológico da dimensão individual e a dimensão virtual. 29 Nesse sentido a trajetória EAD em questão de tempo cronologicamente dizendo passou por inúmeras mudanças, adequações que no decorrer dos tempos foi evoluindo, utilizando os meios disponíveis para alcançar a todos aqueles que encontravam desejosos em adquirir algum tipo de conhecimento. Quanto o espaço nota-se que a distância quase nunca foi obstáculo, sempre oferecia cursos para todos os que não tinham a chance de estar no “lugar” onde pudessem receber a aprendizagem que melhor lhes convinha. 2.3.2.1 ENFOQUES DE CONCEITOS EAD A EAD por ter uma forma particular e distinta de “ensino” e “educação”, é importante trazer o enfoque dos conceitos enfatizados por autores que tem uma larga experiência de investigação nesta modalidade de educação a distância. Saraiva (1996, p.17) afirma que a educação a distância só se alcança quando o método utilizado possa garantir uma verdadeira comunicação bilateral claramente educativa. Não somente disponibilizar materiais instrucionais para o aluno que se encontra fisicamente distante. Mas ter um superador da distância, os meios e os canais de comunicação que promovam a relação professor-aluno durante todo o processo em que esteja acontecendo o atendimento pedagógico dessa aprendizagem à distância. Aretio (1999) diz que as principais razões que impulsionaram o crescimento e a forma de ensinar e aprender à distância foram doravante o que evita a dependência e não necessariamente estar no mesmo espaço e tempo do que aprende a respeito do que ensina. Kenski (2003) enfatiza que em todos os tempos a aprendizagem foi mediada pelas tecnologias como em sociedades em que predominava os caçadores e coletores, nas sociedades agrícolas bem como nas sociedades urbanas industriais. Destaca que muitos dos recursos geram através dos tempos o processo do ensino a distância e promovem a interação e comunicação do homem mesmo que distantes. Prado e Rosa (2008) defendem que a EAD constitui-se uma das modalidades que ajudam a superar o que o ensino regular tem de limitações, pois afirmam que a EAD tornase uma ferramenta importante na formação do adulto que já carrega consigo um vasto conhecimento adquiridos em sua formação inicial e no exercício profissional. Vilaça (2010) conceitua que é uma modalidade na qual professor e alunos se encontram em locais diferentes. Há certa divergência com relação à questão temporal (cronológica), segundo o mesmo, as atividades podem acontecer de uma forma sincrônica em locais diferentes. 30 Tori (2010) a educação a distância envolve a separação geográfica do estudante e instrutor, em algumas situações a questão do tempo (comunicação assíncrona) enfatiza que é possível o aprendiz sentir próximo ao professor mesmo se encontrando distante geograficamente, por exemplo, cita um dos recursos que é a videoconferência. Valente e Moran (2011) defendem que é complexo conceituar a EAD, porém, dizem que se pode definir como o fato de existir uma distância temporal e física entre professor e aprendiz, mediada por vários meios como o impresso, rádio, vídeo ou digital. EAD é abrangente e possui um potencial transformador com atividades e conteúdos diversificados, metodologias variadas e diversificadas. O Ministério da Educação e Cultura (MEC, 2013)12 defende que a EAD é uma modalidade educacional nas quais alunos e professores estão separados, física ou temporalmente e, por isso, faz-se necessária a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação. 2.3.2.2 EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA NO BRASIL A evolução histórica da EAD no mundo, como no Brasil, é marcada pelo surgimento e disseminação dos meios de comunicação. A adoção de novos dispositivos tecnológicos propicia a ampliação e a diversificação dos programas, permitindo a interação quase presencial entre professores e alunos. No Brasil, não há um registro preciso de quando iniciou a educação à distância, portanto alguns autores como Saraiva (1996, p.26) contribuem dizendo que os projetos: Centro de Estudos Pessoal (CEP), Instituto Universal Brasileiro, Projeto Minerva, foram iniciativas precursores da EAD no país. “Desde a década de 20, o Brasil vem construindo sua história de EAD. A partir da década de 70 ampliou-se a oferta de programas de Teleducação e, no final do século XX, em 1996 assistiu-se ao consenso de que um país com a dimensão e as características do nosso tem que romper com as amarras do sistema convencional de ensino e buscar formas alternativas para garantir que a educação inicial e continuada seja direito de todos. Afirma que a EAD é uma das alternativas” (Saraiva, 1996, p.26). Discorrer sobre educação à distância no Brasil é ainda hoje um ato de muita coragem. São vários os trabalhos sobre este tema que Moran (2003-2004-2008-200912 Segundo o Ministério de Educação e cultura é uma modalidade regulada por uma legislação especifica e pode ser implantada na educação básica: educação de jovens e adultos, educação profissional técnica de nível médio e na educação superior. Recuperado em http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12823:o-que-e-educacao-adistancia&catid=355:educacao-a-distancia. Acessado em 23/01/2013. 31 2011), em suas muitas obras, vem desenvolvendo sobre as perspectivas tecnológicas no contexto virtual; os novos espaços de atuação do professor com as tecnologias; o ensino superior no Brasil, os desafios da educação à distância no Brasil e a mais recente obra publicada: “Educação à distância” com a participação dos autores Valente e Arantes (2011); aqui apresentaremos uma pequena amostra das inúmeras investigações enfocando os vários olhares em relação à EAD no Brasil como: Belloni (1999, 2005 e 2008) pesquisa a “tecnologia na educação a distância: mediatização”; “A digressão: a cibercultura; o que é mídia na educação”, “Educação Presencial e Virtual: espaços complementares e essenciais”; “educação e comtemporaneidade: mudanças de paradigmas na ação”; Saraiva (1996) discute “A Educação a Distância no Brasil: lições de história”. Romanowski (2008) trata de questões como “Avaliação da Aprendizagem na Educação a Distância: Análise da Prática para Início de Conversa”, onde analisa o processo das práticas de avaliação nos cursos de graduação e as implicações dessa prática. Araújo (2007) em “O Pensamento complexo: desafios emergentes para a educação on line” discute a 4ª geração, que é o uso do computador conectado a internet sendo muito utilizado na EAD. Peixoto (2008) trata de questões como a adoção do conceito de dispositivo no tratamento das possibilidades de inovação pedagógica nos programas de EAD que utilizam as TIC. Nesse sentido Moran também aponta alguns autores que servem de base para avaliação do ensino superior a distância no Brasil que entre eles destacam: “Silva (2003), Oliveira e Oliveira (2009), Litto e Formiga (2009), Valente (2009), Almeida (2009), Gatti (2010)”. Inúmeras pesquisas são apresentadas em conferências, posteriormente divulgados artigos e literaturas onde cria as discusões no intuito de descortinar, desmistificar a modalidade de ensino a distância, principalmente no que se refere aos modelos de avaliação, entretanto, a resistência de muitos a esta modalidade de ensino persiste ao longo dos tempos. Moran no seu artigo “Modelos e avaliação do ensino superior à distância no Brasil” questiona o porquê de “só um modelo ser válido?” e enfatiza: “Se em outros países com mais tradição em EAD, como a Inglaterra, o Espanha, a Austrália há diversos modelos, se cada universidade pode definir sua forma de atuar em EAD e os resultados, são satisfatórios, que nós devemos centrar-nos num modelo semi-presencial como condição indispensável para reconhecimento legal? […] O MEC, preocupado com a qualidade, propõe parâmetros para organizar um processo em expansão rápida e com algumas instituições com mais preocupação mercadológica do que pedagógica. Isso é fundamental, mas está insistindo no modelo semi-presencial, apoiado por pólos locais, com freqüência semanal dos alunos, como o único válido atualmente. É preocupante” (Moran, 2009). 32 Nesse sentido, a EAD no Brasil tem produzido inúmeros debates principalmente nas últimas décadas, muitas reflexões vêm oportunizando investigações no sentido de dar significados, as diferentes ações se divergem nas formas de promover a modalidade de aprendizagem a distância. Pode-se dizer que a modalidade de EAD por várias razões foi se expandindo pelo mundo no sentido de promover a formação educacional. Objetivando ampliar e avançar, adotam-se várias ferramentas e recursos, e para que a educação se concretize de fato, e para melhor compreender os modelos de ensino à distância apresentamos na tabela 4 uma panorâmica dessa trajetória da EAD, onde é necessário analisar a sua evolução em cada contexto no mundo. Tabela 4 – Iniciativas de EAD no mundo Iniciativas precursoras EAD 1728 BOSTON - A Gazeta de Boston em sua edição de 20 de março oferece em um anúncio “material para ensino e tutoria por correspondência, o curso de taquigrafia a distância oferecido pelo taquigráfico Cauleb Phillips. (Saraiva, 1996, p.18); 1833 SUÉCIA- No periódico Sueco Lunds Wckoblad oferece estudo de redação e contabilidade a distância por. (Pimentel, 2006 p.19); 1989 Malmoe Hans Hermod - cria-se o curso por correspondência dando início ao Instituto Hermond. (Saraiva, 1999, p.18); 1840 INGLATERRA - Issac Pitman - cria o Curso de taquigrafia por correspondência e em 1843 cria-se a Phonografic Corresponding Saciety. (Pimentel, 2006 p. 19); 1856 BERLIN - A Sociedade de Línguas Modernas patrocina os professores Charles Toussaint e Gustav Langenscheidt para ensinarem francês por correspondência. (Saraiva, 1999 p.18); 1894 O Rutinsches Fernelehrinstitut organiza cursos por correspondência para obtenção e Abitur (aceitação de matriculoa na universidade); (Landim, 1997); 1856 EUA- Sociedade para promoção de estudo em casa; 1883 Começa a funcionar em Ithaca (Nova Iorque) a universidade por correspondência. 1874 1891 Cria-se a Illinois Weelyan University. Por iniciativa do reitor da Universidade de Chicago W. Raineu Harper cria-se a Divisão de Ensino por correpondência, no departamento de Extensão a Universidade de Chicago. (Saraiva, 1999 p.18 -19); 1858 LONDRES- Ensino por correspondência na Universidade de Londres- University of London, passa nesse momento a conceder certificados a alunos externos que recebem ensino por correspondência. 1928 Cria-se a Brish Broadcasting Corporation (BBC), oferece cursos a distância para educação de adulto por meio do rádio. 1914 NORUEGA - é fundada a Norst Correspondasseskote. (Landim, 1997); 1922 NOVA ZELÂNDIA- A New Zeland Correspondence School começa suas atividades para crianças com dificuldades de frequentar as aulas convencionais; a partir de 1928, atende também a alunos de ensino secundário. ( Landim, 1997); 33 1937 FRANÇA (París) Rádio Sorbonne – matérias literárias da Faculdade de Letras e Ciências Humanas; 1939 Cria-se o Centro Nacional de Ensino a Distância (CNED) que, em príncipio, atende, por correspondência a crianças refugiadas de guerra. Em um centro público, subordinado ao Ministério da Educação Nacional. (Landim, 1997). 1947 França Através do Rádio Sorbonne, transmite-se aulas de quase todas as matérias literárias de Faculdade de Letras e Ciências – Humanas de Paris. (Landim, 1997). 1963 França Ensino universitário transmitidas por rádio para faculdades de Letras; (Saraiva, 1999); 1938 1946 CANADÁ- cria-se a International Council for Correspondence Education nesse mesmo ano na cidade de Vitória realiza-se a Primeira Conferência Internacional sobre a Educação por correspondência e em 1982 passa a denominar Internacional Council for Distance Educative. (Landim, 1997); SUL DA ÁFRICA-Universidade do Sul da África começa a ensinar por correspondênca; 1951 Desde esse momento dedica-se exclusivamente a desenvolver cursos a distância. (Landim, 1997); 1960 CHINA- É fundado o Beijing Televison College, que oferece educação à distância pela televisão. (http://www.vdl.ufc.br/catedra/telematica/cronologia.htm#_Toc457632061) 1903 ESPANHA- Júlio Baviera abre, em Valência a Escola Livre de Engenheiros; 1962 - Bacharelado Radiofônico, transformando em 1968 O Centro Nacional de;Ensino Médio por Rádio e Televisão se transforma no Instituto Nacional de Ensino Médio a Distância (INEMAD). 1972 - Cria-se em Madri a Universidad Nacional de Educación a Distancia (UNED), primeira instituição de ensino superior a suceder o Open University em nível mundial. (Landim, 1997). (Garcia 1986, p.30) 1910 AUSTRÁLIA – Em Vitória professores rurais do primário começam a receber material de educação secundária pelo correio. (Landim, 1997); 1920 Na antiga URSS – Implanta-se também um sistema por correspondência (Landim, 1997); 1974 ISRAEL- Cria-se a Universidade Aberta que oferece em Hebreu, com cerca de 400 cursos em diferentes áreas. (Landim, 1997); 1914 ALEMANHA- Funda-se a Fernschule Jena. 1975 A Fernunversitat dedica-se exclusivamente ao ensino universitário; (Saraiva, 1999) 1928 PORTUGAL - Criação de um curso por correspondência na área de contabilidade. 1958 Os correios desenvolveram um curso de correspondência de Geografia Económica, destinado aos seus funcionários espalhados por todo país. 1964 O Ministério de Educação Nacional cria-se o Instituto de Meios Audiovisuais de Ensino (IMAVE), com a função de gerir programas educativos através da radiodifusão e a televisão. No fim de 1964 é criada a Telescola que ficando essa dependente da IMAVE: 1979 Cria-se o Instituto Português de Ensino a Distância; cujo objetivo era leccionar cursos superiores para a população distante das instituições de ensino presencial e qualificar professores. 1988 O Instituto Português de Ensino a Distância dá Origem a Universidade Aberta de Portugal. (Landim., 1997). 34 A tabela acima demonstra que o ensino a distância percorreu diferentes meios para avançar frente a vários momentos históricos e para isso o ensino por correspondência foi atuante e fundamental para o crescimento da Ead em inúmeros países pelo mundo. Nota-se que temos como um exemplo de inicativa a do taquigráfico Cauleb Phillips no anúncio na Gazeta de Boston onde deixa um anúncio com os seguintes dizeres “toda pessoa da região, desejosa de aprender esta arte (taquigrafia), pode receber em sua casa várias lições semanalmente e ser perfeitamente instruída, como as pessoas que vivem em Boston”. (Saraiva, 1999) Definir a EAD não é uma tarefa fácil, mesmo assim Moran (2011) defende a educação à distância como opção estratégica, antes vista como uma modalidade secundária ou especial para situações específicas, se destaca hoje como um caminho estratégico para realizar mudanças profundas na educação como um todo. Porém, afirma Vilaça (2010, p.90) que “a adoção da EAD deve ser acompanhada de formações e reflexões teóricas e práticas. Em geral, é necessário compreender características, possibilidades, potencialidades, inclusive da educação a distância, das tecnologias e dos recursos disponíveis”. Ainda diz que, há certos casos em que se apresentam concepções um tanto equívocas de alunos e professores sobre a terminologia empregada em relação ao que seja EAD e de conceitos de distância e muitas outras questões que estão implícitas em tais interpretações. As experiências em EAD no Brasil tanto no ensino público como no privado ao longo dos tempos empreenderam projetos educacionais no sentido de expandir, efetivar e garantir o ensino a todos os que eram impossibilitados de frequentar uma sala de aula. A evolução EAD percorreu vários caminhos utilizando os mais diversos meios como, por exemplo: ensino por correspondência, utilização do rádio, da televisão e atualmente a internet e muitos outros meios tecnológicos que permitiram a consolidação da EAD como modalidade de formação no ensino profissionalizante e universitário. Para isto, podemos constatar na tabela 5 sobre a evolução da EAD no Brasil. 35 Tabela 5 - Evolução da EAD no Brasil Trajetória EAD no Brasil Fundação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro por Roquete Pinto 1923 (MAIA e MATTAR, 2007; CARLINI e TÁRCIA,2010); 1934 Instituto Monitor – Primeira empresa de difusão de cursos a distância por correspondência no Brasil; (MAIA E MATTAR, 2007; CARLINI E TÁRCIA, 2010); 1941 Instituto Universal Brasileiro (MAIA e MATTAR, 2007; CARLINI e TÁRCIA, 2010); 1947 SENAC e SESC- Desenvolve, no Rio de Janeiro e São Paulo, a Universidade do Ar SENAC, educação a distância pelo rádio; (MAIA e MATTAR, 2007); 1959 Movimento de Educação de Base: EAD não http://www.vdl.ufc.br/catedra/telematica/cronologia.htm#bras formal 1965 Comissão para estudos e planejamento da radiodifusão http://www.vdl.ufc.br/catedra/telematica/cronologia.htm educativo 1967 Fundação Padre Anchieta – criada com o objetivo de promover atividades educativas e culturais através do rádio e a televisão (iniciando suas transmissões em 1969); constituida a Feplan (Fundação Educacional Padre Landell Moura), instituição privada sem fins lucrativos. http://www2.tvcultura.com.br/fpa/institucional/estatuto-fpa.pdf 1967 e 1974 Projeto SACI ( Sistema Avançado de Comunicações Interdisciplinares). Conclusão dos estudos para o Curso Supletivo “João da Silva”, sob o formato de telenovela, para o ensino das quatro primeiras sérieis do 1º graus, o curso introduziu uma inovação pioneira no mundo, um projeto piloto de tele – didática da teve cultura (TVE ). Ceteb.com.br 1970 Projeto Minerva- Ensino por rádio e TV, que nasceu no Serviço de Radiodifusão Educativa do Ministério da Educação e Cultura e dava ênfase à educação de adultos. Criação do Instituto Cosmos implantação do Sistema de Ensino por correspondência, ligado ao Ministério da Fazenda. (MAIA e MATTAR, 2007). 1973-74 no no Brasil. Brasil; Centro de Ensino Técnico em Brasília; mec.gov.br 1978 O Telecurso de 2º Grau, pela Fundação Padre Anchieta (TV Cultura/SP) e a Fundação Roberto Marinho, com programas televisivos apoiados por fascículos impressos. (MAIA e MATTAR, 2007); 1991 Fundação Roquete Pinto; a Secretaria Nacional de Educação Básica e secretarias estaduais de Educação implantam o Programa de Atualização de Docentes, abrangendo as quatro séries iniciais do ensino fundamental e alunos dos cursos de formação de professores. Na segunda fase, o projeto ganha o titulo de "Um salto para o futuro". (MAIA e MATTAR, 2007); 1992 O Núcleo de Educação a Distância do Instituto de Educação da Universidade Federal de Mato Grosso(UFMT), em parceria com a Universidade do Estado de Mato Grosso; e a Secretaria de Estado de Educação e com apoio da Tele-Université de Quebec (Canadá), cria o projeto de Licenciatura Plena em Educação Básica: 1ª a 4ª séries do 1º grau, utilizando a EAD. O curso é iniciado em 1995. http://www.vdl.ufc.br/catedra/telematica/cronologia.htm#bras 1996 Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Regulamenta EAD no Brasil. www.mec.gov.br; Curso de Pedagogia a Distância na UDESC. www.mec.gov.br; 1999 Criação do curso de Pedagogia a Distancia na UDESC. http://www.udesc.br/?idNoticia=6671 36 Trajetória EAD no Brasil Criação da Universidade Virtual Pública no Brasil; (UNIREDE) e da Universidade Virtual Brasileira (UVB), Seu lema foi dar início a uma luta por uma política de estado visando a democratização do acesso ao ensino superior público, gratuito e de qualidade e o processo colaborativo na produção de materiais didáticos e na oferta nacional de cursos de graduação e pós-graduação 2000 http://www.aunirede.org.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=43&Itemi d=27 2003 Centro de Educação a Distância da Universidade de Brasília (UnB); http://www.unb.br/ 2004 Pós- licenciatura (SEED/MEC). Portal EAD. .mec.gov.br 2005 Universidade Aberta do Brasil UAB/MEC- Criação do projeto Universidade Aberta do Brasil pelo ministério da Educação, para articulação e integração experimental de um sistema nacional de educação superior. Em 2007 UAB passa por um processo de implementação; 2006/2007 Início do projeto piloto da UAB. O primeiro curso a ser oferecido na modalidade a distância foi o de graduação em Administração. 2009 - Tem início processo de certificação de profissionais com atuação em Educação Flexível e a Distância, pela ABED. portal.mec.gov.br/seed/ 2009 É oportuno citar o contexto legal, a partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) de 1996 que, ainda que de forma breve, aponta para o incentivo por parte do poder público ao desenvolvimento e à veiculação de programas de ensino a distância. O projeto “Um Computador por Aluno” – UCA, iniciativa da Presidência da República, foi implementado, em 2007, sob a responsabilidade do Ministério da Educação, MEC, através da então Secretaria de Educação a Distância, SEED13. Na medida em que algumas experiências de uso foram sendo conduzidas em algumas escolas brasileiras, a necessidade de uma formação dos professores e gestores foi se revelando cada vez mais presente. Rayón Rumayor e Muñoz Martínez (2011) dizem que, para que tais expectativas possam se realizar, é essencial uma formação de professores que lhes permita qualificarem-se para a utilização desses recursos vinculados a processos de inovação e mudança. Os autores refletem que os professores foram preparados para transmitir conteúdos, como se fossem a única fonte de informação na escola. Na nova realidade conviverão com alunos que terão à mão um laptop, em um ambiente de acesso wireless em banda larga à internet, potencializando um mundo de informações a partir de um simples clique. 13 Com a extinção da SEED no início de 2011, na restruturação do MEC, a formação no projeto UCA, ficou sob a responsabilidade da Secretaria da Educação Básica, SEB. 37 Com a intenção de responder aos desafios e explorar as potencialidades oferecidas pelas tecnologias à educação, preparar professores das redes públicas de ensino para realização de práticas escolares que propiciem aos estudantes a busca e a construção do conhecimento com o uso das TIC, foi concebido o Programa Nacional de Tecnologia Educacional (PROINFO), integrado no âmbito da SEED (http://e-proinfo.mec.gov.br), do Ministério da Educação, MEC. A ideia fundamental do Proinfo é promover o uso pedagógico das diversas mídias eletrônicas nas escolas públicas do Brasil. Para isso o programa atua em duas frentes: equipando as escolas com tecnologias da informação e capacitando professores para fazer o uso adequado desses recursos no processo ensino-aprendizagem. A partir dessas iniciativas, espera-se que, os laboratórios de informática das escolas públicas sejam um lugar como a sala de aula, a biblioteca e demais espaços de estudos e atividades didático-pedagógicas. Situação que desvela a aproximação entre a formação escolar e as exigências sociais, eliminando a ideia de o uso da tecnologia ser algo complexo, inacessível e difícil. 2.3.3 MODELOS DE ENSINO EAD Nas últimas décadas deparamos com um aumento vertiginoso de investigações visando discutir a modalidade educação à distância, pois a cada dia adotam-se novas estratégias para promover e disseminar vários tipos e modelos tanto em nível de cursos técnicos, cursos de formação continuadas, ensino fundamental e médio (EJA- Educação de Jovens e Adultos), bem como graduações, pós-graduações, mestrados e doutorados. Os debates avançam e as teorias atuais se colocam como desafios, são modelos que irrompem desafios difíceis de serem pesquisados, são modelos educacionais que rompem com a questão do aluno como um sujeito único, mas com o papel do contexto social no processo de aprendizagem como sendo uma matriz importante de pensar onde as ferramentas e os recursos também são elementos culturais e isto é importante e fundamental para poder compreendermos o processo de aprendizagem dentro de cada contexto social. No Brasil, os modelos EAD segundo Moran (2011, p.48) são dois grandes modelos EAD com muitas variáveis. No primeiro modelo temos o professor tradicional, onde o contato com seus alunos são pelas aulas ao vivo (teleaula), e de aula gravada (videoaula), os alunos não somente tem as aulas, também desenvolvem leituras e atividades presenciais e virtuais (modelo de tele/videoaula). No segundo modelo, Moran afirma que 38 o professor “não dá aula, ele se comunica por materiais impressos e digitais, escritos de forma dialógica e com tutoria presencial em polos e/ ou virtual, pela internet”. Quanto aos modelos de EAD no ensino superior, Moran (2009, p, 21) frisa que está cada vez mais complexa, por ocasião do grande crescimento e de vários modelos diferentes. Modelos autoinstrucionais e os colaborativos; modelos focados no professor (teleaula); modelos para poucos alunos e modelos de massa. Para Pereira (2008, p.47), em avaliação das características dos modelos de ensino presencial ou a distância, diz que: “fica evidenciado que nessa discussão não se deve estar em questão se um modelo é melhor, no contexto de um modelo de ensino, fica na dependência de diversos outros fatores, em especial: as características individuais dos envolvidos e o contexto na qual ele esta inserido, a metodologia utilizada, a tecnologia, a infra-estrutura, entre outros” (Pereira, 2008, p.47). Em relação à educação online, Moran (2012), diz que a mesma esta começando a trazer contribuições significativas para a educação presencial. Algumas universidades integram aulas presenciais com aulas e atividades virtuais, flexibilizando tempos e espaços e ampliando os espaços de ensino-aprendizagem, até agora praticamente confinados à sala de aula. No Brasil, a Portaria n.º 2.253, de 18 de outubro de 2001/MEC, regulamenta a oferta de disciplinas não presenciais em cursos reconhecidos nas instituições de ensino superior, desta forma, as disciplinas integrantes do currículo de cada curso superior reconhecido poderão utilizar o método não presencial de até 20% da carga horária total. As universidades brasileiras já realizam, como parte de sua investigação em tecnologia, projetos relacionados aos estudos de metodologias, avaliação e aprendizagens, possíveis ao sistema de ensino mediado pelo computador e a rede internet. A UNICAMP, Universidade Estadual de Campinas-SP, através do NIED, Núcleo de Informática Aplicada à Educação a distância, desenvolve pesquisa e promove práticas de educação por meio de novos ambientes educacionais de teor científico e social, que possibilitam a leitura crítica dos desafios didático-pedagógicos e do caráter inovador estimulado no cotidiano acadêmico. A PUC-Campinas, PUC-São Paulo e a USP – Universidade de São Paulo, desenvolvem importantes ações na formação de professores utilizando tecnologias facilitadoras do acesso a distâncias e potencialização e flexibilização do tempo de estudo dos professores. Uma das principais ferramentas de trabalho na EAD é, entre outras, a utilização do Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), como sala de aula virtual para a realização de fórum, chat, questionário, elaboração de glossário, diário, enquete, wiki, box usuários 39 on-line, box avisos, box próximos eventos, entre outros. Apresentaremos a seguir alguns recursos mediáticos em AVAs que é utilizado em ambientes virtuais de aprendizagem. 2.3.4 RECURSOS MEDIÁTICOS EM AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM Atualmente a EAD possui muitas variáveis as quais por algumas décadas já vem utilizando recursos de teleaula, videoaulas, e de tele/videoaulas, porém no momento atual tem beneficiado múltiplas mídias, propiciando com isto uma maior interatividade entre o professor e o aluno. Acontecem aulas através de mecanismos via satélite, ao vivo on-line, via web, videoconferências, e muitos outros recursos. Para Britain e Liber (1999, citado em Peres & Pimenta, 2011, p. 19) a área das comunicações pode se encontrar dois tipos de ferramentas web: assíncronas14 e síncronas15. Segundo Peres e Pimenta são as ferramentas que possibilitam a comunicação e o auxílio de utilizadores do sistema para interagir entre as pessoas. Temos como ferramentas assíncronas o correio eletrônico (e-mail), os blogs16, os wiks17 e outros. Quanto às ferramentas síncronas, estas já permitem a comunicação em tempo real, como o chat18, a web conferência 19, a audioconferência20, entre outros. Convém destacar que esse acesso pode ocorrer em qualquer dia e horário devido à disponibilização do sistema na internet. Podemos compreender na figura 1 abaixo as formas de diálogo na comunicação síncrono e assíncrono, onde esse diálogo didático é mediado por meio de vários recursos tecnológicos: 14 Assíncronas: Os usuários não interagem no mesmo instante e por isso não necessitam estar conectados ao mesmo tempo, o que permite maior flexibilidade de horário. Ex.: Email e fórum de discussão 15 Síncronas: Essa interação acontece em tempo real. Os usuários estão ao mesmo tempo conectados no ambiente, interagindo simultaneamente pelo sistema on-line. Ex.: Bate papo. 16 Blog: página de internet regularmente atualizada, que contém textos organizados de forma cronológica, com conteúdos diversos (diário pessoal, comentário e discussão sobre um dado tema, etc.) e que geralmente contém hiperligações para outras páginas blogue In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013. [Consulta. 2013-01-23]. Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/lingua-portuguesa/blogue>. 17 Wiks: Software colaborativo que permite a edição colectiva de documentos na Internet. Peres Paula e Pimenta Pedro. (2011,p.19). Teorias e Práticas de B-Learning.Lisboa. 18 Chat: a palavra chat vem do inglês de “Chatter” que significa conversa rápida e fiada. Em português (Brasil) significa conversação sala de bate papo.Esta definição inclui programas de IRC, ou mensagens instantânea como MSN, Google Talke, etc. 19 web conferência é uma reunião ou encontro virtual realizada pela internet através de aplicativos. http://pt.wikipedia.org/wiki/Webconfer%C3%AAncia 20 Audio-conferência é um meio tecnológico que permite a comunicação e a interação de pessoas que estão localizadas em regiões diferentes através da voz, com o auxílio de linhas telefônicas comuns, internet, VoIP (Voice over IP-Rede de dados), conexão via cabo e Bluetooth. http://pt.wikipedia.org/wiki/Audioconfer%C3%AAncia 40 Figura 1- Comunicação síncrono e assíncrono Fonte: Aretio (1999, p.50) Muitos destes recursos como podemos constatar na figura 1 acima já se encontram disponíveis em muitas universidades e em cursos técnicos profissionalizantes, e até mesmo em muitas escolas, na qual serve de apoio a comunicação em ambientes virtuais que também dão suporte a um curso a distância, recursos este que promovem o diálogo mediado pelas comunicações síncrono e assíncrono. Quando discorre sobre a realidade virtual em sua dissertação de mestrado, Lopes (2007, p.189) traz esta reflexão: “A Realidade Virtual, sem sombra de dúvida, está a causar uma enorme (r)evolução no processo educacional. Como parte de um ambiente de apoio à aprendizagem, os mundos virtuais, onde o homem se pode movimentar, ouvir, ver e manipular objetos, como no mundo real, certamente representam efetivas oportunidades à disposição dos educadores. A introdução dos sistemas da Realidade Virtual na educação modificará significadamente o papel dos educadores, sendo-lhes exigido novas competências”. Frente à questão da realidade virtual, hoje é significativamente imprescindível que o educador esteja atento às novas realidades tecnológicas já que o mundo no contexto de onde vivemos, trabalhamos e socializamos está impregnado direta e indiretamente ao mundo do cibercultura que para (Lévy, 1997, p.132 citado por Lopes, 2007, p.197) “A cibercultura aponta, assim, para uma civilização de uma telepresença generalizada. A interligação constituiria a humanidade num continuum sem fronteiras, mergulhando as pessoas e as coisas no mesmo banho de comunicação interativa”. No entanto, particularmente, na internet a virtualidade traz consigo seus interlucotores no mundo inteiro e, se a barreiras das línguas não é insuperável, a que descubram as suas ideias segundo Arénilla (2000, p.440) “o acesso a uma informação enorme, quase sem limite, 41 mas não filtrado, exige construção sólidas de referências intelectuais e de um espírito crítico aberto e vigilante”. Neste sentido, se percebe a preocupação em lançar critérios mais apurados na questão do exercício contínuo da criticidade diante dos meios de informação e comunicação virtual. Para tanto, em linhas de investigação, segundo Almenara (2008, p. 17)21, é cada vez mais necessária, em se tratando de educação a distância nos novos ambientes telemáticos, com a utilização das tecnologias telemáticas e a multimédia, a presença é cada vez mais significativa e salienta “as próprias ações de formação à distância, quer puro “elearning22 ou a combinação com o presencial “b-learning23” e aponta que é necessário avançar nas pesquisas em novas linhas e direções”, também é interessante ressaltar em Leitura Crítica dos Media Audiovisuai, Fecé24 afirma (2007, p.206) “o e-learnig pode vir a revolucionar as formas de aprendizagem e torná-la mais profunda, sólida e diversificada”, porém diz que compete à educação apreender os valores que ajudam a configurar essa teia em rede audiovisual na internet e televisão digital que já se encontra segundo a mesma globalizada em todo o mundo. Quanto aos ambientes que permitem a gestão e a operacionalização de cursos à distância com ênfase na interatividade são chamados Ambientes Virtuais de Aprendizagem, ou simplesmente chamados de AVA25, Moodle26, Teleduc27 etc.; as quais decorrem de uma concepção interacionista de construção do conhecimento, na qual o aluno é o centro do processo de aprendizagem e de construção do próprio ambiente. A figura 2 apresenta alguns componentes que um ambiente virtual de aprendizagem pode adotar, ou seja, um ambiente pode conter todos esses componentes ou 21 - Julio Cabero Almenara. (2008) La ínvestigación en La Educación a Distancia en lós Nuevos Entornos de comunicación telemáticos. Revista Internacional de Ciências Sociales y Humanidades, Autonoma de Tamaullipas. México SOCIOTAM, Vol, XVIII, num-2,PP.13-34. Universidad Autonoma de Tamaulipas. México. Acedido em http://redalyc.uaemx.mx/pdf/654/65411193002.pdf dia 05/05/2012. 22 - e-learning modalidade de aprendizagem interativa e a distância que faz uso das novas tecnologias multimédia e da internet. Enciclopédia e Dicionário Porto Editora. http://www.infopedia.pt/pesquisa.jsp?qsFiltro=0&qsExpr=e-learning 23 - b-learning é o processo de ensino-aprendizagem que combina métodos e práticas do ensino presencial com o ensino a distância. Enciclopédia e Dicionário Porto Editora. http://www.infopedia.pt/pesquisaglobal/b-learning 24 José Luis Fecé, Cápitulo 6- Leitura Crítica dos Média audiuvisuais. obra coordenada por José Manuel Pérez, Comunicação e Educação na Sociedade da Informação, Novas linguagens e consciência crítca.Adaptação para a lingua portuguesa. Alcinda Marinho. Porto Editora, LDA, Portugal. 25 AVA- Ambiente Virtual de Aprendizagem ou LSM-learning Management System é um softwere que autoriza a administração de eventos e treinamenos. 26 Moodle: softwere livre de apoio à aprendizagem executado em um ambiente virtual. http://pt.wikipedia.org/wiki/MOODLE. 27 Teleduc: ambiente para realização de cursos a distância através da Internet. www.teleduc.org.br/ 42 apenas alguns deles. O detalhamento do papel de cada componente do ambiente é apresentado a seguir conforme adaptações realizadas por Kemczinski (2005, p.25): Figura 2 - Componentes de um ambiente virtual de aprendizagem Fonte: adaptado de Kemczinki (2005, p. 25) Kemczinski (2005, pp.26 e 27), explora cada um dos componentes de um ambiente virtual de aprendizagem: Aprendizagem do aluno: o aluno é o principal elemento no processo de aprendizagem, dessa forma, suprir suas necessidades deve ser a meta de todo o ambiente; Professor: o sucesso do ambiente depende fundamentalmente do professor, que tem as mesmas responsabilidades do ensino presencial: selecionar o conteúdo do curso, compreender as necessidades dos estudantes e avaliar a aprendizagem. Além disso, deve adaptar o seu estilo de ensino, dominando as mídias adotadas e por fim deve atuar como facilitador e provedor de conteúdo. Tutor: desempenha suas funções próximas ao professor, ou seja, ao contrário do tutor, deve conhecer o conteúdo do curso, uma vez que o seu papel é assistir ao professor, esclarecendo dúvidas dos alunos, corrigindo exercícios, interagindo frequentemente com ele. Monitor: nem sempre conhece os conteúdos ensinados. Seu papel equivale aos olhos e ouvidos locais do professor. Opera os equipamentos de uma sala remota, aplica atividades e avaliações e motiva os alunos dando um toque mais pessoal e humano. 43 Suporte Técnico: é responsável por todos os aspectos técnicos relacionados com o sistema, tais como: operação e manutenção de equipamentos, configuração de softwares, incluindo também a criação de material didático, nos aspectos de programação, projeto visual, concepção pedagógica, etc. Sistema de Gerenciamento de Aprendizagem: normalmente é composto por módulos, responsáveis por controlar o acesso ao curso, gerenciar matrículas, dar suporte à comunicação, registrar frequência, mediar a interação entre professor-aluno, aluno-aluno e administração-aluno. Mídias: são os meios de comunicação através dos quais são trocadas informações entre as partes integrantes do sistema, dentre eles: e-mail, chat e fóruns. Conteúdo pedagógico: são as referências primárias de informação para os estudantes. Apresentam-se das mais variadas formas, a depender da mídia utilizada: páginas Web, arquivos de texto, imagens, áudio e vídeo, etc. Administradores: são os responsáveis pela gestão do sistema. Decidem sobre equipamentos, formatos, contratações, prazos, prioridades, etc. Suporte administrativo: é responsável pelas matrículas, logística da distribuição do material, aquisição do material didático e suprimento em geral, controle de direitos autorais, processamento de notas, etc. Existem diversos ambientes virtuais de aprendizagem desenvolvidos pelo mundo, cada um com seus benefícios e diferentes características de uso. Alguns ambientes geram custos elevados de aquisição e outros são de domínio público, ou seja, são gratuitos. Na modalidade de educação à distância em relação à utilização dos meios tecnológicos que servem para dar suporte ao ensino são para Kenski (2010, p.11) importantes no sentido disponibilizar todos os recursos sem barreiras: “programas de educação a distância de qualidade devem envolver possibilidades de utilização de todos os meios tecnológicos disponíveis-do meio impresso aos ambientes interativos digitais-sem discriminação. Devem garantir a possibilidade de escolha dos alunos entre as modalidades presenciais e a distância, sem prejuízos para sua formação”. Vimos os mais diversos recursos para a atuação da educação à distância, através dos Ambientes Virtuais de Aprendizagem, porém, vale ressaltar que é essencial que esta educação seja de qualidade e que explore de maneira coerente todo o potencial da utilização dos recursos e demais tecnologias na educação, contando também com profissionais devidamente qualificados e preparados para esta modalidade de ensino a distância. 44 A educação está tomando formas cada vez mais voltadas para o uso das novas tecnologias, o uso dos recursos das TIC é a que move por várias áreas profissionais e vida privada dos lares, configurando e reconfigurando em cada momento do dia-a-dia. As exigências impostas tornam-se cada vez mais natural, o uso de ambientes virtuais de aprendizagem que para Moran (2002, p.31) em “Perspectivas (virtuais) para educação” enfatiza que a educação será cada vez mais complexa, “porque cada vez sai mais do espaço físico da sala de aula para muitos espaços presenciais e virtuais; porque tende a modificar a figura do professor como centro da informação para que incorpore novos papéis como o de mediador, de facilitador, de gestor, de mobilizador”. Nesse sentido, interessa evidenciar, em relação ao uso das tecnologias no contexto da modalidade a distância, quais metodologias e instrumentos a EAD esta utilizando para a avaliação da aprendizagem. Ou, quais avanços têm produzido de inovador no sentido de avaliar o aluno nos contextos gerais da produção do conhecimento em ambientes com recursos mediados pelas tecnologias. 2.3.5 INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO DE APRENDIZAGEM EM EAD O instrumento de avaliação da aprendizagem na educação em geral sempre foi objeto de reflexão, pois a mesma permeia em meio complexo devido à abrangência do estado em que o homem se encontra no processo de construção do conhecimento. Muitos são os esforços realizados por reconhecidos pesquisadores na América Latina, no Brasil e no mundo para aprofundar no tema e colocar a avaliação no centro das discussões de professores em todos os níveis de educação, e continua a ser um tema de amplo debate. Existem muitos conceitos de avaliação, elencamos alguns que consideramos mais relevantes: Estratégia permanente de sustentação da aprendizagem formal e política do aluno, com base em diagnósticos constantes e capacidade de intervir de maneira educativa (Demo, 1941, p.285). É formativa, continuada e processual por ser uma prática educativa flexível e interativa, contextualizada e dialógica (Freire, 1975). É por meio do diagnóstico que as potencialidades dos alunos são levantadas, o que favorece a elaboração das proposições de avaliação […], a avaliação é um componente resultante do processo que antecede e finaliza a aprendizagem, sendo referência para o 45 aluno, para os professores e para a instituição na conquista do conhecimento e na formação dos alunos (Romanoswski, 2008, p.290). Um juízo de qualidade sobre dados relevantes para uma tomada de decisão (Luckesi C., 1996). Os processos de acompanhamento e avaliação são intrínsecos aos processos educacionais porque é através deles que poderemos levantar indicadores que os venham “revelar” se a aprendizagem foi efetiva ou não. Isto implica ter presente várias dimensões que compõem um fazer desta natureza (Alonso, 2002). Concentrando em muitos casos em apenas na verificação de apreensão de conteúdos e esquece todas as outras dimensões do processo, de construção coletiva do conhecimento, emocionais e éticas do projeto de ensino, mas é necessário haver flexibilidade no processo de adaptação ao ritmo do aluno (Moran, 2006). O MEC e a Secretaria da EAD28(2007, p.17) instruem que “as avaliações da aprendizagem do estudante devem ser compostas de avaliações a distancia e avaliações presenciais sendo estas últimas cercadas das precauções de segurança e controle de frequência zelando pela confiabilidade e credibilidade dos resultados”: A avaliação da aprendizagem é um sistema de verificação pela qual todos os alunos devem passar para a mensuração dos seus conhecimentos adquiridos (Wikipédia, 2013). Sabemos que não há, verdadeiramente, ensino que não vise a aprendizagem e a ação do professor somente se efetiva na medida em que possa estabelecer uma relação com o aluno, neste contexto a avaliação irá testemunhar essa relação. A maioria dos autores antes mencionados coincide em que avaliação é verificação de conhecimentos adquiridos durante o processo de ensino-aprendizagem. A bibliografia consultada mostra que não existe um consenso a que refere conceito específico para avaliação em EAD, por isso, que na maioria dos casos, utiliza-se a transferência de resultados da educação presencial para a educação a distância. Segundo Domingo (2012, p.141), as principais formas de avaliar o processo de ensino-aprendizagem em sentido geral, tanto para educação presencial como para EAD encontra-se: Avaliação frequente ou sistemática: Observação direta e/ou indireta dos estudantes. 28 Ministério da educação secretaria de educação a distancia. Referenciais de qualidade para a educação superior a distância. Brasília. Recuperado em 23 de Janeiro, 2013 de http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/legislacao/refead1.pdf 46 Atenção à qualidade das respostas e às perguntas formuladas pelo docente. Atenção à quantidade, qualidade e frequência das perguntas feitas pelos estudantes, tanto ao docente, como a outros estudantes. Revisão do cumprimento e qualidade dos exercícios e/ou trabalhos orientados. Análises da participação em seminários, painéis, debates, videoconferências. Trabalhos na sala de aula ou extra-aula Elaboração de fichamentos, produção de informes, ou análises de obras literárias, a ampliação dos conhecimentos sobre um determinado assunto através da pesquisa na internet, entre outras. Provas, exames e outras modalidades parciais e/ou finais Provas parciais. Provas finais. Exercícios profissionais. Trabalhos de curso. Trabalhos de diploma. Artigo científico, monografias e teses. Demo (1998, p.290) acredita que a prova como recurso avaliativo, não é critério conveniente, porque, se pode traduzir, de um lado, certo cuidado com a objetividade no estilo de pergunta e resposta, por outro, reduz o avaliado a mero objeto e, como regra, não lhe dá chance de reagir. É muito mais proveitoso, além de digno, avaliar com base no que o aluno reconstrói: “o aluno precisa ser avaliado por aquilo que consegue elaborar, seja como algo específico (um texto, monografia, um vídeo, uma composição musical, etc.), seja como algo mais genérico (uma dramatização, uma prática reconstrutiva, um tipo de comportamento, etc.)”. Todas estas formas de avaliação harmonicamente organizadas e adotadas por professores, tutores e alunos, proporciona um ótimo aproveitamento das amplas possibilidades que a modalidade de EAD, através da metodologia utilizada em cada um de seus cursos, garante para o desenvolvimento de um adequado processo de ensinoaprendizagem. Significa que tanto na educação presencial como na EAD, dentro do planejamento dos cursos, devem ser utilizadas diversas maneiras de avaliação que mostrem os avanços, as dificuldades, os acertos e erros do processo educativo. 47 Na prática, ocorre que os professores não sabem, com precisão, como está a aprendizagem dos alunos. Confiam em duas veleidades: na prova e no “olhômetro”. A nota é dada secamente ao aluno, de forma quantitativa (quantidade de conhecimentos), o que impediria o aluno de aprender, porque não teria como saber as razões da nota. É preciso se pensar em dimensões qualitativas de se avaliar. Domingo (2012) aponta alguns problemas que a modalidade da EAD encontra na sua prática do dia a dia e, crítica a falta de preparação didática de muitos professores, a extensão de sua experiência na educação presencial para a área de EAD, a relação aluno e professor que entorpece, às vezes, o poder de acompanhar mais de perto os avanços dos alunos, o desconhecimento por parte de professores e tutores das potencialidades das TIC em função da avaliação alunos. Nota-se que, para considerar uma EAD de qualidade, não se pode pensar numa avaliação somativa, ao contrário (Rezende, 2004, p.1) como citado em (Schlunsen, 2009, p.32) tem que “levar em conta o processo em construção e não apenas o seu produto acabado, quando já não há possibilidade de interferência e da busca de alternativas àquela aprendizagem”, no contexto de avaliação de aprendizagem nos ambientes virtuais também pode ser utilizado para promover a avaliação formativa, como defende Schlunsen (2009, p.32) “existem atualmente, diversos recursos tecnológicos disponíveis para suporte pedagógico na EAD. Dentre estes recursos destacam-se aqueles que possibilitam um acompanhamento do aprendiz como: diário de bordo, portilólio, atividades e trabalhos enviados; além das ferramentas de interação como: fórum, e-mail e chat”. Efetivamente constata-se que os instrumentos de avaliação de aprendizagem em EAD está em processo de adequações, visto que, o educador também está aprendendo a inovar e a promover a avaliação da aprendizagem de forma qualitativa e formativa no ambiente da tecnologia educativa. 2.3.6 EAD COMO INSTRUMENTO DE INOVAÇÃO E INCLUSÃO SOCIAL Ao mesmo tempo em que identificamos avanços nas relações integradas pelos meios de comunicação e as tecnologias de informação em direção ao conhecimento, apontamos o distanciamento, que exclui culturalmente as camadas da população de seus benefícios. A política pública e a iniciativa privada com suas representações na área da EAD se lançam em desafio na incessante busca de preparar respostas e trazer soluções para toda a sociedade sobre o uso das tecnologias na educação, nesse sentido promovem investigações 48 e debates visando dinamizar instrumentos mais eficazes para atender as novas demandas educativas frente à EAD, instrumentos invodores com objetivos de estreitar a fronteira existente entre a educação presencial e a distância. Nesse sentido, Moran ressalta a importância das tecnologias móveis para os cidadãos com necessidades especiais, afirma que são enormes os benefícios. Os avanços permitem que crianças e jovens que estejam doentes em hospitais ou em casa possam dar continuidade aos estudos em redes de comunicações com seus professores e colegas. Diz que permite que as comunidades carentes também estejam incluídas na rede e possam comunicar-se, aprender. Moran em “A educação que desejamos: novos desafios e como chegar lá” (2007, p.115) diz que “a organização da tecnologia em favor da maior igualdade, inclusão e acesso está absolutamente garantida, mas dependerá, em grande medida da mobilização de alunos, educadores e comunidade”, nesse sentido diz que devemos estar atentos para que o uso das tecnologias sejam realmente para atender aos interesses da educação. Moran nos aponta alguns caminhos e atitudes para temos uma escola inclusiva: prática inclusiva e disposição para mudar, respeitando os alunos com as suas peculariedades; fornecer aos professores capacitação para suprir necessidades e lacunas, dentro de uma formação educacional para a diversidade; ensinar a todos sem distinção e sem homogeneizar; não adotar a discriminação como ato educacional; educar com o conceito de cidadania e dignidade presentes na constituição; tratar alunos com deficiência como se trata os sem deficiência. Moran afirma que no Brasil já há centenas de telecentros com a missão de promover através das tecnologias uma comunicação mais interativa, diz que é um fator importante para uma consciência positiva em relação a uma educação de inclusão social para todos. Temos que a inclusão social consiste na igualdade de oportunidades para todos os seres humanos na construção de valores éticos socialmente desejáveis, socialmente por parte dos membros das comunidades escolares numa maneira de enfrentar essa situação e um bom caminho para um trabalho que visa à democracia e a cidadania. Muitos procuram apoiar-se de que as inovações tecnológicas venham ser a emancipação de aprendizagem mais autônoma para os aprendentes, porém os objetivos têm 49 que ser consciente para o desenvolvimento do intelecto e da realidade de cada cidadão, a educação que vise propostas inclusivas, seja ela presencial semipresencial ou a distância, será importante e necessária para promover a inclusão social do homem no contexto educacional. Pereira (2008, pp. 45,46), reflete sobre as finalidades da educação: “educação tem a finalidade em si mesma, razão pela qual deve preocupar-se com as questões mais relevantes para a sociedade, como: a construção da cidadania, a leitura do mundo, a habilidade do pensamento e rigor da Ciência, o desenvolvimento do senso estético, a construção do senso crítico e da utopia”. A discussão sobre este ponto na dissertação é importante na medida em que considerarmos que cada vez mais o uso das novas tecnologias da informação e comunicação é fator de diferenciação e destinação social - aos que têm acesso ao uso: ao mundo tecnológico; aos que não têm o mesmo acesso: a exclusão. Fica, por outro lado, subentendido que esta modalidade nem sempre está adequada a todos os segmentos da população, pois se exige motivação, maturidade e autodisciplina para se obtiver resultados satisfatórios (García-Aretio,1994). A educação tem sido objeto de muitas investigações e se pode comprovar que a mesma é uma das grandes bases para uma sociedade consciente de seu papel enquanto cidadão incluído em questões políticas educacionais e sociais, de seu meio e, que através de projetos inovadores de aprendizagem colaborativa focados nas necessidades de cada realidade individual ou coletiva, pode-se construir uma sociedade mais igualitária e acessível a todos. Para Behrens em seu artigo intitulado “Projetos de Aprendizagem Colaborativa num Paradigma Emergente” diz que, “as perspectivas para o século XXI indicam a educação como pilar para alicerçar os ideais de justiça, paz, solidariedade e liberdade” (Behrens, 2006, p.67). Araújo (2007, p. 515) em suas inquietações reafirma a mesma questão da necessidade no campo do currículo em cursos de EAD de levar em consideração a perspetiva da aprendizagem colaborativa, também salienta o desenvolvimento da interatividade do ensino-aprendizagem em rede, incluindo professor e aluno como sujeitos do processo de conhecimento. Para Lima (2001, citado por Malanchen, 2007) dicorre sobre os caminhos da democratização da TIC para a inserção da população nesse contexto que se dá num cenário político e econômico bastante definido, nesse mundo globalizado: 50 “É nesse cenário marcado pelo processo de mundialiação do capital e pelas inovações tecnológicas Lima avalia que a base da fundamentação política do discurso hegemônico construído pelo MEC, MCT e por setores hegemônicos das universidades públicas é constituídas por três eixos: 1. A educação é concebida como elemento impulsionador do desenvolvimento econômico sustentável de cada país, garantindo sua subordinação ao pensamento globalitário; 2. A utilização das novas tecnologias educacionais é identificada como o “passaporte da educação para a modernidade (ou pós modernidade?)”, e, 3. A educação a distância é concebida como instrumento de “democratização” da educação, no sentido de adequação dos indivíduos a uma nova sociedade: a “sociedade do conhecimento” (Malanchen, 2007, pp.138-139). Quanto à inovação pedagógica como meta dos dispositivos de formação à distância, Peixoto (2008, p.40) aborda que a tecnologia tem sido pensada como mediadora e como instrumentos de transformação do processo de aprendizagem. Também defende que a “Educação a Distância (EAD) e as TIC são vistas como portadoras de um potencial inovador”. Seguindo as reflexões de Peixoto, alerta para que levemos em conta não só a questão pedagógica que integram as TIC, mas também os econômicos e sociais de um processo ou ação inovadora a qual é inerente ao contexto educativo e as ações educativas, que desta forma segundo o mesmo as experiências em EAD podem constituir-se num momento propício para a inovação. No que se refere a educação a distância como processo e produto de inovação, no caso da universidade, Reis (2009, pp 269-270) define em dois fenômenos: “inércia e inovação”- uma vez que a necessidade de enfrentar os novos padrões de produtividade e competitividade, impostos pelo avanço tecnológico, vem proporcionando uma (re)descoberta da educação como componente essencial das estratégias de desenvolvimento. A educação “estratégia”- talvez se pudesse definir assim - não pode ser confundida com os modelos tradicionais da prática cotidiana das universidades, cuja estrutura e funcionamento tedem a refletir o “peso da tradição” ainda verificável na contemporaneidade de sua cultura organizacional (Reis, 2009, pp.249-270). Sendo assim, a EAD tem sido considerada um instrumento de inclusão, bem como em alguns momentos de exclusão social, haja vista não estar acessível à todos por várias questões: geográficas, econômicas, e dos com necessidades especiais. Por isso, entendemos a inovação não pode ser um fim em si, todas as ações devem ser acompanhas de refexões teóricas e das suas práticas nessa modalidade de ensino tendo em conta, cada realidade tem que ser minuciosamente estudada, pois diante do fascínio na utilização das tecnologias como recurso na mediação pedagógica na modalidade EAD, tende-se a correr sérios riscos de cometer os mesmos erros do passado. 51 2.3.7 UNIVERSIDADE ABERTA Para Cirigliano (1983, citado em Landim, 1997), a educação aberta é um dos componentes fundamentais que caracterizam os processos educativos diferenciados: “pressupõe um aluno que tenha um instrumental próprio de aprendizagem, possuindo um método ou design para organizar os conteúdos e aprendê-los, organizar sua própria aprendizagem, recorrendo a múltiplas vias e fontes de saber, sendo capaz de empregar, adequadamente, o potencial educativo da comunidade em que está inserido” (1997, p.45). A expressão “educação aberta” foi utilizada, inicialmente em 1969, pela Open University da Inglaterra, indicando: a falta de requesitos na inscrição dos estudantes; a ausência de um campus universitário; a utilização de todos os meios de comunicação para educar: métodos livres e variados modos de aprender; acesso a diferentes teorias e doutrinas. De certa forma, coloca-se em oposição a um ensino fechado, reducionaista, exclusivista e de privilégios. O sentido de “aberta”, que a Open University difundiu pelo mundo no campo da EAD, significa que não há pré-requisitos nem impedimentos legais para ingresso na universidade. Ela acolhe todo cidadão desejoso em se matricular em qualquer curso. O paradigma Open University, como chamado na Inglaterra, representa: “A primeira experiência de aplicação sistemática e institucionalizada dos meios de comunicação de massa, concebidos com os mais variados processos de instrução, com o objetivo de proporcionar formação universitária para grande contingente da população acima de 21 anos que não tem condições de frequentar uma universidade convencional”.29 Armando R. Trindade, que participou do projeto de implantação e consolidação da Universidade Aberta em Portugal, e da qual foi Reitor, (1988) explica: “Aprendizagem aberta tem, essencialmente, dois significados: de um lado referese aos critérios de acesso aos sistemas educacionais (“aberta” como equivalente da ideia de remover barreiras ao livre acesso à educação e ao treinamento); de outro lado, significa que o processo de aprendizagem deve ser, do ponto de vista do estudante, livre no tempo, no espaço e no ritmo (time-free, place-free, pacefree). Ambos os significados estão ligados com uma filosofia educacional que 29 Trecho extraído do relatório técnico “Uma nova experiência de ensino superior na Inglaterra: A Universidade Aberta”, elaborado pelo prof.º Newton Sucupira e que serviu de base na elaboração do projeto 21 – Universidade Aberta do Departamento de Ensino Supletivo do Ministério da Educação e Cultura. 52 identifica abertura com aprendizagem centrada no estudante (Trindade, citado por Belloni, 1999, p.30). Nota-se que Trindade quer chamar atenção mais sobre os “processos de aprendizagem”, sobre a flexibilidade do ensino do que ao acesso ao sistema educacional. Logo depois, surgiram outras universidades abertas pelo mundo (UNED, 1972 na Espanha, FernUniversität, 1974 na Alemanha, Allama Iqbal Open University, 1974 no Paquistão, etc.). Enfim, é de importância destacar que há um reconhecimento internacional da qualidade dos cursos oferecidos a distância, não se tratando, portanto, de uma educação de segunda categoria, como muitos pensam. Já no Brasil, na década de 70, iniciaram as tentativas em implantar a universidade aberta: “de 1975 a 2004, das cinco tentativas de se criar as bases de uma universidade aberta no país foram todas frustradas […] o desafio dos baixos índices de atendimento na educação superior presencial forçou o Poder Público a orientar ações no âmbito de políticas públicas para a melhoria dos números de oferta, acesso, permanência e conclusão da educação superior. Assim o uso da EAD passou a ser estimulado e incentivado” (Marco Silva, 2012, p.466). Em 1986, o primeiro projeto de universidade aberta (projeto 21), de iniciativa do Ministério da Educação e Cultura - MEC, teve parâmetros e bases nas congêneres da Open university, e teve como objetivo: “conferir graus com a mesma validade de uma universidade convencional, cuja originalidade há de repousar não na aplicação de novos processos e conteúdos tradicionais, mas na organização de novos tipos de cursos e novos padrões de aprendizagem, na mais íntima integração e articulação”. Muito embora o projeto 21 apresentasse férteis propostas para a EAD no Brasil, fundamentado em objetivos e justificativas válidos até hoje, a proposta da universidade aberta do Brasil não se tornou realidade mesmo naquela época. Sua implementação esbarrou em contrariedades de ordens financeiras e políticas, conforme dito. Hoje, os tempos são outros e o projeto da Universidade Aberta caminha em outra direção. A semente para a criação da Universidade Aberta, podemos dizer, pode ser encontrada na implantação dos consórcios BRASILEAD e UNIREDE, formados por Instituições Públicas de Ensino Superior. Estas buscavam um locus onde pudessem estabelecer parcerias interinstitucionais para oferta de cursos à distância, trocando saberes e experiências nessa modalidade. 53 E então, em 2005, o Ministério da Educação lançou o programa Sistema Universidade Aberta do Brasil, o sistema UAB, com o objetivo de democratizar, expandir e interiorizar a oferta de ensino superior público e gratuito no país. A partir de 2007, com as novas atribuições da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), o programa UAB passou a integrar as atividades da Diretoria de Educação a Distância, com a missão fundamental de colaborar com o processo de formação inicial e continuada de professores para a educação básica. Segundo a SEED, a meta, em longo e médio prazo, seria “atender gratuitamente a todos os servidores públicos do Brasil”. Com a criação desse sistema, o governo federal está a mudar o perfil de expansão acadêmica no país. Outra lógica está sendo introduzida, tendente à democratização do ensino superior: o trabalho cooperativo entre as instituições públicas, um sistema de gestão efetivo. Para ingressar na universidade aberta, o cidadão necessita passar por um exame, o vestibular e ter concluído o ensino médio. Além de outras exigências das instituições, por exemplo, em casos específicos, “ser funcionário público”, “estar atuando na rede pública de ensino”. O primeiro curso-piloto da UAB foi o de Administração, uma parceria entre MECSEED, Banco do Brasil, Instituições Federais e Estaduais de Ensino Superior. Inicialmente, sete universidades foram selecionadas para atendimento a 3.500 alunos. Aproximadamente, 50% deveriam ser funcionários do Banco do Brasil e os demais da comunidade. A demanda, porém, foi tão grande que a UAB decidiu expandir a oferta desse curso: 27 universidades envolvidas, atendendo a 10.000 alunos. A proposta do sistema UAB cristaliza a união de esforços das diversas esferas do Poder Público, visando à democratização do acesso à educação superior pública, gratuita e de qualidade. Mota e Filho (2012, p.463-464) destacam alguns fatores que engendraram o cenário propício para a educação superior a distância: a. A materialização de ambientes e metodologias educacionais inovadores no contexto dos recentes, constantes e intensos avanços dos recursos tecnológicos de informação e comunicação, especialmente das tecnologias digitais, potencializando práticas de EAD que tradicionalmente estavam apoiadas em material impresso distribuído por correspondência. b. O arcabouço legal voltado para a área educacional, ainda que de forma incipiente e assistemática, propiciou abertura e incentivo para a EAD. 54 c. A pressão por expansão da educação superior, resultante dos direitos constitucionais básicos, em termos de capilarização e interiorização da oferta para o atendimento das demandas nacionais reprimidas, tanto para a formação inicial quanto para a formação continuada, na qual a EAD é apontada como solução. d. As ações de fomento voltadas para a educação superior a distância desenvolvidas pelo Ministério da Educação, esferas governamentais e pelos sistemas de ensino, no âmbito de políticas públicas voltadas para a melhoria da qualidade da educação básica, a partir da formação inicial e continuada de professores. Entretanto, o autor ainda pontua que alguns críticos afirmam que a educação a distância no País, principalmente no nível superior, encontra-se ainda em estágio incipiente, sofrendo os reflexos de preconceitos acadêmicos, os quais, historicamente, relegaram-na à categoria de educação massificante e de segunda categoria. Exemplo de algumas universidades abertas no mundo: Universidad Nacional de Educacion a Distancia. Madrid, Espanha. http://www.uned.es/ Open University. Universidade Aberta da Inglaterra. http://www.open.ac.uk Universidade Aberta de Portugal http://www.univ-ab.pt/ Penn State Outreach & Cooperative Extension - Continuing & Distance Education. http://www.cde.psu.edu Universidade Aberta de Catalunya http://www.uoc.es University of Technology Sydney Virtual Open Day. http://openday.uts.edu.au/ Algumas universidades virtuais no mundo Online University Teaching Centers in Asia. Ásia. http://ukanaix.cc.ukans.edu/~sypherh/bc/asia.html Online University Teaching Centers in Australia/New Zealand. Austrália. http://ukanaix.cc.ukans.edu/~sypherh/bc/oz.html 55 Centro de Aprendizado Online e à Distância, kansas. Estados Unidos. http://codl.drupal.ku.edu/ Online University Teaching Centers in Canada. Canadá. http://ukanaix.cc.ukans.edu/~sypherh/bc/canada.html Online University Teaching Centers in Europe. Europa. http://ukanaix.cc.ukans.edu/~sypherh/bc/europe.html Online University Teaching Centers in the United Kingdom. Reino Unido. http://ukanaix.cc.ukans.edu/~sypherh/bc/uk.html Online University Teaching Centers in the United States. Estados Unidos. http://ukanaix.cc.ukans.edu/~sypherh/bc/us2.html Online Community College Teaching Centers in the United States. Estados Unidos. http://ukanaix.cc.ukans.edu/~sypherh/bc/cc.html Online University Teaching Resources http://ukanaix.cc.ukans.edu/~sypherh/bc/resources.html Universidade Virtual - México http://www.ruv.itesm.mx Sepctrum Virtual University. http://www.vu.org Nova Southeastern University. Programas em Educação e Tecnologia. Fort Lauderdale, Florida. http://www.fcae.nova.edu/pet/index.html Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia. http://www.faced.ufba.br/~educom/Earte/uvirtual.htm Athabasca University. http://www.athabascau.ca/html/depts/mba/mbamain.htm Engeneering Outreach at University of Idaho. http://www.uidaho.edu/evo/newhtml/eomain.htm Universidade Virtual. Colégio Einstein. http://www.colegioeinstein.com.br/unvirt1.htm Universidade Virtual. Universidade de Brasília http://www.universidadevirtual.br Instituto UVB – Universidade Virtual Brasileira www.uvb.br 56 UniRede - Universidade Virtual Pública do Brasil http://www.unirede.br Universidade Virtual. Faculdade Carioca. http://www.univir.br/ http://www.carioca.br/univir.htm Instituto Universitario de Educación a Distancia. http://www-iued.uned.es/iued/ Percebe-se que a universidade aberta já é uma realidade em vários países tanto na América Latina como no resto do mundo e muitas delas se encontram em um nível muito avançado em relação o uso estritamente de ensino a distância mediada pelos recursos tecnológicos no sentido de promover a aprendizagem em larga escala atingindo milhões de alunos. No Brasil, apesar da UAB estar iniciando, contudo tem avançado no sentido de ajustar as realidades do imenso país continental e com a oferta de vários modelos. A modalidade da EAD apresenta-se como uma solução rápida para resolver os problemas educacionais, tanto para profissionais da educação bem como para outros seguimentos da sociedade. Entretanto, apesar dos grandes desafios, e críticas são enfrentados com esta modalidade de ensino. Vê-se que muitas universidades aberta que adotam a modaliade da EAD estão se consolidando em vários países e no Brasil a tendência é fortalecer e capacitar milhares de pessoas nas mais diversas áreas tanto na área da educação com a capacitação de professores, em graduações, pós-graduações, mestrados e doutorados, bem como na área técnica profissionalizante. 2.3.8 PERSPECTIVAS E TENDÊNCIAS EM EAD Centenas de instituições educacionais e empresas de serviços oferecem todos os tipos de cursos, desde ensino básico, profissionalizante e universitário, e já estão hospedadas nas redes digitais pelo mundo todo, estão oferecendo imensa quantidade de cursos, o que já foi apresentado neste capítulo, em uma listade sites de universiades aberta que oferecem cursos para quem quer ingressar em um curso de graduação, pós-graduação, mestrado e até doutorado. 57 Para isto, neste momento vamos discorrer como caminha as tendências na perpectiva do bem presente futuro da EAD no Brasil. Em relação a esta nova vertente para a educação 30, Freire (2005, p.56) traz consigo este entendimento: “sustenta a ideia de que a autonomia, a dignidade e a identidade precisam ser respeitadas, caso contrário, o ensino tornar-se-á inautêntico, palavreado vazio e inoperante […] ensinar e aprender, por essência, torna-se uma forma de intervenção no mundo, uma tomada de posição, uma decisão, por vezes, até uma ruptura com o passado e o presente. Pois, quando fala de educação como intervensão está se referindo às mudanças reais da sociedade: no campo da economia, das relações humanas, da propriedade, do direito ao trabalho, à terra, à educação, à saúde”. Freire como educador antecipara o tema, quando diz que o homem vai criando verdadeiras redes informacionais, a partir de sua própria concepção de educação, fundada nos “círculos de cultura”. A pedagogia freiriana, além de potencializar a expansão e dinamização das possibilidades da interatividade humana, potencializa ainda a reflexividade da sociedade atual. Assim, a concepção freiriana de educação teria antecipado à era da informática, como instrumento de construção da “inteligência coletiva”. É realidade, a EAD vem sendo difundida e tem apresentado resultados não apenas no Brasil como no mundo. Vários estudos dão conta de várias experiências de avanços pricipalmente no que compete às inovações na educação à distância na America Latina. Segundo Campos (2012), o Projeto Horizón31 reflete um esforço de colaboração plurianual entre o NMC e o ELearn Center da Universidade Aberta de Catalunya, com o objetivo de orientar os responsáveis pela educação superior a respeito dos importantes avanços tecnológicos, a fim de apoiar o ensino, a aprendizagem e a investigação na educação superior onde trabalharam com a comunidade latino-americana e mais Portugal e Espanha. As tecnologias que ficaram em evidência para os próximos anos foram: aplicações móveis, computação em nuvem, conteúdo aberto, ambientes colaborativos, análises de aprendizagem, aplicações semânticas, uso de tablet, cursos abertos on-line em massa, realidade aumentada, aprendizagem com base em jogos, ambientes pessoais de 30 O Desenvolvimento da autonomia no processo de aprendizagem em Educação a Distânica (EAD). Acedido em http://portalrevistas.ucb.br/index.php/raead no dia 12/08/2012. 31 Experiência liderada pelo New Media Consortium (NMC), dos Estados Unidos, e pela Universitat Oberta de Catalunya, da Espanha. A investigação foi desenvolvida com intuito de elaborar um relatório baseado em uma adaptação do método Delphi e coordenado pela NMC, com objetivo centrou-se no impacto das novas tecnologias no ensino, na aprendizagem, na pesquisa e na gestão da informação na educação superior iberoamericana nos próximos cinco anos. Trata-se de um relatório “Perspectivas tecnologicas:educação superior na Ibero-America 2012-2017”. acedido em http://www.educacaoadistancia.blog.br/inovacoes-em-ead-naamerica-latina em 11-01-2013. 58 aprendizagem e geolocalização. Para os especialistas esta seleção de tecnologias aplicadas, significa que o projeto parte do princípio de que todas as universidades participantes por vários países como Brasil, Colômbia, México, Argentina, entre outros - utilizam a tecnologia em maior ou menor grau em seus cursos e que segundo os especialistas existem muitos desafios a serem superados como os seguintes pontos: A alfabetização digital é chave em todas as disciplinas e profissões, sendo necessário promovê-la a partir de qualquer programa educativo; É necessário mudar as estruturas institucionais de acordo com os modelos da sociedade do conhecimento; As universidades, em especial seus professores, devem fazer um curso eficiente e apropriado das tecnologias para a facilitação da aprendizagem e da pesquisa. Entretanto, vale ressaltar a crítica do Professor Antonio R. Bartolomé Pina32 da Universidade de Barcelona - Espanha, quando questiona a Informação do Relatório Horizón de 2012 de as tecnologias implicadas, e cita exemplos de como não será possível num ano o menos as universidades Latinoamericanas implantarem: conteúdo aberto; Aplicações em celulares; Computação na Nuvem e contextos colaborativos. Também questiona as consultas do Relatório Horizón diz que as pesquisas são feitas com professores que se deixam levar pelas modas do momento. Outra questão importante abordada por Bartolomé liga-se ao modelo da MOOC (Masive Online Open Courses), considerando que é um modelo de negocio generalizado. O nível de aproveitamento dos alunos é preocupante, da formação de 120 mil alunos pela MOOC onde o índice de aprovação foi de 10% - correspondendo apenas a 12 mil alunos. E ainda afirma que existe uma ideia maquiavélica por de trás, e frisa que existe uma Universidade presencial com a aprendizagem pessoal de qualidade caro e depois o MOOC onde formam a massa aos mil para as empresas de serviços. Nesse contexto faz uma reflexão sobre as taxas de fracassos dos 108 mil alunos que não conseguiram aprovações e que acumularam suas frustações. Então, segundo Bartolomé, vão pensar muito se voltarão a se matricular nesse modelo de massa do MOOC. 32 Antonio R. Bartolomé Pinha (2012).Palestrante no Simpósio Internacional de Educação a Distância e encontro de pesquisadores em Educação a Distância (SIED: EnPED 2012) realizado entre os dias 10 e 22 de setembro de 2012 na Universidade de São Carlos- São Paulo. Tema:“Uma visão panorâmica dos principais desafios e estratégias experimentados por docentes de instituições internacionais” acedido em www.youtube.com em 02-05-2013. 59 Apesar disso a EAD está presente em vários contintentes e é interessante perceber que no Brasil, os números demonstram que a EAD vem assumindo uma grande dimensão é preciso cautela ao tratar do avanço da EAD, nesse sentido Garcia (2000, p.7) citado por Oliveira (2010, p. 232) alerta e diz vale a pena refletirmos sobre as suas potencialidades e seus riscos: “há um descompasso entre os objetivos da EAD nos países ditos de primeiro mundo, e no Brasil, em várias partes do mundo-sobretudo nos países do primeiro mundo- a educação a distância é destinada aqueles que tendo cumprido sua escolaridade básica (inclusive a universitária) buscam novas opções, seja em função e uma reorganização da escolha inical seja para preecher tempo disponível, […]. Aqui ela deve suprir ausência de políticas consistentes”. A tecnologia tem promovido uma revolução e um repensar em todas as dimensões no que se refere à educação, tanto na presencial, bem como a distância, mas em se tratando de a modalidade a distância no uso da tecnologia educativa. Tavares (2008, p.7) citado em (Oliveira, 2010, p. 237) faz uma ressalva dizendo que,“as novas tecnologias devem ser instrumentos para promoção do conhecimento, mas tendo como condutor desse processo o homem, aquele que ensina e aquele que aprende”. Moran refirma quanto algumas das instituições que pretendem atuar na EAD, considera que muitos desconhecem a complexidade da EAD, também entre estas, algumas buscam uma resposta rápida para seus investimentos, destacando-se que é inevitável que muitas dessas instituições irão atuar na prática oferecendo um ensino sem qualidade, pelo que irá pagar um preço alto pelo “açotamento” por querer crescer de qualquer maneira. Esclarece: “EAD não é para amadores. Algumas subestimam o investimento de longo prazo. A educação não se resolve a curto, mas a longo prazo. O sucesso momentâneo, o crescimento imediato, fruto de cirscunstancia ocasionais, pode não se manter a longo prazo,com maior concorrência, com resultados medíocres em avaliações nacionais” (Moran 2001, p.56). Para Renato Costa, que também sempre esteve ligado à educação e à investigação e no desenvolvimento de um importante projeto de educação internacional em Portugal33, salienta que há situações que as tecnologias são muito positivas em relação a aperfeiçoamento dos profissionais da área de educação: “No âmbito da educação internacional, existem práticas de formação à distância de professores que exercem a sua actividade em diferentes países. Assim, 33 Renato Costa- em sua obra “em Uma Educação para a Vida: Um Projeto de Educação no Séc. XXI.” Fala do Projeto de Educação Internacional desensolvido (com 26 anos) e do qual resultou o actual Colégio Internacional de Vilamoura. 60 professores do mundo inteiro podem ter acesso a uma formação e a um acompanhamento. Evita-se o isolamento imposto pela distância e estabelecem-se pontes de aprendizagens. “Neste contexto, podem gerar-se ambientes de aprendizagem estimulantes” (Costa, 2010, p.35). De fato, a EAD transporta consigo essa característica peculiar de romper com a questão geográfica, projeta cada vez mais para a internacionalização de aprendizagens com as possibilidades do uso dos recursos tecnológicos. No entanto, a EAD só tem sentido quando se apresente como potencialidade de ampliar o acesso à educação de qualidade como: capacitar, integrar, construir, dinamizar e criar mecanismos com eficácia, não como uma alternativa, mas que transcenda de forma harmônica para que se efetive a aprendizagem em todas as categorias de ensino, independente do lugar que o indíviduo ocupa presencial ou a distância, o foco seja que o conhecimento chegue ao educador/educando e/ou ao pesquisador. Para tanto todas as questões é imprescindível que as políticas educacionais tornem este campo um domínio fértil de produção de novos saberes. Neste sentido, Moran considera que a tendência é de que os cursos presenciais e à distância quer tenham atividades presenciais ou não, serão cada vez mais flexíveis, adequandos às necessidades dos estudantes. Defende que esse movimento combina com os cursos a distância: “caminhamos para um futuro próximo em que não teremos tanta clareza desta distinção entre blended e on-line (…) a tendência é que tudo seja a distância, com diferentes níveis de presenças possíveis. O importante não é a modalidade, mas a adequação do projeto pedagógico às necessidades de cada estudante. A tendência é a oferta de possibilidades diversificadas de aprender, de acordo com o momento e a natureza de cada aluno. Não haverá separação entre modalidades” (Moran, 2011, pp.91-92). 61 CAPÍTULO III – METODOLOGIA 3.1 TIPO DE ESTUDO Na elaboração desta investigação foi necessário eleger os procedimentos metodológicos que exige conhecimento do universo sob o qual está se propondo na pesquisa. Para Gil (2002, p.17) é primordial adotar “a utilização cuidadosa de métodos, técnicas e outros procediementos científicos”. Para compreender como articula o pensamento de Moran frente à comunicação, tecnologia educativa em educação a distância, na elaboraração desta dissertação aplicamos a metodologia da abordagem hermenêutica, que representa o estudo centrado no autor, elencando principalmente questões relevantes presentes no discurso do Professor José Manuel Moran. Hermann (2002, p.15) explicita que a hermenêutica provém de uma longa tradição humanística, relacionada à interpretação dos textos dos textos bíblicos, à jurisprudência e à filosofia clássica. Na acepção da autora, refere-se à arte de extrair sentidos explícitos ou ocultos de textos religiosos, jurídicos ou literários. Hermann acrescenta que nos dicionários “hermenêutica” é traduzida como “a interpretação do sentido das palavras, arte de interpretar o que está nos símbolos e também interpretação científica baseada na realidade humana” (p.15). Destacamos ainda, a contribuição da hermenêutica filosófica: “Filosoficamente falando, a interpretação literária em Inglaterra e na América actua de um modo geral num contexto realista. Tende a pressupor, por exemplo, que a obra literária está simplesmente <<lá fora>>, no mundo, essencialmente independente daqueles que captam. A percepção que cada um tem da obra é considerada separadamente da própria obra, e a interpretação literária tem como tarefa falar da <<própria obra>>. De igual modo, as intenções do autor são consideradas enquanto rigidamente separadas da obra; a obra é em si mesma <<um ser>>, um ser com os seus próprios poderes e a sua dinâmica. Um intérprete moderno típico defende geralmente a obra literária como <<um ser autônomo>> e vê a sua tarefa como a de alguém que penetra nesse ser autônomo por meio da análise textual. A separação preliminar de sujeito e objecto, tão axiomática no realismo, torna-se o fundamento filosófico e o contexto da interpretação literária” (Palmer, 1969, p.17). A presente pesquisa pretende ir ao encontro desta necessidade. Palmer (1969, p.19) considera toda e qualquer obra muito mais do que mero objeto de análise: As obras literárias serão consideradas mais perfeitamente não enquanto objectos de análise, mas textos que falam criados por seres humanos. Há que arriscar o nosso <<mundo>> pessoal se queremos penetrar no mundo vivo de um grande poema lírico, de um romance ou de uma obra. E para isso, não precisamos de qualquer método científico disfarçado, ou de qualquer <<anatomia de uma 62 crítica>>, com tipologias e classificações muito brilhantes e subtis, mas sim de uma compreensão humanística daquilo que implica a interpretação de uma obra. Segundo o autor a crítica literária precisa de procurar um <<método>> ou <<teoria>> especificamente adequados à decifração da marca humana numa obra, ao seu <<significado>>. Este processo de <<decifração>>, esta <<compreensão>> do significado da obra, é o ponto central da hermenêutica (p.19). Para Palmer (1969, p.21), a interpretação é um fenômeno complexo e universal: O cientista chama <<interpretação>> à análise que faz os dados; o crítico literário chama interpretação à análise que faz de uma obra. Chamamos interprete ao tradutor de uma língua estrangeira; um comentador de notícias <<interpreta>> as notícias. Interpretamos – por vezes erradamente – uma observação de um amigo, uma carta de familiares, ou um sinal da estrada. Na verdade, desde que acordamos pela manhã, até que adormecemos, estamos a <<interpretar>>. Ao acordar, olhamos para o despertador e interpretamos o seu significado: lembramos em que dia estamos e ao compreender o significado desse dia estamo-nos já a lembrar do modo como nos situamos no mundo e dos planos de futuro que temos; levantamo-nos e temos que interpretar as palavras e os gestos das pessoas que contactamos na nossa vida diária. A interpretação é, portanto, talvez o acto essencial do pensamento humano; na verdade, o próprio facto de existir pode ser considerado como um processo constante de interpretação. Portanto, faz-se necessário partilhar da mesma víeis investigativa de metodologia hermenêutica, onde cito nesta pesquisa, dois dos renomados pesquisadores da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), tendo o Professor Doutor Joaquim José Escola (2002) em sua tese de Doutoramento: Comunicação e educação em Gabriel Marcel e Natália Moura Lopes (2007) em sua pesquisa de Mestrado em Técnica, Tecnologia e Comunicação em Paul Virilio. Nesse sentido, sentimos o mesmo desejo de produzir a investigação na mesma linha metodológica de pesquisa que é a análise das obras, dos artigos, e outras publicações de um autor, a qual tem grande importância no sentido de suporte na compreensão da temática da pesquisa. Em “Introdução aos Diálogos de Platão” Scheleiermacher (2002, p.14), advoga que o estudo da hermenêutica é definido como “arte de compreesão” do estilo de uma obra, o pensamento e a linguagem que estão juntos para se chegar a uma compreensão do que se quer estudar. A revisão bibliográfica foi um instrumento metodólogico central utilizado nesta pesquisa. A revisão bibliográfica, conforme Gil (2002) é a pesquisa desenvolvida com base em material já elaborado, constituido principalmente de livros e artigos científicos. O autor considera que a princiapal vantagem reside no fato de “permitir a empreendida com base em material já publicado em fontes bibliografias: livros, artigos em revistas impresas e eletrónica, jornais, teses, dicionários, enciclopédias, dissertações”, o que nos possibilitou 63 ter uma panorâmica geral de muito que já foi discutido sobre o tema da pesquisa. A principal vantagem para Gil na pesquisa bibliográfica é “permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente”(Gil 2002, pp.44-45). A revisão bibliográfica serviu para embasar teoricamente a pesquisa, abordando as ideias de cada autor sobre a mesma temática e criando uma discussão entre eles para suprir a problemática. Outro delineamento utilizado nesta investigação é o estudo de campo, que para Gil (2002, p.50) caracteriza-se pela interrogação direta das pessoas, no caso desta pesquisa, do autor (José Manuel Moran), cuja opinião que desejava conhecer e mediante da posse das informações acerca das questões levantadas no estudo, e da análise qualitativa, obter as considerações pertinentes às interrogações que emergiram algumas considerações a partir das leituras das obras do autor. Entendemos que o questionário nesta investigação é justificado pela intenção de compreender tendo em conta que o tema é abrangente no contexto da comunicação, da tecnologia, da tecnologia educativa e educação a distância e por estar em constante mutação no processo de sua utilização bem como nas investigações do uso dos recursos tecnológicos. Compreendemos ser oportuno por ser um assunto instigante e bastante atual, pois acreditamos em mais esta perspectiva e procuramos avançar para além das obras. As questões foram esboçadas a partir das obras de José Manuel Moran, decorrentes da leitura das mesmas foram surgindo a partir de inquietações que as mesmas instigaram. A técnica e o instrumento de coleta de dados empíricos de que nos servimos foi um questionário por entrevista com questões “abertas”, no qual foi desenvolvido e disponibilizado no site software de pesquisa online: http://www.encuestafacil.es. Com objetivo de facilitar ao respondente foi enviado também a alternativa por email. Dentre as principais vantagens da investigação on-line frente aos métodos tradicionais são o seu baixo custo e conveniência. Todas as dez questões referentes ao tema da pesquisa foram elaboradas com o intuito de obter uma panorâmica atual dos assuntos abordados por José Manuel Moran, para além das suas obras, trazendo para tempos atuais suas discussões relacionadas à comunicação educativa, tecnologia educativa no contexto da EAD. De posse das respostas de José Manuel Moran, foram feitas as análises de cada questão fazendo o confronto com as obras e artigos, com o objetivo de perceber a evolução do seu pensamento relacionados com os desafios, os conceitos e a dimensão de inovação presentes na educação a distância referentes a comunicação, a tecnologia educativa no pensamento de Moran. 64 CAPÍTULO IV - COMUNICAÇÃO, TECNOLOGIA EDUCATIVA E EDUCAÇÃO A DISTÂNICA EM JOSÉ MANUEL MORAN 4.1 BIOGRAFIA DE JOSÉ MANUEL MORAN José Manuel Moran nasceu em Vigo, na Espanha, e em 1988 naturalizou-se brasileiro. Graduado em Filosofia pela Faculdade Nossa Senhora Medianeira (1971) e bacharel em Televisão pela Escuela de Ciências de la Educación y Comunicación Social da Universidad del Salvador, Buenos Aires. Em 1982 concluiu o mestrado na Universidade de São Paulo, Brasil, com o tema: Contradições e Perspectivas da Televisão Brasileira na área de Ciências Sociais, Comunicação e subárea: Rádio e Televisão. Em 1982 - 1987-concluiu o doutorado em Ciência da Informação e Comunicação, com habilitação em Rádio e Televisão pela Escola de Comunicação e Artes da USP (Universidade de São Paulo, Brasil) tendo como título do seu doutoramento: Educar para a Comunicação; Análise das experiências latinoamericanas de leituras crítica da comunicação. Área: Ciências Sociais Aplicadas - Comunicação. Grande área: Ciências Humanas. Setores de atividade: Educação. As grandes áreas em que é atuante: Ciências Humanas e áreas específicas: Educação. Sendo subáreas: Ensino-Aprendizagem; Aprendizagem/Especialidade: Métodos e Técnicas e Ensino; Educação a Distância e Ensino-Aprendizagem/Especialidade: Tecnologia Educacional. Nos anos 1990 a 2000 atuou como professor aposentado da USP (Universidade de São Paulo) na pesquisa e desenvolvimento, Escola e Comunicação e Artes e Ensino, Ciências da Comunicação; Nível: Pós- Graduação, nas disciplinas: Redes eletrônicas na educação e Novas tecnologias na educação. Na UMESP (Universidade Metodista de São Paulo) professor titular ministrou a disciplina: Meios de Comunicação e Educação, e na mesma época participou na FAAP (Fundação Armando Álves Penteado) atuando como professor titular na área do ensino em Teorias da comunicação. Na PUC (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) de 2001 a 2002 foi professor convidado atuando no Ensino, Educação (currículo), atuando nas Pós Graduação com as disciplinas: Novas Tecnologias na Formação de Professores. 65 Na Universidade Presbiteriana, Machenzie, foi professor atuante com atividades ligadas a Pesquisa e Desenvolvimento, Pós-Graduação em Educação, Artes e História da Cultura. Ministrando: A internet na educação presencial e a distância. Em 2003 e 2004 atuou no ensino e docência para o Turismo e Hotelaria na área de especialização na disciplina Nova tecnologia para educação em ambientes e virtuais. Nesse mesmo ano atuou na Faculdade SENAC de Turismo e Hotelaria como professor. De 2000 até 2005 foi cooperado, enquadramento funcional exercendo a função de diretor acadêmico onde também foi coordenador de projetos de educação à distância. Entre 2006 a 2009 teve vínculo como diretor acadêmico. De 2000 até 2005 foi coordenador de projetos de educação à distância. Em 2006 assumiu a direção e administração no Conselho, Comissões e Consultoria tendo também o Cargo ou função e Membro do Conselho e Gestão e Consultoria. De 2002 a 2006, na UNIBAN (Universidade Bandeirantes de São Paulo) foi professor titular e enquadramento funcional em ensino, Educação nível de Pós-graduação, tendo atuado na área de pesquisa e desenvolvimento. Em 2009 na UNIDERP (Universidade para o Desenvolvimento Estado e da Região do Pantanal) teve a atuação de Celetista formal, Enquadramento Funcional e Diretor do Centro de Educação a Distância. Nesse mesmo ano atuou no ISES (Instituto Sumaré de Ensino Superior) com um vinculo institucional na UNOPAR (Universidade Norte do Paraná) como professor Colaborador no Mestrado em Tecnologia da Informação e Comunicação na formação em Ensino a Distância em parceria com a Universidade Federal do Ceará. Atualmente é professor de Novas Tecnologias no Curso de Rádio e Televisão da Escola de Comunicações e Artes da USP, desenvolve pesquisas sobre como integrar a comunicação interpessoal e as novas tecnologias à educação. É consultor “ad hoc” do CNPq, da FAPESP e da CAPES. É representante, no cargo de diretor, do Centro de Educação a Distânia da Universidade Anhanguera Uniderp. É professor de comunicação na Universidade de São Paulo (aposentado). Tem experiência na área de Comunicação e Educação, com ênfase em inovações na educação presencial e a distância, com apoio das tecnologias. Recebeu por reconhecimento das suas pesquisas prêmios e títulos: 1984- Prêmio profissionais do ano - Mercado Global de Pesquisa - VI Edição pela Rede Globo de Televisão e prêmio profissionais do ano - Mercado Global de Pesquisa. 66 Autor de inúmeros trabalhos na área de comunicação, educação e tecnologia de dentre as suas obras, Moran tem vinte e três artigos completos publicados em periódicos bem como dezenove capítulos de livros que foram publicados em coautoria com outros autores e também trabalhos publicados em anais de congresso. Defende uma educação humanista e inovadora, atuante como professor e gestor e demonstra preocupação em colaborar nas mudanças da educação básica e superior, tanto na presencial e a distância no sentido de alavancar propostas de novas metodologias que realmente esteja condizente ou próximas das realidades e necessidades dos alunos, preocupado chega a propor novas metodologias mais próximas das necessidades dos alunos, mas incentiva a utilização como suporte na tecnologia educativa para aprendizagem. Enquanto filósofo, educador na área da comunicação e Novas Tecnologias têm empenhado em pesquisar as inovações na educação presencial e a distância. Moran é um grande defensor da utilização das novas tecnologias na escola e em universidades. Em suas obras constata-se que em seu discurso esta presente a integração, inovação, tecnologia e considera que somente a partir dessa integração entre a dimensão intelectual, a emocional e comportamental de uma forma criativa e inovadora, oferecerlhes instrumentos as pessoas para que elas possam ser capazes de produzir, caminhar por si mesmas. Um dos maiores especialistas brasileiro no uso da internet em sala de aula, porém sempre alerta que ela por si só não irá dar conta do aprender. Moran defende que, atualmente, o foco na profissão docente, na condição de ser professor, não reside apenas na competência de ensinar, mas antes na competência em mediar, significa em organizar processos onde o aluno e professor possa aprender e avançar juntos. Por isso, Moran nas suas reflexões fala dos desafios da nossa comunicação no cotidiano e a necessidade que temos de aprender a ler, a compreender, a escolher uma profissão, portanto, para isso precisamos de uma educação inteiramente viável. Sendo autor, palestrante, pesquisador, acumula grande experiência teórico-prática, reconhecido no contexto educacional pela sua grande contribuição nas áreas da comunicação: como rádio, televisão e os meios telemáticos, e que o tornou uma das figuras mais respeitadas nas instituições que trabalhou com a modalidade de ensino a distância, e influência nesse novo contexto que se coloca a EAD para alavancar a educação em todo território brasileiro de uma forma humanística e inovadora. 67 4.2 EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO DE JOSÉ MANUEL MORANNeste capítulo iniciamos o ponto central da pesquisa, que é a discussão a cerca da evolução do pensamento de José Manuel Moran. A discussão é norteada por alguns pressupostos, tendo como ponto de partida as questões elaboradas e, em seguida, apresentarmos nossa interpretação articulando as questões respondidas, fazendo um contraponto com as obras de Moran, de modo a irmos ao encontro com o objetivo de perceber a evolução do pensamento de Moran. 1. Pesquisadora: Professor José Manuel Moran, em sua obra "Como ver televisão: leitura crítica dos meios de comunicação" (1991), o senhor deixa claro que os meios de comunicação como a "TV e o rádio" devem ser utilizados intensamente para suprir as deficiências deixadas pela escola. Atualmente, no Brasil, como é possível integrar esses (e outros) recursos e suprir as lacunas deixadas pelas escolas? Resposta de Moran: Escrevi este livro na década de 80 e o publiquei em 1991, quando a internet ainda engatinhava. Naquele momento eu propus a análise crítica dos meios na escola e na família como um instrumento de ampliação da consciência dos alunos, famílias e da sociedade para entender a lógica dos meios, as formas de contar histórias (narrativa, estética) e os valores transmitidos. Com o vídeo, além da análise (leitura dos meios), insistia no papel de protagonista dos alunos, incentivando a produção nos espaços escolares, para desenvolver formas próprias de comunicação e desenvolver atividades audiovisuais como expressão de linguagens próximas dos alunos. A Internet popularizou o acesso a múltiplos materiais audiovisuais, mas principalmente facilitou que cada um pudesse ser produtor, divulgador de suas ideias e histórias, principalmente com a criação do YouTube. Hoje temos um consumo muito maior de imagens, sons e histórias, mas não houve um acompanhamento efetivo de análise crítica das mídias de entretenimento (tv aberta, tv paga, canais na Internet). Quanto mais acesso temos ao audiovisual, mais importante é desenvolver uma leitura crítico-estética avançada da mídia atual. Apesar de o livro ser pequeno e datado, a proposta central permanece válida, na minha opinião. Análise: Nota-se que Moran prossegue afirmando da necessidade da leitura crítica dos meios de comunicação. Percebe-se que mantém a linha de pensamento tanto nas obras 68 publicadas como na sua resposta da questão um como podemos citar a obra “Leituras dos Meios de Comunicação” (1993), onde diz no capítulo 3 - Evolução da Análise dos Meios, que entre muitas experiências de análise dos meios voltadas para a escola e outras para a educação não formal, frisa que “falta uma visão mais cultural na Tecnologia Educacional e menos tecnológica, o problema é que falta interligação entre Tecnologia Educacional e a Comunicação”, e cita um dos projetos mais avançados que promoveu a integração das novas tecnologias de comunicação e educação, foi o “Projeto Escola do Futuro, desenvolvido pela Universidade de São Paulo, onde professores trabalhavam com computadores, redes eletrônicas, vídeo, videodisco” (pp.91-92). Moran também diz que esse “Projeto Escola do Futuro” foi importante para aprimorar e flexibilizar as comunicações entre professores e alunos no novo contexto das novas tecnologias educativas e efetivamente para o ensino e aprendizagem. Na mesma obra, no Capítulo 7, Moran diz que “as escolas podem e precisam estabelecer pontes com os meios de comunicação”, que a escola deve utilizar os meios de comunicação como motivação em princípio, para que posteriormente o aluno produza e apresente suas próprias produções, de que “a escola pode combinar as produções escritas convencionais com as novas produções audiovisuais” (pp.179-190), e ao mesmo tempo esse mesmo aluno produza a análise crítica através dos meios de comunicação como o rádio, a tv, o jornal, a revista e outros. Na obra “Mudanças na comunicação pessoal: Gerenciamento integrado da comunicação pessoal, social e tecnológica” (1998, pp. 155-166) no Capítulo 10: A Comunicação na Educação, o autor enfatiza que a criança já passa por um processo de educação antes de ir à escola: “pelo familiar e pela mídia eletrônica”, ou seja, com os pais desenvolve algumas capacidades culturais e emocionais. Pela mídia a criança aprende a “informar-se, a conhecer outros, o mundo, e a si mesma”. Entretanto, o autor coloca que mesmo no período escolar a mídia não demonstra a sua forma real, mais se apresenta de uma forma sutil e mascara a realidade, dando a impressão de que não necessita uma análise mais rigorosa. Ou seja, a mídia fala das emoções, com sentimentos do dia-a-dia. O autor diz que, a mídia continua educando com uma roupagem revestida de entretenimentos, ou seja, atuam de forma diferente da educação convencional. Notadamente percebe-se que Moran, no artigo “Ensino e aprendizagem inovadores com tecnologias audiovisuais e telemáticas” da obra “Novas tecnologias e mediação pedagógica (2000, pp. 11-65)”, fala da necessidade de integrar os meios de comunicação 69 na escola e de promover a leitura crítica dos meios de comunicação no contexto escolar. Como já citado na fundamentação teórica do Capítulo II, voltamos aqui com uma fala de Moran: “passamos muito rapidamente do livro para a televisão e o vídeo e destes para o computador e a Internet, sem aprender e explorar as possibilidades de cada meio” (p.32). Moran diz que o Brasil não explorou as possibilidades de uso mais intensivo que esses recursos podem oferecer para a educaçao. Em “Educação que desejamos: novos desafios e como chegar lá” (2007, 89-124), no capítulo 4 - Tecnologias no ensino e aprendizagem inovadoras, Moran frisa que há em primeiro lugar a sala de aula, entretanto, diz que surgem novos espaços e tempos de aprendizagem com a Internet, a TV digital, há uma necessidade de reorganizar os ambientes presenciais, no sentido de o educador ajudar o educando a “encontrar uma lógica dentro do caos de informações que temos de organizar uma síntese coerente, mesmo que momentânea, dessas informações e compreendê-las”. No ponto de vista metodológico Moran diz que é importante “equilibrar organização e inovação; sistematização e superação”. Portanto, notamos que o autor dá seguimentos às suas ideias enfatizando constantemente as mesmas propostas de que é possível promover a integração dos meios tecnológicos como recursos na escola, entretanto, há necessidade de um acompanhamento, e de um olhar crítico perante os meios de comunicação, na escola, na universidade e em outros momentos fora dos espaços institucionalizados para a educação como na família, nas organizações sociais, nas empresas e outros segmentos da sociedade. 2. Pesquisadora: Em "Leituras dos Meios de Comunicação" (1993), o Professor faz uma ampla investigação e foca-se em projetos que foram desenvolvidos em vários países, particularmente os Programas Latino-Americanos de educação para os meios. Sabe se hoje continua conservar as mesmas opiniões que defendeu na época? Qual a intenção desses projetos para a educação das populações envolvidas? Resposta de Moran: Em “Leituras dos meios” analisei alguns programas latinoamericanos de Educação para as Mídias, programas informais de educação, que tiveram muita importância na segunda metade do século XX. Alguns eram promovidos por igrejas cristãs como o LCC – Leitura Crítica da Comunicação. No Brasil tiveram importância como uma forma de ampliação de consciência de diversos grupos sociais (associações, comunidades de base, escolas) principalmente em períodos de repressão 70 política. A educação para os meios se tornou mais acadêmica no mundo inteiro, com o conceito de Media Literacy, ou Alfabetização para os Meios. Na América Latina há políticas públicas e ONGs atuando na educação para as mídias, que estão evoluindo para uma área nova de pesquisa que é a da Educomunicação, com influência crescente no Brasil, principalmente na Universidade de São Paulo. Análise: Constata-se que Moran considera os projetos (Programas Latinoamericano de Educação) muito importantes para a época (século passado), enfatizando que os mesmos serviram como forma de “ampliação de consciência”, que impulsionou o desenvolvimento de políticas públicas direcionadas à educação formal que temos hoje, diz que está havendo um avanço nesse sentido, principalmente em programas voltados para a inter-relação da comunicação e educação, como por exemplo, o surgimento de um novo campo chamado “educomunicação”34. No artigo “Interferência dos meios de Comunicação no nosso Conhecimento” (1994, p.43-44) retrata exatamente essa convergência e os efeitos que os mesmos causam ao conhecimento, onde Moran já dizia nesse momento: “Os meios de comunicação operam imediatamente como o sensível o concreto, principalmente, a imagem em movimento. Combinam a dimensão espacial com a Sinestésica […] ao mesmo tempo utilizam a linguagem conceitual, falada e escrita, mais formalizada e racional. Imagem, palavra e música se integram dentro de um contexto comunicacional afetivo, de forte impacto emocional, que facilita e predispõe a conhecer mais favoravelmente” (Moran, pp.43-44). Na obra “Novas tecnologias e mediação pedagógica” (2000, pp.11-65) em seu artigo “Ensino e aprendizagem inovadores com tecnologias audiovisuais e telemáticas”, volta a reforçar esse novo víeis da comunicação, afirma que é poderosa e uma das principais tarefas da educação é ajudar a lidar com todas essas informações, diz que “aprendemos quando equilibramos e integramos o sensorial, o racional, o emocional, o ético, pessoal e o social” (p.23). 34 Educomunicação é definida pelo Núcleo de Comunicação e Educação da Universidade de São Paulo (NCE/USP) como o conjunto das ações destinadas a ampliar o coeficiente comunicativo das ações educativas, sejam as formais, as não formais e as informais, por meio da ampliação das habilidades de expressão dos membros das comunidades educativas, e de sua competência no manejo das tecnologias da informação, de modo a construir ecossistemas comunicativos abertos e democráticos, garantindo oportunidade de expressão para toda a comunidade. O ecossistema comunicativo designa a organização do ambiente, a disponibilização dos recursos e o conjunto das ações que caracterizam determinado tipo de ação comunicacional. Acedido em http://www.usp.br/nce/aeducomunicacao/ em 24 de maio de 2013. 71 Moran reforça que os meios de comunicação audiovisuais e telemáticos tem esse poder amplo de integrar a fala, a imagem, a música, entretanto, precisamos estar inseridos e integrados nesse novo paradigma, ou seja, educar dentro de uma visão de totalidade, em que as pessoas possam integrar-se e estabelecer as pontes e relações entre o sensorial e o racional, o concreto e o abstrato bem como o individual e social. 3. Pesquisadora: No livro "Novas Tecnologias e Mediação Pedagógica" (2000), em seu artigo "Ensino e Aprendizagem Inovadores com Tecnologias audiovisuais e Telemáticas", o professor aborda muitas questões de grande relevância em relação ao ensino de qualidade, porém diz que ensino de qualidade custa caro. Que relação estabelece entre uma educação de qualidade e os meios tecnológicos? Resposta de Moran: Educação de qualidade custa cara à sociedade, porque depende de ter professores qualificados, projetos pedagógicos inovadores, infraestrutura e tecnologias atuais, metodologias centradas no aluno. Tudo isso exige investimentos grandes, principalmente do Estado. Só atrairemos os melhores profissionais com uma formação avançada, salários decentes e valorização social efetiva. E isso não é barato. Os meios atuais permitem a mobilidade, a flexibilidade curricular, o aprender de forma híbrida – parte em sala de aula e parte online. Desloca o papel do professor de transmissor da informação para mediador de atividades centradas no aluno. As tecnologias permitem que a informação possa ser disponibilizada nos ambientes virtuais e que a sala de aula seja um espaço de discussão, de aprofundamento, de síntese, com a orientação dos professores. Análise: Moran diz que a educação necessita de um envolvimento maior na questão de recursos financeiros, somente com investimentos no (profissional da educação) e nas inovações pedagógicas em tecnologias de ponta e metodologias voltadas para o educando será possível alavancar para uma educação de qualidade. Justifica que a educação de qualidade necessita de muito investimento na qualificação, valorização nas áreas humanas (professor) e nos recursos tecnológicos, entretanto afirma que isto custa caro. Diz que havendo esse investimento na educação, na qualificação do professor, no uso das tecnologias, viabilizara a flexibilização e a mobilidade de aprender em sala e fora dela. Nesse sentido, segundo Moran também se muda o papel do professor para mediador nos ambientes virtuais de aprendizagem. 72 No artigo “Ensino e aprendizagem inovadores com tecnologias audiovisuais e telemáticas” (2000, p.14) Moran descreve que o ensino de qualidade envolve muitas variáveis: Uma organização inovadora, aberta, dinâmica, com projeto pedagógico coerente, aberto, participativo; infra-estrutura adequada, atualizada, confortável; tecnologia acessíveis, rápidas e renovadas; Uma organização que congregue docentes bem preparados intelectual, emocional, comunicacional e eticamente; bem remunerados, motivados e com boas condições profissionais, e onde haja circunstancias favoráveis a uma relação efetiva com os alunos que facilite conhecê-los, acompanhá-los, orientá-los; Uma organização que tenha alunos motivados, preparados intelectualmente, com capacidade de gerenciamento pessoal e grupal. Efetivamente três pontos importantíssimos colocados por Moran ficam evidente que todas essas questões implicam no desenvolvimento do ensino e aprendizagens de qualidade. No entanto, o artigo “Perspectiva (virtuais) para a educação” (2004), Moran tem uma reflexão não otimista em relação às mudanças do quadro educacional brasileiro. Evidencia que devido a desvalorização do professor, a falta de inovação nas metodologias, nas tecnologias atuais, tudo traz consequências e afeta o futuro profissional do aluno. Moran diz que, muitas questões precisam avançar em relação a educação: “Infelizmente todos esses avanços tecnológicos continuarão privilegiando uma parte da população brasileira. A maior parte das escolas continuará repetindo fórmulas pedagógicas ultrapassadas, tendo acesso a poucos recursos tecnológicos, com professores mal remunerados e futuros resultados comprometedores para o futuro profissional desses alunos. E como a educação será cada vez mais importante para a mudança da sociedade, acredito que a diferença entre os que têm acesso à educação de qualidade e à educação massificadora será difícil de reverter no horizonte dos próximos anos. Numa sociedade desigual não se pode esperar só da escola a igualdade” (Moran, 2004, p.32). Nota-se que desde esta publicação passaram alguns anos, em relação a questões relacionadas a qualidade da educação no Brasil, Moran no artigo “Ensino e aprendizagem inovadores com tecnologias audiovisuais e telemáticas” (2000) já dizia naquele momento que é preciso investir no professor em relação a sua qualificação e sua valorização enquanto bom profissional da educação, investir nos recursos tecnológicos, nas novas 73 metodologias voltadas para o aluno, somente avançando nesse contexto é que a educação terá condições de ser considerada de qualidade. Podemos constatar na obra “A Educação que desejamos: novos desafios e como chegar lá” (Moran, 2007), que o autor volta a afirmar que a educação no Brasil tem muito que melhorar, apesar de evoluir em alguns aspectos, ainda assim diz que: “Apesar dos avanços reais no Brasil, ainda estamos distantes de uma educação de qualidade […] A educação é um processo complexo, que depende de consciência e ação política e estratégia constantes e continuada de todos os governantes e gestores. No Brasil, esta aumentando a consciência, mas há muita descontinuidade política e de gestão. Esta mudando a forma de conceber e de exercer essa ação pedagógica, com as possibilidades de ensinar e aprender dentro e fora da sala de aula, sozinho ou em grupos, ao vivo ou conectado, presencial ou virtual. São situações muito novas, que desafiam profundamente tudo o que até agora fizemos e o que, em geral, continuamos realizando mecanicamente, por inércia” (Moran, 2007, p.8). Moran nesse momento trás em seu discurso que os avanços existem, contudo falta muito para que a educação seja considerada de qualidade, pois nota-se que envolve questões abrangentes, que são grandes desafios presentes na educação, tanto no ensino presencial e a distância, que passam por processos de conscientização da política pública em desenvolver-se em um projeto político continuo para a educação, na obra “Educação a Distância” (2011) em seu artigo “Desafios da educação a distância no Brasil”, Moran diz que a educação está passando por mudanças profundas como um todo, entretanto ainda falta muito para se chegar a uma educação de qualidade: “Um bom curso, presencial ou a distância, sempre será caro, porque envolve qualidade pedagógica e tecnológica. E qualidade não se improvisa, tem alto custo – direto ou não – para ser mantida. Mas vale a pena. Só assim podemos avançar de verdade” (Moran, 2011, p.67). Enfim, podemos constatar que à educação de qualidade segundo Moran manteve seu pensamento ao longo dos anos, dizendo que as mudanças estão acontecendo, entretanto muito pontuais, diz que é necessário muito investimento para se ter uma educação envolvente, integradora, inovadora, tanto em uma pedagógica de ensino avançada, como em tecnologia atuais e principalmente ter professores qualificados e bem pagos. 4. Pesquisadora: Em seu artigo "Perspectivas (virtuais) para a educação" (2004), o senhor refere que as escolas na época se encontravam pouco preparadas para acompanhar o ritmo das mudanças em relação ao mundo do trabalho e para atender as expectativas profissionais concretas, quanto mais para antecipar as mudanças 74 (p.33). Atualmente, o que o senhor pensa sobre esse mesmo tema? Houve alguma evolução? Resposta de Moran: Há uma expectativa crescente de que agora com as tecnologias móveis a escola mudará rapidamente. Já vimos esse filme muitas vezes. Quando participei no começo dos anos noventa do projeto Escola do Futuro da Universidade de São Paulo, imaginava que a estas alturas do século XXI já teríamos escolas muito diferentes, currículos inovadores, flexibilidade em organizar os percursos de cada um. Mas constatamos que as mudanças foram, em geral, mais periféricas do que profundas. Outra ilusão é a de que entregar tablets para professores e alunos provocará uma grande revolução. Gostaria que fosse assim. Sem dúvida é um avanço promissor. Mas se depositarmos muita esperança nessas políticas quantitativas, poderemos frustrar-nos rapidamente. As tecnologias trazem muitas possibilidades, mas, sem ações de formação sólidas, constantes e significativas, boa parte dos professores tende, após a empolgação inicial, a um uso mais básico, conservador - repositório de informações, publicação de materiais - enquanto os alunos podem seguir utilizando-as para inúmeras formas e redes de entretenimento,como jogos, vídeos e conversa online. Poderíamos ensinar e aprender somente indo dois ou três dias por semana a uma escola e continuar aprendendo através das inúmeras possibilidades dos ambientes online. E o que faríamos com os filhos no restante do tempo? E como orientar todo o processo de aprendizagem a distância? Como transformar isso em horas aula no currículo? Como gerenciar –econômica e didaticamente – esses horários virtuais? Por isso a orientação no mundo permanece no sentido contrário: aumenta-se o número de horas que os alunos permanecem na escola (tempo integral) e continua-se colocando como modelo de educação o os países nórdicos, que valorizam muito mais o professor (importantíssimo) e resolvem tudo na sala de aula com poucas tecnologias (aqui está um dos desafios da mudança). Viveremos nestes próximos anos um rico processo de aprendizagem na sala de aula focando mais a pesquisa em tempo real, as atividades individuais e grupais online, mudando lentamente as metodologias de transmissão para as da aprendizagem colaborativa e personalizada. Aos poucos perceberemos que não faz sentido confinar os alunos na sala de aula para aprender. Podemos organizar uma parte importante do currículo no ambiente digital e combiná-lo com as atividades em sala de aula de forma que o projeto pedagógico de cada curso integre o presencial e o digital como componentes curriculares indissociáveis. O digital não será um acessório complementar, mas um espaço de 75 aprendizagem tão importante como o da sala de aula. Evitaremos a esquizofrenia atual de manter o mesmo número de aulas presenciais de sempre e ainda pedir para professores e alunos que utilizem o ambiente digital como repositório de materiais, espaço de debate e de publicação. Com o tempo fará sentido para a maioria repensar os horários, os espaços e as formas de organizar os processos de ensino e aprendizagem. É uma questão de amadurecimento e de profundo intercâmbio de experiências para construir propostas mais arrojadas, testadas e aceitas. Demorará mais do que gostaríamos, mas a chegada das tecnologias móveis à sala de aula é como um cavalo de Tróia. Em curto prazo parece que pouco vai mudar; mas em médio prazo nos obrigará a reorganizar o tempo, o espaço e a forma de ensinar e aprender. Os desafios a nossa frente são fascinantes. Análise: Moran revela ter criado muitas expectativas em relação as mudanças que as novas tecnologias que poderiam trazer à educação em curto espaço de tempo, também diz que quando participou o Projeto Escola do Futuro da Universidade de São Paulo (USP) idealizou que essas mudanças e que aconteceriam mais rápido, havendo grandes transformações e uma maior flexibilização no processo de implementação dos recursos tecnológicos no ensino presencial e a distância. Identifica-se que, desde o ano 2000, quando na obra “Novas Tecnologias e Mediações Tecnológicas”, já existe essa percepção de tempo quanto ao processo de implantação das tecnologias na educação, e enumera alguns fatores que contribuem para essa procrastinação: O processo é mais lento do que se espera. Iremos mudando aos poucos, tanto no presencial como na educação a distância. Há uma grande desigualdade econômica, de acesso, de maturidade, de motivação das pessoas. Alguns estão prontos para a mudança, muitos outros não. E difícil mudar padrões adquiridos (gerenciais, atitudinais) das organizações, dos governos, dos profissionais e da sociedade (p.61). Ainda nesta mesma obra reflete que, de nada adianta ter todo o aparato tecnológico na escola, se não houver mudanças nos métodos convencionais de ensino: “Ensinar com as novas mídias será uma revolução se mudarmos simultaneamente os paradigmas convencionais do ensino, que mantêm distantes professores e alunos. Caso contrário, conseguiremos dar um verniz de modernidade, sem mexer na essência” (p.63). Na obra “Educação que desejamos: novos desafios e como chegar lá”(2007), no Capítulo 6, em “Para onde caminhamos na educação e como chegar lá”, Moran segue 76 demonstrando otimismo em relação às mudanças que a educação poderia beneficiar com a inserção das novas tecnologias: “Caminhamos para que a maioria das escolas e dos alunos tenha acesso as tecnologias e redes digitais, com recursos de diferentes graus de sofisticação. Isso pode parecer miragem hoje, mas é uma tendência iniludível” (p.149). Entretanto, Moran diz que hoje devemos focar em ações mais sólidas, constantes e significativas, que não devemos criar muitas expectativas em relação a determinados recursos como se fosse provocar toda mudança, diz que os avanços estão acontecendo, mas a educação precisa de mudanças estruturais mais sólidas, e de políticas educacionais inovadoras. Nessa mesma perspectiva, Moran alarga o seu discurso em relação a educação presencial e a distância na obra “Educação a Distância (2011) em “Desafios na Educação a Distância no Brasil”,diz que a educação caminha para grandes mudanças em relação as formas de ensinar. “Caminhamos para uma flexibilização forte de cursos, tempos, espaços, gerenciamento, interação, metodologias, tecnologias, avaliação. Isto nos obriga a experimentar pessoal e institucionalmente modelos variados de cursos, técnicas, pesquisa, comunicação” (p.84). Efetivamente Moran, coloca-se confiante, diz que os desafios estão sendo lançados a todo o momento e projeta na educação pontos importantes a avançar como: competência, a integração, projetos inovadores, repensar o tempo em sala e fora dela, no uso das novas tecnologias, somente assim a médio prazo surtirá efeitos positivo e afirma que as mesmas já têm promovido significativas mudanças no ensino e aprendizagem. São grandes os desafios rumo a nova reestruturação, reorganização dos modos de aprender e ensinar com o uso de recursos tecnológicos digitais em sala de aula e fora dela. Enfatiza que as tecnologias móveis já estão presentes nas salas de aula, agora é organizar os processos metodológicos de aprendizagens constantes, continuadas e inovadoras. 5. Pesquisadora: Considera que o setor educacional corporativo no Brasil teve crescimento? Se sim, agradecia que esclarecesse quais as áreas que mais têm absorvido esse crescimento e quais as razões que explicam esse crescimento? Resposta de Moran: As mudanças nestes últimos vinte anos foram gigantescas e afetaram todas as dimensões da sociedade, as formas de produção, distribuição e de consumo. As empresas precisaram reinventar-se. Procuram bons profissionais nas universidades, mas uma parte da formação precisa ser feita em serviço, para atender as necessidades 77 específicas de cada organização. Por isso muitas criam seus cursos, seus programas de educação continuada, suas especializações, a maior parte através da internet ou com programas semipresenciais. As organizações que mais aprendem são as de serviços e as que atuam mais diretamente no mundo digital. Análise: Em “Novas Tecnologias e Mediação Pedagógica” (2000, p.63) Moran deixa claro que “necessitamos de muitas pessoas livres nas empresas e nas escolas, que modifiquem as estruturas arcaicas e autoritárias do ensino – e gerencial. Só pessoas livres, autônomas ou em processo de libertação - podem educar para a liberdade, podem educar para a autonomia, podem transformar a sociedade. Só pessoas livres merecem diplomas de educador”. Moran frisa que a educação será mais complexa no sentido da autonomia, liberdade e ousadia para mudar, no artigo “Perspectivas (Virtuais) para a educação (2004, pp. 35-36) aponta a educação diante das mudanças profissionais, e destaca que “há setores que crescerão mais rapidamente, que precisarão de mais formação contínua para à demanda. O setor educacional é um deles, em todos os níveis, com ênfase para a educação corporativa, para o terceiro setor”,.entretanto, diz que o profissional só terá êxito se conseguir integrar vários campos: do conhecimento, das competências, saber unir a teoria e a prática nos momentos de resolução de problemas quando se apresentem. E enumera as principais habilidades e competências que a escola deve trabalhar e preparar o profissional: Capacidade Domínio de idiomas Domínio de informática Autodidatismo Reciclagens periódicas Atualização permanente Cidadania e responsabilidade social Habilidade em tomada de decisão Capacidade de aprender a aprender Capacidade de associação de ideias Liderança Visão de conjunto 78 Algumas tecnologias e serviços na educação do futuro. Em suma, é explícito que a educação tem cada vez mais a responsabilidade de preparar profissionais polivalentes, capaz de sobressair em várias áreas, e com diversas habilidades profissionais. No artigo “Tendências da educação online no Brasil” (2005, pp.1-14) segue dizendo que um dos espaços onde a educação mais cresceu foi nas empresas: a educação corporativa. Moran já demonstra que nesse momento há perspectiva na educação online e diz que “as corporações saíram na frente no e-learning, pressionados pela competição, pelo corte de custos no treinamento e pela necessidade de atualização constante”. Todavia, Moran afirma que nessa primeira fase não houve uma preocupação pedagógica, já na segunda fase houve a preocupação de incorporar a proposta pedagógica, e indica que o Brasil estava “entrando em uma fase de grande envolvimento da educação pela internet, tanto nas corporações como nas universidades e faculdades […] Universidades e empresas estão começando a se aproximar mais, a atuar em sinergia”. Moran retrata que a educação está caminhando para estar cada vez mais conectada, através das novas mídias e que tudo converge para uma evolução, no sentido de aproximação de corporações e universidades trabalhando com propostas para uma educação muito mais inovadora. “A educação que desejamos: novos desafios e como chegar lá” (2007, p.156-157), Moran diz que “Estado, empresas e universidades estarão muito mais integrados”. Constata-se que Moran acredita que este é o caminho da sociedade educadora, e diz que “A educação profissional será cada vez mais valorizada, com oferta de cursos de curta duração, de atualização, de inserção rápida no mercado, cursos de nível técnico e tecnológico, mais práticos e flexíveis” (p.157). Moran nesse momento faz previsões extremamente otimistas em relação à educação online e demonstra que será importante integrar as tecnologias nesse contexto de processo de formação, e profissionais que estejam realmente preparados para assumir esse novo contexto das várias ocupações no exigente mercado de trabalho. Na obra “Educação a distância” Moran advoga que a EAD está experimentando uma fase de crescimento intenso devido a evolução das redes e a mobilidade tecnológica, e se torna cada vez mais complexa por estar presente em todos os campos e com modelos diferentes: “A EAD tem significados muito variados que respondem a concepções e necessidades distintas. Denominamos EAD a educação continuada, o treinamento em 79 serviços, formação supletiva, a formação profissional, a qualificação docente, a especialização acadêmica, a complementação dos cursos presenciais” (p.46). Efetivamente pode-se constatar que Moran diz em relação ao setor educacional corporativo que houve crescimento em diversos setores e os que mais foram afetados com a evolução das redes tecnológias foram os setores de serviços, devido a grande necessidade de preparação de profissionais qualificados para nas mais variadas áreas. 6. Pesquisadora: Em sua opinião quais são as dimensões mais relevantes que põe em destaque para uma educação inovadora? Resposta de Moran: Em educação o fundamental é orientação, pesquisa e avaliação: Orientação de pessoas menos experientes em alguma área de conhecimento feita por profissionais mais tarimbados. Pesquisa como atitude ativa de descoberta, busca e ampliação de nosso repertório, visão, percepção como alunos e mestres. Avaliação para acompanhar nosso percurso, caminho, crescimento, dificuldades. Orientação, pesquisa e avaliação podem ser realizadas de muitas formas, com maior ou menor presença física. Deveríamos mudar o foco: preocupar-nos menos com a transmissão de informação, com dar conteúdo e estimular mais o aluno a pesquisar, a realizar atividades desafiadoras. O ensino através de desafios já é antigo, mas ainda não o aplicamos de verdade. Não podemos dar tudo pronto no processo de ensino e aprendizagem. Aprender exige envolver-se, pesquisar, ir atrás, produzir novas sínteses fruto de descobertas. O modelo de passar conteúdo e cobrar sua devolução é insuficiente. Com tanta informação disponível, o importante para o educador é encontrar a ponte motivadora para que o aluno desperte e saia do estado passivo, de espectador. Aprender hoje é buscar, comparar, pesquisar, produzir, comunicar. A sala de aula pode transformar-se em um ambiente de começo e de finalização de atividades de ensino-aprendizagem, intercalado com outros tempos em que os alunos participam de atividades externas – pesquisa, projetos – muitas no ambiente digital. Com tantos recursos digitais podemos combinar atividades integradas dentro e fora da sala de aula. A informação, a pesquisa, o desenvolvimento de atividades deveriam ser feitas virtualmente. E deixar para a sala de aula a discussão, a apresentação dos resultados, o aprofundamento das questões. 80 Hoje com a WEB 2.0 temos muitas tecnologias simples, baratas e colaborativas, como o blog, o wiki, o podcast, o Facebook ou Twitt Permitem que professores e alunos sejam produtores e divulgadores das suas pesquisas, seus projetos. Cada professor e aluno pode criar sua “página” com todos os recursos integrados. Nela o professor pode disponibilizar seus materiais: textos, apresentações, vídeos, grupos de discussão, compartilhamento de documentos, blogs, etc. Com isso, ele pode diminuir o tempo ã transmissão de informações, a aulas expositivas e concentrar-se em atividades mais criativas e estimulantes, como as de contextualização, interpretação, discussão, novas sínteses. Ao deixar disponível o material no ambiente digital, o professor pode focar mais os pontos críticos, estimular a pesquisa, trabalhar com desafios, projetos, que podem ser realizados dentro e fora da Faculdade, equilibrando a colaboração, o trabalho em grupo com atividades mais personalizadas. Quando focamos mais a aprendizagem dos alunos do que o ensino, a publicação da produção deles se torna fundamental. Recursos como o portfólio, onde os alunos organizam o que produzem e o disponibilizam para consultas, são cada vez mais utilizados. Blogs, textos colaborativos, YouTube, Twitter são recursos muito interativos de publicação com possibilidade de fácil atualização e participação de terceiros. O avanço impressionante de computadores e tablets está personalizando claramente o processo de aprendizagem. Não podemos dar o mesmo conteúdo e atividades para todos, no mesmo ritmo. Os alunos querem ser tratados de forma mais individualizada. Caminhamos de uma EAD mais industrial, massiva, de produto pronto, igual para todos, para modelos bem mais flexíveis, que combinam o melhor do percursos individual com momentos de aprendizagem em grupo, de colaboração intensa. As tecnologias WEB 2.0, gratuitas e colaborativas, facilitam a aprendizagem entre colegas, próximos e distantes. Tudo caminha para ser mais aberto, ágil, intuitivo (touchscreen ou telas sensíveis ao toque, como nos tablets). Os projetos pedagógicos mais avançados focam mais a formação ampla do aluno, a relação teoria e prática, o aprender por desafios e a avaliação formativa. Existem cursos presenciais e online em que os alunos trabalham com desafios de aprendizagem individualmente ou em pequenos grupos. Esses desafios partem de situações reais, de problemas, de projetos e são realizados em etapas, que unem pesquisa e colaboração. Os alunos fazem pesquisas concretas, entrevistas e análises adaptadas à realidade em que vivem e trabalham e propõem soluções ou alternativas possíveis. A colaboração acontece 81 em alguns momentos de forma presencial, mas a maior parte do tempo se faz na Internet por ferramentas de comunicação como chat, fórum ou webconferência. Ela é importante para confrontar visões diferentes, aumentar a consciência crítica, equilibrando o percurso individual e o grupal. Ensinamos e aprendemos mais e melhor – em qualquer modalidade - quando o fazemos num clima de confiança, de incentivo, de apoio, dentro de limites claros e negociados. Para isso precisamos de pessoas curiosas, motivadas, afetivas e éticas, que gostem de aprender e de praticar o que aprendem, suficientemente evoluídas para transmitir confiança, acolhimento e competência com sua presença, fala, gestos e ações no contato presencial e online. Análise: Nota-se que Moran foca em pontos importantes para uma educação inovadora, questões muito pertinentes como a abrangência dos sistemas de comunicação digitais nesse sentido também diz que as novas metodologias que devem ser repensadas, principalmente diante dos recursos digitais móveis disponíveis, poderiam ser utilizados com infinitas possibilidades. E aponta formas de inovar, ou seja, promover as mudanças, na qual Moran ressalta na obra “A educação que desejamos: novos desafios e como chegar lá” (2007). Cada vez se consolida mais nas pesquisas de educação a ideia de que a melhor maneira de modificá-la é por metodologias ativas, focadas no aluno, como a metodologia de projetos de aprendizagem ou a de solução de problemas. Essas metodologias tiram o foco do “conteúdo que o professor quer ensinar”, permitindo que o aluno estabeleça um vínculo com a aprendizagem, baseado na ação-reflexão-ação. Na mesma obra chama atenção para a integração no uso dos recursos tecnológicos como as mídias móveis, tanto dentro e fora da sala de aula com atividades integradas, entretanto diz que “necessitamos dos educadores tecnológicos, que nos tragam as melhores soluções para cada situação de aprendizagem, que facilitem a comunicação com os alunos, que orientem a confecção dos materiais adequados para cada curso, que humanizem as tecnologias e as mostrem como meios e não como fim” (p.38). No Brasil os profissionais que atuam na EAD, segundo Moran, grande parte vem do ensino superior da modalidade presencial, e afirma que tanto o ensino presencial como a distância “predominam a fragmentação do conhecimento, transmissão de informações e a centralidade da ação pedagógica no professor” (p.112). Nota-se que educar na modalidade EAD exige grandes mudanças nos modelos de ensino em EAD, segundo Moran é necessário criar condições para que o professor possa 82 conhecer os aspectos teóricos da EAD para construir conhecimento no contexto mediado pelas tecnologias, isto é importante para a construção do conhecimento tanto do professor quando do aluno. O autor afirma ainda que as tecnologias favorecem as mudanças, mas o que norteia são as bases ou eixos para uma educação inovadora as quais delineia como: o conhecimento integrador e inovador; o desenvolvimento de autoestima/autoconhecimento; a formação do aluno-empreendedor; o processo flexível e personalizado. Com esses pilares e com o apoio das tecnologias, Moran diz que o processo de ensino-aprendizagem tornará muito mais flexível, integradora, o empreendedor e inovador no contexto dos eixos e bases para uma educação inovadora. Entretanto, na mesma obra, Moran aponta os principais obstáculos para a aprendizagem inovadora: “o currículo engessado, conteudista; a formação deficiente de professores e alunos; a cultura da aula tradicional, que leva os professores a privilegiarem o ensino, a informação e o monopólio da fala. Também são obstáculos: o excessivo número de alunos, de turmas e de matérias que muitos professores assumem e a obsessão pela preparação para o vestibular das melhores universidades, o que concentra a atenção no conteúdo provável desse exame e não na formação integral do adolescente” (p.45). Na obra “Educação a Distância” (2011) no artigo “Desafios da educação a distância no Brasil”, Moran aborda que mesmo com todos os entraves nos currículos, na formação de professores, nas metodologias aplicadas, a educação tem avançado, vem aos poucos, sendo flexibilizada, ajustando-se por meios de vários recursos tecnológicos quando diz que “a educação a distância está modificando todas as formas de ensino e aprendizagem, inclusive as presenciais, que utilizarão cada vez mais metodologias semipresenciais, flexibilizando a necessidade de presença física, reorganizando os espaços e tempos, as mídias, as linguagens e os processos”. Deste modo, pode-se constatar tanto nas obras bem modo em sua resposta apresentada, Moran tem evoluído seu pensamento em relação às dimensões mais relevantes que põe em destaque para uma educação inovadora. Em constante trata nas obras e artigos da grande necessidade de inovar os projetos pedagógicos com desafios, pesquisas e avaliação formativa. Foca que a aprendizagem do aluno se tornam mais criativa e 83 estimulante quando usam os recursos digitais combinando atividades integradas dentro e fora da sala de aula. Afirma que as tecnologias digitais como o computador e tablets com o uso da internet estão personalizando o processo de aprendizagem com tecnologias simples e barata como: a web 2.0, o blog, o wiki, o podcast, o Facebook ou Twitter, o youtube, são ferramentas importantes para EAD, e que ensinamos e aprendemos muito melhor no presencial ou outras modalidades quando trabalhamos num ambiente de confiança. Entretanto, é necessário que haja pessoas preparados para estar tanto no presencial como online. 7. Pesquisadora: Em "Educação que Desejamos: Novos desafios e como chegar lá" (2007), o senhor diz que "a educação se encontra em transição: nem estamos no modelo industrial (embora mantenhamos muitos de suas estruturas organizacionais e mentais) nem chegamos ao modelo de sociedade do conhecimento" (p.16). No momento atual como o senhor analisa essa mesma questão? Resposta de Moran: As tecnologias digitais móveis provocam mudanças profundas na vida de todos e também na educação presencial e a distância (prefiro, sem distância). Na presencial, podemos ensinar e aprender ativamente em vários lugares, juntos e conectados, ao mesmo tempo ou em tempos diferentes. Na educação sem distância podemos combinar a aprendizagem significativa individual e a colaborativa, de forma que os alunos de qualquer lugar consigam aprender no ritmo de cada um e também em grupo, em rede, da forma mais flexível e adequada. Apesar de tantas possibilidades, ainda nos encontramos na educação em uma fase de transição complicada: já não aceitamos o modelo industrial (embora mantenhamos muitas de suas estruturas organizacionais e mentais), mas também percebemos que não praticamos o paradigma da sociedade do conhecimento, embora parcialmente incorporemos alguns dos seus valores e expectativas. Prevalece a inércia na educação (presencial e a distância). A maior parte das instituições prefere repetir do que arriscar. Os currículos são excessivamente rígidos e reducionistas, com disciplinas isoladas e baixa interação. O foco ainda se mantém na transmissão de informações, em preparar os alunos para o vestibular ou para uma profissão, sem a preocupação com a formação integral deles como pessoas, com uma discussão ampla sobre valores, atitudes e comportamentos. 84 Predomina ainda a pedagogia baseada em certezas. Quando damos tudo pronto, mostrando a resposta correta, contribuímos para falsear a relação dos alunos com o conhecimento. Quando escrevemos tudo com clareza e objetividade, mascaramos o processo de compreensão do mundo e de nós mesmos, que é penoso, ambíguo e mutável. Por isso, na pedagogia, não podemos destacar só o que é certo, mas criar situações de desafio, que possibilitem validar mais de um caminho e mais de uma escolha. Quando privilegiamos o conhecimento intelectual e focamos mais a certeza do que a incerteza, não preparamos os alunos para a vida. Análise: É importante ressaltar que Moran trás de novo em seu discurso a palavra “sem distância” nota-se que pode estar a referir às tecnologias digitais móveis que se pode promover a educação tanto juntos como em outros lugares. Na obra “Novas tecnologias e mediação pedagógica (2000)”, Moran cita experiências com programas que já disponibilizavam ambientes virtuais, que colocam alunos e professores juntos na internet: “Programas como a Eureka da PUC de Curitiba, o Learning Space da LotusIBM, o WECT, o Aulanet da PUC do Rio de Janeiro, o Firstclass, o Universite, o Blackboard e outros semelhantes, permitem que o professor disponibilize o seu curso, oriente as atividades dos alunos, e que estes criem suas páginas, participem de pesquisas em grupo, discutam assuntos ou perguntam” (Moran, p.43-44). Na mesma obra Moran também diz que o papel do professor amplia de informador de conteúdo e “transforma-se em orientador de aprendizagem, em gerenciador de pesquisa e comunicação dentro e fora de sala de aula, de uma processo que caminha para ser semi-presencial […]e no ambiente virtual” (p.46). Entretanto, Moran diz que é preciso equilibrar o presencial e virtual, se temos problemas no ensino presencial, não resolveremos com o virtual: “se nos olhando, estando juntos, temos problemas sérios não resolvidos no processo de ensino-aprendizagem, não será “espalhando-nos” e “conectando-nos” que vamos resolver solucioná-los automaticamente” (p.56). No entanto, Moran na obra “A educação que desejamos: novos desafios e como chegar lá” (2007) diz que é necessário que o professor compreenda e assuma a mudança nesse processo de aprender a ensinar nos ambientes virtuais, e profere ser um dos grandes desafios para a educação: 85 “Educar em ambientes virtuais exige mais dedicação do professor, mais apoio de uma equipe técnico-pedagógica, mais tempo de preparação ao menos na primeira fase – e principalmente de acompanhamento, mas para os alunos há um ganho grande de personalização da aprendizagem, de adaptação ao seu ritmo de vida, principalmente na fase adulta”. Moran nessa mesma obra fala que mesmo com tantas mudanças na educação, deparamos com uma tarefa imensa que pode perdurar por décadas, pois a “organização escolar é pesada […] porque burocratizou tanto toda a gestão em todos os níveis que, mesmo aumentando as ações de capacitação, parece que nada muda[…]prudente, porque tem de encontrar denominadores comuns mínimos compatíveis com as diferenças e desigualdades nacionais e regionais”. (p.16). Moran diz que estamos em um momento de transição, apesar de tantas possibilidades em mudar esse modelo industrial, diz não praticarmos os paradigmas na sociedade do conhecimento, “incorporamos alguns de seus valores e expectativas”, contudo, Moran na obra “Educação a distância” (2011) diz que caminhamos para uma flexibilização em todos os sentidos em educação presencial e a distância. “já não se justifica remendar o que sempre se fez, mas ousar, arriscar mais, inovar para sair da repetição de modelos desgastados, caro e pouco produtivos. Todas as universidades e organizações educacionais, em todos do presencial com o virtual, garantindo a aprendizagem níveis, precisam experimentar e avançar com coragem rumo à integração significativa e qualidade” (p.85). Em suma, fica evidente que é preciso avançar em todos os sentidos, já não se justifica ser um mero transmissor de informação, é necessário promover uma educação na formação integral das pessoas, com uma discussão ampla de valores, atitudes e comportamentos. Não dar tudo pronto para o aluno, e sim preparar esse aluno para a vida, para o conhecimento. 8. Pesquisadora: Na mesma obra "A educação que desejamos: novos desafios e como chegar lá" (2007), o senhor faz a abordagem dirigida principalmente sobre as mudanças que as tecnologias trouxeram para a educação presencial e a distância em todos os níveis de ensino. Hoje, o que de positivo ou negativo o senhor tem percebido principalmente quando se refere as mudanças que as tecnologias trazem tanto para a educação presencial quanto para a educação a distância no Brasil? Resposta de Moran: Os projetos pedagógicos mais avançados focam mais a formação ampla do aluno, a relação teoria e prática, o aprender por desafios e a avaliação formativa. 86 Existem cursos presenciais e a distância em que os alunos trabalham com desafios de aprendizagem individualmente ou em pequenos grupos. Esses desafios partem de situações reais, de problemas, de projetos e são realizados em etapas, que unem pesquisa e colaboração. Os alunos fazem pesquisas concretas, entrevistas e análises adaptadas à realidade em que vivem e trabalham e propõem soluções ou alternativas possíveis. A colaboração acontece em alguns momentos de forma presencial, mas a maior parte do tempo se faz na Internet por ferramentas de comunicação como chat, fórum ou webconferência. Ela é importante para confrontar visões diferentes, aumentar a consciência crítica, equilibrando o percurso individual e o grupal. A educação semipresencial e a distância pode contribuir para a formação de cidadãos, preparando-os para o mundo do trabalho - que é uma dimensão importante- mas principalmente para uma vida mais plena. Precisamos de educadores humanistas na educação on-line, que vivenciem e expressem práticas vivas de interação virtual e presencial, ouvindo, acolhendo, mediando debates, estimulando a participação efetiva e ativa de todos, gerenciando os ritmos diferentes individuais e dos grupos. O educador que mantém uma atitude acolhedora no dia a dia encontra a forma de acolher na comunicação on-line, na mediação de um chat, na gestão de um fórum, nas sessões de apresentação de pesquisas, projetos e atividades por webconferência. Na educação sem distância ainda podemos evoluir muito no desenvolvimento de situações ricas de interação, no incentivo à pesquisa individual e em grupo, na avaliação formativa ao longo do curso, no estabelecimento de vínculos, na discussão aberta de valores importantes para a sociedade. Para que as instituições grandes e pequenas possam continuar no ensino superior, é importante que assumam o mesmo modelo de currículo e oferta no presencial e no EAD. Que elaborem um projeto estratégico único e integrado, que permita a sinergia entre equipes, metodologias, conteúdo, infraestrutura, marketing. O caminho é o da convergência em todos os campos e áreas: prédios (EAD também dentro de unidades presenciais – pólos); integração de plataformas digitais; produção digital de conteúdo integrada (os mesmos materiais para as mesmas disciplinas do mesmo currículo). Isso favorece a mobilidade de alunos e professores. Alunos podem migrar de uma modalidade para outra sem problemas, podem fazer algumas disciplinas comuns – alunos a distância e presenciais cursando disciplinas comuns. Professores podem participar das duas modalidades e ter maior carga docente. Isso permite maior interoperabilidade de processos, pessoas, de produtos e metodologias, com grande escalabilidade, visibilidade e redução de 87 custos. Os alunos poderão escolher o modelo que mais lhes convier, aprenderão mais e as instituições poderão oferecer um ensino de qualidade, moderno e dinâmico, a um custo competitivo. O sistema bi-modal, semi-presencial – parte presencial e parte a distância - se mostra o mais promissor para o ensino nos diversos níveis. Combina o melhor da presença física com situações em que a distância pode ser mais útil, na relação custo-benefício. Nos cursos presenciais poderíamos flexibilizar a relação presencial-digital de forma progressiva. No primeiro ano, as atividades aconteceriam mais na sala de aula. Haveria uma ênfase maior na aprendizagem do uso das tecnologias digitais feito no laboratório até o aluno ter o domínio do virtual e poder fazê-lo a distância. Análise: Nesse momento Moran fala das mudanças em relação aos projetos pedagógicos estarem focando mais em estratégias fazendo relação entre a teoria e prática, dos alunos trabalharem com desafios de aprendizagem no individual ou em pequenos grupos, na formação do aluno mais pesquisador, que saibam fazer pesquisas concretas adaptadas com a realidade que vivem isto unindo a pesquisa e a colaboração, tanto no presencial como utilizando as ferramentas de comunicação. Importante observar que o autor volta usar o termo distância por “sem distância”. No obra “Novas tecnologias e mediação pedagógica”(2000) Moran já debatia os novos caminhos que a educação estava a percorrer, entretanto diz que o processo é lento, mas irá mudando aos poucos, afirma que uns estão prontos para a mudança, mas outros não. “O ensino será um mix de tecnologias com momentos presenciais, outros de ensino on-line, adaptação do ritmo pessoal, mais interação grupal, avaliação mais personalizada (com níveis diferenciados de visão pedagógicas). Outras organizações oferecerão tecnologias de ponta com visão pedagógica avançada (cursos de elite, subsidiados)” (p.60). Nota-se que o ensino apresenta mais amplo e complexo com a diversificação dos cursos, Moran diz que no Brasil têm-se dois grandes modelos “fundamentalmente duas modalidades de ensino: semipresencial e a distância ou on-line, com algumas variações”. Na obra “ A Educação que desejamos: novos desafios e como chegar lá (2007) Moran fala que o uso das tecnologias de comunicação será muito mais exploradas em tempo real, e com muitas variações a partir de dois modelos básicos: “teremos inúmeras variações, modelos híbridos, que procurarão equilibrar transmissão de informação e colaboração, conteúdo e pesquisa, informação 88 pronta e conhecimento construído. O que parece é que teremos cada vez menos aulas presenciais e mais compartilhamento virtual das experiências de aprender com alguém mais preparado (os professores) e de aprender juntos, em rede” (p.143). Em relação aos modelos híbridos, Moran ressalta que são adequados para estudantes iniciantes, em fase de formação, nesse modelo as atividades são síncronas e assíncronas, mas com o tempo o aluno vão ganhando autonomia. “Em “Educação a distância” (2011), Moran diz que os ambientes principais de aprendizagem são: “o Moodle, o Blackboard e o Teleduc. Algumas instituições têm seu próprio ambiente digital de aprendizagem […] web-conferência para alguns momentos de interação presencial com os alunos, visando orientar, solucionar dúvidas e manter vínculos afetivos” (p.50). 9. Pesquisadora: Em sua participação na obra "Educação a distância: pontos e contrapontos" (2011), em seu artigo "Desafios da educação a distância no Brasil" dentre muitas assuntos o senhor diz que "os modelos de avaliação do MEC privilegiam o acompanhamento local. É possivel fazer cursos com bom atendimento on-line e pouco acompanhamento presencial. É possível fazer um curso totalmente on-line em muitos países. Aqui, legalmente, não- para certificação do MEC. Isso faz parte do momento atual, da regulamentação presente, mais não se sustentará por muito tempo porque pode inibir propostas de outros cursos, com projetos inovadores" (p.70). Quais propostas e projetos que considera inovadores em se tratando de cursos serem totalmente a distância? Resposta de Moran: Todos os cursos, de qualquer área, podem ser feitos a distância (ao menos parcialmente), mas os da área de humanas exigem menos laboratórios e se adaptam muito mais imediatamente a essa modalidade. Todos os cursos presenciais, para atender melhor os alunos hoje, precisam ter mais atividades a distância. Caso contrário se tornam anacrônicos, pouco atraentes, principalmente para atender aos alunos mais distantes, trabalhadores e que moram em cidades grandes, onde o deslocamento é complicado. Deveríamos abolir a palavra “a distância”, que traz uma conotação pejorativa. Todos os cursos podem ser feitos sem distância, de forma conectada, interativa, com alguns momentos presenciais, dependendo das exigências específicas de cada área de conhecimento. 89 Existem modelos online de cursos de graduação no Brasil. O diferencial é um forte atendimento tutorial com momentos de encontros ao vivo. Tem videoaulas bem gravadas e atividades de aprendizagem baseadas em desafios. As avaliações principais são presenciais. São modelos difíceis para uma parte da população que os procura, pela falta de autonomia, dificuldade de gestão do tempo e pela dificuldade no domínio das competências digitais. Os modelos que mostram o professor – como os da teleaula – conseguem atrair muitos alunos porque reforçam o papel do professor a que os alunos estão acostumados. Mas nenhum curso de longa duração utiliza uma única tecnologia. Tele ou videoaulas se combinam com atividades em ambientes virtuais, que podem ser acessadas através de qualquer aparelho que se conecte com a Internet. Recursos mais tradicionais como a TV e o Rádio tem um espaço grande para crescer. O público gosta e está acostumado a esses meios. Nos falta hoje uma política de incentivo à TV, com apoio de outras mídias. Passamos muito rapidamente das mídias tradicionais às digitais (Internet), sem fazer uma integração maior. Países como a China e a Índia utilizam de forma intensiva a televisão, com milhões de alunos. O Brasil deu as costas para a TV e o rádio, tão populares no dia a dia. A educação a distância está modificando todas as formas de ensinar e aprender, inclusive as presenciais, que começam a utilizar cada vez mais metodologias semipresenciais, flexibilizando a necessidade de presença física, reorganizando os espaços e tempos, as mídias, as linguagens e os processos presenciais e digitais. A EAD é cada vez mais complexa, porque está crescendo em todos os campos, atendendo mais pessoas, com modelos diferentes, num cenário de dramáticas mudanças tecnológicas, de mobilidade e de processos. Temos modelos de EAD de alta escalabilidade, com transmissão de aulas por satélite, que se expandem nacional e internacionalmente e atendem cada vez a mais alunos, em mais cidades, perto de onde eles estão. Desenvolvem cursos mais atualizados, com forte interação audiovisual, variedade de oferta e custos reduzidos. Este é o caminho escolhido por alguns grandes grupos e marcas, que detêm mais da metade de toda a demanda. Temos a Educação a distância mais digital, na WEB, com mais apoio a distância e alguns momentos presenciais. Algumas instituições atendem a um público de maior poder aquisitivo e outras a um público de renda mais baixa. 90 Temos também a EAD para atendimento de segmentos específicos, regionais ou temáticos. As instituições atuam em áreas com competência comprovada. Focam públicos definidos. É a opção viável para a maior parte das instituições. Análise: Pela terceira vez Moran deixa claro já não faz sentido usar o termo “distância”, precisa ser abolida, “é desagradável”, afirma que quaisquer cursos podem ser feitos sem distância, de forma conectada, interativa, diz que é importante como parte de decisões estratégicas para modelos de ensino que usam os recursos tecnológicos em modalidades de ensino presencial e semi-presencial. Tornam-se mais atraentes como em casos de alunos trabalhadores que vivem em lugares distantes. Moran diz que falta uma política de incentivo no uso da TV, com apoio de outras mídias, nesse sentido afirma que países como China e a Índia utilizam a TV para atingir milhões de alunos, já o Brasil deixou de explorar a TV e a rádio de forma mais intensiva na educação. No artigo “O ensino superior a distância no Brasil” (2009), Moran diz que seria interessante programar os recursos no uso dessas mídias com maior intensidade na educação: “Um enfoque diferente do modelo de teleaula poderia inverter o processo. Pode ser um ponto de chegada e não só um ponto de partida da informação. Os alunos teriam contato com um assunto a partir de alguns materiais prévios (impresso, em áudio e vídeo), realizariam algumas atividades de compreensão e pesquisa individual e em grupo, discutiriam as questões com os tutores e encaminhariam os resultados da pesquisa e as questões principais para o professor que, na teleaula, avaliaria todo o processo e traria contribuições especificas para aqueles grupos naquele momento”. Moran diz que a EAD está modificando todas as formas de ensinar e aprender, está tornando cada vez mais complexa, porque esta crescendo em todas as áreas, com modelos diferentes de alta escalabilidade, com aulas de transmissão por satélite, mais digital, na web, de seguimentos específicos, regionais ou telemáticos, com atendimentos a um público com poder aquisitivo e o público de baixa renda. Na obra “Educação a distância” em “Entre pontos e contrapontos”, Moran diz que há um movimento no sentido de tornar o ensino superior mais acessível à maioria dos jovens, mas tem sido também uma oportunidade para os adultos, com a flexibilidade curricular para estudar e com rápida evolução das redes e mobilidades tecnológicas dos sistemas de comunicação digitais. 91 “Temos a EAD com alta escalabilidade, que se expande nacional e internacionalmente, atendendo cada vez mais alunos, em maior número de cidades, perto de onde o aluno está. Elabora e desenvolve modelos adaptados a um grande numero de participantes, com variedade de oferta e custos diluídos. Esse é o caminho de alguns grupos e marcas, que detém mais da metade de todos os alunos. As características desse modelo de massa são: quantidade, escalabilidade, atendimento simultâneo a muitos alunos […] boa dimensão e aceitação, baixo custo, fortes ações de captação e marketing” (p.126). Moran diz que temos no Brasil a EAD de alta escalabilidade, EAD mais digital na web e EAD para atendimento de seguimentos específicos, regionais ou telemáticos. Em “Educação a distância”, no artigo “Desafios da educação à distância no Brasil” (2011), Moran diz que a EAD tem avançado em muitos pontos mais ainda existem muitos desafios a ser alcançados: “Em EAD, a escala é fundamental; a integração, também. Esse é o grande obstáculo para termos um avanço efetivo na gestão de EAD pública: superar a desconfiança dos outros agir de forma mais coordenada. Como no Brasil perdemos o timing de criar uma universidade aberta nos moldes da Uned, a Espanha, ou da Open da Inglaterra- que possuem recursos e atribuições legais de uma grande universidade nacional” (p.69). 10. Pesquisadora: A oferta de educação superior por meio da modalidade de educação à distância no Brasil já é realidade em algumas universidades, e o projeto UAB tem impulsionado fortemente a expansão dos cursos para diversas regiões do Brasil. Como o senhor enxerga cenário nacional, é favorável ou não ao desenvolvimento dos cursos UAB? De que forma esta havendo a democratização, a inclusão social, a expansão e a interiorização do ensino superior público no Brasil? Resposta de Moran: O Brasil demorou muito para oferecer ensino superior a distância. O Brasil nunca conseguiu criar uma Universidade Aberta só para EAD como Espanha, Portugal ou a Inglaterra. Como não tivemos uma universidade nacional aberta a distância, no século XX, como muitos países, o Brasil adotou um modelo de universidade a distância complementar ao presencial, isto é, as universidades presenciais também podem oferecer cursos a distância. Assim cada uma faz seu próprio projeto e cuida de todas as etapas do processo, sem um planejamento nacional. A Universidade Aberta do Brasil é um órgão gestor de instituições públicas para que cada uma ofereça seus programas de educação à distância, principalmente na formação de professores. Temos mais de cem instituições públicas oferecendo essa modalidade em 92 645 polos e com 270 mil alunos matriculados. Isso é um avanço. Se tivéssemos uma grande universidade pública nacional a distância ganharíamos em escala, abrangência, sinergia, economia e qualidade. As universidades públicas têm muita dificuldade em sair do modelo individualizado de gestão, tanto no presencial como nos cursos a distância. Em nome da autonomia, cada uma faz seu projeto pedagógico, sua construção do material, a gestão individual dos cursos. É um modelo compreensível no começo, quando se está aprendendo. Hoje falta escala, integração e um modelo web mais adaptado ao aluno que vem de uma formação básica deficiente e que tem pouca autonomia intelectual. Mesmo assim é um avanço importante para ampliar o acesso dos alunos que moram em cidades pequenas e médias ao ensino superior, principalmente em regiões mais remotas. Por outro lado, muitas instituições aprenderam a fazer educação a distância rapidamente. Quem sabia um pouco ensinou a quem estava começando e ainda muitas instituições se encontram na etapa de conhecer pela primeira vez o processo da EAD. As instituições trouxeram os professores do presencial e isso vem provocando mudanças no ensino presencial, que agora tem melhores materiais, planejamento e interação, por influência da EAD. Mesmo com todo esse avanço, 80% da educação a distância no Brasil continua nas mãos das instituições privadas. Análise: Segundo Moran como em muitos países o Brasil adotou um modelo de universidade a distância complementar ao ensino presencial, entretanto diz que o Brasil não tem uma universidade aberta somente para a EAD, diferentemente de países como Espanha, Portugal ou a Inglaterra. Na obra “A educação que desejamos: novos desafios e como chegar lá”(2007), Moran diz que há uma certa confusão entre educação a distancia e educação aberta: “O Brasil tem educação a distancia, mas não aberta, no sentido original, até agora. Na universidade aberta, da Espanha ou Inglaterra, é possível para um adulto chegar à universidade sem o certificado de nível médio; no Brasil, até agora, isso não é possível. Uma universidade também pode ser presencial […] Estamos numa fase de consolidação da educação a distancia (EAD) no Brasil” (p.131). Moran esclarece que no Brasil temos mais de cem instituições públicas oferecendo a EAD distribuídos em polos. Mas o papel da UAB no Brasil é apenas de ser um órgão gestor de instituições públicas para que cada uma dessas instituições ofereça seus 93 programas de EAD. Nesse sentido Moran enumera algumas razões para o crescimento expressivo da EAD no Brasil: o artigo 80 da LDB, que legalizou a educação a distância em todos os níveis, dando a ela segurança jurídica, o que antes não acontecia; a demanda reprimida da milhões de alunos não atendidos, principalmente por dificuldades financeiras; o fato de não haver um modelo tradicional consolidado de EAD, como em outros países, permitiu ao Brasil desenvolver formatos mais flexíveis e adequados para cada situação, como poucos ou muitos alunos, recursos e mídias; a política de democratização do governo federal e de inclusão de muitos alunos pela educação a distância, principalmente com a criação da Universidade Aberta do Brasil (UAB); o brasileiro é aberto à adoção de novas tecnologias. Nota-se que a partir da legalização da EAD no Brasil houve um crescimento expressivo, e com vários modelos e projetos pedagógicos, alguns cursos criam seu próprio material e gestão individual. Segundo Moran hoje falta escalabilidade, integração, um modelo web ajustado, pois existem casos específicos como os de alunos com pouca autonomia intelectual. “Cursos que se baseiam em textos na web, mesmo que bem produzidos e com tom dialógico, exigem um salto cultural grade demais, em primeiro momento, para alunos vindouros de escolas poucos exigentes que não desenvolveram o hábito da pesquisa contínua e produção autônoma. […]As universidades públicas, por meio da UAB, poderiam criar materiais, principalmente audiovisuais, de maneira integrada, gastando menos recursos na produção e concentrando-os mas na tutoria e na adaptação à realidade regional” (p.78). Moran salienta que a EAD tem promovido o acesso ao ensino superior em regiões mais distantes do Brasil, provocando um repensar nos processos de ensino e aprendizagem e na necessidade de aprender continuamente. Na mesma obra “Educação a distância” (2011), Moran diz que com a inserção significativa das universidades públicas na EAD, pela Universidade Aberta do Brasil (UAB) de fato “Depois de uma década de experimentação, o ensino superior a distância encontra-se numa fase de crescimento intenso, de consolidação pedagógica e de imensa regulamentação governamental, com diretrizes especificas”. (p.46). 94 Efetivamente o crescimento da EAD é grande em todos os sentidos, com ações de contínua interaprendizagens, segundo Moran, uns aprendendo com os outros, e muitos ainda estão a descobrir como funcionam as engrenagens da EAD no Brasil. Moran frisa que grande parte das instituições que trabalham com a EAD são instituições privadas, ou seja, somente 20% das instituições públicas estão a trabalhar com a EAD. Em suma, o pensamento de Moran evolui quando vai ampliando e apontando questões importantes da forte expansão da EAD no Brasil, entretanto diz que apesar dos avanços, o que nos falta é uma universidade pública nacional a distância, ganharíamos escalabilidade, abrangência, sinergia, economia e qualidade. Também diz que muitas instituições tiveram que aprender a fazer educação a distância e utilizar professores do ensino presencial, causando assim grandes mudanças no ensino presencial que passa por melhores momentos em relação aos materiais, planejamento e interação. Enfim, Moran continua a acreditar que é possível promover a EAD de forma mais abrangente através do ensino presencial e a distância. 95 CONCLUSÕES Os resultados da investigação proposta revelaram-se muito fecunda. De tudo aqui desenvolvido foram grandes os desafios, porque a educação à distância no âmbito da comunicação e tecnologia educativa é um tema de grande abrangência e complexidade, levando-se em consideração as intensas mudanças que têm ocorrido no campo da EAD nos últimos tempos com a introdução de novos recursos tecnológicos. O acesso ao pensamento de José Manuel Moran relacionado aos conceitos de comunicação educativa e a tecnologia empreendida no seu discurso fica muito claro que o mesmo delega ser extremamente importante para promover a educação em todos os sentidos da vida do homem, advoga constantemente a necessidade de saber fazer educação com comunicação humanística e integradora. Neste estudo tivemos como ponto de partida para a análise, as obras de Moran pertinentes ao tema, bem como as respostas atuais do autor, onde podemos perceber que o seu pensamento teve evoluções significativas no que se refere as propostas de efetuar a educação por vias do uso das tecnologias, através dos mais diversos meios, tanto na educação presencial bem como a distância. Nesse sentido o pensamento de José Manuel Moran ganhou um sentido mais amplo a partir do momento quando fora aplicado o questionário e logo após feito o contraponto entre as obras e as questões levantadas em forma de questões, assim pode-se identificar e compreender de que forma está posto as questões pelo autor que foram de extrema importância para perceber os objetivos propostos na investigação referentes ao uso das tecnologias e forma integradora. Nesta pesquisa fica evidente que o seu discurso esta voltado para o processo de inovação e deixa claro que em educação é fundamental a orientação, a pesquisa e avaliação, afirma que não se deve focar apenas na transmissão de informação, ou seja o autor constantemente frisa que um bom ensino é embasado através de desafios. Podemos concluir que a comunicação educativa, a tecnologia educativa e EAD no pensamento de José Manuel Moran venha a inspirar outros pesquisadores para que possam desenvolver outros estudos na area da educação presencial e a distância com o objetivo de fortalecer as bases de uma educação para todos. 96 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Obras de José Manuel Moran Moran, J. M. (1991). Como Ver Televisão: Leituras Crítica dos Meios de Comunicação. São Paulo: Ed. Paulinas (Coleção Comunicar). Moran, J. M. (1993). Leituras dos Meios de Comunicação. São Paulo: Pancast. Moran, J. M. (1997). Scielo-Ciência da Informação-Como usar a Internet na Educação. Brasilia. Acesso em 07 de 10 de 2012, disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?pid=s0100-19651997000200006&script=sci_arttext. Moran, J. M., Masetto, M., & Behrens, M. (2001). Novas tecnologias e mediação pedagógica (3ª ed.). Campinas, São Paulo, Brasil: Papirus. Moran, J. M. (2002). A Educaçao Superior no Brasil. In: M. S. Soares, A Educaçao Superior no Brasil (pp. 251-274). Brasília: CAPES UNESCO. Moran, J. M. (2003). Os novos espaços de atuação do professor com as tecnologias. Revista Pedagógica – UNOCHAPECÓ, ano 5, n.11, jul/dez. Moran, J. M. (2004). A contribuição das tecnologias para uma educação inovadora. Contrapontos. Revista de Educação da Universidade do Vale do Itajaí, vol 4, n,2, maio/ago, p. 347-356. Moran, J. M. (2004). Os Novos Espaços de Atuação do Professor com as Tecnologias. Revista Diálogo Educacional , Vol,4, núm.12., pp.1-9. Moran, J. M. (2004). Tendências da educação pela internet no Brasil. Maceió, EDUFAL, Educação, ano 12, n. 20, pp. 53-76. Moran, J. M. (2005). Educação Corporativa e Educação a Distânica. In: Ricardo, & E. Jorge, Tendências a educação online no Brasil. Rio de Janeiro: Editora Qualtymark. Moran, J. M. (2005). Os novos espaços de atuação do professor com as tecnologias. Revista Diálogo Educacional. Programa Mestrado em Educação – PUCPR. Curitiba: Champagnat. Vol. 4, n.12. Moran, J. M. (2007). Desafios na comunicação pessoal; Gerenciamento integrado da comunicação pessoal, social e tecnológica. 3ª. ed. São Paulo: Paulinas. Moran, J. M. (2008). As muitas inclusões necessárias na Educação In: Tecnologias para a educação inclusiva.1ª ed.São Paulo : Avercamp, p. 35-54. Moran, J. M. (2008). Os novos espaços de atuação do professor com as tecnologias In: Educação 2008 - As mais importantes tendências na visão dos mais importantes educadores.1ª ed.Curitiba: Multiverso, p. 196-199 Moran, J. M. (2009). A educação que desejamos: novos desafios e como chegar lá. 4ª. ed. Campinas: Papirus. Moran, J. M. (2009). Desafios dos educadores com as tecnologias In: Educação 2009 - As mais importantes tendências na visão dos mais importantes educadores.1ª ed.Curitiba : Multiverso, p. 173-177, Questões controversas na legislação atual da educação a distância In: Desafios da Educação: contribuições estratégicas para o ensino superior.1ª ed.Rio de Janeiro: E-papers: Fundação Getúlio Vargas, p. 141-148. Moran, J. M. (2009). Modelos e avaliação do ensino superior a distância no Brasil. ETD : Educação Temática Digital, v.10, p.54 – 70. 97 Moran, J. M. (2009). A pedagogia e a didática na educação on-line. In VIDIGAL DA SILVA, Ricardo (Org.). Educação, Aprendizagem e Tecnologias. Lisboa, Portugal: Edições Silabo, 2005, páginas 67-93. Moran, J. M. (2009). www.eca.usp.br. (Revista EID-Revista Telemática Digital da Unicamp) Acesso em 04 de 08 de 2012, disponível em Educação Humanista Inovadora: http://www.eca.usp.br/prof/moran/modelos1.htm Moran, J. M. & Valente, J. A. (2011). Educação a distância (3ª ed.). São Paulo, São Paulo, Brasil: Paulinas. Moran, J. M. (2012). Contribuições para uma pedagogia da educação online. In: M. Silva, Educação online: teorias, práticas, legislação, formação corporativa (pp. 40-52). São Paulo: Edições Loyola. 98 Outras Fontes Alonso, K. (2002). A Avaliação e a Avaliação na educação a distância: algumas notas para reflexão. Fonte: http://www.tvebrasil.com.br/SALTO/boletins2002/ead/eadtxt5b.htm Andrade, G. (2001). A integração apoiada de conhecimentos e as TIC. Discursos, linguas, cultura e sociedade III Série, Número Especial. Perspectivas em Educação. Departamento de Ciências da Educação. Lisboa: Edição e propriedade Universidade Aberta, Lisboa. Araujo, J. C. (2009). A Educação Brasileira no Século XXI: Perspectivas e possibilidades. Obtido em 20 de agosto de 2012, de uniube: www.iniube.br/propep/mestrado/revista/pagina177 Araújo, M. M. (2007). O pensamento complexo: desafios emergentes para a educação on-len. Revista Brasileira de Educação , v.12 n.36, 515-551. Arénilla, L., Gossot, B., Rolland, M.-C., & Roussel, M.-P. (2000). Dicionário de Pedagogia. (M. T. Serpa, Trad.) Lisboa, Portugal: Instituto Piaget. Baccega, M. A. (2009). Comunicação/educação e a construção de nova variável histórica. Revista comunicação e educação , Ano XVI, Número 3. Behrens, M. A. (2006). Projeto de Aprendizagem Colaborativa num Paradigma Emergente (10ª Edição ed.). campinas, São Paulo, Brasil: Papirus. Belloni, M. L. (1999). Educação a Distância. Campinas, SP: Autores Associados. Belloni, M. L. (2008). Educação a distância. Campinas, São Paulo: 5ª Edição. Autores Associados, (coleção Contempôranea). Bertrand, Y. (2001). Teorias Contemporâneas da Educação:Teorias Tecnologicas.Título original: Contemporaines de L`Education (2ª edição ed.). (A. Emílio, Trad.) Lisboa, Portugal.: Instituto Piaget. Horizontes Pedagógicos. Blanco, E., & Silva, B. (1993). Tecnologia educativa em Portugal:conceito, origens, evolução, áreas de intervenção e investigação. Revista Portuguesa da Educação , 37-55. Boavida, J., & Amado, J. (2008). Ciências da Educação: Epistemologia, Identidade e Perspectivas (Edição 2ª ed.). Coimbra, Portugal: Imprensa:Universidade de Coimbra. Brasil. (2011). Governo traça perfil da nova classe média brasileira. Acesso em 13 de junho de 2012, disponível em Blog do planalto: http://blog.planalto.gov.br/ao-vivo-seminario-politicas-publicas-para-umanova-classe-media/ Brezinka, W. (1990). Conceptos Básicos de la Ciencia de la Educacion. Barcelona: Editorial Herder. Calonego., N. J. (2001). cadernos de educação. Educação e Informática . Cuiabá, Cuiabá, Brasil: Universidade de Cuiabá. Campos, G. H. (2012). http://www.comciencia.br/comciencia/handler.php?section=8&edicao=81&id=995&buffer_share=6204c& utm_source=buffer&print=true. Acesso em 11 de janeiro de 2013, disponível em Revista Eletrônica de Jornalismo Científico: www.conciencia.br Cetic, Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação. (2012). TIC domicílios e usuários - Pesquisa sobre o uso das tecnologias da informação e da comunicação no Brasil. Acesso em 20 de julho de 2012, disponível em http://cetic.br/usuarios/tic/index.htm Costa, R. (2010). Uma educaçao para a vida:Um Projeto de Educação no Séc. XXI. E SA. Lisboa, Portugal: Edições e Artes Gráficas, SA. Danilov, M., & Skatkin, M. (1978). Didáctica de la escuela media. Habana, Editorial “Pueblo y educación”. Demo, P. (1998). Questões para a teleducação. Petrópolis, RJ: Vozes. Escola, J. J. (2002). Comunicação e Educação em Gabriel Marcel. tese de doutorado . Vila Real, Portugal. Franco, S. R., & Behar, P. (2000). Aprendizagem, tecnologia, educação e sociedade tecnológica. In: O. B. Martins, & Y. N. Polak, Educação a distância: Fundamentos e políticas de educação e seus reflexos na educação a distância (pp. 1-26). Universidade Federal do Paraná: MEC/SED. 99 Freire, P. (1971). A mensagem de Paulo Freire. Teoria e prática de Libertação.Textos de Paulo Freiro selecionados pelo INOPED. Porto: Editora Nova Crítica. Freire, P. (1975). Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra. Freire, P. (2005). Pedagogia do Oprimido (43 ed.). São Paulo: Paz e Terra. Fullat, O., & Sarramona, J. (1984). Questiones de Educacion (Análisis bifronte). Barcelona: ediciones ceac. Furlan, J. D. (1994). Reengenharia da Informação: do mito a realidade. São Paulo, Brasil. Acesso em 11 de setembro de 2012, disponível em Portal , e. educacional: http://www.educacional.com.br/enciclopedia/res_verbete.asp?id=25107 Garcia, L. J. (1986). El aprendizagem adulto en el sistema abierto y a distancia. Madri: Narcea, S.A De Ediciones. García-Aretio, L. (1994). Educación a Distancia Hoy. Madrid: UNED. Garcia-Aretio, L. (1999). http://www.utpl.edu.ec/ried/images/pdfs/vol2-1/historia.pdf. Acesso em 02 de maio de 2012 Gil, A. C. (2002). Como elaborar projetos de pesquisa (4ª ed.). São Paulo: Atlas. Giles, T. R. (1987). História da Educação(1937). São Paulo, Brasil: Editora Pedagógica e Universitária LTDA. Goulart, A. P., Sacramento, I., & Roxo, M. (2010). História da Televisão no Brasil: do início aos dias de hoje. São Paulo.: Ed. Contexto. Guimarães, T. M. (2007). A representação social dos professores do ensino fundamental sobre a compreensão do aprender pelo professor com a utilização das tecnologias digitais. Campo Grande: Universidade Católica Dom Bosco. Hermann, N. (2002). Hermenêutica e Educação. Rio de Janeiro: Ed. DP&A. Kemczinski, A. (2005). Método de avaliação para ambientes e-learning. Doutorado em Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. Kenski, V. M. (2003). Tecnologia e ensino presencial e a distância. Campinas, São Paulo: Papirus, 6ª Edição ( Série Prática Pedagógica). Kenski, V. M. (2005). Gestão e uso das mídias em projetos de educação a distância. Revista E-Curriculum , 1. Kenski, V. (2007). Educação e Tecnologiias: O novo ritmo da informação. Campinas, São Paulo: Papirus, 3º edição, (coleção Papirus Educação). Kenski, V. M. (2010). O desafio da educação a distância no Brasil. Revista Educação em Foco , 13. Landim, C. M. (1997). educação a Distância: algumas considerações. Rio de Janeiro. Lencastre, J. A. (2012). Educação On-line: análise e estratégia para a criação de um protótipo. In: J. B. Junior, & C. P. Coutinho, Educação on-line: conceitos, metodologias, ferramentas e aplicações. Curitiba, PR: Editora CRV. Lévy, P. (1956). Cibercultura (6ª reimpressão ed.). (C. I. Costa, Trad.) São Paulo, São Paulo, Brasil: Coleção TRANS. Lopes, N. M. (2007). Tese de mestrado: Técnica, Tecnologia em comunicação em Paul Virilio. Dissertação de Mestrado em Comunicação e Tecnologias Educativas. Vila Real, Portugal: Universidade de Trás-osMontes e Alto Douro. Luckesi, C. (1996). Avaliação da aprendizagem escolar (4 ed.). São Paulo: Cortez Editora. Malanchen, J. (2007). Inclusão Social por meio da EAD: realidade ou Ilusão? Revista do Centro de Educação e Letras , V. 9 nº 10 e 11, 135-146, Foz do Iguaçu, Brasil. Marshall, M. (2006). Os Meios de Comunicação Como Extensões do homem (18ª ed.). (D. Pignatari, Trad.) São Paulo, Brasil: Cultrix. Martins, O. B., & Polak, Y. N. (2000). Educação a distância: Fundamentos e políticas de educação e seus reflexos na educação a distância. Universidade Federal do Paraná: MEC/SED. MEC/SEED. (2007). Princípios orientadores para o uso pedagógico do laptop na educação escolar. Brasília, Brasil. 100 Mercado, L. k. (2011). Integraçõa de Mídias na escola: análise das interações nos materiais do curso de Mídias na Educação. EccoS , 195-234. Mercado, L., Silvia, A. M., & Gracindo, H. (2008). Utilização didática de objetos digitais de aprendizagem na educação on-line. EccoS , V.10, 105-123. Miranda, G. L. (2007). Limites e Possibilidades das TIC na educação. Sísifo, Revista de Ciências da Educação , pp.44-49. Moraes, D. (2010). Comunicação Hegemonia e contra-Hegemonia: A Contribuição Teórica de Gramsci. Revista Debates , V.4, n.1, 54-77. Moraes, R. C. (2010). Educação a Distância e Ensino Superior: introdução didática a um tema polêmico. São Paulo: Editora Senac. Moraes, R. d., & Santos, G. L. (2000). Aprendizagem, tecnologia, educação e sociedade tecnológica. In: O. B. Martins, & Y. N. Polak, Educação a distância: Fundamentos e políticas de educação e seus reflexos na educação a distância (pp. 1-26). Universidade Federal do Paraná: MEC/SED. Morin, E. (1999). Repensar a Reforma: Reformar o Pensamento; A Cabeça Bem Feita. (A. Viveiros, Trad.) Lisboa, Portugal: Instituto Piaget. Nielsen, J. (1997). How Users Read on the Web. Acesso em 23 de janeiro de 2013, disponível em http://www.useit.com/alertbox/9710a.html Nielsen, J., & Loranger, H. (2006). Prioritizing Web Usability. Berkeley: New Riders. Oliveira, H. C. (2010). Perspectivas para Educação a Distância no Brasil: referênciais e qualidade, reeleituras e trajetórias. Acesso em 02 de janeiro de 2012, disponível em Revista Eletrônica de Educação: http://www.reveduc.ufscar.br Oliveira, J. F. (2003). T.I.C. Tecnologias da Informação e da Comunicaçãio. São Paulo: Érica. Palmer, R. (1969). Hermenêutica. Lisboa: Edições 70. Peixoto, J. (2008). A Inovação Pedagógica Como Meta dos Dispositivos de Formação a Distância. (U. N. Julho, Ed.) Eccos: Revista Ciêntifica , Vol. 10, n. 1, 39-54. Pereira, J. M. (2008). Políticas Públicas de Educação no Brasil: A utilização da EAD como instrumento de Inclusão Social. Journal of Technology Management & Innovation , volume 3 (Special Issue 1 Brasilia. Brasil). Peres, P., & Pimenta, P. (2011). Teorias e Práticas de B- Learning (1ª ed.). Lisboa, Portugal: Silabo. Perrenoud, P. (1993). Não mexam na minha avaliação! Para uma abordagem sistêmica da mudança pedagógica. In: Estrela, Albano e Nóvoa, Antônio. Avaliações em educaçãp: novas perspectivas. Porto: Porto Editora. Pouts-Lajus, S. &.-M. (1998). A Escola na Era da Internet: Os Desafios da Multimédia na Educação. (P. R. Vidalinc, Trad.) Lisboa, Portugal: Coleção: Horizontes Pedagógicos. Instituto Piaget. Prado Pimentel, F. (1999). O Rádio Educativo no Brasil, uam visão histórica. Rio de Janeiro, Brasil: Soarmec. Prado, E. C., & Rosa, A. d. (2008). A Interatividade na Educação a Distância: Avanços e Desafios. EccoS , V.10, 169-187. Ramonet, I. (2003). A Tirania da comunicação. (J. Sarabando, Trad.) Portugal: Campo das Letras. Rayón Rumayor, L., & Muñoz Martínez, Y. (2011). Tecnologias de la información y la comunicación y la igualdade de oportunidades: contenidos necesarios para la formación del profesorado. Revista iberoamericana de Educación , n.56/4, pp. 1-10. Reis, M. L. (2009). Relações entre a prática da educação a distância e a estrutura organizacional das universidades: processos de inovação e tradução. V. II, n. I, 265-280. Romanowski, J. (2008). Avaliação da aprendizagem na educação a distãncia: análise da prática para início de conversa. EccoS , V 2, 283-306. Santos, N. (1999). Estado da Arte em Espaços Virtuais de Ensino e Aprendizagem. revista brasileira de informática na Educação No 4 abril, Rio de Janeiro. , 75-94. Saraiva, T. (1996). Educação a Distância no Brasil: Lições de História. Acesso em 05 de maio de 2012, disponível em emaberto: http://www.emaberto.inep.gov.br 101 Saviani, D. (2008). História a história da educação no Brasil: um balanço prévio necessário. Eccos- Revista Científica , 147-167. Schaleiemacher, F. D. (2002). Introdução aos Diálogos de Platão. (G. Otte, Trad.) Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil: Editora UFMG. Schlunsen, K. (2009). Educação a Distância no Brasil: Caminhos, Políticas e Perspectivas. Educação Telemática Digital , V.10, n.2, 16-36. Sena, R. M. (2005). Evolução das concepções de professores de matemática sobre informática educativa, a partir de um curso de capacitação. Cuiabá: Universidade Federal de Mato Grosso - Instituto de Educação. Shank, P., & Sitze, A. (2004). Making Sense of – Learning: A Guide for Beginners and the Truly Skeptical. San Francisco: John Wiley, & Sons. Inc. Silva, Marco (Org.). (2012). Educação online: teorias, práticas, legislação, formação corporativa (4 ed.). São Paulo: Loyola. Tori, R. (2010). Educação sem distância: as tecnologias interativas na redução de distâncias em ensino e aprendizagem. São Paulo: Editora Senac. Tornero(cood), J. M. (2007). comunicação e educação na sociedade da informação, novas linguagens e consciencia critica. Porto, portugal: Porto Editora, LDA. Vilaça, M. L. (2010). Educação a Distância e Tecnologias: conceitos, termos e um pouco de história. Revista Magistro , Vol. 1 Num.2. Wikipédia. (2013). Fonte: www.wikipedia.com.br Yuste, J. (2007). Váriaveis da educação para comunicação. In: J. M. Tornero, Comunicação e Educação na Sociedade da Informação (A. Marinho, Trad., p. 234). Porto, Portugal: Porto Editora. 102 ANEXOS Carta de apresentação Comunicação, Tecnologia Educativa e Educação a Distância em José Manuel Moran As tecnologias assumem atualmente uma dimensão inegável na sociedade, permeiam em todos os sentidos na vida do ser humano, e traz um leque de possibilidades de avanços na informação e nas formas de comunicar desta nova sociedade globalizada. O homem e suas invenções têm, ao longo dos séculos, quebrado paradigmas e rompido com a questão do tempo e espaço. Gerações tem presenciado historicamente as revoluções tecnológicas nas mais variadas situações, desde a imprensa escrita até os dias atuais com as estradas virtuais, que ultrapassam as barreiras territoriais e espaciais. No entanto, essa integração dos meios de informação e comunicação trás mudanças profundas na sociedade mediadas pelas tecnologias em rede. Isso vem implicando no reinventar maneiras para que o homem possa se inserir nesse contexto do imaginário e de representações imposta nesse novo mundo do ciberespaço. Neste contexto é que surge a discussão desta pesquisa sobre as novas Tecnologias de Informação e Comunicação na Educação com o discurso voltado para a modalidade do Ensino a Distância. Pretendemos com esta investigação dissertativa compreender os desafios colocados pela educação a distância, no âmbito da comunicação e tecnologia educativa, no pensamento de José Manuel Moran. Agradeceríamos contar com a sua colaboração, pois será de suma importância para a investigação o panorama dos seus pensamentos da atualidade. A pesquisa está disponível em formato de documento texto, que está em anexo, e pelo site da pesquisa (http://www.encuestafacil.com/RespWeb/Qn.aspx?EID=1463415). Sinta-se à vontade em utilizar o meio que lhe seja mais conveniente. Atenciosamente, Maria Joanil de Oliveira Mestranda em Educação – Comunicação e Tecnologia Educativas Orientador - Prof. Doutor Joaquim José Jacinto Escola Contato: [email protected] Gabinete - Ext. 5141 Tel. 259 330 141 Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro Apartado 1013 – 5001-558 Vila Real – Portugal 103 Questionário de pesquisa de Dissertação de Mestrado 1- Professor José Manuel Moran, em sua obra "Como ver televisão: leitura crítica dos meios de comunicação" (1991), o senhor deixa claro que os meios de comunicação como a "TV e o rádio" devem ser utilizados intensamente para suprir as deficiências deixada pela escola. Atualmente no Brasil como é possível integrar esses (e outros) recursos e suprir as lacunas deixadas pelas escolas? 2- Em "Leituras dos Meios de Comunicação" (1993), o Professor faz uma ampla investigação e foca-se em projetos que foram desenvolvidos em vários países, particularmente os Programas Latino-Americanos de educação para os meios. Sabe se hoje continua conservar as mesmas opiniões que defendeu na época? Qual a intenção desses projetos para a educação das populações envolvidas? 3- No livro "Novas Tecnologias e Mediação Pedagógica" (2000), em seu artigo "Ensino e Aprendizagem Inovadoras com Tecnologias audiovisuais e Telemáticas", o professor aborda muitas questões de grande relevância em relação ao ensino de qualidade, porém diz que ensino de qualidade custa caro. Que relação estabelece entre uma educação de qualidade e os meios tecnológicos? 4- Em seu artigo "Perspectivas (virtuais) para a educação" (2004), o senhor refere que as escolas na época se encontravam pouco preparadas para acompanhar o ritmo das mudanças em relação ao mundo do trabalho e para atender as expectativas profissionais concretas, quanto mais para antecipar as mudanças (p.33). Atualmente, o que o senhor pensa sobre esse mesmo tema? Houve alguma evolução? 5- Considera que o setor educacional corporativo no Brasil teve crescimento? Se sim, agradecia que esclarecesse quais as áreas que mais têm absorvido esse crescimento e quais as razões que explicam esse crescimento? 6- Em sua opinião quais são as dimensões mais relevantes que põe em destaque para uma educação inovadora? 7- Em "Educação que Desejamos: Novos desafios e como chegar lá" (2007), o senhor diz que "a educação se encontra em transição: nem estamos no modelo industrial (embora mantenhamos muitos de suas estruturas organizacionais e mentais) nem chegamos ao modelo de sociedade do conhecimento" (p.16). No momento atual como o senhor analisa essa mesma questão? 8- Na mesma obra "A educação que desejamos: novos desafios e como chegar lá" (2007), o senhor faz a abordagem dirigida principalmente sobre as mudanças que as tecnologias trouxeram para a educação presencial e a distância em todos os níveis de ensino. Hoje, o que de positivo ou negativo o senhor tem percebido principalmente quando se refere as mudanças que as tecnologias trazem tanto para a educação presencial quanto para a educação a distância no Brasil? 9- Em sua participação na obra "Educação a Distância: pontos e contrapontos" (2011), em seu artigo "Desafios da educação a distância no Brasil" dentre muitas assuntos o senhor diz que "os modelos de avaliação do MEC privilegiam o acompanhamento local. É possivel fazer cursos com bom atendimento on-line e pouco acompanhamento presencial. É possível fazer um curso totalmente on-line em muitos países. Aqui, legalmente, não- para certificação do MEC. Isso faz parte do momento atual, da regulamentação presente, mais não se sustentará por muito tempo porque pode inibir propostas de outros cursos, com projetos inovadores" (p.70). Quais propostas e projetos que considera inovadores em se tratando de cursos serem totalmente a distância? 10- A oferta de educação superior por meio da modalidade de educação a distância no Brasil já é realidade em algumas universidades, e o projeto UAB tem impulsionado fortemente a expansão dos cursos para diversas regiões do Brasil. Como o senhor enxerga cenário nacional, é favorável ou não ao desenvolvimento dos cursos UAB? De que forma esta havendo a democratização, a inclusão social, a expansão e a interiorização do ensino superior público no Brasil? 104