Universidade do Estado de Santa Catarina Departamento de Química QAN0001 - Química Analítica Introdução à Química Analítica Profº Dr. Edmar Martendal Química Analítica Análise de componentes químicos em uma determinada amostra Componentes químicos são as espécies químicas presentes na amostra. A(s) espécie(s) química(s) sob investigação analítica é(são) chamada(s) de analito(s) . O analito pode ser um íon ou algum composto orgânico!!! 2 Química Analítica Química Analítica Qualitativa. Quais os componentes da amostra? Há determinado analito na amostra? Identifica o(s) componente(s) da amostra. 3 Química Analítica Química Analítica Quantitativa. Quanto há de determinado(s) componente(s) na amostra? Qual a concentração do(s) analito(s) na amostra? Quantifica o(s) componente(s) da amostra. Amostras líquidas: g/L, mg/L, µg/L, etc Amostras sólidas: g/g, mg/kg, µg/kg, etc Amostras gasosas: g/L, mg/m3, µg/m3, etc.. 4 Exemplos: Importância da Química Analítica Quali e Quantitativa 1)Uma mineradora deseja explorar Fe em um minério recentemente encontrado. Há Fe nesse minério? Qual a concentração de Fe na amostra? Resultado da análise química tem conseqüências econômicas para a empresa: investir ou não na mineração. 5 Exemplos: 2) Em um lugar escasso de água, mas próximo ao mar, o povo local escavou um poço artesiano para exploração de água para consumo. Entretanto, há dúvidas que a água seja salobra. Há cloreto (Cl-) nessa amostra de água? Qual a concentração de Cl- nessa amostra? Resultado da análise química classifica a amostra como salobra ou doce. 6 Exemplos: 3) Uma mulher deseja saber se ela está grávida ou não e em caso positivo, há quanto tempo está grávida. Amostra de sangue: o hormônio beta-HCG está em níveis normais ou aumentado? (grávida ou não) Qual a concentração do hormônio no sangue? (estimativa do tempo) Resultado da análise química responde as duas dúvidas da mulher. 7 Exemplos: 4) Um motorista é parado pela blitz da lei seca. Ele ingeriu bebida alcoólica? Um teste qualitativo (semi-quantitativo) pode responder. Qual a concentração de etanol no seu hálito? Pode dar uma estimativa do tempo e quantidade de ingestão. Resultado da análise química incrimina ou não um indivíduo.... 8 Exemplos: 5) Uma dona de casa usa um alvejante a base de cloro mas duvida da sua eficácia. O teor de cloro ativo no alvejante realmente confere com o da embalagem? Resultado da análise química pode tirar a dúvida da dona de casa ou a empresa terá que responder pelo produto. 9 Exemplos: 6) A dose de vitamina C (ácido ascórbico) indicada na embalagem do suplemento ou do suco está correto? O princípio ativo do medicamento está na quantidade indicada na bula? Resultado da análise química tira a dúvida do consumidor e assegura a qualidade dos produtos... 10 Exemplos: 7) Consumidores reclamam que seus carros perderam desempenho e colocam a culpa no combustível. O combustível está adulterado? E com que componente? Uma análise qualitativa pode responder. Qual a porcentagem de adulteração? Uma análise quantitativa responde. Resultado da análise química tira a dúvida do consumidor e assegura a qualidade dos produtos... 11 Exemplos: 8) O contato/processamento de alimentos/água diretamente em superfícies metálicas/ligas pode introduzir traços de metais tóxicos na amostra, como chumbo, cádmio, cromo, alumínio, cobalto, manganês, etc. A amostra é segura para ser consumida? Resultado da análise química de traços responde ao consumidor final. 12 Exemplos: 9) O processamento industrial de alimentos, despejo de efluentes sem tratamento adequado pode contaminar tais amostras com traços de compostos orgânicos (aromáticos, clorados, fenóis, etc). De acordo com a legislação, essas amostras são seguras? O efluente foi corretamente tratado? Resultado da análise química de traços auxilia a proteção ambiental... 13 Exemplos: 10) Análise de macronutrientes em alimentos: - Carboidratos - Proteínas - Gorduras Micronutrientes: - Sais minerais: Ca, Mg, Na, K, Se, Si, etc - Vitaminas: A, B, C, etc. 14 Exemplos: 11) Química Forense: Análise qualitativa de pólvora em um ambiente, na mão, cabelo de um suspeito, corpo de uma vítima, etc... 12) Identificação/quantificação de uso de substâncias proibidas por atletas de alta performance (dopping). 13) Identificação das causas de um incêndio: análise dos destroços em busca do combustível precursor: diesel, gasolina, álcool, solventes, etc. 15 Química Analítica Química Analítica Inorgânica. Análise qualitativa e/ou quantitativa de cátions/ânions inorgânicos Química Analítica Orgânica Análise qualitativa e/ou quantitativa de compostos orgânicos 16 Química Analítica Química Analítica Clássica -Baseada nas teorias clássicas da Química e identificação/quantificação baseadas em reações químicas dos analitos com reagentes específicos. Química Analítica Instrumental -Baseia-se no uso de instrumentos que contém detectores que permitem a identificação/quantificação do analito após calibração do instrumento. 17 Química Analítica Química Analítica Instrumental (6ª fase) A) Métodos espectroscópicos baseados na interação da luz com a matéria -Espectrometria de absorção atômica e molecular; -Espectrometria de emissão/fluorescência atômica B) Métodos de separação: -Cromatografia a gás -Cromatografia líquida -Eletroforese capilar 18 Química Analítica Química Analítica Clássica (3ª fase) -Aspectos teóricos referentes à Qmc Clássica QMC Analítica Clássica Quantitativa: -Métodos Volumétricos (Titulométricos): Volumetria de Neutralização Volumetria de Precipitação Volumetria de Complexação Volumetria de Oxi-redução 19 Métodos Gravimétricos: Baseados na precipitação seletiva do analito, seguida de lavagem do precipitado, secagem (ou calcinação) por aquecimento até peso constante e pesagem em balança analítica. 20 Toda a Química Analítica Clássica envolve a reação química do analito com algum reagente, atingindo-se um estado de equilíbrio químico: Exemplos... Neutralização Precipitação Complexação Oxi-redução 21 Portanto, o equilíbrio químico será um dos principais assuntos abordados neste curso... 22 Universidade do Estado de Santa Catarina Departamento de Química QAN0001 - Química Analítica Equilíbrio químico Profº Dr. Edmar Martendal Considere a reação entre nitrogênio e hidrogênio gasosos para formação de amônia, representado pela equação química: N2(g) + 3H2(g) 2NH3(g) K = __[NH3(g)]2__ [N2(g)] [H2(g)]3 24 Para uma dada reação genérica: aA + bB cC + dD Escrevemos a constante de equilíbrio, K, na forma: K = [C]c [D]d [A]a [B]b 25 Regras para escrever corretamente as expressões da constante de equilíbrio: 1)As concentrações das espécies em solução devem ser expressas em molaridade (mol L-1); 2) Quando há gases envolvidos no equilíbrio, suas pressões parciais devem ser usadas; 3) As concentrações dos sólidos puros, dos líquidos puros e solventes não entram na expressão, pois tem atividade igual a 1. 26 Exemplos: Equilíbrio de precipitação Equilíbrio iônico Equilíbrio oxi-redução Equilíbrio líquido-gás 27 Equilíbrio e termodinâmica Todo processo físico ou químico a temperatura e pressão constantes tende a um estado de equilíbrio no qual a energia livre de reagentes e produtos tende a um mínimo: G = H - TS Quanto mais negativo G, mais a reação se desloca dos reagentes para os produtos. 28 -Entalpia mede a variação de energia na forma de calor que uma reação desprende (<0) ou absorve (>0) -Entropia é uma medida do grau de desordem do sistema. Quanto maior a desordem, mais positiva é a variação de entropia G = H - TS G é minimizado quanto mais negativa for a variação de entalpia e quanto mais positiva for a variação de entropia da reação. 29 Relação entre energia livre G e a constante de equilíbrio K: G = -RT ln K K > 1 implica em G < 0 K < 1 implica em G > 0 K = 1 implica em G = 0 30 Trabalhando com as constantes de equilíbrio: A) Se uma reação é desvaforável em um sentido, ela será favorável no outro: Se o sentido da reação for invertido, o novo valor de K é simplesmente o inverso do valor original de K, ou seja, Kinver= 1/Kdir Exemplo (dissociação ácido fraco) 31 B) Se duas ou mais reações químicas são somadas, o valor da constante de equilíbrio para a reação global é obtido pela multiplicação das constantes de cada reação individual: Exemplos: 32 Princípio de Le Châtelier: deslocamento do equilíbrio químico “Qualquer perturbação a um sistema em equilíbrio faz com que as concentrações de reagentes e produtos se rearranjem de forma a compensar tal perturbação, e novamente atingir um estado de equilíbrio” 33 - O aumento na concentração de uma espécie vai fazer com que o equilíbrio se desloque na direção de consumir parcialmente o que foi adicionado - O consumo ou retirada de uma espécie vai fazer que o equilíbrio se desloque no sentido de repor parcialmente o que foi retirado/consumido. 34 -Se a reação é exotérmica (H<0), uma diminuição da temperatura vai deslocar o equilíbrio para os produtos. -Se a reação é endotérmica (H>0), um aumento da temperatura vai deslocar o equilíbrio para os produtos. 35 Teoria da dissociação eletrolítica Eletrólitos são substâncias que formam íons quando dissolvidas em um solvente Eletrólitos fortes: estão quase completamente ionizados em solução Eletrólitos fracos: estão parcialmente ionizados em solução Não-eletrólitos: não formam íons quando dissolvidos em solução 36 Teoria da dissociação eletrolítica A classificação dos eletrólitos quando a força pode ser realizada pela medida da condutividade elétrica da solução: Eletrólitos fortes: alta condutividade Eletrólitos fracos: baixa condutividade Não-eletrólitos: não conduzem eletricidade. Ex: glicerina, glicose, álcoois, acetona, etc. 37 Teoria da dissociação eletrolítica Sólidos iônicos em água: dissociação iônica Ex: NaCl, KCl, KNO3, MgCl2, CaNO3, KI, etc Solutos moleculares: HCl(g), H2SO4, HNO3, HI, HBr, H3PO4, Ácidos orgânicos, etc.: ionização 38 Teoria da dissociação eletrolítica A classificação dos eletrólitos quando a força pode ser realizada também pela medida do grau de dissociação: α= nº de mols dissociado nº de mols total α = 0, não há dissociação α = 1, a dissociação é completa 39 Teoria da dissociação eletrolítica Para eletrólitos fortes, o grau de ionização α é maior que 0,5 e praticamente independente da concentração Para eletrólitos fracos, o grau de ionização é tipicamente menor que 0,1. Entretanto, é uma função da concentração. Quanto menor a concentração, maior o grau de ionização... (Por que?) 40 Teoria da dissociação eletrolítica Eletrólitos fortes: -ácidos inorgânicos, como HCl, HBr, HI, HNO3, H2SO4, HClO4, HBrO3, HClO3 -sais de metais do grupo 1 e 2 formados pela reação de seus hidróxidos com os ácidos fortes -nitratos de todos os íons são solúveis Eletrólitos fracos: -CO2 dissolvido em água; -Ácidos orgânicos -H3PO4, H2SO3, H2S, NH3, aminas, H3BO3, etc, etc. 41 Teoria da dissociação eletrolítica Além do grau de ionização e da medida da condutividade da solução, a magnitude da constante de equilíbrio de dissociação K pode ser utilizada para classificar um soluto como eletrólito forte ou fraco. K>1, eletrólito forte K<1, eletrólito fraco K pode ser obtido da medida do grau de ionização Exemplo... 42 Teoria da dissociação eletrolítica Exercício: O grau de dissociação da amônia na concentração de 2 mol L-1 é de 0,283% a 20ºC. Qual o valor da constante de equilíbrio? 43 Efeito da adição de eletrólitos fortes sobre o grau de dissociação... Adição de eletrólito forte aumenta a força iônica da solução: medida da carga elétrica total da solução µ = ½ (c1Z12+c2Z22+...+cnZn2) Ex: Calcular força iônica das soluções 0,1 mol L-1 NaCl La(IO3)3 MgCl2 CuSO4 Na3PO4 Na2SO4 44 Efeito da adição de eletrólitos fortes sobre o grau de dissociação de um eletrólito fraco -cátions ou ânions em uma solução aquosa sem adição de eletrólitos estão solvatados exclusivamente por moléculas de água, formando o íon hidratado com raio de hidratação que corresponde ao raio efetivo do íon mais a espessura correspondente à camada de moléculas de água fortemente ligadas à ele. 45 Efeito da adição de eletrólitos fortes sobre o grau de dissociação de um eletrólito fraco -Quanto maior a capacidade de separação das cargas (cátions e ânions) pelas moléculas do solvente e/ou eletrólitos presentes, maior será a dissociação. - Quando é adicionado um eletrólito forte inerte à solução, os cátions do eletrólito cercarão os ânions do soluto e vice-versa, formando atmosferas iônicas... 46 Efeito da adição de eletrólitos fortes sobre o grau de dissociação de um eletrólito fraco -A atmosfera iônica diminui a atração entre os íons em solução, diminuindo suas energias... -O cátion mais sua atmosfera iônica negativa possui uma carga positiva menor que o cátion sozinho ou solvatado apenas por água. -O ânion mais sua atmosfera iônica positiva possui uma carga negativa menor que o ânion sozinho ou solvatado apenas por água. 47 Efeito da adição de eletrólitos fortes sobre o grau de dissociação de um eletrólito fraco -Quanto maior a força iônica de uma solução, maior será a carga na atmosfera iônica. Assim, a carga líquida de cada íon mais sua atmosfera será menor, pois os sinais são contrários. -Como conseqüência, a atração entre o ânion e o cátion proveniente da dissociação do soluto diminui. -Aumento da força iônica promove dissociação iônica! 48 O conceito de atividade e coeficiente de atividade A forma correta para a constante de equilíbrio é: Esse valor é chamado de constante de equilíbrio termodinâmica Ko Quando a força iônica tende a zero, Kc e Ko se aproximam um do outro. 49 O conceito de atividade e coeficiente de atividade A atividade de uma espécie química pode ser entendida como uma concentração efetiva, uma concentração que de fato pode participar de um determinado processo. Imagine que só você, sentado no banco de trás de um ônibus, pudesse levar um objeto para o motorista, em três situações: 50 O conceito de atividade e coeficiente de atividade a)Com o ônibus vazio; b)Com o ônibus com metade da capacidade c)Com o ônibus com o dobro da capacidade de transporte de passageiros. A sua capacidade de realizar o trabalho seria cada vez menor, ou seja, sua atividade seria mais baixa, mesmo sua concentração continue sendo 1. É como você deixasse de ser unitário. 51 O conceito de atividade e coeficiente de atividade O mesmo ocorre com um íon em solução: Para uma dada concentração, quanto mais solvatado (estabilizado) ele estiver, menor sua atividade... Menor sua capacidade de realizar/participar de algum processo/reação. 52 A lei de Debye-Hückel Relação quantitativa entre o γ e força iônica para íon com carga z±x log γi= -0,51 zi2 √µ 1+ 0,00328 α √µ Influência da carga do íon Influência do raio de hidratação Influência da força iônica 53 A lei de Debye-Hückel - Para espécies eletricamente neutras em solução, o coeficiente de atividade γ ≈1 para força iônica de até cerca de 1 mol L-1. Ou seja, a aproximação de que atividade = concentração pode ser feita. 54 Coeficiente de atividade para alta força iônica A lei de Debye-Hückel estendida é válida para força iônica de até 0,1 mol L-1. Acima dessa força iônica, observa-se um aumento do coeficiente de atividade que podem atingir valores bem maiores que 1 É como se estivéssemos aumentando a concentração da espécie, mas sem realmente fazer isso.... Como explicar esse fenômeno? 55 Coeficiente de atividade para alta força iônica - Em alta força iônica, grande parte do solvente (água) está sendo utilizada para solvatar os íons provenientes do eletrólito. - Dessa forma, há uma “falta” de moléculas de água para solvatar os íons do soluto em questão. - Se um íon está pouco solvatado (estabilizado), sua concentração efetiva (atividade) parece ser maior que sua concentração real. - A atividade da água diminui com o aumento da força iônica, ou seja, ela vai gradativamente deixando de ser 55 mol L-1. 56 A força iônica e o efeito salting-out - Para moléculas orgânicas com força iônica elevada (tipicamente maior que 1 mol L-1), a capacidade de solvatação das moléculas pelo solvente fica cada vez menor a medida que a força iônica aumenta. - Há, então, uma tendência de separação de fases, pois a atividade do solvente orgânico puro é 1, mas a atividade do solvente solvatado em água com alta força iônica é superior a 1. - Há sempre um transporte de massa de uma substância de um meio em que sua atividade é maior para um meio com atividade é menor (alta para baixa energia)57 A força iônica e o efeito salting-out - Esse efeito é amplamente utilizado em separações (extrações) líquido-líquido no qual se deseja extrair algum componente orgânico de uma solução aquosa com um solvente orgânico. - Satura-se a amostra aquosa com um sal (NaCl) e agita-se essa amostra com um solvente orgânico imiscível em água. 58 Cálculos de pH usando os coeficientes de atividade A) Calcular o pH de uma solução contendo NaNO3 0,10 M. Compare com o valor de pH calculado sem o uso dos coeficientes de atividade. Raio dos íons hidratados: H+=900 pm e OH- = 350 pm. 1) Escrever e equação de autoprotólise da água. 2) Escrever a equação da constante de equilíbrio termodinâmica (ou seja, em termos da atividade, e não concentração). 3) Com a força iônica fornecida ou calculada, calcular os coeficientes de atividade para os íons H+ e OH-. 4) Repare que as concentrações dos íons H+ e OH- vão ser iguais, mas suas atividades não! (Por quê??) 5) Calcule a atividade para os íons, sendo atividade = coeficiente de atividade x concentração. 6) Aplique a real definição de pH, ou seja, pH = -log AH+ 59 Universidade do Estado de Santa Catarina Departamento de Química QAN0001 - Química Analítica Equilíbrio ácido-base Profº Dr. Edmar Martendal Definição de ácidos e bases Definição de Arrhenius: -Ácidos são substâncias que, em água, ionizem o H+ de sua estrutura -Bases são substâncias que, em água, ionizem o OHde sua estrutura. 61 Definição de ácidos e bases Definição segundo Bronted-Lowry: -Ácidos são substâncias capazes de ceder o H+ numa reação. - Bases são substâncias capazes de ceder o OHnuma reação Estendeu-se a química ácido-base para sistemas nãoaquosos. 62 Definição de ácidos e bases Definição segundo Lewis: -Ácidos são substâncias capazes de receber um par de elétrons numa reação. - Bases são substâncias capazes de ceder um par de elétrons numa reação Conceito de ácido-base estendido a qualquer meio, incluindo processos em fase gasosa 63 Solventes próticos: autoprotólise Solventes próticos são capazes de se autodissociar, ou seja, uma molécula age como ácido e outra como base: caráter anfótero. A extensão dessa dissociação é dada pelo valor da constante de equilíbrio. Exemplos: Água Etanol Amônia Ácido acético glacial Ácido sulfúrico concentrado 64 Equilíbrio ácido base Consideraremos principalmente os equilíbrios em solução aquosa! Os íons provenientes da autoprotólise do solvente não estão livres neste... Por exemplo, os íons H+ e OHem água estão envoltos por n moléculas de água H(H2O)n+ OH(H2O)n- n>1 e um número inteiro. 65 Equilíbrio ácido base: ácidos e bases fortes e fracas Ácidos ou bases fortes são as que possuem constante de dissociação K>>1 Fortes: Ex: H2SO4, HCl, HBr, HI, HNO3, etc Ex: NaOH, KOH, hidróxidos da família 1 e 2 em geral. Fracos: Ex: H2SO3, H3PO4, H3BO3, HF, HOCl, ácidos orgânicos em geral Ex: Amônia, aminas, hidróxidos de Cr, Fe, Al, Zn, Cd, Ag, etc... 66 Equilíbrio ácido base: efeito nivelador do solvente - Nenhum ácido ou base mais forte do que o ácido e a base conjugada formados pela autodissociação do solvente pode existir nesse meio. A reação se processa até que todo o ácido ou base forte tenha reagido com o solvente. Exemplos: - SO3, P2O5, sódio metálico, hidretos, carbetos, óxidos de metais alcalinos, etc. 67 Equilíbrio ácido base: determinação das concentrações das espécies em equilíbrio 1º Ácidos e bases fortes 2º Ácidos e bases fracas Obs: como fins de simplificação, vamos considerar os coeficientes de atividade muito próximo a 1, exceto quando dito algo em contrário. Ou seja, escreveremos K em termos de concentração. 68 Equilíbrio ácido base: determinação das concentrações das espécies em equilíbrio 1º Ácidos e bases fortes Qual a concentração dos íons formados pela dissociação do ácido/base forte? Como estão completamente dissociados, a concentração dos íons em solução será igual a concentração analítica (concentração formal) até um certo nível de diluição. 69 Equilíbrio ácido base: determinação das concentrações das espécies em equilíbrio: ácidos e bases fortes Ex: Considere soluções de HBr. Qual o pH dessas soluções? a) 0,1 M b) 10-3 M c) 10-5 M d) 10-7 M e) 10-8 M 70 Equilíbrio ácido base: determinação das concentrações das espécies em equilíbrio: ácidos e bases fortes 1) Escrever a reação de autoprotólise da água 2)Escrever o balanço de carga para a solução 3)Escrever o balanço de massa para a solução Resolver o sistema de equações Conclusão: quando a concentração analítica do ácido ou base forte é muito próxima da concentração de H+ ou OH- provenientes da autoprotólise do solvente, deve-se escrever o balanço de carga e balanço de massa para o sistema. 71 Equilíbrio ácido base: determinação das concentrações das espécies em equilíbrio: ácidos fracos 2) Ácidos fracos monopróticos HA + H2O Ca -x Ka = H3O+ + Ax x x2 (Ca-x) Tipicamente, se Ca/x>100, a aproximação de que Ca-x ≈ Ca pode ser feita. 72 Equilíbrio ácido base: determinação das concentrações das espécies em equilíbrio: ácidos fracos Ou seja, a concentração da espécie H+ e A- serão: [H+] = [A-] = (CaKa)0,5 Ex: Calcular as concentrações de equilíbrio de um ácido fraco (Ka=10-4) de concentração 0,10 mol L-1 73 Equilíbrio ácido base: determinação das concentrações das espécies em equilíbrio: bases fracas B + H2O BH+ + OH- Kb = [BH+] [OH-] [B] Na maioria das tabelas não está disponível o valor de Kb, mas sim de Ka, o ácido conjugado da base: BH+ + H2O B + H3O+ Para um par conjugado BH+/B ou HA/A-, vale a relação pKa + pKb = pKw 74 Equilíbrio ácido base: determinação das concentrações das espécies em equilíbrio: sais de ácidos e bases fracas: hidrólise 1) Sais de ácidos fracos obtidos da reação com base forte. A- + H2O HA + OH- Determinar o valor da constante de hidrólise! 2) Sais de bases fracas obtidas da reação com ácido forte BH+ + H2O H3O+ + B 75 Equilíbrio ácido base: determinação das concentrações das espécies em equilíbrio: sais de ácidos e bases fracas: hidrólise 1) Sais de ácidos fracos obtidos da reação com base forte. A- + H2O HA + OH- Calcular o pH de uma solução de NaOAc 0,2 mol L-1. 2) Sais de bases fracas obtidas da reação com ácido forte. Calcular o pH de uma solução de NH4Cl 0,1 mol L-1 BH+ + H2O H3O+ + B 76 Equilíbrio ácido base: sistemas tamponados - Vários sistemas biológicos, reações químicas e outros processos tem uma forte dependência com o pH do meio. - Para um correto funcionamento desses sistemas o pH precisa ser controlado e manter-se em uma determinada faixa durante o processo, ou seja, não pode ter uma variação muito significativa. - Um tampão é um sistema formado por um ácido fraco e sua base conjugada ou uma base fraca com seu ácido conjugado em concentrações similares. - Esse sistema é capaz de resistir a variações de pH mesmo com adição de base forte ou ácido forte. 77 Equilíbrio ácido base: sistemas tamponados - Tampões ácidos HA + H2O H3O+ + A- Escrevendo a expressão da constante de equilíbrio, aplicando o log nos dois lados da equação, e isolando pH como –log [H3O+], obtém-se a equação de Henderson-Hasselbach Ex: escreva a equação de Henderson-Hasselbach para um tampão básico. 78 Equilíbrio ácido base: propriedades dos tampões - Funcionam bem para uma faixa de pH em torno do pKa do ácido conjugado da base ou do ácido fraco utilizado. - O pH é praticamente independente da diluição do tampão. - Entretanto, a diluição diminui a capacidade tamponante do sistema tampão. - Capacidade tamponante: quantidade em mols de ácido ou base forte que pode ser adicionado a 1 L de tampão de maneira que o pH varie de 1 unidade. 79 Equilíbrio ácido base: propriedades dos tampões - Fatores que influenciam a capacidade tamponante: 1) A diferença de pH entre o pKa do ácido conjugado e o pH do tampão. 2) A concentração analítica do tampão (a soma das concentrações do ácido e da base conjugada que formam o tampão) Exemplos: Considere um tampão NH3/NH4+ (pKa=9,2). 1) Calcular a capacidade tamponante ácida e básica do tampão amônia 0,5 mol L-1 em pH 8,2, 9,2, 10,2 e 11,2. 2) Calcular a capacidade tamponante ácida e básica do tampão amônio em concentrações 1,0, 0,5, 0,1, 0,01, 0,001 mol L-1 em pH 9,2. Qual o comportamento quando a conc tende a zero? 80 Equilíbrio ácido base: propriedades dos tampões Tampões para a faixa de pH>12 ou pH<2 podem ser preparados a partir de soluções de bases ou ácidos fortes em concentrações moderadas. Calcular a capacidade tamponante ácida para um tampão preparado com a) KOH 0,2 mol L-1 b) KOH 0,02 mol L-1 c) KOH 0,002 mol L-1 d) KOH 0,0002 mol L-1 Qual a tendência quando a concentração tende a zero? 81 Equilíbrio ácido base: propriedades dos tampões - Como preparar um tampão no laboratório? 1) Determinar o pH em que se deseja tamponar o meio. 2) Numa tabela de pKa, verificar que ácidos possuem pKa o mais próximo possível do pH desejado. Os tampões mais utilizados são os baseados em amônia, acetato, fosfatos, tris, biftalatos, boratos, carbonatos, tartaratos, HCl/KCl, NaOH/KCl, etc. 3) Verificar no laboratório se há o ácido(ou base) fraco e o seu sal conjugado. 4) Uma vez estipulada a concentração do tampão, calcular usando a relação de Henderson-Hasselbach a razão molar entre o ácido e a base conjugada. Pesar o sal (ou pipetar a solução) e a solução do ácido previamente calculadas para um balão volumétrico e completar o volume com água. 5) Caso só haja somente o sal ou o ácido ou a base disponível, o tampão pode ser preparado usando a base fraca + HCl ou o ácido fraco + NaOH. 6) Para uma preparação mais exata, ajustar o pH do tampão (antes de avolumar o balão) com HCl ou NaOH diluídos (0,1M) com o auxílio de um pHmetro. Como o pH de um tampão varia pouco com a diluição, depois de ajustado, o volume do balão pode ser completado com água. 82 Equilíbrio ácido base: propriedades dos tampões - Exemplo: Como você prepararia um tampão acetato em pH 5 na concentração de 1 mol L-1 dispondo de: a) Ácido acético e acetato de sódio; b) Acetato de sódio e HCl c) Ácido acético e NaOH. 83 Equilíbrio ácido base: curvas de titulação Uma curva de titulação é um gráfico que relaciona uma função pX, onde pX = -log Ax em função do volume de titulante adicionado. Simplificaremos utilizando a função pX=-log [X]. Nas curvas de titulação ácido-base monitora-se o pH da solução em função do volume de titulante. 1) Ácido forte x base forte (e vice-versa) 2) Ácido fraco x base forte 3) Base fraca x ácido forte 84