461 APRIMORAR O DESENVOLVIMENTO DO ALUNO ATRAVÉS DO VOLEIBOL Fabio Lopes Larreia¹ Luciano Leal Loureiro² Resumo Este trabalho tem como objetivo mostrar que o voleibol é uma maneira de aprimorar o desenvolvimento dos alunos. O voleibol na escola deve ter uma formação básica, desenvolvendo os procedimentos metodológicos: aspectos cognitivos, afetivos e motores. O importante não é o método de ensino que será aplicado e sim que o aluno perceba o quanto das suas capacidades ele pode aprimorar com a prática do voleibol. As informações relatadas neste trabalho servem para mostrar o quanto o professor tem que estar sempre à procura de novos conhecimentos, só assim poderá dar uma aula adequada as necessidade do aluno. Palavras-chave: Educação física escolar; aprendizagem do voleibol; desenvolvimento do aluno. INTRODUÇÃO: Quando se pensa sobre a historia da Educação Física escolar no Brasil, é muito importante lembrar que a sua recomendação, introdução e permanência na educação formal ocorreu em um cenário de época bastante conservador, ocupou um espaço físico modesto e foi marcada por uma historia social com muitos percalços. Os nossos primeiros professores de gymnastica foram os soldados de D. Leopoldina. Princesa austríaca, e Imperatriz do Brasil, D. Leopoldina trouxe consigo um grupo pequeno, porém, muito importante formado por cientistas e pela sua guarda pessoal. Esta guarda pessoal praticava exercícios que foram adotados pelos nossos soldados. A partir deste fato, a prática da gymnastica foi gradualmente “ganhando espaços”. Vencendo os costumes, combatendo o preconceito e ampliando seus conteúdos a citada prática motora de então, hoje, educação física, é oferecida aos escolares sem distinção de sexo, gênero ou classe social. ¹Acadêmico da disciplina de estágio Supervisionado em Educação física III do curso de Educação Física da Universidade Luterana do Brasil .ULBRA – Guaíba. ² Docente do curso de Educação Física da Universidade luterana do Brasil, Ulbra - Guaíba e orientador deste trabalho 462 Em 1824 a Constituição do Império recomendou formalmente a escolarização aos brasileiros. A gratuidade da instrução primaria garantia a existência de colégios e de universidades que ensinassem elementos das ciências, belas artes e artes. A escolarização prescrita era, entretanto, destinada aos filhos de proprietários, detentores de direitos políticos e civis, ou seja, para ter acesso aos bancos escolares era necessário que o cidadão tivesse bens, portanto, a educação formal mesmo oficialmente recomendada, era para poucos (Arantes, 2002). Em todo o mundo, de acordo com Souza (2000), o século XIX foi caracterizado por intenso debate sobre a questão da educação popular. Difundia-se a crença no poder da escola como fator de modernização, progresso e mudança social. Nesta esteira dos tempos modernos, a organização escolar, métodos de ensino, livros e manuais didáticos, classificação de alunos, estrutura física da escola, formação docente e a inclusão de disciplinas tais como ciências, desenho e educação física - ginástica - serviram a nova causa, orientar um novo homem pra uma nova sociedade. Quanto à presença das aulas que tratassem do movimento humano Cunha Junior , escreve que as mesmas foram orientadas pelos padrões (europeus) vigentes. A pedagogia da educação physica articulava-se a alimentação, ao vestuário, ao exercício corporal, condicionadas e adequando-se as modestíssimas instalações escolares. Em 1872, Rui Barbosa, eminente Parecerista do Império solicitou a paridade das aulas de Educação Physica as demais disciplinas oferecidas pela escola elementar. Mesmo avesso as atividades físicas que os tempos modernos impunham (não apreciava o ciclismo), solicitou melhores condições físicas para as aulas, a prática da gymnastica segundo preceitos médicos e recomendações guiadas pela concepção de gênero, pedia também remuneração adequada aos docentes (Oliveira, 1989). Em 1961 promulgou-se a primeira Lei de diretrizes e Bases da Educação Nacional LDB. Nº 4024. As diferentes estruturas da educação escolar receberam a denominação de Primário (quatro anos) e o Ginásio também com quatro anos. Abrigadas sob esta estrutura vertical, a (aula de) Educação Física ministrada pelos regentes “dada suas bases científicas, e atualmente considerada como um aspecto de 463 educação geral, oferecendo valiosa contribuição ao educando” (Programa da Escola Primaria de São Paulo, 1967: 59). Na escola primaria à educação física teve como objetivo a recreação (individual e coletiva) nos seus variados aspectos era realizada por meio de atividades naturais, jogos, atividades rítmicas. A Educação Física na década de 60, também se preocupou com a atitude postural adequada, com a coordenação sensório motor, o refinamento dos sentidos e o conhecimento de novos costumes (PROGRAMA DA ESCOLA PRIMÁRIA DE SÃO PAULO, 1967 p. 59). Desde 1996 o currículo vigente esta organizado segundo a terceira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LDB Nº 9394. O processo de escolarização brasileiro apresenta-se agora completo. Iniciando pela educação infantil nosso sistema escolar termina formalmente na Graduação, no ensino superior. Hoje, as propostas e os conteúdos têm a preocupação em atender, incluir e integrar todos os estudantes em torno do projeto escolar. As aulas de Educação Física ao contrario das épocas passadas, e, segundo o artigo 26, deve ser “integrada a proposta pedagógica da escola, e componente curricular da educação básica, ajustando-se as faixas etárias e as condições da população escolar, sendo facultativa nos cursos noturnos” (São Paulo; SE:CENP 1985). DESENVOLVIMENTO O ensino fundamental, segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998), é dividido em ciclos, sendo a 1º e 2º series constituintes do 1 ciclo ,3º e 4º series do 2 ciclo, 5º e 6º series do 3 ciclo e , 7º e 8º series do 4 ciclo. Para o ensino fundamental os pcns mostram tais conceitos sobre os esportes: * Compreensão dos aspectos históricos sociais relacionados aos jogos, as lutas, aos esportes e as ginásticas. * Participação em jogos, lutas, e esportes dentro do contexto escolar de forma recreativa. * Participação em jogos, lutas, e esportes dentro do contexto escolar de forma competitiva. 464 * Vivência de jogos cooperativos. * Desenvolvimento das capacidades físicas e habilidades motoras por meio das práticas da cultura corporal de movimento. * Compreensão e vivência dos aspectos relacionados à repetição e a qualidade do movimento na aprendizagem do gesto esportivo. * Aquisição e aperfeiçoamento de habilidades específicas a jogos, esportes, lutas e ginásticas. * Compreensão e vivência dos aspectos técnicos e táticos do esporte no contexto escolar. * Desenvolvimento da capacidade de adaptar espaços e materiais na criação de jogos. * Desenvolvimento da capacidade de adaptar espaços e materiais para realizar esportes simultâneos, envolvendo diferentes objetivos de aprendizagem. * Vivência de esportes individuais dentro de contextos participativos e competitivos. * Vivência de esportes coletivos dentro de contextos participativos e competitivos. * Vivência de variados papéis assumidos no contexto esportivo (goleiro, defesa, atacante, técnico, torcedor, juiz). * Participação na organização de campeonatos, gincanas, excursões e acampamentos dentro do contexto escolar. * Compreensão das diferentes técnicas ginásticas relacionadas com diferentes contextos históricos – culturais e com seus objetivos específicos. 465 * Compreensão e vivência dos aspectos de quantidade e qualidade relacionados aos movimentos ginásticos. Voleibol – Sua História O Voleibol foi inventado em 1895 por um americano, William George Morgan, professor de Educação Física na faculdade Associação Crista de Moços (ACM) de Holyoke, Massachusetts (EUA), criou um jogo recreativo que fosse, ao mesmo tempo, competitivo e sem contato físico, para atrair o publico mais velho. (Santini, 2007 e Bojikian, 2005). A primeira quadra media 15,75m de comprimento e 7,625m de largura. A rede tinha 0,61m de largura, 8,235m de comprimento e 1,98m de altura ( do solo ao bordo superior).Morgan nomeou o novo esporte de minonette, mas pouco tempo depois ele se transformou em Volleyball.( Santini , 2007 e Bojikian,2005). A primeira bola utilizada foi a de basquetebol, que se mostrou muito pesada e sua câmara muito leve. Morgan encomendou a um fabricante uma bola de couro, com uma câmara de borracha que tinha uma circunferência de 67,5cm com o peso que variava de 255 a 340g. Essa bola foi aprovada pelos praticantes da época, e suas características não estão muito distantes da bola atual. Em 1897, foram publicadas as primeiras regras do voleibol. O numero de seis participantes por equipe foi fixado somente em 1918. Até então, era livre, assim como a quantidade de toques na bola por parte de cada equipe, que só foi limitado ao máximo de três em 1922. Já na America do Sul, o voleibol surgiu em 1910, trazido por uma missão norteamericana especializada em educação primaria. Não se tem dados sobre o ano exato da chegada do voleibol ao Brasil. Para alguns, isso ocorreu em 1915 no Colégio Marista em Pernambuco; para outros, por volta de 1916 e 1917 pela ACM de São Paulo. No Brasil é o segundo esporte coletivo mais praticado. São cinco os fundamentos básicos do voleibol: saque, passe, toque, ataque e bloqueio. De acordo com Bojikian (2005) e Melhem (2004), o objetivo da aprendizagem do voleibol e fazer com que os alunos aprendam as habilidades motoras que o compõem, de maneira que consigam aplicá-las na dinâmica do jogo. Esse 466 conceito está em conformidade com as definições tradicionais de aprendizagem que se baseiam em três critérios: Deve haver mudança de comportamento, essa mudança deve ser relativamente estável, e deve ser resultado de prática ou experiência. Para levarmos os alunos a real aprendizagem do voleibol, optamos por uma série de procedimentos metodológicos que englobam aspectos cognitivos, afetivos e motores envolvidos no seu desenvolvimento. Como as habilidades motoras a serem aprendidas têm o objetivo de obter a precisão da execução do gesto técnico, optamos por um processo que de ênfase a orientação mecânica, onde a atuação do professor junto ao aluno estimulando e orientando é de suma importância. Lemos (2004), Carvalho (2011). Esse processo metodológico é composto por cinco etapas: *Apresentação da Habilidade Motora – É o primeiro contato com o fundamento que ele irá aprender. O professor deverá sempre que possível enriquecer suas explicações teóricas com demonstrações próprias, mostrar filmes ou vídeos. *Seqüência Pedagógica – Procedimento metodológico no qual um determinado movimento é ensinado em partes que vão sendo associadas entre si progressivamente. *Exercícios Educativos – Exercícios que visam possibilitar as correções dos erros mais comuns, os quais surgem habitualmente ao término da aplicação de uma determinada seqüência pedagógica. *Automatização – Por mais complexa que seja a estruturação da mecânica de um movimento, uma vez retida, ela passa a ser natural para essa pessoa, que conseguirá uma execução automatizada, harmoniosa e com perfeita sinergia funcional. *Aplicação – No inicio da fase de aplicação, a mecânica dos exercícios for simples de modo que o novo praticante possa concentrar a sua atenção tanto na habilidade quanto no emprego dela, ele conseguirá executar bem ambas as tarefas. Como principal facilitador do ensino do voleibol, destacamos a importância do jogo no processo de formação do aluno, como é defendido por Freire (2003). O jogo é o procedimento pedagógico mais utilizado na escola porque necessita de poucos materiais, o que sabemos é escasso nas escolas. Através do jogo, a sociedade se 467 desenvolve, o aluno e motivado a prender, as habilidades são aperfeiçoadas, desenvolve a criatividade, a cognição e aprendem a resolver problemas e tomar decisões. De acordo com Santini (2007), Melhem (2004), Bojikian (2005), Junior (2006), Darido (2003) o voleibol possui características especificas, onde podemos citar: *Aquisição de habilidades motoras e desenvolvimento da aptidão física; *Contribuição para o desenvolvimento afetivo e cognitivo, através da aprendizagem pelo movimento; *Desenvolvimento das valências físicas (forca, resistência, velocidade, equilíbrio, coordenação e flexibilidade); * Estimulo ao aspecto afetivo – social (capacidade de agir, interagir e reagir com o outro e consigo mesmo); * Estimulo a alegria, satisfação e motivação dos praticantes. * Liberdade na execução - pode ser jogado em locais abertos ou fechados (praia, praça, rua, ginásio) por ambos os sexos; * Possibilidade de recreação ou prática competitiva (pode ser jogado em duplas, trios ou quartetos) nas mais diferentes faixas etárias. CONSIDERAÇÕES FINAIS O voleibol na escola deve ter uma formação básica, desenvolvendo os procedimentos metodológicos: aspectos cognitivos, afetivos e motores envolvidos no seu desenvolvimento. Através das informações relatadas neste trabalho, os professores de Educação Física das escolas poderão utilizá-las e ajudar, fazendo com que todos os alunos gostem da pratica do voleibol na escola até mesmo aqueles que não gostam da Educação Física. O Professor deve saber respeitar a individualidade de cada aluno, procurando o melhor método para o seu desenvolvimento e com isso fazer com que o aluno tenha motivação para cada aula. 468 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MELHEM, Alfredo. Brincando e aprendendo voleibol. Rio de Janeiro: Sprint, 2004. LEMOS, Ailton de Souza. Voleibol escolar. Rio de Janeiro: Sprint, 2004. FREIRE, João Batista. Educação de corpo inteiro; teoria e prática da educação física. São Paulo: Scipione, 1997. SANTINI, Joarez. Voleibol escolar: da iniciação ao treinamento. 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