As Forças Blindadas do Exército Brasileiro - Atualização, Modificação e Modernização: uma proposta JORGE FRANCISCO DE SOUZA JUNIOR, Major de Cavalaria do Exército,Oficial do Quadro de EstadoMaior, Mestre em Operações Militares 2a DE - Divisão Presidente Costa e Silva. [email protected] Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Ciências Militares. Orientador: Maj Com Carlos Alberto de Azeredo Ferreira Rio de Janeiro 2010 À minha esposa uma homenagem como forma de gratidão pela execução deste trabalho. AGRADECIMENTOS Ao Major Carlos Alberto de Azeredo Ferreira , meus agradecimentos pela orientação durante a realização deste trabalho. Ao Major Flávio Roberto Bezerra Morgado, pela troca de conhecimentos e sugestões ao longo do trabalho. Ao amigo Major Alex Alexandre Mesquita, não só pela disponibilidade, mas também pela troca de conhecimentos durante a realização deste trabalho. À minha esposa, pelo amor, incentivo e compreensão para a realização desta tarefa. À minha mãe, por sempre ser um exemplo de pessoa e minha maior incentivadora. Ao meus familiares, Elza Cury Duarte, Camila Duarte Alegria, Clarícia Maria Duarte Alegria e Vinicius Duarte de Souza. RESUMO A Força Blindada é a espinha dorsal de uma Força Terrestre. No cenário internacional, os Exércitos mais modernos possuem tropas blindadas adestradas e especializadas, com Main Battle Tanks (MBT) – Carro de Combate (CC) principal – cuja tecnologia embarcada é de última geração. Além de possuírem CC de tecnologia avançada, a maior parte desses países pôde utilizá-los em combate, onde as características das Forças Blindadas, como poder de fogo, proteção blindada, ação de choque, mobilidade e sistema de comunicações amplo e flexível foram primordiais ou para a obtenção da vitória ou para desequilibrar o poder relativo de combate em favor dessas forças, sendo essas características observadas em conflitos recentes, como na Guerra do Golfo, em 2003. O Estado Maior do Exército (EME), em 1996, observando a importância do combate moderno, instituiu as Bases para a Modernização da Doutrina de Emprego da Força Terrestre1 (Doutrina “DELTA”), bem como adquiriu CC de tecnologia avançada, os Leopard 1 A1 e os M-60 A3, além de criar o Centro de Instrução de Blindados, dando, assim, um grande salto tecnológico. Apesar disso, ainda existe um grande hiato entre as forças blindadas nacionais e as dos principais exércitos do mundo. Isto posto, este trabalho analisará a atual situação das forças blindadas do Exército Brasileiro e de outros exércitos, proporá sua modificação, atualização e modernização, dando, assim, mais poder de combate e suporte a uma força blindada moderna. Palavras-chave: Brigada de Cavalaria Blindada. Brigada de Infantaria Blindada. Blindados sobre lagarta. Combate Moderno. ABSTRACT The Armored Force is the backbone of a Ground Force. On the international scene, the most modern armies have armored troops trained and specialized, and Main Battle Tanks (MBT), whose embedded technology is the latest generation. Besides having high-tech, most of these countries could use them in combat, where the characteristics of Armored Forces, such as fire power, armor protection, shock action, great mobility and communication system were broader and more flexible primordial or to obtain a victory or to disrupt the relative power of combat in favor of these forces, and these characteristics observed in recent conflicts such as the Gulf War in 2003. What the Army Staff (EME) in 1996, noting the importance of modern combat, established the basis for the Modernization of the Doctrine of Employment Ground Force (Doctrine "DELTA") and acquired CC technology advanced, the Leopard 1 A1 and the M-60 A3, and create the Centro de Instrução de Blindados, giving thus a great technological leap. Nevertheless, there remains a large gap between the national and the armored forces of the major armies in the world. That said, this paper will analyze the current situation of the Brazilian Army's armored forces and other armies, propose its modification, updating and modernization, thus giving more combat power and support a modern armored force. Keywords: Armored Cavalry Brigade. Armored Infantry Brigade. Modern Combat. ____________ 1 Contida na IP 100 – 1, de 1996 . LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 PARÂMETROS BÁSICOS................................................ 35 FIGURA 2 RENAULT FT 17............................................................... 44 FIGURA 3 SHERMAN M-4 do 1º BCC………………………………... 45 FIGURA 4 M-41 C.............................................................................. 46 FIGURA 5 OSÓRIO EE-T1................................................................ 49 FIGURA 6 TAMOYO III...................................................................... 49 FIGURA 7 CHARRUA........................................................................ 49 FIGURA 8 LEOPARD 1 A1................................................................ 51 FIGURA 9 LEOPARD 1 A5................................................................ 52 FIGURA 10 FT BLINDADA.................................................................. 53 FIGURA 11 BRIGADA DE CAVALARIA BLINDADA........................... 55 FIGURA 12 ORGANIZAÇÃO DO PEL CC........................................... 56 FIGURA 13 ORGANIZAÇÃO DO PEL FUZ BLD................................. 58 FIGURA 14 OBUSEIRO M-108 AP, 105 mm....................................... 60 FIGURA 15 VBE LANÇADORA DE PONTES LEOPARD 1................ 61 FIGURA 16 62 FIGURA 17 O ESQUADRÃO DE CAVALARIA MECANIZADO EM MISSÃO DE RECONHECIMENTO.................................. CANHÃO ANTIAÉREO 40mm C60 BOFORS.................. 63 FIGURA 18 DESDOBRAMENTO DAS BRIGADAS BLINDADAS....... 65 FIGURA 19 AMBIENTE OPERACIONAL............................................ 66 FIGURA 20 67 FIGURA 22 TERRENO PROPÍCIO AO EMPREGO DE BLINDADOS – RORAIMA...................................................................... TRECHO DO RIO SÃO FRANCISCO EM MINAS GERAIS............................................................................ NDCC G29........................................................................ FIGURA 23 M-60 A3 TTS.................................................................... 72 FIGURA 24 VBE SOCORRO M578..................................................... 78 FIGURA 25 VBE Soc LEOPARD A1 SABIEX...................................... 79 FIGURA 21 67 69 FIGURA 26 NÍVEIS DE OPERACIONALIDADE.................................. 83 FIGURA 27 TANQUE ARGENTINO MÉDIO (TAM)............................. 92 FIGURA 28 LEOPARD 2 A4................................................................ 94 FIGURA 29 CC T-72 B......................................................................... 95 FIGURA 30 ABRAMS M1 A2............................................................... 96 FIGURA 31 ORGANIZAÇÃO DA HBCT.............................................. 97 FIGURA 32 VIATURAS BLINDADAS DOS EUA................................. 97 FIGURA 33 GRÁFICO QUANTIDADE DE CC e VBCI........................ 100 FIGURA 34 DESDOBRAMENTO NO TERRITÓRIO NACIONAL........ 104 FIGURA 35 5ª BRIGADA DE CAVALARIA BLINDADA....................... 105 FIGURA 36 ORGANOGRAMA DE UM RCB....................................... 106 FIGURA 37 GEPARD – VBC ANTIAÉREA (FAMÍLIA LEOPARD....... 108 FIGURA 38 6ª BRIGADA DE INFANTARIA BLINDADA...................... 109 FIGURA 39 11ª BRIGADA DE CAVALARIA BLINDADA..................... 110 FIGURA 40 01 (UMA) BRIGADA DE INFANTARIA BLINDADA.......... 114 FIGURA 41 PODER DE COMBATE 1................................................. 121 FIGURA 42 PODER DE COMBATE 2................................................. 123 FIGURA 43 SK-105.............................................................................. 149 FIGURA 44 AMX 13............................................................................. 149 FIGURA 45 TAM VIATURA POSTO DE COMANDO (VPC)............... 150 FIGURA 46 TAM VIATURA TRANSPORTE DE MORTEIRO (VTM)... 150 FIGURA 47 TAM VIATURA DE COMBATE MUNICIADORA.............. 151 FIGURA 48 TAM VIATURA COMBATE DE INFANTARIA (VCI)......... 151 FIGURA 49 152 FIGURA 50 AMX-13 VIATURA BLINDADA DE COMBATE DE INFANTARIA (VBCI)......................................................... LEOPARD 1V................................................................... FIGURA 51 VBCI – IFV MARDER 3.................................................... 153 152 FIGURA 52 AML 90 – Panhard............................................................ 153 FIGURA 53 154 FIGURA 54 TAM VIATURA DE COMBATE DE ARTILHARIA (VCA) 155 mm............................................................................. AMX-13 GIAT 155 mm..................................................... 154 FIGURA 55 VBCI BMP-3..................................................................... 155 FIGURA 56 VBCI BRADLEY................................................................ 155 LISTA DE TABELAS TABELA NR 1 PRINCIPAIS MUNIÇÕES PARA CC................................ 37 TABELA NR 2 38 TABELA NR 4 PRINCIPAIS CARROS DE COMBATE (MBT) 3ª / 4ª GERAÇÃO.......................................................................... PRINCIPAIS VIATURAS BLINDADAS DE COMBATE DE INFANTARIA (VBCI).......................................................... VBC-CC EE-1 OSÓRIO..................................................... TABELA NR 5 VBFzo – CHARRUA........................................................... 48 TABELA NR 6 VBC-CC LEOPARD 1 A1................................................... 70 TABELA NR 7 VBC-CC M-60 A3 TTS....................................................... 73 TABELA NR 8 VBC-CC LEOPARD 1 A5................................................... 75 TABELA NR 9 VBC-CC M-41 C................................................................. 76 TABELA NR 10 VBTP M-113 B.................................................................... 77 TABELA NR 11 VBC-CC LEOPARD 2 A6................................................... 99 TABELA NR 3 39 47 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.......................................................................... 17 1.1 PROBLEMA.............................................................................. 19 1.2 ALCANVE E LIMITES 21 1.3 JUSTIFICATIVAS...................................................................... 22 1.4 CONTRIBUIÇÃO....................................................................... 23 1.5 OBJETIVOS.............................................................................. 24 1.6 HIPÓTESE................................................................................ 24 1.7 VARIÁVEIS............................................................................... 25 1.8 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS................................. 25 2 O COMBATE MODERNO......................................................... 27 2.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS.................................................... 27 2.2 CARACTERÍSTICAS................................................................. 27 2.3 A DOUTRINA DELTA................................................................ 28 2.4 A ESTRATÉGIA NACIONAL DE DEFESA............................... 29 2.5 AS FORÇAS BLINDADAS E O COMBATE MODERNO.......... 31 2.6 O MODERNO COMBATE DE BLINDADOS............................. 33 2.6.1 Sobrevivência no moderno combate de blindados............. 35 2.7 VBC SOBRE LAGARTA VERSUS VBC SOBRE RODAS…… 39 2.8 CONCLUSÃO PARCIAL........................................................... 42 3. O CENÁRIO NACIONAL DAS FORÇAS BLINDADAS........... 44 3.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS.................................................... 44 3.2 EVOLUÇÃO DOS BLINDADOS NO BRASIL........................... 44 3.3 AS BRIGADAS BLINDADAS................................................... 52 3.3.1 A Brigada de Cavalaria Blindada........................................... 52 3.3.1.2 Missões e possibilidades.......................................................... 54 3.3.1.3 Organização.............................................................................. 55 3.3.1.4 O Regimento de Carros de Combate........................................ 56 3.3.1.4.1 O Esquadrão de Carros de Combate........................................ 56 3.3.1.4.2 O Pelotão de Carros de Combate............................................. 56 3.3.1.5 O Batalhão de Infantaria Blindado............................................ 57 3.3.1.5.1 A Companhia de Fuzileiros Blindados...................................... 57 3.3.1.5.2 O Pelotão de Fuzileiros Blindados............................................ 58 3.3.1.6 O Grupo de Artilharia de Campanha 105 Autopropulsado....... 59 3.3.1.6.1 Organização.............................................................................. 59 3.3.1.7 O Batalhão de Engenharia de Combate Blindado.................... 60 3.3.1.7.1 Organização.............................................................................. 61 3.3.1.8 O Batalhão Logístico................................................................. 61 3.3.1.9 O Esquadrão de Cavalaria Mecanizado................................... 61 3.3.1.10 A Bateria de Artilharia Antiaérea .............................................. 62 3.3.1.11 A Companhia de Comunicações Blindada................................ 63 3.3.1.12 O Pelotão de Polícia do Exército.............................................. 3.3.2 A Brigada de Infantaria Blindada........................................... 64 3.3.2.1 Organização.............................................................................. 64 3.4 DESDOBRAMENTO E AMBIENTE OPERACIONAL............... 65 3.5 AS VIATURAS BLINDADAS..................................................... 70 3.5.1 A Viatura Blindada de Combate Carro de Combate 70 64 Leopard 1 A1 (VBC CC Leopard1 A1).................................... 3.5.2 A VBC CC M-60 A3 TTS ......................................................... 72 3.5.3 A VBC CC Leopard 1 A5………………………………………... 74 3.5.4 A VBC CC M-41........................................................................ 75 3.5.5 A VBTP M-113B....................................................................... 76 3.5.7 Viaturas Blindadas Especializadas ...................................... 78 3.5.7.1 Viatura Blindada Especializada Socorro M578......................... 78 3.5.7.2 Viatura Blindada Especializada Socorro - Berg Panzer (VBE 78 Soc BERG PANZER)................................................................ 3.5.7.2 Viatura Blindada Especializada Socorro LEOPARD A1 SABIEX 79 (VBE Soc LEOPARD A1 SABIEX)............................................ 3.6 PREPARO E EMPREGO.......................................................... 79 3.7 CONCLUSÃO PARCIAL........................................................... 87 4 FORÇAS BLINDADAS DE OUTROS EXÉRCITOS ................ 90 4.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS.................................................... 90 4.2 FORÇAS BLINDADAS DO EXÉRCITO ARGENTINO ............. 90 4.2.1 Elementos de Manobra das Brigadas Blindadas................. 92 4.2.1.2 Regimiento de Caballería de Tanques………………………… 92 4.2.1.3 Regimiento de Infantería Mecanizado (R I Mec)....................... 93 4.2.1.4 Escuadrón de Exploración de Caballería Blindado (Esc Expl 93 C BL)……………………………………………………………… 4.2.2 Sistema Apoio de Fogo ......................................................... 93 4.2.2.1 Grupo de Artillería Blindado(G A Bl)......................................... 93 4.3 FORÇAS BLINDADAS DO EXÉRCITO CHILENO................... 93 4.4 FORÇAS BLINDADAS DO EXÉRCITO VENEZUELANO........ 94 4.5 FORÇAS BLINDADAS DO EXÉRCITO DOS EUA................... 95 4.6 FORÇAS BLINDADAS DO EXÉRCITO ALEMÃO.................... 99 4.7 VISUALIZAÇÃO GRÁFICA DOS CC E VBCI DOS 100 PRINCIPAIS EXÉRCITOS SUL-AMERICANOS ...................... 4.8 CONCLUSÃO PARCIAL .......................................................... 100 5 FORÇAS BLINDADAS – UMA PROPOSTA............................ 102 5.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS.................................................... 102 5.2 AMBIENTE OPERACIONAL, MISSÃO E POSSIBILIDADES... 102 5.3 DESDOBRAMENTO NO TERRITÓRIO NACIONAL................ 103 5.3.1 A 5ª Brigada de Cavalaria Blindada....................................... 104 5.3.2 A 6ª Brigada de Infantaria Blindada...................................... 5.3.3 A 11ª Brigada de Cavalaria Blindada..................................... 109 5.3.4 01 (uma) Brigada de Infantaria Blindada – Sediada em 108 114 Boa vista – RR......................................................................... 5.4 VIATURAS BLINDADAS DE COMBATE.................................. 116 5.5 CONCLUSÃO PARCIAL........................................................... 117 6 PODER DE COMBATE............................................................ 120 6.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS.................................................... 120 6.2 PODER RELATIVO DE COMBATE.......................................... 6.3 FORÇAS BLINDADAS DO EXÉRCITO BRASILEIRO – 121 ATUAL....................................................................................... Brigada Blindada..................................................................... 121 6.3.1 6.4 120 6.3.1 FORÇAS BLINDADAS DO EXÉRCITO BRASILEIRO – 123 .PROPOSTA............................................................................. Brigada Blindada..................................................................... 123 6.5 CONCLUSÃO PARCIAL........................................................... 124 7 CONCLUSÃO........................................................................... 125 REFERÊNCIAS......................................................................... 131 ANEXO A – DESENVOLVIMENTO DOS CC PÓS-2ª GM....... 138 ANEXO B - PRINCIPAIS BLINDADOS UTILIZADOS NA 140 AMÉRICA DO SUL................................................................... ANEXO C – FOTOS DE CC / VBCI APRESENTADOS........... 149 1 INTRODUÇÃO A Força Blindada é a espinha dorsal de uma Força Terrestre. No cenário internacional, os Exércitos mais modernos possuem tropas blindadas adestradas e especializadas, com Main Battle Tanks (MBT) – Carro de Combate (CC) principal – cuja tecnologia embarcada é de última geração. Por exemplo, os Estados Unidos da América (EUA) têm o CC Abrams; a Grã-Bretanha, o CC Challenger, Israel, o CC Merkava e a Alemanha, o CC Leopard 2. No entorno estratégico do Brasil, pode-se citar nações que possuem excelentes CC, como o Chile com o Leopard 2 e a Argentina que possui o Tanque Argentino Médio (TAM), este com equipamentos semelhantes ao Leopard 1A5, que está sendo adquirido pelo Exército Brasileiro. Além de possuírem CC de tecnologia avançada, a maior parte desses países pôde utilizá-los em conflitos bélicos recentes, onde as características das Forças Blindadas, como poder de fogo, proteção blindada, ação de choque, mobilidade e sistema de comunicações amplo e flexível foram primordiais ou para a obtenção da vitória ou para desequilibrar o poder relativo de combate em favor dessas forças. Isso foi observado tanto na Guerra do Golfo, em 2003, na qual a coalizão angloamericana, na operação “Choque e Pavor” – conflito violento de alta intensidade derrotaram as forças iraquianas, numericamente superiores, de forma rápida, alcançando a vitória em aproximadamente 100h, quanto, em 2008, quando tropas blindadas canadenses sob a égide da Organização das Nações Unidas (ONU) em um conflito de baixa intensidade, em área urbana, contra milícias do Talibã, acharam por bem substituir suas tropas mecanizadas, já em combate, por blindadas, cujo MBT era o Leopard 1 A5, a fim de aumentar o poder de combate e, dessa maneira, obter vantagem sobre tal grupo guerrilheiro. O Estado Maior do Exército (EME), em 1996, observando a importância do combate moderno, instituiu as Bases para a Modernização da Doutrina de Emprego da Força Terrestre2 (Doutrina “DELTA”). Essa doutrina se caracteriza pelo combate ofensivo com valorização da manobra, pela ação simultânea em toda profundidade do campo de batalha, com preferência para as manobras de flanco, bem como priorizando os ataques de oportunidade e as operações noturnas. Nesse sentido, as Força Blindadas foram privilegiadas, uma vez que suas características e possibilidades são perfeitas para se conduzir operações nos moldes dessa doutrina. A Força Terrestre, em consonância com a Doutrina Delta e seguindo seu processo de modernização, criou em 11 de outubro de 1996, por meio da Portaria ____________ 2 Contida na IP 100 – 1, de 1996 . Ministerial Nr 656, o Centro de Instrução de Blindados (CIBld), um estabelecimento de excelência, e, também, adquiriu seus primeiros MBT: a Viatura Blindada de Combate (VBC) - CC Leopard 1A1 e o CC M-60 A3 TTS (Tank Termal Sight), substituindo nos Regimentos de Carros de Combate (RCC) os obsoletos CC M-41 da década de 60. Com o advento desses CC e da criação do CIBld, houve um grande salto tecnológico nas Forças Blindadas brasileiras, além de um aumento significativo do poder de combate das tropas blindadas, cujos CC passaram a atirar mais longe, em movimento e com a possibilidade de operar a noite. Ademais, elevou-se o moral dessas tropas contempladas com tais veículos. Atualmente, está sendo adquirido 250 Leopard 1 A5 da Alemanha3 . Não obstante tal evolução, o hiato tecnológico existente entre a força blindada brasileira e as das grandes potências ainda é grande. Isso não só no aspecto material, como no aspecto de pessoal voltado para unidades dessa natureza. Tal fato, ainda, é agravado tanto pela falta de pessoal especializado nessa área quanto pelo alto índice de indisponibilidade para o combate dos CC Leopard e M-60. Cabe salientar que os Batalhões de Infantaria Blindado (BIB), os quais fazem parte da força em questão, passam por dificuldades semelhantes, em relação aos mesmos aspectos. No momento, a Força Terrestre utiliza como veículo para essas tropas a Viatura Blindada de Transporte de Pessoal (VBTP) M-113B da década de 60, que foi modernizado nos anos 80, sobretudo por meio da troca do motor e do acréscimo da proteção para o atirador da metralhadora .50. Entretanto, quando se compara tais viaturas com as utilizadas pelas potências anteriormente citadas, observa-se que o M-113B está obsoleto. Nesse contexto, e com base tanto na missão quanto na visão de futuro da Força Terrestre, este trabalho buscará não somente analisar a atual situação das forças blindadas do Exército Brasileiro, mas também propor sua modificação, atualização e modernização, dando, assim, suporte a uma força blindada moderna com nível de operacionalidade e Poder Relativo de Combate (PRC)4 adequados as missões inerentes a esse tipo de tropa. 1.1 PROBLEMA Dos anos 60 até o início dos 90 do século passado, o CC principal dos RCC e dos Regimentos de Cavalaria Blindado (RCB) era o M-41 de origem estadunidense. ____________ 3 Os detalhes dessa aquisição serão tratados no capítulo 3. 4 PRC, de acordo com o Manual Escolar VOCABULÁRIO DA ECEME, ME 320 – 5, de 1992, é o valor comparativo da capacidade combativa de duas forças oponentes. Durante anos utilizando esse blindado, já obsoleto, o Brasil, a fim de modernizar sua Força Blindada, adquiriu, a partir de 1996, seus primeiros MBT, em um total de 128 CC Leopard 1A1 de origem belga e 91 CC M-60 A3 TTS norte-americanos, renovando, assim, parte da frota de blindados. A compra dessas viaturas significou um grande salto tecnológico, uma vez que a tecnologia embarcada nesses MBT é muito superior a dos M-41. Os referidos MBT possuem modernos componentes eletro-eletrônicos, tais como torre estabilizada, que permite o tiro em movimento; sistema automático de condução de tiro; visão noturna, passiva no caso do M-60; telêmetro laser; entre outros. Em 2006, o Brasil adquiriu 250 VBC-CC Leopard 1A5 originárias da Alemanha5, com sistema de condução de tiro EMES 186, visão noturna termal (ampliada para motorista e atirador), bem como blindagem e suspensão reforçadas. Não obstante tal salto, o hiato tecnológico existente entre as tropas blindadas do Brasil e as dos principais exércitos do mundo ainda permanece, sobretudo no tocante a operacionalidade e poder de combate, uma vez que os exércitos mais modernos possuem MBT e Viaturas Blindadas de Infantaria (VBCI) de última geração, bem como profissionais experientes, especializados e com experiência em conflitos bélicos recentes envolvendo tropas blindadas. Ademais, no subcontinente da América do Sul, a força blindada chilena possui como MBT o CC Leopard 2, de última geração, considerado um dos mais poderosos e sofisticados do mundo. O Brasil, por seu turno, apesar da aquisição de tais MBT, possui em suas brigadas blindadas problemas de estrutura organizacional, de pessoal e de equipamento, principalmente em relação à viatura blindada para as tropas de Infantaria. Cabe ressaltar que já se passaram dez anos da aquisição desse material e pouco foi feito para sanar esses problemas que trazem séria restrições para o preparo e emprego real das brigadas blindadas, além de reduzir seu poder de combate, bem como seu nível de operacionalidade. Em relação aos Batalhões de Infantaria Blindado(BIB), cabe salientar que eles têm como Viatura Blindada de Transporte de Pessoal os M-113B, que além de estarem obsoletos (década de 60), possuem blindagem fraca de duralumínio, ____________ 5 O 1º lote, com 34 CC, chegou em dezembro de 2009, o 2º lote está previsto para março de 2010 e a previsão é de receber todos os Leopard 1 A5 até 2012. 6 EMES 18 é um sistema avançado de controle de tiro Krupp-Atlas Elektronik , baseado num computador de tiro desenvolvido, originalmente, para o Leopard 2 e é o grande diferencial do Leopard 1 A5. Ele possui, integrado, uma mira de visão térmica HZF (Hauptzielfernrohr) fabricado pela famosa Carl Zeiss e um telêmetro a laser que substituem os sistemas ópticos anteriormente usados nas versões mais antigas do Leopard 1. graves problemas com o sistema de comunicações e não possuem sistema de visão noturna, comprometendo, dessa maneira, a operacionalidade dos BIB. Além disso, tais problemas refletem na composição do binômio infantaria-carro, uma vez que os M-113B não acompanham adequadamente as MBT em operações. Por fim, é verificado que o ritmo de modernização dos Exércitos esta cada vez mais acelerado e com as tropas blindadas não é diferente. Os MBT estão cada vez mais letais, com tecnologia embarcada que aumenta, sobremaneira, seu poder de combate. A infantaria blindada, por sua vez, também evolui rapidamente. Tudo isso a fim de acompanhar a velocidade do combate moderno, sobretudo de 3ª e 4ª gerações7. Nesse sentido, é lícita a suposição de que Força Terrestre deva acompanhar tal ritmo, sob pena de ficar estagnada, pois tropas blindadas são de difícil formação. A fim de exemplificar, antes se transferia um Capitão de um Regimento de Cavalaria Mecanizado (RCMec) para um Regimento de Carros de Combate (RCC) dotado de CC M-41 e ele prontamente assumia o comando de um esquadrão de carros de combate; hoje, com o advento dos novos MBT, isso não é possível, pois esse oficial precisaria passar por um estágio de adaptação ao novo CC, mais complexo, que, normalmente, dura em torno de três meses. Isso só para ele ter acesso ao blindado; entretanto, para ele comandar um esquadrão em operações reais, estima-se que seriam necessários pelo menos 02 anos de treinamento com esse equipamento, de acordo com o Programa de Instrução Militar (PIM) do Exército Brasileiro. Isto posto, levanta-se a seguinte problematização: as brigadas blindadas do Exército Brasileiro possuem níveis adequados de operacionalidade, estado de prontidão, bem como poder de combate suficiente para o cumprimento das missões no combate moderno? 1.2 ALCANCES E LIMITES O campo estudado foi o das forças blindadas, as quais podem ser entendidas, de forma genérica, como sendo as brigadas de cavalaria e de infantaria blindadas do Exército Brasileiro8, cujas viaturas são na grande maioria sobre ____________ 7 Teoria desenvolvida por William S. Lind, na qual a guerra de terceira geração é aquela desenvolvida na I GM e utilizada pelos alemães na IIGM, conhecida como guerra de movimento; já a de quarta geração seria o conflito armado entre estado e oponente não-estatal. 8 a O Brasil possui, atualmente, a 5 Brigada de Cavalaria Blindada e a 6ª Brigada de Infantaria Blindada. lagartas. Isso a fim de diferenciar o conceito em questão ao de outros países, onde as tropas mecanizadas fazem parte dessa força. Em um primeiro momento, foram abordados as missões, os conceitos de capacidade operacional e de poder relativo de combate. Após isso, foram caracterizados os conflitos bélicos modernos de 3ª e de 4ª gerações. A pesquisa abordou, em seguida, a situação atual das forças blindadas nacionais, sobretudo do sistema operacional manobra, quanto à missão, ao equipamento – especificamente sobre carros de combate e viaturas blindadas; ao preparo; à estrutura organizacional e ao emprego, verificando-se, dessa maneira, tanto a capacidade operacional quanto o poder relativo de combate atual, face a outras forças blindadas. Como próximo passo, foi realizado uma abordagem quanto à situação das Forças Blindadas de outros Exércitos. Tal análise versou sobre os aspectos anteriormente citados, para, dessa maneira, obter parâmetros de comparação. A escolha desses países não foi aleatória. Ela se deu tanto pela similaridade da família de MBT sobre lagartas (Leopard) quanto pelo destaque que tais nações têm no cenário internacional e regional, ou por já terem participado de conflitos bélicos recentes com tropas blindadas. Após essa breve abordagem, foi realizada uma comparação entre as Forças Blindadas dessas nações e as do Brasil, conforme os parâmetros levantados. A pesquisa, também, abordou as necessidades operacionais das forças blindadas brasileiras face ao combate moderno, sobretudo de 3ª e de 4ª gerações. A partir de tal abordagem, e em consonância com o que foi pesquisado, foram propostas modificações, atualizações e modernizações para essa tropa, sempre em relação aos parâmetros levantados, no espaço de tempo de curto, médio e longo prazo, de acordo com a Estratégia Nacional de Defesa (END), de 2008, a fim de contribuir para manutenção dos níveis de operacionalidade da Força Terrestre. Cabe salientar que esse trabalho abordou, sobretudo, o sistema operacional manobra das forças blindadas, ou seja, das brigadas de cavalaria e de infantaria blindada. Portanto, não serão estudados a fundo os outros sistemas operacionais e nem serão alvo deste estudo as tropas mecanizadas (brigadas de cavalaria ou de infantaria mecanizada9). ____________ 9 No Brasil, apesar de vários estudos para sua implantação, não há brigada de infantaria mecanizada. Por fim, salienta-se que houve uma abordagem acerca da doutrina das forças blindadas do Exército Brasileiro. 1.3 JUSTIFICATIVAS O trabalho se justifica pelo fato das forças blindadas do Exército Brasileiro, atualmente, possuírem sérias restrições em relação à operacionalidade e ao seu poder de combate, o qual é pequeno face às necessidades impostas pelo campo de batalha moderno. Além do mais, a evolução tecnológica trouxe em seu bojo uma gama de aparatos eletro-eletrônicos e computadorizados que aumentaram substancialmente a letalidade, a eficácia e a rapidez dos conflitos bélicos. Os CC foram um dos meios militares que mais evoluíram com isso e como corolário a força blindada. Dessa forma, é lícita a suposição que deva existir estudos para manter as tropas blindadas atualizadas a fim de fazerem frente às incertezas do combate moderno. Corroborando com isso, em razão da minha vivência profissional10 nessa área, notei que, apesar da aquisição de novos MBT, não houve evolução significativa na estrutura das tropas blindadas brasileiras que dessem sustentação a uma força blindada moderna. Possuímos meios nobres, como o Leopard 1A1, Leopard 1 A5 e o M-60 A3 TTS, mas mantemos a mentalidade da era dos M-41. Isso se comprova pelo alto índice de indisponibilidade desses CC existente nos RCC. Entre os anos de 2006 e 2007, no 1º RCC, conseguia-se deixar somente um Esquadrão de Carros de Combate, dos quatro existentes, em condições de combate, isto é, com os CC andando, atirando, com seus sistemas de comunicações operando e com pessoal habilitado. Isso era o máximo obtido e com muita dificuldade e, ainda sim, com grande parte do sistema de estabilização da torre sem funcionar, ou seja, sem a capacidade de atirar em movimento. No cenário internacional, as principais potências econômicas possuem forças blindadas altamente especializadas e treinadas, com MBT de última geração. O Brasil, para reduzir o hiato tecnológico com tais nações em relação às tropas dessa natureza, deve ter um planejamento estratégico a fim de dirimir essa deficiência. Esta pesquisa busca juntar subsídios para dar suporte a uma tropa blindada moderna. ____________ 10 Este autor não só comandou ,de 2000 a 2002, o 2º Esquadrão de Carros de Combate (CC Leopard 1 A1) do 2º RCC;mas também, de 2003 a 2005, o 4º Esquadrão de Fuzileiros Blindados do 6º RCB. Ademais, foi Oficial de Logística e de Operações do 1º RCC (Leopard 1 A1), bem como Fiscal Administrativo do 1º RCC / CIBld, entre os anos de 2005 e 2007. Este estudo assume grande importância diante não só da relevância da força blindada para o Brasil como meio de dissuasão, mas também em virtude do investimento na sua modernização empenhado pelo Exército Brasileiro. 1.4 CONTRIBUIÇÕES Este trabalho propiciará a ampliação do nível de conhecimentos relacionados às brigadas blindadas do Exército Brasileiro quanto à situação atual, bem como a visão de futuro. Dessa maneira, servindo como pressuposto teórico para outros estudos que sigam nesta mesma linha de pesquisa. Pretende, ainda, colaborar com a Força Terrestre no sentido de se terem brigadas blindadas com capacidade operacional de emprego em situações reais e, também, com poder de combate suficiente para atender as diversas Hipóteses de Emprego (HE). Contribuir na concepção de uma mentalidade adequada às forças blindadas, uma vez que a velocidade da evolução tecnológica dos meios blindados, somada com pessoal de difícil formação e recompletamento, requerem tropas blindadas altamente especializadas, sob pena de se perder a capacidade operacional dessas tropas. Ademais, esse trabalho fornece subsídios para a implementação de modificações, atualizações e modernizações nas forças blindadas do Exército Brasileiro. Esta pesquisa pretende, por fim, sensibilizar as autoridades militares sobre a necessidade de se manter uma força blindada especializada e compatível com a posição política do Brasil no cenário internacional, a fim de aumentar a operacionalidade dessa tropa e, consequentemente, seu poder de dissuasão. 1.5 OBJETIVOS Os objetivos procuraram proporcional uma visão geral do assunto da pesquisa, bem como mostrar o que se pretende atingir ao final do desenvolvimento deste trabalho. 1.5.1 Objetivo Geral O objetivo geral deste trabalho é propor uma modificação, atualização e modernização das brigadas blindadas do Exército Brasileiro , para aumentar o poder de combate dessas Grande Unidade e, dessa maneira, fazer face a complexidade do combate moderno. 1.5.2 Objetivos Específicos A fim de viabilizar a consecução do objetivo geral de estudo, foram formulados os objetivos específicos, abaixo relacionados, que permitiram o encadeamento lógico do raciocínio descritivo apresentado no referido trabalho. - apresentar o conceito de capacidade operacional; - apresentar o conceito de Poder Relativo de Combate; - caracterizar o combate moderno, sobretudo os conflitos bélicos de 3ª e 4ª gerações; - analisar a estrutura atual das Forças Blindadas do Exército Brasileiro; - analisar a estrutura das Forças Blindadas de outros Exércitos; -propor modificações, atualizações e modernizações para as Forças Blindadas do Exército Brasileiro. . 1.6 HIPÓTESE A estrutura organizacional atual das brigadas blindadas do Exército Brasileiro necessita de modificações, atualizações e modernizações para proporcionar um nível de operacionalidade adequado, bem como um poder relativo de combate suficiente para que sejam cumpridas missões no combate moderno. 1.7 VARIÁVEIS No decorrer do trabalho de pesquisa, serão apresentadas circunstâncias passíveis de medição e que poderão influenciar na mesma. Essas chamadas variáveis, ao serem exploradas, permitirão obter mensurações necessárias para fundamentar os estudos, levando à comprovação da hipótese anteriormente levantada. Para o presente trabalho, serão analisadas as seguintes variáveis: - Variável I – o poder relativo de combate das Forças Blindadas do Exército Brasileiro, em relação à atual estrutura; e - Variável II - o poder relativo de combate das Forças Blindadas do Exército Brasileiro, dentro de uma nova estrutura proposta. 1.8 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS O presente trabalho será desenvolvido baseado em pesquisas bibliográficas e documentais. Para tanto, serão utilizadas as seguintes técnicas: - será realizado um estudo descritivo e explicativo acerca dos conceitos de capacitação operacional e de Poder relativo de Combate, de sorte que se consiga verificar os níveis de operacionalidade e, também, o PRC das brigadas blindadas; - realização de um estudo exploratório, baseado no que já se tem incorporado à doutrina do Exército Brasileiro; - realização de um estudo exploratório, com base em forças blindadas de outros exércitos; - método comparativo, levando-se em consideração o que já existe nas forças blindadas dos exércitos brasileiro, argentino, chileno, venezuelano, estadunidense e alemão; O tipo de pesquisa a ser empregada será predominantemente a qualitativa. No emprego desta metodologia serão seguidos os seguintes passos: - levantamento da bibliografia e de documentos pertinentes; - seleção da bibliografia e dos documentos; - leitura analítica da bibliografia e dos documentos selecionados; - montagens dos arquivos: ocasião em que serão elaboradas as fichas bibliográficas de citações, resumos e análises; e - análise crítica, tabulação das informações obtidas e consolidação das questões de estudo. A coleta do material bibliográfico foi realizada por meio de visitas de estudo nas bibliotecas do Centro de Instrução de Blindados General Walter Pires (CIBldGWP), do Centro de Avaliação do Adestramento do Exército (CAAdEx), à biblioteca da Escola de Comando e Estado-Maior de Exército (ECEME), à biblioteca da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO) e a manuais e relatórios do Exército Brasileiro (EME, Gab Cmt Ex e COTER, dentre outros). Foram consultados, também, sites na rede mundial de computadores, livros e revistas especializadas, manuais e relatórios do Exército dos EUA, Alemanha, Argentina, Chile e Venezuela acerca do assunto Forças Blindadas, dentre outras fontes que abordem o presente assunto. O trabalho teve como prosseguimento a elaboração do texto onde constaram as questões, objeto de estudo, referente às modernizações, atualizações e modificações a serem realizadas, bem como as conclusões pertinentes ao estudo comparativo. Por fim, serão apresentadas sugestões para as forças blindadas do Exército Brasileiro, de acordo com a pesquisa realizada e a verificação do aumento tanto do nível de operacionalidade quanto ao poder de combate, tendo em vista as propostas apresentadas. 2 O COMBATE MODERNO 2.1CONSIDERAÇÕES INICIAIS A necessidade de uma força blindada atual e moderna se dá, sobretudo, pela complexidade do combate moderno. Nesse capítulo, ele será caracterizado, assim como os conflitos de 3ª e 4ª geração. Além disso, será abordado o emprego de blindados não só a luz da Doutrina Delta, mas também da Estratégia Nacional de Defesa (END). 2.2 CARACTERÍSTICAS A guerra moderna pode ser dividida em quatro gerações, segundo Willian S. Lind, 2005, especialista estadunidense em guerra de movimento. A guerra de 1ª geração é a linear, aquela organizada na formação em linha e coluna, empregada, sobretudo, no período de 1648 a 1860. Com o advento dos mosquetes, armas de retrocarga e metralhadoras, surgiu a guerra de 2ª geração, desenvolvida pelo exército francês. Ela se caracterizava pelo grande poder de fogo seguido do atrito, utilizando-se a artilharia para saturar o campo de batalha e em seguida a infantaria para conquistar o terreno. Na Segunda Guerra Mundial (2ª GM), o exército alemão criou a “blitzkrieg”, o combate de movimento, valorizando-se a manobra, a velocidade e a surpresa. Esse modo de combater ficou conhecido como guerra de 3ª geração, a qual se busca, grosso modo, por meio de manobras desbordantes, atingir o inimigo em profundidade a fim de causar o colapso das suas operações e, dessa forma, reduzir não só sua capacidade de organização, mas também de tomada de decisão. As tropas blindadas, em razão da sua natureza, são as mais aptas para esse tipo de guerra. Após o ataque terrorista às torres gêmeas do World Trade Center, em 11 de setembro de 2001, surgiu um novo tipo de conflito, no qual um Estado, no caso em questão os Estados Unidos da América (EUA), é atacado por oponentes nãoestatais. Esse tipo de guerra foi denominada de 4ª geração. Atualmente, com o advento de novas tecnologias e armas letais, somados com a reduzida liberdade de ação, em virtude da opinião pública mundial, bem como com a indefinição do inimigo (guerra de 4ª geração), o combate moderno transformou-se em uma tarefa muito complexa. Este combate é caracterizado por: - grande mobilidade; - maior necessidade de inteligência militar; - maior rapidez e sincronização das operações; - maior profundidade das ações; - combate continuado; - uso intensivo da Guerra Eletrônica (GE); - maior emprego de operações psicológicas; - maior capacidade de sobrevivência no campo de batalha; e - maior emprego de assuntos civis. Cabe salientar, também, que em razão do crescimento demográfico mundial há muito mais cidades em todos os continentes do planeta, o que leva, invariavelmente, os conflitos para dentro dessas localidades, aumentando, assim, os combates urbanos; a exemplo de conflitos recentes, como a Guerra do Iraque e do Afeganistão. 2.3 A DOUTRINA DELTA Coerente com a evolução do combate moderno, sobretudo a partir das condicionantes doutrinárias observadas na 1ª Guerra do Golfo em 1991, o Exército Brasileiro concebeu as bases para a modernização de emprego da Força Terrestre (DOUTRINA DELTA)11, com intuito de orientar o seu preparo no cumprimento das missões constitucionais, quando operando em guerra convencional de defesa externa, em Área Operacional do Continente (AOC), com exceção da área estratégica da Amazônia. A DOUTRINA DELTA busca atender as características do combate moderno e tem como concepção geral: - combate ofensivo e valorização da manobra; ____________ 11 IP 100-1 de 1996 - ação simultânea em toda a profundidade do campo de batalha e combate não linear; - busca de isolamento do campo de batalha com ênfase na destruição do inimigo; - priorização das manobras de flanco; - priorização do princípio de guerra da massa; - combate continuado com máxima utilização das operações noturnas e do ataque de oportunidade12; - valorização da infiltração como forma de manobra; - busca da iniciativa, da rapidez, da flexibilidade e da sincronização das operações; - valorização dos princípios de guerra13 do objetivo, ofensiva, manobra, surpresa e unidade de comando; - mínimo de perdas para nossas forças e populações civis envolvidas; e - decisão da campanha no mais curto prazo; De acordo com essa concepção geral e tendo em vista as AOC, sobretudo as regiões topo-taticamente favoráveis ao emprego de veículos sobre lagartas, as tropas blindadas são favorecidas em seu emprego, haja vista a grande mobilidade tática14 das GU blindadas do Exército Brasileiro, o que possibilita a rápida concentração de forças em qualquer parte da frente da área de operação e, a partir dessa possibilidade, a realização de operações ofensivas com manobras desbordantes ou envolventes com grande ímpeto, procurando o combate continuado, a fim de causar o colapso das forças inimigas, retirando, assim, sua vontade de lutar. 2.4 A ESTRATÉGIA NACIONAL DE DEFESA (END) Em 18 de dezembro de 2008, a END foi aprovada pelo Presidente da República Luís Inácio Lula da Silva, por meio do decreto Nr 6.703, em consonância com a Política de Defesa Nacional (PDN)15. Ela se organiza em torno de três eixos estruturantes. O primeiro eixo versa acerca da destinação constitucional das Forças Armadas (FA) na paz e na guerra. O segundo eixo, por seu turno, refere-se à ____________ 12 Aquele realizado, após rápido estudo de situação, de imediato, sem executar as medidas normalmente exigidas em um ataque coordenado, de forma a explorar uma determinada situação. 13 Os princípios de guerra são encontrados no manual de campanha C 100-5 de 1997. 14 Mobilidade tática: capacidade de deslocar tropas dentro da Área de Operações. 15 A PDN é o documento condicionante de mais alto nível do planejamento de defesa e tem por finalidade estabelecer objetivos e diretrizes para o preparo e o emprego das FA. reorganização da indústria nacional de defesa. Já o terceiro eixo diz respeito à composição dos efetivos das FA, abordando o serviço militar obrigatório. Destaca-se do texto de tal estratégia, algumas diretrizes concernentes com a manutenção, o preparo e o emprego de forças blindadas, como: - dissuadir a concentração de forças hostis nas fronteiras terrestres; - organizar as FA sob a égide do trinômio monitoramento/controle, mobilidade e presença. - desenvolver, lastreado na capacidade de monitorar/ controlar, a capacidade de responder prontamente a qualquer ameaça ou agressão: a mobilidade estratégica16. - desenvolver, para atender aos requisitos de monitoramento/ controle, mobilidade e presença, o conceito de flexibilidade no combate. A END, ainda, determina que o Exército Brasileiro cumpra sua destinação constitucional, na paz e na guerra, orientado pelos conceitos estratégicos de flexibilidade e de elasticidade. Este se refere à capacidade de aumentar rapidamente o dimensionamento das FA, por intermédio da mobilização de material e de recursos humanos, quando for preciso. Aquele, por sua vez, diz respeito a capacidade de empregar forças militares com o mínimo de rigidez pré-estabelecida e com o máximo de adaptabilidade à circunstância de emprego da força, ou seja, a capacidade de mobilidade estratégica e tática. Além disso, tal estratégia de defesa preconiza que o Exército deve ser constituído por meios modernos e por efetivos muito bem adestrados, destacando a brigada, como o módulo básico de combate da força terrestre. Cabe ressaltar que as Forças Blindadas, de acordo com o manual de campanha Forças-Tarefas Blindadas (C17-20), em virtude das suas características: - Mobilidade tática; - Flexibilidade17; - Potência de fogo; - Proteção blindada; - Ação de choque; e - Sistema de comunicação amplo e flexível. ____________ 16 Mobilidade estratégica: aptidão para se chegar rapidamente ao teatro de operações. 17 Flexibilidade: produto da mobilidade, estrutura e constituição, em pessoal e meios, que lhes conferem a possibilidade de mudar rapidamente a organização para o combate, o dispositivo e a direção de atuação. podem ser empregadas para conduzir operações ofensivas e defensivas continuadas; aproveitar o êxito e perseguir o inimigo; conduzir operações de segurança; atacar e contra-atacar sob fogo inimigo; conduzir ou participar dos movimentos retrógrados e das ações dinâmicas de defesa; participar de desbordamentos e envolvimentos; efetuar operações de junção; executar ações contra forças irregulares e cumprir missões de defesa interna, atendendo, assim, plenamente não só as condicionantes da DOUTRINA DELTA, mas também as diretrizes da END. Consoante com essa END, o Estado Maior do Exército (EME), por meio do documento “Processo de transformação do Exército” de 10 de maio de 2010, concebe mecanismos a fim de transformar o Exército Brasileiro a fim de que ele possa cumprir com as suas missões constitucionais, bem como estar preparado para o futuro, haja vista o Brasil vir a ser, ainda na década que se inicia, a 5ª maior economia do mundo. (BRASIL, 2010a) 2. 5 AS FORÇAS BLINDADAS E O COMBATE MODERNO As forças blindadas foram empregadas, pela primeira vez, como elementos de manobra, deixando de ser apenas um apoio ao combate, pelas tropas alemães durante a Segunda Guerra Mundial (II GM). Essa concepção doutrinária consistia de operações ofensivas, utilizando-se o binômio carro de combate (CC) e infantaria, apoiados pelo fogo aéreo, para atingir objetivos profundos do inimigo, com a finalidade de causar colapso nas suas comunicações, bem como nas suas atividades logísticas e, dessa forma, desorganizar e, também, reduzir o tempo para a tomada de decisão das forças oponentes. A partir de então as forças blindadas passaram a ser a espinha dorsal dos principais exércitos do mundo. A campanha da polônia revelou a nova tática para a qual as forças alemãs foram equipadas e treinadas. Chamada de blitzkrieg, ela concentrava os tanques das divisões numa falange ofensiva, apoiadas por caças de mergulho, que quando direcionada para um ponto fraco de uma linha de defesa a rompia e prosseguia espalhando confusão em sua esteira... A blitzkrieg obteve resultados negados a comandantes anteriores, cuja habilidade para explorar o sucesso no ponto de assalto estava limitada pela velocidade e resistência do cavalo. O tanque não somente deixava para trás a infantaria, como podia manter um ritmo de avanço de cinqüenta até oitenta quilômetros em vinte e quatro horas, ao mesmo tempo que seu aparelho de rádio permitia ao QG receber informações e transmitir ordens com a mesma velocidade que as operações pediam. (KEEGAN, 2005, p. 381) Em 1973, na Guerra árabe-israelense do Yom kippur, a Força de Defesa de Israel (FDI), mesmo com um efetivo menor, conseguiu suplantar a coligação árabe, que era liderada pelo Egito e pela Síria. Esse conflito se caracterizou pelo emprego maciço de tropas blindadas, com os árabes a cinco divisões blindadas, com aproximadamente 1400 CC; enquanto a FDI defendia suas posições com duas brigadas blindadas: a 7ª e a Brigada BARAK, com cerca de 150 CC. As lições aprendidas nesse conflito influíram na evolução do combate moderno, como a utilização do combinado CC- fuzileiro blindado, bem como do emprego sincronizado interarmas. Já em 1991, na 1ª Guerra do Golfo, na Operação Tempestade do Deserto, tropas blindadas foram empregadas em massa. Nesse conflito bélico, as lições aprendidas no Sinai, em 1973, foram incorporadas. Tanto os EUA quanto o Iraque possuíam em apoio ao combate as forças blindadas elementos de reconhecimento, de apoio de fogo, de engenharia, de comando e controle, de guerra eletrônica e de logística, operando em total sinergia, o que permitia o emprego de grande poder de combate nas frentes pré-selecionadas a fim de romper o sistema defensivo do oponente. Ademais, o exército dos EUA, também, empregava tropas pára-quedistas e aerotransportadas em profundidade, ou para conquistar objetivos de segurança ou para reduzir o tempo das operações, em conjunto com as forças blindadas. Cabe salientar, ainda, a moderna tecnologia dos MBT empregados na Guerra do Golfo; alguns deles, como o M-60 e o M1 Abrams, possuíam não só excelentes sistemas computadorizados de condução de tiro, como aparelhos de visão noturna termais, demonstrando, dessa maneira, a grande evolução dos blindados desde a 1ªGM, o que elevou a letalidade desses veículos, além de permitir o combate continuado. Na Operação Tempestade do Deserto, três aspectos se destacaram entre outros tantos sucessos. O primeiro aspecto se deveu de terem as unidades do Exército se deslocado tão rápido que encontraram o inimigo constantemente fora de posição e voltado para a direção errada... . Em segundo lugar, as forças americanas desfrutavam de substanciais vantagens tecnológicas, principalmente em termos de visão noturna e eletroótica (SCHUBERT, 1998, p. 289) Além disso, em 2003 os EUA, também, utilizaram de forma maciça tropas blindadas na Operação Liberdade do Iraque, a qual o principal objetivo era depor o ditador Saddam Hussein do governo iraquiano. Nessa operação a principal condicionante à ofensiva norte-americana foi o combate em localidade. Tropas blindadas estadunidense combateram dentro de Bagdá indo de encontro ao preconizado pelos especialistas militares, que previram uma fragorosa derrota às tropas americanas em ambiente urbano, em virtude da sua natureza blindada. O emprego de meios predominantemente blindados na conquista de Bagdá surpreendeu muitos especialista militares que previam uma derrota fragorosa da coalizão combatendo em ambiente urbano. Entretanto a lembrança de Mogadíscio, onde tropas leves foram cercadas e quase destruídas por somalis ainda permanecia nas mentes dos comandantes norte-americanos, como registra Zucchino: “ Blout e Perkins não queriam repetir Mogadíscio... A coluna blindada tem distintas vantagens sobre as forças leves de Rangers e Delta Forces que conduziram o ataque em Mogadíscio”. (ZUCCHINO, 2004, p. 74) A ação norte-americana no Iraque foi inovadora, uma vez que foram utilizadas tropas blindadas para combater em localidade, onde é mais propício o emprego de elementos a pé. Além do que, eles demonstraram que a utilização de tropas blindadas é capaz de desequilibrar o poder de combate em favor de quem a emprega. Cabe ressaltar que os batalhões de carros de combate eram os que lideravam o movimento, indo contra o senso geral que nesse ambiente operacional quem lidera são os fuzileiros blindados. No entanto, é preciso destacar que a superioridade dos CC Abrams e das Viaturas Blindadas de Combate de Infantaria (VBCI) Bradley em relação aos blindados e armas anticarro iraquianos permitiam que o combate fosse conduzido embarcado na maior parte do tempo. 2. 6 O MODERNO COMBATE DE BLINDADOS Os carros de combate raramente combatem sozinhos. O pelotão CC, normalmente de 04 (quatro) a 05 (cinco) carros, é a fração mínima de emprego. Eles operam por meio do apoio mútuo, uma seção CC (dois carros) dando apoio à outra seção, por meio do fogo e da manobra, ou seja, quando uma seção se desloca a outra lhe da cobertura. Normalmente vários pelotões CC operam conjuntamente com outros pelotões de fuzileiros blindados, formando as Forças Tarefas (FT), e por intermédio do poder de fogo e da mobilidade penetram nas posições mais vulneráveis das linhas inimigas. Nesse momento é que se verifica a complexidade do combate blindado, pois é necessária uma visualização de 360º do campo de batalha, coordenando o tiro do CC tanto com o veículo ao lado quanto com os pelotões em volta, defendendo-se de múltiplos ataques provenientes de várias direções, engajando múltiplos alvos, entre tropas e outros CC, e sem diminuir a velocidade ou parar o movimento, seja de dia ou de noite. Para combater nesse ambiente complexo, os principais exércitos do mundo utilizam CC de última geração (4ª geração do pós-2ª GM)18 acompanhados de VBCI com grande tecnologia embarcada, operados por guarnições altamente capacitadas. A fim de garantir não só a letalidade, como a sobrevivência esses veículos (CC e VBCI), atualmente, possuem modernos dispositivos, como: - detecção automática de alvos; - controle de tiro computadorizado e a longa distância; - carregador automático do canhão; - sistema de estabilização da torre; - blindagem modular, com capacidade para receber blindagem reativa (ERA)19; - munições especiais anticarros e contra tropas; - motorização com excelente relação potência/ peso; - sistema de visibilidade total em 360º quando embarcado;20 - sistema de Defesa Química Biológica e Nuclear (DQBN); - Defensive Aids System (DAS);21 - Sistema detector de projétil e Rastreador (PDCue)22 - Sistema de localização situacional;23 - sistema de visão noturna; - Sistema de comunicações móvel, capaz de transmitir dados, áudios e vídeo conferência; - Sistema Identification Friend and Foe (IFF24), para evitar o fraticídio; entre outros ____________ 18 Vide Anexo A. 19 Explosion Reative Armor (ERA) 20 Igual ao que o Cmt CC tem com a cabeça para fora do carro de combate. 21 Sistema de defesa e segurança, que funciona, grosso modo, por meio de detectores a laser, os quais avisam a guarnição caso o CC seja alvejado por lasers, mísseis guiados a laser e laser designador, podendo, assim,engajar o alvo, se moverem para outra posição ou lançar granadas “decoy” (isca), igual aos aviões de caça. 22 Do inglês: Projectile Detection and Cueing (PDCue), que é um sistema de tecnologia acústica de localizador de fogos. O sistema determina a velocidade supersônica do projétil, “miss-distance”, trajetória local e tipo. O alcance aproximado da arma de fogo também é determinado, fornecendo uma pista até ela. 23 Esse sistema permite a guarnição do carro saber onde estão posicionados os outros carros do pelotão, os outros pelotões e o posicionamento do inimigo. 24 Identificador amigo inimigo (tradução livre do autor). Ademais, os veículos blindados de combate, cerne da força blindada, devem possuir como parâmetros básicos (em equilíbrio) mobilidade, poder de fogo e proteção, a fim de exercerem sua ação de choque. “Ação de choque consiste no efeito resultante da associação entre a mobilidade e a potência de fogo, reforçadas pela proteção blindada. Traduz no impacto físico e psicológico exercido sobre o inimigo, mediante fogos diretos potentes, desencadeados a distâncias curtas. Pode variar desde .... até a proveniente do emprego em massa de FT compostas por CC e Fzo Bld, quando atinge seu grau máximo de intensidade. O ruído dos CC, sua silhueta, sua rapidez de progressão e sua invulnerabilidade aos fogos das armas de pequeno calibre potencializam os efeitos psicológicos anteriormente mencionados.” (C 100-5 – Operações, 1997) PROTEÇÃO BLINDADO MOBILIDADE PODER DE FOGO FIGURA Nr 01 - PARÂMETROS BÁSICOS (FONTE: O AUTOR) 2.6.1 Sobrevivência no moderno combate de blindados Os primeiros veículos blindados foram criados para aumentar não só a capacidade de sobrevivência da Força Terrestre no campo de batalha, como sua letalidade. Com o passar do tempo, foram criadas blindagens cada vez mais fortes a fim de aumentar a proteção aos elementos embarcados, em contrapartida munições cada vez mais poderosas foram desenvolvidas para penetrar nessas couraças, criando-se, dessa maneira, um ciclo tecnológico de desenvolvimento na área de blindados entre munição e proteção. A proteção no moderno combate de blindados segue quatro princípios: - Não ser detectado; - Se detectado, não ser atingido; - Se atingido, não ser perfurado; e - Se perfurado, sobreviver. Para evitar a detecção, novas tecnologias foram empregadas na construção de VBC, sobretudo CC, como a redução da silhueta do carro, redução da assinatura térmica25, redução da assinatura acústica e redução das emissões de ondas eletromagnéticas. Caso seja detectado, as plataformas de combate modernas possuem: melhor relação potência-peso do motor a fim de evadir com maior velocidade dessa situação desvantajosa; DAS - sistema que funciona, grosso modo, por meio de detectores a laser, os quais avisam a guarnição caso o CC seja alvejado por emissões lasers, mísseis guiados a laser (3ª geração) e dispositivo de iluminação laser, podendo, assim, engajar o alvo, se moverem para outra posição ou lançar granadas “decoy” (isca), igual aos aviões de caça modernos. Quando atingidas, as VBC atuais, como proteção, possuem blindagens resistentes de diversos tipos e materiais. Os CC de 4ª geração utilizam as modulares; as conjugadas, que combinam diversos tipos de materiais; as blindagens reativas (ERA)26; as espaçadas, muito utilizada no combate urbano e as de urânio empobrecido. Cada uma dessa com sua respectiva função. Salienta-se que a maior partes dos CC possuem uma proteção blindada maior num arco frontal de 60º. “Normalmente essas blindagens constituem-se de materiais conjugados, sendo a parte frontal um material cerâmico e a parte posterior, um material orgânico (têxtil com resina) ou metálico. As blindagens com várias camadas de materiais diferentes, tanto metálicos quanto cerâmicos, conseguem muito maior proteção com menor peso. Denominadas genericamente de “CHOBHAN”, essas blindagens possibilitam uma redução de peso da ordem de 50 % em relação às blindagens homogêneas de um aço de alta resistência com a mesma espessura.” (BRASIL, 1999a) A par dessas proteções supracitadas, o principal meio de sobrevivência de um CC é a proteção ativa, que consiste, principalmente, na capacidade de uma guarnição detectar um CC inimigo e alvejá-lo primeiro. No moderno combate blindado, vence quem atira primeiro, em virtude das eficientes munições anticarros existentes nos veículos blindados de última geração, que destroem ou inutilizam um CC, de mesma geração ou inferior, no primeiro tiro, pois caso contrário ele provavelmente será abatido. ____________ 25 Trata-se da silhueta da viatura observada com seus pontos mais quentes ressaltados. 26 Explosive Reactive Armor (ERA). “Os CC são praticamente imunes à grande parte dos tiros dos CC das gerações anteriores e também aos tiros dos veículos de reconhecimento da sua própria geração.” (CARNEIRO, 2009 p.1) TABELA Nr 01 - PRINCIPAIS MUNIÇÕES PARA CC Munição Finalidade Velocidade Princípio de inicial funcionamento HE – High Explosive antipessoal 900 m/s Energia química HEAT – High Explosive Anti anticarro 900 m/s Energia Tank química/ Carga oca TANDEM Anticarro / blindagens ------ Dupla carga oca ------ Energia reativas HESH Fortificações e anticarro (estilhaçamento dentro química / deformável da VBC) TERMOBÁRICAS Anticarro - Produção de altas temperaturas ------ e Munição nuclear de baixa potência várias ondas de choque APDS (Armor Piercing Discar anticarro 1200m Energia cinética Anticarro 1620 m/s Energia cinética ----- Ainda Ding Sabot) APFSDS (Armor Piercing Fin Stabilized Discarding Sabot) HE CANISTER Antipessoal – para áreas edificadas está em desenvolvimento. Fonte: O autor A evolução do combate moderno de blindados levou os principais exércitos a questão da dicotomia entre proteção versus mobilidade. Quanto maior a proteção (ativa ou passiva), maior o peso da VBC, que implica numa menor mobilidade, sobretudo estratégica. Atualmente, os CC de 4ª geração, em virtude da sua forte blindagem e do seu grande poder de fogo, são pesados (de 50 a 70 ton.), dificultando o seu deslocamento por meios aéreos. Além disso, cabe ressaltar que os principais blindados da atualidade dispõem de sistemas e equipamentos que os tornam vulneráveis à ação da Guerra Eletrônica (GE), exigindo o emprego de Medidas de Proteção Eletrônica (MPE) que minimizem ou evitem o efeito da GE oponente. Alguns dos principais meios das VBC modernas sujeitos a GE são: telêmetro laser; aparelhos optrônicos ativos; sistemas de comunicações; sistema de localização situacional27, sistemas de defesa e detecção e sistema de comunicações móvel. TABELA NR 02 - PRINCIPAIS CARROS DE COMBATE (MBT) 3ª / 4ª GERAÇÃO CC País Gu Canhão Peso (t.) (mm) M1A2 Abrams EUA 4 V. Máx Obs km/h 120 69,5 67 Blidagem Chobham; IFF e DAS Challenger 2 GBR 4 120 62 59 Thermal Observation and Gunnery Sight II (TOGS II) AMX -56 Leclerc FRA 3 120 54,50 NERA 75 Reactive (Non-Explosive 28 Armor) / carregamento automático Merkava 4 ISR 4 120 61 65 Carregamento automático / pode transportar 08 (oito) fuzileiros armados Leopard 2 A6 ALE 4 120 62 72 T 90 RUS 3 125 46,5 65 Blindagem inclinada Alcance Can.:. 5,5 km Carregamento automatic; DAS C1 Ariete ITA 4 120 48 54 ----- Fonte: O autor TABELA NR 03 – PRINCIPAIS VIATURAS BLINDADAS DE COMBATE DE INFANTARIA (VBCI) VBCI País Gu Armt. Peso (t.) V. Máx Obs M2 A3 Bradley EUA 4+6 Can 25 mm 30,4 66 km/h ---- 38,58 75 km/h Blindagem Míssil AC – TOW Mtr 7,62 mm Marder 1 A3 ALE 4+5 Can 20 mm Mtr 7,62 mm BMP-3 RUS 3+7 Can 100 mm contra Mun 30 mm 18,7 70 km/h anfíbio 70 km/h Protótipo; Can 30 mm Mtr 7,62 mm Puma AIFV ALE 3+6 Can 30 mm 29 31,45 Mtr 5,56 mm Torre não- tripulada. FV 510 Warrior GBR 3+7 Can 30 mm 25,4 75 km/h ---- ____________ 27 Sistema tipo GPS que dá a localização de elementos das forças amigas e inimigas à guarnição do CC. 28 Blingadem reativa não explosiva (tradução livre do autor); 29 Varia de acordo com o modelo. Mtr 7,62 mm AMX-10P FRA 3+8 Can 20 mm 14,2 65 km/h ---- Mtr 7,62 mm Fonte: O autor 2.7. VBC SOBRE LAGARTA VERSUS VBC SOBRE RODA Existem distintas vantagens e desvantagens entre VBC sobre rodas e sobre lagartas no combate moderno. Alguns exércitos no mundo tem trocado sua VBC sobre lagartas por sobre rodas. As Forças Armadas desses exércitos alegam que trocaram as suas viaturas blindadas sobre lagartas por sobre rodas por causa da tendência do combate moderno de ser capaz de desdobrar tropas em qualquer lugar do globo rapidamente, necessitando, assim, de viaturas blindadas leves, que possam ser transportadas por meios aéreos. As VBC sobre rodas possuem grande mobilidade estratégica, em virtude do seu pouco peso relativo, desse modo, elas podem ser aerotransportadas, e, também, baixo custo de ciclo de vida.30Por outro lado, essas viaturas possuem pouca mobilidade tática, através campo (off-road), e baixa proteção e letalidade, uma vez que possuem fraca blindagem e armamentos de baixo calibre. As viaturas blindadas sobre lagartas, por seu turno, possuem muito boa mobilidade através campo, conseguindo se deslocar para qualquer parte da zona de operações com rapidez (mobilidade tática), bem como possuem em equilíbrio mobilidade, poder de fogo e proteção, que lhes proporciona grande ação de choque. No entanto, possuem baixa mobilidade estratégica e alto custo de ciclo de vida. Operacionalmente, as VBC sobre rodas são mais indicadas para conflitos de baixa intensidade e/ou de Garantia da Lei e da Ordem. As VBC sobre lagartas, distintamente, são mais indicadas para conflitos de média à alta intensidade. No Brasil, não só pelo ambiente operacional, mas também pelas hipóteses de emprego e pelas necessidades operacionais, é viável e necessária a utilização tantos das VBC sobre rodas quanto das VBC sobre lagartas. Em virtude da grande malha viária, pela necessidade de operar em GlO e pela necessidade de projetar poder militar a grandes distâncias em curto espaço de tempo, cresce a necessidade de se ter viaturas blindadas sobre rodas. Por outro lado, é imprescindível ter VBC sobre lagartas como forças de ação de choque, para emprego em conflitos de média e alta intensidade, deslocando-se dentro do teatro de operações através campo com ____________ 30 Custo de ciclo de vida significa o valor financeiro necessário para manter esse MEM pelo seu tempo de uso, ou seja, seu ciclo de vida. grande velocidade, além de ser um forte meio de dissuasão, importante para a manutenção da soberania nacional. “While a number of a countries have introduced wheeled infantry fighting vehicles (IFVs) as a replacement for full tracked IFVs, many armed forces are choosing to retain a balanced fleet of tracked and wheeled vehicles; each with their own advantages… Wheeled vehicles have great strategic mobility and lower life-cycle costs while tracked vehicles are usually heavier and have high levels of cross-country mobility, which is required to operate in close conjunction with main battle tanks (MBTs).” (BACK-UP FORCE, 2010) “Enquanto um número de países adotaram Veículos Blindados de Combate de Infantaria (VBCI) sobre rodas trocando-os por VBCI sobre lagartas, algumas Forças Armadas escolheram deter em equilíbrio veículos sobre lagartas e sobre rodas; cada uma com suas próprias vantagens...Veículos sobre rodas possuem grande mobilidade estratégica e um baixo custo de ciclo de vida, enquanto veículos sobre lagartas são normalmente mais pesados, e tem alto nível de mobilidade através campo, que é um 31 requerimento para operar em conjunto com os MBT.” Em virtude da necessidade de se deslocar tropas para qualquer lugar do globo rapidamente a fim de se projetar poder militar, surgiu o conceito da aeromecanização / ataque aeromecanizado, que segundo GRANGE (2002) p.13 é a projeção de forças mecanizadas por aerotransporte, lançamento aéreo e inserção por helicóptero, com cargas internas e externas. Este conceito de manobra, em todas as dimensões, enfatiza o transporte aéreo para evitar a dificuldade com o terreno e os obstáculos e rapidamente inserir forças de manobra para obter vantagem relativa ao local. Com esse propósito, vários países estão priorizando as forças mecanizadas em detrimento das blindadas. No entanto, é necessário observar que tanto a força mecanizada quanto a blindada possuem capacidades distintas e ambas são necessárias para o combate moderno, dependendo sobretudo da hipótese de emprego. O Exército dos EUA em razão do conflito no Iraque, onde, atualmente, forças de insurgentes utilizam armamentos poderosos, como o RPG-30, conhecido como matador de Abrams, estão revendo a prioridade de se ter somente forças leves com grande mobilidade estratégica em vez de forças pesadas com grande capacidade de sobrevivência e letalidade. Isso pode ser verificado por meio das seguintes citações: “Os críticos confundem a probabilidade e o número de futuras guerras entre estados com a de conflitos com poder de fogo intenso. Não é difícil prever ____________ 31 Tradução livre do autor. uma futura operação, a não ser uma guerra principal entre estados, nas quais o poder de fogo proporcionado pelos Crusader e o M1A2 SEP seria necessário para enfrentar os nossos adversários. Os estados podem facilmente adquirir armamento sofisticado. Um estudo recente autorizado pelo Conselho de Inteligência Nacional concluiu que a difusão de tecnologia “irá acelerar à medida em que as armas e tecnologias de relevância militar são movidas rápida e rotineiramente através das fronteiras nacionais em resposta a requisitos comerciais cada vez maiores, ao invés de considerações de segurança.” Desdobrar uma força que é operacionalmente capaz e genuinamente respeitada pelos inimigos assegura a proteção da mesma. Infiltrar uma força levemente armada na zona do conflito — mesmo chegando primeiro — não o fará.” (ISEMBERG, 2002 p. 17) “...uma das primeiras trocas é entre a capacidade de desdobramento rápido e a capacidade de sobrevivência. A busca da capacidade expedicionária compele o Exército para viaturas mais leves que podem ser desdobradas por via aérea. Curiosamente, a doutrina do Exército reconhece que a necessidade de corresponder as forças aos requerimentos de transportes disponíveis determina essa capacidade, assim subordinando implicitamente a capacidade de sobrevivência à capacidade de desdobramento e planejando uma Força otimizada para o transporte em vez do combate. A redução de peso vem com prejuízo da proteção dos soldados à medida que a blindagem é diminuída para reduzir o peso do veículo. Um exemplo dessa troca é a viatura de combate Stryker... .A Stryker proporcionava proteção passiva contra metralhadoras de grosso calibre, mas uma vez desdobradas, as unidades de Stryker logo começaram a lutar com um inimigo armado com lança-rojões. A blindagem adicional elevou sua capacidade de sobrevivência contra essa nova ameaça, mas a blindagem aumentada e as maiores dimensões significavam que, sem remover a blindagem suplementar, a viatura já não era transportável pelo C-130.” (PETERSON, 2010, p. 26) 2.8 CONCLUSÃO PARCIAL Pode-se concluir parcialmente que em razão da evolução do combate moderno o mesmo se tornou uma tarefa muito complexa, na qual uma força terrestre, para cumprir suas missões constitucionais, deve atender a algumas condicionantes, como: - grande mobilidade tática e estratégica; - maior necessidade de inteligência militar; - maior rapidez e sincronização das operações; - maior profundidade das ações; - combate continuado; - uso intensivo da Guerra Eletrônica (GE); - maior emprego de operações psicológicas; e - maior emprego de assuntos civis. Observa-se que, coerente com o combate moderno, o Exército Brasileiro, na década de 90 do século passado, concebeu a DOUTRINA DELTA - as bases para a modernização de emprego da Força Terrestre, bem como, em 2008, aprovou sua END, objetivando atender em melhores condições a PDN. Nesse contexto, infere-se que a força blindada nacional, em razão das suas possibilidades e para atender tanto a doutrina em tela quanto a END, deve ser, a exemplo de outros países, a espinha dorsal do Exército Brasileiro. Nota-se, também, que desde a II GM os principais exércitos do mundo empregaram suas tropas blindadas para desequilibrar o poder de combate a seu favor, seja em guerra de 3ª geração, seja em conflitos em ambiente urbano. Além disso, verifica-se que para combater no ambiente complexo, que é o combate moderno, os principais exércitos do mundo utilizam CC e VBCI de última geração, operados por guarnições adestradas, que possuem modernos sistemas de proteção, destacando-se a ativa, que consiste em realizar o primeiro tiro de CC, e as passivas, que seguem 04 (quatro) princípios: não ser detectado; se detectado, não ser atingido; se atingido, não ser perfurado; e se perfurado, sobreviver., com dispositivos como os listados a seguir: - detecção automática de alvos; - controle de tiro computadorizado e a longa distância; - carregador automático do canhão; - sistema de estabilização da torre; - blindagem modular, com capacidade para receber blindagem reativa (ERA); - munições especiais anticarros e contra tropas; - motorização com excelente relação potência/ peso; - sistema de visibilidade total em 360º quando embarcado; - sistema de Defesa Química Biológica e Nuclear (DQBN); - Defensive Aids System (DAS); - Sistema detector de projétil e rastreador (PDCue) - Sistema de localização situacional; e - sistema de visão noturna. Observa-se, também, que existem distintas vantagens e desvantagens para a adoção de VBC sobre rodas ou sobre lagartas em combate, isto é, de Forças Blindadas ou Mecanizadas, o que depende da hipótese de emprego, do ambiente operacional e da capacidade desejada pela força armada. Além de que, nos EUA, alguns estudos militares estão revendo a tendência de possuir forças leves com grande mobilidade estratégia em vez de forças com grande capacidade de sobrevivência e letalidade. Por fim, destaca-se a necessidade do Brasil possuir tanto forças blindadas quanto mecanizadas, em virtude não só das suas hipóteses de emprego, como das necessidades do combate moderno. 3 O CENÁRIO NACIONAL DAS FORÇAS BLINDADAS 3.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS A arma blindada brasileira surgiu na década de 1920. Atualmente, o Exército Brasileiro dispõe de duas brigadas blindadas, a 5ª Brigada de Cavalaria Blindada (5ª Bda Cav Bld) e a 6ª Brigada de Infantaria Blindada (6ª Bda Inf Bld), ambas sediadas na região Sul do país, com as suas respectivas bases doutrinárias e que são o objeto de estudo deste trabalho. As origens, missão, características, possibilidades, organização e equipamentos, dessas forças blindadas, sobretudo dos elementos de manobra, serão abordados nesse capítulo, para compor um provável cenário atual para essas tropas brasileiras e, assim, ter parâmetros de análise, podendo, dessa maneira, verificar as oportunidades de melhoria. Além disso, será tratado acerca do preparo e emprego dessas forças blindadas, observando sua capacidade operacional e o seu estado de prontidão. 3.2 A EVOLUÇÃO DOS BLINDADOS NO BRASIL Em 1921, chegaram os RENAULT FT-17 para mobiliar a Companhia de Carros de Assalto. Eles foram os primeiros blindados no Brasil. Dezessete anos depois, os FIAT ANSALDO CV 3/35 foram adquiridos e, juntamente com aqueles, compuseram o Esquadrão de Auto-Metralhadora. FIGURA Nr 2 – RENAULT FT 17 (FONTE: http://images.google.com.br, em 21 de novembro de 2009) Durante a 2ª GM, o Exército Brasileiro adquiriu os CC médios: “LEE/GRANT”, SHERMAN M-4, GREYHOUND M-8 e os M2A1 e M-3 STUART, equipando, assim, o Regimento de Reconhecimento Mecanizado, atualmente conhecido como 15º Regimento de Cavalaria Mecanizado. Todos eles são de origem norte-americana, em virtude da aproximação brasileira com os EUA por ocasião daquele conflito mundial. Salienta-se que o SHERMAN M-4 foi o CC mais utilizado pelas tropas aliadas durante esse conflito. FIGURA Nr 3 – SHERMAN M-4 do 1º BCC (FONTE:www.areamilitar.net, em 21 de novembro de 2009) Após essa grande guerra mundial, foi realizado, em outubro de 1959, um acordo militar entre o Brasil e os EUA, conhecido como Fernando de Noronha. .A Força Terrestre, por meio desse tratado, adquiriu os CC M-41 WALKER BULLDOG, as VBTP M-113 B, os autopropulsados (AP) M-108 e as viaturas-socorro M-578, equipando, assim as Brigadas de Infantaria e Cavalaria Blindada, bem como os RCB das Brigadas de Cavalaria Mecanizada do Exército Brasileiro. Cabe sublinhar que o M-41 foi o principal CC brasileiro por cerca de 30 anos. Ele foi comprado para compor os Regimentos de Reconhecimento Mecanizado e, além disso, foi a base de formação do combatente blindado de Cavalaria do Exército Brasileiro, sendo utilizado na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN). Atualmente, ele mobília somente os Regimentos de Cavalaria Blindada (RCB) das Brigadas de Cavalaria Mecanizada; no entanto, com a chegada dos novos MBT Leopard 1 A5 os M-41 devem ser pelos CC Leopard 1A1. desativados e substituídos nesses regimentos FIGURA Nr 4 – M-41 C (FONTE: O AUTOR) Durante os anos 70 e 80 do século passado, o Brasil desenvolveu uma forte indústria de defesa, destacando-se, na parte de blindados, as empresas Engenheiros Especializados S/A (ENGESA) e a Bernadini S/A. Esta foi responsável pela repotencialização dos M-41, trocando-lhes os canhões 76 mm pelos 90 mm e os motores à gasolina pelos Scania a diesel, bem como pela criação de um CC nacional de 2ª geração32, o Tamoyo (tecnologicamente similar ao Leopard 1 A5)33 e de uma VBCI a VBFzo34- CHARRUA, que não chegaram a ser produzidos em série; enquanto aquela produziu as Viaturas Blindadas de Reconhecimento EE-9, Cascavel, e as Viaturas Blindadas de Transporte de Pessoal (VBTP) EE-11, URUTU – ambas produzidas em série e vendidas a diversos países - , além de criarem um MBT de 3ª geração, o OSÓRIO, que naquela época possuía o mesmo nível tecnológico de CC modernos, como o Abrams (EUA) e o Challenger (Inglaterra). Ele, também, não foi produzido em série. Ë importante salientar que, nos ano de 1980, o Brasil possuía uma forte indústria bélica, que, no entanto, seja por falta de visão estratégica das próprias indústrias seja por falta de apoio governamental na década de 1990 esse parque industrial se degradou, haja vista a própria falência da ENGESA. ____________ 32 Vide Anexo A, que trata das gerações de CC pós-2ª GM. 33 Vide Anexo A, BASTOS, 1996. 34 Viatura Blindada de Fuzileiro. TABELA 4 – VBC-CC EE-1 OSÓRIO35 Características Dimensões Peso Motor Transmissão Suspensão Desempenho Blindagem Armamento Equipamento de direção de tiro Reservatórios VBC-CC EE-1 OSÓRIO comprimento com o canhão na posição frontal: 10100/9360mm altura até a topo da torre: 2370mm largura: 3260mm 41100 kg Diesel, quatro tempos MWM TBD 234 com 12 cilindros em”V” potência máxima:1040cv a 2300 rpm torque máximo: 335m/kgf a 1700 rpm refrigeração a água automática com quatro velocidades a vante e duas a ré tipo hidropneumática velocidade máxima: 70km/h raio de ação: 550km pressão sobre o solo: 0,80kg/cm2/0,78kg/cm2 rampa máxima: 65% rampa lateral: 40% obstáculo vertical: 1150mm trincheira: 3000mm vau com preparação: 2000mm vau sem preparação: 1200mm composta (cerâmica-liga metálica) - um canhão inglês ROF L7 de 105mmm com alma raiada ou um canhão francês GIAT de 1120mm com alma lisa. - uma metralhadora 12,7mm para o municiador; 500 projéteis - uma metralhadora coaxial 7,62mm; 3000 projéteis - 12 lançadores fumígenos de 66mm; 12 recargas Periscópios giroestabilizados com o ampliação de visão noturna, telêmetro a laser e janela panorâmica, computador de tiro, câmera térmica panorâmica Combustível: esquerdo-490l; direito-490l; frontal-374l; total-1380l Óleo motor: 80l Óleo transmissão: 120l ____________ 35 BLOG FORÇAS TERRESTRES. Engesa EE-T1 Osório: A história do primeiro MBT brasileiro. Disponível em: < http://www.forte.jor.br/blindados/1-ee-t1-osorio/>. Acesso em 22 maio 2010. TABELA 5 – VBFzo - CHARRUA 36 Características VBFzo - CHARRUA Principais -Simplicidade no projeto; - alta mobilidade através campo; - excelente capacidade anfíbia; - nacionalização total, com exceção da caixa de transmissão. Dimensões comprimento: 6.430mm altura:1.950mm largura: 3200mm Peso Motor Transmissão Suspensão Desempenho Blindagem Armamento 18.500 kg Diesel, diesel SCANIA DSI 11 – 400HP a 2300 RPM MWM TBD 234 com 12 cilindros em”V” Caixa de transmissão CD 500 Barras de torção velocidade máxima: 70km/h rampa máxima: 60% rampa lateral: 30% obstáculo vertical: 750mm trincheira: 1.850mm anfíbia: propulsão a 02 (dois) hidrojatos traseiros Aço especial. Proteção contra 7,62 à 50m orgânico: Mtr 12,7 mm; opcional: can 20 mm. Sist Visão noturna passiva: atirador e motorista FIGURA Nr 5 – OSÓRIO EE-T1 (FONTE : www.defesabr.com, em 22 de novembro de 2009) ____________ BRASIL. Exército. Secretaria de Ciência e Tecnologia. Simpósio: 80 anos de blindados. IME. Rio de Janeiro – RJ, 16 - 17 set 1996. 36 FIGURA Nr 6 – TAMOYO III (FONTE: http://images.google.com.br, em 18 de novembro de 2009) FIGURA Nr 7 – CHARRUA (FONTE: http://www.defesanet.com.br/imagens/defesanet/rv/blindados/foto15.jpg) Na década de 90, a Força Terrestre a fim de modernizar suas tropas blindadas comprou seus primeiros MBT: 128 VBC – CC Leopard 1A1, CC de 2ª geração pós-2ª GM, bem como adquiriu, por meio de leasing, 91 VBC CC M60 A3 TTS, também de 2ª geração pós-2ª GM, para substituir nos RCC os obsoletos M-41 C37. Além disso, foi criado o Centro de Instrução de Blindados (CIBld), para ser um dos vetores de modernidade do Exército Brasileiro. Esse estabelecimento de ensino tem por missão principal: “Planejar e conduzir cursos e estágios, presenciais e à ____________ 37 O CC M-41 é considerado um CC médio e não possui poder de combate suficiente para se contrapor a qualquer CC de 1ª geração pós- 2ª GM. distância, destinados à especialização e extensão de oficiais e sargentos ocupantes de cargos e funções em OM blindadas/mecanizadas da Força Terrestre”38. Com a aquisição dos Leopard 1 A1 e dos M-60, as forças blindadas brasileiras deram um grande salto tecnológico, uma vez que tais CC substituíram os obsoletos M-41 nos RCC. Tais MBT possuem canhão de 105 mm, telêmetro laser para avaliação de distâncias, aparelho de visão noturna infra-vermelho (Leopard), visão noturna termal (M-60), blindagem mais eficiente e sistemas computadorizados de condução de tiro. Com isso, houve grandes mudanças nas técnicas de utilização do material, aumentando, assim, a distância de tiro útil que anteriormente era de 2 km com o M-41 e passou a 4 km com esse novo CC. Desta forma, houve a necessidade de preparar recursos humanos mais especializados para operarem tais veículos blindados. FIGURA Nr 8 – LEOPARD 1 A1 (FONTE: acervo do autor) Atualmente, segundo a Portaria Nr 088-EME, de 18 de julho de 2007, diretriz para a implantação do Leopard, o Exército Brasileiro está adquirindo 250 VBC CC Leopard 1 A5, de 2ª geração/ 2ª geração intermediária, para dotarem os RCC em substituição aos Leopard 1 A1. Estes, por seu turno, passarão para os RCB das Brigadas Mecanizadas, cuja atual CC é o ultrapassado M-41, com exceção do 20º RCB, que receberá os MBT M-60 TTS em substituição aos M-41. Não obstante os principais exércitos do mundo possuírem CC de última geração (4ª geração), com os Leopard 1 A5, a Força Terrestre dá um novo salto tecnológico, pois esses CC são equipados com aparelhos de condução de tiro ( ____________ 38 Informação disponibilizada no sítio do CIBld (www.ciblb.ensino.eb.br) computadores. na rede mundial de EMES 18) mais eficientes e ampliados para atirador e comandante do carro – o mesmo utilizado no Leopard 2 ( MBT de 3ª geração39) , aparelhos de visão termal, blindagem reforçada na torre, suspensão reforçada e, também, são capazes de atirar com munições mais potentes que a versão A1, aumentando sobremaneira o poder de combate dos RCC e tornando-se, dessa maneira, um forte poder de dissuasão. No entanto, nota-se a falta de uma Viatura Blindada de Combate de Infantaria (VBCI). Atualmente, a Força Terrestre adota o M-113 B, que é uma Viatura Blindada de Transporte de Pessoal (VBTP), para mobiliar os seus Batalhões de Infantaria Blindados (BIB) como se VBCI fosse. O M-113 B é inadequado para acompanhar os MBT nacionais em operções, uma vez que possui fraca blindagem e reduzida mobilidade através campo, quando comparada com os CC Leopard e M-60. FIGURA Nr 09 - LEOPARD 1 A5 (FONTE:www.areamilitar.net, em 21 de novembro de 2009) Outro óbice para as forças blindadas brasileiras está na fabricação de munição. A indústria nacional ainda não produz munições para os MBT Leopard 1 A1/ A5 e M60 A3 TTS, dependendo inteiramente do comércio exterior, o que no caso de defesa externa é no mínimo temerário. A principal característica de uma força blindada é a Ação de Choque, que é a reunião da proteção blindada, da grande mobilidade e do poder de fogo, cujo valor é nulo sem a devida munição. ____________ 39 3ª Geração do pós-2ª GM, vide ANEXO “A”. 3.3 AS BRIGADAS BLINDADAS 3.3.1 A Brigada de Cavalaria Blindada Segundo o manual de campanha do Exército Brasileiro C 2-1, Emprego da Cavalaria, na sua 2ª edição de 1999, a Brigada de Cavalaria Blindada (Bda C Bld) constitui-se em uma força altamente móvel que é organizada, equipada e instruída para o cumprimento de missões de caráter ofensivo, caracterizadas pela predominância das ações de combate embarcado, seja em operações ofensivas, seja em defensivas, combatendo, normalmente, sob a forma de Força-Tarefa (FT)40, podendo, ainda, rapidamente concentrar-se ou dispersar-se no campo de batalha, o que a torna um elemento chave na decisão do combate em Área Operacional do Continente (AOC), como preconizado na Doutrina Delta. FIGURA Nr 10 - FT BLINDADA (FONTE:SOUZA, LUCIANO, 2009,p119) Essa brigada blindada pode se organizar para o combate, com base nas conclusões do estudo de situação, formando FT RCC, forte em CC; e/ou FT BIB, forte em fuzileiro blindado; e/ou ainda FT CC e/ou FT BIB equilibradas, isto é, com a mesma quantidade de subunidades de CC e de fuzileiros blindado, possibilitando, assim, maior flexibilidade e rapidez nas ações. ____________ 40 “A FT é um grupamento temporário de forças, de valor unidade ou subunidade, sob comando único, integrado por peças de manobra de natureza e/ou tipo diferentes, formado com o propósito de executar uma operação ou missão específica, organizada, principalmente, em torno de um núcleo de tropas de infantaria ou cavalaria.” (C 100-5 – OPERAÇÕES) Ademais, de acordo com o manual C 2-1, são características da cavalaria blindada: - mobilidade41; - potência de fogo42; - proteção blindada43; - ação de choque44; - flexibilidade45; e - sistema de comunicações amplo e flexível; 3.3.1.2 Missões e possibilidades A missão da Bda C Bld é46: - conduzir operações terrestres altamente móveis, particularmente as de natureza ofensiva, caracterizadas pela predominância do combate embarcado. - cerrar sobre o inimigo para destruí-lo ou capturá-lo, utilizando o fogo, a manobra e o combate aproximado. - manter o terreno repelindo o assalto inimigo pelo fogo, combate aproximado e contra-ataque. A cavalaria blindada tem a possibilidade de: a. Nas operações ofensivas: - executar o desbordamento, explorando um flanco vulnerável da posição defensiva inimiga; - realizar o envolvimento de uma posição defensiva inimiga; ____________ 41 A elevada mobilidade é decorrente, principalmente, de sua organização, de seus carros de combate, de suas viaturas blindadas e de seu sistema logístico móvel. Esta característica permite grande rapidez nas ações, na dispersão e concentração, no engajamento e desengajamento ou,ainda, no deslocamento de uma área para outra. 42 A elevada potência de fogo é dada pela capacidade de estocar munição e pela quantidade e variedade de seu armamento coletivo: canhões dos carros de combate; mísseis, canhões sem recuo e lança-foguetes anticarro; morteiros pesados e médios; lança-granadas e metralhadoras. 43 A proteção blindada de suas viaturas blindadas contra fogos de armamento leve e fragmentos de granadas de morteiros e de artilharia, permite a realização do combate embarcado. 44 A ação de choque decorre, particularmente, da combinação da potência de fogo com o rápido movimento dos carros de combate. Depende, portanto, da surpresa obtida pela mobilidade e pelo emprego do armamento orgânico e do apoio aéreo. 45 A flexibilidade é decorrente, fundamentalmente, da sua organização, do seu sistema de comunicações e da capacidade de seusquadros, cuja formação é motivo de especiais cuidados. 46 Extraído do manual de campanha C 2-1. - realizar um ataque de penetração, quando a posição inimiga é pouco profunda e há grande possibilidade de se passar de imediato a um aproveitamento do êxito; -realizar um aproveitamento do êxito logo após ou mesmo antes de ultimada a penetração na posição defensiva do inimigo; - participar de uma perseguição, normalmente, como força de cerco. b. Nas operações defensivas: - conduzir as ações dinâmicas de defesa e retomar a iniciativa. Por esta razão, não é normal que uma GU ou unidade de cavalaria blindada receba a missão de defender uma zona de ação. - infligir pesadas perdas às unidades inimigas durante a ação retardadora. Cabe salientar que a facilidade que os blindados possuem para desengajar-se do combate, mesmo sob pressão do inimigo, torna a cavalaria blindada altamente capaz de conduzir tais ações. - executar o retraimento sob pressão, uma vez que os blindados são os elementos mais capacitados para esse tipo de operação. 3.3.1.3 Organização A Brigada de Cavalaria Blindada é constituída pelos seguintes elementos: - Comando da Brigada; - 02 (dois) Regimentos de Carros de Combate; - 02 (dois) Batalhões de Infantaria Blindados; - 01 (um) Grupo de Artilharia de Campanha 105mm Autopropulsado; - 01 (um) Batalhão de Engenharia de Combate Blindado; - 01 (um) Batalhão Logístico; - 01 (um) Esquadrão de Cavalaria Mecanizado; - 01(uma) Bateria de Artilharia Antiaérea; - 01 (uma) Companhia de Comunicações Blindada; e - 01 Pelotão de Polícia do Exército. FIGURA Nr 11 - BRIGADA DE CAVALARIA BLINDADA (FONTE: O AUTOR) 3.3.1.4 O Regimento de Carros de Combate De acordo com o manual de campanha C 2-1, EMPREGO DA CAVALARIA, “O RCC é a unidade tática de emprego de CC nas brigadas blindadas. Em princípio, será empregado sob a forma de FT, recebendo, para isso, uma ou mais companhia de fuzileiro blindado do batalhão de infantaria blindada da brigada.” Esta unidade possui a seguinte organização: - 01(um) esquadrão de comando e apoio; e - 04 (quatro) esquadrões de carros de combate;47 3.3.1.4.1 O Esquadrão de Carros de Combate É a unidade tática de emprego dos RCC para as operações de combate. Esta subunidade (SU) possui a seguinte organização: - 01 (uma) seção de comando; e - 03 (três) pelotões de carros de combate. 3.3.1.4.2 O Pelotão de Carros de Combate Segundo a nota de instrução O Pelotão de Carros de Combate do CIBld, essa fração é a unidade básica das forças blindadas, constituindo a peça básica de ____________ 47 O Plano Básico de Estruturação do Exército (PBEEx), de 2003, transformou as duas brigadas blindadas em quaternárias, isto é, organizadas a 02 (dois) RCC e 02 (dois)BIB e, em conseqüência, tanto o RCC quanto o BIB passaram a ser quaternários também, a 04 (quatro) SU cada. manobra do Esqd CC; no entanto, seu emprego mais comum é como integrante de uma FT. Pel CARROS DE COMBATE GUARNIÇÕES - Comandante de pelotão (1º ou 2º Ten) - Cabo atirador 1ª Sec - Soldado auxiliar do atirador - Cabo motorista - Sargento comandante de CC - Cabo atirador - Soldado auxiliar do atirador - Cabo motorista - sargento adjunto (1º,2º, ou 3º Sgt) - Cabo atirador - Soldado auxiliar do atirador 2ª - Cabo motorista Sec - Sargento comandante de CC - Cabo atirador - Soldado auxiliar do atirador - Cabo motorista FIGURA Nr 12 - ORGANIZAÇÃO DO PEL CC (FONTE: O AUTOR) 3.3.1.5 O Batalhão de Infantaria Blindado De acordo com o manual de campanha C 7-20, BATALHÕES DE INFANTARIA, o BIB é a unidade tática de orgânica das brigadas blindadas de infantaria e de cavalaria. Em princípio, esse batalhão será empregado sob a forma de FT, recebendo, para isso, um ou mais esquadrões de carros de combate. Esta unidade possui a seguinte organização: - 01(uma) companhia de comando e apoio; e - 04 (quatro) companhias de fuzileiro blindado;48 3.3.1.5.1 A Companhia de Fuzileiros Blindados É a unidade tática de emprego dos BIB para as operações de combate. Esta subunidade (SU) possui a seguinte organização: - 01 (uma) seção de comando; e - 03 (três) pelotões de fuzileiros blindados; e - 01 (um) pelotão de apoio.49 3.3.1.5.2 O Pelotão de Fuzileiros Blindados Segundo o manual de campanha do Exército Brasileiro C 17-20, o Pelotão de Fuzileiros Blindados é o elemento básico de emprego da companhia de fuzileiro blindado; todavia, seu emprego mais comum é como integrante de uma FT. Pel Fuz Bld GUARNIÇÕES FUZILEIRO BLINDADO Comando - Comandante de pelotão (1º ou 2º Ten) - Adjunto Gp Cmdo - Cb Mot - Sd Rd Op Gp Ap -Cb At Ch Pç -Cb At Ch Pç -Sd Aux At -Sd Aux At - Sargento comandante de GC - Soldado atirador de .50 1º GC - Cb Aux (Cmt 1ª esquadra) - Cb Aux (Cmt 2ª esquadra) - Sd atirador - Sd atirador ____________ 48 Essa unidade passou a ser quaternária, isto é, a ter quatro SU de fuzileiros blindados a partir do PBEEx de 2003. 49 “O pelotão de apoio é a fração de apoio de fogo da SU. Ë constituído por um gupo de comando, por uma seção de morteiros médios( 02 peças de morteiros médios) e por uma seção de canhões sem recuo anticarro ( 03 peças de Can SR AC).” (Manual de campanha C 17 -20, 3ª edição, 2002) Pel Fuz Bld GUARNIÇÕES FUZILEIRO BLINDADO - Sd fuzileiro - Sd fuzileiro - Sd fuzileiro - Sd fuzileiro - Cabo motorista - Sargento comandante de GC - Soldado atirador de .50 2º GC - Cb Aux (Cmt 1ª esquadra) - Cb Aux (Cmt 2ª esquadra) - Sd atirador esquadra) - Sd atirador - Sd fuzileiro - Sd fuzileiro - Sd fuzileiro - Sd fuzileiro - Cabo motorista - Cabo motorista - Sargento comandante de GC - Soldado atirador de .50 3º GC - Cb Aux (Cmt 1ª esquadra) - Cb Aux (Cmt 2ª esquadra) - Sd atirador - Sd atirador - Sd fuzileiro - Sd fuzileiro - Sd fuzileiro - Sd fuzileiro - Cabo motorista - Cabo motorista FIGURA Nr 13 - ORGANIZAÇÃO DO PEL FUZ BLD (FONTE: O AUTOR) 3. 3.1.6 O Grupo de Artilharia de Campanha 105 Autopropulsado O Grupo de Artilharia de Campanha 105 Autopropulsado tem por missão apoiar pelo fogo a Brigada e as suas peças de manobra. 3.3.1.6.1 Organização Possui a seguinte organização: - 01(uma) bateria de comando; e - 04 (quatro) baterias de obuses autopropulsados Este grupo é dotado da Viatura Blindada de Combate Obuseiro Autopropulsado M-108 (VBC OAP M108), calibre 105mm, cujo o alcance máximo de 11,3 km. FIGURA Nr14 - OBUSEIRO M-108 AP, 105 mm (FONTE: http://fabianorios.sites.uol.com.br/M108AMAN.jpg, EM 2 DE ABRIL DE 2010) 3.3.1.7 O Batalhão de Engenharia de Combate Blindado O Batalhão de Engenharia de Combate Blindado (BEC Bld) tem por missão proporcionar aos escalões subordinados da brigada blindada o apoio à Mobilidade, Contramobilidade e Proteção (MCP). O BEC Bld é apto a apoiar uma transposição de curso d’água, seja construindo, mantendo e operando portadas e passadeiras, seja lançando e operando botes de assalto. Cabe ressaltar que com o projeto Leopard, de gestão da D Mnt, este batalhão deverá receber 04 (quatro) viaturas blindadas de engenharia (VBE) e 04 (quatro) VBE Lançadora- de- ponte com a plataforma da VBC Leopard. FOTO Nr 15 - VBE LANÇADORA DE PONTES LEOPARD 1 (FONTE: ST ANCINES/5ª SEC CMS) 3.3.1.7.1 Organização Possui a seguinte organização: - 01(uma) companhia de comando e apoio; - 01 (uma) companhia de engenharia de pontes; e - 02 (duas) companhias de engenharia de combate blindado; 3.3.1.8 O Batalhão Logístico O Batalhão Logístico (B Log) tem por missão proporcionar apoio logístico às unidades e subunidades orgânicas da brigada blindada, podendo desdobrar e operar uma Área de Apoio Logístico (A Ap Log), e, por tempo limitado, desdobrar e operar uma subárea de apoio logístico. Ele está organizado da seguinte forma: - 01 (uma ) companhia de comando e apoio; - 01 (uma) companhia logística de suprimento; - 01 (uma) companhia logística de manutenção; - 01 (uma) companhia logística de saúde; - 01 (uma) companhia logística de pessoal; - 01 (uma) companhia de segurança; 3.3.1.9 O Esquadrão de Cavalaria Mecanizado O Esquadrão de Cavalaria Mecanizado é o elemento de manobra da brigada blindada apto a realizar as missões de reconhecimento e segurança, podendo participar de operações ofensivas e defensivas e, além disso, ser empregado como elemento de economia de meios. Esta SU é organizada desta maneira: - 01 (uma) seção de comando; - 03 (três) pelotões de cavalaria mecanizado; FIGURA Nr16 - O ESQUADRÃO DE CAVALARIA MECANIZADO EM MISSÃO DE RECONHECIMENTO (FONTE: WWW.EXERCITO.GOV.BR EM 01 ABRIL DE 2010) “You can never have too much reconnaissance. Use every means available before, during, and after battle. Reports must be facts, not opinions; negative as well as positive…Information is like eggs: the fresher the better.” (PATTON, 2010) “Você pode não ter muito reconhecimento. Use todos os meios disponíveis antes, durante e depois da batalha. Informes devem ser fatos, não opiniões; negativo assim como positivo...Informação é como ovos: quanto mais fresco 50 melhor.” 3.3.1.10 A Bateria de Artilharia Antiaérea Assegura a defesa antiaérea contra aviação a baixa altura51 de responsabilidade da brigada blindada e a sua organização é esta: - 01 (uma) seção de comando; - 01 (uma) seção logística; e - 03 (três) seções de artilharia antiaérea. Essa bateria antiaérea possui como armamento principal o canhão antiaéreo 40mm C60 Bofors. ____________ 50 Tradução livre do autor. 51 Até 3000m. FIGURA Nr 17 - CANHÃO ANTIAÉREO 40mm C60 BOFORS (FONTE: acervo da 14ª Bia AAAe -2008) Pela imagem da figura Nr 17, fica claro que esse armamento antiaéreo não possui a mobilidade adequada e compatível para acompanhar a tropa apoiada, que é de natureza blindada; entretanto, é previsto que essa bateria antiaérea seja dotada de canhão ou de míssel. No caso de existirem mísseis em sua dotação e a guarnição fosse transportada por VBTP, esse problema se extinguiria, o que, atualmente, não ocorre. 3.3.1.11 A Companhia de Comunicações Blindada A Companhia de Comunicações tem por missão instalar, explorar e manter o sistema de comunicações da brigada e está organizada desta maneira: - 01 (um) pelotão de comando e apoio; - 01 (um) pelotão de comunicações de posto de comando; e - 01 (um) pelotão de comunicações de posto de comando recuado; 3.3.1.12 O Pelotão de Polícia do Exército Tem como missão proporcionar o apoio de polícia à Brigada, possuindo a seguinte organização: - 01 (um) grupo de comando; - 02 (dois) grupos de polícia do exército; - 01 (um) grupo de investigação criminal; - 01 (um) grupo de escolta e guarda. Por fim, haja vista a importância da guerra eletrônica (GE) no combate blindado, percebe-se a necessidade de se ter uma fração de GE nas brigadas blindadas, reduzindo, dessa forma, a dependência de meios de GE do escalão superior. As tropas blindadas operam em profundidade no campo de batalha e, normalmente, de forma isolada, a falta de elementos de GE diretamente subordinado dificulta o seu emprego nessa situação. 3.3.2. A Brigada de Infantaria Blindada De acordo com o manual de campanha do Exército Brasileiro C 7-30, Brigadas de Infantaria, 1ª edição de 1994, a Brigada de Infantaria Blindada (Bda Inf Bld) é uma grande unidade (GU) formada basicamente de unidades de infantaria blindada e possui como características principais a mobilidade, potência de fogo e relativa proteção blindada. Entretanto, após o PBEEx de 2003, essa brigada se tornou quaternária, com a mesma organização tanto de pessoal quanto de meios da Bda C Bld. Desta forma, é lícito supor que esse conceito do C 7-30, no tocante a brigada em questão, está ultrapassado, uma vez que ela passou a ser idêntica a GU de cavalaria blindada, possuindo, assim, as mesmas características e possibilidades52 deste grande comando. 3.3.2.1 Organização53 A Brigada de Infantaria Blindada é constituída pelos seguintes elementos: - Comando da Brigada; - 02 (dois) Batalhões de Infantaria Blindada; - 02 (dois) Regimentos de Carros de Combate; - 01 (um) Grupo de Artilharia de Campanha 155 mm Autopropulsado; - 01 (um) Batalhão de Engenharia de Combate Blindado; - 01 (um) Batalhão Logístico; - 01 (um) Esquadrão de Cavalaria Mecanizado; - 01(uma) Bateria de Artilharia Antiaérea; - 01 (uma) Companhia de Comunicações Blindada; e ____________ 52 Vide item 3.3.1 deste trabalho. 53 Igual a Bda C Bld - 01 Pelotão de Polícia do Exército. Em virtude de essa brigada ser completamente igual à Bda C Bld em sua organização tanto de pessoal quanto de material, não se entrará em maiores detalhes, para este trabalho não se tornar repetitivo. 3.4 DESDOBRAMENTO E AMBIENTE OPERACIONAL A 5ª Bda C Bld e a 6ª Bda Inf Bld constituem a reserva estratégica da Força Terrestre, estando assim desdobradas no território nacional: - 5ª Bda C Bld em Ponta Grossa – Paraná - 6ª Bda Inf Bld em Santa Maria – Rio Grande do Sul FIGURA Nr18 - DESDOBRAMENTO DAS BRIGADAS BLINDADAS (FONTE: O AUTOR) Em virtude do seu desdobramento, natureza e finalidade, estas brigadas possuem como ambiente operacional prioritário, regiões pouco movimentadas, com ampla capacidade de observação e campos de tiro profundos, sobretudo no Rio Grande do Sul, nos Pampas, estando essas brigadas, assim, mais vocacionadas a operar tanto na região Sul quanto na porção sul da região Centro-Oeste. É importante frisar que nessas regiões citadas há grande quantidade de cidades de pequeno e médio porte entre as sedes dessas brigadas blindadas e a fronteira terrestre do Brasil naquelas porções do território brasileiro. FIGURA Nr 19 - AMBIENTE OPERACIONAL (FONTE: MAJ MARTIM, 2008) No entanto, cabe salientar que além dessas áreas citadas existem outras, também de vital importância para o Brasil, e que possibilitam o emprego de blindados sobre lagartas. Na região Centro-Oeste, por exemplo, é viável o emprego de blindados fora das áreas alagadiças do Pantanal. Nesse local existe apenas um RCB54,que possui como CC principal o já obsoleto M-41. Além disso, segundo Bastos, 2009h, pesquisador de assuntos militares da Universidade Federal de Juiz de Fora, há no estado de Roraima uma grande área denominada de lavrado, cujo terreno é propício ao emprego de blindados e que, em razão da importância estratégica55 dessa região, justifica a criação de tropas blindadas nesse local. FIGURA Nr20 - TERRENO PROPÍCIO AO EMPREGO DE BLINDADOS - RORAIMA (FONTE: BASTOS, 2009a p. 2) ____________ O Regimento de Cavalaria Blindado é o elemento de choque da Brigada de Cavalaria Mecanizada, força de cobertura estratégica, e possui como elementos de manobra 02 (dois) esquadrões de carros de combate, dotado do CC M-41, e 02 (dois) esquadrões de fuzileiros blindados. 55 Região rica em recursos minerais e com demarcação de terras indígenas. 54 Os M-60 A3TTS poderiam constituir uma reserva estratégica ou serem enviados para Roraima, reforçando os meios blindados do Exército naquela sensível região, evitando-se assim serem descartados, pois ainda representam um forte fator dissuasório e existe pessoal devidamente qualificado para seu emprego, manutenção e uma cadeia de suprimentos que pode ser melhorada a um custo baixo.(BASTOS, 2009h, p.1) As regiões Sudeste e Nordeste, por seu turno, admitem o emprego de blindados com certas restrições. A admissão do seu emprego se justifica pela fisiografia favorável tanto na planície costeira, quanto nas bacias dos principais rios, Paraíba do Sul e São Francisco; e também pela grande importância sócioeconômica dessas regiões, que possuem as maiores concentrações urbanas do país, onde se destacam as indústrias e, sobretudo, metrópoles, como Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte. FIGURA Nr 21- TRECHO DO RIO SÃO FRANCISCO EM MINAS GERAIS (FONTE: http://pt.wikipedia.org, EM 02 DE ABRIL DE 2010) Ademais, observa-se que os principais conflitos armados recentes, como a 1ª Guerra do Golfo, a Guerra do Iraque, entre outros, se caracterizaram, sobretudo, pela rapidez das ações, pela curta duração e pelos combates em localidades. Desse modo, é lícito supor que devam existir tropas blindadas em locais estratégicos, como reserva estratégica, e em plenas condições operacionais para, caso haja necessidade, serem rapidamente empregadas, uma vez que a concentração de tropas dessa natureza demanda grande operação logística, cujo fator da decisão tempo é preponderante, dependendo, dessa maneira, das vias e meios de transporte existentes na região. Atualmente, não existem tropas blindadas nas regiões nordestes e sudeste, apenas mecanizadas56. ____________ 56 Nessas regiões, há o 13º RC Mec, a dois esquadrões de cavalaria mecanizada, mais vocacionado a missões de garantia da lei e da ordem, em Pirassununga-SP; o 10º Esqd C Mec em Recife-PE; e o 16º RC Mec em Bayeux –PB. A rapidez com que os conflitos tendem a acontecer e a importância de se ter tropas blindadas posicionadas em posições estratégicas pode ser notada nas citações abaixo. A atual doutrina de combate (EUA) chamada Ar-Terra, que possui quatro fases (Detecção, Fogos, Manobra/Concentração e Reconstituição), aonde o campo de batalha é estruturado tridimenssionalmente, importa, entre outras conseqüências, em uma guerra rápida, veloz e altamente letal e não admite combates desgastantes que sugam lentamente a capacidade econômica dos países contendores e não produzem efeitos imediatos. A Guerra do Golfo, das Malvinas/Falklands, Yom Kippur, Seis Dias e outras, são exemplos da rapidez com que os conflitos tendem a ser resolvidos. É interessante notar que exceto na Guerra das Malvinas/Falklands, os conflitos citados contaram, em sua parte terrestre, com ampla utilização de blindados. (ABREU, 2009, p.7) O desenvolvimento de armas químicas em grandes quantidades e a sua relativa facilidade de serem adquiridas por qualquer país da América do Sul e o seu conseqüente emprego por parte de um inimigo eventual só poderá ser anulada ou diminuída de forma eficaz com a utilização de tropas blindadas que se utilizam da proteção que a blindagem oferece e consequentemente podem manter o poder de combate em ambiente QBN. (ABREU,2009, p.7) Não é escopo desse trabalho, mas cabe destacar que o Brasil possui dimensões continentais e, no entanto, a sua integração, em relação à infra-estrutura, é realizada por via terrestre, sobretudo por via rodoviária. Não há, porém, restrições quanto ao deslocamento de blindados pelas principais estradas nacionais, uma vez que elas são de classe 70 e os blindados nacionais são da classe 44 (Leopard) e classe 55 (M60). As vias férreas, além de serem poucas, possuem problemas de diferença de bitola; já as aquáteis não são devidamente aproveitáveis, aumentando, assim, o problema logístico para o deslocamento de tropas blindadas. No deslocamento off-road (através campo), as VBC sobre lagartas se destacam, visto que elas possuem grande mobilidade tática, bem superior à das viaturas sobre rodas. Assim sendo, seu deslocamento por qualquer terreno é facilitado; no entanto, os cursos d’ águas não vadeáveis restringem o movimento, principalmente em relação às pontes de pequeno porte (classe menor que 44). Em virtude disso é fundamental o apoio à mobilidade prestada pela engenharia de combate blindada, com esse suporte as forças blindadas podem chegar com facilidade em qualquer parte do teatro de operações, favorável ao emprego de blindados, dentro do território nacional. Além disso, vale destacar que a Marinha do Brasil possui como meios da esquadra os seguintes Navios de Desembarque de Carros de Combate (NDCC): a. G28 – Mattoso Maia, que pode levar 500 ton. de viaturas; b. G25 – Almirante Sabóia, que pode transportar até 18 CC; c. G29 – Garcia D’Ávila, da mesma classe do G25; Esses navios podem auxiliar no deslocamento estratégico das forças blindadas, operando conjuntamente com a Força Terrestre. No entanto, há o deslocamento por vias terrestres das sedes das brigadas blindadas até o porto mais próximo e do porto de destino até o teatro de operações, que demanda grande trabalho logístico. FIGURA: Nr 22 – NDCC G29 (FONTE: Centro de Comunicação Social da Marinha) Obviamente, diferentes cenários apresentarão requisitos diferentes. Se a área em questão não tem acesso ao mar (que é o caso de mais de 35 países em todo o mundo), o transporte aéreo talvez se constitua na única opção para projeção de força. E se o inimigo dispõe de forças com preponderância de blindados (como ocorre com a maioria de exércitos com grandes efetivos), o emprego exclusivo de infantaria pára-quedista ou leve seria imperdoável. (WHELDEN,1993, p.59) Em referência a citação desse tenente-coronel norte-americano e analisando o território nacional não só em sua infra-estrutura viária, como nas suas dimensões, conclui-se, grosso modo, que há necessidade de se ter forças blindadas em áreas estratégicas seja para dissuasão, seja para seu emprego no âmbito da defesa nacional. 3.5 AS VIATURAS BLINDADAS 3.5.1 A Viatura Blindada de Combate Carro de Combate Leopard 1 A1 (VBC CC Leopard1 A1) A VBC CC Leopard 1 A1é de origem alemã, da 2ª geração pós-2ª GM, e começou a ser produzida na década de 70, sendo utilizada por 12 países, entre eles Alemanha e Canadá. No fim da década de 90 do século 20, esses CC foram adquiridos pelo EB para mobiliar os RCC. A Força Blindada, com essa aquisição, deu um salto tecnológico, que foi fundamental, principalmente, para a adaptação dos recursos humanos aos novos blindados, possuidores de sistemas computadorizados de condução de tiro, visão noturna e com a possibilidade do tiro em movimento. Esta VBC tem as seguintes características: TABELA 6 – VBC-CC Leopard 1 A1 57 Características - Guarnição 4 (quatro) homens: Cmt CC, At, Mot e Aux At - Peso / classe 40.000 kg em ordem de marcha; 36.900 kg vazio / 44 - Dimensões - Altura 2,62 (com Mtr na torre: 3,03) - Largura 3,25 m - Comprimento 8,17 com tubo ancorado 9,54 com tubo à frente - Distância do solo 0,44 m - Armamento Can 105 mm L7 A3; 1 (uma) Mtr Coax MAG M3 7,62 mm; 1 (uma) Mtr antiaérea MAG M2 de 7,62 mm e 8 (oito) Lç Fum de 76 mm - munições -105 mm: 60 tiros. - 7,62 mm: 4.600 tiros; (20 caixas de 230 tiros). - 76 mm (Lç Fum): 24 - Motor MB 838 C.A.M. 500; - Sistema de pontaria - Sistema Automático de Condução do Tiro (SACT) - blindagem - Aço, 70 mm (máximo), 10mm (mínimo) ____________ 57 Dados extraídos da IP 17-82: A Viatura Blindada de Combate- Carro de Combate Leopard 1 A1 1. ed. Brasília: EGGCF, 2000. Características - velocidade máxima 65 km/h - Rampa máxima 60 % (34º). - Inclinação lateral 30 % (18,5º). - degrau máximo 1,15 m. - Fosso 3 m; - Vau máximo - sem preparação: 1,20 m - São despendidos 5 (cinco) minutos para que a VBC fique em condições. - com preparação: 2,25 m - A preparação despende 30 min. - combustível 985 litros de óleo diesel (480 reservatório esquerdo + 475 reservatório direito + 30 tanque auxiliar) - consumo Autonomia: 450 km. Na estrada: 610 m/litro. Através campo: 330 m/litro (FONTE: O AUTOR) 3.5.2 A VBC CC M-60 A3 TTS FIGURA Nr 23 – M-60 A3 TTS (FONTE: http://www.ecsbdefesa.com.br) A VBC CC M-60 A3 TTS é de origem estadunidense, de 2ª geração pós-2ª GM, e foi adquirida para o Brasil em 1997. Ele é utilizado por 22 países (EUA, Israel, Arábia Saudita, entre outros) e já foi empregado em vários conflitos de média e alta intensidade, como a 1ª Guerra do Golfo. Esta versão é a mais moderna dessa família de MBTs, contando com visão termal (TTS) e moderno sistema computadorizado de condução de tiro, permitindo, desse modo, tanto o tiro noturno e com restrição de visibilidade quanto em movimento. A principal restrição do M-60 é o seu peso de cerca de 50 ton., uma vez que algumas pontes dentro do território nacional não suportam tal tonelagem. Atualmente, todas as VBC CC M60 A3 TTS serão transferidas para o Comando Militar do Oeste (CMO), sendo que as unidades que não forem selecionadas para mobiliar o 20ºRCB serão desfeitas pelo Parque Regional de Manutenção /9, sediado em Campo Grande – MS, para aproveitamento de componentes como suprimento de 2ª classe.58 59 TABELA 7 – VBC-CC M-60 A3 TTS Características - Guarnição 04 (quatro) (Cmt CC, At, Aux At e Motr) - Peso / classe 51.400 kg; classe: 55. - Dimensões altura.....................................................3,28 m largura...................................................3,62 m comprimento - com Can para trás.......8,25 m - com Can para frente....9,40 m Distância do solo...............................0,45 m - Armamento 01 (um) Can M68 de 105 mm; 01 (uma) Mtr Coaxial M240 de 7,62 mm; 01 (uma) Mtr M85 Cal .50, do Cmt CC; 02 (dois) Lançadores de Fumígenos modelo M239. - munições - 7,62mm........................................6.000 tiros - Cal.50..............................................900 tiros -CanM68(105mm)................................63 tiros - Granadas-de-mão.............................. 8 Gr M - Gr M239 SGLfumígenas.......................24 Gr - 12 nos lançadores laterais - 12 nos cofres laterais - Motor modelo AVDS-1790-2CA - Sistema de pontaria Computador balístico M-21 Visão termal; e ____________ 58 Segundo BRASIL, 2010. 59 Dados extraídos da IP 17-84. Características Telêmetro laser - velocidade máxima 48,3 km/h; - Rampa máxima 60% (30,5º) - Inclinação lateral 30% (16,5º) - degrau máximo 91 cm - Fosso 2,6 m - Vau máximo sem preparação: 1,2 m; com preparação: 2,4 m. - combustível 1.452,7 l de óleo diesel - autonomia 450 Km (FONTE: O AUTOR) Os carros de combate M60 A3 TTS, recebidos em 1997, e prejudicados pela indefinição de sua posterior permanência no Brasil, pois vieram em forma de leasing, empréstimo com opção de compra, aguardavam ansiosamente poder iniciar suas atividades. Esta situação foi superada, este ano, com a visita do Ministro da Defesa Geraldo Quintão à Washington e o acerto de que os carros ficarão definitivamente no Brasil. (DEFESA NET, 2000, p1) 3.5.3 A VBC CC Leopard 1 A5 O Leopard 1 A5 de origem alemã, que está sendo adquirido para o Brasil, é a versão mais moderna da versão 1, fabricado no final da década de oitenta do século 20, possuindo como diferencial, além de outros equipamentos, o sistema de condução de tiro EMES 18. Este MBT pode combater a noite e com restrição de visibilidade60 e, também, atirar em movimento. Além disso, esse CC possui uma blindagem resistente aos efeitos das munições de carga oca. A versão 1 A5 adquirida é a versão mais moderna da família Leopard 1, com sistema de controle de tiro EMES 18, visão noturna ampliada para atirador e comandante do carro, blindagem reforçada na torre, suspensão reforçada e capaz de atirar munições mais potentes que a versão A1, inclusive munição do tipo APFSDS capaz de penetrar em praticamente todos os tipos de blindagens atualmente em uso. (BASTOS, 2009f, p2) Esse CC, não obstante sua grande tecnologia embarcada, é da 2ª geração do pós-2ª GM. Ele não possui os recursos das modernas plataformas de combate de 3ª e 4ª gerações, levando grande desvantagem no combate blindado com essas plataformas. Além disso, cabe salientar que esses Leopard 1 A5 alemães são de um ____________ 60 Possui visão termal. lote de fabricação anterior ao do Leopard 1 A1 brasileiro, que foi repotencializado pela Bélgica. Assim, pode-se deduzir que eles, da mesma forma que o seu antecessor, terá um ciclo de vida de aproximadamente 15 anos, ou seja, a Força Terrestre terá um CC ultrapassado até cerca do ano de 2025. TABELA 8 – VBC-CC Leopard 1 A5 61 Características - Guarnição 4 homens (Cmt, At, Aux At e Mot) - Peso / classe 42.5 Ton / 44 - Dimensões - Altura 2,62 (com Mtr na torre: 3,03) - Largura 3,37 m - Comprimento 8,17 com tubo ancorado 9,54 com tubo à frente - Distância do solo 0,44 m - Armamento canhão L-7 A3 de 105 mm Mtr MAG coaxial 7.62 mm; Mtr MAG AAe 7.62mm - munições APFSDS; APDS; HESH; HEP; HEAT e SMOKE. - Motor MTU MB 838 CaM-500 -Sist. pontaria - Krupp-Atlas Elektronik EMES-18 - blindagem Aço, 70 mm (máximo), 10mm (mínimo) - ampliada na torre, escudo e cesto; - Vel. máxima 65 Km/h - Rampa máxima 60 % (34º). - 30 % (18,5º). Inclinação lateral - degrau máximo 1,15 m. - Fosso 3 m; - Vau máximo sem preparação: 1,20 m com preparação: 2,25 m - combustível 985 litros de diesel - autonomia 600 Km (estrada) 325 Km (campo) (FONTE: O AUTOR) 3.5.4 A VBC CC M-41 A VBC CC M-41 é de origem estadunidense e foi incorporada ao Exército Brasileiro em agosto de 1960. Atualmente, este CC é considerado obsoleto quando ____________ 61 Dados obtidos na palestra do CIBld em 2006. comparado às novas MBTs, pois é um CC médio fabricado antes da década de 50 do século 20, sem grandes recursos tecnológicos; no entanto, na sua versão repotencializada62 continua prestando serviço ao Exército Basileiro, integrando, ainda, os RCB das Brigadas de Cavalaria Blindadas63. Na América do Sul, além do Brasil, somente o Uruguai utiliza essa VBC. TABELA 9 – VBC-CC M-41 C 64 Características - Guarnição 4 homens (Cmt, At, Aux At e Mot) - Peso / classe 25 Ton / classe 24 - Armamento canhão de 90mm Mtr MAG coaxial 7.62 mm; Mtr AAe .50 - munições HE e HEAT. - Motor Scania DS14, V8 turbinado, - Sistema de pontaria -Luneta de pontaria - velocidade máxima 70 Km/h - Rampa máxima 68% - Inclinação lateral 30% - degrau máximo 0,71 m - Fosso 1,82m - combustível 550litros de diesel - autonomia 550 Km (estrada) (FONTE: O AUTOR) 3.5.5 A VBTP M-113B A VBTP M-113 é uma viatura anfíbia65 de origem estadunidense e foi adquirida pelo Brasil nos anos 60 da década de 20, sendo repotencializada nos anos 80. Hoje, esta viatura, em virtude da sua versatilidade de emprego, mobilia todas as unidades blindadas do Brasil, seja como viatura de transporte de fuzileiros, seja em apoio ao combate, utilizada, normalmente, como Posto de Comando (PC), saúde, manutenção, entre outras funções. ____________ 62 O M-41 foi repotencializado pela Bernardini S.A. na década de 1980, pasando a versão M-41 C. 63 Os M-41 em serviço serão desativados e substitídos pelos Leopard 1 A1, tendo em vista a chegada dos Leopard 1 A5 (BRASIL, 2010) 64 Dados extraídos de Souza 2009. 65 Capacidade anfíbia limitada para transpor pequenos cursos de água com correnteza cuja velocidade seja menor do que 1,5 m/s. Atualmente, o M-113 é amplamente utilizado por diversos países, inclusive pelos EUA, sobretudo como viatura de transporte de pessoal e de apoio. Não é comum, todavia, nos principais exércitos do mundo, a utilização desta como Viatura Blindada de Combate de Infantaria (VBCI), porém é assim que ela é empregada no Brasil. Essa restrição de uso se dá especialmente pelas características da sua fraca blindagem (duralumínio), da falta de instrumentos de visão noturna e do seu armamento principal, que é uma Mtr .50, pouco eficaz contra as VBCI em uso pelos exércitos da atualidade, reduzindo, assim, as possibilidades de sobrevivência da guarnição desse blindado em um combate embarcado, além dessa VBTP não conseguir acompanhar os MBT do Brasil no deslocamento através campo66. Destaca-se, porém, que a Força Terrestre está modernizando sua frota de M11367, trocando o conjunto de força68 e acrescentando instrumento de visão noturna para o motorista, bem como modernizando o sistema de comunicações. Porém, tais modernizações não trarão vantagens substanciais na sua doutrina de emprego, permanecendo, assim, suas restrições em operações de combate blindado, sobretudo em FT acompanhando MBT. TABELA 10 – VBTP M-113 B 69 Características - Guarnição 3 homens ( At, Rd Op e Mot) com capacidade média de transporte de 02 Grupos de Combate (GC) - Peso / classe 12,3 Ton / classe 11 - Armamento Mtr .50 - Motor Mercedez-Benz OM 352 A -velocidade Máx 66 Km/h - Rampa máxima 60% - 30% Inclinação lateral - degrau 0,60 m máximo - Fosso 1,65 m - combustível 550litros de diesel - autonomia 480 Km (estrada) (FONTE: O AUTOR) ____________ 66 Dado obtido por experiência própria como comandante de FT na Operação Agulhas Negras, 2001. 67 de acordo com a palestra do Gen Fernando, Chefe do estado maior do Exército, à ECEME em 2010. 68 Motor, caixa de transmissão e trens de rolamento 69 Dados extraídos de SOUZA, 2009. 3.5.7 Viaturas Blindadas Especializadas 3.5.7.1 Viatura Blindada Especializada Socorro M578 FIGURA Nr 24- VBE SOCORRO M578 (FONTE: http://www.defesanet.com.br/noticia/osorioentro/foto8.jpg) A Viatura Blindada Especializada Socorro M578 (VBE M578) é de origem estadunidense e chegou ao Brasil na década de 1970. Essa VBE é orgânica dos Pelotões de Manutenção dos B Log, RCC e BIB e serve para prestar apoio de manutenção e reboque, sobretudo às VBTP M113. 3.5.7.2 Viatura Blindada Especializada Socorro - Berg Panzer (VBE Soc BERG PANZER) A VBE Soc BERG PANZER, de origem belga, é uma viatura de apoio às operações em campanha da VBC CC Leopard. Ela é um veículo blindado de perfil baixo e com o chassi do CC leopard. O seu principal emprego é o de reparação em campanha, possuindo para isso um guincho com capacidade de tração de 35 t e de elevação de 20 t. 3.5.7.2 Viatura Blindada Especializada Socorro LEOPARD A1 SABIEX (VBE Soc LEOPARD A1 SABIEX) FIGURA Nr 25 - VBE Soc LEOPARD A1 SABIEX (FONTE: http://www.defesanet.com.br/imagens/defesanet/rv/leopard/foto5.jpg) A VBE Soc LEOPARD A1 SABIEX possui características similares a VBE Soc BERG PANZER. Esse veículo blindado é de origem belga, seu chassi é da VBC Leopard e ele é utilizado em apoio às operações em campanha da VBC dessa família de blindados. O seu principal emprego é o de reparação em campanha, possuindo para isso um guincho com capacidade de tração de 35 t e de elevação de 20 t. Essa VBE possui, ainda, uma metralhadora .50 M2 como armamento primário. 3.6 PREPARO E EMPREGO A preparação do combatente blindado é realizada por intermédio da instrução militar, que é regulada pelo Sistema de Instrução Militar do Exército Brasileiro (SIMEB), que, por sua vez, é coordenado pelo Comando de Operações Terrestres (COTER). Para se entender tal preparação, é necessário compreender os conceitos citados a seguir. A Instrução Militar (IM) é a parte do preparo militar de caráter predominantemente prático, que visa a formação do líder, em todo os escalões, à capacitação dos combatentes e ao adestramento das U e GU. Deve permitir o cumprimento de todos os objetivos previstos na Política de Instrução Militar, constantes da Política Militar Terrestre. (SIMEB, 2009,p 13) A operacionalidade é a capacidade que uma OM operacional ou GU adquire para atuar como um todo integrado, a fim de cumprir as missões previstas em sua base doutrinária e inerentes à sua natureza e escalão, para as quais foi organizada, dotada de pessoal, instruída, adestrada e equipada. A operacionalidade da F Ter é um dos fatores fundamentais para a estratégia da dissuasão. .(Ibidem, p 1-4) Adestramento é o conjunto de atividades realizadas para desenvolver ou treinar capacidades individuais ou coletivas que contribuirão para que uma OM atinja a condição de participar de Operações Militares.(Ibidem,p 1-4) O ano de instrução, período de tempo equivalente a incorporação e a desincorporação do efetivo variável de uma OM, compreendem os períodos de instrução individual, esse subdividido em período básico e de qualificação, e período de adestramento. O combatente blindado permeará todos esses períodos de instrução, objetivando não só sua capacitação individual, mas também a sua operacionalidade. Com o advento dos CC Leopard 1 A1 e M60 A3 TTS houve um grande salto tecnológico nas tropas blindadas brasileiras, sobretudo nos RCC, haja vista a incorporação de equipamentos modernos e computadorizados, que proporcionaram novas possibilidades a essa força, como atirar em movimento, a distâncias mais longas70 e com restrição de visibilidade, acarretando, dessa maneira, a necessidade de se ter soldados mais instruídos e de preferência do efetivo profissional, para operar esses CC. Dessa maneira, é lícito supor que não se deve permitir a operação e o manejo de modernas e custosas plataformas de combate por militares recém incorporados as fileiras do Exército Brasileiro, não só para segurança do material, como para segurança do pessoal71. Naquela mesma época, como dito anteriormente, foi criado o CIBld, cuja missão precípua é “Planejar e conduzir cursos e estágios, presenciais e à distância, destinados à especialização e extensão de oficiais e sargentos ocupantes de cargos e funções em OM blindadas/mecanizadas e EE da Força Terrestre”.72 Esse centro de instrução, localizado na cidade de Santa Maria-RS, realiza anualmente estágios técnicos e táticos de blindados, visando melhor preparar os recursos humanos, no universo de oficiais e sargentos, das tropas blindadas.Os cabos e soldados, entretanto, são instruídos nas próprias OM blindadas. Nessa formação do combatente blindado pós-CC Leopard e M60, houve alguns problemas, que permanecem até hoje. Alguns oficiais e sargentos de cavalaria recém-egressos das escolas de formação foram classificados nos RCC sem estarem habilitados a operarem esses veículos, ocasionando, dessa maneira, ____________ 70 Passou a engajar alvos a 4 km; antes engajava a 2km. 71 Por exemplo, o giro da torre dessas MBT, quando da estabilização ativa, pode arrancar um membro do corpo humano, face a negligência ou imperícia da guarnição. O feixe laser do telêmetro do CC Leopard pode cegar um ser humano. 72 Do sítio do CIBld na rede mundial de computadores. claros nas SU dessas OM73, visto que esses militares, normalmente, são designados comandantes de pelotão de carros de combate (oficiais) e comandantes de carros de combate (sargentos). Isso, somado aos soldados do efetivo variável74 que fazem parte da guarnição desses blindados, acarretou sérios problemas de manutenção e de capacidade operacional nestas OM. Um dos reflexos desse problema foi o alto índice de indisponibilidade nessas VBC.75 Hoje, esse problema na formação do pessoal foi parcialmente resolvido76; no entanto, ele permanece não só para os oficiais recém-egressos de escola de formação, sobretudo para os oficiais temporários advindos dos Centros de Preparação de Oficiais da Reserva (CPOR) e dos Núcleos de Preparação de Oficiais da Reserva (NPOR), mas também para os sargentos recém-egressos da Escola de Sargentos das Armas (EsSA), os quais só tem instrução acerca da cavalaria mecanizada. O CIBld, por seu turno, não comporta grandes efetivos em seus estágios técnicos e táticos, não atendendo, assim, a demanda de especialização necessária às tropas blindadas, o que reduz consideravelmente a capacidade operacional dessas tropas . Há ainda a questão do percentual de soldados, do efetivo variável e do efetivo profissional, necessários ás tropas blindadas, em especial nos RCC. Os CC Leopard 1 A1 e M60, como já dito, necessitam de guarnições especializadas e experientes de modo a manter um nível adequado de operacionalidade. Com o advento dos Leopard 1 A5 essa necessidade cresce de importância. Em razão disso observa-se a necessidade de se rever tais percentuais, de sorte a aumentar o efetivo profissional de cabos e soldados e, em conseqüência, reduzir o efetivo variável nesses regimentos. No Exército Brasileiro (EB), só em 1996 foi criado o Centro de Instrução de Blindados (CIBld), que tem como missão capacitar oficiais e sargentos a empregar os meios blindados de que dispõe o EB, o que de fato ainda não é suficiente, pois com a aquisição dos CC M60 A3 TTS, dos Leopard 1A1 e ____________ 73 Em virtude das características técnicas e por motivo de segurança pessoal e do material os militares não habilitados ficam impedidos de operarem os CC Leopard 1 e M60. 74 Os soldados do efetivo variável, após o período individual de qualificação, estão aptos, dentro da sua qualificação militar, a operar os CC em questão; porém, não é o ideal, uma vez que as VBC possuem instrumentos eletro-eletrônicos de elevado custo e de difícil aquisição, que danificados indisponibilizam tais veículos. 75 É importante frisar que o problema de indisponibilidade dos CC em tela foi, também, um problema de logística e não faz parte do escopo desse trabalho, e que esses dados foram obtidos por experiência própria, por ter operado essas VBC. 76 Os cadetes de cavalaria da AMAN já recebem instrução de CC Leopard 1 A1. recentemente os Leopard 1A5, viaturas dotadas de sistemas complexos de condução de tiro que só serão realmente precisos se todos os seus componentes estiverem perfeitamente ajustados, para que sejam empregados com extrema exatidão por guarnições muito bem adestradas. Torna-se cada vez mais imprescindível que as OM blindadas possuam militares, combatentes experientes e com um conhecimento mais aprofundado, legítimos “Mestres de Tiro”,... . Enfim, ser um grande especialista.(CRUZ, 2007) . Em se considerando a guarnição blindada do CC Leopard como de difícil e custosa formação, há a necessidade de serem, tanto o motorista quanto o atirador, militares mais experientes, a fim de manter não só a manutenção do CC, mas também sua capacidade operacional. Não se deve esquecer, portanto, da problemática para a mobilização de tais recursos humanos, haja vista que formar militares dessa qualificação em questão demanda longo tempo, recursos financeiros e CC disponíveis para esse intento. A capacitação operacional é o processo de preparação de uma OM ou GU, de modo que ela atinja a necessária prontidão operacional para o emprego em operações reais. A capacitação operacional de um OM ou GU está relacionada com sua estrutura organizacional, com a situação de seus efetivos, de seu material e,principalmente, com o nível de adestramento em que ela se encontra... A capacitação operacional, avaliada pelo 77 SISTAVOP , é desdobrada em níveis de operacionalidade. (COTER, 2009) FIGURA Nr26 - NÍVEIS DE OPERACIONALIDADE (FONTE: O AUTOR) ____________ Sistema de Avaliação da Operacionalidade (SISTAVOP). 77 Atualmente, para otimizar a formação da guarnição de CC, reduzindo o consumo de combustível, preservando o CC, e adestrando com mais eficiência os combatentes blindados, foram adquiridos, juntamente com os Leopard 1 A5, 01 (um) conjunto de simulador tipo cabine (nível pelotão), previsto para o CIBld e 04 (quatro) conjuntos de simuladores portáteis , 01 (um) por RCC78. Não obstante a melhora que será obtida no preparo das tropas blindadas com a aquisição desses simuladores, observa-se que a quantidade apresentada é insuficiente, não contemplando, assim, os RCC com um conjunto de simulador tipo cabine, nem os RCB com simuladores portáteis, visto que estas OM de cavalaria blindada receberão os Leopard 1 A1. Além dos simuladores, foram adquiridos, para as brigadas blindadas, 05 (cinco) torres didáticas do Leopard 1 A5, valioso meio auxiliar de instrução para o comandante, atirador CC e auxiliar do atirador, utilizando-se do telêmetro laser e de munição sub calibre, proporcionando um melhor adestramento com custo reduzido, uma vez que não se utiliza a munição 105 mm para o canhão do CC. “O Exército chileno ressaltou a importância da simulação na preparação e adestramento da tropa, o que pode ser percebido na quantidade de horas aplicadas a esse tipo de instrução, contemplada com cerca de 60% da carga horária. Somente os melhores atiradores e motoristas têm acesso à VBC. Os atiradores só realizam o tiro real se forem aprovados em todas as fases da simulação.”(FACHINA JR, 2008) Todos esses simuladores visam só à qualificação do combatente blindado. Além disso, é preciso adestrar, também, as frações blindadas por meio de simuladores, para não somente preservar os MEM e reduzir os custos com combustível e manutenção, mas também capacitar operacionalmente essas tropas. Para isso, existem os Dispositivos de Simulação para Engajamento Tático (DSET) para CC. Simuladores esses que permitem às guarnições blindadas se adestrarem em todas as partes do tiro, do engajamento de alvos (VBC, viaturas leves ou tropas) à correção do tiro, bem como na simulação de minas anticarro e de granadas de artilharia, dando mais realismo ao preparo da tropa. Todavia, o DSET para CC não foi adquirido pelo EB. ____________ 78 Dados do Projeto Leopard 1. Brasília, DF, 2008. . ““Os DSET enviam – em tempo real – os sinais de que os alvos foram atingidos e os graus de dano impostos pelo fogo, para uma central de controle informatizada. Esta central grava os dados e gera um relatório que, uma vez analisado, será objeto de análise pós-ação. Desta forma, os DSET retiram o critério pessoal do avaliador e passam a informar dados similares aos que poderão acontecer em um conflito real. Estes sinais são transmitidos por freqüências de rádio e os alcances estão relacionados com o tipo de antena utilizado. (SAMPAIO, 2009) Outra questão importante relacionada ao preparo das tropas blindadas está diretamente relacionada com o tipo de emprego de forças dessa natureza. Normalmente, os elementos de manobra das GU blindadas (RCC ou BIB) são empregados na forma de FT79, o que amplia a suas capacidades de combate e as suas possibilidades operacionais, isso em consonância não só com o manual de campanha FORÇAS-TAREFAS BLINDADAS, C 17-20, de 2002, mas também com o que preconiza a Doutrina Delta. Porém, na atual organização da Força Terrestre, somente os RCB das brigadas de cavalaria mecanizada possuem tanto esquadrões de carros quanto de fuzileiros na sua estrutura organizacional. A organização dos RCB permite a essa OM adestrar suas SU, compondo FT em todo período de instrução de adestramento, aumentando assim seu nível operacional, bem como atendendo ao princípio da manutenção de laços tático80 e, também, reduzindo problemas logísticos e operacionais advindos da composição de FT por Unidades distintas. Já a organização dos RCC, só com esquadrões de carros de combate, e a dos BIB, só com companhias de fuzileiros, trás complicações de ordem logística, de instrução e operacional.81 Por fim, cabe ressaltar que atualmente o combate urbano é uma tendência do combate moderno, haja vista o crescimento demográfico mundial e a crescente urbanização decorrente disso. A 2ª Guerra do Golfo e os conflitos na Faixa de Gaza são exemplos recentes de conflitos armados em localidades com largo emprego de tropas blindadas. Como visto anteriormente, não só no entorno das sedes das brigadas blindadas, como em grande parte do território nacional, com exceção da Amazônia, existem várias localidades de médio e de grande porte. Por isso não é racional pensar no emprego da Força Terrestre em AOC sem pensar em combate urbano com a larga utilização de blindados. ____________ 79 No ano de 2009, a maioria dos problemas militares apresentados na ECEME, utilizando OM blindadas, empregava essas unidades na forma de FT. 80 Princípio geral do emprego que preconiza a conveniência de um mesmo elemento ser designado para apoiar uma mesma força. 81 Fato constatado pelo autor que serviu tanto em RCB (6º RCB – anos de 2002 e 2003),observando os benefícios dessa organização, quanto em RCC (1º RCC e 2º RCC). Segundo Jonh Keegan em seu livro A Guerra do Iraque, edição de 2005, o exército dos EUA, na contra-mão do senso comum e da própria doutrina norteamericana, utilizou uma brigada blindada para combater em Bagdá, com um regimento de carros de combate Abrams liderando o movimento, mantendo seu poder de choque e imprimindo grande velocidade na ação. As citações abaixo apresenta a organização dessa brigada, bem como ressalta a importância do combate blindado em ambiente urbano. “A 2ª Brigada foi organizada com o 3º Batalhão do 15º Regimento de Infantaria, dotado de VBC Fuz Bradley; o 1º e 4º Batalhões do 64º Regimento Blindado, dotados de CC Abrams, o Esquadrão E do 9º Regimento de Cavalaria Blindado, dotado de CC Abrams e VBC Fuz Bradley e o 1º Batalhão do 9º Regimento de Artilharia de Campanha, com VBC Obus M 109. Com essa organização, é possível identificar que a brigada era forte em carro de combate.”(MESQUITA, 2010c) “Urban combat is also an armor fight. Tank support of Infantry was a key element in many recent urban battles. Tanks act best as assault guns to reduce strongpoints. The use of armored vehicles has only been effective when they have been protected by Infantry. Lack of infantry to protect armored forces leads to disaster on restricted urban terrain.” (FM 3-06,2002, p 2-18). “O combate urbano também é um combate blindado. O apoio dos carros de combate à Infantaria foi o elemento chave nas diversas e recentes batalhas urbanas. Carros de combate atuam melhor como armas de assalto para reduzir os pontos fortes. O uso de veículos blindados tem sido efetivo somente quando tem havido a proteção da Infantaria. Pouca Infantaria para a proteção das forças blindadas conduz ao desastre no restrito terreno urbano”. A citação acima mostra o pensamento do exército dos EUA no que concerne ao emprego de blindados no combate urbano, sobretudo após o fracasso em Mogadíscio, onde tropas norte-americanas compostas de Rangers e Delta Forces, isto é de infantaria leve, foram cercadas e quase destruídas por somalis. “A coluna blindada tem distintas vantagens sobre as forças leves de Rangers e Delta Forces que conduziram o ataque em Mogadíscio” (ZUCCHINO. 2004, p. 74). As forças blindadas possuem distintas vantagens no combate urbano, sobretudo quando empregadas na forma de FT, isso a luz dos fatores da decisão82. A proteção blindada; mobilidade; modernos equipamentos de condução de tiro que lhe dá letalidade e precisão, e potência de fogo são características que somadas ao ____________ 82 Missão, inimigo, terreno, meios e tempo. emprego de fuzileiros blindados proporcionam grande poder de combate a essa tropa nos conflitos em áreas edificadas A par de tudo o que foi abordado acerca do combate urbano, o Exército Brasileiro ainda preconiza em sua doutrina o grande emprego de infantaria a pé nesse tipo de conflito. No entanto, é lícito supor a necessidade se rever tal conceito, bem como de se adestrar as tropas blindadas em combate urbano, além da necessidade de confecção de um manual de campanha abordando esse tipo de emprego. A Força Terrestre já possui experiência em conflitos urbanos de baixa intensidade em território extracontinental, que é o caso do BRABAT na MINUSTAH, por meio de um esquadrão de fuzileiros com meios mecanizados, mas é necessário o preparo para o emprego em um possível conflito urbano de alta intensidade83, haja vista a importância do Brasil no cenário mundial conjugado com as incertezas do combate moderno. 3.7 CONCLUSÃO PARCIAL Da análise do cenário nacional, infere-se parcialmente que as forças blindadas brasileiras, escopo desse trabalho, resumem-se a duas brigadas quaternárias: a 5ª Bda Cav Bld em Ponta Grossa - PR e a 6ª Bda Inf Bld em Santa Maria – RS. A evolução dessas tropas teve seu primeiro ápice na década de 90 do século 20, não só com a aquisição das primeiras MBT, os CC Leopard 1A1 e M60 A3 TT, mas também com a criação do CIBld, dando, assim, um grande salto tecnológico. Em relação às viaturas blindadas, a Força Terrestre está adquirindo 250 VBC CC Leopard1 A5, viaturas da 2ª geração intermediária da 2ª geração pós-2ª GM, para mobiliar os RCC. Esses carros, em razão do seu ciclo de vida, devem durar até 2025. Desse modo, teremos um CC de 2ª geração como MBT da força blindada do Exército Brasileiro por mais 15 anos, permanecendo com um hiato tecnológico de cerca de 40 anos em relação aos principais exércitos do mundo, haja vista eles não só possuírem VBC-CC de última geração (4ª geração pós-2ª GM), mas também planejarem a fabricação de um CC de 5ª geração, os Future Main Battle Tank (FMBT)84. ____________ 83 Os meios blindados sobre lagartas são amplamente empregados em combates urbanos de alta intensidade,em razão da letalidade dos armamentos empregados. 84 Vide o 1º capítulo, o Combate Moderno. Observa-se que há a necessidade de se adquirir VBCI para os BIB, pois as VBTP M113 B, mesmo com modernização, são impróprias para o fim a que se destinam como viatura de combate. Para as unidades de apoio ao combate foram adquiridas viaturas blindadas de engenharia e viaturas blindadas lançadoras de pontes, com plataforma do CC Leopard, não sendo contempladas viaturas blindadas para os outros sistemas operacionais. O caso da artilharia antiaérea pode ser considerado o mais problemático, visto que os Can 40mm Bofors, tracionados por caminhões, não possuem a mobilidade adequada para acompanhar uma tropa de natureza blindada. Percebe-se que o Brasil, nas décadas de 70 e 80 do século 20, possuía uma forte indústria de defesa, que projetou e produziu protótipos de carros de 2ª geração, o MB 3 Tamoyo, similar ao Leopard 1 A5, e de 3ª geração, o EE-T1 Osório de 3ª geração; no entanto, hoje o País depende da indústria internacional para suprir suas tropas blindadas. Nota-se, ainda, que o preparo e o emprego das tropas blindadas esbarram na qualificação dos seus recursos humanos, sobretudo por causa da aquisição de carros de combate com grande tecnologia embarcada, os quais necessitam de uma maior especialização técnica para que suas guarnições estejam habilitadas a operálos e, também, uma tática para que os sargentos e oficiais estejam aptos a comandar frações blindadas em operações. A par disso, verifica-se que há a necessidade de mudança do QCP, especialmente dos RCC e RCB, aumentando o efetivo do núcleo-base, para evitar que militares do efetivo variável manejem CC modernos e de alto custo, o que dessa forma reduziria a possibilidade de dano ao material e, da mesma maneira, de acidentes com pessoal. Verifica-se, também, que a organização das OM diretamente subordinadas às brigadas blindadas, em especial os RCC e BIB, deveriam ter suas organizações alteradas. Os RCC e os BIB passariam a ter 02 (dois) esquadrões de carros e 02 (duas) companhias de fuzileiros na sua composição, comandados respectivamente por cavalarianos e infantes, o que aperfeiçoaria o emprego dessas frações, tanto operacionalmente quanto logisticamente. Ademais, infere-se que o combate em localidade, o qual aumentou de importância nos conflitos recentes, também é um combate blindado. Dessa forma verifica-se à necessidade de revisar a doutrina de combate em localidade vigente na Força Terrestre, bem como viabilizar o adestramento no combate urbano. Por fim, pode-se concluir parcialmente que as forças blindadas brasileiras possuem as seguintes deficiências: - Faltam recursos humanos especializados para dotarem as brigadas blindadas de efetiva capacidade operacional; - Grande dificuldade de operar a noite conforme preconiza a Doutrina Delta, , sobretudo por causa das VBTP dos BIB; - MBT de 2ª geração (“gap” tecnológico); - Falta uma VBCI para mobiliar os BIB; - Inexistência de brigadas blindadas em algumas regiões do país, privando-as da ação de choque, proteção blindada e de uma eficaz estratégia de dissuasão prestada por essas forças; - A dependência de meios de guerra eletrônica do escalão superior, dificultando a operação das brigadas blindadas de forma isolada, sem estar enquadrada por nenhum grande comando operacional; - Não estar vocacionada e nem preparada para atuar no combate urbano; - Faltam de Dispositivos de Simulação para Engajamento Tático (DSET) para o adestramento das guarnições de CC. - Há a necessidade conjuntos de simulador tipo cabine para os RCC e RCB, bem como de simuladores portáteis para os RCB; - Grande dificuldade para a reposição e aquisição de novas viaturas blindadas, haja vista não se fabricarem VBC no Brasil atualmente; e - Dependência do comércio exterior para a aquisição de munição para os CC Leopard e M-60. 4 FORÇAS BLINDADAS DE OUTROS EXÉRCITOS 4.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS Neste estudo, as forças blindadas estão definidas como aquelas que possuem viaturas blindadas sobre lagartas em quase a totalidade dos seus meios. Essa informação é importante, uma vez que alguns exércitos tratam como tropas blindadas, também, aquelas que em sua organização possuem essencialmente viaturas blindadas sobre rodas, ou seja, mecanizadas, as quais não serviriam ao propósito deste trabalho, que visa unicamente aos meios blindados sobre lagartas. Assim, nesta seção serão abordadas as tropas blindadas dos principais exércitos da América do Sul, pela importância estratégica para o Brasil; dos EUA, como referência em termos de força blindada que atuou em conflitos blindados recentes; e da Alemanha, por possuir como VBC principal do seu exército o CC Leopard, o mesmo do Brasil; todos elas a fim de servirem como parâmetro de comparação com as forças blindadas brasileiras. 4.2 FORÇAS BLINDADAS DO EXÉRCITO ARGENTINO O Exército da Argentina possui (02) duas brigadas blindadas a “I” e a “II”. A organização dessas tropas é a seguinte: a. Brigada Blindada I (Br Bl I) - Comando da 1ª Brigada Blindada - "Brigadier General Martín Rodríguez" (Cdo Br Bl I) – sediada em Tandil. - Regimiento de Caballería de Tanques 2 "Lanceros General Paz" (R C Tan 2) – sediado em Olavarría - Regimiento de Caballería de Tanques 8 "Cazadores General Necochea" (R C Tan 8) - Magdalena - Regimiento de Caballería de Tanques 10 "Húsares de Pueyrredón" (R C Tan 10) – sediado em Azul - Regimiento de Infantería Mecanizado 7 "Coronel Conde" (R I Mec 7) Arana - Grupo de Artillería Blindado 1 "Coronel Chilavert" (G A Bl 1) – com sede em Azul - Escuadrón de Exploración de Caballería Blindado 1 (Esc Expl C BL 1) – Arana - Escuadrón de Ingenieros Blindado 1 (Esc Ing Bl 1) – com sede em Olavarría - Escuadrón de Comunicaciones Blindado 1 (Esc Com Bl 1) – Tandil - Compañía de Inteligencia 1 (Ca Icia 1) – com sede em Tandil - Base de Apoyo logístico "Tandil" / CA SAN (BAL TANDIL/CA SAN (Bs As) - com sede em Tandil b. Brigada Blindada II (Br Bl II) - Comando da 2ª Brigada Blindada - “General Justo José de Urquiza” (Cdo Br Bl II) – sediada no Paraná; - Regimiento de Caballería de Tanques 1 "Coronel Brandsen" (R C Tan 1) – Villaguay - Regimiento de Caballería de Tanques 6 - Escuela "Blandengues"85 (R C Tan 6) - Concordia - Regimiento de Caballería de Tanques 7 "Coraceros Cnl. Ramón Estomba" (R C Tan 7) - Chajarí - Regimiento de Caballería de Tanques 12 "Dragones Coronel Zelaya" (R C Tan 12) – Gualeguaychú - Regimiento de Infantería Mecanizado 5 (R I Mec 5) – Villaguay - Grupo de Artillería Blindado 2 (G A Bl 2) - Rosario del Tala - Batallón de Ingenieros Blindado 2 (B Ing Bl 2) - Concepción del Uruguay - Compañía de Inteligencia 2 (Ca Icia 2) - Escuadrón de Comunicaciones Blindado 2 (Esc Com Bl 2) – Paraná - Sección Aviación de Ejército 2 (Sec Av Ej 2) - Paraná - Base de Apoyo Logístico "PARANÁ" (BAL "Paraná") - Paraná - Base de Apoyo Logístico "Curuzú Cuatiá" (BAL "Curuzú Cuatiá) - Curuzú Cuatiá 4.2.1 Elementos de Manobra das Brigadas Blindadas FIGURA Nr 27- TANQUE ARGENTINO MÉDIO (TAM) (FONTE:http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/6/6d/TAM_snorkel.JPG/250px-TAM_snorkel.JPG) ____________ 85 Também é a Escola de Cavalaria. 4.2.1.2 Regimiento de Caballería de Tanques O Regimiento de Caballería de Tanques (R C Tan) possuem cerca de 50 CC e veículos blindados e é organizado a 03 (três) esquadrões de cavalaria de tanques e 01 (um) esquadrão de comando e apoio. O exército argentino possui 07 (sete) R C Tan: - R C Tan 1; - R C Tan 2; - R C Tan 6; - R C Tan 7; - R C Tan 8; - R C Tan 10; e - R C Tan 12. As suas principais VBC são: - CC Tanque Argentino Médio (TAM)86, de 2ª geração (1ª geração intermediária)87; - Antitanque SK 10588; - CC AMX 13 / AMX Mk-F189; 4.2.1.3 Regimiento de Infantería Mecanizado (R I Mec) O RI Mec e a principal tropa de infantaria da brigada blindada argentina, ele é organizado a 3 (três) companhias de fuzileiro mecanizada e 1(uma) companhia de comando e apoio. As principais viaturas blindadas dessa OM são estas: - TAM – Viatura de Combate de Infantaria (VCI); - AMX-13 - Viatura de Combate de Infantaria (VCI); 4.2.1.4 Escuadrón de Exploración de Caballería Blindado (Esc Expl C BL) ____________ 86 O VBC CC TAM possui outras variantes, como Viatura de Combate de Artilharia (VCA), Viatura de Combate de Infantaria (VCI), Viatura de Combate Posto de Comando (VCPC), Viatura de Combate de Transporte de Morteiro (VCTM), Viatura de Combate Centro de Direção de Tiro (VCCDT) e Viatura de Combate Municiadora (VCM), sendo a maior família de blindados da América Latina (ver anexo C). 87 Vide ANEXO A. 88 Vide ANEXO C. 89 Vide ANEXO C. O Esc Expl C Bl é a unidade mecanizada de cavalaria do exército argentino com a missão de reconhecimento e segurança, similar ao esquadrão de cavalaria mecanizado do Exército Brasileiro. 4.2.2 Sistema Apoio de Fogo 4.2.2.1 Grupo de Artillería Blindado(G A Bl) Cada brigada blindada argentina possui 01 (um) G A Bl, dotadas das seguintes viaturas blindadas: a. TAM – VIATURA DE COMBATE DE ARTILHARIA (VCA)90; b. AMX-13 GIAT; 4.3 FORÇAS BLINDADAS DO EXÉRCITO CHILENO O Exército do Chile, a partir de 2003, sofreu um processo de reestruturação, cuja base foi à criação dos Regimientos Reforzados91, que são similares a estrutura de uma brigada brasileira, os quais são subordinados às Divisões de Exército, buscando o emprego conjunto entre os sistemas operacionais. No entanto, essa organização não é fixa. A força terrestre chilena compõe os Regimientos e ou as divisões de acordo com a missão. FIGURA Nr 28 - LEOPARD 2 A4 (FONTE: http://www.armyrecognition.com, em 30 de maio) ____________ 90 Vide Anexo C. 91 A tradução é regimentos reforçados. Os principais elementos de manobra blindados chilenos são os Regimientos de Caballería Encorazados e os Batallónes de Infantería Mecanizadas e as suas principais viaturas blindadas são estas92: - 110 (cento e dez) CC Leopard 2 A493; - 282 (duzentos e oitenta e dois) CC Leopard 1V; - 60 (sessenta) AMX -30 GIAT; - 50 (cinquenta) FMC M113 C&R Lynx (veículo de reconhecimento baseado no M-113); - 427 (quatrocentos e vinte e sete) M113 A1; - 120 (cento e vinte) VBCI - Marder 1A3; 4.4 FORÇAS BLINDADAS DO EXÉRCITO VENEZUELANO O Exército da Venezuela possui uma divisão blindada, a IV División Blindada, situada na região noroeste desse país nas cidades de Maracay e Aragua. Essa divisão possui a seguinte organização: - 41 Brigada Blindada - 42 Brigada de Infantería Paracaidista - 44 Brigada Blindada Ligera - 49 Brigada De Artilleria de Defensa Anti-Aerea Além desta divisão blindada, os venezuelanos possuem a 11 Brigada Blindada, subordinada a I División de Infantería. Esse país adquiriu recentemente blindados de 3ª geração, como o CC T-72 B, russo. 94 FIGURA Nr 29 - CC T-72 B (FONTE: http://img255.imageshack.us, em 30 de maio) ____________ 92 Ver anexo de figuras; 93 CC de 3ª geração pós-2ª GM. 94 Ver anexo de figuras; Os principais veículos blindados dessas grandes unidades blindadas são estes: - 92 (noventa e dois) CC T-72 B95, de 3ª geração; - Veículo de Combate de Infantaria (VCI) BMP -3; - 82 (oitenta e dois) AMX -30 V GIAT, 105 mm L-56; - 78 (setenta e oito) Alvis FV - 101 Scorpion C-90; - 31 (trinta e um) AMX – 13; - 20 (vinte) AMX -13 Mk-F3 AP, 155 mm L-33; e - 25 (vinte e cinco) AMX-13 VCI. 4.5 FORÇAS BLINDADAS DO EXÉRCITO DOS EUA De forma similar ao Exército Brasileiro, as brigadas blindadas estadunidenses, as Heavy Brigade Combat Team (HBCT)96, tem como missão cerrar sobre o inimigo para destruí-lo ou capturá-lo através do fogo e movimento. Repelir os ataques de seus oponentes por meio de contra-ataques, poder de fogo e combate aproximado. Suas características principais são ação de choque e grande poder de fogo. Os norte-americanos organizam as suas unidades blindadas de forma semelhante à dos Regimentos de Cavalaria Blindado brasileiros, isto é, com subunidades de CC e de fuzileiros blindados, chamando-as de Batalhões de Armas Combinadas (CAB). É normal a formação de forças-tarefas (FT) nível SU para o cumprimento das diversas missões. A HBCT é composta por dois CAB, uma unidade de cavalaria - Recon Squadron ( Esquadrão de Reconhecimento), com missões de reconhecimento, um grupo de artilharia 155 mm autopropulsado (Field Artilery Battalion), um Batalhão Logístico (BSB), uma Companhia de Comunicações e uma Companhia de Inteligência. Ressalta-se que cada CAB possui uma companhia de engenharia blindada e também uma companhia de apoio avançado, sob controle operacional, que fornece suprimento, realiza reparos, manutenções e a recuperação de veículos. ____________ 95 Similar ao T-72 M de 3ª geração; 96 Equipe de Combate Brigada Pesada (tradução livre do autor) FIGURA Nr 30 - ABRAMS M1 A2 (FONTE: http://desktop.wz.cz/technika/tank_abrams02.jpg, em 03 de julho) FIGURA Nr 31 - ORGANIZAÇÃO DA HBCT (FONTE: FKSM 71-8 ARMOR/CAVALRY REFERENCE DATA, de abril de 2008, em 05 de junho) Atualmente, as principais VBC empregadas pelos EUA são: - CC M1 A2 (Abrams), de última geração; - Infantry Fighting Vehicle(IFV) - M2 A3 (Bradley). - Outras VBC da HBCT: M109A6 PALADIN 155SP (VBC de artilharia AP) M992A2 FA AMMO SPT VEH (FAASV) (VBC municiadora) M113A3 (CARRIER PERS -RISE) (VBTP) M113A3 AMBULANCE (ambulância) M1064 120MM MORTAR CARRIER (VBC morteiro) M88A1 MED RCVY VEHICLE (Viatura Blindada Especializada - VBE – Socorro) M1A2 ABRAMS MBT (carro de combate) M3A3 CAVALRY FIGHTING VEHICLE (Viatura Blindada de Reconhecimento – VBR) M2A3 INFANTRY FIGHTING VEHICLE (VBCI) M1068A3 CARRIER CP ARMD/ (VBE – remuniciadora) M577A1 CARRIER CP (VBE – remuniciadora) M577A1 MEDICAL TREATMENT VEHICLE (VBE – Saúde) M88A2 IRV (HERCULES) (VBE – Socorro) M9 ACE (VBE de Engenharia) M548A1 CARR CGO 6T W/ VOLCANO (VBE – remuniciadora) M7 BRADLEY FIRE SUPPORT VEHICLE (Viatura Blindada de Apoio de Fogo) FIGURA Nr 32 - VIATURAS BLINDADAS DOS EUA (FONTE: O AUTOR) 4.6 FORÇAS BLINDADAS DO EXÉRCITO ALEMÃO A Força Terrestre alemã é organizada basicamente por tropas blindadas, possuindo, assim, uma estrutura adequada a essa concepção doutrinária. Essa força é composta por 05 (cinco) divisões mecanizadas, que possuem, além de outras GU, três brigadas de infantaria ou de cavalaria blindadas cada. Na Alemanha, a infantaria blindada (“Panzergrenadiertruppe”) é uma arma independente separada da Infantaria97 e juntamente com a Cavalaria (“Panzertruppe”) formam as forças blindadas alemãs. A Cavalaria Mecanizada (“Panzeraufklärungstruppe”), diferentemente do Brasil, é empregada exclusivamente para o reconhecimento, constituindo uma arma à parte da cavalaria. Cabe destacar que as brigadas tanto de Infantaria quanto de Cavalaria Blindadas são ternárias, estas organizadas a dois batalhões de carros de combate e um de infantaria blindado, enquanto que aquelas são compostas por dois batalhões de infantaria blindados e um de carros de combate. No entanto, todas as unidades dessas brigadas são quaternárias, ou seja, os batalhões de Cavalaria e de Infantaria são organizados a quatro SU de manobra cada. O principal CC alemão é o Leopard 2 A6, de última geração, cujas principais características são as seguintes. ____________ 97 A infantaria (“Infanterie”) se restringe à tropa de caçadores, aos pára-quedistas e à tropa de montanha. TABELA 11 – VBC-CC LEOPARD 2 A6 Características - Guarnição 4 homens (Cmt, At, Aux At e Mot) - Peso 62 Ton -Armamento canhão L-55 de 120 mm com cano alongado; Mtr MAG coaxial 7.62 mm; Mtr MAG AAe 7.62mm - munições APFSDS; APDS; HESH; HEP; HEAT; SMOKE e uma munição cinética: LKE 2 DM53 de alta penetração. - Motor MTU-873 - Velocidade 75 km/h -Sist. PERI R17-A2, com modulo termal de imagem, permite visão diurna e noturna, a 360º e estabilizada e um visor primário estabilizado STN ATLAS Elektronik EMES 15-A2. pontaria 4.7 VISUALIZAÇÃO GRÁFICA DOS CC E VBCI DOS PRINCIPAIS EXÉRCITOS SUL-AMERICANOS 500 400 Argentina 300 Brasil 200 Chile 100 Venezuela 0 CC 4a geração CC 3a geração CC 2a geração CC 1a geração CC 2a GM VBCI FIGURA 33– GRÁFICO QUANTIDADE DE CC e VBCI (FONTE: O AUTOR) Cabe salientar que não foi levado em consideração para a confecção desse gráfico o índice de indisponibilidade de viaturas, levantando-se assim só a quantidade e o tipo de CC e VBCI98 que cada país apresentado possui. Da análise desse gráfico, pode-se observar que entre as principais forças terrestres sul-americanas não há carros de combate de última geração (4ª geração), bem como somente o Chile, com o Leopard 2 A4, e a Venezuela, com o T-72 M, possuem CC de 3ª geração. A maior parte das plataformas de combate sulamericanas é de 2ª geração. Em relação às Viaturas Blindadas de Combate de ____________ 98 Não é o objetivo desse gráfico as outras VBC dos elementos de apoio ao combate, bem como as VBTP M 113. Infantaria, nota-se que apenas o Brasil, dentre esses países, não possui tal meio de emprego militar. Dessa maneira, infere-se que há um grande hiato tecnológico, no tocante a carros de combate, entre os principais exércitos da América do Sul e as principais forças armadas dos países desenvolvidos e que, além disso, o Brasil está atrasado no quesito CC não só em relação ao Chile e a Venezuela, como aos principais exércitos do mundo. 4.8 CONCLUSÃO PARCIAL Conclui-se de forma parcial que os principais exércitos sul-americanos citados possuem forças blindadas bem organizadas, dotadas de CC com canhões 105 a 125 mm, capazes de atirar em movimento e de combater à noite, bem como de VBCI, dotadas, normalmente, de canhão de 20 a 100 mm, metralhadoras e mísseis AC, capazes de acompanhar os CC por ocasião de um ataque coordenado, proporcionando ação de choque e grande poder de fogo. Os elementos de manobra dessas brigadas contam com grande apoio de fogo proporcionado por grupos de artilharia autopropulsados 155 mm, bem como de apoio a mobilidade e a contramobilidade, proporcionado por elementos de engenharia dotados de VBC de engenharia e lançador de pontes. Observa-se que a Argentina possui uma família de blindados TAM , frutos da sua indústria, conferindo esse país independência na questão de suprimentos e de obtenção de novos CC. Verifica-se que o Chile possui o Leopard 2 A4 CC de 3ª geração e uma VBCI Marder, também com tecnologia de última geração, destacando-se na América do Sul em relação aos meios blindados. A Venezuela, por sua vez, adquiriu 92 CC T-72, de 3ª geração, com grande tecnologia embarcada e também possui a VBCI BMP-3, de última geração, estando bem equipada na questão de blindados e sua força se resume a IV División Blindada. Os EUA possuem uma força blindada, a HBCT, dotadas de blindados de última geração. O destaque dessa força norte-americana é a organização dos batalhões blindados, que forma um comando conjunto nível unidade, com SU CC ,de fuzileiros blindados, de engenharia e de apoio avançado operando sob o mesmo comando, proporcionando lhe grande capacidade de atuar isolada no campo de batalha. O Exército alemão, por seu turno, possui uma forte força blindada, base do seu exército, dotada de CC e VBCI de última geração. Por fim, infere-se que há um grande hiato tecnológico, no tocante a carros de combate, entre os principais exércitos da América do Sul e as principais forças armadas dos países desenvolvidos e que, além disso, o Brasil está atrasado no quesito CC em relação ao Chile e a Venezuela e, sobretudo, em relação às principais forças blindadas do mundo. 5 FORÇAS BLINDADAS – UMA PROPOSTA 5.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS Nesta seção, será apresentada a proposta da Força Blindada do Exército Brasileiro atualizada, modificada e modernizada, a partir dos aspectos relevantes levantados neste trabalho, do estudo do cenário nacional apresentado, da comparação com tropas blindadas de outros exércitos e de criteriosa revisão bibliográfica. Quando se propõe mudanças tem de estar preocupado com a viabilidade de tais modificações, sobretudo acerca do seu custo econômico, visando que estas sejam factíveis, desse modo, será buscado o aproveitamento da estrutura e dos meios de emprego militar já existente; porém, cabe sublinhar que tais mudanças são onerosas, principalmente em se tratando de blindados. A par disso, uma força armada cuja visão de futuro é “Ser um Exército reconhecido internacionalmente... Respeitado na comunidade global99 como poder militar terrestre apto a respaldar as decisões do Estado...” e que busca reduzir o hiato em relação aos exércitos mais adiantados deve considerar empreender ações, adquirir materiais e cooperar com o desenvolvimento da indústria nacional de defesa, de sorte a alcançar esse objetivo; não obstante, em um primeiro momento, esse custo parecer elevado. Assim, a proposta a ser apresentada visa aumentar o poder de combate das forças blindadas nacionais para que não só estas estejam em consonância com o previsto na END100, de dezembro de 2008, mas também para que elas possam cumprir sua destinação dentro das hipóteses de emprego das FA, face, também, as possíveis ameaças do futuro. ____________ 99 O grifo é deste autor. 100 Sobretudo no que concerne a dissuasão. 5.2 AMBIENTE OPERACIONAL, MISSÃO E POSSIBILIDADES As Forças Blindadas do Exército Brasileiro devem ser vocacionadas para cumprir missões em ambientes operacionais complexos, tendo a capacidade de resolver conflitos de baixa, média e alta intensidade, operando como força de choque. Sua missão precípua é cerrar sobre o inimigo a fim de destruí-lo ou neutralizálo, utilizando o fogo, a manobra e a ação de choque. Para isso, essa tropa, além do elevado poder de fogo, proteção blindada e comunicações amplas e flexíveis, deve ter a capacidade de se deslocar rapidamente dentro da sua zona de ação, que se traduz em mobilidade operacional, bem como ser capaz de ultrapassar os diversos obstáculos do terreno, isto é, possuir mobilidade tática, além de permanente prontidão operacional para atender a todas as hipóteses de emprego previstas para as FA. As principais possibilidades dessa força blindada deverão ser estas: - conduzir operações ofensivas e defensivas continuadas; - aproveitar o êxito e perseguir o inimigo; - conduzir operações de segurança; - atacar e contra-atacar sob fogo inimigo; - conduzir ou participar dos movimentos retrógrados e das ações dinâmicas de defesa; - participar de envolvimentos e desbordamentos; - efetuar operações de junção; - executar ações contra forças irregulares; - cumprir missões no quadro de defesa interna; e - operar em ambiente urbano, sendo a tropa mais apta para isso quando o conflito for de média ou alta intensidade. 5.3 DESDOBRAMENTO NO TERRITÓRIO NACIONAL O desdobramento das forças blindadas no território nacional atenderá ao seguinte princípio: - as brigadas blindadas101 se constituirão nas forças de emprego estratégico, desdobradas de tal forma que, em face de uma ameaça externa e após uma resposta imediata pelas forças de cobertura estratégica, seguida de uma reação ____________ 101 Entende-se as brigadas tanto de Cavalaria quanto de Infantaria blindada. ampliada pelas Forças de Ação Rápida Estratégicas (FAR Estrt), obtenham no mais curto prazo uma superioridade decisiva para a solução do conflito. Considerando o exposto, uma proposta de desdobramento seria a seguinte: - 5ª Brigada de Cavalaria Blindada em Ponta Grossa –PR; - 6ª Brigada de Infantaria Blindada em Santa Maria – RS; - 11ª Brigada de Cavalaria Blindada em Campinas – SP102; e - 01 (uma) Brigada de Infantaria Blindada em Boa Vista – RR103. FIGURA NR 34 - DESDOBRAMENTO NO TERRITÓRIO NACIONAL (FONTE: O AUTOR) Essa proposta em tela busca a racionalidade por meio do aproveitamento da estrutura militar existente, utilizando, a princípio, locais onde já existam organizações militares e procurando adequar suas localizações com os locais de possível emprego, dentro da concepção estratégica da Força Terrestre. 5.3.1 A 5ª Brigada de Cavalaria Blindada A 5ª Brigada de Cavalaria Blindada, sediada em Ponta Grossa – PR, será constituída das seguintes OM subordinadas: - 3º Regimento de Cavalaria Blindado em Ponta Grossa – PR; - 5º Regimento de Cavalaria Blindado em Rio Negro – PR; - 13º Batalhão de Infantaria Blindado em Ponta Grossa – PR; - 20º Batalhão de Infantaria Blindado em Curitiba – PR; ____________ 102 Proposta para sua criação. 103 Proposta para sua criação - 5º Grupo de Artilharia de Campanha Auto-Propulsado em Curitiba – PR; - 5º Batalhão de Engenharia de Combate Blindado em Porto União - PR; - 5º Batalhão Logístico em Curitiba – PR; - 5º Esquadrão de Cavalaria Mecanizado em Castro – PR; - 5ª Bateria de Artilharia Antiaérea em Ponta Grossa – PR; - 5ª Companhia de Comunicações Blindada em Curitiba – PR; - Esquadrão de Comando em Ponta Grossa – PR; - Esquadrão de Apoio em Ponta Grossa – PR; e - 25º Pelotão de Polícia do Exército em Ponta Grossa – PR FIGURA Nr 35 - 5ª BRIGADA DE CAVALARIA BLINDADA (FONTE: O AUTOR) O 3º Regimento de Cavalaria Blindado evoluirá do 3º RCC, com sede em Ponta Grossa – PR, recebendo 02 (duas) Companhias de Fuzileiro Blindada do 13º BIB, que, por sua vez, receberá 02 (dois) Esquadrões de Carros de Combate, oriundos do “extinto” 3º RCC. O 5º Regimento de Cavalaria Blindado evoluirá do 5º RCC, com sede em Rio Negro – PR, recebendo 02 (duas) Companhias de Fuzileiro Blindada do 20º BIB, sediado em Curitiba – PR, que, por sua vez, receberá 02 (dois) Esquadrões de Carros de Combate, oriundos do “extinto” 5º RCC. Essa proposta tanto de igualar a organização dos BIB ao RCB quanto de transformar os RCC em RCB104, baseia-se no fato que essas OM, normalmente, são ____________ 104 Isto é, ambas unidades (BIB e RCB) organizadas a 02 (dois) esquadrões de carros de combate e a 02 (duas) companhias de infantaria blindada. empregadas na forma de FT, o que amplia a suas capacidades de combate e as suas possibilidades operacionais, permitindo, além disso, a essas unidades adestrar suas SU compondo FT em todo período de instrução de adestramento, aumentando assim seu nível operacional, bem como atendendo ao princípio da manutenção de laços tático e, também, reduzindo problemas nos campos logísticos, operacionais, de instrução e de adestramento, advindos da composição de FT por Unidades distintas. FIGURA Nr 36 - ORGANOGRAMA DE UM RCB (FONTE: O AUTOR) O 5º GAC AP será quaternário e equipado 105 com obuseiros 155 autopropulsados. Esta proposta de mudança de calibre tem por base o fato de que a brigada blindada poderá não só atuar isoladamente em determinadas situações, como ser empregada para a obtenção da superioridade decisiva em um conflito. Com isso a brigada blindada terá aumentada o seu apoio de fogo, tanto no calibre quanto no alcance da sua artilharia orgânica. O 5º Esquadrão de Cavalaria Mecanizado, proposto, deverá ter algumas modificações estruturais, como a mudança da viatura do comandante de esquadrão, uma nova família de blindados sobre rodas, na qual a Viatura Blindada de Reconhecimento106 (VBR) passaria a ter um canhão 105 mm, atirar em movimento e a operar a noite, bem como novas viaturas para mobiliar os grupos de exploradores, com relativa proteção blindada e muito boa transitabilidade através campo. Tais mudanças estão em consonância com o trabalho apresentado pelo Maj Morgado (2007), em sua dissertação de mestrado na Escola de Comando e Estado-Maior ____________ 105 Esse mesmo organograma serve para o BIB, alterando-se somente a cabeça da unidade que de Cavalaria passaria a ser de Infantaria. O estado-maior dessas OM poderia ser misto com oficiais de ambas as armas citadas. 106 Hoje a VBR é a EE-9 Cascavel da ENGESA. (ECEME). Ressalta-se que não é objetivo desse trabalho se aprofundar nas mudanças inerentes às tropas mecanizadas, uma vez que já existem diversas pesquisas acerca disso e não é escopo deste trabalho. A implementação de um Esquadrão/ Companhia de Apoio se deve a necessidade de se enquadrar os pelotões de inteligência, operações psicológicas e guerra eletrônica, suprindo uma deficiência nos sistemas operacionais Inteligência e Comando e Controle e, dessa maneira, aumentando o poder de combate da brigada blindada. O Pelotão de Inteligência, segundo Morgado (2007), deve ter a capacidade de buscar e analisar dados para a brigada, além de possuir condições de ocupar e monitorar as regiões de interesse para a inteligência (RIPI). Por seu turno, o Pelotão de Operações Psicológicas deve ser o responsável pelas operações psicológicas dentro da zona de ação da Grande Unidade (GU). A utilização desses tipos de operações é um condicionante do combate moderno. “Todos os sistemas operacionais da coalizão funcionaram com muita eficácia. Vale a pena destacar dois deles: inteligência e guerra da informação. Segundo a doutrina vigente nos EUA , a guerra da informação reúne a guerra eletrônica, a comunicação social, as operações psicológicas e os assuntos civis, e seu objetivo é o domínio das informações. A inteligência proporcionou as informações precisas e oportunas quanto aos objetivos que deveriam ser atacados e a ordem que isso deveria ocorrer. Dessa forma, as ações começaram pelas cidades xiitas ao sul e, na batalha decisiva da campanha, em Bagdá, buscou-se combater inicialmente nos bairros xiitas e onde a resistência seria menor. A guerra da informação, por sua vez, desmantelou todo comando e controle iraquiano, colaborou com a intelig6encia e trabalhou todo tempo com a mídia, mantendo a estreita margem de liberdade de ação existente no início da guerra e chegando a reverter o quadro inicial da vantagem iraquiana na apresentação da versão dos fatos. (MIRANDA, 2003, p.5) A bateria de artilharia antiaérea, proposta, continuaria assegurando a defesa antiaérea contra meios aéreos à baixa altura, integrando à defesa aeroespacial; entretanto, em um primeiro momento107, ela contaria com VBTP M-113B e com mísseis portáteis de baixa altura, tendo mobilidade tática e leve proteção blindada. Em um segundo momento108, essa bateria contaria com viaturas blindadas de combate de artilharia antiaérea, com capacidade de baixa e média altura. Para isso, poderia se aproveitar tanto a plataforma do obsoleto CC M41 quanto a do Leopard 1 ____________ 107 A curto prazo, os M-113 B seriam aproveitados e se adquiria mísseis portáteis de baixa altura. 108 A médio e longo prazo, adaptar-se-iam VBC antiaérea, desenvolvendo um sistema de armas antiaéreo de baixa e média altura sobre a plataforma de um CC existente (M41 ou Leopard 1 A1), ou pelo desenvolvimento de uma família de VBC sobre lagartas nacional, ou, também, pela compra desse tipo de VBC, o que requer um estudo a parte, pois não é objetivo deste trabalho.. A1 e sobre elas se desenvolver um sistema nacional de defesa antiaérea, ou, de acordo com a END, desenvolver uma família de CC sobe lagartas, fomentando, assim, a indústria de defesa brasileira. FIGURA Nr 37 : GEPARD – VBC ANTIAÉREA (FAMÍLIA LEOPARD) (FONTE: http://www.areamilitar.net/directorio/IM_ter/Gepard_001.jpg) 5.3.2 A 6ª Brigada de Infantaria Blindada A 6ª Brigada de Infantaria Blindada, sediada em Santa Maria – RS, será constituída das seguintes OM subordinadas: - 1º Regimento de Cavalaria Blindado em Santa Maria – RS; - 4º Regimento de Cavalaria Blindado em Rosário do Sul – RS; - 7º Batalhão de Infantaria Blindado em Santa Cruz – RS; - 29º Batalhão de Infantaria Blindado em Santa Maria – RS; - 3º Grupo de Artilharia de Campanha Auto-Propulsado - Santa Maria – RS; - 12º Batalhão de Engenharia de Combate Blindado em Alegrete - RS; - 4º Batalhão Logístico em Santa Maria – RS; - 6º Esquadrão de Cavalaria Mecanizado em Santa Maria – RS - 6ª Bateria de Artilharia Antiaérea em Santa Maria – RS - 3ª Companhia de Comunicações Blindada em Santa Maria – RS - Companhia de Comando em Santa Maria – RS; - Companhia de Apoio em Santa Maria – RS; - 26º Pelotão de Polícia do Exército em Santa Maria – RS; e - Centro de Instrução de Blindados em Santa Maria – RS.109 ____________ 109 O CIBld é subordinado administrativamente à 6ª Brigada de Infantaria Blindada, vinculado ao Comando de Operações Terrestre (COTer) para fins de planejamento, coordenação, avaliação e execução das atividades de instrução e adestramento de frações blindadas/mecanizadas, e vinculado ao Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEX), através da Diretoria de Especialização e Extensão (DEE), para fins de orientação técnico-pedagógica. FIGURA Nr 38 - 6ª BRIGADA DE INFANTARIA BLINDADA (FONTE: O AUTOR) De acordo com a proposta em tela, as modificações da 6ª Brigada de Infantaria Blindada são as mesmas apresentadas para a 5ª Brigada de Cavalaria Blindada, visto que elas tem a mesma composição, com a ressalva de que a 6ª Brigada possui o CIBld como OM subordinada. 5.3.3 A 11ª Brigada de Cavalaria Blindada A 11ª Brigada de Cavalaria Blindada, com sede em Campinas – SP, deverá ter a seguinte constituição: - 28º Batalhão de Infantaria Blindado em Campinas –SP; - 2º Batalhão de Infantaria Leve em São Vicente – SP (GLO)110; - 2º Regimento de Cavalaria Blindado em Pirassununga – SP; - 37º Regimento de Cavalaria Blindado em Lins – SP; - 2º Grupo de Artilharia de Campanha Auto-Propulsado - Itu – SP; - 11º Batalhão de Engenharia de Combate Blindado em Pindamonhangaba RS; - 2º Batalhão Logístico em Campinas – SP; - 11º Esquadrão de Cavalaria Mecanizado em Pirassununga – SP - 11ª Bateria de Artilharia Antiaérea em Itu – SP; - 2ª Companhia de Comunicações Blindada em Campinas – SP; - Esquadrão de Comando em Campinas – SP; - Esquadrão de Apoio em Campinas – SP; - 11º Pelotão de Polícia do Exército em Campinas – SP; ____________ 110 Garantia da Lei e da Ordem (GLO) FIGURA Nr 39 - 11ª BRIGADA DE CAVALARIA BLINDADA (FONTE : O AUTOR) A proposta dessa brigada é que ela seja oriunda da 11ª Brigada de Infantaria Leve, antiga 11ª Brigada de Infantaria Blindada. Essa proposta se justifica pelo fato da necessidade de se ter uma força, com elevado poder de fogo e ação de choque, subordinada a 2ª Divisão de Exército, capaz de obter uma superioridade decisiva para a solução de um conflito em se configurando uma hipótese de emprego das FA, sobretudo em AOC, sendo, assim, uma força de emprego estratégico111. Outro fator importante é que os conflitos atuais de média e alta intensidade tendem a se resolverem rapidamente, necessitando-se, assim, de tropas com elevado estado de prontidão, bem como com elevada capacidade de sobrevivência e letalidade, e já vocacionadas para o respectivo teatro de operações. Por isso, é lícito supor que deva existir uma força blindada com vocação para a região CentroOeste, para a porção norte da região Sul e para a região Sudeste, área com grande complexo industrial, pólo científico-tecnológico e maior centro econômico do País, a fim de rapidamente se deslocarem para essas regiões, haja vista que o deslocamento de brigadas blindadas da região Sul para a Sudeste e ou CentroOeste, demanda elevado período de tempo e é oneroso,além de que não há estudos ____________ 111 Essa brigada blindada poderia ser empregada como reserva estratégica da Força Terrestre, liberando as brigadas blindadas situadas na região Sul para seu emprego em 1º escalão nas diversas hipóteses de emprego, sobretudo em AOC. que confirmem que essa logística seria viável em curto prazo de tempo e que não comprometeria a economia dessas regiões. A 11ª Brigada de Infantaria Leve, por seu turno, foi criada recentemente, substituindo uma brigada blindada em Campinas, já possuindo, assim, toda a estrutura militar para tropas de natureza blindada. As suas OM já eram dessa natureza, o que facilita sua implementação. Ademais, este trabalho complementa o apresentado pelo Major de Cavalaria Morgado (2007), instrutor da ECEME, acerca das forças mecanizadas brasileiras. No seu estudo, ele propõe a substituição dos RCB das Brigadas de Cavalaria Mecanizada por Batalhões de Infantaria Mecanizados. Dessa forma, o MEM dos RCB dessa tropa mecanizada, poderiam reverter para a criação da 11ª Brigada de Cavalaria Blindada, facilitando sua implantação. “A proposta de substituição do Regimento de Cavalaria Blindado por um Batalhão de Infantaria Mecanizado baseia-se na necessidade de se possuir mais infantaria para operar em ambientes operacionais complexos e em ambientes urbanos, características marcantes do combate moderno. Em uma primeira análise pode-se achar que houve uma perda de poder de combate, entretanto esta perda foi suprida pelo acréscimo de mais um Regimento de Cavalaria Mecanizado na organização da brigada.” (MORGADO, 2007, p. 151) O 2º RCB evoluiria do 13º RC Mec, antigo 2º RCC, ocupando suas instalações em Pirassununga – SP. O seu CC principal seria em curto prazo um Leopard 1 A1, oriundo de um RCB112e a longo prazo caberia investir em uma nova família de blindados sobre lagartas nacionais para mobiliar as forças blindadas, o que reduziria os problemas de suprimento de peças de reposição e manutenção nas forças blindadas, elevando o estado de prontidão dessas tropas. O 37º RCB seria criado por evolução do 37º BIL, sediado em Lins – SP, aproveitando a estrutura militar lá existente. As suas VBC e VBTP, em um primeiro momento, seriam originárias de algum RCB das Bda C Mec. O 28º BIB, com a nova organização proposta evoluiria do 28º BIL, em Campinas, antigo 28º BIB, aproveitando-se das suas instalações, próprias para tropas blindadas. Da mesma forma do que foi proposto para o 37º RCB, as VBC e VBTP do 28º BIB seriam, primeiramente, originárias de algum RCB das Bda C Mec. ____________ 112 Conforme apresentado, os RCB das Bda C Mec receberão oc CC Leopard 1 A1 dos RCC. Estes por sua vez receberão os recém adquiridos Leopard 1 A5. Cabe ressaltar que essa unidade manteria o Centro de Instrução de Garantia da Lei e da Ordem (CI Op GLO)113. O 2º Batalhão de Infantaria Leve, em São Vicente – SP, não obstante sua natureza, permaneceria com a sua mesma estrutura e organização, bem como subordinado à 11ª Brigada de Cavalaria Blindada, contrariando a doutrina militar brasileira atual. No entanto, essa unidade teria dupla vocação, ora atuando em operações de Garantia da Lei e da Ordem114, ora atuando em operações de combate convencional, por meio da doutrina de origem estadunidense de FT leve-pesada, a qual preconiza que comandantes de brigadas blindadas poderiam formar forçastarefa com tropas blindadas e leves. Nessa doutrina, as tropas leves seriam empregadas para facilitar e viabilizar o emprego de tropas pesadas, reduzindo o tempo da operação, de acordo com o descrito abaixo. “O comandante da brigada pesada obtém grandes benefícios da integração das forças de infantaria a pé no plano tático mais abrangente da GU. Ao empregar a força leve para conquistar acidentes capitais ou dar combate às forças de vanguarda inimigas deslocando-se à frente dos elementos blindados, o comandante adquire a capacidade de desorganizar os planos 115 de defesa da OPFOR e aumentar a velocidade geral dos elementos embarcados que se deslocam por áreas previamente ocupadas pelo inimigo.” (KENNETH, 1993, p. 24) O 11º Esquadrão de Cavalaria Mecanizado, em proposta, evoluirá do 13º Regimento de Cavalaria Mecanizado, sediado em Pirassununga. Cabe ressaltar que esse esquadrão já existiu e ocupava as atuais instalações do 13º RC Mec, cujos MEM são originariamente desse esquadrão, o que facilitará sua implementação. Dessa forma, o 11º Esqd C Mec receberá o MEM do 13º RC Mec. Na parte operacional, essa SU, do mesmo modo que o 2º BIL, terá dupla vocação, operando também em operações de GLO. O 2º Grupo de Artilharia de Campanha Auto-Propulsado evoluirá do 2º Grupo de Artilharia Leve, com sede em Itu – SP, aproveitando-se da estrutura militar existente nessa OM, que já foi um grupo auto-propulsado. Contudo, para dotar essa ____________ 113 Estabelecimento responsável em contribuir para a pesquisa, o desenvolvimento e a avaliação da doutrina de emprego da F Ter, no tocante às Op GLO 114 Essa OM, com mobilidade estratégica, estaria vocacionada para atuar na GLO na região do estado de São Paulo, pólo industrial e científico-tecnológico, mas pobre em tropas do EB dessa natureza. 115 Do inglês, Força Oponente. OM de VBC 155 mm AP seria necessário a sua aquisição, ou o desenvolvimento de uma VBC AP nacional, sendo assim uma proposta de longo prazo. As outras OM dessa brigada blindada evoluiriam da estrutura militar já existente na 11ª Bda Inf L, e as considerações são as mesma realizadas anteriormente. Cabe ressaltar dois aspectos importantes para a implementação dessa brigada blindada. Primeiro, ela impactará o sistema de formação e aperfeiçoamento do Exército Brasileiro, por meio da necessidade de novos cargos, sobretudo de Cavalaria, para compor as OM citadas. Segundo aspecto, caso os estudos existentes sobre a transformação de algumas brigadas em mecanizadas se concretizem, será necessário novo estudo para ver a viabilidade ou não de a 11ª Brigada de Infantaria Leve evoluir para uma brigada blindada ou mecanizada, o que foge ao escopo deste trabalho; contudo cabe salientar que as tropas mecanizadas brasileiras116 não possuem poder de combate suficiente para se contrapor às principais tropas blindadas da América do Sul, uma vez que o alcance dos CC existentes nesse subcontinente superam os da VBR117 e a mobilidade tática das VBC sobre lagartas é bem superior aos da sobre rodas, sobretudo através campo. Os CC, além disso, possuem elevada capacidade de sobrevivência e letalidade nos combates modernos de média a alta intensidade, em razão da sua capacidade ao combate continuado, à sua proteção blindada é ao seu elevado poder de fogo em movimento. 5.3.4 01 (uma) Brigada de Infantaria Blindada – Sediada em Boa vista – RR A Brigada de Infantaria Blindada, com sede em Boa Vista - RR, deverá ter a seguinte constituição: - 01 (um) Batalhão de Infantaria Blindado em Boa Vista – RR; - 01 (um) Regimento de Cavalaria Blindado em Boa Vista – RR; - 01 (um) Batalhão Logístico em Boa Vista - RR; - 01 (um) Grupo de Artilharia de Campanha Auto-Propulsado - em Boa Vista – RR; - 01 (uma) Bateria de Artilharia Antiaérea em Boa Vista – RR; - 01 (uma) Companhia de Engenharia de Combate Blindada em Boa Vista – RR ; ____________ 116 Isso tendo em vista seu MEM atual. 117 O alcance dos canhões dos principais CC existentes é de 4 km sobrepujando os 2 km das VBR. - 01 (uma) Companhia de Comunicações Blindada em Boa Vista – RR; - Esquadrão de Comando em Boa Vista – RR; - Esquadrão de Apoio em Boa Vista – RR; - 01 (um) Pelotão de Polícia do Exército em Boa Vista – RR; FIGURA Nr 40 - 01 (UMA) BRIGADA DE INFANTARIA BLINDADA (FONTE: O AUTOR) A proposta para a criação dessa brigada blindada tem as seguintes razões: - a Amazônia é, atualmente, a 1ª prioridade do Exército Brasileiro; - Adequar o poder de combate do CMA em face de uma hipótese de emprego; - o terreno ao norte de Boa Vista possibilita o emprego de tropas blindadas; - existe 01 (uma) direção estratégica e/ou tática de atuação, eixada pela BR 174, que liga a Venezuela ao Brasil, passando por Boa Vista indo na direção de Manaus – AM e outra rodovia asfaltada que liga Boa Vista à Guiana e, no sentido oposto, chega até Manaus. Atualmente, para barrar essa direção tática de atuação citada, há o 12º Esqd C Mec, sediado em Boa Vista, e com estudos para evoluir para um Regimento de Cavalaria Mecanizada. Esse esquadrão tem como missão, vigiar a fronteira e, caso haja um conflito, executar um movimento retrógrado, a fim de ganhar tempo, permitindo a concentração de novos meios. Quais são esses novos meios? É lícito supor que uma tropa mecanizada iria retardar outra tropa com mobilidade igual ou superior a sua. Dessa forma, a tropa que avançaria em direção ao território nacional ou seria blindada ou mecanizada. As FAR Estrt, responsáveis pela reação ampliada, por serem tropas de infantaria leve e com mobilidade estratégica, na pior hipótese, seriam rapidamente destruídas em virtude da suas possibilidades operacionais face uma tropa blindada. Então, quais seriam as tropas aptas a obter a superioridade decisiva para solucionar o conflito? As Brigadas de Infantaria de Selva certamente não seriam as mais aptas para isso, dada a sua natureza. Nesse caso, a solução seria deslocar uma brigada blindada da região Sul para à Norte. Ademais, observa-se que a 1ª Brigada de Infantaria de Selva118 localizada em Boa Vista, que é a Força de Cobertura Estratégica do CMA terá como missão se contrapor ao inimigo, para criar condições para a contra-ofensiva da brigada blindada. Sendo esse adversário forte em meios blindados, essa grande unidade de selva, com dois batalhões de selva com poucas ou nenhuma arma anticarros (AC), não teria meios suficientes para cumprir sua missão, devendo, dessa maneira, mesmo com a implementação da brigada blindada ser reforçada com meios AC. No âmbito do CMA, também, não há meios de defesa AC em condições de reforçar a brigada em tela, indicando a necessidade de rever a organização daquele comando militar. Ademais, é importante sublinhar que os meios de Aviação do Exército (Av Ex) desdobrados nesse grande comando são eminentemente de transporte e não de Reconhecimento e ataque (Rec / Atq), não tendo, assim, meios de se contrapor a uma coluna blindada. Ainda sobre os meios de Av Ex, o atual armamento (Mtr e foguetes de saturação) não são os ideais para o combate AC. Isto posto, observa-se uma boa razão para se criar uma brigada blindada em Boa Vista – RR, obtendo, assim, capacidade de pronta resposta, uma vez que deslocar uma brigada blindada da região Sul para a Amazônia, demandaria muito tempo, sem contar o elevado custo financeiro. 119 “Seria de bom tom que fosse ali agregado um maior poder de força em termos de blindados, até para renovar o equipamento já existente e dar uma maior capacidade de pronta resposta a eventuais problemas, pois todas as unidades de carros de combate encontram-se nos Estados do sul e no Mato Grosso do Sul, muitos distantes daquela região e com o complicador que é o fato de ter de deslocá-las numa emergência. Isso, no momento é praticamente inviável dado a carência de meios e recursos.” (BASTOS, 2009, p. 2) Além disso, vale salientar que uma brigada blindada nessa região seria um forte elemento dissuasório, cujas OM aumentariam o efetivo de fuzileiros na região ____________ 118 GU que enquadra o 12º Esqd C Mec. 119 O autor se refere a Boa Vista – RR. amazônica, os quais poderiam, inclusive, seguindo as diretrizes da END através do conceito de flexibilidade, realizar outras atividades operacionais, como vigiar e patrulhar a fronteira, melhorando, dessa maneira, o monitoramento e o controle dessa porção do País, bem como adequando o poder de combate do Comando Militar da Amazônia, para possíveis hipóteses de emprego. 5.4 VIATURAS BLINDADAS DE COMBATE Atualmente, os exércitos dos principais países do mundo possuem VBC-CC de última geração (4ª geração do pós 2ª GM)120. Alguns países sul-americanos, como Chile e Venezuela, possuem CC de 3ª geração (Leopard 2 A4 e T-72 B) e VBCI de última geração (Marder e BMP-3). O Brasil, por sua vez, possui uma força blindada dotada de VBC-CC de 2ª geração (Leopard 1 A1/ A5 e M-60 A3 TTS), de CC médios da 2ª GM (M-41C) e de VBTP M-113B, realizando a função de VBCI, indo de encontro ao que preconiza o moderno combate de blindados. Não obstante a recente aquisição do Leopard 1 A5 pelo EB, esse carro de combate além de ser de 2ª geração, o que mantém um grande hiato tecnológico com as principais forças blindadas atuais, é de um lote de fabricação anterior ao do Leopard 1 A1, tendo seu ciclo de vida, portanto, em torno de 10 a 15 anos, ou seja, em 2025 esses carros, provavelmente, estarão sendo desativados. Isso significa uma nova compra internacional de CC para o Brasil, uma vez que não existe atualmente nenhum projeto nacional de produção de uma família de VBC sobre lagartas, mantendo, assim, nossa total dependência do comércio exterior. Acerca das VBCI, a Força Terrestre não as possui e não existe qualquer projeto de compra de tal MEM. Como solução paliativa para tal problema o EB tem um projeto de modernização dos M-113B, o que, também, não é o mais indicado.121 Isto posto, é licito supor a necessidade de se atualizar, modificar e modernizar as VBC, principalmente os CC e VBCI, das Brigadas Blindadas da Força Terrestre. Como sugestão, o mais indicado para o Brasil seria a reativação da indústria de defesa para a produção de uma nova família de blindados sobre lagartas, de preferência de “5ª geração”, isto é, com tecnologias para um combate que estar por vir. O País já possui o know-how para isso, visto que, por exemplo, a ENGESA e a Bernadini, como dito em seções anteriores, na década de 80 do século 20, projetaram CC e VBCI de 2ª / 3ª geração (CC Tamoyo e Osório;e VBCI Charrua). ____________ 120 Ver ANEXO A. 121 Vide a seção O COMBATE MODERNO; Essa reativação, além de adequar o poder de combate das forças blindadas brasileiras, reduziria ou, de forma mais otimista, acabaria com a dependência do comércio exterior desse tipo de MEM, além do que estaria de acordo com a END, bem como fomentaria a economia nacional. Como sugestão de solução a curto prazo, a fim de reduzir o gap de tecnologia nessa área, poderia se modernizar as VBC Leopard 1 A1 / A5, agregando nesses CC tecnologias de 3ª e 4ª geração, a fim de que esses blindados não somente possuam capacidade de destruir ou neutralizar CC de 3ª/ 4ª geração ou inferior, mas também possam cumprir as missões nas diversas hipóteses de emprego e participar de conflitos modernos com eficiência. 5.5 CONCLUSÃO PARCIAL Do exposto pode se concluir parcialmente que a proposta em tela visa modificar, atualizar e modernizar as forças blindadas brasileiras, elevando seu poder de combate e, dessa forma, atender as condicionantes do combate moderno Doutrina Delta - e as diretrizes da END de 2008, objetivando dar a essa tropa a capacidade de cumprir as diversas missões dento das hipóteses de emprego das Forças Armadas e sendo, assim, um forte elemento dissuasório. A missão e as possibilidades das forças blindadas visam orientar a preparação (instrução e adestramento) das forças blindadas para o cumprimento de missões em ambientes operacionais complexos e em áreas urbanas. Em relação ao desdobramento das brigadas blindadas, ele tem por objetivo proporcionar ao Exército Brasileiro possuir uma força, cuja ação de choque, mobilidade operacional e elevado poder de fogo, o possibilite, no menor prazo possível, obter a superioridade decisiva e, assim, uma rápida solução do conflito, nos locais propícios ao emprego de meios blindados, inclusive em região amazônica. A proposta de modificação na estrutura organizacional das Brigadas Blindadas, dotando-as de dois RCB e dois BIB, com a mesma organização, isto é, a dois esquadrões de carros de combate e duas companhias de fuzileiros blindados visa dar maior flexibilidade a essas unidades, possibilitando-as cumprir as mais diversas missões, uma vez que as capacidades operacionais dos CC complementam as dos fuzileiros e vice-versa. Sem contar que tal organização otimiza tanto o preparo quanto o emprego dessas OM, atendendo ao princípio da manutenção dos laços táticos e reduzindo, dessa maneira, os problemas operacionais e logísticos inerentes a formação de FT por unidades distintas. A criação do Esquadrão/ Companhia de Apoio visa multiplicar o poder de combate, por intermédio do sistema operacional inteligência, proporcionando ao comandante da brigada blindada implementar a guerra da informação, através dos pelotões de inteligência, operações psicológicas e guerra eletrônica, obtendo informações precisas do campo de batalha e, também, negando-as ao inimigo e, dessa maneira, proporcionando as melhores condições para os comandantes em todos os níveis decidirem com oportunidade, rapidez e precisão. Algumas propostas de modificação, como o aumento do calibre da Artilharia de Campanha, mudança nos meios de defesa antiaérea, aquisição ou desenvolvimento de VBCI e uma nova família de blindados com equipamentos que lhe possibilitem o combate continuado, visam não só reduzir o hiato tecnológico existente, mas também atender a algumas imposições da Doutrina Delta. Por fim , como sugestão observa-se a necessidade de, a curto prazo, modernizar as VBC-CC leopard 1 A1 e A5, agregando nelas tecnologia de CC de 3ª / 4ª geração. A médio / longo prazo, verifica-se a necessidade de reativar a indústria nacional de defesa para a produção de uma nova família de blindados sobre lagarta, a fim de reduzir ou acabar com a dependência do Brasil no comércio internacional nesse tipo de MEM. 6 PODER DE COMBATE 6.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS Segundo o Manual Escolar VOCABULÁRIO DA ECEME – ME 320-5 – poder de combate (PC) é a capacidade de combate existente em determinada força, resultante do grau de eficácia que se lhe pode atribuir para opor-se ao inimigo, da combinação do nível de eficiência operacional atingida, do valor profissional do comandante e do valor moral da tropa. Isto posto, observa-se a subjetividade dos termos que compõe esse conceito, o que dificulta sua mensuração. No entanto, esse trabalho, visando propor uma força blindada atualizada, modificada e modernizada, basear-se-á no conceito de Poder Relativo de Combate (PRC)122, a fim de determinar a superioridade da força blindada proposta em relação à atual. 6.2 PODER RELATIVO DE COMBATE O PRC, de acordo com o que é preconizado pelo Manual Escolar – ME 101-03, serve para a determinação da superioridade, inferioridade ou a igualdade de forças que se enfrentam. Ressalta-se que o estudo do PRC não deve se limitar a uma expressão matemática, devendo se observar a capacidade de liderança, a aptidão da tropa para a operação, a experiência de combate, a possibilidade de dissimulação e a inteligência. Pelo ME 101-0-3, para se determinar o PC deve se levar em consideração os seguintes fatores: - Unidades de manobra ( Nr, efetivo, valor combativo, etc); - Apoio de fogo; - Apoio de guerra eletrônica; - Apoio de Engenharia; - Apoio Logístico; - Comando e Controle; - Mobilidade; - Terreno; - Dispositivo; - Tecnologia agregada; e - Outros (moral, aptidão das unidades para a operação, experiência de combate, adestramento, dissimulação, abrigos, interdição, inteligência, operações psicológicas, etc). ____________ 122 Nesse trabalho será utilizado o conceito de PRC do ME 101-0-3, bem como os seus coeficientes como parâmetro de comparação. 6.3 FORÇAS BLINDADAS DO EXÉRCITO BRASILEIRO – ATUAL 6.3.1 Brigada Blindada123 O cálculo do PC da Brigada Blindada é o seguinte: Observação Unidades Coeficiente Soma Elementos de Manobra 02 RCC 2,6 x 2 5,2 Organizado a 04 Esqd CC, com CC Leopard 1 A5. 02 BIB 2,2 x 2 4,4 Organizado a 04 Cia Fuz Bld, com VBTP M113 C sem equipamento de visão noturna e cujo armamento principal é uma . 50, não atirando em movimento e nem a noite. 01 Esqd C Mec 0,5 0,5 Canhão 90mm, sem equipamento de visão noturna, não atirando em movimento e nem a noite. Elementos de Apoio de Fogo 01 GAC 105 AP 1,6 1,6 Elementos de Artilharia Antiaérea 01 Bia AAAe 0,5 0,5 Canhão 40 mm Bofors (sobre rodas) Outros fatores Capacidade 1 1 Logística Comando e 0,5 0,5 Não possui fração de inteligência e Controle – nem de operações psicológicas inteligência orgânicas; falta, também, sistema de gerenciamento do campo de batalha. Grande índice de indisponibilidade nos rádios das VBTP124. Apoio de 0,5 0,5 Faltam VBE e VBLP com Engenharia plataforma da VCB Leopard nos BE Cmb. Guerra Eletrônica 0 0 Efetivo 0,50 0,50 Grande parte dos atiradores e profissional motoristas do CC são do EV dos RCC. Fator de 0,25 0,25 visibilidade Fator terreno e 1 1 vegetação FIGURA Nr 41 – PODER DE COMBATE 1 (FONTE: O AUTOR) O poder de combate = [(∑ valor relativo de combate dos elementos de manobra x fator de visibilidade x fator terreno e vegetação) + ∑ valor relativo de combate dos elementos de apoio de fogo] x média dos fatores mltiplicadores. ____________ 123 Nesse caso se utiliza somente o termo Brigada Blindada, uma vez que a Bda C Bld e a Bda Inf Bld possuem a mesma organização de meios e de pessoal. 124 Dado esse verificado na prática por este autor quando servindo no 2º RCC da 11ª Bda Inf Bld (extinta), entre 1999 e 2001, e no 1º RCC da 6ª Bda Inf Bld, entre os anos de 2005 a 2007. Dessa forma: - PC = [(10,1 x 0,25 x 1) + 1,6] x [(1 + 0,5 + 0,5 + 0 + 0,5) ÷ 5] - PC das atuais brigadas de Cavalaria e de Infantaria blindada = 2,06 6.4 FORÇAS BLINDADAS DO EXÉRCITO BRASILEIRO – PROPOSTA 6.3.1 Brigada Blindada125 O cálculo do PC da Brigada Blindada é o seguinte: Unidades Coeficiente Soma Observação Elementos de Manobra 126 02 RCB 2,6 x 2 5,2 Organizado a 02 Esqd CC e 02 Cia Fuz Bld, com CC Leopard 1 A5 e VBCI. 02 BIB 2,6 x 2 5,2 Organizado a 02 Esqd CC e 02 Cia Fuz Bld, com CC Leopard 1 A5 e VBCI. 01 Esqd C Mec 1,1 1,1 Canhão 105mm, com equipamento de visão noturna, atirando em movimento e a noite. Elementos de Apoio de Fogo 01 GAC 155 AP 2,8 2,8 Elementos de Artilharia Antiaérea 01 Bia AAAe 1 1 Dotada de carros de combate de defesa antiaérea Outros fatores Capacidade 2 2 Logística Comando e 2 2 Possui fração de inteligência e Controle – operações psicológicas orgânicas, e um sistema de gerenciamento do inteligência campo de batalha. Apoio de 1 1 Engenharia Guerra Eletrônica 0,3 0,3 Possui um Pel orgânico. Efetivo 0,75 0,75 Dentro de uma guarnição de CC, profissional os atiradores e motoristas são do EP e os auxiliares de atirador do EV. Fator de 1 1 visibilidade Fator terreno e 1 1 vegetação FIGURA Nr 42 – PODER DE COMBATE 2 (FONTE: O AUTOR) O poder de combate = [(∑ valor relativo de combate dos elementos de manobra x fator de visibilidade x fator terreno e vegetação) + ∑ valor relativo de combate dos elementos de apoio de fogo] x média dos fatores multiplicadores. ____________ 125 Nesse caso se utiliza somente o termo Brigada Blindada, uma vez que a Bda C Bld e a Bda Inf Bld possuem a mesma organização de meios e de pessoal. 126 Utilizou-se o coeficiente 2,6, uma vez que as Cia Fuz Bld são dotadas de VBCI com Can 20 mm. Dessa forma: - PC = [(11,5 x 1 x 1) + 2,8] x [(2 + 2 + 1 + 1+ 0,75) ÷ 5] - PC proposto das brigadas de Cavalaria e de Infantaria blindada = 17,30 6.5 CONCLUSÃO PARCIAL Resultado da mensuração do PRC, de acordo com a metodologia do ME 1010-3, infere-se de forma parcial que a proposta de atualização, modificação e modernização para as forças blindadas do Exército Brasileiro aumentam substancialmente seu poder de combate em comparação com a sua estrutura atual. A atualização do sistema de Comando e Controle, com a criação de 01 (um) Pel GE orgânico, 01 (um) Pel Op Psico e com o desenvolvimento de um sistema de gerenciamento do campo de batalha; o desenvolvimento de uma VBCI sobre lagarta; a modificação na organização das brigadas blindadas, compostas, assim, por RCB e BIB com a mesma composição de pessoal e meios; e a modernização do meios blindados, com equipamentos de visão noturna e novos meios de AAAe são os principais responsáveis por esse aumento de PC. Observa-se, então, que as propostas realizadas nesse trabalho em questão fornecem o poder de combate necessário para as forças blindadas, provendo-as da condição necessária para o cumprimento das diversas missões no combate moderno. 7 CONCLUSÃO O Exército Brasileiro está se reestruturando para atender a Estratégia Nacional de Defesa, de 2008, buscando cumprir sua destinação constitucional, orientada pelos conceitos de flexibilidade e elasticidade. Pode-se concluir que o combate moderno tornou-se uma tarefa muito complexa, no qual uma força armada terrestre deve possuir grande mobilidade tática e estratégica, ótima inteligência militar, maior rapidez e sincronização das operações, maior profundidade das ações, capacidade de combate continuado, GE, operações psicológicas e assuntos civis. Coerente com isso, o Brasil, nos anos 90 do século 20, concebeu a DOURINA DELTA e em 2008 a END. A par do que foi dito, verifica-se que desde a II GM até hoje os principais exércitos do mundo empregaram tropas blindadas para desequilibrar o poder de combate a seu favor, seja em guerra de 3ª geração, seja em combates em ambientes urbanos. A Doutrina Delta é uma solução da Força Terrestre de se adaptar ao combate moderno; no entanto, modificações nas forças blindadas terrestres são necessárias, em virtude das novas condicionantes operacionais apresentadas, que já são realidade. Ao se analisar o cenário nacional das forças blindadas, infere-se que elas se resumem a duas brigadas quaternárias, a 5ª Bda Cav Bld, em Ponta Grossa – PR e a 6ª Bda Inf Bld, em Santa Maria – RS; e que o primeiro salto tecnológico dessas tropas ocorreu não só com aquisição, nos anos 90 do século 20, dos primeiros MBT para o Brasil, os CC Leopard 1 A1 e M60 A3 TTS, mas também com a criação do CIBld, naquela mesma época, o que possibilitou adestrar os recursos humanos nacionais no moderno combate de blindados. Observa-se também que o Exército Brasileiro está adquirindo 250 VBC CC Leopard 1 A5 para mobiliar as brigadas blindadas e que redistribuirá os Leopard 1 A1 e os M60 entre os RCB das brigadas de cavalaria mecanizada. Todavia, o 1 A5, apesar da sua grande tecnologia embarcada, é da 2ª geração do pós-2ª GM. Ele não possui, portanto, os recursos das modernas plataformas de combate de 3ª e 4ª gerações, levando grande desvantagem no combate blindado com essas plataformas. Cabe ressaltar, ainda, que esses Leopard 1 A5 alemães são de um lote de fabricação anterior ao do Leopard 1 A1, que foi repotencializado pela Bélgica. Assim, pode-se deduzir que os 1 A5, da mesma forma que o seu antecessor, terá um ciclo de vida de aproximadamente 15 anos, ou seja, a Força Terrestre terá um CC ultrapassado, em no mínimo 02 (duas) gerações, até cerca do ano de 2025. Além do que, verifica-se que não foram adquiridas Viaturas Blindadas de Combate de Infantaria (VBCI) para mobiliar os BIB, mantendo-se inadequadamente as VBTP M113B nesses batalhões de infantaria, o que prejudica as operações blindadas, sobretudo atuando em FT, bem como reduz a capacidade de sobrevivência dessas tropas no combate moderno. Além disso, há o problema da artilharia antiaérea que não possui nem a blindagem nem a mobilidade adequada para uma tropa de natureza blindada, haja vista a mesma ser dotada dos Can 40mm Bofors, sendo que o ideal seria uma VBC com os mesmos requisitos operacionais da VBC de artilharia antiaérea Gepard de origem alemã e da família Leopard. Cabe registrar que uma grande perda para as tropas blindadas nacionais foi o fim das indústrias de defesa voltadas para a construção de viaturas blindadas, como a ENGESA e a BERNADINI. Se, na década de 80 do século 20, a indústria bélica nacional projetou carros de combate como o Tamoio e o Osório, este no porte dos principais MBT da sua época; hoje não há projeto algum de VBC sobre lagarta. O Brasil está à mercê da tecnologia de outras nações, no que se refere a CC. Desse modo, verifica-se, como solução aos problemas supracitados de VBC sobre lagartas, a necessidade de se modernizar, em curto prazo de tempo, as VBC CC Leopard 1 A1/A5 e M-60, agregando tecnologias de 3ª e 4ª gerações, a fim de reduzir o hiato tecnológico entre os CC nacionais e os das principais forças blindadas do mundo. Paralelo a essa modernização, é de bom alvitre que se estimule a produção de projetos de uma família de VBC sobre lagartas para, a longo prazo, reduzir ou acabar com a dependência das forças blindadas brasileiras do comércio exterior para aquisição de novas VBC. Em relação ao preparo e emprego das forças blindadas brasileiras, constatase que a qualificação técno-tática dos recursos humanos necessita de aprimoramentos, visto que as modernas VBC CC são dotadas de equipamentos de alta tecnologia e de custo elevado de ciclo de vida. Caso esses MEM sejam utilizados de forma inadequada, os mesmos poderão se tornar indisponíveis para o emprego, bem como trazer perigo para o pessoal. Constata-se, assim, a necessidade de mudança do QCP dos RCB e RCC, aumentando-se o efetivo de núcleo-base dessas unidades, para não só evitar que militares do efetivo variável manejem materiais de emprego militar de alto custo, mas também elevar o estado de prontidão das forças blindadas, visto que o adestramento dessas unidades demanda muito tempo e altos recursos financeiros. Com o intuito de aperfeiçoar o preparo das tropas blindadas e de reduzir os custos, percebe-se que é preciso adquirir conjuntos de simulador tipo cabine para os RCC e RCB, bem como de simuladores portáteis para os RCB, o que ajudará a reduzir o consumo de combustível e munição. Além disso, também, é necessária a aquisição de Dispositivos de Simulação para Engajamento Tático (DSET), para o adestramento das frações blindadas, uma vez que esse material permite simular os efeitos de granadas de artilharia, de minas anticarro, entre outros, trazendo mais realidade aos treinamentos. Ademais, observa-se que o combate urbano na atualidade, além de ter aumentado de importância, também é um combate blindado, dessa forma, há a necessidade de não somente se revisar a doutrina de combate em localidade vigente na Força Terrestre, como viabilizar o adestramento em combate urbano com largo emprego de tropas blindadas, haja vista conflitos de média a alta intensidade. Nota-se, também, que a organização dos elementos de manobra das brigadas blindadas deveria ser alterada, a fim de reduzir os encargos logísticos e aumentar a operacionalidade. Os RCC e os BIB passariam a contar com 02 (dois) esquadrões de carros de combate e 02 (duas) companhias de fuzileiros blindadas na sua estrutura organizacional, conforme é estruturado o RCB, sendo os esquadrões comandados por cavalarianos e as companhias por infantes, aperfeiçoando e otimizando, desse modo, o emprego dessas frações tanto operacionalmente quanto logisticamente, visando, também, dar maior flexibilidade a essas unidades, possibilitando-as cumprir as mais diversas missões, uma vez que as capacidades operacionais dos CC complementam as dos fuzileiros e vice-versa. Salienta-se que os RCC passariam a ser RCB, mudando, assim, sua designação. Os batalhões blindados estadunidenses possuem essa estrutura, similar ao dos RCB. Cabe ressaltar que as forças blindadas do Exército Brasileiro, como oportunidade de melhoria, necessitam: - Especializar mais recursos humanos para dotar as brigadas blindadas de efetiva capacidade operacional; - Adquirir real capacidade de operar a noite, conforme preconiza a DOUTRINA DELTA. - Adquirir ou desenvolver, por meio da indústria nacional, uma VBCI para mobiliar os BIB e RCB; - Preparar e vocacionar tropas blindadas para atuar no combate urbano; - Desenvolver e produzir munições para CC, por meio da indústria brasileira de material de defesa, ficando independente do comércio internacional;e - Desenvolver uma família de blindados por intermédio da indústria nacional de material bélico, reduzindo, assim, a dependência do exterior. No tocante às forças blindadas de outros países, constata-se que na América do Sul, o Chile e a Venezuela possuem forças blindadas bem organizadas, dotadas de CC de 3ª geração com poder de combate superior aos CC do Exército Brasileiro, além de VBCI modernas dotadas de canhão de 20 a 100 mm e capazes de acompanhar os CC por ocasião do seu emprego, dando-lhes, assim, grande ação de choque e elevado poder de fogo. Os elementos de manobra desses exércitos sulamericanos contam com apoio de fogo proporcionado por grupos de artilharia autopropulsados de 155 mm, bem como apoio de elementos de engenharia providos de VBC de engenharia e lançador de pontes. Além do mais, observa-se que os argentinos possuem uma família de blindados nacionais TAM de 2ª geração, o que lhe dá independência na questão de suprimentos e na obtenção de novos blindados. Entre os países mais desenvolvidos, os EUA possuem uma força blindada, a HBCT, dotadas de blindados de última geração, destacando-se a estrutura organizacional dos seus batalhões blindados, composta de subunidades de CC, de fuzileiros blindados, apoiados por uma companhia de engenharia blindada e por uma SU de apoio avançado na sua composição de meios, possibilitando, assim, seu emprego a grande distância de forma isolada. A Alemanha, por seu turno, dotada de VBC de última geração, possui as forças blindadas como base do seu exército, o que condiciona a sua doutrina de emprego. Em relação à localização no território nacional, contata-se que a nova proposta de desdobramento das forças blindadas, com a criação de mais duas brigadas, sendo uma em Campinas - SP e outra em Boa Vista – RR tem o intuito de proporcionar ao Exército Brasileiro forças com elevado poder de fogo e ação de choque capazes de obter a superioridade decisiva e , desse modo, uma rápida solução do conflito em locais favoráveis ao emprego de meios blindados, conforme o preconizado na concepção de emprego da Força Terrestre. Conclui-se, além disso, que a proposta apresentada aumenta substancialmente o poder de combate em comparação com a estrutura atual, resultado de mensuração do PRC, consoante com a metodologia do Manual Escolar 101-0-3. Constata-se, também, que as sugestões apresentadas fornecem às forças blindadas terrestres o poder de combate necessário para o cumprimento das diversas missões no combate moderno. A análise acerca da situação atual das forças blindadas do Exército Brasileiro está baseada em discussões doutrinárias nas OM do Exército Brasileiro neste trabalho citadas e, sobretudo, na vivência profissional do autor, que, entre outras comissões, comandou o 2º Esquadrão de Carros de Combate do 2º RCC (dotado de CC Leopard 1 A1) entre os anos de 2000 e 2001; o 4º Esquadrão de Fuzileiros Blindados do 6º RCB, de 2003 a 2004; e também fez parte do estado-maior do 1º RCC/ CIBld, tanto como oficial de logística quanto de operações, de 2005 a 2007, auxiliando na mudança desse regimento e do CI Bld do Rio de Janeiro - RJ para Santa Maria – RS, como parte da reestruturação da 6ª Brigada de Infantaria Blindada. O intuito das propostas aqui apresentadas é de proporcionar às forças blindadas do Exército Brasileiro e como corolário a Força Terrestre as condições necessárias para o enfrentamento dos desafios do combate moderno, fornecendo a essas tropas poder de combate suficiente para cumprir suas missões. É sabido, porém, que qualquer modificação, visando atualizar e modernizar tropas blindadas, implica em elevados gastos financeiros; entretanto, esse gastos tem por objetivo maior a defesa da nação, uma vez que forças blindadas, além do forte poder dissuasório, são tropas operacionais de difícil formação, bem como de difícil aquisição, o que significa que na escalada de um conflito, o exército que não a possuir não terá condição de tê-la com capacidade operacional em curto prazo de tempo, colocando em risco a integridade do seu país. Ao observar a economia mundial se verifica que o Brasil está entre as 10 maiores e será, provavelmente, a quinta maior economia do mundo, segundo o documento do Estado Maior do Exército: O Processo de Transformação do Exército de 2010; ultrapassando gigantes como Alemanha, Reino Unido e França. Dessa maneira, é lícito supor que o Exército Brasileiro deva estar entre os 10 (dez) maiores exércitos do mundo. No entanto, é sabido que ele está longe de estar entre essas posições. Desta forma, pode-se concluir que as forças blindadas necessitam de atualizações, modificações e modernizações a fim de possuírem, poder de combate suficiente, capacidade operacional e estado de prontidão de tal sorte que possam ser fortes elementos dissuasórios, bem como sejam capazes de cumprir suas missões nas diversas hipóteses de emprego das FA, reduzindo, além disso, o hiato tecnológico existente em relação a outros exércitos. “A imprevisibilidade de um sistema internacional de contornos indefinidos, a interconexão em tempo real permitida pelos meios de comunicação,os fluxos de pessoas e mercadorias entre Estados, os problemas ambientais de escala planetária, a diminuição do custo de utilização da força armada devido ao gigantesco gap tecnológico entre exércitos de países desenvolvidos e em desenvolvimento, entre outros fatores, fazem com que a eclosão e a escalada dos conflitos interestatais se processe de modo acelerado; logo, as Forças Armadas brasileiras precisam possuir alta prontidão operacional de modo que estejam prontas a dar resposta imediata a contingências que atentem contra a soberania e os interesses brasileiros. Da mesma forma, a alta prontidão justifica-se como fator dissuasório e de projeção internacional do Estado.(ALSINA JUNIOR, 2009). ANEXO A RESUMO DO DESENVOLVIMENTO DOS CARROS DE COMBATE NO PÓS2ªGM, 1950 – 2000127 1ª GERAÇÃO DO PÓS-GUERRA 1950 – 1960 USA M-47 USA M-48 A1 / A2 Centurion GBR URS T-44 URS T-54 / T-55 FRA AMX 50 JAP TYP 61 RPC T-59 2ª GERAÇÃO DO PÓS-GUERRA 1960 – 1970 USA T-95 USA M-60 / M-60 A1 Chieftain GBR Vickers Mk.1 GBR URS T-62 FRA AMX 30 Leopard 1 A1/ A2/A3 ALE SVI Pz-61 Strv 103 B SUE RPC T-69 3ª GERAÇÃO DO PÓS-GUERRA 1980 – 1990 USA Abrams M-1 / M-1 A1 Challenger GBR Valiant GBR Vickers Mk.7 GBR/ ALE URS T-80 Leopard 2 ALE JAP Typ 90 ITA C-1 Ariete COR Typ 88/ Rokit BRA EE T-1 Osório 1ª GERAÇÃO INTERMEDIÁRIA/ 2ª GERAÇÃO DO PÓS-GUERRA 1970 – 1980 USA M-60 A2 USA M-60 A3 GBR FV 4030 1/2 Vickers Mk.3 GBR URS T-72 / T-64 FRA AMX 30 B2 Leopard 1 A4 ALE (Leone) / OF-40 ITA SUI Pz 68 ALE/ USA Kpz 70/ XM-803 JAP Typ 74 ISR Merkava Mk-1/2 ARG TAM 2ª GERAÇÃO INTERMEDIÁRIA/ 2ª GERAÇÃO DO PÓS-GUERRA 1980 – 1990 USA Super M-60 Chieftain 900 GBR URS T-72 M 1986 FRA AMX 32 PT 1/2 FRA AMX 40 Leopard 1 A5 ALE SUI Pz-61 Strv 103 C SUE RPC T-80 / T-85 BRA MB 3 Tamoyo 3ª GERAÇÃO INTERMEDIÁRIA/ 3ª GERAÇÃO DO PÓS-GUERRA 1990 – 2000 USA Abrams / M-1 A2 Challenger II GBR ____________ 127 BASTOS, Expedito Carlos Stephani Bastos. Simpósio: 80 anos de blindados. Instituto Militar de Engenharia. Rio de Janeiro, 1996. 4ª GERAÇÃO DO PÓS-GUERRA 1990 – 2000 GBR ( FTP / MBT 95) URS FST 1 Leclerc FRA ALE PzKW 2000 ITA C-1 Ariete SUE (MBT) ANEXO B PRINCIPAIS BLINDADOS UTILIZADOS NA AMÉRICA DO SUL128 Blindados: América do Sul GIAT AMX-13 LIGTH TANK (geração 2ª GM) CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS - Guarnição: 3 homens - Altura: 2,51 m - Comprimento: 4,88 m - Peso: 15 000 Kg - Velocidade: 60 Km / h - Países que utilizam: Argentina (60), Chile (47), Equador (185), Peru (110), Venezuela (132). - Equipamento de Visão Noturna (Dependendo da versão, pode ser ativa ou passiva). ARMAMENTO - 01 (um) canhão 90 mm ou 105 mm - 1 Mtr 7,62 mm AAé - 1 Mtr coaxial 7,62 mm GIAT AMX-30 ( CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS - Guarnição: 4 homens - Altura: 3,10 m - Comprimento: 6,59 m - Peso: 37 000 Kg - Velocidade: 65 Km / h - Países que utilizam: Venezuela. - - Equipamento de Visão Noturna Ativo (Projetor). - Torre estabilizada. - Sistema DQBN ARMAMENTO - 01 (um) canhão 105 mm - 01 (um) Mtr 7,62 mm AAé - 01 (um) Mtr 12,7 mm ou 1 canhão de 20 mm coaxial STEYR SK 105 LIGHT TANK ( CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS - Sistema infra-vermelho para motorista e comandante. - Torre estabilizada. - Carregamento automático para as munições do canhão. - Sistema DQBN. Possibilidade de adicionar blindagem reativa. ____________ 128 Dados extraídos do Estágio Tático de Blindados do CIBld em 2006, Santa Maria – RS. - Guarnição: 3 homens - Altura: 2,50 m - Comprimento: 5,58 m - Peso: 17 700 Kg - Velocidade: 70 Km / h - Países que utilizam: Argentina 129 (150), Bolívia (34), Brasil (17) ARMAMENTO - 01 (um) canhão 105 mm - 1 Mtr coaxial 7,62 mm LEOPARD 1 A1 (2ª geração) CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS - Torre estabilizada; - Equipamento de Visão Noturna Ativo ( Projetor); - Possibilidade de adição de blindagem reativa; - Sistema DQBN - Guarnição: 4 homens - Altura: 3,25 m - Comprimento: 7,09 m - Peso: 40 000 Kg - Velocidade: 65 Km / h - Países que utilizam: Brasil (128). ARMAMENTO - 01 (um) canhão 105 mm - 01 (uma) Mtr 7,62 mm AAé - 01 (uma) Mtr coaxial 7,62 mm LEOPARD 1 A5 (2ª geração intermediária/ 2ª geração) CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS - Torre estabilizada; - Equipamento de Visão Termal (TTS); - Sistema de pontaria EMES 18; - Possibilidade de adição de blindagem reativa; - Sistema DQBN - Guarnição: 4 homens - Altura: 3,25 m - Comprimento: 7,09 m - Peso: 40 000 Kg - Velocidade: 75 Km / h - Países que utilizam: Brasil (250), Chile (282 – 1V) ARMAMENTO - 01 (um) canhão 105 mm - 01 (uma) Mtr 7,62 mm AAé - 01 (uma) Mtr coaxial 7,62 mm 129 Utilizado pelos Fuzileiros Navais do Brasil. LEOPARD 2 A4 (3ª geração) CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS - Torre estabilizada; - Equipamento de Visão Termal (TTS), para atirador; - Sistema de pontaria EMES 15; - Possibilidade de adição de blindagem reativa; - Sistema DQBN - Guarnição: 4 homens - Peso: 55 000 Kg - Velocidade: 72 Km / h - Países que utilizam: Chile (110) ARMAMENTO - 01 (um) canhão 120 mm L44 - 01 (uma) Mtr 7,62 mm AAé - 01 (uma) Mtr coaxial 7,62 mm M 41 LIGHT TANK (2ª GM) CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS - Guarnição: 4 homens - Altura: 2,73 m - Comprimento: 7,03 m - Peso: 26 000 Kg - Velocidade: 65 Km / h - Países que utilizam: Brasil, Chile e Uruguai. - A versão utilizada pela Dinamarca possui atualizações como Sistema DQBN e visão termal, além de blindagem adicional. ARMAMENTO - 01 (um) canhão 90 mm - 01 (uma) Mtr . 50 AAé - 01 (uma) Mtr coaxial 7,62 mm M 60 A3 TTS (1ª geração intermediária/ 2ª geração) CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS - Torre estabilizada; - Visão Noturna Passiva ( TTS); - Sistema DQBN; - Possibilidade de adição de blindagem reativa; - Possibilidade de adaptação de equipamentos de engenharia na VBC. - Guarnição: 4 homens; - Altura: 3,63 m; - Comprimento: 6,94 m; - Peso: 51 800 Kg; - Velocidade: 48 Km / h; - Países que utilizam: Brasil ( 91) ARMAMENTO - 01 (um) canhão 105 mm - 01 (uma) Mtr . 50 AAé - 01 (uma) Mtr coaxial 7,62 mm TAM (1ª geração intermediária/ 2ª geração) CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS - Torre estabilizada; - Visão Noturna Ativa ( Projetor ); - Sistema DQBN; - Possibilidade de adição de blindagem reativa; - Guarnição: 4 homens - Altura: 3,29 m - Comprimento: 6,77 m - Peso: 30 000 Kg - Velocidade: 75 Km / h - Países que utilizam: Argentina (230), Equador (54), Peru (80) ARMAMENTO - 01 (um) canhão 105 mm - 01 (uma) Mtr 7,62 mm AAé - 01 (uma) Mtr coaxial 7,62 mm T 54 / 55 MBT (1ª geração) CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS - Visão Noturna Ativa (Infravermelho para o comandante, atirador e motorista, iluminado através de projetor ); - Possibilidade de adição de blindagem reativa; - Possibilidade de adaptação de equipamentos de engenharia na VBC; - Guarnição: 4 homens - Altura: 3,27 m - Comprimento: 6,04 m - Peso: 36 000 Kg - Velocidade: 50 Km / h - Países que utilizam: Peru e Uruguai ARMAMENTO - 01 (um) canhão 100 mm - 01 (uma) Mtr 12,7 mm AAé - 01 (uma) Mtr coaxial 7,62 mm T 72 B (3ª geração) CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS - Visão Noturna Ativa ; Possibilidade de adição de blindagem reativa; Possibilidade de adaptação de equipamentos de engenharia na VBC; sistema de carregamento automático da arma; - Canhão estabilizado, com alcance de 4,5 km; - Guarnição: 3 homens - Peso: 45,7 ton.; - Velocidade: 60 Km / h - Países que utilizam: Venezuela (92) ARMAMENTO - 01 (um) canhão 125 mm - 01 (uma) Mtr 12,7 mm AAé - 01 (uma) Mtr coaxial 7,62 mm AMX VCI CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS - Dispositivo de visão noturna para a torreta do comandante; - Sistema DQBN; - Guarnição: 3 + 10 homens; - Altura: 2,68 m; - Comprimento: 5,70 m; - Peso: 10 600 Kg; - Velocidade: 62 Km / h; - Países que utilizam: Argentina (180), Equador (60) e Venezuela (25). ARMAMENTO - 01 (uma) Mtr 7,62 mm ou 12,7 mm AAé, ou ainda 01 (um) canhão de 20 mm ou 60 mm dependendo da versão. M 113 CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS - Viatura anfíbia - Visão Noturna ( Infravermelho para o motorista)Possibilidade de adição de blindagem reativa- Possibilidade de adaptação de equipamentos de engenharia na viatura. - Guarnição: 2 + 11homens - Altura: 3,68 m - Comprimento: 4,86 m - Peso: 10 600 Kg - Países que utilizam: Argentina (250), Bolívia (40), Brasil (606), Chile (115), Peru (300), Equador (64) e Uruguai (15). ARMAMENTO - 01 (uma) Mtr . 50 AAé MARDER 1 A3 CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS - Dispositivo de visão noturna para a torreta do comandante; - Sistema DQBN; - Guarnição: 3 + 6 homens; ;- Peso: 32,18 ton; - Velocidade: 75 Km / h; - Países que utilizam: Chile (120) ARMAMENTO - Can 20 mm - 01 (uma) Mtr 7,62 mm. VCI BMP -3 CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS - anfíbio; - Sistema DQBN; - Guarnição: 3 + 7 homens;; - Peso: 18,7 ton.; - Velocidade: 72 Km / h; - Países que utilizam: Venezuela ARMAMENTO - principal : Can 100 mm e Can 30 mm - 01 (uma)Mtr 7,62 mm; VBCI -TAM CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS - Muitas viaturas são dotadas com um míssil MILAN, situado em uma escotilha no lado direito do comandante do carro (Versão Marder); - Permite a ultrapassagem de vaus até 2 m; - Visão Noturna Passiva (TTS para o comandante ); - Guarnição: 3 + 6 homens - Altura: 3,24 m - Comprimento: 6,79 m - Peso: 29 200 Kg - Velocidade: 75 Km / h - Países que utilizam: Argentina. ARMAMENTO - 01 (um) canhão 20 mm - 01 (uma) Mtr 7,62 mm AAé M 108 105 mm CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS Visão noturna Passiva (Infravermelho para o motorista ); - Guarnição: 5 homens - Altura: 3,29 m - Comprimento: 6,11 m - Peso: 22 452 Kg - Velocidade: 56 Km / h - Países que utilizam: Brasil ARMAMENTO - 01 Obus 105 mm; - 01 (uma) Mtr . 50 AAé. M 109 155 mm CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS Visão noturna Passiva (Infravermelho para o motorista ); - Guarnição: 6 homens - Altura: 3,15 m - Comprimento: 6,19 m - Peso: 24 948 Kg - Velocidade: 56,3 Km / h - Países que utilizam: Brasil (40) e Peru (12). ARMAMENTO - 01 Obus 155 mm; - 01 (uma) Mtr . 50 AAé. GIAT 155 mm CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS Visão noturna Passiva (Infravermelho para o motorista ); - Guarnição: 2 homens - Altura: 2,70 m - Comprimento: 6,22 m - Peso: 17 400 Kg - Velocidade: 60 Km / h - Países que utilizam: Argentina (24), Chile (12), Equador (12) e Venezuela (20) ARMAMENTO - 01 Obus 155 mm. ANEXO C ANEXO FOTOGRÁFICO DAS VIATURAS BLINDADAS DE COMBATE CITADAS FIGURA Nr 43 - SK-105 (FONTE:http://www.militarwiki.org/w/images/AMX-13-Argentina.jpg) FIGURA Nr 44 - AMX 13 (FONTE:http://www.areamilitar.net/DIRECTORIO/IM_ter/AMX13_001.jpg) FIGURA Nr 45 - TAM VIATURA POSTO DE COMANDO (VPC) http://img213.imageshack.us/img213/5841/vcpc1kq6.jpg FIGURA Nr:46 - TAM VIATURA TRANSPORTE DE MORTEIRO (VTM) http://www.saorbats.com.ar/GaleriaSaorbats/EA04/images/Mor01_JPG.j FIGRA Nr 47: TAM VIATURA DE COMBATE MUNICIADORA (FONTE:http://www.militarwiki.org/w/images/thumb/TAM_VC_Amun.jpg/800pxTAM_VC_Amun.jpg) FIGURA Nr 48: TAM VIATURA COMBATE DE INFANTARIA (VCI) (FONTE:http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/09/VCTP.JPG, em 11 de maio) FIGURA Nr 49 - AMX-13 VIATURA BLINDADA DE COMBATE DE INFANTARIA (VBCI) (FONTE:http://i7.photobucket.com/albums/y280/epmaclaren/AMX13-VCC.jpg, em 13 de maio) FIGURA Nr 50 - LEOPARD 1V (FONTE:http://www.haaland.info/leopard1/world/chilesandx.jpg, em 23 de maio) FIGURA Nr 51 - VBCI – IFV MARDER 3 (FONTE:http://panamericandefense.files.wordpress.com/2009/03/800px-marder1a36.jpg, em 23 de maio) FIGURA Nr 52 - AML 90 – Panhard (FONTE: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/5/51/Panhard_AML90_img_2308.jpg/300px-Panhard_AML-90_img_2308.jpg, em 14 de maio) FIGURA Nr 53 : TAM VIATURA DE COMBATE DE ARTILHARIA (VCA) 155 mm (FONTE: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/31/VCA_155.JPG) FIGURA Nr 54 - AMX-13 GIAT 155 mm (FONTE: http://www.areamilitar.net/DIRECTORIO/IM_ter/F3AMX13155mm_001.jpg) FIGURA Nr 55 - VBCI BMP-3 (FONTE: http://www.areamilitar.net/, em 01 de julho) FIGURA Nr 56 - BRADLEY (FONTE: http://upload.wikimedia.org, em 03 de julho) REFERÊNCIAS ABREU, Heitor freire de. 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