SEMANÁRIO ECONÓMICO QUINTA-FEIRA 17 DEZEMBRO 2009 SOBRE BNA SOBRE LIQUIDEZ SOBRE MODELO “Acho que o BNA tem feito um trabalho com mérito, por que não se pode atacar todas as frentes e resolver os problemas todos de uma vez. Isso seria utópico.” “Existe uma dificuldade dos bancos estimarem a liquidez necessária para cumprir as suas obrigações financeiras e isso pode originar algumas descompensações.” “Não podemos englobar tudo na mesma forma, porque o modelo português tem as suas virtudes, elementos capazes, portanto acho que se deve tirar as gorduras existentes no modelo português que não funciona.” ALMOÇO COM... PRIMEIRO CADERNO 5A Bancos. “Os bancos devem criar um processo integrado”. FOTO P. NICODEMOS Números 80% Camarão acredita que quando os valores dos imóveis começarem a descer em Angola , os clientes já terão pago a maior parte do valor do respectivo imóvel. E , acrescenta, “se se conseguir controlar as percentagens de financiamento sobre os imóveis a valores que não sejam superiores a 80% e dada a taxas de juros elevadas, temos um produto por uma garantia real com rentabilidades elevadas num prazo baixo”. 15 Perfil Um senhor de canudos Nascido há 31 na capital portuguesa, Lisboa, o convidado ao “Almoço Com” carrega um personagem que ele próprio qualifica como simplicidade. Entretanto, à primeira vista, mostra-se desprovido de todas as qualidades que o caracterizam, mas que seriam descobertas pelo Semanário Económico depois de uma hora de conversa. É notória a exactidão, velocidade e firmeza com que responde às questões que lhe são colocadas, amenizando a tarefa árdua de uma equipa de reportagem que não encontra tanto trabalho para redigir as ideais expressas por este homem. O nosso interlocutor é um Senhor de canudos (quatro): João Camarão fez a Licenciatura em Matemática na Universidade Nova de Lisboa, o Mestrado em Estatística e optimização na mesma Universidade. Fez a pós-graduação em estatística multivariada no ISCTE no Curso de análise bolsista e produtos financeiros para depois passar a analista de risco no Santander Bank, gestor de risco no “Banco Mais”, gestor de risco e “compliance officer” no banco Itau Europa. É formador no IFB – Instituto de Formação Bancária, na área de risco, Basileia II e mercados financeiros. Free lancer na área de estatística, ramo de saúde, fez ainda um outro mestrado (MBA) na especialidade de Executivo, na Universidade Católica. Presentemente encontra-se em Luanda há 15 dias. João Camarão, que é Analista Sénior da Credirisk, uma empresa luso-espanhola, criada em 2003 especializada em análise de risco e projectos de consultoria relacionados com as directivas regulamentares, está fazer um estudo de risco de crédito a banca angolana. Restaurante Tambarino, em Luanda, Quinta-feira: 13h30. Por entre a Banca e a “embaraçosa” Costa do Marfim João Camarão não levou ao restaurante nenhum Toyota Prado ou um Land Cruizer, como a generalidade dos estrangeiros que se deslocam a Angola. Convidado para um “Almoço Com” o Semanário Económico,este lisboeta percorreu, a pé, um quilómetro e pico, distância que separa o BPC do restaurante Tambarino. Simples, de estatura média, bonacheirão, até poderia passar por angolano, não fosse o seu forte sotaque marcadamente de quem nasceu na capital portuguesa. Apesar de ter chegado a Luanda apenas há 15 dias, João Camarão apresenta-se já como um conhecedor da realidade angolana. Sereno e bem disposto, não hesita em falar de Benguela, de diamantes e da Banca. Aos 31 anos, é já uma espécie de ponta de lança em África, por- que depois da estada em Angola, Camarão já tem como planos mergulhar por outros países africanos, como Cabo Verde e Moçambique. Foram, portanto, razões suficientes para ouvi-lo, durante uma hora, falar por entre o tilintar baixinho dos talheres. Nem só os bancos, clientes e créditos dominaram a conversa. O tema de momento, em toda Angola, é o CAN. João Camarão confessou estar entusiasmado por assistir à competição ‘in loco’. Com férias natalícias marcadas para Portugal, Camarão faz planos: “Estou a fazer os possíveis para regressar a Angola antes do dia 10 de Janeiro a fim de chegar a tempo de acompanhar jogadores africanos que fazem sucesso na Europa”. Quando se lhe pergunta que equipa está em melhor posição para ganhar o Campeonato das Nações Africanas, Camarão não fez fintas: “Julgo que a Costa do Marfim é uma favorita indiscutível”. Mas ficou meio embaraçado talvez por perceber que quase emudeceu a mesa do lado, ocupada por angolanos que escutaram a sua “surpreendente” observação. Mas, pouco depois, avançou com a velha tese desportiva: “Acredito que Angola é favorita, pois, o factor casa é muitas vezes determinante”. Em Lisboa, defende o “seu” Sporting. Fluente e convincente, só se mostrou hesitante quando foi desafiado a responder à pergunta se o modelo de desenvolvimento português é apropriado para ser aplicado em Angola. Aí defendeu que seria necessário “tirar as gorduras existentes no modelo português que não funcionam e adaptá-las às que funcionam claramente neste país”. Passava das 14:30 quando abandonámos o restaurante. João Camarão acabou por aceitar uma boleia no carro do jornalista, mas foi preciso alguma insistência. A ementa: ● Gordon blue ● Água ● salada de fruta Gostos gastronómicos Prato preferido... Peixe assado Carne ou peixe? Peixe Bebida a refeição... Água Uma sobremesa... Salada de fruta Um restaurante... Solar dos Nunes, em Alcântara, Lisboa (Portugal) É tempo que Camarão se encontra em Luanda. Porém, João Camarão apresenta-se já como um conhecedor da realidade angolana. Sereno e bem disposto, não hesita em falar de Benguela, de diamantes e da Banca. Fluente e convincente, só se mostrou hesitante quando foi desafiado a responder à pergunta se o modelo de desenvolvimento português é apropriado para ser aplicado em Angola. Aí defendeu que seria necessário “tirar as gorduras existentes no modelo português que não funcionam e adaptá-las às que funcionam claramente neste país” 31 Aos 31 anos já uma espécie de ponta de lança em África, porque depois da estadia em Angola, Camarão já tem como planos mergulhar por outros países africanos, como Cabo Verde e Moçambique. $&&' Ano da fundação da Credirisk, uma empresa luso-espanhola especializada na análise de risco e propectos de consultoria relacionados com as directivas regulamentares, com processos operacionais e mudança resultante de alterações a esse contexto e na concepção ou implementação de medidas associadas a instrumentos de supervisão e gestão de risco, com uma abrangente experiência de diferentes contextos.