O professor faz a diferença no desempenho escolar dos alunos ______________________________________________________________________ José Pinto Lopes - Departamento de Educação e Psicologia – UTAD [email protected] Helena Santos Silva - Departamento de Educação e Psicologia – UTAD [email protected] O professor faz a diferença no desempenho escolar dos alunos Introdução O comportamento do professor enquanto profissional sustenta-se num conjunto de atitudes e convicções sobre o ensino e a aprendizagem, sobre o que resulta e não resulta na aprendizagem dos alunos, que estão na base das decisões que continuamente toma quando planifica o seu ensino e seleciona as atividades de aprendizagem em que pretende envolver os seus alunos, com o objectivo de que aprendam. Esse conjunto de atitudes ou convicções determina o comportamento do professor, o clima que incentiva e mantém na sala de aula, ou seja: a forma como interage com os seus alunos, o que privilegia que aprendam, a forma como os avalia… Assim, o produto, o que resulta deste intrincado de atitudes e convicções marca a aprendizagem dos alunos e é necessariamente diferente, se diferentes são essas atitudes e convicções. Por outras palavras: o que o professor pensa para os seus alunos e a forma como o põe em prática na sala de aula faz necessariamente a diferença. Como a diferença que se pretende é no sentido de que todos os alunos desenvolvam e potenciem ao máximo as suas competências e aprendam cada vez mais e melhor, esta comunicação pretende identificar/analisar práticas que possibilitam aos professores fazer a diferença na aprendizagem dos alunos. A importância do professor na aprendizagem dos alunos O professor é considerado o principal fator extrínseco ao aluno que determina a sua aprendizagem e o seu sucesso escolar (Hattie, 2009 e 2012) (Figura 1). ________________________________________________________________ José Pinto Lopes - Departamento de Educação e Psicologia – UTAD [email protected] Helena Santos Silva - Departamento de Educação e Psicologia – UTAD [email protected] 1 O professor faz a diferença no desempenho escolar dos alunos ______________________________________________________________________ Figura 1 – O efeito do professor no rendimento escolar do aluno Percentagem de variância no rendimento escolar Professores 30% Alunos 50% Lar Colegas Escolas Director da escola Existe hoje um corpo consubstanciado de investigações (por exemplo, Hattie, 1992 e 2009; Haycock, 1998; Marzano, 2003; Wang, Hearttel & Walberg, 1993) que permitem concluir que nem todas as práticas educativas são iguais e têm idênticas consequências na aprendizagem dos alunos. A investigação educativa possibilita, sem margem para dúvidas, afirmar que o que os professores fazem e dizem têm um impacto diferencial na aprendizagem dos alunos (Hanushek, 2002, Taylor et al, 2010). “Nem todos os professores são eficazes, nem todos os professores são especialistas, e nem todos os professores têm efeitos poderosos sobre os alunos (Hattie, 2009, p. 22). De facto, a maior fonte de variação do sistema de ensino relaciona-se com os professores, e estes podem diferir em muitas características. “Entre elementos como um currículo bem articulado e um ambiente agradável e organizado, o fator que sobressai como o fator singular mais influente numa escola eficaz é cada professor dentro da escola” (Marzano, 2007, p. 1). Muitos estudos têm quantificado a influência do professor no rendimento do aluno a qual é relativamente independente de qualquer outra coisa que ocorre na escola” (Marzano, 2007, p. 2). Apesar desta mensagem inequívoca da investigação educativa, continua a ser bastante generalizada, quase um mito, a ideia de que todos os professores são iguais. Esta convicção, aliada à resistência dos professores a mudar a sua forma de estar e agir na sala de aula, contribui para que resistam à adoção de práticas que a investigação educativa permite identificar como mais eficazes na aprendizagem dos alunos e pode, inclusivamente contribuir para desprofissionalizar o ensino já que pode conduzir ao entendimento de que qualquer pessoa pode ensinar (Hattie, 2012). A resistência à mudança aumenta à medida que os professores se tornam mais experientes porque as suas teorias sobre: como gerir a aprendizagem e envolver nela os alunos, como ensinar determinado conteúdo, que tipo de ambiente de aprendizagem dese________________________________________________________________ José Pinto Lopes - Departamento de Educação e Psicologia – UTAD [email protected] Helena Santos Silva - Departamento de Educação e Psicologia – UTAD [email protected] 2 O professor faz a diferença no desempenho escolar dos alunos ______________________________________________________________________ jam nas suas turmas, os efeitos da família e dos fatores culturais, se tornam mais convincentes para eles e portanto, menos sujeitas à reflexão sobre a sua verdadeira eficácia. A confiança excessiva dos professores nas suas atitudes e crenças, em detrimento de resultados da investigação que lhe podem proporcionar formas alternativas mais eficazes de atuação e que, frequentemente, se consubstancia em afirmações como: “Deixemme ensinar à minha maneira”, pode ser explicada por processos psicológicos que levam a aceitar o que fazem como o melhor que há a fazer (Shermer, 1997). Na base desta atitude estão fatores como: - necessidade de segurança, controlo e simplicidade; - falta de procura de provas para demonstrar o que não está a funcionar; - responsabilização exclusiva do aluno quando não aprende e do professor quando o aluno aprende. Estes fatores conduzem o professor a criar imunidade a novas ideias ou formas diferentes de fazer as coisas e a aceitar que lhe podem permitir uma prática alternativa mais eficaz. Se o professor se tornar consciente do que está ou não a funcionar no seu ensino presta mais atenção às evidências contraditórias. Torna-se mais interessado em descobrir quaisquer consequências intencionais e não intencionais do seu ensino, mais consciente dos efeitos das inovações nos resultados finais e aprende com as suas intervenções. Envolve-se em prática deliberada e torna-se aprendiz do seu próprio ensino (Ericsson, Kamp & Tesch-Römer, 1993 e Hattie, 2009). Os professores aprendizes do seu próprio ensino são os mais influentes na melhoria do desempenho escolar dos alunos. Envolvem e motivam os seus alunos para a aprendizagem do conteúdo e fundamentalmente, comunicam-lhes paixão pela aprendizagem (Lopes & Silva, 2010, p. xv). Há muitos aspetos que asseguram uma boa aprendizagem, mas para que seja excelente exige um “ingrediente” especial: o envolvimento total de professores e alunos, que gere vontade no professor e nos alunos de saber mais e de progredirem na sua aprendizagem. A mensagem não é apenas inovar, mas conseguir a diferença quando se inova. A adopção de qualquer inovação significa interromper o uso da prática familiar. Há assim, a necessidade de que o professor avalie o efeito que está a ter nos alunos e encarar o conhecimento disponibilizado pela investigação educativa como uma referência para as suas práticas. Isto porque a investigação nunca será capaz de identificar as estratégias ou ________________________________________________________________ José Pinto Lopes - Departamento de Educação e Psicologia – UTAD [email protected] Helena Santos Silva - Departamento de Educação e Psicologia – UTAD [email protected] 3 O professor faz a diferença no desempenho escolar dos alunos ______________________________________________________________________ métodos que funcionem em todas as salas de aula e com todos os alunos, mas é uma fonte credível de informação sobre as estratégias e métodos que têm uma grande probabilidade de resultar. O ensino é em simultâneo uma ciência e uma arte (Marzano, 2007) o que determina que os professores não devam ignorar a investigação educativa como fonte válida de conhecimento a que, de forma reflexiva, considerando o contexto de desenvolvimento da sua acção, devem recorrer, essencialmente quando as suas atitudes e convicções sobre o ensino e a aprendizagem não resultam num ensino eficaz para os seus alunos. Esta atitude reflexiva sobre a prática (Schön, 1983) que deve caracterizar o professor deverá ser orientada por questões como: - Como saber se a minha prática resulta de forma eficaz na aprendizagem dos meus alunos? A resposta a esta questão implica, em primeiro lugar, que os professores reflitam sobre as suas teorias e convicções, o que pode fazê-los perceber a necessidade de mudanças na forma como se concebem enquanto profissionais: “O professor deve essencialmente conceber-se como um avaliador do impacto do seu ensino na aprendizagem dos seus alunos.” (Hattie, 2012, p. 160). Que mudanças implica para o professor esta imagem de si enquanto profissional? Que continuamente se questione sobre: Em que condições posso considerar que os meus alunos atingiram sucesso? Onde estão as falhas e os pontos fortes? O que foi alcançado e o que ainda tem de ser alcançado? Que critérios de sucesso devem considerar se pretendo ser um professor eficaz? Ponderar acerca dos descritores de desempenho é uma questão de vital importância se um professor pretende avaliar o seu impacto na aprendizagem dos alunos. Considerar como critério de sucesso uma magnitude do efeito 1 do professor superior a zero é assumir que qualquer rendimento escolar é válido, o que não é uma realidade. Nos estudos sobre educação são considerados critérios de sucesso válidos e professores eficazes os que promovem diferenças no rendimento escolar de magnitude de efeito superior a 0.4 1 A magnitude do efeito é uma maneira de quantificar a diferença entre dois grupos. Por exemplo, se um grupo de alunos é sujeito a uma “intervenção” (grupo experimental) (por exemplo, programa para melhoria da auto-estima ou do rendimento escolar) e outro grupo não (grupo de controlo), então, a magnitude de efeito (impacto) é a medida de eficácia do tratamento ou do programa de intervenção. ________________________________________________________________ José Pinto Lopes - Departamento de Educação e Psicologia – UTAD [email protected] Helena Santos Silva - Departamento de Educação e Psicologia – UTAD [email protected] 4 O professor faz a diferença no desempenho escolar dos alunos ______________________________________________________________________ para cada aluno, isto é, um aumento de 15 percentis no desempenho escolar (Cohen, 1988; Hattie, 2009 e Marzano, 2007). Os professores que fazem uma diferença significativa na aprendizagem dos alunos fazem-na ainda muito mais em situações em que os alunos têm dificuldades de aprendizagem. Isto implica que a convicção do professor deve ser de que TODOS os seus alunos aprendam. Implica, também, que os professores valorizem mais a aprendizagem do que o ensino, que mudem o enfoque do ensino para a aprendizagem (Hattie, 2012). Que valorizem não preferencialmente o conhecimento e a atualização sobre os melhores métodos de ensino mas que valorizem o conhecimento sobre a forma como os alunos aprendem, como recolher as evidências da aprendizagem dos alunos, como podem estes aprender de forma diferente quando a forma tradicional não resulta. Ou seja, os professores precisam de ser especialistas do ensino e da aprendizagem. Conhecer várias maneiras de ensinar e de aprender, de ser especialistas na aprendizagem diferenciada, para poderem ensinar os seus alunos a encontrar as formas mais eficazes de rentabilizar a aprendizagem e aumentar o sucesso educativo. Seguidamente, implica que estejam abertos a considerar as mudanças necessárias na sua prática, capazes de sustentar a convicção de que todos os alunos aprendem e a considerá-las como uma etapa do seu desenvolvimento profissional, que deve ser preferencialmente feito de forma colaborativa em comunidades de aprendizagem - espaços de investigação, de experimentação e de análise reflexiva das experiências realizadas (Lopes & Silva, 2010) “Um professor só pode ensinar quando está disposto a aprender ” (Janói Mamedes). O professor deve conceber-se como um profissional em constante desenvolvimento e aprendizagem e conceber o seu sucesso estreitamente relacionado com o sucesso que os seus alunos têm na sua aprendizagem. Por outras palavras, o sucesso do professor advém de aprender a partir do efeito que tem na aprendizagem e no rendimento escolar dos seus alunos. De aprender a partir das respostas que obtém a questões como: “ Como posso saber se esta estratégia está a funcionar? “; “ Qual o mérito e valor deste método na aprendizagem? “ Partilho uma conceção comum de progresso dos alunos com os meus colegas?” (Hattie, 2012). Neste processo de aprendizagem profissional é fundamental o papel dos diretores das escolas na criação de espaços de debate e reflexão - Comunidades de Aprendizagem, onde, colaborativamente com os seus professores, reflitam sobre os efeitos ou as conse________________________________________________________________ José Pinto Lopes - Departamento de Educação e Psicologia – UTAD [email protected] Helena Santos Silva - Departamento de Educação e Psicologia – UTAD [email protected] 5 O professor faz a diferença no desempenho escolar dos alunos ______________________________________________________________________ quências do que se passa na escola, falem sem constrangimentos sobre o ensino e procurem formas de avaliar a qualidade do impacto deste na aprendizagem dos alunos (Fullan, 2003). Nas Comunidades de Aprendizagem e nas salas de aula os professores devem tornar-se aprendizes como o são os seus alunos: aprendizes do seu ensino e os diretores das escolas devem assumir-se como líderes nesse processo, isto é, uma liderança pedagógica, (Eaker, DuFour, and DuFour, 2002). Nas escolas são necessários líderes da aprendizagem e é essencial que os diretores assumam esse papel. O processo deve ser visto como de apoio aos professores, proporcionando-lhes condições para que tenham oportunidades de aprendizagem e desenvolvimento profissional permanente. O mais importante, neste processo, não é começar por grandes reestruturações e incentivar os professores a tomarem mais e novas medidas, mas conseguir que entre eles se estabeleçam altos níveis de colaboração e compromisso, para que avaliem o efeito que têm sobre os alunos. É importante, também, dar atenção e valorizar as convicções e atitudes dos professores como ponto de partida do processo de reflexão sobre o impacto que têm na aprendizagem dos alunos. O sucesso passa por aprender e mudar a partir da avaliação do nosso impacto (Hattie, 2012). É o conceito de excelência e do impacto do desenvolvimento partilhado que conduz a envolver toda a escola na discussão dos efeitos do ensino praticado sobre todos os alunos. Em seguida, deve contribuir para monitorizar a progressão dos níveis de aprendizagem identificados para os desejáveis - “O que é preciso mudar?”; “O que manter?”; “Como envolver mais os alunos para que possam aprender melhor?” (Hattie, 2012). Isto passa por proporcionar condições para que os professores em Comunidades de Aprendizagem tomem decisões conjuntas sobre o que e como fazer. Interpretem as evidências do seu efeito sobre os alunos e, seguidamente, se envolvam em processos reflexivos e de investigação-ação que lhes permitirão tornar-se mais eficazes. O ponto de partida deste processo investigativo é considerar objetivos de aprendizagem e critérios de sucesso desafiadores e adequados às metas de aprendizagem pretendidas, com base na questão: - Quais são as atitudes e práticas dos professores identificadas com o aumento da eficácia da aprendizagem dos alunos? ________________________________________________________________ José Pinto Lopes - Departamento de Educação e Psicologia – UTAD [email protected] Helena Santos Silva - Departamento de Educação e Psicologia – UTAD [email protected] 6 O professor faz a diferença no desempenho escolar dos alunos ______________________________________________________________________ É no desenvolvimento do processo que conduz a que os professores em Comunidades de Aprendizagem encontrem resposta para a questão anteriormente formulada, que a componente de Ciência e Arte que carateriza o processo de ensino tem o seu expoente máximo. “Naturalmente, o ensino, como a prática da medicina é sobretudo uma arte, que exige talento e criatividade. Mas como a medicina é também, ou deverá ser, uma ciência, por isso, implica um repertório de técnicas, processos e competências que podem ser sistematicamente estudadas e descritas e, por isso, transmitidas, ensinadas e melhoradas. O grande professor, como o grande médico, é o que junta criatividade e inspiração ao repertório básico” (Silberman, 1966). O professor deve procurar resposta na investigação educativa - componente de Ciência do ensino, sem nunca desconsiderar o contexto de desenvolvimento da sua ação - componente de Arte do ensino. Ou seja, a sua atuação na sala de aula deve caracterizar-se por práticas e atitudes que se constroem na relação dialética entre a teoria de ensino e as caraterísticas da prática, do contexto real do seu desenvolvimento. Na verdade, a investigação educativa proporciona orientação sobre a natureza do ensino eficaz, não a fórmula do ensino eficaz. Os seus contributos devem ser vistos como referência, como ponto de partida do processo de investigação reflexiva e não como prescritivos da prática do professor (Marzano, 2007). A investigação educativa disponibiliza conhecimentos que permitem dar resposta à questão acima formulada, e que se relacionam essencialmente com: - a valorização do uso da avaliação formativa e do feedback a ela associado, para a aprendizagem de alunos e professores; - a importância de os professores adotarem atitudes que lhes possibilitem conceber-se como agentes de mudança; - a valorização do diálogo e de considerarem a importância de estabelecerem relações positivas na sala de aula. A- A importância da avaliação formativa para a aprendizagem dos alunos e dos professores ________________________________________________________________ José Pinto Lopes - Departamento de Educação e Psicologia – UTAD [email protected] Helena Santos Silva - Departamento de Educação e Psicologia – UTAD [email protected] 7 O professor faz a diferença no desempenho escolar dos alunos ______________________________________________________________________ Quando os professores acreditam que a sua tarefa fundamental enquanto profissionais é avaliar o impacto da sua ação na aprendizagem dos seus alunos, fazem da avaliação formativa ou avaliação para a aprendizagem uma prática diária na sala de aula. A avaliação formativa é das mais poderosas intervenções na melhoria do desempenho escolar de todos os alunos (Hattie, 2009). Permite saber de uma forma contínua como está a funcionar, em termos de aprendizagem, o que fazem os professores e os alunos e, se necessário, corrigir de forma imediata trajetórias - métodos de ensino e estratégias de aprendizagem, a partir do feedback que proporciona conjuntamente a professores e a alunos (Lopes & Silva, 2010, 2012). O feedback dado aos alunos pelos seus professores será eficaz - feedback formativo (Lopes & Silva, 2012) se lhes permite responder às questões: “ Para onde vou?”; “ Como vou lá chegar?” e “Como completar o hiato?”, que conjuntamente visam melhorar a aprendizagem e celebrar os sucessos conseguidos. O feedback que os alunos fornecem aos seus professores sobre a forma como estão a atingir os objetivos de aprendizagem e os descritores de desempenho2, possibilita alterar o ensino no momento certo para os alunos. No momento em que as dificuldades surgem e, por isso é poderoso. Desta forma, as alterações e melhorias que os professores façam têm maiores probabilidades de conduzir a benefícios imediatos na aprendizagem dos alunos (Lopes & Silva, 2012). A atitude de estabelecer objetivos de aprendizagem e critérios de sucesso e o feedback sobre a forma como estão a ser atingidos, são em conjunto muito poderosos para a aprendizagem dos alunos. De fato, sem a definição de objetivos claros é muito difícil proporcionar feedback eficaz (Marzano, 2007). 2 São objetivos específicos e como tal são enunciados sintéticos e precisos que indicam o que se espera que o aluno seja capaz de fazer no final de uma aula ou de uma sequência de aprendizagem. Exemplo: No final desta lição (aula), o aluno deve ser capaz de: 1. Escrever convites, bilhetes postais e cartas. 2. Escrever o guião de uma entrevista. Cada descritor de desempenho cruza conteúdos com operações de diversa natureza: 1. Saber ser 2. Saber fazer 3. Saber estar 4. Saber aprender 5. Saber declarativo Caracterização do descritor de desempenho: 1. Pode ser quantificado; 2. É, idealmente, parametrizável ou mensurável; Está associado às operações de controlo, regulação ou avaliação da aprendizagem. ________________________________________________________________ José Pinto Lopes - Departamento de Educação e Psicologia – UTAD [email protected] Helena Santos Silva - Departamento de Educação e Psicologia – UTAD [email protected] 8 O professor faz a diferença no desempenho escolar dos alunos ______________________________________________________________________ Contudo, para que a avaliação formativa e o feedback que esta possibilita resulte produtivo na aprendizagem dos alunos tem de ser encarado pelos professores como um contributo para a sua aprendizagem, tal como o é para a aprendizagem dos alunos. Para melhorarem o impacto que têm na aprendizagem dos alunos, os professores precisam de encarar/valorizar os resultados da avaliação dos seus alunos como fontes importantes de feedback. Os resultados da avaliação dos alunos são o feedback que conduz ao desenvolvimento profissional do professor. A avaliação é do aluno, mas o poder da interpretação dos resultados e as consequências da avaliação estão mais do lado do professor. Permitem-lhe compreender a aprendizagem através dos olhos dos alunos, tornar visível o seu ensino (Hattie, 2012) e melhorálo. É do feedback contínuo para a aprendizagem de professores e alunos que advém a importância da avaliação formativa. B- A convicção de que podem ser agentes de mudança Apesar de a investigação identificar os métodos que possibilitam um envolvimento ativo dos alunos no processo de aprendizagem e de avaliação, mais do que os métodos em si, são as caraterísticas dos professores e os princípios de ensino-aprendizagem eficazes que têm maior influência na aprendizagem dos alunos (Hattie, 2010). Entre essas caraterísticas, destaca-se a convicção de que podem ser agentes de mudança. Os professores que se assumem como agentes de mudança têm consciência de que têm um grande impacto na aprendizagem dos alunos e acreditam que o desempenho escolar é mutável e pode ser melhorado. Esta convicção tem por base pressupostos que são validados pela investigação educativa e que os professores assumem também como válidos. Um deles é que todos os alunos podem ser desafiados a aprender. Ou seja, que não são o potencial intelectual, a origem cultural e familiar que mais determinam o sucesso escolar. Ter potencial intelectual não basta se o professor não for eficaz (Taylor et al, 2010), as desvantagens da classe social e os recursos da família são superáveis, as estruturas educacionais e as condições de trabalho de professores e alunos são factores com influência reduzida se o professor for eficaz (Sanders, 1998) porque a qualidade do professor faz, comparativamente a todos estes fatores, toda a diferença. ________________________________________________________________ José Pinto Lopes - Departamento de Educação e Psicologia – UTAD [email protected] Helena Santos Silva - Departamento de Educação e Psicologia – UTAD [email protected] 9 O professor faz a diferença no desempenho escolar dos alunos ______________________________________________________________________ O que é importante é desenvolver expectativas elevadas e desafiadoras para todos os alunos, encorajar comportamentos de procura de ajuda (a interação entre pares - Tutoria entre pares - é poderosa para a ajuda na aprendizagem (Cook et al, 1985; Hartley, 1977, Kunsch et al, 2007, Hattie, 2009 e Rohrbeck et al, 2003), desenvolver capacidades de autoavaliação que conduzam à autonomia na aprendizagem, construir ambientes de aprendizagem empáticos e calorosos onde os alunos sentem que o erro não é punido mas antes perspetivado como uma etapa, que permite melhorar e progredir. A aprendizagem desenvolve-se quando se cometem erros. Um dos papéis do professor é diagnosticar conceções alternativas, aspetos mal compreendidos e falta de conhecimentos. A arte de ensinar é um desafio e o papel do professor é envolver os alunos no desafio da aprendizagem. Contudo, o que é um desafio para um aluno pode não ser para outro, o que resulta para um aluno pode não resultar para outro. Daí que a constante atenção à diversidade dos alunos, de forma a conseguir criar um clima na sala de aula que permita envolvê-los na aprendizagem, seja um dos maiores desafios que se coloca ao professor. Para isso, os objetivos de aprendizagem e os critérios de sucesso têm de ser conhecidos e compreendidos pelos alunos. Quando os alunos os conhecem veem mais claramente os propósitos do professor, os desafios que ele propõe para a sua aprendizagem (Burns, 2002, Hattie, 2009, Lopes & Silva, 2012, Wofford, Godwin & Premack, 1992, Woode & Locke, 1987, Wood, Mento & Locke, 1987). O papel dos professores é mudar os alunos do que são para o que querem que eles sejam, que eles saibam e compreendam o que pretendem e que têm responsabilidade nesse processo (Hattie, 2012). C- A valorização do diálogo na aprendizagem e a importância de relações positivas na sala de aula Captar a atenção dos alunos é um dos aspetos que mais preocupa os professores. Gerir corretamente o diálogo (discussão) na sala de aula é uma das formas mais eficazes dos professores conseguirem captar a atenção dos alunos e mantê-los envolvidos nas diferentes tarefas de aprendizagem (Marzano, 2007). O diálogo facilita esse envolvimento por duas razões principais. Uma é pela partilha e troca de informação que possibilita, a outra relaciona-se com o facto de o diálogo tender a colocar uma ligeira pressão sobre os alunos (Marzano, 2007). ________________________________________________________________ José Pinto Lopes - Departamento de Educação e Psicologia – UTAD [email protected] Helena Santos Silva - Departamento de Educação e Psicologia – UTAD [email protected] 10 O professor faz a diferença no desempenho escolar dos alunos ______________________________________________________________________ A interação entre os alunos e entre estes e o professor, que o diálogo permite, facilita a evolução e o desenvolvimento do conhecimento e cria a consciencialização de que sem interação estes processos se tornam limitados e mais difíceis de ocorrer. A interação permite conhecer as formas como cada um pensa e comparar formas diferentes de pensar e explicar um mesmo fenómeno, o que facilita consciencializar a necessidade de reestruturar ideias e conhecimentos e avançar para formas mais complexas de aprendizagem. A escuta ativa do professor às respostas que os alunos dão às suas perguntas e às perguntas feitas pelos colegas e os debates na sala de aula permitem-lhe ter acesso não só ao conhecimento dos alunos mas também ao processo de pensamento que os conduz à obtenção das respostas. O professor deve perspetivar o diálogo na sala de aula como uma oportunidade importante de que os alunos verbalizem as estratégias que usam quando envolvidos nas atividades de aprendizagem. Se as atividades de aprendizagem que facilitam a ocorrência de interação entre os alunos e entre estes e o seu professor são situações que não ocorrem ou ocorrem muito raramente, como exceção, isso tem consequências muito negativas para a aprendizagem. As consequências da ocorrência de interação limitada na sala de aula são ainda mais nefastas para os alunos de menor rendimento escolar, com mais dificuldades e com maiores níveis de desmotivação pela escola (Cornelius-White, 2007). O predomínio do monólogo, que carateriza a maioria das salas de aula, limita que o professor dê aos seus alunos feedback construtivo e o receba dos seus alunos. O feedback construtivo ajuda os alunos a saberem o que fazer a seguir e está entre as formas mais eficazes de demonstrar aos alunos que valorizamos o que dizem (Hattie, 2003; 2007, Hattie & Timperley, 2007). O professor deve preocupar-se com um maior equilíbrio entre o falar e o ouvir e incentivar a que os seus alunos façam perguntas. O desejável é que haja mais perguntas vindas dos alunos do que feitas pelo professor. Contudo, a interação na sala de aula que o diálogo possibilita é condicionada pela qualidade das relações que o professor estabelece com os seus alunos. Se a relação entre professor e alunos é boa, se na sala de aula existe um clima de confiança e harmonia, então todo o que acontece na sala de aula parece ter um efeito reforçado na aprendizagem. Marzano (2007) refere uma magnitude de efeito de 0.87 para a relação professor-aluno. Segundo o autor, os professores que estabeleciam relações de alta qualidade com os ________________________________________________________________ José Pinto Lopes - Departamento de Educação e Psicologia – UTAD [email protected] Helena Santos Silva - Departamento de Educação e Psicologia – UTAD [email protected] 11 O professor faz a diferença no desempenho escolar dos alunos ______________________________________________________________________ seus alunos tinham 31% menos problemas de disciplina, violação de regras, e outros problemas relacionados com a disciplina durante o ano, comparativamente aos professores que não tinham boas relações com os seus alunos. Relações positivas, estimuladas por características do professor como a não directividade 3, a empatia, o entusiasmo, o encorajamento ao pensamento crítico e à aprendizagem, para além da atenção e respeito pelas diferenças, estão relacionadas com maior motivação académica e menos retenções, maior gosto pela escola e maior cooperação nas actividades de aprendizagem (Cornelius-White, 2007). Há duas dinâmicas complementares que constituem uma relação professor-aluno eficaz. A primeira é a extensão com a qual o professor lhes proporciona orientação e controlo a nível de comportamento e academicamente, ou seja o grau de clareza e apoio por parte do professor e orientação para o que vem a seguir. O professor deve comunicar a mensagem: “Podem contar comigo para vos proporcionar orientações claras em termos da vossa aprendizagem e do vosso comportamento. Eu assumo responsabilidade por esses aspectos.” A segunda dinâmica é a extensão com que o professor possibilita sentir que ele e os alunos são uma equipa em que cada um se preocupa com o bem-estar de todos os elementos. Com efeito, o professor deve, de alguma maneira comunicar a mensagem: “ Nós somos uma equipa e seremos ou bemsucedidos ou fracassados como equipa. Adicionalmente, eu tenho uma participação/ responsabilidade pessoal no sucesso ou fracasso de cada um de vós ” (Marzano, 2007, p. 149). Conclusão Ao longo do texto, foi nossa preocupação identificar e justificar a importância embora necessariamente de uma forma sucinta e sem qualquer caráter prescritivo, as atitudes e 3 Conceito baseado na teoria do psicólogo clínico e psicoterapeuta Carl Rogers (1951). A não directividade do pro- fessor permite que o processo educativo se centre no desenvolvimento dos alunos porque possibilita que as actividades sejam iniciadas e reguladas por estes. O objectivo é que desenvolvam confiança nas suas próprias capacidades para iniciar ações positivas que melhorem cada uma das dimensões da sua vida pessoal e comunitária. O professor orienta para que sejam os alunos a assumir a responsabilidade da aprendizagem de acordo com as suas capacidades. Tal orientação é uma tentativa de responder aos sentimentos e pensamentos expressos pelos alunos (Lopes & Silva, 2010, p. 65). ________________________________________________________________ José Pinto Lopes - Departamento de Educação e Psicologia – UTAD [email protected] Helena Santos Silva - Departamento de Educação e Psicologia – UTAD [email protected] 12 O professor faz a diferença no desempenho escolar dos alunos ______________________________________________________________________ práticas dos professores com grandes probabilidades de obterem sucesso na grande maioria das salas de aula e com uma grande maioria de alunos. Finalizamos este nosso percurso apresentando uma síntese das características dos bons professores que lhes possibilitam ter maior influência na aprendizagem dos alunos tal como as apresentam autores como por exemplo Hattie e Clinton (2008) e Smith et al. (2008). De acordo com os autores referidos, os professores eficazes: são adeptos da improvisação; testam hipóteses sobre os efeitos do seu ensino; criam na sala de aula um clima positivo que estimula a aprendizagem e têm: uma profunda compreensão da matéria, propensão para resolver problemas de ensino, respeito pelos seus alunos, uma elevada sensação de controlo; elevados níveis de paixão pelo ensino e pela aprendizagem. Além de tudo isto, uma compreensão mais profunda do seu ensino e dos seus efeitos sobre a aprendizagem dos alunos e mais probabilidade de, de uma maneira sistemática e consistente, desafiar os alunos a pensar, proporcionando-lhes regularmente exercícios variados, simultaneamente exigentes e cativantes. A todas estas características, atrevemo-nos a acrescentar: Reconhecem o esforço dos seus alunos para aprender e celebram os sucessos conseguidos! Referências bibliográficas Burns, M. K. (2002). Comprehensive System of Assessment to Intervention Using Curriculum-Based Assessments. Intervention in School and Clinic, 38(1), 8-13. Cohen, J. (1988). Statiscal power analysis for the behavior sciences (2nd ed.). Hillsdale, NJ: L. Erlbaum Associates. Conboy, J. (2003). Algumas medidas típicas univariadas da magnitude do efeito. Análise Psicológica , 2 (XXI): 145-158. Cook, S.B., Scruggs, T.E., Mastropieri, M.A., e Casto, G. C. (1985). Handicapped students as tutors. Journal of Special Education, 19, 483-492. Cornelius-White, J. (2007). Lerner-centered teacher-student relationships are effective: a meta-analysis. Review of Educational Research, 77(1), 113-143. Eaker, R., DuFour, R., e DuFour, R. (2002). Getting started: Reculturing schools to become professional learning communities. 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