21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental
VII-009 - HETEROCONTROLE DA FLUORETAÇÃO EM ÁGUAS DE
ABASTECIMENTO PÚBLICO NO MUNICÍPIO DE SALVADOR-BA
Carlos Alberto Lima da Silva (1)
Cirurgião-Dentista pela Faculdade de Odontologia da UFBA. Mestrando em Saúde
Comunitária pelo ISC – UFBA. Consultor Técnico do CENEPI/FUNASA
Augusto César Costa Cardoso
Cirurgião-Dentista pela Faculdade de Odontologia da UFBA. Mestre em Saúde
Comunitária pelo Instituto de Saúde Coletiva da UFBA. Consultor Técnico do
CENEPI/FUNASA. Professor Visitante do Departamento de Saúde/Curso de Odontologia
da Universidade Estadual de Feira de Santana-BA.
Endereço(1): Rua – General Labatut, 462 – Edf. Bosque dos Barris – Aptº 203 – Bloco A- CEP= 40.070-100
Barris Salvador – Bahia – Brasil -Tel: (71) 3286880 - (71) 91338723 -e-mail: [email protected]
RESUMO
A amplitude dos problemas de saúde bucal (BRASIL, 1996) exige ações coletivas de longo alcance,
destacando-se a fluoretação das águas de abastecimento público, tendo em vista a sua eficácia, baixo custo e
ampla cobertura. Contudo, o uso de flúor por via sistêmica precisa ser cuidadosamente controlado para não
causar riscos à saúde da população, o que pode ser observado através da ocorrência de fluorose dentária. Este
estudo tem como objetivos o monitoramento da concentração de íons flúor em águas de abastecimento público
para consumo humano, evitando a ocorrência de efeitos deletérios provenientes de eventuais teores elevados
indesejáveis de flúor nas águas, além de subsidiar a avaliação do impacto epidemiológico desta medida, no
que se refere à redução da incidência da cárie dental. Na metodologia deste estudo foi necessária a
implantação de um sistema permanente de vigilância sanitária da fluoretação em serviços públicos de
abastecimento de água pela Comissão Intersetorial de Estímulo e Controle da Fluoretação - CIECOF. As
análises foram realizadas através do método eletrométrico no Laboratório Central do Estado (LACEN-BA).
Como conclusão foi observado que os dados disponíveis após quatro anos de vigilância da fluoretação neste
município, sugerem que os valores médios de íons fluoreto encontrados nas águas das Estações de Tratamento
(Teodoro Sampaio e Vieira de Mello) e as provenientes da mistura de água (Reservatório do Cabula) estão
próximos do parâmetro preconizado de 0,6 – 0,8 mg/l, com exceção da ETA Principal que apresentou a média
abaixo dos teores desejáveis (0,50 – 0,58 mg/l). Discute-se, entretanto, se os teores de flúor determinados para
cada localidade em função da média anual de temperatura no ar são, realmente, adequados na prevenção da
cárie dentária e ausentes de danos à saúde. Observa-se também que apesar da monitoração realizada pela
CIECOF no município de Salvador, ocorreram algumas dificuldades de coleta, transporte e análise das
amostras de água em alguns períodos, principalmente a partir de março de 2000.
PALAVRAS-CHAVE: Fluoretação, Abastecimento de Água, Cárie Dentária, Fluorose Dentária, Vigilância
Sanitária, Flúor.
INTRODUÇÃO
Segundo o levantamento epidemiológico nacional em saúde bucal de 1996, pode-se afirmar que a cárie
dentária permanece como um grave problema de saúde pública no Brasil, na medida em que atinge, em média,
três dentes dos indivíduos de 12 anos de idade, apesar da redução observada na última década (BRASIL,
1996); ainda deteriora a qualidade de vida de muitas pessoas, provocando dor e infecções que, sem tratamento,
podem agravar outras doenças gerais. Ademais, esta doença introduz uma pesada carga financeira ao setor
público e privado da economia da saúde.
Trata-se de uma doença multifatorial, tendo como medidas preventivas o controle mecânico da placa
bacteriana, orientação dietética e o uso racional de flúor. Os estudos demonstram que a utilização de flúor em
programas coletivos tem sido fundamental na prevenção e controle das cáries dentárias, principalmente em
municípios desprovidos de programas preventivos institucionais. Em todo o mundo, o flúor foi utilizado na
prevenção de cáries de várias maneiras: pela fluoretação das fontes de água potável, pela sua adição ao sal,
pela sua prescrição, ou através da aplicação tópica de géis ou soluções e através da ampla utilização dos
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dentifrícios fluoretados. Não há dúvida de que a descoberta das propriedades anticariogênicas do flúor
constitui um dos marcos da odontologia (FEJERSKOV et al., 1994).
Neste sentido, a grande maioria dos trabalhos científicos elege a fluoretação das águas de abastecimento
público como o método coletivo de maior impacto para controle e prevenção da doença cárie dentária,
principalmente em cidades onde os programas de saúde bucal coletiva não são efetivos. Este método
possibilita a redução em torno de 40% na sua ocorrência quando, as pessoas recebem o benefício
permanentemente, utilizando-se da concentração ótima (0,6 – 0,8 ppm) de flúor na água.
SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUAS DE SALVADOR:
Por volta de 1961, a tarefa de supervisionar, administrar, explorar, projetar e executar as obras de
abastecimento de água de Salvador e toda a região do Recôncavo era atribuída à SAER (Superintendência de
Água e Esgotos do Recôncavo). Em 1971, foi constituída a Empresa Baiana de Águas e Saneamento S.A. EMBASA, responsável pela construção e operação dos sistemas de abastecimento e de esgotamento sanitário
em todo o Estado da Bahia.
Atualmente, a extensão da rede de distribuição de água de Salvador é de 3.929 km sob a responsabilidade da
ETA PRINCIPAL - Menino Jesus, com 5.725m3/s, que é alimentada pela Barragem de Pedra do Cavalo (Rio
Paraguaçu). Além das ETAs Vieira de Mello e Teodoro Sampaio, localizadas na Bolandeira (Boca do Rio),
com a distribuição de 4.086m3/s, sendo alimentada pelos rios Joanes, Ipitanga e Pituaçu .
A substância utilizada no Sistema de Fluoretação das águas de Abastecimento Público no Município de
Salvador é o ácido Fluossilícico, adquirido pela EMBASA, junto à empresa SIBRAFÉRTIL, localizada no
Pólo Petroquímico de Camaçari. Trata-se de um líquido incolor, corrosivo, isento de matérias em suspensão,
de odor picante e de ação irritante sobre a pele. Ao vaporizar-se, ele se decompõe em ácido fluorídrico e
tetrafluoreto de Silício, motivo pelo qual deve ser mantido em lugares frescos e ventilados. Devido à sua
corrosividade, todos os recipientes, tanques, tubulações, válvulas etc., foram revestidos de material plástico,
tipo PVC, Polipropileno, Acrílico ou Teflon.
JUSTIFICATIVA
A história do processo de fluoretação de águas, no Brasil, tem, como marco inicial, o ano de 1953, quando foi
fluoretado o sistema de águas da cidade de Baixo Gandú (ES). Em Salvador, segundo informações da
EMBASA, desde 1975 até meados de 1989 este serviço fora oferecido a população, sendo que, pela falta do
flúor e por ampliarem-se as discussões em relação a fluoretação do sal de cozinha, houve interrupção no
processo de fluoretação das águas do Município.
Após incessantes discussões em diversos setores da Classe Odontológica e, mais recentemente, durante o II
Seminário de Fluoretação em águas de Abastecimento Público, realizado em julho de 1996, em Salvador,
obteve-se da EMBASA o compromisso de reativação deste serviço o mais breve possível. Ainda como
resultado deste Seminário foi criada uma comissão (CIECOF - Comissão Intersetorial de Estímulo e Controle
da Fluoretação) para acompanhar todo o processo de reativação desta importante medida junto à EMBASA.
Finalmente, no dia 14 de outubro de 1996, o sistema de fluoretação foi reativado, voltando Salvador a fazer
parte do grupo de cidades com este serviço. Atualmente, no Estado da Bahia, cerca de 143 municípios estão
sendo contemplados com esta medida (até abril de 2001).
Vale a pena ressaltar que, nas localidades onde o sistema de fluoretação foi implantado e houve rigor na
manutenção dos teores, além de continuidade do processo sem interrupções, os estudos epidemiológicos
confirmaram as médias internacionalmente encontradas, no que se refere à redução da incidência da doença
cárie dentária, o que reafirma sua importância no contexto da saúde bucal coletiva. Contudo a manutenção de
índices aceitáveis, considerando a temperatura média anual do município, exige rigoroso controle para evitar
os possíveis efeitos advindos em decorrência da sobredosagem de flúor (toxidade crônica), observando-se que
a doença fluorose dentária tem sido apontada como um problema de saúde pública em muitas localidades.
Justifica-se, portanto, o monitoramento e controle desta importante medida de saúde pública tendo em vista a
rápida ampliação dos sistemas de fluoretação em águas na maioria dos municípios do Estado da Bahia,
beneficiando uma população em torno de 80 a 90% até o momento.
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EMBASAMENTO LEGAL
Este estudo encontra-se fundamentado legalmente nas leis e portarias que tratam da fluoretação em águas de
abastecimento público, a saber:
• Lei nº 6.050, de 24 de maio de 1974 Dispõe sobre a obrigatoriedade da fluoretação da água em sistema de abastecimento quando existir estação de
tratamento.
• Decreto 76.872, de 22 de dezembro de 1975 Estabelece os critérios e teores para esta fluoretação.
• A Portaria Ministerial nº 635/Bsb, de 26 de dezembro de 1975 Normatiza padrões para a fluoretação, a serem observados em todo o território nacional.
Determina, em seu item III, que: "os sistemas públicos de abastecimento de água fluoretada deverão obedecer
aos seguintes requisitos mínimos :
1 - Abastecimento contínuo de água distribuída à população, em caráter regular e sem interrupção;
2 - A água distribuída deve atender aos padrões mínimos de potabilidade;
3 - Sistemas de operação e manutenção adequados;
4 - Sistemas de controle rotineiro da qualidade da água distribuída".
Os limites recomendados para a concentração do íon flúor, determinados por esta portaria, variam em função
da média das temperaturas máximas diárias do ar no município, pois está baseada no volume de água ingerida
diariamente.
Vale ressaltar que inúmeros estudos apontam para a necessidade de reavaliação dos valores médios sugeridos
para a concentração de íon fluoreto, em águas de abastecimento público, em função da média de temperatura
máxima anual .
A portaria também, em seu inciso VII, item 2, especifica o procedimento, e, no item 2.3, determina a
obrigatoriedade no controle (diário ou mensal) a ser mantido na água, da dose ótima de flúor.
Foram desenvolvidas faixas de aceitabilidade (entre as concentrações mínima e máxima aceitável) e de
inaceitabilidade das concentrações de flúor. Conforme indica a tabela abaixo:
tabela 01- faixas para classificação das amostras segundo o teor de flúor
TEOR DE FLÚOR
CLASSIFICAÇÃO
ATÉ 0,69 PPM ___________________
INACEITÁVEL
0,70 PPM ___________________ MÍNIMA ACEITÁVEL
0,71 A 0,79 PPM ____________________
SUB - ÓTIMO
0,80 PPM ____________________
ÓTIMO
0,81 A 0,89 PPM ____________________
SUPRA-ÓTIMO
0,90 PPM ____________________ MÁXIMA ACEITÁVEL
0,91 A 0,99 PPM ____________________
INADEQUADA
1,00 PPM ____________________
LIMITE
1,01 OU MAIS
____________________
INACEITÁVEL
Fonte: Adaptado a partir de MINOGUCHI (1972).
in: OMS Fluoruros y salud. Genebra, 1972 p. 305-16.
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tabela 02 - limites recomendados para a concentração do íon fluoreto em função da média das
temperaturas máximas diárias.
Limites recomendados para a
Média das temperaturas
concentração do íon fluoreto
máximas diárias no ar
em mg/l
mínimo
máximo
ótimo
de 10,0 a 12,1
0,9
1,7
1,2
de 12,2 a 14,6
0,8
1,5
1,1
de 14,7 a 17,7
0,8
1,3
1,0
de 17,8 a 21,4
0,7
1,2
0,9
de 21,5 a 26,3 *(22,0º)
0,7
1,0
0,8
de 26,4 a 32,5 *(28,0º)
0,6
0,8
0,7
Fonte: Portaria 635/Bsb - Miistério da Saúde.
• A Portaria nº 36/GM, de 19 de janeiro de 1990, trata de revisão da Portaria nº 56/Bsb, onde o
Ministério da Saúde redefine as normas e padrão da potabilidade da água para o consumo humano e adota
definições como:
"Controle da qualidade da água de abastecimento público: conjunto de atividades executadas pelo serviço de
abastecimento público de água, com o objetivo de obter e manter a potabilidade da água".
"Vigilância da qualidade da água de abastecimento público: conjunto de atividades de responsabilidade da
autoridade sanitária competente, com a finalidade de avaliar a qualidade da água distribuída e exigir a tomada
de medidas necessárias, no caso da água não atender ao padrão de potabilidade".
• A Resolução nº 142, de 17 de novembro de 1994, é descrita aqui, em sua íntegra, por normatizar sistemas
de vigilância dos teores de flúor:
"O Plenário do Conselho Nacional de Saúde em sua quadragésima Primeira Reunião Ordinária, realizada nos
dias 16 e 17 de novembro de 1994, no uso de suas competências regimentais e nas atribuições conferidas pela
Lei nº 8080, de 19 de setembro de 1990, e pela Lei nº 8142, de 28 de dezembro de 1990, considerando:
1. Que a cárie dentária é um dos graves problemas de saúde pública do Brasil;
2. Que a fluoretação da água é um método eficaz de redução da incidência da cárie e adotado em larga escala
mundial;
3. Que a Lei nº 6050, de 24 de maio de 1974, dispõe sobre a obrigatoriedade da fluoretação da água em
sistemas de abastecimento público e o decreto 76872, de 21 de dezembro de 1975, estabelece os critérios
e teores para esta fluoretação;
4. O parecer aprovado pelo Plenário do CNS, em sua 41ª Reunião Ordinária, contrário à fluoretação do sal;
5. Que cidades brasileiras, que mantêm há vários anos bons programas de fluoretação da água, possuem
características epidemiológicas semelhantes às dos países, que estão na vanguarda do combate à doença,
Resolve:
I - Recomendar a todos os Conselhos Estaduais e Municipais de Saúde, que dêem especial atenção ao
cumprimento da lei de fluoretação da água de abastecimento público, para tanto, fazendo gestões políticas aos
poderes Legislativo e Executivo;
II - Que a Secretaria de Vigilância Sanitária, em um prazo de 90 (noventa) dias, a partir da publicação desta
Resolução, deverá normatizar rigorosos sistemas de vigilância visando:
a - Medição de quantidade de flúor natural existente nos mananciais;
b - Verificação dos teores de flúor nas estações de tratamento e em pontos da rede de abastecimento;
c - Verificação da qualidade técnica da fluoretação.
HENRIQUE SANTILLO
Presidente do Conselho Nacional de Saúde e Ministro de Estado da Saúde
Homologo a Resolução CNS nº 142, de 17 de novembro de 1994, nos termos do Decreto de Delegação de
Competência de 12 de novembro de 1991.
• A Portaria nº 1469, de 29 de dezembro de 2000, estabelece os procedimentos e responsabilidades
relativas ao controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade, e
dá outras providências.
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Art. 18 do Capítulo V dos Planos de Amostragem é determinado o número mínimo de amostras mensais para
o controle da qualidade da água de sistemas de abastecimento, alterando-se desta forma o número de amostras
de água para análise do teor de fluoreto da seguinte forma: para cidades com mais de 250.000 habitantes com
abastecimento de água devem ser coletadas 20 + 1 para cada 50.000 habitantes; cidades com população
abastecida entre 50.000 a 250.000 habitantes 1 amostra para cada 10.000 habitantes e cidades inferiores a
50.000 habitantes com acesso ao abastecimento 5 amostras.
JOSÉ SERRA
Ministro de Estado da Saúde
OBJETIVOS
Possibilitar a CIECOF- Ba, a monitoração da concentração de flúor em níveis adequados de consumo
humano, à luz da legislação vigente e dos padrões recomendados pelo Ministério da Saúde e O.M.S.;
Propiciar o estabelecimento de relações intersetoriais com a empresa responsável pela adição de flúor e as
demais instituições envolvidas no processo;
Subsidiar a avaliação do impacto epidemiológico desta medida, no que se refere à redução da incidência da
cárie dental, assim como prevenir efeitos decorrentes de eventuais teores elevados indesejáveis de flúor nas
águas;
Proporcionar, ao Sistema Único de Saúde, (SUS), informações a respeito da fluoretação e suas consequências
sobre a saúde da população, proporcionando o controle social da medida na localidade.
MATERIAIS E MÉTODOS
Para garantir que a distribuição das amostras representasse todas as regiões do município, levou-se em conta a
divisão regional por Distritos Sanitários que a Secretaria Municipal de Saúde tem adotado. Tendo sido
coletadas amostras mensais de água em 12 (doze) pontos distribuídos por esses Distritos Sanitários. Esta coleta
foi realizada por técnico do Laboratório Central do Estado (LACEN) nas unidades de saúde destes distritos.
Além disso, mais 03 amostras, cada uma coletada nas entradas e descargas das ETAs Menino Jesus, Vieira de
Melo e Teodoro Sampaio, totalizando 15 amostras coletadas e analisadas mensalmente. As amostras foram
acondicionadas em frasco de polietileno de 500ml, lavados previamente em água corrente, rotuladas,
transportadas e armazenadas para análise no Laboratório Central do Estado (LACEN).
O método preferencialmente escolhido para análise das amostras foi o eletrométrico. Após a obtenção dos
resultados, estes foram tabulados e analisados para posterior divulgação com as instituições envolvidas no
processo. As amostras que apresentaram teores inadequados foram reanalisadas para confirmação (se
necessário) e posterior comunicação à Divisão de Vigilância Sanitária da SESAB, para a tomadas de
providências junto à Empresa responsável pela fluoretação.
Os métodos colorimétricos de alizarina e SPADNS baseiam-se na reação entre o zircônio e o flúor presente na
água, causando um descoramento do complexo de cor vermelha formado pela laca de zircônio com um corante
orgânico. Quanto maior a concentração de flúor na água, menor a intensidade da cor da solução devido ao
consumo de zircônio pelo flúor. Estes métodos apresentam algumas desvantagens, pois são sujeitos a erros,
devido à presença de íons interferentes na água, tais como o ferro, alumínio, silício, sulfato e fosfato, havendo
necessidade de destilar a amostra antes da determinação, o que torna o ensaio demorado.
O método eletrométrico baseia-se na medida direta dos íons de flúor livres com o uso de um eletrodo de íon
seletivo de fluoreto em conjunção com um medidor de atividade iônica. Sistemas de Vigilância dos teores de
flúor nas águas de abastecimento público nas cidades de São Paulo e Santos, vêm utilizando, desde sua
implantação em 1990 este método, o qual tem confirmado sua superioridade por ser mais rápido, preciso e
exato do que os métodos colorimétricos citados, atendendo às exigências necessárias à execução desses
projetos. (SCHNEIDER FILHO, D. A. et al. 1993).
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RESULTADOS
tabela 03 - teor de flúor das amostras do ano 2000, em salvador-ba.
JAN
FEV
*
Teor Médio
0,67
0,80
*
0,79
*
0,60
0,75
*
ETA V. MELLO
0,68
*
0,72
*
MISTURA
0,66
0,72
*
0,66
0,70
*
ETA T. SAMPAIO
0,65
0,76
*
0,81
*
0,66
0,91
*
0,53
0,68
*
ETA PRINCIPAL
0,53
0,91
*
0,67
*
Fonte: CIECOF, 2000.
tabela 04 - teor de flúor das amostras do ano 1999, em salvador-ba.
JAN
FEV MAR ABR MAI
JUN JUL AGO
0,75
0,74 0,74
0,77 0,66 0,70
0,60
0,78 0,84
0,53
0,60
0,60
0,65 0,99
0,57 0,76 0,86
0,75
0,62 0,85
0,82 0,67 0,77
0,74
0,89 1,09 0,53
0,55 0,76
0,72
0,67 0,95 0,53
0,64
0,81
0,78 0,90
0,84 0,62 0,72
0,80
0,68 0,74
0,89 0,71 0,86
0,98
0,79 1,40 0,66 0,83 0,72 0,59
0,86 0,81
0,61
0,78 0,79
0,55
0,65 0,75
0,44 0,73 0,69
0,61
0,80 0,75
0,67 0,90
Fonte: CIECOF, 1999.
0,55-1,57
0,62-0,65
0,50-0,52
NOV
0,69
0,66
0,79
0,73
0,74
0,74
0,71
0,50
0,82
0,86
DEZ
0,69
0,70
0,58
0,63
0,70
0,74
0,80
0,74
0,61
0,66
0,74
Tabela 05 - TEOR DE FLÚOR DAS AMOSTRAS DO ANO 1998, EM SALVADOR-BA.
JAN
FEV MAR ABR MAI
JUN JUL AGO SET OUT NOV
0,57
0,55 0,58 0,56 0,44 0,50 0,57 0,61 0,65 0,78 0,78
0,54
0,55 0,56 0,55 0,41 0,44 0,55 0,74 0,60 0,77 0,74
0,56
0,56 0,57 0,55 0,42 0,55 0,42 0,73 0,60 0,87 0,75
0,55
0,56 0,57 0,53 0,49 0,41 0,61 0,68 0,96 0,82 0,77
0,55
0,57 0,56 0,56 0,42 0,50 0,58 0,58 0,92 0,83 0,75
0,66
0,64 0,65 0,60 0,53 0,49 0,60 0,58 0,62 0,71 0,77
0,60
0,63 0,62 0,59 0,44 0,58 0,62 0,58 0,66 0,87 0,70
0,59
0,61 0,60 0,60 0,44 0,40 0,56 0,59 0,58 0,97 0,62
0,54 0,51 0,44 0,44 0,54 0,58 0,57 0,97 0,75
0,58
0,61 0,60 0,55 0,50 0,52 0,52 0,58 0,62 0,84 0,63
0,50
0,52 0,51 0,51 0,47 0,43 0,17 0,49 0,61 0,40 0,74
0,50 0,44 0,42 0,15 0,73 0,60 0,35 0,71
0,54
0,55 0,54 0,53 0,33 0,18 0,54 0,64 0,60 0,84 0,75
Fonte: CIECOF, 1998.
DEZ
0,75
0,60
0,60
0,75
0,74
0,72
0,81
0,80
0,98
0,61
0,55
0,61
6
SET
0,65
0,66
0,63
0,54
0,61
0,67
0,64
0,72
0,65
0,56
0,55-0,57
OUT
0,72
0,72
0,77
0,74
0,82
0,75
0,87
0,47
0,47
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21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental
tabela 06 - teor de flúor das amostras do ano 1997, em salvador-ba.
JAN
FEV MAR ABR
0,52
0,70
0,50 0,55
0,42
0,46 0,53 0,50
0,50
0,68 0,57 0,60
0,53
0,61 0,44 0,50
0,51
0,63 0,54 0,60
0,62
0,60 0,59 0,61
0,56
0,66 0,51 0,57
0,45
0,66 0,50 0,60
0,56
0,56 0,32 0,50
0,61
0,65 0,60 0,64
0,59
0,67 0,58 0,60
0,08
0,10 0,11 0,09
Fonte: CIECOF, 1997.
MAI
0,50
0,54
0,57
0,52
0,58
0,59
0,58
0,61
0,51
0,63
0,62
0,10
JUN
0,51
0,53
0,58
0,53
0,60
0,60
0,61
0,63
0,53
0,62
0,64
0,12
JUL
-
AGO
-
SET
0,50
0,52
0,66
0,65
0,57
0,63
0,60
0,61
0,57
0,65
0,54
OUT
0,53
0,53
0,65
0,66
0,58
0,64
0,59
0,63
0,58
0,67
0,55
NOV
0,55
0,53
0,55
0,67
0,57
0,64
0,61
0,58
0,59
0,58
-
DEZ
0,57
0,53
0,56
0,68
0,58
0,65
0,60
0,57
0,57
0,60
-
( *) Significa que a partir de março de 2000 as amostras foram coletadas, mas não foram analisadas.
( -) Significa que houve algum problema na coleta ou transporte de amostras.
Os resultados observados nas Tabelas 03, 04, 05 e 06 sugerem que houve maior adequação da empresa
responsável pela fluoretação em serviços públicos de abastecimento de água no município de Salvador, aos
parâmetros de flúor recomendados (0,6 - 0,8 ppm F), após o primeiro ano (1997) e evidenciam a importância
do trabalho de Heterocontrole na superação dos problemas de ordem técnico-operacional envoltos nas ações
de controle e vigilância destes serviços. Compreendendo-se que para evitar a descontinuidade ou a falta de
controle da referida medida, ambas prejudiciais à saúde: em não prevenir contra cárie dentária ou aumentar os
riscos de fluorose dentária, faz-se necessário que a sociedade civil e/ou Instituições públicas e privadas
participe(m) mais ativamente do trabalho que vem sendo realizado pela CIECOF ou ainda através de outras
estratégias.
CONCLUSÃO
Os dados encontrados após quatro anos de monitoramento da fluoretação no município de Salvador, sugerem
que os valores médios de íons fluoreto encontrados na água das Estações de Tratamento (Vieira de Mello e
Teodoro Sampaio) e provenientes da mistura de água (Cabula) estão próximos do parâmetro preconizado de
0,6 – 0,8 mg/l, com exceção da ETA Principal que apresentou a média em torno de 0,50 – 0,58 mg/l. A
Empresa responsável pela adoção desta medida apresenta argumentos relacionados à falta do produto (ácido
fluossilíssico) em alguns períodos do ano, além de problemas técnicos na operação do produto. Discute-se,
entretanto, se os teores de flúor determinados para cada localidade em função da média de temperatura no ar
são adequados na prevenção da cárie dentária e não causam danos à saúde.
Observa-se também, a partir de achados deste estudo, que apesar da monitoração realizada pela CIECOF no
município de Salvador, ocorreram algumas dificuldades de coleta e transporte das amostras de água nos meses
de julho e agosto/1997, em período maior no Distrito Sanitário de Cajazeiras e de análise das amostras de
março a dezembro de 2000. É necessário, portanto, que haja um maior incentivo às ações de vigilância
sanitária nos municípios do Estado, tendo em vista uma adequada atuação da vigilância sanitária.
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