Scientiarum Historia II – Encontro Luso-Brasileiro de História das Ciências – UFRJ / HCTE & Universidade de Aveiro Um entomólogo chamado Costa Lima: a consolidação de um saber. *Marcio Ferreira Rangel, pesquisador do Mast - [email protected] Entomologia, Instituições Científicas, Costa Lima Introdução Com a confirmação do papel dos insetos na transmissão de doenças, rapidamente se desenvolveu, em Manguinhos, uma “escola de entomologistas”. As bases desta escola foram, sem dúvida, lançadas por Oswaldo Cruz, que, mesmo sem ser um especialista em entomologia, adquiriu no Instituto Pasteur de Paris os conhecimentos fundamentais que lhe permitiram ocupar-se posteriormente do estudo dos culicídeos1. Deste interesse são testemunhos os trabalhos em que estabeleceu os gêneros Chagasia e Manguinhosia. Das pesquisas realizadas no campo da entomologia, o Instituto mantém vultosas coleções entomológicas estimadas em mais de cinco milhões de espécimes. Dentre estes, encontram-se espécies de interesse medico, veterinário e agrícola. Neste acervo estão compreendidas as coleções de Adolpho Lutz, Octavio Mangabeira Filho, Costa Lima, entre outros. Resultados e Discussão A escolha de Costa Lima como fio condutor da pesquisa está baseada na possibilidade de estabelecer um parâmetro entre sua carreira e a consolidação de uma especialidade do campo cientifico, considerando neste processo a importância de sua produção cientifica para a entomologia brasileira. Além das pesquisas realizadas sobre insetos de importância médica, veterinária e mais destacadamente agrícola, a obra de Costa Lima estabeleceu uma nova metodologia de trabalho e difundiu através de suas publicações a fauna entomológica brasileira entre os especialistas de nosso país e do exterior. Para compreender todo este processo explicativo de sua contribuição no desenvolvimento e consolidação da entomologia agrícola no Brasil, foi necessária a análise de um número considerável de fontes. Na Fiocruz, encontramos o relatório produzido por Costa Lima, no período em que esteve em missão nas cidades de Belém e Óbidos, sendo este documento o seu primeiro trabalho no campo da entomologia e os livros de assentamento, que contêm as informações sobre sua vida funcional no instituto. Nos arquivos da Universidade Rural, analisamos os documentos sobre sua carreira como catedrático da disciplina entomologia agrícola. Neste momento, ofícios, ementas de disciplinas, regimentos internos e atas constituíram-se em um valioso material para compreensão dos critérios de formação de grupos no Brasil, que ocupavam um determinado lócus 2 institucional . No Arquivo do Museu Nacional, o Fundo Ângelo Moreira da Costa Lima, formado por milhares de missivas, entre 1912 e 1963, nos permitiu um mergulho profundo no universo da entomologia agrícola e a compreensão da estreita relação entre o saber de Costa Lima, a consolidação deste campo e seus reflexos na agricultura brasileira. Esta correspondência contém ainda, informações essenciais para a identificação de seus principais interlocutores e para compreensão de suas relações profissionais, que são simultaneamente permeadas por questões pessoais e científicas. Conclusões Sendo assim, o estudo do processo de construção da entomologia agrícola no Brasil, na primeira metade do século XX, configurou-se como meu objeto de pesquisa. Neste campo, optei por enfatizar a relação do entomólogo Ângelo Moreira da Costa Lima com este saber especifico e as ações que dela resultaram: de um lado, as sua vasta produção científica nos principais periódicos daquele momento; de outro lado, a sua ação direta nas principais instituições de pesquisa agrícola do pais, vinculadas ao Ministério da agricultura, deixando claro seu alinhamento com a proposta de diversificação da lavoura nacional apresentada pelo governo federal. Referências e Notas 1 Stepan, N., Gênese e Evolução da Ciência Brasileira. Oswaldo Cruz e a Política de Investigação Científica e Médica. Rio de Janeiro: Arte-Nova, 1976. 2 Oliveira, J.B.A., Ilhas de Competências: carreiras científicas no Brasil. São Paulo: Editora Brasiliense, 1985. 2º Congresso de História das Ciências e das Técnicas e Epistemologia – 28 a 30 de outubro de 2009