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O PERFIL SOCIOECONÔMICO DOS ALUNOS DE UM
CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS A DISTÂNCIA: QUEM
SÃO OS NOVOS ALUNOS?
Renalison Farias Pereira1, Rafael da Conceição Simões2, Ito Liberato Barroso Neto3,
Helton Colares da Silva4, Eloisa Maia Vidal5, Germana Costa Paixão6
1
Curso de Ciências Biológicas a Distância/Centro de Ciências Biológicas/Universidade Estadual do Ceará,
[email protected]
2
Curso de Ciências Biológicas a Distância/Centro de Ciências Biológicas/Universidade Estadual do Ceará,
[email protected]
3
Curso de Ciências Biológicas a Distância/Centro de Ciências Biológicas/Universidade Estadual do Ceará,
[email protected]
4
Curso de Ciências Biológicas a Distância/Centro de Ciências Biológicas/Universidade Estadual do Ceará,
[email protected]
5
Curso de Física/Centro de Ciência e Tecnologia/Universidade Estadual do Ceará, [email protected]
6
Curso de Ciências Biológicas a Distância/Centro de Ciências Biológicas/Universidade Estadual do Ceará,
[email protected]
Resumo – As políticas públicas expansionistas da Educação a Distância (EaD)
buscam promover transformações socioeconômicas e educacionais nos municípios
brasileiros. O conhecimento prévio do perfil de alunos ingressantes nos cursos EaD
visa se apropriar das suas atuais especificidades, para inclusive customizar os
estudos observando seu público alvo. A presente pesquisa analisou o perfil dos
alunos ingressantes em um Curso de Ciências Biológicas a distância, buscando
compreender os motivos de escolha inicial e possível desistência do curso. Para
tanto, aplicamos questionário semiestruturado para os estudantes contendo
perguntas divididas nos seguintes eixos: dados pessoais, socioeconômicos,
escolaridade, motivos de escolha e competências individuais. As turmas são
compostas principalmente por mulheres, predominantemente com idade abaixo dos
25 anos, solteiros, com renda familiar de até dois salários mínimo, oriundos de
escola pública, e acessam a internet de sua residência. A maioria dos alunos se
intitula como possuidores de habilidades necessárias para cursar uma graduação
em EaD, tais como responsabilidade, organização, e uso do computador, porém a
indisponibilidade tempo poderá limitar a evolução de alguns alunos. Portanto, ao
conhecer o perfil dos alunos ingressantes, a equipe de tutores e professores passa a
lidar melhor com as dificuldades inerentes ao desenvolvimento da aprendizagem
desses estudantes.
Palavras-chave: Educação a distância; Perfil de alunos.
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Abstract – The expansionist policies of Distance Education (DE) seeks to promote
educational and socioeconomic transformations in Brazilian municipalities. Prior
knowledge of the recent enrolled students profile in distance education courses
aimed at appropriating their current specifics, and to customize studies observing its
target audience. This research analyzed the entering students profile in a Biology
distance course, trying to understand the reasons for their initial choice and
possible waiver to the course. Therefore, we applied semi-structured questionnaire
containing questions for the students divided into the following areas: personal,
socioeconomic, educational, reasons for choice and individual skills. Classes are
composed mainly of women, mostly aged under 25, unmarried, with a family income
of up to two minimum wages, coming from public school, and access the Internet
from their residence. Most students claimed to possess skills to attend a graduation
in distance education, such as responsibility, organization, and computer use, but
the unavailability time may limit the evolution of some students. So, to know the
profile of the freshmen, the team of tutors and teachers cope better with the
difficulties inherent in the development of learning of these students.
Keywords: Distance Education; Profile of students.
1. Introdução
A oferta de cursos de graduação na modalidade de Educação a Distância (EaD) busca
incorporar o uso das novas tecnologias e o crescente grau de interatividade que tem permitido
alterar as relações de tempo e espaço, caminhando para uma convergência entre o real e o
virtual. Isso nos leva a redefinir os limites entre o que seja educação presencial, educação a
distância e a criação de um modelo de oferta que, na literatura internacional, se denomina
blended learning que se pode traduzir como cursos híbridos (RODRIGUES, 2010).
No Brasil houve uma expansão das matrículas em graduações EaD do ano de 2005 a
2010. Em 2010, ocorreram 930.179 matrículas, das quais 46% em cursos de licenciatura
(INEP, 2012). Esse crescimento de alunos na EaD mostra a popularização e sua importância
social por atingir um crescente número de pessoas em diversos municípios. Parte desse
incremento se deve à criação por meio do Decreto Federal nº 5.800, de 08/06/2006 da
Universidade Aberta do Brasil (UAB), que se constitui em um sistema integrado de
Universidades Públicas que oferecem cursos de nível superior para camadas da população que
têm dificuldades de acesso à formação universitária (GOMES, 2013). A seleção pública para
ingresso na UAB é voltada para todos egressos do ensino médio, porém com prioridade para
professores que atuam na educação básica, dirigentes, gestores e trabalhadores em educação
básica dos Estados, Municípios e Distrito Federal (CAPES, 2013).
Na Instituição de Ensino Superior em análise, a oferta do curso de Licenciatura em
Ciências Biológicas, modalidade a distância, em parceria com a UAB visa responder,
prioritariamente, às necessidades de formação e qualificação profissional de professores de
Ciências e Biologia para atuar na educação básica. Atende-se, deste modo, às exigências das
atuais transformações científicas e tecnológicas por incluir, como uma de suas funções, a
formação de recursos humanos para esses níveis de ensino, considerando que as universidades
públicas precisam assumir o compromisso com a qualidade da educação básica.
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Atualmente o curso de Ciências Biológicas/UECE-UAB possui 185 alunos
matriculados em 6 turmas instaladas em 4 polos de apoio presencial (Aracoiaba, Beberibe,
Itapipoca e Maranguape), todos localizados no estado do Ceará, divididos em três momentos
de formação: 3 turmas ingressantes, 1 turma na metade do curso e 2 turmas concludentes.
1.1. Fundamentação Teórica
A educação a distância pode ser considerada um sistema de comunicação em massa
bidirecional, que substitui a interação presencial, em aula, de professor e aluno, como meio
preferencial de ensino, pela ação sistemática e conjunta de diversos cursos didáticos e o apoio
de uma organização tutorial (presencial e a distância), que propiciam a aprendizagem
autônoma dos estudantes (GARCIA ARETIO, 1987). Moore e Kearsley (2007) consideram
que a EaD é o aprendizado planejado que ocorre, normalmente, em um lugar diferente do
local do ensino, o que exige especificidades para a criação do curso e de métodos de
aprendizagem, comunicação por meio de várias tecnologias de informação e comunicação
(TIC), disposições organizacionais e administrativas.
No Brasil, essa modalidade de ensino vem se desenvolvendo a passos largos nas
últimas décadas. Um olhar atento sobre as experiências desenvolvidas no país mostra que até
o início da década de 1970, a EaD utilizava principalmente a correspondência e se dava
prioritariamente com uso de material impresso como guia de estudo e exercícios enviados
pelo correio (primeira geração da EaD). Ainda na mesma década, surgem as primeiras
iniciativas com uso do radio, a exemplo dos projetos Minerva, João de Barro e outros da
época do regime militar. Na sequencia, experiências com utilização de televisão e fitas de
vídeo, com interação aluno-tutor por telefone ou centros de atendimento marcam o que
poderíamos chamar de segunda geração da EaD no país. O uso de computadores em estações
de trabalho multimídia e redes de conferência fazem parte da terceira geração da EaD que
começa a ocorrer a partir da década de 1990.
Em 2000 (quarta geração), os aumentos da capacidade de processamento dos
computadores e das transmissões aceleraram a apresentação do conteúdo e interações (com
grandes avanços nas teleconferências), facilitando também o acesso a banco de dados e
bibliotecas eletrônicas. Atualmente (quinta geração), existe uma organização e reutilização de
conteúdos mais efetiva, com grande uso de aulas virtuais baseadas no computador e na
internet, equipamentos wireless e linhas de transmissão eficientes permitem o surgimento do
uso e da criação de TIC melhores e direcionadas para esta modalidade de ensino (MOORE;
KEARSLEY, 2007).
No Brasil, pode se observar um crescimento acelerado da EaD entre 1994 a 2009.
Nesse espaço de tempo foi possível compensar o ritmo lento de caminhada da modalidade na
segunda metade do século XX em relação a outros países que criaram seus sistemas de EaD.
Nestes quinze anos o Brasil conseguiu: estabelecer a base legal que orienta esta modalidade
de ensino, criou mecanismos para a certificação de instituições que trabalham com educação a
distância, analisou propostas e emitiu autorização de cursos e estimulou o desenvolvimento de
pesquisas que vieram a produzir modelos pedagógicos. A publicação da LDB de 1996 foi um
marco para a EaD no Brasil, iniciando seu processo de crescimento acelerado.
Os cursos de graduação em EaD têm como público majoritário alunos adultos que
buscam maior flexibilidade de horários “colocando a distância como uma força positiva para
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ajudar aprendizes adultos que terão a possibilidade de ter um maior controle e direcionamento
de seu aprendizado” (SOBOLL, 2010). Além disso, os alunos que residem fora de grandes
centros urbanos tem a chance serem formados em uma instituição respeitada com corpo
docente qualificado.
Estudos anteriores mostram que o perfil de alunos de graduação em EaD é
primordialmente composto por mulheres e a idade média desses alunos é maior que no ensino
presencial. Além disso, a maioria dos alunos recebe de 1 a 3 salários mínimos, o que pode
influenciar na evasão, pois, como segundo motivo mais frequente (48%), a situação financeira
é um pretexto para a evasão. Porém, a causa mais citada por alunos de graduação evadidos é a
falta de tempo (61%) e a maioria desiste do curso no início (91%), o que mostra o quão é
importante conhecer o perfil dos alunos no início do curso para auxiliar na condução das
disciplinas dentro da realidade vivida pelos alunos e criação de ferramentas para diminuir o
abandono do curso (ABRAED, 2008; INEP, 2012).
O objetivo deste trabalho consiste em identificar o perfil de alunos ingressantes de um
curso de Ciências Biológicas a distância, buscando compreender os motivos de escolha inicial
e possível desistência do curso, antevendo ações proativas, de modo a corresponder às
expectativas dos alunos, bem como municiar os gestores de informações para repensar
caminhos pedagógicos e a elaboração de estratégias que diminuam a evasão escolar, tornando
o curso mais efetivo e com maior retorno de recursos humanos capacitados para o magistério
da educação básica, além de otimizar o investimento financeiro que está sendo aportado para
essa modalidade pelo governo federal.
2. Metodologia
Trata-se de pesquisa documental, de caráter quantitativo, em que os dados obtidos
possibilitarão subsídios indispensáveis para a produção de análises sobre a realidade
universitária dos cursos a distância.
A coleta que gerou a base de dados se deu por meio de questionários preenchidos
pelos alunos recém-ingressos no curso de Licenciatura em Ciências Biológicas nos polos de
Aracoiaba, Beberibe e Maranguape, todos localizados no Estado do Ceará.
Aplicou-se aos alunos ingressantes da turma de 2012, um questionário
semiestruturado, não identificado, contendo 25 perguntas para um público total de 121 alunos,
dos quais 41 matriculados no polo de Aracoiaba, 40 no polo de Beberibe e 40 no polo de
Maranguape. O questionário subdividiu-se nos seguintes eixos e objetivos:
 Dados pessoais – Identificar o sexo, faixa etária, estado civil, local de moradia, de acesso
a Internet, e se possui filhos.
 Socioeconômicos – Quantificar os alunos que possuem remuneração própria, ter
conhecimento de suas funções profissionais e valor de renda mensal.
 Escolaridade – Conhecer a formação prévia dos alunos, tipo de instituição de ensino
médio, tempo de egresso do ensino médio, e se já teve algum experiência com a EaD.
 Motivos de escolha – Identificar os motivos que levaram a escolha pela modalidade a
distância e pelo curso de Ciências Biológicas.
 Competências individuais – Conhecer a auto-avaliação dos alunos quanto: ao uso do
computador; a organização e administração do tempo; a expressar suas ideias e linguagem
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escrita; a trabalhar em grupo e dialogar para elaborar uma ideia coletiva; a sua
reponsabilidade pelo aprendizado; a valorização de debate em sala de aula.
3. Resultados e Discussão
Do total de 121 alunos matriculados, 100 responderam o questionário, número que
corresponde a 83% da amostra. Verificou-se que 64% dos estudantes é do sexo feminino,
dado que corrobora com o Censo da Educação Superior de 2010 (INEP, 2012), onde a
participação feminina é majoritária nesse nível educacional ao longo do período de 2001 a
2010, sendo que no último ano do censo, 57% dos alunos matriculados em faculdades
públicas ou privadas era do sexo feminino assim como em licenciaturas do sistema presencial.
No polo de Aracoiaba as alunas são 55% do total, em Beberibe, 77%, e em Maranguape, 58%,
conforme figura 1.
Figura 1 – Distribuição percentual de gêneros entre os alunos matriculados e
entrevistados em cada polo.
Quanto à idade, 61% dos estudantes possui menos de 25 anos, como mostra a figura 2.
Esse resultado revela que os alunos são mais jovens do que a média para essa modalidade,
pois de acordo com o censo 2010 (INEP, 2012), os estudantes ingressantes nos cursos a
distância possuem, em média, 32 anos de idade e apenas 25% deles tem até 25 anos, a faixa
etária média na educação presencial. Assim, além de suprir necessidades de um público com
faixa etária maior, a EaD está chamando atenção de jovens que concluíram recentemente o
Ensino Médio como opção para sua Educação Superior.
Considerando que a faixa etária da maioria dos alunos está abaixo de 25 anos, os
aspectos cognitivos e socioemocional devem ser observados pelos docentes e gestores do
curso, uma vez que no modelo de EaD, as atitudes de autonomia, crítica e reflexão devem ser
internalizados pelos alunos (MORAIS; VIANA; CAMARGO, 2012). A grande maioria dos
alunos relatam que não tive vivência prévia em cursos de EaD de qualquer tipo (73%) e
dentre os estudantes que já tiveram acesso ao ensino a distância, os mesmos participaram
apenas de cursos de curta duração (48%), sendo dessa forma necessário uma desconstrução de
práticas educacionais do modelo pedagógico tradicional para que haja uma compreensão por
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parte dos alunos da proposta da EaD, que adota o modelo andragógico de aprendizagem.
Figura 2 – Distribuição da idade entre os alunos do curso de Ciências Biológicas ingressos em
2012.
No que tange a estrutura familiar e localização geográfica, 24% dos estudantes já tem
filhos e entre estes, 45% tem pelo menos 2 filhos e a maioria é solteiro (75% do total). Quanto
a localização geográfica, 55% dos estudantes reside na cidade sede do polo onde estão
matriculados, porém isso não é uma realidade para os estudantes do polo de Aracoiaba onde
apenas 36% dos estudantes reside no mesmo município do polo. A abrangência da atuação do
polo da UAB não se limita ao município-sede, mas atende as cidades circunvizinhas
localizadas num perímetro de, no máximo, 50 km de distância do polo ou mesmo na capital
do estado do Ceará. O município de Aracoiaba fica distante da capital, Fortaleza,
aproximadamente, 78 km e possui uma população inferior a 26 mil habitantes, enquanto que a
cidade de Beberibe (83 km da capital) possui uma população de 49 mil habitantes e
Maranguape (30 km da capital; município da Região Metropolitana de Fortaleza) tem 113 mil
habitantes (IBGE, 2010).
Quando observada a ocupação, 59% dos estudantes desenvolve atividades
remuneradas e dentre esses, 27% já é professor, sendo outras profissões citadas as de policial,
auxiliar administrativo ou funcionário público. Dos que desenvolvem atividades remuneradas,
67% percebe até 2 salários-mínimos (figura 3). Esse dado se coaduna com maioria dos alunos
de EaD, o que nos mostra a importância da inclusão social que os cursos possibilitam na
sociedade, proporcionando a ampliação do conhecimento e acesso ao Ensino Superior
(SILVA et al., 2012; VIANNEY, 2008; ABRAEAD, 2008).
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Figura 3 – Distribuição da renda entre os alunos do curso de Ciências Biológicas ingressos em
2012.
Somente 13% dos alunos ingressante realiza o curso de Ciências Biológicas como
segunda graduação, e estes em sua maioria atua na área de educação, pois, possuem primeira
graduação em Pedagogia, licenciatura em Matemática e Geografia (totalizando oito alunos). A
maioria dos alunos concluiu o ensino médio há menos de cinco anos (56%) sendo 77% deles
egressos do ensino médio em escolas públicas, como vemos na figura 4, justificado pela baixa
oferta de escolas particulares nos municípios-polo.
7%
15%
Publica
Privada sem bolsa
Privada com bolsa
77%
Figura 4 – Distribuição de instituição de conclusão do Ensino Médio dos alunos.
Ao serem questionados quanto ao motivo que os levaram a escolher a educação a
distância como modalidade de estudo, as respostas foram variadas: 4% relatou ter facilidade
com o uso computador, 22% citou a falta de outras opções acadêmicas na região, enquanto
34% apontou para a indisponibilidade de tempo para realizar um curso presencial. Por fim,
41% listou outros motivos pessoais.
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No tocante à forma de acesso à internet, a maioria o faz de suas residências (68%),
como mostra os dados da figura 5. Portanto, os dados corroboram o que afirma Vianney
(2008), que “as expressões de maior ocorrência para o grupo dos alunos de cursos a distância
foram: oportunidade; economia; flexibilidade (horário flexível); facilidade (de ingresso);
comodidade; e dedicação”.
Figura 5 – Locais utilizados pelos alunos para acessar a internet.
A maioria dos estudantes concordou parcialmente ou totalmente em ter facilidade de
trabalhar com computadores (79%), fato auspicioso para a uma modalidade educacional que
depende das TIC, como a internet, e que aponta para o pressuposto de que a maioria dos
alunos provavelmente não terá dificuldades no uso do Ambiente Virtual de Aprendizagem
(AVA).
No que tange a capacidade de auto-organização, 91% dos alunos concordou
parcialmente ou totalmente que domina essa habilidade e 92% compreende que tem
responsabilidade pessoal no processo de aprendizado. Soboll (2010) defende que uma das
premissas do modelo andragógico é o “auto-conceito do aprendiz”, onde os estudantes
“tendem ao auto-conceito de serem responsáveis por suas decisões, sendo responsáveis pela
sua aprendizagem e estabelecendo e delimitando o seu próprio percurso educacional”.
Indagados sobre capacidade de trabalhar em grupo, 89% dos alunos concordou
parcialmente ou totalmente em ter facilidade para trabalhar em grupo e se expressar pela
escrita (93%), sinalizando que os mesmos estão preparados para serem agentes ativos na
construção do conhecimento e interagir com o grupo, pois isso marca sua presença no AVA e,
posteriormente, influencia no processo de avaliação (KONRATH; TAROUCO; BEHAR,
2009).
Ferreira e Figueiredo (2011) desenvolveram interessante pesquisa sobre o perfil de
alunos de um Curso de Didática, em que, assim como os alunos participantes da presente
pesquisa, os estudantes também apresentaram competências necessárias para um aluno EaD,
como as descritas nos parágrafos anteriores. Além disso, os resultados revelaram que os
alunos consideram o debate em sala de aula fundamental para o aprendizado (52%) e
informaram que disponibilizariam à educação a distância o mesmo tempo necessário para
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uma graduação presencial (39%).
Atributos
1
2
3
4
5
Facilidade com o uso do computador
4%
11%
5%
38%
41%
Organização
1%
4%
3%
54%
37%
Facilidade de expressão
1%
4%
1%
56%
37%
Trabalho em Grupo
1%
4%
5%
38%
51%
Responsabilidade
1%
4%
3%
53%
39%
Tabela 1 – Distribuição de auto avaliação de competências individuais segundo os
alunos. Legenda: 1= Discordo totalmente; 2= Discordo parcialmente; 3= Sem opinião; 4=
Concordo parcialmente; 5= Concordo totalmente.
4. Conclusão
A partir das respostas dos alunos ao questionário, foi traçado um perfil socioeconômico e de
interesses. As características identitárias desses alunos do curso de licenciatura em Ciências
Biológicas, modalidade a distância, oferece contribuições relevantes para entender as
demandas da sociedade atual, assim como a evolução do ensino superior a distância brasileiro.
A discussão sobre os dados revelou que, em oposição à literatura, a maioria dos novos
alunos do Curso de Ciências Biológicas, modalidade a distância, possui idade abaixo dos 25
anos, o que leva a refletir que atualmente a EaD pode atrair um estrato populacional cada vez
mais jovem ou de alunos recém egressos do ensino médio. Porém, cada estudo retrata apenas
um momento histórico espacialmente situado, não devendo servir para políticas definitivas
para o desenvolvimento de EaD, o que justifica a importância de monitoramentos periódicos
do perfil socioeconômico e de habilidade dos alunos que optam por cursos de graduação a
distância, até que se tenha um novo perfil geral consolidado.
Sabe-se que o aluno a distância pode ter qualquer idade, qualquer nível de
escolaridade e uma heterogeneidade de necessidades, porém possui como características em
comum a motivação e responsabilidade com a própria aprendizagem. Portanto, ao conhecer o
perfil dos alunos ingressantes, a equipe de tutores e professores passa a lidar melhor com as
dificuldades inerentes ao desenvolvimento da aprendizagem desses estudantes e orienta na
definição de estratégias pedagógicas mais adequadas aos mesmos.
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