Educação e tecnologia: alternativas de aplicativos facilitadores à expressão oral para portadores de necessidades especiais Ana Liz Souto Oliveira de Araújo1 (UFPB) Jailma Souto Oliveira da Silva2 (UEPB) Resumo: Este trabalho propõe-se a uma revisão sistemática apresentando aplicativos existentes que podem ser utilizados como instrumentos que propiciem autonomia na comunicação e na mobilidade de pessoas com dificuldade de expressão oral. Com base nesses dados, realizamos uma discussão a respeito do uso desses aplicativos no contexto educacional, identificando a necessidade de maior capacitação do professor a fim de favorecer, via tecnologia, recursos facilitadores para a comunicação oral desses alunos. Espera-se que capacitando o Educador no manejo dos softwares, esse instrumento possa ser melhor utilizado quando associado às necessidades singulares desses alunos dentro de seu contexto especifico. Palavras-chave: comunicação oral, tecnologia assistiva, subjetividade. Abstract: This study aims to present a systematic review of applications that can be used as tools as facilitate in communication and mobility of people with difficulty speaking. Based on these data, we conducted a discussion on the use of these applications in educational context, identifying the need for teacher training in order to promote, via technology, facilitators for oral communication of these students. That empowering the educator in the management of the software is expected that this instrument can be best used when coupled to the unique needs of these students within their specific context. Palavras-chave: oral communication, assistive technology, subjectivity. 1 Prof. Ms. Ana Liz Souto Oliveira de ARAÚJO. Universidade Federal da Paraíba (UFPB) Departamento de Ciências Exatas [email protected] 2 Prof. Dra. Jailma Souto Oliveira da SILVA. Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) Departamento de Psicologia [email protected] Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação -1- Introdução As pessoas portadoras de necessidades especiais para comunicarem-se através da palavra falada enfrentam dificuldades em interagirem nos contextos educacionais e sociais. Sabemos que a comunicação não se restringe apenas a pronúncia do verbete oral. Apesar disso, a fluência do discurso é de suma importância em função da fala ser intrínseca ao ser humano, que comunicar-se fora da oralidade, coloca esses sujeitos a margem da "normalidade" esperada. O desejo de expressar-se move esses sujeitos a criarem alternativas de comunicação. Os sons, gestos, feições e mímicas são formas primitivas que permite a comunicação entre seus pares. Outra alternativa possível é a comunicação através de libras, a lingua brasileira de sinais. Atualmente, a tecnologia oferece recursos utilizáveis como elementos facilitadores permitindo a esses sujeitos fazer laço social, criando outra alternativa de interação. Os Sistemas Alternativos e Ampliados de Comunicação (SAAC) são ferramentas alternativas de expressão diferente da língua oral. Os SAAC permitem estender as formas de comunicação e compensar as dificuldades de linguagem de pessoas com deficiência. Os SAAC em contexto educacional podem não apenas ser um sistema de comunicação, como pode viabilizar o ensino e a aprendizagem de conteúdos. Este trabalho apresenta uma revisão sistemática de softwares que podem ser usados para viabilizar a comunicação para pessoas com deficiência na fala oral em seu contexto escolar e doméstico. Descrevemos a metodologia empregada no trabalho, os softwares selecionados e realizamos uma discussão sobre a importância de buscar alternativas para auxiliar esses sujeitos em seu contexto sócio-educacional. Buscamos incentivar o diálogo entre vários saberes com o propósito de produzir inovações tecnologias viáveis e úteis no contexto da acessibilidade. Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação -2- Tecnologia assistiva Tecnologia Assistiva (TA) consiste no termo usado para identificar os recursos amplos e serviços tecnológicos que contribuem para proporcionar ou ampliar habilidades funcionais de pessoas com deficiência ou algum déficit. A Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH/PR) é o órgão responsável por implementar, promover e assegurar os direitos humanos, inclusive das pessoas portadoras de deficiência, no âmbito nacional. Essa Secretaria instituiu o Comitê de Ajudas Técnicas (CAT) que, dentre seus objetivos, tem a missão de apresentar propostas de políticas governamentais e parcerias entre a sociedade civil e órgãos públicos referentes à área de TA (CAT, 2009). O CAT apresenta como definição para a TA: “a área do conhecimento, de característica interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação, de pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social". (BRASIL, 2009. p.9) Nesse contexto, as TAs cercam um conjunto de domínios e saberes que se combinam no intuito de promover a inclusão social de pessoas com deficiência. Ressalta-se que a TA é uma disciplina de domínio de profissionais de várias áreas do conhecimento, que interagem para restaurar a função humana. Tecnologia Assistiva diz respeito à pesquisa, fabricação, uso de equipamentos, recursos ou estratégias utilizadas para potencializar as habilidades funcionais das pessoas com deficiência (BRASIL, 2009. p.11) No contexto no presente trabalho, temos o interesse por TA no âmbito da comunicação alternativa. A comunicação alternativa destina-se a pessoas em defasagem entre sua necessidade comunicativa e sua habilidade de falar e/ou escrever. Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação -3- Os Sistemas Alternativos e Ampliados de Comunicação (SAAC) são os conjuntos de tecnologias que possuem como objetivo compensar as dificuldades de comunicação e aumentar (ampliar) as possibilidades de interação de linguagem de pessoas com deficiência. O SAAC inclui diversas estratégias, como por exemplo, os sistemas de símbolos. Os símbolos podem ser gráficos (fotografias, desenhos, palavras ou letras), requerendo uso de produtos de apoio, ou gestuais (mímica, gestos ou sinais manuais) requerendo movimentos motores da pessoa. Os diversos tipos de sistemas devem se adaptar às necessidades de pessoas com idades e habilidades motoras, cognitivas e linguísticas diferentes. Os produtos de apoio para a comunicação incluem recursos não eletrônicos, como as pranchas e os livros de comunicação. Por outro lado, com o avanço das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), tem-se hoje outros recursos tecnológicos, como os comunicadores de fala artificial, computadores, tablets e celulares que possuem softwares específicos. Metodologia Iniciamos o trabalho realizando uma pesquisa bibliográfica sobre as tecnologias assistivas e sistemas alternativos e ampliados de comunicação. Após essa etapa, levantamos a questão: quais softwares podem ser usados atualmente para promover comunicação alternativa para sujeitos que apresentam dificuldades em falar por expressão oral? Para responder essa questão, realizamos uma revisão sistemática da literatura [Kitchenham, 2004]. O método de revisão sistemática na literatura baseado em [Kitchenham, 2004] tem por objetivo geral identificar, avaliar e responder questões de pesquisa relacionadas a um tema específico, no caso do presente trabalho, softwares para comunicação alternativa. Para aplicar esse método, constrói-se o protocolo de Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação -4- pesquisa. Tal protocolo contém um conjunto de diretrizes que irão nortear a execução da pesquisa. Inicia-se esse protocolo com a determinação da questão de pesquisa, no presente trabalho já definida: “quais softwares podem der usados atualmente para promover comunicação alternativa para sujeitos com dificuldades em falar por expressão oral?“. Partindo dessa questão, é realizada a seleção de softwares a partir de critérios de inclusão e exclusão pré-definidos. Definimos como critério de inclusão softwares que podem ser executados nas plataformais atuais de Windows (Vista, 7 e 8), Android e iOS. Excluímos os softwares de outras plataformas e sistemas operacionais, como também os que estão sem atualização por mais de 3 anos. Em seguinda, elabora-se a síntese dos resultados. No presente trabalho, realizamos uma classificação baseada nas características de comunicação dos softwares. Por último, realizamos a avaliação e discutimos os resultados no contexto socioeconômico e cultural. Softwares assistivos para comunicação Neste trabalho, temos interesse particular pelos softwares disponíveis que promovem comunicação alternativa e ampliada. Dessa forma, aplicando a metodologia definida, são apresentados aqui sete softwares e suas principais características. Esses softwares para comunicação alternativa e ampliada encontrados na pesquisa, foram aqui classificados em duas categorias, de acordo com a orientação do (EUROPEAN COMMISSION – DGXIII, 1998). As categorias são: (a) pranchas de comunicação dinâmicas e alta tecnologia e (b) saída de voz gravada e sintetizada. Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação -5- Pranchas de comunicação dinâmicas e alta tecnologia As pranchas de comunicação podem ser construídas com símbolos, letras, sílabas, palavras, frases ou números. A escolha da prancha deve considerar o objetivo para qual será utilizada, a idade, e as possibilidades cognitivas, visuais e motoras de seu usuário. Como os computadores, tablets e celulares se tornaram economicamente acessíveis, tais pranchas de comunicação foram transformados em softwares com várias possibilidades e recursos de uso. A seguir, listamos cinco softwares que são pranchas digitais de comunicação. Livox® O Livox® fornece uma alternativa para comunicação de pessoas que tem dificuldades na fala. O Livox® fornece conversão de texto em voz com sons naturais, símbolos, personalização de figuras e facilidade de uso. Ele está disponível para instalação em tablets Android. Ele possue seções de categorias, permitindo, por exemplo, expressar sentimentos, indicar aquilo que deseja se alimentar, a atividade física que deseja realizar, o programa de televisão que deseja assistir. Sua capacidade de personificação diz respeito a possibilidade de incluir novas imagens, de acordo com os gostos, contexto e necessidades do usuário. A figura 1 apresenta uma das telas do Livox®. Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação -6- Figura 1: Tela do software Livox® Fonte: http://www.agoraeuconsigo.org/livox/ Que-fala! Que Fala! é um aplicativo para tablets e smartphones Android que possibilita a comunicação de pessoas com deficiência, através de uma prancha digital. Atualmente é encontrado relatos de seu uso em tratamento de pacientes com dificuldades na fala em hospitais ou clínicas especializadas. A figura 2 apresenta uma das telas do Que-fala! Figura 2: Tela do software Que-fala! Fonte: https://play.google.com/store/apps/details?id=br.com.metodos.quefala Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação -7- SymbolWord O software SymbolWord utiliza o alfabeto de símbolos Widgit. A alfabetização Widgit pode ser compreendida como um conjunto de símbolos prédefinidos, chamado de alfabeto Widgit, que relaciona símbolos com as palavras. Por estar disponível em inglês, ele pode ser usado para ensinar a língua inglesa para pessoas que já tenham domínio dos símbolos Widgit. A figura 3 mostra a tela inicial do software. Figura 3: Tela inicial do software SymbolWord. Fonte: http://www.symbolworld.org Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação -8- Escrevendo com Símbolos O software Escrevendo com Símbolos é uma versão em português de um processador integrado de textos e de símbolos Widgit. Ele possui diversas funcionalidades indicado para crianças e adultos com dificuldades na expressão textual e/ou oral. Ele também contribui para a autonomia de quem a utiliza por facilitar a aquisição de competências básicas de leitura e escrita. O software possui materiais de aprendizagem de leitura e de escrita, permitindo também a inserção de novas atividades de aprendizagem. O programa também permite criar pranchetas de comunicação personalizadas. A figura 4 mostra um exemplo de formação de frase com o alfabeto Widgit. Figura 4: Exemplo de comunicação do software Escrita com símbolos. Fonte: http://www.imagina.pt/produtos/software/escrita-com-simbolos/ Vox4all O software Vox4all é outro exemplo de software que promove alfabetização Widgit. Ele está disponível para as plataformas Android e iOS. O Vox4all permite criar, alterar e personalizar todas as pranchas de comunicação. Além disso, está disponível em 4 Idiomas disponíveis: Português (PT), Português (BR), Inglês (EN) e Espanhol (ES) e possui um sintetizador de voz (TTS) incorporado, permitindo Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação -9- também a gravação de voz. Além disso, possui um menu de respostas rápidas “Sim/Não”. A figura 5 mostra uma tela de propaganda do software. Figura 5: Software Vox4All. Fonte: http://www.imagina.pt/produtos/educacao-especial/auxiliares-de-comunicacao/vox4all/ Saída de voz gravada e sintetizada Síntese de voz consiste no processo de produção artificial da voz humana e softwares desenvolvidos para tal finalizada são denominados de sintetizadores de voz. Softwares com essa característica são conhecidos como sistemas texto-voz (Text To Speech - TTS). Muitos desses softwares utilizam bibliotecas de vozes padronizadas e possibilitam a inclusão de novas vozes. A seguir, apresentamos os softwares Balabolka e Voice Dream Reader. Balabolka Balabolka é um programa que permite que o texto digitado seja lido pelo sintetizador de voz. Ele utiliza várias versões da ferramenta de fala da Microsoft: a Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação - 10 - Microsoft Speech API (SAPI). Essa característica permite alterações nos parâmetros de uma voz, incluindo a velocidade e a tonalidade. O aplicativo permite importar arquivos de textos de diversos formatos e exportar para arquivos de áudio. A figura 6 mostra a tela inicial do Balabolka. Figura 6: Tela do software Balabolka Fonte: http://www.cross-plus-a.com/br/balabolka.htm Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação - 11 - Voice Dream Reader O Voice Dream Reader é apontado como um dos melhores leitores de texto para voz (TTS) da atualidade. O texto pode ser digitado na tela ou ser importado de algum arquivo em formato PFD, ebook ou texto. Ele pode ler texto em até 20 idiomas diferentes e possui versão para iOS. Entre as características do Voice Dream Reader está poder compartilhar o texto escrito nas redes sociais. Ele permite também pausar e continuar a leitura. Além disso, possui um sincronizador que mostra na tela a palavra que está sendo lida. Na figura 7 está a tela do Voice Dream Reader para iPAD e de amarelo está marcado a palavra que está sendo reproduzida. Figura 7: Tela do software Voice Dream Reader Fonte: http://www.voicedream.com Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação - 12 - Discussão A comunicação pela via da oralidade está desde a origem humana como ponto de partida facilitador de sua inserção ao mundo simbólico e já previamente instituído. A entrada de um bebê no mundo e sua ascensão ao campo subjetivo que lhe estrutura psiquicamente como sujeito é marcado pelo campo da linguagem, o qual é submetido ao contexto sócio-econômico e cultural. Quando ocorre alguma intercorrência orgânica que interfere no aparelho fonador da criança e dificulta esse processo de aquisição ao campo da linguagem, pela via da oralidade, em alguma medida compromete também a aquisição a aprendizagem e às relações interpessoais. Em busca de mediar às dificuldades decorrentes das limitações, se faz necessário recorrer a meios alternativos como modo de sanar ou balizar as dificuldades surgidas. É fato que a primeira infância tem a família como grupo de predomínio de vivência da criança. Nesse convívio são construídas estratégias paliativas de comunicação que favorecem a mediação entre compreender e se fazer compreendido. Essas mediações nem sempre encontram o mesmo êxito quando a criança entra no contexto escolar. E é nesse momento que as dificuldades ganham maior corpo, necessitando de intermediação profissional. No âmbito escolar as singularidades de cada criança podem ficar diluídas no rótulo de “portadoras de necessidades especiais” e nem sempre há o atendimento específico para a necessidade singular de cada criança. Os entraves provocados pelas impossibilidades subjetivas podem culminar em dificuldades de aprendizagem e colocar a criança aquém do desenvolvimento cognitivo e emocional esperado em sua faixa etária. Silveira et al (2006) chamam atenção para o trabalho árduo, porém necessário, de inclusão na educação de estudantes com deficiências múltiplas, que culminam em dificuldades de aprendizagem. Defendem que é preciso incluir novos Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação - 13 - conhecimentos na formação dos professores de ensino fundamental, afim de que, estes se apropriem de ferramentas específicas para identificar a dificuldade de aprendizagem, assim, como os cuidados a serem tomados em relação a estes que demandam maior atenção por parte dos professores. Vale salientar que problemas, mesmo quando orgânicos, são passíveis de tratamento. Porém, grande parte das dificuldades de aprendizagem e engajamento no grupo social estão vinculadas a causas relacionadas à subjetividade do sujeito que são “coladas” na deficiência orgânica. Uma atitude “contemplativa“ ou mesmo de simples constatações de que o aluno chega à escola impregnado pelas desordens com as quais convive no ambiente familiar, seja carregado de angústia, ansiedade, medo ou agressividade, não possibilita qualquer alteração no estado detectado. “É preciso levar em conta a natureza da experiência escolar e suas relações com os temores com os quais a criança pode ter chegado à escola” (FERNÁNDEZ, 1991, p.88). A qualidade destas experiências é que vão determinar o aumento desses temores ou ao contrário colaborarem para uma elaboração e superação desse entrave. Segundo (PATTO, 1999), mesmo no caso de identificação de uma psicodinâmica familiar dificultadora do bom rendimento escolar, não se pode entender o comportamento escolar de uma criança sem levar em conta a maneira como a escola se relaciona com sua subjetividade (PATTO, 1999, p.356) Em outras palavras, a escola não pode se eximir de sua parcela nessas situações e precisa entender que a criança representa a parte mais fragilizada dessa relação. Abordar a problemática da criança com qualquer marca no corpo biológico que dificulta sua comunicação requer a elaboração de um quadro diagnóstico que leve em conta a singularidade de sua história de vida, conhecendo e atuando a partir das medidas “paliativas“ já constituídas e desenvolvidas por seu grupo Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação - 14 - familiar. Um primeiro passo é retirar da criança o rótulo de deficiente e buscar valorizar e provocar suas potencialidades, para além da marca orgânica. Nesse sentido, é importante fazer parcerias e buscar suporte na equipe multidisciplinar, que junto ao professor e a familia da criança, proponha estratégias que favoreçam a essa e aos envolvidos em sua formação, construirem novos modos de transmissão do saber instituido. As tecnologias da informação e comunicação (TICs) têm-se se inserido no ambiente escolar com muita eficácia. A principal questão é utilizar tais ferramentas de forma singularizada, dentro do perfil da demanda de cada escolar. É preciso então “sensibilizar“ o professor para que este conheça seu aluno inserido em sua dinâmica familiar e essa dinâmica ser compreendida como parte de contexto sócio-econômico e cultural. Entendemos que a partir da atuação do professor com um projeto singularizado para a problemática de cada aluno é que as ferramentas tecnológicas podem atingir a excelência de sua eficácia. Considerações finais O uso de tecnologia assistiva para comunicação é uma realidade através do uso de softwares que viabilizam tal atividade. Em um primeiro momento, essas tecnologias eram usadas apenas na área de saúde, em clínicas e hospitais. Com a disseminação ao acesso de computadores, tablet e celulares, essas tecnologias tornaram-se mais próximas dos sujeitos que precisam delas. Percebe-se, então, que a TA transcende à atuação restrita da saúde e/ou reabilitação, podendo então se inserir também no campo social e educacional. Este trabalho teve como objetivo principal apresentar softwares atuais disponíveis na internet que podem ser aplicados em contextos escolares como forma de possibilitar e ampliar a comunicação oral para pessoas que apresentam dificuldades em falar por expressão oral. Incentivamos que os softwares listados Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação - 15 - aqui sejam baixados e experimentados por profissionais da área da educação, como recurso alternativo e complementar em práticas com escolares que necessitem deles. Encorajamos a colaboração entre saberes para criação e desenvolvimentos de outros softwares e tecnologias inovadoras para comunicação alternativa e ampliada. Asism, incitamos o diálogo entre programadores de software, pedagogos, fonoaudiólogos e fisioterapeutas afim de produzir projetos tecnologicamente viáveis e úteis no contexto da acessibilidade. Referências BASIL, C., y Boix, J. Sistemas aumentativos y alternativos de comunicación. En P. Durante y P. Pedro (Eds.). Terapia ocupacional en geriatría: Principios y práctica (pp. 363-370). Barcelona: Masson, 2010. BRASIL. Subsecretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência. Comitê de Ajudas Técnicas. Tecnologia Assistiva. – Brasília: CORDE, 2009. 138 p. CAT - Comitê de Ajudas Técnicas. Tecnologia Assistiva. Subsecretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Brasilia: CORDE, 2009. EUROPEAN COMMISSION – DGXIII.Empowering Users Through Assistive Technology, 1998. Disponível em: <http://www.siva.it/research/eustat/index.html>. Acesso em: 02 set 2013. FERNÁNDEZ, Alicia. A inteligência Aprisionada. 2. ed. Porto Alegre: Artes Médicas,1991. TORRES, S. Sistemas alternativos de comunicación. Manual de comunicación aumentativa y alternativa: sistemas y estrategias. Málaga: Ed. Aljibe, 2001. SILVEIRA, F.F. NEVES, M.M.B.J. Inclusão Escolar de Crianças com Deficiência Múltipla: Concepção de Pais e Professores. Universidade de Brasília. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 2006. Vol.22, n. 1, pp. 79-88. Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação - 16 - SMITH, Corinne; STRICK, Lisa. Dificuldades de Aprendizagem de A a Z. Porto Alegre: ARTMED Editora, 2001. Software Escrita com Símbolos. Disponível em: http://www.imagina.pt/produtos/software/escrita-com-simbolos/ Acesso em: nov. 2013. Software Tela do software Livox®. Disponível em: http://www.agoraeuconsigo.org/livox/. Acesso em: nov. 2013. Software Que-fala!. Disponível em: https://play.google.com/store/apps/details?id=br.com.metodos.quefala. Acesso em: nov. 2013. Software SymbolWord. Disponível em: http://www.symbolworld.org. Acesso em: set. 2013. Software Voice Dream Reader. Disponível em: http://www.voicedream.com Acesso em: set. 2013. Software Vox4All. Disponível em: http://www.imagina.pt/produtos/educacaoespecial/auxiliares-de-comunicacao/vox4all/ Acesso em: out. 2013. Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação - 17 -