PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO ALEGRE SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE COORDENADORIA GERAL DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE Vinte anos de vigilância da fluoretação da água de abastecimento em Porto Alegre Junho de 2015 PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO ALEGRE SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE COORDENADORIA GERAL DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE Vinte anos de vigilância da fluoretação da água de abastecimento em Porto Alegre: análise da experiência e elementos para gestão do programa em municípios de grande porte populacional LAMAS, Alex Elias; FERREIRA, Katia Maria; CESA, Kátia; BALLESTRIN, Rogério Antônio. Porto Alegre, junho de 2015 Sumário Palavras-chave............................................................................................................................... 3 Resumo .......................................................................................................................................... 3 Introdução ..................................................................................................................................... 4 Justificativa ................................................................................................................................... 7 Objetivo ......................................................................................................................................... 9 Percurso metodológico ................................................................................................................ 10 Resultados e discussão ................................................................................................................ 12 Considerações finais.................................................................................................................... 16 Referências .................................................................................................................................. 18 Vinte anos de vigilância da fluoretação da água de abastecimento em Porto Alegre: análise da experiência e elementos para gestão do programa em municípios de grande porte populacional LAMAS, Alex Elias; FERREIRA, Katia Maria; CESA, Kátia; BALLESTRIN, Rogério Antônio. PALAVRAS-CHAVE Vigilância em Saúde; Fluoretação; Abastecimento de água; Saúde Ambiental. RESUMO Em Porto Alegre, RS, o monitoramento da qualidade da água como política pública é anterior ao processo de municipalização da saúde quando se instituiu o Sistema de Vigilância dos Teores de Flúor. A Portaria Ministerial 2.914 de 2011 define entre as atribuições das Secretarias Municipais, entre outras disposições, “manter articulação com as entidades de regulação quando detectadas falhas relativas à qualidade dos serviços” [...] e “garantir informações à população sobre a qualidade da água para consumo humano” (BRASIL, 2011). A Política Nacional de Saúde Bucal aponta igualmente para a necessidade de publicização das ações do poder público com vistas ao controle social da política; maior utilização da epidemiologia e fortalecimento da vigilância (BRASIL, 2004). O relato de duas décadas de vigilância do parâmetro flúor em Porto Alegre traz elementos para o debate e qualificação do processo de heterocontrole em municípios brasileiros de grande porte populacional. Para tanto foi realizada pesquisa em documentos institucionais e sistematização de dados sobre as 8.678 amostras coletadas entre os anos de 1994 e 2013. A constância do provimento da água fluoretada, o número de medições adequadas e a variação em relação à média (representada pelo desvio padrão) são utilizados como aproximações para os critérios de acesso, regularidade, atenção à legislação municipal vigente e qualidade da intervenção. Na realidade estudada, a crescente adequação dos teores de flúor nas águas de abastecimento público demonstra o importante papel exercido pela Vigilância em Saúde no monitoramento da fluoretação das águas. INTRODUÇÃO A fluoretação da água de consumo é considerada uma das maiores conquistas de saúde pública do século XX entre iniciativas tão relevantes como a vacinação, o controle das doenças infecciosas e o planejamento familiar (CDC, 1999¹). O declínio mundial da cárie dental na segunda metade do mesmo período faz deste método o mais efetivo e equitativo de exposição ao flúor (CDC, 1999²). Os municípios brasileiros pioneiros na implantação de políticas de fluoretação da água de abastecimento registraram impacto que variou entre 36,7% e 57,9% na redução da cárie entre as décadas de 1950 e 1970. A experiência subsequente mostrou que o benefício da medida é “proporcionalmente maior justamente nos segmentos [populacionais] que não têm acesso a outros fatores de proteção ou esse acesso é marcadamente restrito” (NARVAI, 2000, p. 388). A concentração de fluoreto é um parâmetro importante para a avaliação da qualidade das águas de abastecimento pela possibilidade de prevenção da cárie e pelo potencial de provocar fluorose dentária. Estabelecer níveis de segurança para o fluoreto em águas de consumo é uma medida imprescindível de proteção à saúde humana (FRAZÃO; PERES e CURY, 2011). Bem como “[...] Constitui imperativo ético conhecer o teor de flúor normalmente encontrado nas águas de um determinado manancial [...] antes de disponibilizá-las ao consumo humano” (BRASIL, 2009, p. 20). O Brasil conta atualmente com o segundo maior sistema de fluoretação do mundo e a ampliação do acesso à água tratada e fluoretada proporcionou a redução do número de dentes extraídos no País. Cabe registrar que o levantamento nacional de saúde bucal de 2010 aponta para uma prevalência nacional de fluorose de 16,7%, embora os defeitos graves na mineralização do esmalte tenham sido considerados nulos (BRASIL, 2011 ¹). Ainda assim, a utilização de água fluoretada no preparo de alimentos já foi apontada como fator associado à fluorose em adolescentes de Ribeirão Pires – SP (FORNI, 2005). A vigilância da fluoretação por instituições externas à sua operacionalização é significativa à qualidade do processo, credibilidade das informações e alcance dos resultados em longo prazo (NARVAI, 2000). Calvo (1996) aponta para a relevância de caráter jurídico, técnico e político do sistema de vigilância: As interrupções do processo caracterizam desperdício de recursos investidos na implantação, e sua possibilidade de divulgação permite a participação da sociedade e suas organizações no controle social da medida. Tecnicamente a fluoretação das águas exige constância nos teores ótimos para que se garanta o potencial de redução da cárie da medida (CALVO, 1996, p. 100). Figura 1: Reservatórios de ácido fluossilícico na ETA Belém Novo. Fonte: EVQA CGVS. A necessidade de fortalecimento da vigilância do fluoreto no Vigiagua é responsabilidade institucional das secretarias municipais de saúde. Em 2005, apenas nove das dezessete capitais com fluoretação de águas declaravam monitorar o fluoreto como rotina integrante do programa. A inexistência de coleta, análise e divulgação dos teores observada na maior parte das capitais e a alta prevalência de amostras fora dos padrões no SISAGUA demonstrava tanto a inadequação no processo de fluoretação quanto o tímido comprometimento das instituições públicas na realização das ações de vigilância (CESA, ABEGG e AERTS, 2011). Para Frazão et al. (2013) a fluoretação da água de abastecimento público é uma importante estratégia da política nacional para intervenção sobre as desigualdades em saúde bucal, exigindo medidas de planejamento e constante aperfeiçoamento por parte dos setores saúde e ambiental. Entretanto, a falta de cadastro e de alimentação do sistema [SISAGUA] tende a ocorrer exatamente nos municípios com piores indicadores sanitários, econômicos e de desenvolvimento. Os autores ressaltam que é crucial para o estabelecimento de políticas e prioridades do setor um sistema de informação que apoie o planejamento e a avaliação. Inquéritos sobre a percepção de lideranças sociais da área de saúde sugerem a necessidade de melhorar o nível de apropriação destes atores sobre questões relativas à fluoretação pela utilização de mecanismos efetivos de divulgação das informações (FERREIRA et al., 2013). JUSTIFICATIVA O Rio Grande do Sul foi o primeiro estado brasileiro onde se estabeleceu, em 18 de junho de 1957, a obrigatoriedade da fluoretação das águas de abastecimento público (PIRES FILHO et al., 1989, Apud, NARVAI, 2000). Em Porto Alegre, o monitoramento da qualidade da água como política pública é anterior ao processo de municipalização da saúde quando se instituiu o Sistema de Vigilância dos Teores de Flúor (PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO ALEGRE, 2011). Conceitualmente, a Portaria Ministerial 2.914 de 2011 define em seu artigo 5º, parágrafo XVI, que a vigilância da qualidade da água para consumo humano é composta por ações regulares que considerem “aspectos socioambientais e a realidade local para avaliar se a água consumida pela população apresenta risco à saúde humana”. Nesta normatização compete às Secretarias Municipais, entre outras disposições do artigo 12º, “manter articulação com as entidades de regulação quando detectadas falhas relativas à qualidade dos serviços” [...] e “garantir informações à população sobre a qualidade da água para consumo humano” (BRASIL, 2011 ²). A Política Nacional de Saúde Bucal aponta igualmente, entre outras diretrizes, para a necessidade de publicização das ações do poder público com vistas ao controle social da política; maior utilização da epidemiologia e fortalecimento da vigilância (BRASIL, 2004). O relato de duas décadas de vigilância do parâmetro flúor em Porto Alegre traz elementos para o debate e qualificação do processo de heterocontrole em municípios brasileiros de grande porte populacional. Desta forma, a análise descritiva deste programa alinha-se às estratégias nacionais da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde de fortalecimento da vigilância em saúde ambiental e qualificação da gestão descentralizada de vigilância em saúde (BRASIL, 2011 ³). Figura 2: Tanques e painéis de controle da ETA Moinhos de Vento. Fonte: EVQA CGVS. OBJETIVO Relatar a experiência de vigilância dos teores de flúor em 20 anos de fluoretação das águas de abastecimento em Porto Alegre, RS; Debater componentes com vistas à gestão e avaliação de programas de vigilância da fluoretação da água de abastecimento em municípios de grande porte populacional. PERCURSO METODOLÓGICO A Equipe de Vigilância da Qualidade da Água (EVQA) da Coordenadoria Geral de Vigilância em Saúde (CGVS/ SMS) monitora, entre os parâmetros físico-químicos e microbiológicos estabelecidos pela legislação vigente, os teores de flúor das águas de abastecimento público em Porto Alegre desde 1994. A coleta atual é de 53 amostras mensais conforme plano municipal de amostragem, cujos critérios de construção consideram tanto o contingente de população abastecida como a representatividade das sete Estações de Tratamento de Água (ETAs) ligadas ao Departamento Municipal de Águas e Esgotos (DMAE) no ano de 2013 (Figura 1). Figura 3: Mapeamento da área de cobertura das Estações de Tratamento de Água em Porto Alegre em 2013. Fonte: Departamento Municipal de Águas e Esgotos. As coletas diárias são analisadas pelo Laboratório Central da Fundação de Produção e Pesquisa em Saúde do Estado (LACEN), segundo o Standart Methods for Examination of Water and Wastewater através da técnica eletrométrica. A análise dos resultados, sistematização e divulgação das informações é feita quadrimestralmente por meio de relatórios técnicos e alimentam regularmente o sistema de informação SISAGUA. Entre os anos de 1994 e 2003 os dados foram arquivados em planilhas eletrônicas e registrados em relatórios técnicos. A coleta realizada a partir de 2004 tem seus resultados registrados no SISAGUA. Para a sistematização das 8.678 amostras utilizadas nesta pesquisa foram utilizados documentos institucionais e o banco de dados do referido sistema de informação. Na classificação das amostras foi utilizado o patamar preconizado atualmente pela legislação municipal, na faixa de 0,6 a 0,9 ppm/F de flúor. As amostras foram classificadas em três categorias: • Categoria (i): Abaixo do parâmetro (amostras com valores inferiores a 0,6 ppm/F de flúor); • Categoria (ii): Adequadas ao parâmetro (entre 0,6 e 0,9 ppm/F) e • Categoria (iii): Acima do parâmetro (acima de 0,9 ppm/F). A constância do provimento da água fluoretada, o número de medições adequadas e a variação em relação à média (representada pelo desvio padrão) são utilizados como aproximações para os critérios de acesso, regularidade, atenção à legislação municipal vigente e qualidade da intervenção. RESULTADOS E DISCUSSÃO No ano de 1994, entre as 276 amostras analisadas, 49,8% foram classificadas no intervalo de adequação entre 0,6 e 0,9 ppm/F. Dez anos depois, o percentual geral de adequação estava na casa de 88,9% entre 584 amostras coletadas. No ano de 2013, 91,5% de 640 amostras anuais estavam adequadas (Gráfico 1). No início da vigilância dos teores de flúor a ETA Tristeza, com menor grau de adequação, chegou a registrar apenas 23,1% de amostras adequadas. No final de duas décadas, nenhuma das sete estações em funcionamento registrava adequação inferior aos 82,4% da ETA Belém Novo. Gráfico 1: Adequação dos teores de flúor em Porto Alegre entre 1994 e 2013. 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% % adequado % acima % abaixo Para Panizzi e Peres (2008) a análise isolada de um período curto (por exemplo, biênio ou triênio) pode ser pouco representativa da evolução do programa. A indicação é de que o heterocontrole seja permanente, enquanto houver fluoretação de águas, de forma a detectar ou não variações. Considerando o provimento do serviço, não ocorreram interrupções relevantes do abastecimento de água fluoretada em qualquer território abastecido nos últimos vinte anos. Desde o ano de 2005 não foram registrados valores acima do limite máximo permitido na Portaria MS 2.914/11, ou seja, 1,5 ppm/F (Tabela 1). Tabela 1: Análise descritiva das amostras de flúor na água entre 1994 e 2013, Porto Alegre, RS. Média Desvio Total de % % % Mediana Mínimo Máximo Adequado Acima Abaixo teores padrão amostras Adequado Acima Abaixo 1994 0,892 0,900 0,000 1,800 0,198 138 134 4 276 50,0% 48,6% 1,4% 1995 0,813 0,800 0,100 1,400 0,151 374 121 7 502 74,5% 24,1% 1,4% 1996 0,829 0,800 0,100 1,500 0,158 253 84 6 343 73,8% 24,5% 1,7% 1997 0,816 0,800 0,300 1,600 0,170 182 53 9 244 74,6% 21,7% 3,7% 1998 0,764 0,800 0,300 1,500 0,140 215 32 5 252 85,3% 12,7% 2,0% 1999 0,731 0,700 0,300 1,900 0,150 230 22 6 258 89,1% 8,5% 2,3% 2000 0,690 0,700 0,300 1,900 0,142 245 13 9 267 91,8% 4,9% 3,4% 2001 0,709 0,700 0,400 1,200 0,118 206 14 11 231 89,2% 6,1% 4,8% 2002 0,670 0,700 0,100 1,100 0,140 193 6 19 218 88,5% 2,8% 8,7% 2003 0,714 0,700 0,000 1,700 0,192 309 29 30 368 84,0% 7,9% 8,2% 2004 0,679 0,700 0,000 1,400 0,136 520 27 37 584 89,0% 4,6% 6,3% 2005 0,659 0,700 0,100 2,200 0,155 470 23 48 541 86,9% 4,3% 8,9% 2006 0,700 0,700 0,200 1,400 0,136 388 21 24 433 89,6% 4,8% 5,5% 2007 0,692 0,700 0,300 1,100 0,100 594 8 11 613 96,9% 1,3% 1,8% 2008 0,714 0,700 0,100 1,200 0,109 572 14 17 603 94,9% 2,3% 2,8% 2009 0,713 0,700 0,400 1,000 0,104 598 5 28 631 94,8% 0,8% 4,4% 2010 0,653 0,700 0,000 1,100 0,105 526 5 76 607 86,7% 0,8% 12,5% 2011 0,655 0,600 0,100 1,400 0,123 510 9 82 601 84,9% 1,5% 13,6% 2012 0,650 0,700 0,000 1,000 0,118 398 3 65 466 85,4% 0,6% 13,9% 2013 0,658 0,700 0,300 1,200 0,091 586 3 51 640 91,6% 0,5% 8,0% As médias que oscilaram entre o máximo de 0,89 ppm/F em 1994 e o mínimo de 0,65 ppm/F em 2010 e 2012, estão pretensamente dentro de uma faixa de adequação (Gráfico 2). Panizzi e Peres (2008, p. 2025) ressalvam que as “medidas de tendência central não representam a melhor alternativa para expressar a adequação da fluoretação[...]”. A média de dados inadequados (acima e abaixo) pode situar-se em patamares falsamente adequados o que torna importante utilizar-se de medidas de dispersão. Gráfico 2: Média dos teores de flúor (em ppm/F) de 1994 a 2013 entre todas as ETAs, Porto Alegre, RS. 1.000 0.900 0.800 0.700 0.600 0.500 0.400 0.300 0.200 0.100 0.000 Embora o número total de amostras tenha sido ampliado nas duas décadas, os dados explicitam que o desvio padrão diminuiu ao longo do período (p = 0,20 em 1994 e p = 0,09 em 2013) indicando menor variabilidade entre elas (Gráfico 3). Gráfico 3: Desvio padrão das medições realizadas entre 1994 e 2013, Porto Alegre, RS. 0.250 0.200 0.150 0.100 0.050 0.000 CONSIDERAÇÕES FINAIS Na realidade estudada, a crescente adequação dos teores de flúor nas águas de abastecimento público demonstra o importante papel exercido pela Vigilância em Saúde no monitoramento da fluoretação das águas. A experiência municipal nos últimos 20 anos deflagra questões para uma agenda estratégica em municípios de grande porte populacional ligada à qualificação dos atuais sistemas de informação (SISAGUA) e estruturação do projeto VIGIFLÚOR tendo em vista o planejamento, programação e avaliação das ações futuras. Figura 4: Chegada da captação e dispensadores de flúor na ETA São João. Fonte: EVQA CGVS. É importante garantir o compromisso e a responsabilidade institucional das Secretarias Municipais de Saúde com a vigilância da qualidade da água por meio da comunicação dos resultados e do controle social das ações. A divulgação de relatórios junto aos gestores, trabalhadores da rede de assistência, equipes da vigilância e conselho municipal de saúde possibilitam a apropriação e a defesa desta importante medida de saúde pública. 1 É preciso garantir a qualidade da água para consumo humano como uma das ações de caráter universal dentro do Sistema Único de Saúde. Esta investigação inicial sugere a necessidade de desenvolvimento de modelo teórico com vistas à avaliação que considere as especificidades desta intervenção. A título de contribuição, para além da análise dos teores de flúor, os autores deste trabalho apontam quatro componentes fundamentais à vigilância das águas de abastecimento como política pública de saúde: • Qualificação permanente da vigilância e do controle da qualidade da água entre órgãos competentes por meio de uma avaliação normativa e formativa dos processos implantados ou em implantação; • Sustentabilidade das ações de heterocontrole considerando o caráter de variabilidade e a necessidade de acompanhamento longitudinal do parâmetro; • Interface com ações e programas de promoção da saúde ligados ao consumo racional da água de abastecimento, preservação dos cursos d´água e mananciais; • Comunicação regular dos resultados com vistas ao controle social. A integração de distintos setores do poder público e da sociedade para uma mudança de cultura na relação água/consumo/saúde/ambiente não pode prescindir da emancipação e dignidade das comunidades para a construção de uma nova realidade de saneamento ambiental. 1 Cabe registrar que em 2008 e 2013 a ETA Lami e a ETA Lomba do Sabão, respectivamente, encerraram suas atividades por questões de economicidade ou de características do manancial. No ano de 2014 seis estações compõem o sistema de abastecimento. No que se refere aos dois últimos tópicos, é fundamental avançar para o debate do uso racional da água de abastecimento paralelamente ao cuidado do manancial e da bacia hidrográfica da região. A institucionalização de programas que atentem para a produção e destinação de resíduos é parte importante da reflexão sobre o uso racional deste bem finito. Em suma, problematizar a fluoretação, vigilância e a qualidade da água de abastecimento é debater melhores práticas do poder público rumo à qualificação, intersetorialidade e descentralização da gestão da vigilância em saúde ambiental no âmbito das municipalidades. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Coordenação Nacional de Saúde Bucal. Diretrizes da política nacional de saúde bucal. Brasília: Ministério da Saúde, 2004. 16 p. ______. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia de recomendações para o uso de fluoretos no Brasil. Brasília: Ministério da Saúde, 2009. 58 p. ______. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Atenção Básica. SB Brasil 2010 Pesquisa Nacional de Saúde Bucal: Result. Principais. Brasília: Ministério da Saúde, 2011. 92 p. ______. Ministério da Saúde. 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