Universidade Federal de Santa Catarina Centro Sócio Econômico Área do conhecimento: Administração/Contabilidade e Finanças Públicas EDITAL DE CONCURSO PÚBLICO Nº 008/DDP/2013 Combinação de negócios Candidata: Fabricia Silva da Rosa, Dra http://lattes.cnpq.br/5460513027485956 1 SUMÁRIO 1 2 3 4 5 • Planejamento da aula • Normas • Combinações de Negócios • Caso teórico • Bibliografia 2 PLANEJAMENTO DA AULA 1 a) Objetivos b) Método de Ensino c) Articulação Teoria e Prática da aula d) Conteúdo Programático e) Avaliação da aprendizagem 3 PLANEJAMENTO DE AULA 1 Contexto do assunto de Combinação de negócios na disciplina de Contabilidade Avançada Definições Combinações - Controle Comum Combinações - Partes Independentes Aquisição Reversa Incorporação Reversa Consolidação das Demonstrações Contábeis e Demonstrações separadas 4 NORMAS 2 Lei no. 6.404/76 Lei no. 11.638/07 Lei no. 11.941/09 CVM nº 580 CPC 15 – Combinação de negócios. IFRS 3 – Business Combination IAS 22 - Business Combination 5 3 Combinações de Negócios Combinação de negócio é uma operação ou outro evento por meio do qual um adquirente obtém o controle de um ou mais negócios, independentemente da forma jurídica da operação. CPC 15 6 3 Combinações de Negócios Adquirida: é o negócio ou negócios cujo controle é obtido pelo adquirente por meio de combinação de negócios. Adquirente: é entidade que obtém o controle da adquirida. Negócio: é um conjunto integrado de atividades e ativos, capaz de serem conduzidos e gerenciados para gerar retorno (na forma de dividendos, redução de custos ou outros benefícios econômicos) diretamente a seus investidores ou outros proprietários, membros ou participantes. Proprietário: termo utilizado no CPC15 de forma geral, tanto para incluir os detentores de participação societária em uma sociedade quanto os proprietários, membros ou participantes de entidade de mútuo (associação, cooperativa, etc.). 7 Combinações de Negócios 3 Tipo de PalavraAspectos legais e societários negócio chave Incorporação Absorver Operação pela qual uma ou mais sociedades são absorvidas por outra. Fusão Unir Operação pela qual se unem duas ou mais sociedades para forma uma nova. Transferir Operação pela qual a companhia transfere parcelas do seu patrimônio para uma ou mais sociedades, construídas para esse fim, ou já existentes, extinguindo-se a companhia cindida, se houver versão de todo o seu patrimônio, e dividindo-se o seu capital, se parcial a versão. Alienação de Transferir Transferência, de forma direta ou indireta, de ações integrantes do bloco de controle, de acordos de acionistas controle e de valores mobiliários conversíveis em ações com direito a voto, cessão de direitos de subscrição de ações e de outros títulos ou direitos relativos a valores mobiliários conversíveis em ações que venham a resultar na alienação de controle acionário da sociedade. Aquisição de Comprar Quando há alienação, há antes, um efetivo controlador que controle vende o controle para um comprador. Cisão 8 3 Combinações de Negócios A aquisição de ações ou quotas, incorporação, cisão e fusão e outras formas de reorganização societária serão consideradas como combinação de negócios, para fins contábeis, apenas quando por meio da operação houver a obtenção do controle de um ou mais negócios. COMBINAÇÃO DE NEGÓCIOS É A AQUISIÇÃO DE ATIVOS OU PARTICIPAÇÃO NUMA ENTIDADE. Essas operações podem ser classificadas por diferentes formas de combinações e estratégias, com exigência de variados tipos e níveis de investimentos, cujos principais objetivos são a diversificação de negócios, ampliação de mercado, busca por recursos naturais e capacitação estratégica e/ou eficiência produtiva. http://msbrasil.com.br/blog/contabilidade/combinacao-de-negociostratamento-contabil-fusoes-e-aquisicoes/ 9 3 Combinações de Negócios Além de observar o controle, uma combinação de negócios será caracterizada somente se os ativos líquidos adquiridos constituírem um negócio. CPC 15. 10 Quais são os tipos de combinação de negócios? Combinação de negócios envolvendo sociedades sob controle comum Combinação de negócios entre partes independentes Concurso 003/2012 - Fabricia Rosa 11 3 Combinações de Negócios Controle comum Incorporar, fundir ou cindir formalmente sociedades cujo controle permanece com a mesma entidade não promove alteração nas demonstrações contábeis consolidadas. Ocorre quando há uma combinação de negócios em que todas as entidades ou negócios da combinação são controlados pela mesma parte ou partes, antes e depois da combinação de negócios, e esse controle não é transitório. 12 3 Combinações de Negócios entre Partes Independentes Segundo Iudícubus et al (2010) quando há mudança de controle societários, tecnicamente, e em linha com as melhores práticas internacionais, os ativos e os passivos envolvidos devem apresentar uma nova realidade econômica consumada, incluindo-se o reconhecimento do goodwill. 13 3 Combinações de Negócios entre Partes Independentes A aplicação do método de aquisição envolve os seguintes procedimentos: i. Identificar o adquirente ii. Determinar a data de aquisição iii. Reconhecer e mensurar os ativos identificáveis adquiridos, os passivos assumidos e as participações societárias de não controladores na adquirida iv. Reconhecer e mensurar o ágio por rentabilidade futura (goodwill) ou o ganho proveniente de compra vantajosa (deságio). 14 3 A obtenção do controle de um ou mais negócios, pode ocorrer de diversas formas: Transferência de dinheiro, equivalentes de caixa ou outros ativos (incluindo ativos líquidos que se constituam em um negócio); Assunção de passivos; Emissão de instrumento de participação societária; Combinação de mais de um dos tipos de contraprestação acima. OU sem transferir contraprestação através: Adquirida recompra Perda de efeito do direito de veto Adquirente e adquirida combinam seus negócios por meio de arranjos puramente contratuais 15 3 Combinações de Negócios entre Partes Independentes A data de aquisição é a data em que o adquirente obtém efetivamente o controle da aquisição. Data de fechamento; Acordos formais do reconhecimento da data de aquisição diferente da data de fechamento. 16 Combinações de Negócios entre Partes Independentes 3 Ativos identificáveis adquiridos Passivos assumidos Participações societárias de não controladores na adquirida 17 3 Combinações de Negócios entre Partes Independentes Reconhecimento CPC 15 – item 10. A partir da data de aquisição, o adquirente deve reconhecer, separadamente do ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill), os ativos identificáveis adquiridos, os passivos assumidos e quaisquer participações de não controladores na adquirida. Mensuração CPC 15 – item 18. O adquirente deve mensurar os ativos identificáveis adquiridos e os passivos assumidos pelos respectivos valores justos da data da aquisição. CPC 15 – item 19. Componentes da participação de não controladores na adquirida: (a) pelo valor justo, ou (b) pela participação proporcional atual conferida pelos instrumentos patrimoniais nos montantes reconhecidos dos ativos líquidos identificáveis da adquirida. 18 3 Combinações de Negócios entre Partes Independentes Goodwill é o ágio por rentabilidade futura, ou seja, é um ativo que representa benefícios econômicos futuros resultantes dos ativos adquiridos em combinação de negócios, os quais não são individualmente identificados e separadamente reconhecidos (CPC15). 19 Combinações de Negócios entre Partes Independentes 3 Segundo Iudícibus et al (2010) o Goodwill é determinado pela diferença positiva entre: 1. O valor justo da contraprestação transferida em troca do controle da adquirida somado ao valor das participações de não controladores da adquirida e, se houver, ao valor justo de alguma participação preexistente do adquirente na adquirida; e 2. O valor justo dos ativos identificáveis adquiridos líquido dos passivos assumidos. 20 4 Exemplo prático – Extraído de Iudícibus et al (2010, p. 434-436) – INCORPORAÇÃO EM QUE HÁ COMPRA Em 31-12-X1, a sociedade Alfa incorporou a sociedade Beta essa operação, como os proprietários de Alfa não estão relacionados com os proprietários de Beta. O protocolo de operação foi aprovado pelas assembleias de ambas as companhias, assim como nomeados os peritos para as avaliações. A data estabelecida para o fechamento da operação foi de 01-07X0, data em que os ex-proprietarios de Beta receberam ações de Alfa. As posições patrimoniais levantadas com data base de 30-06-X0 e mesmos critérios contábeis, conforme Tabela 1. 21 4 Exemplo prático – Extraído de Iudícibus et al (2010, p. 434-436) – INCORPORAÇÃO EM QUE HÁ COMPRA Valores em R$ e em mil ATIVO Circulante Não-circulante PASSIVO Circulante Não-circulante Patrimônio Líquido Alfa Beta 18.000 62.000 80.000 5.000 16.000 21.000 8.000 2.000 70.000 4.000 3.000 14.000 80.000 21.000 22 4 Exemplo prático – Extraído de Iudícibus et al (2010, p. 434-436) – INCORPORAÇÃO EM QUE HÁ COMPRA As partes concordaram que o preço de cotações das ações das partes em 01-07-X0 era a melhor estimativa do valor justo de cada negócio. O preço de cotação das ações de Alfa e Beta, em 01-07-X0 eram, respectivamente, $60 e $ 54 por ação. Na mesma data, o capital social de Alfa e Beta, eram formados, respectivamente, por 2.050.000 e 500.000 ações ordinárias de ambas as companhias são sem valor nominal. Assim, na Tabela 2 temos a comparação do valor patrimonial e do valor justo das ações das duas companhias. Alfa Valor justo das ações: $ 123.000.000 (2.050.000 ações x $60,00) Valor patrimonial das $ 70.000.000 ações: (2.050.000 ações x $34,15) Beta $ 27.000.000 (500.000 ações x $54,00) $ 14.000.000 (500.000 ações x $28,00) 23 4 A partir dos dados solicita-se: 1. Determine o adquirente 2. Determine a data de aquisição 3. Reconheça e mensure os ativos líquidos adquiridos 4. Reconheça e mensure a participação dos não controladores 5. Determine o goodwill 6. Apresente os registros Contábeis da Combinação 7. Apresente os Balanços Consolidados 24 4 PASSO 1: Determine o adquirente: R: Cia Alfa (como a incorporação foi considerado o tamanho que pelo valor justo 82% de Alfa e 18% de Beta) PASSO 2: Determine a data de aquisição: Quando que Beta recebeu ações de Alfa (01-07-X0) PASSO 3. Reconheça e mensure os ativos líquidos adquiridos Valores em R$ e em mil Valor justo Valor contábil Diferença ATIVOS Disponível 3.000 2.000 1.000 Recebíveis 2.500 3.000 (500) Imobilizado 19.500 16.000 3.500 Intangível 6.000 0 6.000 Total dos Ativos 31.000 21.000 10.000 Empréstimos 4.000 4.000 0 Contas a pagar 3.000 3.000 0 Total dos passivos 7.000 7.000 0 24.000 14.000 10.000 PASSIVOS VALOR TOTAL LÍQUIDO 25 4 Adicionalmente, deve-se calcular passivo fiscal diferido. Considerando que o valor dos Ativos líquidos na Cia Beta é de14 milhões e o valor considerado na Combinação (custo para o grupo) corresponde a 24milhões verifica-se que o valor justo dos ativos líquido supera seu valor contábil em 10 milhões. Assim, deve-se reconhecer o passivo fiscal de 3,4 milhões (25% IR e 9% CSLL). Dessa forma temos: Passivos assumidos Ativos líquidos adquiridos 10,4 milhões (7 + 3,4) 6,6 milhões (20,6 – 14) 26 4 PASSO 4: Reconheça e mensure a participação dos não controladores Não existe o reconhecimento contábil de uma participação de não controladores, porque essa figura só existe, contabilmente, para participação em controlada, e neste exemplo não existe controlada. 27 4 PASSO 5. Determine o goodwill Conforme determinado pelo CPC 15 o goodwill, no entanto, neste exemplo 100% de Beta está sendo adquirido e a forma de liquidação é por meio apenas de troca de ações, então a contraprestação transferida em troca do controle da adquirida é estabelecida com base no valor justo. Tabela 3. R$ Em mil Valor justo da contraprestação transferida 27.000 1 (=) valor atribuído ao Negócio (Cia Beta) 27.000 Valor justo dos ativos identificáveis (-) valor justo dos passivos assumidos 2 (=) valor justo dos ativos líquido da Cia A 3 Goodwill (1-2) 31.000 (10.400) 20.600 6.400 28 4 RELAÇÃO DA SUBSTITUIÇÃO Ações de Alfa após a incorporação % Acionistas da Cia Alfa Ex-acionistas da Cia Beta 2.050.000 450.000 82 18 Total de ações 2.500.000 100 Para que os acionistas de Alfa fiquem com 82% das ações, e os antigos acionistas de Beta com 18%, é necessário que sejam emitidas 450.000 ações para serem entregues a Beta. 29 4 PASSO 6. Registros contábeis da combinação Considerando o regime tributário de transição (RTT) de apuração do lucro real (Lei 11.941/09) antes de transferir os ativos e passivos para Alfa, recomenda-se que Beta (incorporada) não ajuste seus ativos e passivos para os respectivos valores justos. Assim, em seguida faz-se a transferência dos ativos líquidos com o consequente aumento de capital em Alfa ($27.000). Os lançamentos devem ser feitos 1º. Pela transferência dos ativos líquidos para Alfa (incorporadora); 2º. Pela baixa das contas de patrimônio líquido de Beta; 3º. Pelo recebimento dos ativos e passivos de Beta (incorporada); 4º. Pelo aumento de capital na incorporação a favor dos acionistas de Beta 30 4 PASSO 6. Registros contábeis da combinação Valores em $ e em mil Débito Crédito 1º. Transferência dos Ativos Líquidos de Alfa Conta de incorporação a Ativos circulantes a Ativos não-circulantes Passivos Circulantes Passivos não-circulantes a Conta de incorporação 37.400 4.000 6.400 5.500 31.900 10.400 2º. Baixa das contas do Patrimônio Líquido de Beta Patrimônio Líquido a Conta de incorporação 27.000 27.000 3º. Reconhecimento dos Ativos e Passivos de Beta Ativos circulantes Ativos não-circulantes a Conta de incorporação Conta de incorporação a Passivos Circulantes a Passivos não-circulantes 5.500 31.900 10.400 37.400 4.000 6.000 4º. Aumento de Capital na incorporadora a favor dos acionistas de Beta Conta de incorporação a Capital Social/Reserva de Capital 27.000 27.000 31 4 PASSO 6. Registros contábeis da combinação Alfa (antes) Beta (antes) Alfa (após) Ativo Circulante Não-circulante Imobilizado Goodwill Outros intangíveis Total do Ativo 18.000 62.000 54.000 -8.000 80.000 5.000 23.500 16.000 93.900 16.000 73.500 -6.400 -14.000 21.000 117.400 8.000 2.000 70.000 67.650 2.350 80.000 4.000 12.000 3.000 8.400 14.000 97.000 12.000 82.500 2.000 14.500 21.000 117.400 Passivo Circulante Não-circulante Patrimônio Líquido Capital Social Reservas Total do Passivo 32 4 BIBLIOGRAFIA Bibliografia Básica Brasil, Deliberação CVM no. 580, de 31 de julho de 2009. Aprova pronunciamento técnico, CPC 15 do Comitê de pronunciamentos contábeis, que trata de combinação de negócios, 2009. IUDÍCIBUS, Sergio de; MARTINS, Eliseu; GELBCKE, Ernesto R.; SANTOS, Ariovaldo dos. Manual de Contabilidade Societária. 5. Ed. São Paulo: Atlas, 2010. 33 4 BIBLIOGRAFIA Bibliografia complementar BRASIL, Lei no. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as sociedades por ações. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, 1976. BRASIL, Lei no. 11.638, de 29 de dezembro de 2007. Altera dispositivos da Lei das Sociedades por Ações. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, 2007. BRASIL, Lei no. 11.941, de 27 de maio de 2009. Altera a legislação tributária federal relativa ao parcelamento ordinário de débitos tributários; concede remissão nos casos em que especifica; institui regime tributário de transição, alterando, entre outros dispositivos da Lei das Sociedades por Ações. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, 2009. FASB – FINANCIAL ACCOUNTING STANDARDS BOARD. FAS 141 – Business combination. Emitido em julho de 2001. IASC – INTERNATIONAL ACCOUNTING STANDARDS COMMITTE. IAS 22 – Business Combination. Emitido em 1983 e revisado em 1998. MELO, Ilma Cantuária Alves; TINOCO, João Eduardo Prudêncio; YOSHITAKE, Mariano (2011). Combinação de Negócios no Brasil em empresas de capital aberto no período de 2005 a 2008: Identificação dos Impactos nas Demonstrações Financeiras. Anais do XIV SEMEAD, Seminários em Administração, outubro 2011. Disponível em http://www.ead.fea.usp.br/semead/14semead/resultado/trabalhosPDF/163.pdf. Acessado em 12.04.2013. 34