Le Tourniquet - Nº 4 AS QUATRO FACES DO MÁGICO Junho de 2005 ENTREVISTA Bombeiro, o líder do Mágico Amador Saiba qual é a sua EUGENE BURGER Um papo com o mestre. 0 080405 012341 MANIPULAÇÃO É preciso ser rápido? MICHAEL AMMAR Aumente seu conhecimento sobre um dos grandes. Le Tourniquet - Nº 4 editorial e d i Junho de 2005 t o r i a l D epois de um longo período em OFF, finalmente... VOLTAMOS!!! Antes de qualquer outra coisa, gostaria de agradecer a todos que torcem pelo sucesso da nossa revista e dizer que estamos fazendo o possível para retribuir à altura este apoio. Não poderia também deixar de agradecer, ao meu grande parceiro neste desafio... JimVerc, sem ele, nada disso seria possível. Bom, chega de tanto agradecimento e vamos ao que temos pra lhes mostrar. Nesta edição, preparamos para vocês 4 belos artigos. Em um deles, "Aplauso Por favor", Scott Guinn fala sobre a importância do aplauso. Temos também um outro artigo muito legal para refletir, "A Manipulação... é rapidez?". Procure aprender algo nas sábias palavras do mestre Eugene Burger em "O Valor da Importância" e em um pequeno artigo, Jeff McBride mostra "As 4 Faces do Mágico". Depois de tudo isso, queremos que vocês conheçam duas figuras. Uma delas, já muito famoso e acho difícil que alguém que pratique Artes Mágicas não tenha ouvido falar ainda... me refiro a Michael Ammar, numa biografia completa. O outro, nosso grande amigo de fórum e um dos responsáveis pela criação da Comunidade Mágico Amador... o Bombeiro. E muito mais... Não deixem de conferir!!! Gostaria de lembrar a todos que a LT no dia 31 de Janeiro completou seu primeiro ano de vida e para que possamos comemorar esta data por muitos e muitos anos novamente, precisamos de sua participação, seja com alguma sugestão ou crítica, o objetivo é sempre melhorar. Para isto, o nosso novo endereço é [email protected] . Participe!!! No mais.... boa leitura!!! 0b1iiZ - Página 3 - expediente Le Tourniquet - N° 4 Junho/2005 Editor 0b1iiZ Artigos JimVerc 0b1iiZ Entrevista 0b1iiZ Diagramação JimVerc Logo “Le Tourniquet” Cabala Email: [email protected] Le Tourniquet - Nº 4 na n maleta: a m Junho de 2005 a l e t a 05 Aplauso Por Favor Scott Guinn 07 A Manipulação... É Rapidez? Faustino Palmero Garzón 08 As Quatro Faces do Mágico Jeff McBride 09 O Valor da Importância Romany / Eugene Burger 13 Entrevista Alexander Souza, o Bombeiro 18 Piada Na loja de Mágicas 19 Biografia Michael Ammar - Página 4 - artigo Le Tourniquet - Nº 4 - Junho de 2005 APLAUSO POR FAVOR por Scott Guinn R ecentemente, meu amigo Burt Yaroch do Texas postou uma pergunta sobre aplauso no The Magic Café. Depois de responder a isto e ler algumas das outras respostas, eu pensei que traria uma boa prestação para Pro-Files. Burt estava desejando saber basicamente se aplauso é importante ou até mesmo necessário. Para ele, o olhar de surpresa e silêncio atordoado era o bastante, e ele estava perguntando se havia razões válidas, além de satisfação do ego, encorajar o aplauso. Como vários outros que responderam, eu sinto que o assunto aplauso é largamente ditado pelo tamanho e formalidade (ou falta disso) do desempenho (performance). Na mágica de close-up, eu nunca "sugestiono" aplauso (embora eu gratamente aceito isto quando oferecido). Se alguém diz, "Wow!" ou "Incrível!" -- Eu sorrio para eles e (língua na bochecha) digo, "Uma resposta apropriada!" Porém, como eu disse, eu gratamente aceito o aplauso quando oferecido, até mesmo em situações de close-up tal como table-hopping (pulando mesas) em um restaurante. Eu tenho uma carta ardendo de recomendação do dono de um restaurante onde eu me apresentei 4 noites por semana durante vários anos. Um das linhas fundamentais desta carta declara que ele podia ouvir os convidados rindo e aplaudindo enquanto ele estava na Cozinha, assim ele soube que eu estava fazendo meu trabalho para ajudar o restaurante a conseguir sua meta de dar para os convidados uma positiva, experiência agradável. A implicação é óbvia: Se ele não tivesse ouvido o aplauso, ele não estaria tão seguro que eu estava fazendo meu trabalho. Assim, enquanto eu estou pessoalmente da mesma maneira feliz com o atordoado silêncio, em um local de apresentação paga, seria importante, pelo menos para o sujeito que me pagou, que resulte uma resposta audível positiva. Então, uma das distinções primárias sobre se aplauso é essencial, ou pelo menos se é importante, é isto: Você está sendo pago para entreter e ajudar outra pessoa conseguir uma meta, ou você está somente tentando surpreender alguns amigos na casa deles? Ambas são performances completamente legítimas. Porém, no informal, local não pago, a expectativa do terceiro (e um modo para provar que você está cumprindo isto) não está presente. Em meus maiores espetáculos, por outro lado (pago ou não), eu solicito aplauso, começando com uma piada sobre quando eles deveriam aplaudir. Isto obtêm grandes risos e aplausos, e eu posso fazer isto uma ou duas vezes mais no espetáculo, mas uma vez eles "tendo êxito" que é o OK se eles aplaudem, não é mais necessária nenhuma "sugestão". - Página 5 - artigo Le Tourniquet - Nº 4 - Junho de 2005 Por que aplauso? Há várias razões, além da satisfação óbvia do ego. Freqüentemente, a pessoa que o contratou é a pessoa que toma conta do evento, e mais freqüentemente ela não está numa sala próxima, nem mesmo ver o espetáculo, porque ela está controlando problemas, preparando o próximo evento na agenda, contando cheques, etc.. A única medida que ela tem relativo ao sucesso de seu espetáculo pode bem ser o aplauso que ela ouve (ou não ouve!). Assim, se ela continua ouvindo aplauso entusiástico, ela sabe que você está "os matando" e isso é uma coisa a menos que ela tem que se preocupar. Aplauso também é uma boa coisa para a platéia. Lhes dá um senso de comunidade -- eles estão agindo como uma unidade em vez de 250 indivíduos. Quando você "os tem" no ponto onde isto é verdade -- eles estão agindo como uma única entidade -- é uma coisa verdadeiramente maravilhosa. Também permite a platéia liberar calor, libertar tensão (causado pela surpresa) e mostrar sua apreciação. Você alguma vez sentiu verdadeira gratidão por alguém e, tentando expressar isto à pessoa, e foi somente renunciado? Imagine por um momento que alguém fez algo realmente especial para você. Eu quero dizer realmente especial — ele fez seu dia. Agora imagine que, em sua mais sincera, gratidão de coração, você tentou expressar seu obrigado, e ele somente renunciou a você despedidamente. Isso é uma real baixaria — até mesmo ofensiva — e isto arruína parcialmente se não completamente a experiência inteira. Nós QUEREMOS mostrar para as pessoas nossa apreciação. Isto completa a experiência, assim dizendo. artista e ele “os renuncia” despedidamente. Quando uma audiência lhe dá uma ovação -- particularmente uma ovação de pé não solicitada -- se aqueça nisto. Sorria, lhes agradeça, e os deixe fazer isto. Fazer o contrário não somente é rude, mas fere os sentimentos deles! Eles estão “completando a experiência!” Assim não pegue pesado com aplauso -- não force. Mas certamente sinta-se livre para aceitar isto e até mesmo, às vezes, para encorajar isto! E sempre sinta-se livre para DESFRUTAR isto, particularmente quando é oferecido sinceramente e apreciadamente. É o modo da platéia responder, de interagir, de lhe agradecer por está “fazendo o dia deles!” Este é o mesmo modo que uma platéia sente quando eles começarem a aplaudir o - Página 6 - Calorosos cumprimentos, Scott F. Guinn Fonte: The Online-Visions Visite o site de Scott: Grande Scott - Isto é Mágica! http://www.greatscott-itsmagic.com/ artigo Le Tourniquet - Nº 4 - Junho de 2005 A MANIPULAÇÃO... É RAPIDEZ? Por Faustino Palmero Garzón L evei cerca de 50 anos dedicados à manipulação, especialmente a Cartomagia, e à força, tenho que ter adquirido uma série de experiências que são as que na continuação desejo desenvolver. Comecei com a manipulação de cartas aproximadamente aos 18 anos. Tinha uma grande afeição, que me ajudava a suportar longas horas de prática, acompanhado e posso dizer isto sem vaidade, de uma grande habilidade. Aos 28 anos já trabalhava como profissional e a verdade é que era uma "bala" minha rapidez e meus reflexos. Todos os que me viam admiravam-se de minha destreza, e ........ esse foi meu engano. Demorei muito tempo à me dar conta disto. Quando trabalhava com algum companheiro Mágico, via muitas vezes que ele recebia muitíssimos mais aplausos que eu e isso o conduziu em habilidade na manipulação. Depois de vários anos descobri o porquê disso. Eu criava admiração e meu amigo Milagres, Intriga, Mistério, surpresa, etc. está aqui a diferença. Desde esse momento compreendi tudo, vi com os olhos da alma. O caminho que eu levava não era o que nossa querida Mágica deseja. Eu fazia malabares e a Mágica é MILAGRE. Eu aconselho a muitos cartomagos que acalmem sua velocidade, que sejam normais em seus movimentos, já que uma velocidade impede que "se veja" ou "se note" (até sem ver nada) que algo raro se faça, é possível que possa encobrir um movimento que não está devidamente perfeito. Isso se vê frequentemente nos Mágicos ao fazer o Pass: A parte que movem os braços, as mãos ou dedos impulsionam uma grande velocidade que impede ver a "armadilha". Porém o público embora não veja, nota algo raro e isso é o que se deve evitar, pois o milagre desaparece instantâneamente. Uma boa execução não deve ser feito com velocidade. O Manjar deve ser comido lentamente, saboreando-o. Recordemos o inesquecível e maravilhoso Arturo de Ascânio. Aqueles que tiveram a sorte de ver suas atuações, estarão de acordo em que jamais "corria", sua Mágica era natural, as vezes pastosa, porém.... que final amigos. ISSO ERA MÁGICA!!! que sensação criava!!, era uma maravilha que nos fazia duvidar da realidade. Termino meus amigos, e não esqueças que quase sempre ao utilizar uma velocidade inapropiada, se esconde uma má execução da técnica. Há que se evitar isso, e só existe um caminho: PRÁTICA E ESTUDO DO MOVIMENTO!!!! - Página 7 - FONTE: Magic World Magazine Nº 14 artigo Le Tourniquet - Nº 4 - Junho de 2005 AS QUATRO FACES DO MÁGICO por Jeff McBride N as reuniões da escola Mystery, queríamos criar um sentimento de familiaridade, confiança e conexão entre os participantes. Eu sabia que seria importante para nós encontros em grupos menores, então criamos quatro divisões de pessoas com desejos similares, interesses e habilidades. O tema de cada grupo era um dos quatro aspectos das funções do Mágico: o Trapaceiro, o Feiticeiro, o Profeta e o Sábio. Esses quatro arquétipos (interpretados com beleza por Katlyn Breene na seção de cor Arcana do livro Mystery School) representam um ciclo de vida e um diagrama do aprendizado, mas logicamente existem várias outras combinações possíveis de máscaras mágicas -- ou persona – à disposição do ator-mágico que queira interpretá-las. O Trapaceiro fala e pensa rapidamente. Ele (ou, é claro, ela) representa o elemento Ar. Muitos mágicos tornam-se interessados em mágica enquanto crianças ou adolescentes. O Trapaceiro nos ensina como usar a mágica para desenvolver nossas habilidades de comunicação. Alguns mágicos permanecem Trapaceiros e nunca sentem a necessidade de explorar os outros arquétipos. Alguns Trapaceiros modernos desenvolveram este estilo de mágica até uma arte superior. Penn e Teller, Dan Harlan, e Robert Neale são todos exemplos modernos excelentes de artistas que escoam o espírito do Trapaceiro. No ciclo de idade do mágico, o Trapaceiro representa aproximadamente as idades de oito a dezoito anos. O Fe i t i c e i r o é h a b i l i d o s o e disciplinado e oferece tempo considerável e energia em seu trabalho mágico. Ele evoca o elemento Fogo. O Feiticeiro é interessado não somente em sua arte, mas também em afiar suas habilidades de palco e artes teatrais. Feiticeiros dos dias modernos englobam Jonathan Pendragon, Siegfried e Roy, e Lance Burton. Muitos mágicos escolhem mudar para a disciplina do Feiticeiro depois de ficarem satisfeitos com o arquétipo do Trapaceiro. No ciclo de idade do mágico, o Feiticeiro representa, aproximadamente, o período dos vinte aos quarenta anos. O Profeta é mais interessado em assuntos de percepção e intuição. A correspondência elementar do Profeta é a Água. O Profeta explora as técnicas sutis do mentalismo e psicologia. Explorando as profundidades do inconsciente coletivo estão os Profetas modernos como Max Maven e Alain Nu. O Profeta representa a meia-idade do ciclo vital do mágico, aproximadamente entre quarenta e sessenta anos. O Sábio é o mentor e mestre da arte, cujo trabalho é continuar durante uma vida inteira de conhecimento purificado para aqueles que procuram. O Sábio representa o elemento Terra: paciência e poder. Ele é interessado na filosofia e história da mágica, e em ensinar o que aprendeu, mantendo a arte viva. Eugene Burger e Rene Lavand são dois dos Sábios importantes no mundo de hoje. O Sábio representa a parte final da vida do mágico, a partir de sessenta anos. Nós admiramos essas funções do Mágico por muitos anos e aprendemos que um mágico bem modelado pode atuar nesses papéis em épocas diferentes, ou mesmo no curso de uma única apresentação. Mas para começar, você pode escolher um para se focalizar. Qual das quatro faces do Mágico você escolherá? - Página 8 - artigo Le Tourniquet - Nº 4 - Junho de 2005 O VALOR DA IMPORTÂNCIA Uma conversa com Eugene Burger por Romany - Diva da Mágica E u conheci Eugene Burger no FISM Dresden de 1997 em meu primeiro ano de aprendizagem da mágica e fiquei fascinada e inspirada por suas palestras originais. Tenho sido ainda uma estudante de sua teoria mágica através de seus livros e do McBride Master Classes. Conforme a série de prêmios concedidos a ele pelo mundo da mágica podem confirmar: ! ! ! ! Mágico Close-Up do Ano do Magic Castle (2 vezes) Palestrante do Ano do Magic Castle (2 vezes) Prêmio “Os 100 Mágicos Mais Influentes do Século XX" (Revista MAGIC) “Melhor Mágico” (revista Chicago, edição “Melhor de Chicago”, agosto, 2003) Sei que não estou sozinha em considerar Eugene um dos melhores mágicos, professores e pensadores da mágica que existem. Assim, no último Master Class que estive presente com Jeff McBride e Eugene em Las Vegas, pedi a ele para resumir alguns de seus pensamentos mágicos. Romany - Eugene, você apresenta mágica em tempo integral há 25 anos agora... Eugene - Mais de 25 anos. R - Qual é a lição mais importante que você aprendeu nesse tempo? E - (Risos) Fazer a mágica que me parece importante para as pessoas que vêem. R - E como você faz isso? E - Bem, essa é uma grande pergunta. Como fazemos isso? Bem, a primeira coisa seria tratar a mágica como se ela fosse importante para mim. Se eu achar que o que estou fazendo é importante, pode ser que eu possa fazer minha audiência acreditar nisso também. Muita mágica, especialmente a close-up, eu acho, é apresentada como se não fosse importante; ela é desvalorizada. Ela é apresentada como uma façanha, você sabe, como se balança uma cadeira em sua cabeça ou uma pena em seu nariz. Enquanto isso possa ser excessivamente divertido — você pode parar uma festa fazendo isso e todos vão gostar! — mas para mim isso não é mágica. São proezas. Então a questão para mim é como eu consigo que minha audiência veja a mágica como mágica e não como uma série de façanhas? R - Vamos pegar um truque de cartas. Como você começa a tornar um truque de cartas importante? E - Posso começar fazendo com que as próprias cartas sejam importantes. Se eu apenas tirar um baralho do meu bolso e jogá-lo sobre a mesa e começar, essa é uma maneira de cuidar disso. Mas e se eu retirar o baralho do meu bolso, levantá-lo, olhar para ele e dizer algo como, "Eu sempre fui fascinado por cartas. Você sabe, pode-se ganhar ou perder fortunas, amores vêm e vão, no virar de uma única carta." Agora, estou dando ao baralho uma mitologia e, no processo, estou tentando elevar o que estou fazendo. Minha sensação interna é que quanto mais importante posso fazer esse truque de cartas, mais zeros posso adicionar ao meu pagamento no fim da tarde. R - Que é a coisa boa! E - Sim. E essa é a grande coisa que aprendi através dos anos. Eu não quero ser marginalizado como um artista que alguém pode simplesmente ignorar. Você sabe, eu - Página 9 - artigo Le Tourniquet - Nº 4 - Junho de 2005 acho que os dois artistas que mais me influenciaram nesse aspecto foram Max Maven e Jimmy Grippo. Max é um grande mestre em deixar cada momento de sua apresentação importante. Todos nós podemos aprender muito com ele nesta área. Eu vi Jimmy Grippo em 1981 antes de ter escrito qualquer livro, e ninguém sabia quem eu era. E havia um encontro de mágica. Então eu fui até ele e me apresentei, dizendo, "Eu sempre quis ver você se apresentar." E ele disse, "bem, faça algo primeiro." Então eu fiz uma versão antiga do Card Warp, o maravilhoso efeito de Roy Walton. Então Gino Munari reuniu algumas pessoas que não eram mágicos, colocando-me à direita de Jimmy e Jimmy fez um show de meia-hora para nós. E... querido Deus, ele foi incrível... R - Por quê? E - Bem, não foi como se estivesse fazendo truques com cartas. Foi como se ele estivesse fazendo milagres! Essas pessoas foram colocadas na Twilight Zone. E eu também. Ele estava fazendo a mesma mágica várias vezes, você sabe, seu famoso efeito onde a carta escolhida aparece no bolso interno do casaco dele. R - Então como ele valoriza isso? E - Agindo como se isso fosse importante! Ele tratou o que estava fazendo como se fosse importante. Veja, se estou simplesmente jogando minha mágica fora ou interrompendo a todo momento com uma piada estúpida, então ninguém vai levar-me a sério. Mas Jimmy Grippo estava apresentando sua mágica como se fosse a coisa mais importante do planeta. E eu comprei isso, como essas pessoas fizeram, e realmente foi incrível. R - Em sua opinião, qual o mágico atual que realmente consegue estabelecer a importância de sua mágica? E - Max Maven. E eu digo que não é porque ele é um amigo meu, mas porque eu tive uma chance de vê-lo apresentar closeup, salão, atos curtos no palco e shows noturnos. Eu tive a oportunidade de realmente estudar seu trabalho. Como membros da audiência, sabemos que o que ele está fazendo é importante pois é como ele está se relacionando com isso. E então eu pego esse senso de importância, da mesma forma que posso pegar sarampo ou catapora. Da mesma maneira, posso pegar um entusiasmo do artista. Quando você tem um artista que ama o que faz e irradia esse amor, então como membro da audiência, posso pegar isso. R - Então, como artistas, precisamos descobrir o que é importante para nós em nosso ato. E - Bem, isso ajudaria, não? Esse é o desafio de se apresentar mágica. É fácil fazer mágica sem compromisso... R - Ou como um trapaceiro. E - Ou como um trapaceiro, certamente. E quando eu comecei a fazer mágica, era onde eu estava. Eu era um trapaceiro que só queria que as pessoas gostassem de mim. R - Quando você mudou-se de trapaceiro para o Eugene que agora faz a corte, tecendo histórias de vida e morte? Como veio essa transição? E - Veio através de amigos, particularmente Max, Jeff McBride, Tony Andruzzi e Bob Neale. Essas 4 pessoas, cada um de seu jeito, me deram permissão para tentar algo um pouco mais sério, algo que pudesse ter um impacto mais profundo e não apenas ser o cara bobo com o nariz de palhaço. R - Não posso imaginar você com um nariz de palhaço. E - (Risos) Obrigado! Não, eu nunca tive um nariz de palhaço. Você sabe, Romany, levou um bom tempo para que eu percebesse que nem todas as risadas são boas risadas. De fato, algumas são muito ruins. R - Por exemplo? E - Alguns risos fazem a audiência pensar que o artista é um idiota ou cruelmente insensível ao sentimentos de seus auxiliares ou seja o que for. Mas nós tendemos a ser hipnotizados por risos e pensar que todas as risadas são boas para nós e nosso show. Mas receio que isso não - Página 10 - artigo Le Tourniquet - Nº 4 - Junho de 2005 seja verdade. Alguns risos são muito ruins, muito depois de meus 60 anos de idade realmente. quando era tempo de desenvolver uma nova carreira. Jeff McBride disse, "Por quê R - Eugene, você é conhecido como você não faz um show conosco?" um professor realizado que retira o melhor de seus alunos. R - Que show foi esse? E - Espero que sim. E - Bem, o primeiro show foi no final da década de 90 com o Shakespeare R - Quando você encontra cada aluno Festival em Los Angeles que foi uma série pela primeira vez, o que você procura? de cenas de fantasma de Shakespeare. Eu E - Procuro entender a eles e o que era a conexão entre eles que apresentaram eles querem. É por isso que muitas vezes, efeitos misteriosos. Então, mais tarde, Jeff eu pergunto às pessoas, "o que você se vê McBride, sua esposa Abbi e eu fizemos um fazendo em três anos com sua mágica? show juntos na Califórnia. E eu descobri Onde você se vê apresentando? Você se vê que realmente havia gostado. Eu não tinha num teatro, num cruzeiro de navio, trabaconfiança que seria bom como artista de lhando num coquetel empresarial ou numa palco. Eu realmente me imaginei como um exposição comercial? Você se vê fazendo artista de close-up e aquilo foi o fim. Mas apresentações para amigos e, quem sabe, Jeff e Abbi vieram para a noite de abertura sócios de negócios?" Porque, como do show Shakespeare e foram realmente professor, minha mira é te ajudar a realizar encorajadores.... Então Max seu objetivo, não meu me ajudou com aquele show objetivo para você. Quando “Não faz sentido também. Ele veio em mais da as pessoas que não têm muita metade dos ensaios e também base em mágica vêm estudar ensinar às pessoas em mais da metade dos shows comigo, elas perguntam truques com e em toda vez que ele ia, "onde começamos?" E eu moedas quando elas saíamos para tomar um café digo, "Bem, começamos com depois e ele tinha incontáveis o que te interessa." Se você sonham com a anotações de apresentações não tem nenhum conhecicartomagia.” p a r a m i m . Vo c ê s a b e , mento de mágica, eu proRomany, aprender como vavelmente iria te sugerir a receber anotações sobre suas apresenobtenção de um grande catálogo do Hank tações é muito importante. É sobre ouvir e Lee ou Abbotts ou Davenports e pesquisar não se defender e todas aquelas bobagens. e se imaginar fazendo cada efeito. Onde? R - Então da mesma forma que você é Para quem? Não faz sentido ensinar às o mentor de muitos, muitos mágicos, você pessoas truques com moedas quando elas teve vários mentores também. sonham com a cartomagia. E - Ó, sim! Max e Jeff foram R - Ali Bongo me aconselhou a assistir certamente meus grandes mentores. Eles o máximo de mágica possível. sabiam de coisas que eu não sabia. Eu sabia E - Ó, totalmente! Eu concordo! E ler como fazer mágica close-up para um grupo mágica na mesma medida também. Eu digo pequeno de pessoas mas eu realmente não aos meus alunos que para cada livro que tinha confiança que pudesse fazer para lerem publicados depois de 1960, leiam uma audiência inteira de 400 pessoas. E foi dois que foram publicados antes! Não a confiança deles em mim que me fez tentar somente mágica no campo de seu isso e não dizer não. Então Jeff, Abbi, interesse. Por exemplo, meu campo de Bryce, Jenny e eu fizemos um show em interesse era mágica close-up mas eu lia Atlantic City. Eu nunca pensei que faria um muita coisa sobre história da mágica e show num cassino. Essa foi a coisa mais adorava ler sobre shows de palco apesar de distante na minha imaginação. E nós não imaginar na época que seria um abrimos o show com Bhrahma, Vishnu e mágico de palco algum dia. Aquilo veio - Página 11 - artigo Le Tourniquet - Nº 4 - Junho de 2005 Shiva em Atlanta City, Nova Jersey! O truque de abertura! Eu simplesmente não podia acreditar que Jeff quis fazer! Mas certamente ele fez. E funcionou de forma linda! E depois Max Maven escreveu um show para Tina Lenert, ele e eu, chamado “O Trio Noturno,” e assim eu me apresentei naquele show também. Sou muito sortudo. R - Diga-me o que você aconselha que as pessoas façam para se tornarem melhores mágicos. E - Primeiro você precisa ser muito honesto consigo mesmo. Eu acho que os mágicos devem gerar um efeito de cada vez. O jogo é dominar um efeito, e não saber 400 truques. Para realmente ter algo que você faça tão bem como qualquer um no planeta, não necessariamente melhor, mas tão bom. R - Quando você está ensinando no Master Classes, o que é mais importante para você? Eu sei que você gasta longas horas mesmo depois de os alunos terem ido para casa, você ainda se senta com Jeff fazendo mais anotações para nós. Qual é sua motivação para isso? E - Ó, é realmente muito simples. Eu acho que posso falar por Jeff também, essa nossa visão de ensino é o aspecto mais importante de nosso trabalho. Eu ganho muito mais dinheiro me apresentando e ensinar não é sobre ganhar dinheiro. É sobre retribuir à mágica pois nós recebemos muito. Há também o momento maravilhoso quando a luz vai até os olhos dos estudantes, quando eles entendem. Essa é a animação disso. É um trabalho importante. Como vemos, estamos mudando o futuro da mágica. Apenas entenda uma coisa... Por exemplo, parte de nosso ensino no qual somos muito fortes é que nós temos de conseguir esses truques de baralho subam até nossos rostos, e não fiquem apenas sobre a mesa. Se está sobre a mesa, o ângulo da televisão estará na mesa e em minhas mãos! Eu prefiro que sejam filmados as cartas e meu rosto. Isso significa que as contagens devem ser feitas novamente. Muitas coisas precisam ser refeitas, tudo tem de ser repensado. Eu acho que é o século 21 da mágica close-up, agora está no ar e não embaixo, sobre a mesa. R - Isso é sobre melhorar a comunicação entre o mágico e a audiência. Eu estava assistindo a um efeito avançado de prestidigitação há pouco. Foi bom, mas devido as cartas estarem embaixo e ele não empregou meus olhos, eu senti como se tivesse sido enganada. O que é interessante. E - Sim, você vê o topo da cabeça do artista e sente que foi enganado! R - Então o que acontece entre o mágico e eu durante um truque de cartas? E - Bem, há um triângulo: você, o mágico e as cartas. Sinceramente, eu acho que a mágica não é realmente sobre o mágico. O mágico cria a mágica. Então o show é, na verdade, sobre aquela pessoa. E não simplesmente sobre proezas que esta pessoa pode realizar. A mágica close-up para mim sempre foi sobre um relacionamento. Este relacionamento frágil e curto com estranhos. Um relacionamento que pode durar apenas 6 minutos e depois acabar. E a pergunta é quando aqueles 6 minutos acabarem, qual foi a qualidade daquele relacionamento? Como a audiência se sentiu? Como se sentiram sobre o relacionamento e sobre mim? Eles senti- - Página 12 - artigo Le Tourniquet - Nº 4 - Junho de 2005 ram que este foi um relacionamento maravilhoso e que eu seria uma boa pessoa para se convidar para um jantar? (Risos) R - Ou se sentiram enganados? E - Ou se sentiram simplesmente enganados e ludibriados? (sorri) Você sabe, Romany, deixe-me ser honesto: está certo também! Está certo em ser um trapaceiro! É apenas uma opção. Você precisa entender que eu não acho que meu caminho é o único para todos fazerem isso! Eu acredito verdadeiramente que a Casa da Mágica tem muitas salas e há uma para todos. Há sala para as pessoas que só querem ser trapaceiros e fazerem proezas. Está certo para eles mas não para mim. Não é o que eu quero fazer. Eu quero fazer mais que apresentar proezas. Eu realmente quero que as pessoas experimentem uma apresentação minha para sentir que foram afortunados em verem isso, que foram sortudos em ter alguém tão especial neste evento. Mágicos, por definição, são pessoas muito especiais, você sabe. Eu quero que minha audiência sinta que são sortudos em ter-me lá pois sou especial! R - Você sabe, Eugene, nós realmente somos. Obrigada. ENTREVISTA COM BOMBEIRO Nome completo: Alexander Loureiro de Souza Nome Artístico: Bombeiro Nascimento/idade: 17 de abril de 1971 (34 anos) Onde nasceu/Onde mora: Vitória/Vitória (Espírito Santo) Que tipo de mágica faz? Gosto de mágicas com objetos que são ou parecem improvisados, excetuando-se o IT. Preferencialmente, cartomagia, elásticos e TT. Faz parte de alguma associação? Qual? Nenhuma. Aqui no estado não tem associação mágica. Como descobriu a mágica? A partir de que momento ela entrou na sua vida? Lembro de quando tinha 10 anos, estava numa noite em frente a um shopping aqui na cidade, e havia um mágico num palco para uma platéia grande. Ele fez várias mágicas, mas a que me lembro realmente foi uma em que, numa taça de alumínio (taça de fogo), que antes estava pegando fogo, depois de tampada e reaberta, apareceu com uma pomba. Depois de guardar a pomba, retirou várias balas da taça e jogou para o público. Depois de seis anos conheci este mágico (Raio-Z) e acabei comprando esta taça, que guardo até hoje. Começou com que idade? Comecei a fazer mágicas com 16 anos, quando recebi meus primeiros salários como estagiário como técnico em mecânica da CST (Companhia Siderúrgica de Tubarão). Passei a comprar materiais e equipamentos numa loja que havia no centro da cidade, do mágico Raio-Z. Meu salário ia quase todo em mágicas, mas depois de alguns meses, outras necessidades surgiram e aos poucos fui perdendo o contato com a mágica, com exceção da TT, que sempre guardei e usava sempre que podia. Bons tempos, quando ninguém sabia o que era uma TT. Depois de muito tempo, em 2002, com 31 anos, futucando a internet, conheci o site do - Página 13 - artigo Le Tourniquet - Nº 4 - Junho de 2005 Clóvis Tavares. Aprendi algumas mágicas lá e aquela fissura que havia esfriado há tanto tempo voltou a me coçar. Pesquisei sobre mágicas na internet e achei alguns sites e fóruns de discussão. Descobri a netmágicas.com, comprei vários vídeos e livros (21 títulos ao todo em vídeo e a coleção “Os Valetes”) e passei a me dedicar, principalmente com cartomagia, e não parei mais. Às vezes, por necessidades diversas com trabalho, família, entre outros, diminuo meu ritmo com os treinamentos, mas sempre estou na ativa desde 2002. Quais suas influências? Que ou quais mágicos te influenciaram? No Brasil, o mágico Ângelo. Muito carismático, me cativou quando pude assistir os dois primeiros vídeos que comprei dele (Técnicas e Mágicas com TT). No exterior, Michael Ammar e Daryl, principalmente. Na verdade, estes foram os primeiros mágicos que vi atuando em vídeo, quando comprei os títulos na netmagicas.com, e realmente eles me cativaram de forma que continuam no topo das minhas recomendações. Quais são os mágicos que você mais admira? Sem dúvida, David Copperfield, pela competência de um modo geral. No Brasil, gosto de ver a tranqüilidade diante das câmeras do Eduardo Peres e Philip Blue. Onde procurou ajuda? A ajuda em termos de crescimento sempre veio de pessoas que se importavam com a mágica e com o futuro de um iniciante na arte. Recebi muitos puxões de orelha, muitos conselhos e acho que tudo adiantou muito. Aqui na cidade, recebi várias dicas do Aroudil, que é mágico amador a mais de 50 anos. Ajudou-me bastante também. O que você acha ou como você vê a mágica no Brasil? A mágica no Brasil, na minha leiga opinião, precisa de um poder centralizado e respeitado por todos, com normas claras, atitudes definidas tanto para o incentivo das boas ações quanto para coibir as más ações. Atualmente, vejo a mágica como uma terra sem lei, onde qualquer um entra e se aproveita dela em benefício próprio e em detrimento da própria arte, e ninguém tem força legal para coibir isto. Acredito que se houvesse uma estrutura hierárquica bem organizada, como nos conselhos de medicina, enfermagem, etc (regionais e federais), que fosse respeitada, que pudesse ajudar quem navega entre os pilares das boas ações em prol da arte, e pudesse punir de alguma forma quem faz o contrário, a mágica em si tenderia a crescer, pois a organização é um dos primeiros passos rumo ao crescimento, juntamente com a previsão, comando, coordenação e controle. Ela tem o espaço necessário? Tem o espaço que nós fazemos com que ela mereça. Não é o satisfatório, mas temos que tentar fazer algo melhor se quisermos mudar. O que você diria para os que estão começando nas artes mágicas? Quando recomecei em 2002, vi muita exposição de segredos na internet, e isso me incentivou a procurar mais e mais, mas eu não sabia que quase na totalidade, aquilo era material de péssima qualidade. Não valia a energia elétrica que gastava procurando isso na internet. Quando comprei meus primeiros vídeos e livros, descobri o tempo que havia perdido em sites de exposição de segredos, pois a qualidade das explicações e das próprias mágicas é muito superior às que se acha na - Página 14 - artigo Le Tourniquet - Nº 4 - Junho de 2005 internet de forma gratuita. Garanto para quem está iniciando que vale a pena consultar vídeos, livros, participar de conferências e treinar o que aprendeu com amigos, e que não vale a pena insistir nos segredos de kits de mágica e sites de exposição de segredos, devido à má qualidade do que é ensinado por pessoas que não têm compromisso com a arte e nem com o comprador. Como foi sua primeira apresentação? A primeira, há 18 anos atrás, não lembro, mas a primeira apresentação para um público diferente da família foi em dezembro de 2002, no interior, num churrasco na casa da avó da minha esposa, onde estavam várias pessoas que não conhecia. Comecei com a TT, fazendo sumir metade de uma sacola plástica de supermercado. Isso chamou muito a atenção dos que estavam desinteressados inicialmente, e fui bastante feliz no restante das mágicas que fiz, principalmente com baralho. Você lembra qual foi o seu primeiro truque? Qual? Como seria o efeito? O primeiro que fiz na vida me lembro bem. É aquele em que o mágico coloca um caroço de feijão na parte de trás do pescoço e este caroço vem parar na boca, supostamente atravessando o corpo do mágico do pescoço até a boca, e após puxar com o dedo na boca rapidamente, o caroço pula saindo dela? Já aconteceu algo errado em uma apresentação sua? Alguém percebeu? Já sim. Por duas vezes fiz mágica com TT para pessoas que sabiam e conheciam este artefato. Em uma das vezes, a mulher (sargento do Corpo de Bombeiros) falava: ele está com dedão, ele está com dedão!! Isso foi dentro da seção em que eu trabalhava no Corpo de Bombeiros. O outro pessoal que estava vendo a mágica realmente não entendeu nada, e nem deram atenção ao que ela falava, pois estavam concentrados em minhas mãos para não perderem de vista o que estava acontecendo. Pedi discretamente que ela mantivesse o segredo, mas não teve jeito. Depois da mágica feita, ela contou tudo. Sobrou-me o silêncio e a cara de bobo, como se não estivesse entendendo as perguntas deles. Mulheres... A partir de que momento decidiu se tornar um Mágico? Apesar de sempre ter gostado de mágicas, não havia aqui no estado nenhuma casa que comercializasse, e nunca havia pensado na possibilidade de encontrá-las na internet. Quando conheci o site do Clóvis Tavares, foi como um start. No mesmo dia produzi os materiais ensinados no site e fiz algumas mágicas para meu filho, que gostou de imediato também. A partir daí passei a pesquisar cada vez mais, culminando com a minha compra inicial na netmagicas.com. Os materiais chegaram e, confesso, acabei até deixando um pouco a família de lado por causa da empolgação. Foram alguns meses de treinamento diário quando chegava do trabalho, e, além disso, guardava um baralho no carro para treinar na hora do almoço. Estes primeiros meses foram realmente um divisor de águas. Depois, vi que estava falhando em alguns pontos em que não devia faltar, principalmente com a família, e dividi melhor meu tempo de forma que nada ficasse subvalorizado. Teve ou tem outra profissão? Qual ou quais? Sou bombeiro militar e dou aulas de assuntos ligados à primeira resposta em emergências, como combate a incêndios e primeiros socorros principalmente. Alguma dica para quem vai fazer sua primeira apresentação: Treine muito antes em frente ao espelho, tenha a rotina toda decorada, na veia, para não haver erros. Como dizemos no militarismo: treinamento difícil, combate fácil. - Página 15 - artigo Le Tourniquet - Nº 4 - Junho de 2005 Como e onde conseguiu seus primeiros materiais (Truques, acessórios, etc)? Comprando numa loja de mágicas que havia no centro da cidade, quando tinha 16 anos. Recentemente, quando voltei a fazer mágicas, comprei a maioria dos meus materiais em sites da internet. Você acha que a comunidade mágica brasileira (mágicos) é unida? Justifique. Analisando apenas pelas mensagens que vejo em grupos de discussões, tenho notado que quanto maior a influência de algum mágico num grupo, maiores as arestas criadas com os outros membros do grupo. Para quem está iniciando, ou é amador, vejo a boa vontade de ajudar e ser ajudado, de compreender falhas, erros primários, mesmo que relacionados à ética, e todos tentam subir junto. Depois que assumem um certo degrau na escada, parece que se cria uma certa má vontade com quem está do lado. Este comportamento não é da maioria, mas mesmo sendo um comportamento de uma minoria, tem bastante repercussão negativa no meio mágico. Uma dica para aqueles que almejam viver da profissão: Um bom profissional é sempre diferenciado dos demais. Em qualquer ramo profissional, temos desde os medíocres até os extraordinários. Para quem deseja viver profissionalmente como mágico, recomendo que treine bastante suas rotinas, aprenda a apresentar bem não só em termos técnicos, mas em termos de carisma também. Aprenda primeiro a conquistar seus parentes e amigos em apresentações familiares. Faça apresentações beneficentes, para ganhar experiência e satisfação pessoal de poder ajudar alguém. Quando sentir que sua apresentação agrada ao público de forma satisfatória, entre no mercado, lembrando que sua apresentação pode ser pouco ou muito satisfatória, e isso vai depender da sua capacidade. Se quer viver da mágica, procure ser o melhor possível. Procure várias formas de aprendizado, dedique-se bastante com treinamentos e criação de rotinas, associe-se a uma entidade, ouça os mais experientes, saiba quem te quer bem e quem não te quer. Aprenda a subir mais alto depois de cada tropeço e boa sorte. Que acessório ou utensílio você aconselha que todo mágico deva ter? Isso depende da preferência de cada um, mas em se tratando de objetos que se pode levar a qualquer lugar, aconselho uma TT e alguns elásticos. Se puder levar um baralho também, ótimo. Moedas são bem vindas também para quem gosta, mas não é o meu caso. Pra você, qual a maneira mais provei-tosa para se aprender Artes Mágicas? Literatura é indispensável para quem procura conhecimento mais avançado. Além de ensinar mágicas em si, vários textos falam de ética, modo de apresentação, etc. Vídeos são muito bons para iniciantes ou intermediários, mas não - Página 16 - artigo Le Tourniquet - Nº 4 - Junho de 2005 incentivam a criatividade da criação da sua forma personalizada de executar a mágica. Por outro lado, te passam uma forma muito boa de execução, já que a maioria dos vídeos é feita por mágicos consagrados. Acho que estas são as principais formas, seguidas da participação em conferências, treinamentos com amigos, etc. Um vídeo indispensável? Revelations, do Dai Vernon, porque tem rotinas, fala de forma de atuação, misdirection, etc. Um livro indispensável? Prefiro não opinar, pois conheço apenas poucas literaturas nacionais. Um truque indispensável em um repertório (ou que todo mágico deva saber)? Carta ambiciosa, pois é o maior clássico da maior vertente da mágica, que é a cartomagia. O que poderia ser feito para melhorar a Arte Mágica no Brasil? Ou acha que está tudo perfeito? Há muita coisa para se melhorar, mas acredito que estamos num processo lento de crescimento. Cada vez mais vemos mágicos brasileiros na mídia, e isto é muito bom. Muitos mágicos têm compromisso real com o crescimento da arte. Por não estar ligado ao grande centro mágico, que são os estados de São Paulo e Minas Gerais, Não tenho uma visão geral de como estes mágicos estão trabalhando para o futuro da arte, mas como disse numa resposta anterior, acredito que seria interessante se surgisse uma associação nacional que representasse todos os mágicos brasileiros. O que você acha do "Exposure"? A exposição livre de segredos é uma farsa. O segredo deixa de existir quando cai no conhecimento de um grande número de pessoas. Então, a exposição é o mesmo que destruição. Devemos tomar cuidado ao executarmos efeitos muito conhecidos, pois a alegria do público está justamente no mistério da mágica, quando não há segredo, não há mágica, e sim uma seqüência óbvia de procedimentos. Sou contra a exposição de segredos, pois ela em nada contribui nem com a mágica e nem com o mágico. Demorei um tanto para entender isso, mas hoje posso afirmar com todas as letras que vale a pena investir em conhecimento comprado, pois este provavelmente não tenha sido acessado pelo público que vê as apresentações do mágico. O que você acha de Comunidades como a nossa? Qualquer comunidade séria, que respeita a ética e a forma correta de se tratar de mágica é bem vinda. Sempre adiciona algo. O fórum mágico amador surgiu de uma necessidade de um ambiente democrático para os iniciantes e intermediários. Tropeçamos bastante para chegarmos ao nível em que estamos atualmente. Mas sempre tivemos a determinação de fazer melhor do que antes, e acredito termos hoje uma comunidade respeitada no ambiente mágico. Torço para que não pare por aí, pois a internet é inegavelmente uma ótima forma de entrosamento e ganho de conhecimento para as mais diversas pessoas nos mais diversos lugares. Outro grande exemplo é o grupo “Artes Mágicas”, administrado pelo Mahatma, que reúne proporcionalmente mais mágicos profissionais. Ainda há espaço para outras comunidades. O importante é que elas estejam unidas com objetivo de acrescentar à mágica e aos mágicos. O que seria interessante acrescentar na nossa comunidade? Sempre estamos trabalhando para que o ambiente seja mais confortável e seguro no fórum. Acredito que necessitamos de formas mais efetivas de controle de usuários, pois alguns pouco comprometidos acabam por atrapalhar o andamento de discussões dos muitos que - Página 17 - artigo Le Tourniquet - Nº 4 - Junho de 2005 desejam o bem para a arte. Com a atualização que está por vir, esperamos poder melhorar a eficiência deste controle. Conhece algum site que seja indispensável para qualquer mágico? Qual? Para os que dominam o inglês, recomendo o fórum “Magic Cafe” que acredito ser o maior do mundo (http://www.themagiccafe.com/forums/). Minha recomendação é por fóruns, pois a atualização é minuto a minuto, várias vezes por dia, por isso, no Brasil, recomendo o fórum “Mágico Amador” e o boletim “Artes Mágicas”. Quais são os eventos mais importantes para a divulgação da mágica no Brasil? Apresentações em TV sempre têm grande repercussão, positiva ou negativa, depende do mágico. Outro grande evento foi o Congresso Brasileiro de Mágicos de 2004, que provou, para quem tivesse dúvidas, a capacidade de organização dos mágicos brasileiros, quando unidos. Que anda fazendo atualmente? Tem alguma apresentação ou evento previsto que queira divulgar? Como mágico hobbysta, só faço mágicas para amigos e parentes, portanto, não tenho apresentações em vista. Quais são seus próximos projetos? Fazer sempre o melhor, dentro das minhas possibilidades, para que a mágica brasileira seja cada vez maior e melhor. Fique a vontade para falar o que quiser para os nossos leitores: Agradeço a oportunidade que me foi dada de participar desta revista, e aproveito para parabenizar estas duas pessoas que fizeram com que este instrumento de conhecimento tão importante possa existir. Atualmente, são poucos que se dão tanto de maneira altruísta visando o bem comum. Este exemplo não deve ser apenas seguido, mas sim perseguido pelos colegas mágicos, para que possamos ter uma mágica forte e bonita no nosso país. Orgulho-me bastante de tê-los entre os meus mais cotados companheiros e amigos. A todos os leitores, espero que trilhem suas atitudes cada vez mais rumo ao brilhantismo da arte no nosso país. Faça mágica, faça amor, faça alegria, pois todos nós brasileiros precisamos tanto disso tudo. Ame esta arte, pois ela é sinônimo de amor, faz crescer o coração das pessoas. Dedique-se não apenas para ser um bom ilusionista, mas para que num futuro, quando nossa arte for mais crescida e reconhecida por todos, você possa dizer que fez parte deste processo, e que contribuiu como pôde para que isso tenha ocorrido. Abraços. Se quiser deixar alguma forma de contato: (Email, ICQ, MSN, Site, Endereço, Tel. e etc). Email: [email protected] MSN Messenger: [email protected] Site: www.magicoamador.com.br Em nome da nossa comunidade agradeço o seu tempo e paciência concedidos para esta entrevista e por ter compartilhado conosco um pouco de seus conhecimentos!!! Nossa Comunidade te deseja muito sucesso tanto pessoal, como profissional. Muito Obrigado!!! PIADA O mágico chega em uma Loja de Mágica e diz: - Bom, quanto custa um maço de baralho? - Dez dólares. - Dez? Mas na Loja de Mágica da XX custa oito! - Então porque não compra o baralho na loja da XX? - É que acabaram... - Bem, pois quando eu acabar os maços de baralho, eu também os venderei por oito dólares. - Página 18 - Biografia Le Tourniquet - Nº 4 - Junho de 2005 Michael Ammar M ichael Ammar é de uma pequena comunidade mineira de Logan, West Virginia. Ele nasceu lá em 25 Junho de 1956, o mais novo de 4 crianças. Sua família operava numerosos negócios, incluindo o Magic Mart (ainda hoje em operação), hotéis e vários restaurantes. Foi assumido que Michael assumiria os negócios da família depois que recebesse seu diploma de business da WVU em 1978. Mas ele quis seguir sua paixão pela Mágica. Ele jurou que faria isto dar certo. Vindo de um Estado que não tinha uma loja de Mágica, as probabilidades foram se empilhando contra ele. Tudo começou quando lia um livro cômico e observou um anúncio: "500 truques por 25 centavos!". Ele pagou pelo seu trimestre e recebeu uma catálogo por correio. Começou a comprar truques e praticá-los obssessivamente. Pouco tempo depois, ele tinha um espetáculo de mágica completo, completo com powder-blue tux, pombas e um adolescente assistente. A comunidade local, tão pequena quanto ele era, apoiou seus esforços e reservou ele para espetáculos locais, para aniversários, escolas e reuniões de grupos. Ele achou mais fácil adquirir um novo ato que uma nova pláteia, o que explica seu grande repertório hoje. Enquanto na faculdade na Universidade de West Virginia, Michael desenvolveu uma amizade com alguns outros envolvidos na Mágica. Ele frequentemente apresentava shows na universidade. Em 1983, depois de muita dedicação e trabalho duro, Michael entrou na competição de mágica Mundial "F.I.S.M." organizado a cada 3 anos na Europa. Ele viajou para Lausanne, Suíça e competiu contra mágicos de 22 países diferentes. Ganhou a Medalha de Ouro na categoria Close-Up, sendo o segundo americano em 45 anos de história do evento a fazer isto. Começou a publicar suas idéias nos anos 80. Publicou títulos como "Encore I", "Encore II", "Encore III", "Success & Magic", "Brainstorm in the Bahamas" e o já popular, "The Topit Book". Após a FISM, ele começou visitar a Costa Ocidental e tornou-se amigo íntimo de seu mentor, Dai Vernon, de quem aprendeu muito. Vernon, ou "O Professor" como tornou-se conhecido no campo da mágica, graciosamente escreveu a introdução para The Topit Book. Durante os anos 80 Michael apresentou-se no Magic Castle em Hollywood, e apresentou o espetáculo "It's Magic". Foi descoberto por um caça talentos para "The Tonight Show" em 1985, e apresentado por Johnny Carson (também um mágico) naquele show duas vezes. Apresentou mágica no "The Merv Griffin Show" dez vezes, e de lá começou receber mais reconhecimento por seu talento e aparecer regularmente nos Shows de TV. - Página 19 - artigo Le Tourniquet - Nº 4 - Junho de 2005 Em 1990, Michael casou-se com Hannah em Austin, Texas. Hannah vem de uma das mais antigas famílas na mágica, o clã "Willard the Wizard", com mais de cinco gerações de mágicos! Filha do mágico Francês Willard e a Editora do Jornal San Antonio, Glenn Tucker. Ela é parte integrante da Mágica de Michael Ammar, e se você alguma vez encontrou-se com Michael, você provavelmente encontrou Hannah também. Em 28 de novembro de 2000, Michael e Hannah tornaram-se pais orgulhosos com o nascimento da primeira criança deles, a filha Savannah Grace. Desde então, Michael publicou mais de 40 títulos de videos, dúzias de revistas e livros, recebeu um número sem precedentes de honras e prêmios, viajou e excursou por mais de 38 países, e mantêm uma agenda cheia de apresentações e palestras para corporações e celebridades do mundo todo. Em 1999, Magic Magazine nomeou Michael como um dos "100 Mais Influentes Mágicos do Século". Michael Ammar Hannah Ammar Abaixo segue a lista dos produtos autorizados de Michael Ammar: "The Topit Tapes" Volumes 1 e 2 "Live at the Magic Castle" "Easy to Master Card Miracles" Volumes 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e IMPRESSOS "The Magic of Michael Ammar", introdução por David Copperfield "The Complete Cups & Balls" "The Topit Book" "Encore I" "Encore II" "Encore III" "Brainstorm in the Bahamas" "The Command Performance" "Success & Magic" "The Magical Arts Journal (MAJ) magazine 9 "Easy to Master Money Miracles" Volume 1, 2, 3 Stevens "Greater Magic Video Library" Volume 5 ÁUDIO "Making Magic Memorable" "Negotiating Higher Performance Fees" "Restaurant Magic Business" HONRAS/PRÊMIOS VÍDEOS "The Complete Cups & Balls" Volumes 1 & 2 "Introduction to Coin Magic" "Exciting World of Magic" "Anytime, Anyplace Magic" "Vernon Revelations - Séries de vídeos" (17 volumes) "Early Ammar" Volumes 1, 2, 3, 4 "Magic, Mastery & You" "Icebreakers" "Amazing Secrets of Card Magic" "The Magic Video" Toys-R-Us "Classic Renditions Volume 1: The Floating Bill" "Classic Renditions Volume 2: Rubber Band Magic" "Classic Renditions Volume 3: Invisible Bill Switch" Magician of the Year, Tannen's 70th in New York, 2002 Best Close-Up Magic, "The World Magic Awards" Fox 2000 Presidential Citation, International Brotherhood of Magicians, 1993 Best Sleight-of-Hand, "International Magic Awards" Fox 1992 Best Sleight-of-Hand, "International Magic Awards" Fox 1991 Best Parlor Magician, "Academy of Magical Arts" 1990 Best Parlor Magician, "Academy of Magical Arts" 1985 Best Close-Up Magician, "Academy of Magical Arts" 1983 Best Lecturer, "Academy of Magical Arts" / Magic Castle 1983 Best Lecturer, "Academy of Magical Arts" / Magic Castle 1982 Gold Medal - Close Up, "F.I.S.M. World Competition" 1982 Best Close-Up Magician, "Academy of Magical Arts" 1981 - Página 20 -