CENTRO DE ENSINO SUPERIOR E DESENVOLVIMENTO ESCOLA SUPERIOR DE AVIAÇÃO CIVIL CURSO DE CIÊNCIAS AERONÁUTICAS METEOROLOGIA I INTRODUÇÃO A METEOROLOGIA Condições Atmosféricas Adversas ao Vôo Restrições Visuais 1.1 FINALIDADE A presente apostila tem por finalidade apresentar os fundamentos básicos sobre as restrições à visibilidade, que afetam as operações aéreas. 1.2 OBJETIVOS OPERACIONALIZADOS - Identificar as condições atmosféricas propícias à redução da visibilidade; - Citar os tipos de visibilidade que existem na aviação e - Citar os fenômenos meteorológicos capazes de reduzir a visibilidade horizontal a menos de mil metros. 1.3 ÂMBITO A presente apostila destina-se ao Curso “Ciências Aeronáuticas”, ministrado pela ESAC. Refere-se à Subunidade CONDIÇÕES ATMOSFÉRICAS ADVERSAS AO VÔO E RESTRIÇÕES VISUAIS, da Unidade Introdução à Meteorologia, da Disciplina Meteorologia I. 1.4 ELABORAÇÃO E REVISÃO Elaborada e revisado pelo Profissional de Meteorologia NAMÁRIO SIMÕES SILVA, JANEIRO DE 2009. 2. INTRODUÇÃO As aeronaves, em suas operações usuais, estão sujeitas a diversos fatores que podem influenciar em seu modo de operação. Tais fatores podem pôr em risco as tripulações e os passageiros. Nesta Unidade, estudaremos as condições de tempo adversas mais comuns e que incluem condições significativas que afetam as operações ao longo das rotas e durante as operações de pouso e decolagem. Essas condições são: restrições à visibilidade, formação de gelo em aeronaves, turbulência e trovoada. Para a aviação, o grau de transparência da atmosfera é, ainda hoje, fator fundamental de segurança das operações de pouso e decolagem. Não que o fenômeno em si possa colocar em risco o pouso ou a decolagem, mas as limitações dos equipamentos existentes a bordo da maioria das aeronaves e nos principais aeródromos ainda exigem do piloto manobras manuais, dependentes da visibilidade. 3. FENÔMENOS QUE RESTRINGEM A VISIBILIDADE Apesar de alguns poucos fenômenos meteorológicos, de interesse aeronáutico, ocorrerem sem afetar a visibilidade do ar, a maioria deles restringe essa visibilidade. 3.1 NÉVOA SECA É um fenômeno que ocorre devido a presença de grande quantidade de partículas sólidas (litometeoros) em suspensão nas camadas inferiores da atmosfera. A névoa seca resulta da decomposição da luz solar ao atravessar as camadas com grande concentração de partículas levantadas pelo vento, de fumaça lançada por chaminés, ônibus, automóveis ou provenientes das queimadas durante os meses sem chuva. A névoa seca, em geral, produz um véu uniforme sobre a paisagem, modificando-lhe as cores. Quando observada em direção a um fundo escuro, como montanhas, a névoa apresenta-se em uma tonalidade azul-chumbo; com fundo claro, como Sol e nuvens no horizonte, apresenta-se alaranjada ou avermelhada, dependendo do ângulo solar e da concentração das partículas. Por convenção, a umidade relativa do ar, em presença de névoa seca, é inferior a 80%. 3.2 FUMAÇA É a presença no ar, de forma concentrada, de minúsculas partículas resultantes de combustão incompleta. Quando perto da origem, pode ser distinguida pelo cheiro característico. O disco da Lua ou do Sol, quando próximo ao horizonte e visto através da fumaça, apresenta-se extremamente avermelhado. Vista de grandes distâncias, a fumaça distribui-se uniformemente pelo ar superior, difundindo uma tonalidade cinzenta ou azulada. Nos grandes centros urbanos, no entanto, as cores difundidas pela fumaça podem ser marrom, cinza-escuro ou negro, dependendo do horário e do fundo. 3.3 POEIRA É resultante da presença, em tamanhos diminutos, de partículas sólidas, em suspensão nas camadas inferiores da atmosfera, tais como argila ou areia fina, uniformemente distribuídas. Em vista da decomposição da luz solar, os objetos distantes adquirem uma tonalidade cinzenta ou bronzeada e o disco solar apresenta-se pálido ou, quando muito, em tom amarelo. Em altitude, a poeira vinda de grandes distâncias pode dar uma aparência acinzentada ao céu ou reduzir-lhe a cor azulada. O termo "poeira" somente pode ser empregado quando a visibilidade horizontal for inferior a 5.000 m. 3.4 NÉVOA ÚMIDA A névoa úmida, formada pela concentração de partículas higroscópicas existentes nas camadas inferiores da atmosfera, difere da névoa seca pelo valor da umidade relativa, que é de 80% ou mais. Em geral, a névoa úmida se forma em níveis mais baixos que os da névoa seca eapresenta uma tonalidade acinzentada mais próxima do azul, dependendo do fundo. A visibilidade horizontal mínima, devido à névoa úmida, é de 1.000 metros ou mais. 3.5 NEVOEIRO O nevoeiro é formado pela condensação do vapor d'água nos níveis inferiores da atmosfera, colado à superfície e reduzindo-lhe a visibilidade horizontal a valores inferiores a 1.000 metros. É o fenômeno que causa maiores problemas à aviação no que se refere á obstrução àvisibilidade. Quando ocorre, geralmente, causa interdição no aeródromo.Formado à semelhança da névoa úmida, o nevoeiro difere desta pela visibilidade, que é inferior a 1.000 m, e pela umidade relativa, que já se aproxima dos 100%. Normalmente, a formação de névoa úmida precede a formação de nevoeiro, reduzindo gradativamente a visibilidade e sucedendo a ele após sua dissipação. 3.6 CHUVA À medida que as gotas d'água que compõem as nuvens crescem e atingem peso suficiente para vencer as forças ascensionais, elas começam a cair e, eventualmente, atingem o solo. Devido às diferenças de intensidade dos diversos tipos de precipitação, convencionalmente foram adotados os termos "leve", "moderada" e "forte", levando-se em conta que a visibilidade do ar diminui com o aumento da intensidade. O termo "chuva" é empregado para designar a precipitação em estado líquido, cujo diâmetro mínimo das gotas é 0,5 mm. Pelo fato de as gotas caírem espaçadamente, a redução da visibilidade é insignificante na intensidade "leve", porém pode chegar a valores inferiores a 5.000 m, quando classificada como "moderada" ou "forte". 3.7 CHUVISCO O termo “chuvisco” é empregado para designar a precipitação em estado líquido, cujas gotas tenham diâmetro inferior a 0,5 mm. O chuvisco cai de nuvens Stratus e é, muitas vezes, acompanhado de nevoeiro. Em virtude das gotículas caírem muito próximas, a redução da visibilidade é significativa, podendo chegar a valores inferiores a 1.000 m, quando classificado como “moderado” ou “forte”. 3.8 NEVE O termo "neve" é empregado para designar a precipitação de pequenos cristais hexagonais, irradiados ou estrelados (flocos), comumente misturados a cristais de gelo simples. Em geral, a redução da visibilidade verificada em momentos de precipitação em forma de neve, assemelha-se às condições de chuvisco. 4. TIPOS DE VISIBILIDADE Para a aviação, a visibilidade tanto pode interferir numa aproximação para pouso quanto num vôo em rota. 4.1 VISIBILIDADE HORIZONTAL Para as operações de pouso e decolagem, as informações da visibilidade horizontal, em superfície, são fornecidas pelo Serviço de Meteorologia. Considera-se o "menor valor" observado, em incrementos de 50 em 50 m, até 800 m; e de 100 em 100 m, até 5.000 m. A partir daí, em incrementos de 1.000 em 1.000 m. A visibilidade em superfície será considerada "zero", quando formenor que 50 m. Em aeródromos de maior importância operacional, a visibilidade sobre o eixo da pista de pouso poderá ser medida por meio do "visibilômetro" ou "RVR" (Runway Visual Range) e informada nos boletins meteorológicos. 4.2 VISIBILIDADE OBLÍQUA É a visibilidade experimentada por um piloto quando em vôo ou que, na trajetória de planeio de aproximação para pouso por instrumentos, ele pode ver os auxílios de aterrissagem no umbral da pista. 5. FATORES AGRAVANTES DA VISIBILIDADE A estabilidade do ar é o fator determinante da intensidade e do tipo de restrição da visibilidade. O ar estável dificulta a dispersão das partículas sólidas diluídas no ar, facilitando,portanto, a sua concentração nos níveis inferiores. Logo, a redução da visibilidade do ar será tanto maior, quanto mais estável estiver a camada atmosférica considerada. 6. CONCLUSÃO Como foi visto, diversos fatores podem influenciar as operações aéreas. Entre estes fatores está a visibilidade, que pode por em risco as tripulações e os passageiros, devido às alterações na operacionalidade dos aeródromos. Por isso, conhecer essa condição de tempo e saber avaliá-la é fundamental para um operador, encarregado de efetuar uma observação meteorológica de superfície. 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS SONNEMAKER, João Batista. Meteorologia, ASA Edições e Artes Gráficas, São Paulo, 1991. CHEDE, Farid Cézar - Manual de Meteorologia Aeronáutica. ETA Editora Técnica de Aviação, 1974. BLAIR, THOMAS A. Meteorologia. Artes Gráficas Gomes de Souza S. A, 1964.