2011 Balanço 2010 Perspectivas para 2011 da Indústria Automobilística Brasileira Subseção do DIEESE Sindicato dos Metalúrgicos do ABC 1 Abril/2011 FICHA TÉCNICA: Título: Balanço 2010 e Perspectivas para 2011 da Indústria Automobilística Brasileira. Autoria: Subseção DIEESE / Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Equipe técnica responsável: Fausto Augusto Junior; Zeíra Mara Camargo de Santana; Warley Batista Soares; Silvana Martins de Miranda Nascimento; José Luiz Lei. Resumo: Apresenta os resultados de produção automobilística, vendas de nacionais e importados, além de exportações de veículos e aponta os investimentos anunciados para os próximos anos. Palavras-chave: produção, vendas, importações, investimentos. Diretório: M:\Setor\Automob\Perspectivas\2011\ Balanço da Indústria Automobilística Brasileira em 2010.docx Contato: [email protected] 1. INTRODUÇÃO Assim como já havia ocorrido em 2009, a indústria automobilística brasileira reafirmou sua recuperação em 2010, batendo novos recordes de produção e vendas. Ao mesmo tempo, a atual conjuntura econômica, que apresenta fortes pressões inflacionárias e taxa de câmbio desfavorável levaram o governo a adotar medidas que impactaram diretamente o setor automotivo no início de 2011. Este estudo tem como objetivo analisar como o setor se comportou no último ano, avaliar os impactos das medidas governamentais no primeiro trimestre de 2011, bem como verificar como a indústria automobilística nacional está se preparando para enfrentar o futuro. Para tanto, analisou-se o volume de produção de autoveículos, as vendas no mercado interno e as exportações e importações em 2010, com destaque para a forte tendência de crescimento das importações no setor, influenciadas pelas montadoras coreanas. Feito este levantamento, o estudo concentrou-se nas projeções de investimento das montadoras instaladas no país, a fim de verificar as perspectivas futuras do setor frente a um mercado cada vez mais competitivo, em especial, com a entrada das montadoras chinesas a partir de 2011. 1 2. BALANÇO DA INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA BRASILEIRA EM 2010 A indústria automobilística brasileira apresentou vigorosos resultados em 2010 na comparação com 2009. Segundo dados da ANFAVEA, em 2010, foram produzidos 3,6 milhões de veículos, crescimento de 14,3%, superando as projeções (3,4 milhões). Os licenciamentos de veículos nacionais atingiram 2,85 milhões de unidade, alta de 7,6%. Os caminhões se destacaram com uma produção que totalizou 191,3 mil unidades, 55,0% a mais que 2009, e com as vendas no mercado interno que somaram 157,7 mil unidades. O setor (autos, comerciais leves, caminhões e ônibus) exportou 765,7 mil unidades, 61,1% superior a 2009, resultado que superou as 734,6 mil unidades de 2008. Já as importações apresentaram forte crescimento em 2010 com cerca de 660 mil unidades, alta de 35,0% sobre 2009. TABELA 1 A INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA BRASIL, 2009-2010 2010 2009 Variações percentuais 10/09 Representação sobre a Produção Total (%) 2010 2009 Produção de Veículos Total de Veículos 3.638.390 Automóveis 2.819.119 Comerciais Leves 582.071 Caminhões 191.321 Ônibus 45.879 3.182.923 2.575.418 449.337 123.633 34.535 14,31 9,46 29,54 54,75 32,85 100,00 77,48 16,00 5,26 1,26 100,00 80,91 14,12 3,88 1,09 Exportações de Veículos Total de Veículos Automóveis Comerciais Leves Caminhões Ônibus 765.680 614.636 113.565 22.915 14.564 475.325 373.747 78.178 13.504 9.896 61,09 64,45 45,26 69,69 47,17 21,04 16,89 3,12 0,63 0,40 14,93 11,74 2,46 0,42 0,31 Licenciamento de Veículos Nacionais Total de Veículos 2.854.923 Automóveis 2.213.617 Comerciais Leves 458.039 Caminhões 154.921 Ônibus 28.346 2.652.366 2.160.421 362.893 106.486 22.566 7,64 2,46 26,22 45,48 25,61 78,47 60,84 12,59 4,26 0,78 83,33 67,88 11,40 3,35 0,71 Licenciamento de Veículos Importados Total de Veículos Automóveis Comerciais Leves Caminhões Ônibus 660.141 431.087 226.203 2.775 76 488.874 314.228 171.200 3.387 59 35,03 37,19 32,13 -18,07 28,81 18,14 11,85 6,22 0,08 0,00 15,36 9,87 5,38 0,11 0,00 Fonte: ANFAVEA Elaboração: Subseçao do DIEESE/ Sindicato dos Metalúrgicos do ABC 2 Segundo os dados da FENABRAVE, o comércio de veículos usados foi bastante expressivo no ano passado. Considerando todos os tipos de veículos, em 2010 foram comercializados 11,0 milhões de unidades, crescimento de 19,8% sobre 2009. Deste montante, as motos tiveram a significante parcela de 2,1 milhões de unidades comercializadas, crescimento de 20,0% sobre o ano anterior. TABELA 2 VENDAS DE VEÍCULOS USADOS 2010-2009 Segmento 2010 2009 Autos 7.201.617 6.013.629 Com. Leves 1.227.692 991.231 Caminhões 325.921 291.439 47.190 47.429 Subtotal 8.802.420 7.343.728 Motos 2.134.847 1.779.751 Impl. Rod. 52.803 45.855 Outros 49.125 45.290 11.039.195 9.214.624 Ônibus Total Var. 10/09 19,75% 23,86% 11,83% -0,50% 19,86% 19,95% 15,15% 8,47% 19,80% Fonte: FENABRAVE Elaboração: Subseçao do DIEESE/Sindicato dos Met. do ABC O bom resultado do setor automotivo tem como um dos principais agentes a elevada oferta de crédito. No ano passado, as novas concessões para aquisição de veículos somaram R$ 50,2 bilhões, 69,0% superior a 2009. No mesmo período, a taxa média de juros, ao ano, ficou em 23,9% em 2010 contra 28,0% em 2009. Já a forte valorização do real frente ao dólar contribuiu significativamente para a entrada de veículos importados no país. Em 2008, a taxa média de câmbio fechou em R$ 2,33 para cada unidade de dólar americano, e em 2010 o índice caiu para R$ 1,66 para cada dólar. 3 GRÁFICO 1 TAXA DE CÂMBIO, BRASIL 1994-2011 4,50 4,00 3,50 3,00 2,50 2,00 1,50 1,00 0,50 fev/11 jun/10 out/09 fev/09 jun/08 fev/07 out/07 jun/06 out/05 fev/05 jun/04 out/03 fev/03 jun/02 fev/01 out/01 jun/00 out/99 fev/99 jun/98 out/97 fev/97 jun/96 out/95 fev/95 jun/94 0,00 Fonte: Banco Central do Brasil. GRÁFICO 2 MOVIMENTAÇÃO DAS OPERAÇÕES COM JUROS PREFIXADOS PARA AQUISIÇÃO DE VEÍCULOS PELA PESSOA FÍSICA, 2010-2011 8,09 3,31 3,85 mar/11 fev/11 jan/11 dez/10 nov/10 out/10 set/10 ago/10 jul/10 jun/10 mai/10 abr/10 mar/10 fev/10 jan/10 158,0 Movimentação Mensal (R$ Bilhões) Movimentação Diária (R$ Milhões) Fonte: Banco Central do Brasil. Elaboração: Subseção do DIEESE/Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. 4 GRÁFICO 3 2.1 OS IMPORTADOS NO MERCADO AUTOMOTIVO A forte valorização do real combinada com um mercado interno em expansão, reflete numa intensa entrada de importados e em uma maior competição setorial. Em 2010, foram importados mais de 660 mil veículos. Apesar das quatro maiores montadoras instaladas no país (VW, GM, FIAT e FORD) serem responsáveis por 50% deste montante, as coreanas Hyundai e KIA juntas importaram cerca de 23,0% deste total, ou seja, 146 mil unidades. 5 19.445 15.921 14.346 12.137 10.507 9.632 8.517 HONDA MERCEDES-BENZ NISSAN PEUGEOT RENAULT MITSUBISHI BMW 30.551 CITROEN 38.104 VOLKSWAGEN 43.993 TOYOTA 54.445 KIA MOTORS 72.418 FORD 77.685 FIAT 88.365 RANKING DAS QUINZE MAIORES IMPORTADORAS DE VEÍCULOS BRASIL, 2010 GM HYUNDAI 91.417 GRÁFICO 4 Fonte: ANFAVEA, ABEIVA. Elaboração: Subseção do Dieese/Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Caso a totalidade dos veículos importados em 2010 fossem produzidos no Brasil, estima-se que teriam sido gerados cerca de 20,5 mil novos empregos nas montadoras do país e outros 82,0 mil empregos na cadeia de produção automotiva. Significa dizer que “exportamos” 102,6 mil postos de trabalho. As montadoras coreanas apontam o Brasil como foco em suas ações de marketing. A intenção é aumentar ainda mais suas participações no mercado brasileiro nos próximos anos. Já os chineses, maiores fabricantes de veículos do mundo, após vender cerca de 7,8 mil unidades de veículos no mercado brasileiro em 2010, definiram 2011 como ano estratégico para sua entrada no mercado brasileiro. Para tanto, devem desembarcar nos portos brasileiros até o final de abril deste ano alguns milhares de veículos com preços convidativos. A presença dos produtores chineses no mercado nacional ainda é vista com muita desconfiança pelos consumidores no quesito qualidade. No entanto, em outubro do ano passado, a Jac Motors chamou a atenção no Salão de Automóveis de São Paulo, prometendo romper com este estigma ao anunciar garantia de seis anos para seus automóveis. Um exemplo disso está no modelo J3 que chegou em março no Brasil. Este veículo está sendo anunciado por R$ 37.900,00 e possui uma vasta lista de itens de série que incluem: sensor de estacionamento, freios ABS e airbag duplo. O carro vem para disputar no segmento de médios. Na linha de entrada, a também chinesa Chery apresentou o modelo QQ 1.0. O veículo apresenta de série: direção hidráulica, freios ABS, airbag, trio elétrico e CD player por R$ 22.900,00. 6 As principais montadoras brasileiras terão pela frente razões para se preocuparem, pois o mundo está com olhos voltados no mercado consumidor brasileiro e pretendem acirrar a competitividade interna. 2.2 O NÍVEL DE EMPREGO NA BASE DO SINDICATO DOS METALÚRGICOS DO ABC EM 2010 Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, o ano de 2010 terminou com 104.188 metalúrgicos, sendo: 32.011 em montadoras, 26.097 em autopeças e 46.080 nos demais setores. Em relação a dezembro de 2009, a base cresceu 7.161 postos de trabalho (ou 7,4%), sendo 1.607 nas autopeças, 2.353 nas montadoras e 3.201 nos demais setores. Deste modo, o nível de emprego em 2010 ficou próximo ao maior patamar observado na base do Sindicato (104.950 postos em outubro de 2008). A rotatividade na base foi medida em 18,8% em 2010, pouco superior a 2009, que apresentou indicador de 14,7% de rotatividade em um ano de 5,4% de queda no nível de emprego. Ao analisar as montadoras, nota-se que este índice é expressivamente menor e ainda observou queda no último ano: 1,9% em 2010, contra 4,2% de 2009. O rendimento médio das montadoras em 2010 chegou a R$ 5.925,00, que demonstra a retomada das horas excedentes, uma vez que o salário médio total do segmento foi calculado em R$ 4.773,00 no mesmo período. 3. O PRIMEIRO TRIMESTRE DE 2011 E AS PERSPECTIVAS PARA O ANO O resultado do primeiro trimestre de 2011 surpreendeu as expectativas de muitos analistas, visto que a pressão inflacionária a partir do último quadrimestre de 2010 levou o Banco Central a adotar medidas contracionistas de combate à inflação, em especial, ligadas ao financiamento de automóveis. 7 GRÁFICO 5 Variação mensal do índice nacional de preços ao consumidor amplo (IPCA) 2010-2011 (%) mar/11 fev/11 jan/11 dez/10 nov/10 out/10 set/10 ago/10 jul/10 jun/10 mai/10 abr/10 mar/10 fev/10 jan/10 1,00 0,80 0,60 0,40 0,20 0,00 Fonte: Banco Central do Brasil. Elaboração: Subseção do DIEESE/Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Contudo, apesar de o Banco Central exigir que bancos e financiadoras requeiram entrada de, no mínimo, 20,0% do valor do veículo para financiamento acima de 24 meses e obrigue em empréstimos acima de 60 meses que os bancos façam uma reserva de capital 50,0% maior, nos três primeiros meses do ano, os resultados do setor automotivo apresentou resultados expressivos. A produção total de veículos bateu novo recorde, 902,1 mil unidades, 7,8% superior ao mesmo período do ano anterior. As vendas totalizaram 825,2 mil unidades, 0,5% inferior quando comparado com 2010. As exportações totalizaram 195,7 mil unidades, crescimento de 14,3%. Já as importações, continuam em ritmo intenso, chegando a 181,9 mil unidades nestes três primeiros meses, quase 30,0% superior a 2010. Vale ressaltar que, neste período de 2010, o setor vinha de forte recuperação e ainda sob a batina da isenção do IPI. 8 TABELA 3 A INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA BRASIL, 2011-2009 (janeiro-março) JaneiroJaneiroJaneiroVariações Variações percentuais 11/10 percentuais 11/09 Março 2011 Março 2010 Março 2009 Produção de Veículos Total de Veículos Automóveis Comerciais Leves Caminhões Ônibus 902.148 701.394 145.359 44.552 10.843 836.268 654.302 129.035 41.979 10.952 664.447 537.732 93.764 24.852 8.099 7,88 7,20 12,65 6,13 -1,00 35,77 30,44 55,03 79,27 33,88 14,34 16,21 6,72 22,22 -18,23 124,64 136,04 95,72 70,08 27,46 Exportações de Veículos Total de Veículos Automóveis Comerciais Leves Caminhões Ônibus 195.723 160.400 27.172 5.621 2.530 171.183 138.028 25.462 4.599 3.094 87.129 67.956 13.883 3.305 1.985 Licenciamento de Veículos Nacionais Total de Veículos Automóveis Comerciais Leves Caminhões Ônibus 643.272 484.921 111.769 38.620 7.962 Total de Veículos Automóveis Comerciais Leves Caminhões Ônibus 181.889 122.234 58.747 881 27 646.418 511.112 98.168 30.710 6.428 563.654 459.609 78.620 20.649 4.776 -0,49 -5,12 13,85 25,76 23,86 14,13 5,51 42,16 87,03 66,71 Licenciamento de Veículos Importados 141.589 91.227 49.889 454 19 104.608 67.934 35.808 845 21 28,46 33,99 17,76 94,05 42,11 73,88 79,93 64,06 4,26 28,57 Fonte: ANFAVEA Elaboração: Subseçao do DIEESE/ Sindicato dos Metalúrgicos do ABC Preços - Março/2011 Gol Total Flex 2p 1.0 Mille Fire Ka Clio R$ 27.530,00 R$ 24.020,00 R$ 25.240,00 R$ 25.600,00 (aumento de 5,7% em relação a março de 2010) (aumento de 6,5% em relação a março de 2010) (aumento de 3,1% em relação a março de 2010) (aumento de 0,8% em relação a março de 2010) QQ Chinês 1.0 (ar-condicionado, direção hidráulica, quatro portas, vidros e retrovisores elétricos, airbags para motorista e passageiro da frente, freios ABS, faróis de neblina, painel digital e toca CD). 9 As vendas de veículos usados somaram 2,68 milhões de unidades nos três primeiros meses do ano, crescimento de 17,2% sobre 2010 e 36,2% sobre 2009, considerando o mesmo período. TABELA 4 VENDAS DE VEÍCULOS USADOS PRIMEIRO TRIMESTRE 2011-2009 (janeiro a março) Segmento Autos 2011 2010 Var. 11/10 2009 1.738.025 1.476.572 1.284.728 Com. Leves 305.719 246.840 209.017 Caminhões 77.612 70.505 64.043 Ônibus 11.248 10.588 11.575 2.132.604 1.804.505 1.569.363 525.327 464.695 381.154 Impl. Rod. 13.625 10.976 8.350 Outros 12.198 10.454 11.323 2.683.754 2.290.630 1.970.190 Subtotal Motos Total 17,71% 23,85% 10,08% 6,23% 18,18% 13,05% 24,13% 16,68% 17,16% Var. 11/09 35,28% 46,27% 21,19% -2,83% 35,89% 37,83% 63,17% 7,73% 36,22% Fonte: FENABRAVE. Elaboração: Subseçao do DIEESE/ Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. 10 O setor de motocicletas, assim como o de veículos, também demonstra forte rigor. No primeiro trimestre de 2011 foram produzidas 533,1 mil unidades, crescimento de 32,6% sobre o mesmo período de 2010. Quando comparado a 2009 o crescimento foi de 75,0%. TABELA 5 INDICADORES DE MOTOCICLETAS Produção 2011 Total Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez 2010 2009 533.082 1.830.614 1.539.473 180.397 128.035 81.003 171.132 122.429 88.828 181.553 151.619 135.333 151.072 134.226 169.850 148.617 142.556 143.230 148.134 134.002 172.976 160.987 182.481 165.831 169.467 144.737 181.657 121.644 110.338 81.035 Mercado Interno Variação 2011/2010 (%) 32,58 40,90 39,78 19,74 2011 2010 2009 503.646 1.818.181 1.579.197 164.925 124.548 104.863 165.248 116.262 101.297 173.473 169.285 132.341 157.023 161.752 165.956 150.428 139.759 137.945 146.866 123.823 163.634 147.712 174.755 148.824 162.805 146.090 177.790 121.862 119.498 102.260 Exportações Variação Variação 2.011 2010 2009 2010/2009 (%) 2010/2009 (%) 37,11 13.170 69.209 60.516 3,43 32,42 3.603 2.332 5.192 54,50 42,13 4.960 5.947 7.582 -16,60 2,47 4.607 6.879 7.659 -33,03 5.306 2.452 5.013 2.776 5.953 2.878 3.966 3.873 7.087 5.821 6.645 4.308 6.627 5.081 7.127 5.729 6.327 7.165 Fonte: ABRACICLO - Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas , Ciclom otores, Motonetas, Bicicletas e Sim ilares. Elaboração: Subseção do DIEESE/Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. 11 A ANFAVEA projeta para 2011 a produção de 3,68 milhões de carros, renovando o recorde de 2010, quando o setor produziu 3,64 milhões de veículos. Com isso, a produção de 4 milhões de veículos projetada para 2014 deve se antecipar. O setor prevê crescimento das exportações em mais de 14,0%, ultrapassando as bases pré-crise, fortemente influenciada pelas exportações de CKD´s (em inglês: Complete KnockDown - conjuntos de partes de automóveis para exportação e montagem) e um intenso fluxo de investimentos para os próximos anos. 4. INVESTIMENTOS ANUNCIADOS Volkswagen do Brasil A VW anunciou um plano de investimentos de R$ 6,2 bilhões - ciclo que vai de 2010 a 2014, incluindo a produção de um carro de entrada na faixa de R$ 20,0 mil a R$ 23,0 mil. Segundo informações do setor, metade dos investimentos está prevista para a fábrica de São Bernardo. Deste montante, a VW confirmou o investimento de R$ 360,0 milhões em novas instalações de pintura na unidade de Taubaté representando um passo adiante em tecnologia e emissões, uma vez que a nova tecnologia utilizará tintas à base de água. Este processo, o mais moderno dentro do grupo Volkswagen, é comparável ao utilizado em Chatanooga, no Tennessee, Estados Unidos. Ford A Ford prevê investimentos de R$ 4,5 bilhões nas unidades da montadora no período de 2011-2015. A montadora anunciou que a região Nordeste, incluindo Camaçari e a Troller, no Ceará, concentra a maior parte dos R$ 4,5 bilhões anunciados. Os investimentos estão sendo realizados de forma gradativa e estão focados no desenvolvimento de novos produtos, ampliação da capacidade produtiva, melhoria dos processos produtivos e na engenharia de produtos. A Ford Caminhões receberá investimentos de R$ 670,0 milhões entre 2010 e 2013. Parte destes foi aplicada numa ação inédita: o lançamento de uma linha completa com 11 caminhões da família Cargo que vão substituir toda a gama atual. Os novos veículos foram completamente desenvolvidos pela engenharia brasileira, fato que também ocorre pela primeira vez. Antes, os caminhões Cargo eram feitos em plataforma européia. 12 A Ford projeta vendas totais para este ano de 170 mil caminhões, ante 158 mil em 2010. Mercedes Benz A Mercedes Benz deve encerrar neste ano o derradeiro ciclo de investimentos – R$ 1,5 bilhão, 2009-2011. Depois de 12 anos tentando fabricar carros de passeio no Brasil, a Mercedes Benz de Juiz de Fora concluiu que é melhor concentrar-se na produção de caminhões e ônibus; A produção em Juiz de Fora começará com o modelo leve Acello, que será fabricado no modelo CKD com conjuntos já prontos produzidos em São Bernardo do Campo. Depois, a linha do Acello será toda transferida de São Bernardo para Juiz de Fora. O segundo modelo que saíra da linha mineira será o Actros, que hoje é importado da Alemanha. E para produzir esse modelo que parte dos trabalhadores será treinada também na Alemanha. A linha de caminhões que está sendo instalada na antiga fábrica de automóveis será abastecida com componentes produzidos na vizinhança. Os prédios da Mercedes Benz ocupam 170 mil m², de uma área de mais de 1 milhão de m², por isso o interesse da empresa em atrair fornecedores para Minas Gerais e instalá-los nas proximidades da nova fábrica. Toyota A Toyota vai ampliar sua capacidade produtiva em 60% no Brasil e na Argentina nos próximos dois anos. Juntos, os dois países terão capacidade produtiva de 230 mil carros por ano atualmente é de 140 mil/ano. Os investimentos somam US$ 640,0 milhões e a maior parte ficará no Brasil, uma vez que a Toyota iniciou a construção de uma nova fábrica em Sorocaba. General Motors A General Motors segue com seu plano de investimentos (2008-2012). Dentre a previsão de R$ 5 bilhões para o período, a montadora destinará R$ 15,0 milhões neste ano para a ampliação do Centro Distribuidor de Peças da General Motors do Brasil, localizado em Sorocaba. Está sendo construído no local um prédio com 9,3 mil metros quadrados de área coberta. Após a conclusão do empreendimento, a área coberta total chegará a 88 mil metros quadrados. Segundo a empresa, a ampliação possibilitará que o número de funcionários passe de 626 para cerca de 700 até o final de 2011. Para 2012, a companhia estima que o número 13 total de funcionários chegue a 756. A central logística da GM possui, em estoque, 56 mil itens diferentes e movimenta por mês cerca de 3,5 milhões de itens. As exportações são feitas para mais de 50 países. A GM iniciou, também, a construção de sua fábrica de motores em Joinvile/SC. Com investimento total de R$ 350,0 milhões, a unidade terá capacidade inicial de produção estimada em 120 mil motores e 200 mil cabeçotes de alumínio por ano. A inauguração da unidade está prevista para o próximo ano de 2012. Fiat A Fiat iniciou neste ano o seu maior ciclo de investimentos no país. A montadora pretende realizar investimentos da ordem de R$ 10,0 bilhões até 2014. Deste total, R$ 7,0 bilhões serão aportados no complexo automotivo em Betim, que passará de uma capacidade de 800 mil unidades/ano para 950 mil veículos anuais. A companhia está investindo R$ 3 bilhões na construção de uma nova unidade no Porto de Suape, em Pernambuco. A fábrica ocupará um terreno de 4,4 milhões de metros quadrados, a cerca de 13 quilômetros do Porto de Suape e terá capacidade instalada de 200 mil veículos por ano a partir de 2014. Além da fábrica, os investimentos abrangem a construção de um Centro de Pesquisa & Desenvolvimento, e um amplo programa de treinamento de recursos humanos para operar o novo empreendimento. Man A fábrica de caminhões e ônibus da MAN em Resende (RJ), que pertencia ao grupo Volkswagen, anunciou a contratação de 400 trabalhadores. A montadora se prepara para elevar a capacidade de produção de 72 mil para 82 mil veículos por ano, assim como iniciar a produção de motores no Brasil. Nesse período de transição, caminhões da marca Volks continuam sendo produzidos. Enquanto prepara mão de obra para operar a futura linha da marca MAN, a empresa também reforça o parque de fornecedores. Esta ação incide sobre o plano de investimento da montadora que apontava para um aporte de R$ 1 bilhão entre 2009 e 2011. Renault A montadora francesa anunciou que investirá € 5,7 bilhões no mundo (R$ 13,1 bilhões) até 2013 para adaptar suas fábricas à produção de veículos de alto valor agregado. 14 Embora a empresa não especifique o investimento por países, porém, fontes do grupo indicaram que a maior parte dos 60% restantes será destinada ao Brasil, Rússia e Índia. Peugeot / Citröen A partir de 2014, a PSA Peugeot Citröen migrará toda a sua produção de veículos médios na América Latina para a Argentina e centrará na fabricação de compactos no Brasil. A medida visa aumentar a eficiência das unidades e criar melhores condições de negociação com fornecedores. A PSA Peugeot Citroën deu início em fevereiro à ampliação do Centro de Produção de Porto Real, no Rio de Janeiro. Quando concluída a expansão, a fábrica terá a capacidade produtiva ampliada em cerca de 50%, saltando de 150 mil veículos/ano para 220 mil/ano. Já a produção de motores terá a capacidade ampliada de 220 mil para 280 mil unidades/ano. A empresa não informou qual o montante será investido na ampliação, apenas que fazem parte do programa de investimento no País de R$ 1,4 bilhão, anunciado pela montadora francesa em março de 2010. O restante dos recursos será destinado, principalmente, ao desenvolvimento de novos projetos de veículos das marcas Peugeot e Citroën e de novos motores. Hyundai A montadora iniciou a construção de sua fábrica em Piracicaba, em um terreno de 139 hectares dos quais 7 serão dedicados a área fabril. Com produção inicial prevista de 150 mil automóveis por ano, num projeto de US$ 600 milhões e previsão de gerar 1.500 empregos, a fábrica de Piracicaba projeta fabricar apenas um veículo: o compacto HB (esse é apenas o nome de desenvolvimento do projeto) modelo que vem disputar os clientes do Gol, Palio e Fiesta. A intenção da Hyundai é desbancar a Ford e deixá-la em 5º lugar já em 2013, um ano depois da inauguração prevista de sua unidade fabril. Os fornecedores da montadora, a maior parte deles de origem coreana, tem perspectiva de investir mais US$ 300 milhões. Haverá um total de 6.000 empregos em todo o complexo. O grupo Hyundai Caoa do Brasil, do empresário brasileiro Carlos Alberto de Oliveira Andrade, está investindo este ano R$ 600 milhões na fábrica de Anápolis (GO) para iniciar a produção, em abril, do caminhão leve HD 78 e, em 2012, do utilitário esportivo ix35. A fábrica de Anápolis, que já recebeu R$ 800 milhões em investimentos, produz o minicaminhão HR e o utilitário Tucson. São cerca de 4,5 mil unidades ao mês. Inicialmente, o caminhão HR terá 40% de índice de nacionalização, percentual que deve chegar a 60% no 15 próximo ano. O motor é feito em Juiz de Fora (MG) pela FPT, empresa do grupo Fiat que também fornece esse tipo de equipamento para a Iveco. Por R$ 95 mil, vai disputar mercado principalmente com veículos da MAN/Volkswagen, Ford e Mercedes-Benz. Chery A Chery Automobile Ltda. será a primeira montadora chinesa a construir uma fábrica no Brasil. O investimento previsto para a construção da planta é de US$ 400 milhões, que terá um milhão de metros quadrados e estará localizada em Jacareí, no interior de São Paulo. A unidade está prevista para entrar em operação a partir da metade de 2013, produzindo dois modelos, o S18 e o A13, que serão carros flex. Suzuki A Suzuki Veículos do Brasil anunciou que construirá sua fábrica em Itumbiara (GO), a ser inaugurada no final do próximo ano. A nova unidade terá capacidade instalada para a produção de 7.000 veículos por ano do modelo Jimny, com investimento inicial de R$ 100 milhões. O terreno - recentemente adquirido pela prefeitura de Itumbiara - tem área de 25 alqueires e se localiza as margens da BR-153. No local, a Suzuki deve montar a sua primeira fábrica fora do Japão. Lá, a princípio, serão montadas 3 mil unidades/ano do Jimny, jipe compacto, com tração 4x4 e motor 1.3 de 16 válvulas. A previsão é que a fábrica comece a operar em 18 ou 24 meses, devendo gerar cerca de 800 empregos diretos e quase 3.000 indiretos. Mitsubishi A Mitsubishi vai investir R$ 1 bilhão nos próximos cinco anos para a ampliação da fábrica de Catalão (GO). O Objetivo é nacionalizar modelos hoje importados e iniciar a produção de sedã médio, segmento praticamente inexplorado pela montadora. Com a ampliação, a Mitsubishi pretende aumentar a capacidade de produção de 180 para 300 carros por dia, atingindo 100 mil ao ano, mais que o dobro da capacidade atual. A empresa também planeja a construção de uma fábrica de motores até 2014. Os novos projetos devem acrescentar mais de 1.000 novos empregos ao quadro atual de 3.300 colaboradores. A montadora também pretende iniciar a produção local de um sedã. O primeiro nome que surge é o do Lancer, atualmente importado somente na versão esportiva Evolution X. Entretanto, o mais provável é que seja um novo produto da marca. Com os novos produtos, a Mitsubishi almeja aumentar para 2% sua participação no mercado 16 brasileiro em quatro anos. Em 2010, a marca conquistou 1,3% das vendas totais de automóveis e comerciais leves. 17 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS O mercado automotivo brasileiro vive um momento de aquecimento de tal ordem que, mesmo com as medidas de controle da inflação adotadas pelo governo federal e que impactam diretamente o setor automotivo, não se deve ver grandes alterações no que se refere às vendas. Tudo indica que o setor deve alcançar novos recordes em 2011, mesmo que em percentuais mais modestos que os de 2010. No mais, ao se verificar os ciclos de investimentos citados neste estudo, observa-se que grande parte dos aportes são voltados para elevar a capacidade de produção das empresas e no desenvolvimento de novos produtos, o que indica uma preocupação da indústria automotiva local com o atendimento do mercado interno e com a entrada dos importados. Hoje, as cerca de 40 marcas presentes no país brigam num mercado mais maduro e concorrido, onde ganhar participação tornou-se tarefa mais complexa que em outras épocas da história do setor no Brasil. Neste novo momento, as montadoras da Coréia do Sul e da China estão impondo um novo padrão competitivo no país, cada qual com foco diferente. As coreanas movimentam o mercado de veículos acima de R$ 60 mil, ao passo que as chinesas apostam na faixa dos R$ 30 mil a R$ 60 mil. Se 2010 foi o ano das coreanas, este é o das montadoras da China. As três maiores presentes no país, a Chery, a JAC e a Hafei, têm participação ainda pouco relevante nas vendas, somente 1,49%. Mas o estardalhaço midiático com que a JAC estreou no país no mês passado mostra que as chinesas não vieram para se contentar com pouco. Com um investimento total de R$ 380 milhões para seu lançamento, dos quais R$ 140 milhões direcionados à publicidade, a JAC ultrapassou, em poucas semanas, com seu modelo J3, concorrentes de peso como Palio, Gol e Fiesta em número de emplacamentos em São Paulo. Apesar de a participação ainda pequena no mercado nacional, existe o temor de que, no médio prazo, a China vire uma importante plataforma de produção e exportação, não só de suas próprias montadoras, mas também das estrangeiras que já estão lá. O principal desafio da indústria automobilística brasileira neste momento é garantir a competitividade do veículo produzido no país. É possível afirmar que estamos no limiar de uma nova fase das indústrias de veículos no Brasil, com cada vez mais competitividade e multiplicidade de modelos e marcas. 18 DIREÇÃO SINDICAL Sérgio Aparecido Nobre (Presidente) Rafael Marques da Silva Junior (Vice-Presidente) Wagner Firmino de Santana (Secretário Geral) Teonílio Monteiro da Costa (Secretário Administrativo e Financeiro) Carlos Alberto Gonçalves (Diretor Executivo) Francisco Duarte de Lima (Diretor Executivo) José David Lima Carvalho (Diretor Executivo - Coordenação) Moisés Selerges Junior (Diretor Executivo - Coordenação) José Paulo da Silva Nogueira (Secretário de Organização) José Mourão da Silva (Diretor Conselho da Executiva) Juarez Barros da Silva (Diretor Conselho da Executiva) Daniel Bispo Calazans (Diretor Conselho da Executiva) José Carlos de Souza (Diretor Conselho da Executiva) Mauro Soares (Diretor Conselho da Executiva) Andréa Ferreira de Sousa (Diretora Conselho da Executiva) Claudionor Vieira do Nascimento (Diretor Conselho da Executiva) José Inácio de Araújo (Diretor Conselho da Executiva) Nelsi Rodrigues da Silva (Diretor Conselho da Executiva) Marcelo Donizete Bernardo (Diretor Conselho da Executiva) Ronaldo Souza (Diretor Conselho da Executiva) Paulo Aparecido Silva Cayres (Diretor Conselho Fiscal) Cícera Michelle da Silva (Diretora Conselho Fiscal) Walter de Souza Filho (Diretor Conselho Fiscal) Raimundo Domingos Silva (Diretor Conselho Fiscal) Ana Nice Martins de Carvalho (Diretora Conselho Fiscal) Amarildo Sesário de Araújo (Diretor Conselho Fiscal) 19