Educação e os malefícios trazidos pelo computador Carlos Eduardo T. de Oliveira, Ozir Fernandes, Youssef Shimon Wenger, Valdemir Fernandes, Orlei Pombeiro Grupo de Pesquisas em Informática, Desenvolvimento Web, Sociedade Paranaense de Ensino e Informática - Faculdades SPEI Fone(0XX41)3321-3131, Fax (0XX41)3321-3142 [email protected] , [email protected], [email protected], [email protected] Resumo – A grande evolução trazida pela introdução do computador e também pela criação da Internet na educação das pessoas e no modo como os alunos pesquisam e utilizam computador e Internet como complemento ou recurso para auxiliar no seu aprendizado e pesquisas, assim como as facilidades e “armadilhas” oriundas da presença da tecnologia dentro de nossas vidas, além de outras questões como o impacto causado na escrita, são assuntos abordados dentro deste artigo, de maneira a tentar expor principalmente os malefícios trazidos junto destas maravilhas do tempo moderno. O modo com que computadores e a Internet estão presentes hoje na educação, de uma forma geral, pode ser visto por muitos como uma evolução natural do homem, mas é preciso tomar cuidado, e principalmente, ensinar as pessoas e em especial as crianças e jovens, a utilizar estes recursos de tal forma que venham a contribuir e acrescentar algo, e não como pode-se observar hoje, em que na maioria dos casos, alunos simplesmente copiam trabalhos ou pedaços de pesquisas que são feitas sem nenhum critério nos mais diversos buscadores existentes, sem sequer checar a veracidade e confiabilidade das fontes, além dos inúmeros sites e serviços disponíveis com trabalhos prontos, que vão desde simples trabalhos de ginásio até monografias de graduação. O impacto desta entrada avassaladora destes recursos na vida das pessoas pode ser notada até mesmo na escrita, desde erros como a abreviação indevida de palavras até a letra cursiva em si. Indagamos sobre como será o futuro diante de tudo isso, e apresentamos algumas pesquisas encontradas dentro do assunto. Palavras-chave: malefícios do computador, educação e computador, pesquisa na Internet, malefícios da Internet, estudante moderno, trabalhos prontos, malefícios da pesquisa na Internet, educação e Internet. Introdução O Estudante Moderno Solução ou problema? Afinal de contas o computador veio auxiliar na educação das pessoas, ou trouxe mais problemas para a execução desta tarefa cada dia mais árdua e intrigante de educar. Alguns autores afirmam que o computador e especialmente a Internet serão responsáveis por uma revolução na educação e no sistema de ensino dentro de alguns anos. E alguém dúvida disto? Computadores e Internet são realidades no ensino, na vida pessoal e na vida profissional de milhões de pessoas pelo mundo, mas e como fomos ou estamos sendo afetados por toda esta transformação que veio de forma tão rápida e devastadora, alterando conceitos, formas de pesquisa, métodos de ensino e até mesmo nosso vocabulário e escrita. As novas tecnologias são sempre úteis e bemvindas nos mais diversos setores e para os mais variados fins, a utilização da tecnologia como suporte à educação e que esta poderá acrescentar muito na evolução de pesquisas e até mesmo atingir cada vez mais pessoas também é inegável, mas e os males que o computador e a Internet trouxeram para a educação de seus filhos e para sua própria educação? É sobre isto que este artigo estará discutindo. Estudo de Caso Primeiramente foi a simples troca das máquinas de escrever pelo computador, o poder de salvar um trabalho, ou de corrigir erros antes de imprimir estava agora em nossas mãos. Na década de 90 popularizou-se o desktop juntamente com os sistemas operacionais voltados para o usuário comum (ou usuário final), com todas as suas facilidades de uso, e finalmente surgiu então a Internet e seus infinitos recursos e sua incrível rede de comunicação.Com tudo isto em um período tão curto de tempo e com uma adesão tão grande, não há como negar: o perfil do estudante moderno não é mais o mesmo. O estudante de hoje tem uma fonte de pesquisa que seus educadores, em sua maioria, não tinham. Segundo estimativas da Universidade de Berkeley, EUA, em 2003 existiam mais de 500 bilhões de documentos na Internet [1]. Agora somem a esta infinidade de informações, buscadores com algoritmos capazes de através da digitação de uma palavra-chave trazer centenas, milhares de documentos em segundos, ou ainda em décimos de segundos, basta um simples clique e pronto, a informação esta na sua frente. Na rede mundial de computadores não se encontra apenas uma enciclopédia, mas várias delas e muito mais do que isto, em diversas línguas e a qualquer momento. Páginas dedicadas a assuntos específicos, sites com grande variedade de informações, conteúdos educativos, informativos, pesquisas e muita coisa ruim também. Mas a questão é: e você como faz sua pesquisa? E os alunos da atualidade como buscam a informação? Em um rápido levantamento realizado entre estudantes da faculdade Spei e famílias da classe média, observou-se que a Internet é a principal fonte de pesquisa para praticamente todas as pessoas entrevistadas e que o nosso fiel amigo “Tio Google” é a “biblioteca” mais visitada na hora de realizar uma pesquisa, seja ela qual for.É uma espécie de Delivery de Informação, rápido e fácil. Mas isto é bom? A era da informação gerou em nossa sociedade uma ansiedade pela informação, porém, para obter esta informação é necessário coletar dados.O que acontece hoje, muitas vezes, é que a pesquisa do “tio Google” é supervalorizada, e ao invés do estudante ler todo o material, analisar a fonte e então tirar suas próprias conclusões, seu texto é formado pela simples transcrição dos dados coletados na pesquisa, às vezes, formando um agrupamento de parágrafos sem ligação, o famoso trabalho copy e paste[2]. O fato é que isto sempre existiu, mesmo sem a Internet, trabalhos já eram feitos desta forma, mas não há dúvida que com a facilidade que a rede mundial de computadores nos trouxe este vicio multiplicou-se consideravelmente. Sem contar com os trabalhos prontos, isto mesmo, prontinhos, como em uma loja com prateleiras cheias de trabalhos, e o melhor não se cobra nada pelo trabalho, é só acessar, escolher o tema e imprimir. Para finalizar este assunto fica a pergunta: e depois de finalizado o trabalho? Após os estudantes copiarem, colarem e imprimirem sua pesquisa, será que a informação coletada é verídica mesmo? A fonte, o site são com certeza confiáveis? Será que essa tal de Internet nos trouxe tantas soluções mesmo... Ou seriam problemas? Os gráficos abaixo demonstram o resultado de uma pesquisa feita junto a pais sobre a influência da Internet na educação de seus filhos [3]: Melhor Influência para as crianças 30% Internet Televisão 70% Fonte: AOL/Roper ASW Qualidade da lição de casa dos filhos 23% Melhorou Piorou 77% Fonte: AOL/Roper ASW Trabalhos Prontos Há cerca de doze anos atrás, praticamente todos os trabalhos escolares eram executados dentro de bibliotecas, feitos a mão, com livros e enciclopédias gigantes, pois o uso da internet para esse fim era muito restrito. Com o avanço da tecnologia, essa restrição acabou, e a internet virou meio de vida. Atualmente a única coisa que se pesquisa é o campo destinado ao tema, e para tanto existem inúmeros sites que facilitam ainda mais as cópias, ou seja, trabalhos escolares prontos, que podem servir desde o ensino fundamental até para monografias de graduação. E o pior, vários alunos não se dão ao menos o trabalho de ler o que esta diante dos olhos para certificar se é o tema proposto. Uma vez que a praticidade pode, muitas vezes, ser tentadora, levando o aluno a acomodar-se diante de um tema proposto para pesquisa. Ao invés do esforço inerente ao aprendizado, a rapidez e a facilidade da cola on-line. As pessoas cada vez mais se tornam escravos dessa preguiça que assola os estudantes, futuros formadores de opinião em nosso país. Até onde essa facilidade contribuirá para uma sociedade sem perspectiva de vida, onde uma simples copia de conteúdo seja chamado de trabalho? Uma sociedade sem ação? Sem cultura, Talvez. O que se sabe é que cada vez mais, a leitura e a escrita são deixadas de lado enquanto os sistemas de busca eletrônica de conteúdo para o trabalho que não interessa a pesquisa, mas sim a copia aumentam. Uma Pesquisa na Carolina do Norte, nos EUA, mostra que 97% dos estudantes já colaram e, destes, 15% copiaram trabalhos da internet. [15] Além de cópia, a compra de trabalhos também tem um lugar de destaque Waldo Luís Viana [16], que se intitula o mais caro do Brasil, cobra R$ 1.000 por uma monografia de 50 páginas e R$ 2 mil por uma dissertação de mestrado. “Não sou vigarista. Recebo para escrever. O que o aluno vai fazer com minha obra é problema dele”, diz Viana. A professora e antropóloga Eunice Durham [17] diz que os trabalhos são fundamentais para a formação dos estudantes. “Eles são importantes para que o aluno exercite seu conhecimento”, afirma. “Quem apresenta trabalho comprado é falsificador, não tem outra qualificação.” Para o criminalista Paulo Ramalho, [18], porém, a prática não configura nenhum crime: “A proteção é ao direito do autor. A partir do momento em que este autoriza a cópia, não há crime”, diz Ramalho, que admite ter escrito discursos para amigos na universidade. Digitando as palavras-chave “trabalhos prontos” no Google são encontrados cerca de 1.160.000 registros para este assunto, isto em apenas cinco centésimos, esta incrível quantidade de informação em um tempo desprezível pode ser utilizada como uma fonte de pesquisa quase que inesgotável ou pode-se também, simplesmente salvar o trabalho pronto em seu computador, alterar o nome e entregar para o professor, a escolha é sua. Prejuízos causados pelo computador na escrita Quando trata-se da escrita, sabemos que principalmente crianças e adolescentes serão os prejudicados pelo uso excessivo do computador, as palavras são comprimidas em poucas letras e existe o uso excessivo da gíria sem nenhum controle. Os emails, por exemplo, pode-se notar a deturpação da linguagem, não existe mais aquela linguagem usada na correspondência escrita tradicional, colocando o local onde o remetente está escrevendo, saudar a pessoa e despedir-se dela, isso seria uma maneira de tratar o receptor com respeito. Mas como podemos falar de respeito quando se trata de pessoas virtuais ? Em emails não há a manifestação pessoal da escrita cursiva, que é totalmente individual [4]. Aquele movimento harmônico das mãos e dedos foi substituído por movimentos mecânicos de apertar teclas.[4] A maneira como apertamos a tecla do teclado não vai fazer diferença nos resultados obtidos, sempre será o mesmo, quando as pessoas estão digitando na frente do computador, principalmente em salas de bate-papo ou e-mails, o costume é tanto que automaticamente as palavras são abreviadas, esse “costume” de certa forma acaba levando a pessoa a escrever errado quando vai redigir um documento ou algum outro texto. E não podemos nos esquecer da caligrafia, como é possível treinar a escrita quando se utiliza o teclado do computador para escrever? Infelizmente é difícil achar alguém com uma caligrafia bonita, devido ao uso excessivo da máquina, as pessoas não possuem o hábito de escrever textos, presencia-se hoje muitas redações de vestibulares que simplesmente os professores não conseguem executar a correção devido a estas redações estarem “ilegíveis”, isso nos mostra o mal que o computador está causando na escrita. Existe escola que introduz o computador muito cedo. O que essa criança vai fazer com o computador? Fazer trabalhos escolares é um absurdo. Ela tem de fazer os trabalhos à mão para caprichar, aprender a desenvolver letra bonita, desenvolver a escrita fluente que é uma das coisas mais importantes que a escola tem que desenvolver. Como fazer isso se a criança ou jovem podem usar um editor de texto, que permite toda indisciplina? Não é preciso nem pensar mais na ortografia correta, pois o corretor ortográfico do computador sugere as alternativas corretas. Talvez em um futuro o computador passe a ser um material escolar, destes pedidos em uma lista todo começo de ano letivo, mas enquanto isso não ocorre, devemos educar nossas crianças, pais, professores e todos os envolvidos na educação e nos preocupar porque não, com a escrita delas, pois ainda hoje é uma das melhores formas de comunicação entre os seres humanos. Discussão e Conclusões A informática surgiu para resolver problemas que antes não existiam. Tal afirmativa pode ser considerada verdadeira ou falsa? Como todas as premissas, é necessário analisar os “dois lados da moeda” para só então chegar-se a uma conclusão. O ser humano é um ser social em constante transformação. Cria instrumentos para facilitar sua vida diária e, conseqüentemente, acaba criando necessidades, muitas vezes tornando-se escravo de suas próprias invenções. Não se consegue mais imaginar a vida sem celular, e-mail, Ctrl+C, Ctrl+V! Mas até que ponto a tecnologia está a nosso serviço? Será que não estamos sendo escravos dessas facilidades? O homem não é mais o mesmo depois do computador. A introdução dessa máquina no cotidiano trouxe benefícios e malefícios. È inegável que o acesso à informação ficou mais “democratizado”, mas o problema é: o que fazer com tanta informação? Tem-se as ferramentas, mas não se sabe construir nada. E se acaba a luz? Acabam-se as idéias também? Pode-se fazer aqui uma analogia à escola Iluminista e redescobrir que o verdadeiro conhecimento ainda estpa na máquina mais poderosa que existe: o cérebro! Referências [1] Yahoo;MANUAL DE BUSCA NA INTERNET, Acedido em 25 de Maio de 2006, em: http://br.buscaeducacao.yahoo.com/mt/manual [2] Éric Eroi Messa; EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA, revista Ensino Superior, Ano 2005, pp. 18-19 [3] Redação Terra, EDUCAÇÃO NA INTERNET, Acedido em 25 de Maio de 2006, em: http://tecnologia.terra.com.br/internet10anos/intern a/0,,OI542326-EI5026,00.html [4] Fonte – Revista Época , Edição 205 22/04/2002, Editora globo, Acedido em 25 de Maio de 2006, em: http://epoca.globo.com/edic/205/socia.htm [5] Waldo Luís Viana, escritor. Depoimento publicado pelo site da Revista Época -Edição 205 22/04/2002, Editora globo, Acedido em 25 de Maio de 2006, em: http://epoca.globo.com/edic/205/socia.htm [6]- Eunice Durham - integrou o Conselho Nacional de Educação do Ensino Superior do MEC – opinião publicada pelo site da Revista Época - Edição 205 22/04/2002, Editora globo., Acedido em 25 de Maio de 2006, em: http://epoca.globo.com/edic/205/socia.htm [7] - Paulo Ramalho, criminalista. Opinião publicada pelo site da Revista Época -Edição 205 22/04/2002, Editora globo, Acedido em 25 de Maio de 2006, em: http://epoca.globo.com/edic/205/socia.htm [8] Valdemar W.Setzer; MISÉRIAS DEVIDAS AO USO DO COMPUTADOR NA EDUCAÇÃO – NO LAR E NA ESCOLA; Escrito em 1/5/05; publicado na revista discutindo Ciência, Ano 1, No. 2, pp. 59-61, na seção "Debate: O computador na educação: ajuda ou atrapalha?" com o título "As misérias que pode causar";